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Terapêuticas em Saúde
Dia 09/02/2021
Hoje realizamos o primeiro encontro com o grupo de NTS. Pactuamos o
contrato de trabalho no período da manhã e realizamos a Síntese Provisória da
SP1 no período da tarde. Achei o grupo muito bom e dinâmico, pois todos
apresentaram grande carga de conhecimentos prévios, o que possibilitou uma
construção bem centrada e produtiva.
Pactos de Trabalho
Respeitar a diversidade de falar.
Não interromper a fala do outro.
Respeitar os horários pactuados (Pontualidade).
Tolerância de 10 minutos.
Trazer referências de qualidade.
Celular no silencioso.
Avisar se teve emergência e precisará atender.
Intervalos de 20 minutos.
Sigilo sobre as discussões realizadas pelo grupo.
Confidencialidade total.
Não sei se a médica irá me atender logo, mas eu preciso muito das orientações dela...
comenta Inês com Nicole.
Você está com algum problema ou é com os seus filhos? Pergunta Nicole.
É comigo mesmo! Há uma semana estou com a menstruação atrasada e entrei em pânico
pensando que poderia ser uma gravidez! Como você sabe, minha Ester tem Síndrome de
Down.
É mesmo Inês! A gente nunca pensa nessa possibilidade quando fica grávida, comenta
Nicole.
Você sabe que muitas pessoas me falaram que a Ester teve essa Síndrome por causa da
minha idade...
É mesmo? Pergunta Adamastor. Eu já ouvi dizer que existem doenças que passam dos
pais para os filhos... mas não sei se isso acontece na Síndrome de Down.
Assim que a Ester nasceu eles me explicaram que essa Síndrome é uma doença genética,
mas eu já esqueci como acontece! Eles disseram que se eu quisesse engravidar
novamente deveria fazer um aconselhamento não sei bem de quê... mas eu nunca fui atrás
disso porque não queria mais engravidar...
Você estava evitando Inês?
Eu estava usando tabelinha porque a pílula me faz muito mal... e no período fértil meu
marido usa camisinha...
O Adamastor não quer mais usar camisinha... eu gosto muito da camisinha porque quando
acaba a gente não precisa levantar e se lavar... me dá um sono muito bom quando acaba...
Meu marido usa sem problema! Para ele, se eu estiver grávida também não tem
problema... Mas eu prefiro não estar... se estiver nem sei o que vou fazer...
Desculpa eu me intrometer na conversa de vocês... se a senhora precisar, eu conheço uma
curandeira conhecida do meu marido que veio da Jamaica e que faz uma garrafada bem
forte! Você tem que tomar tudo... em dois dias a menstruação desce de qualquer jeito!
Comenta Adria, com um tom de voz mais baixo...
E tem algum perigo se a gente usar essa garrafada? Pergunta Inês.
Acho que só tem perigo quando não para de sangrar! Se você precisar, eu tenho o
whatsapp dela...
E a senhora, parece que já está perto de ganhar o seu bebê! Já sabe se é menina ou
menino? Pergunta Inês para Adria.
É menina e vai se chamar Eleni. Foi uma gravidez abençoada, mas não quero nem pensar
em engravidar de novo! Hoje eu vim discutir com a médica que eu quero um método
definitivo para evitar gravidez. Queria que ela aproveitasse e fizesse laqueadura após o
nascimento da Eleni... meu marido já tem três filhos do primeiro casamento e eu me
preocupo muito com a carestia da vida...
Nesse momento, a médica Katherine Balta chama Inês para ser atendida.
Minipílula
A minipílula exerce seu efeito contraceptivo de várias formas. Assim como a
pílula de estrogênio e progesterona, a minipílula também age impedindo a
ovulação. Porém, esse efeito supressor da ovulação é bem mais fraco que os
dos anticoncepcionais tradicionais.
Diafragma
O diafragma é um anel flexível envolvido por uma borracha fina, que impede a
entrada dos espermatozoides no útero. Para haver o funcionamento correto do
diafragma, a mulher deve colocá-lo dentro da vagina cerca de 15 a 30 minutos
antes da relação, e retirá-lo 12 horas após o ato sexual.
Vasectomia e Laqueadura
A vasectomia é a ligadura (fechamento) dos canais deferentes no homem. É
uma pequena cirurgia feita com anestesia local em cima do escroto (saco), na
qual é cortado o canal que leva os espermatozoides do testículo até as outras
glândulas que produzem o esperma (líquido) masculino.
Ligadura das tubária ou laqueadura, é uma cirurgia para a esterilização
voluntária definitiva, na qual as trompas da mulher são amarradas ou cortadas,
evitando que o óvulo e os espermatozoides se encontrem. Há dois tipos de
laqueadura: abdominal e vaginal.
Fontes: https://www.scielosp.org/article/csc/2019.v24n3/875-879/
http://www.saude.df.gov.br/cartilha-informa-populacao-sobre-os-metodos-
contraceptivos/
http://www.saude.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2020/09/Cartilha-sobre-M
%C3%A9todos-Contraceptivos_UBS-1-Planaltina-DF.pdf
2) Quais as consequências para o uso dos principais métodos abortivos? O
Brasil possui algum dado estatístico relacionado à utilização desses
métodos?
Resposta: As complicações do aborto clandestino incluem perfuração do útero,
retenção de restos de placenta, seguida de infecção, peritonite (infecção no
peritônio), tétano (devido ao ferro do cabide) e septicemia (infecção
generalizada). As sequelas ginecológicas incluem a esterilidade e inflamações
das trompas e sinequias uterinas (atrito aumentado).
No Brasil, apesar do muito que se fala do assunto, não se encontram
evidências, na literatura nacional, que confirmem a relação entre complicações
do aborto ilegal e as condições de sua prática. Os estudos brasileiros que
fazem referência às complicações apresentam informações obtidas de
mulheres hospitalizadas por abortamento provocado. Consequentemente,
descrevem as características de mulheres com complicações que não podem
ser comparadas com aquelas que não foram hospitalizadas. Isto nos motivou a
analisar, em um grupo de mulheres que declararam ter feito aborto, as
variáveis associadas às complicações, dentro de uma pesquisa mais ampla
sobre a experiência com aborto entre alunas e funcionárias de uma
universidade.
Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
311X1992000400010#:~:text=As%20complica%C3%A7%C3%B5es%20do
%20aborto%20clandestino,das%20trompas%20e%20sin%C3%A9quias
%20uterinas
Há duas semanas acordo toda manhã com muita náusea... não suporto nem o cheiro do
café coando... só de lembrar me dá ânsia.
E você tem vomitado? Pergunta Alexia.
Durante todo o dia... Não estou conseguindo me alimentar... tudo o que coloco na boca
volta... sinto um gosto metálico na boca.
Você percebeu se perdeu peso?
Já perdi três quilos...
Você sente sede?
Sinto muita sede, tenho a boca seca, mas não consigo tomar nem um copo cheio de água
que também vomito...
Como está sua urina?
Quase não estou indo ao banheiro fazer xixi... sai muito pouquinho e amarelo bem forte.
Você tem conseguido dormir.
Me sinto cansada, sem energia, mas durmo pouco... à noite tenho vários pensamentos
ruins... fico pensando por que deixei isso acontecer... eu deveria ter evitado a gravidez
nessa fase do casamento, mas não consegui... A médica nos orientou sobre os métodos
mais indicados, mas nós não conseguimos decidir... eu preferia que ele usasse a
camisinha e o Adamastor achou mais seguro eu tomar pílulas... fico pensando que homens
são muito egoístas e estou muito magoada com ele... tenho chorado à noite depois que o
Adamastor dorme...
Nicole, e você conseguiu falar seus sentimentos para ele?
Não, ele nem imagina tudo isso que eu te contei...
E você tem outros interesses? Você trabalha ou estuda?
Trabalhava antes de ir morar com Adamastor... agora quase não consigo sair de casa de
tanto enjoo, mal-estar e vômito... estou muito fraca e como ele trabalha o dia todo, estou
entrando em desespero...
Você mora só com seu marido?
Só! Pensei em pedir para minha mãe vir ficar comigo porque não vou conseguir enfrentar
isso tudo sozinha...
Nicole relata ter sede, mas não está conseguindo ingerir líquidos e está com
volume urinário diminuído.
Nicole não está urinando por estar desidratada.
Nicole não está urinando por estar com quadro infeccioso.
Nicole não está conseguindo se alimentar, ingerir líquidos, está vomitando e
não consegue dormir, por questões emocionais.
Nicole não está trabalhando no momento e elenca isso, junto ao fato de não
sair de casa, como pontos negativos.
Nicole pode ter parado de trabalhar e não está saindo de casa por causa do
Adamastor.
Nicole não está conseguindo sair de casa pelo quadro de indisposição e
vômitos.
Dia 02/03/2021
Hoje realizamos a Nova Síntese da SP2 e a Síntese Provisória da SP3. Achei a
aula muito boa porque as QAs eram poucas e fáceis, assim possibilitando uma
discussão sucinta e rápida. Porém a SP3 não nos trouxe quase nada de
novidade, assim dificultando um pouco sua síntese.
Exemplos
DUM: 26/01/2021 DUM: 09/01/2021
+7 +9 +7 +9
DPP: 02/11/2021 DPP: 16/10/2021
IG: 6 semanas IG: 9 semanas
Fonte: https://aps.bvs.br/aps/a-data-da-ultima-menstruacao-dum-e-contada-no-
primeiro-ou-no-ultimo-dia-do-ciclo-menstrual-como-e-calculada-a-idade-
gestacional-e-a-data-provavel-do-parto-considerando-a-dum-2/
Hemograma
Hemograma é o exame utilizado para avaliar as três principais linhagens de
células do sangue: hemácias, leucócitos e plaquetas. Ele é utilizado para o
diagnóstico de várias doenças, incluindo anemia, infecções e leucemia.
Apesar de ser extremamente comum, esse é um exame que ainda causa muita
confusão na população e até nos meios de comunicação. Algumas pessoas
acham que todo exame de sangue é um hemograma, como se ambos os
termos fossem sinônimos. Isto é um equívoco.
Quando o médico solicita uma coleta de sangue, ele precisa dizer para o
laboratório o que pretende que seja analisado na amostra. No sangue circulam
várias substâncias que podem ser dosadas ou pesquisadas, tais como
proteínas, anticorpos, células, eletrólitos (potássio, sódio, cálcio, magnésio
etc.), colesterol, hormônios, drogas e até bactérias ou vírus, em caso de
infecção.
Se o médico quiser saber como andam os níveis de colesterol, ele precisa
escrever no pedido que deseja uma dosagem do colesterol; se o objetivo for
saber se a glicose do sangue anda controlada, ele solicita a dosagem da
glicose sanguínea. O hemograma é solicitado quando o objetivo é ter
informações sobre as células do sangue.
Portanto, em um hemograma não é possível obter dados sobre o nível de
colesterol, taxa de glicose, pesquisa de bactérias, pesquisa de drogas, teste
para HIV etc.
Para que serve um Hemograma
No nosso sangue circulam três tipos básicos de células produzidas na medula
óssea. São estas células que estudamos através do hemograma:
Hemácias (glóbulos vermelhos ou eritrócitos).
Leucócitos (glóbulos brancos).
Plaquetas.
Diferença entre hemograma e hemograma completo
Chamamos de hemograma completo o hemograma que contém resultados das
três linhagens de células. Na verdade, o termo hemograma completo é apenas
um preciosismo, uma vez que não existe hemograma incompleto. A palavra
hemograma já engloba a dosagem das hemácias, leucócitos e plaquetas.
Se por algum motivo o médico desejar apenas o resultado da contagem de
hemácias, ele deve solicitar um eritrograma. Se quiser os resultados apenas
dos leucócitos, o exame a ser pedido é o leucograma. Caso ele só se interesse
pelas plaquetas, deve solicitar um plaquetograma.
Quando o médico pede um hemograma, está implícito que ele quer o resultado
completo, com a avaliação das hemácias, leucócitos e plaquetas.
Analisando os resultados
Os atuais valores de referência do hemograma foram estabelecidos na década
de 1960, após observação de vários indivíduos sem doenças. O considerado
normal é, na verdade, os valores que ocorrem em 95% da população sadia. 5%
das pessoas sem problemas médicos podem ter valores do hemograma fora da
faixa de referência (2,5% um pouco abaixo e outros 2,5% um pouco acima).
Portanto, pequenas variações para mais ou para menos não necessariamente
indicam alguma doença. Obviamente, quanto mais afastado um resultado se
encontra do valor de referência, maior é a chance de isso verdadeiramente
representar alguma patologia.
Eritrograma
O eritrograma é a primeira parte do hemograma. É o estudo dos eritrócitos, que
também podem ser chamados de hemácias, glóbulos vermelhos ou células
vermelhas. É através da avaliação do eritrograma que podemos saber se um
paciente tem anemia.
Hematócrito e Hemoglobina
Os três primeiros dados, contagem de hemácias, hemoglobina e hematócrito,
são analisados em conjunto. Quando estão reduzidos, indicam anemia, isto é,
baixo número de glóbulos vermelhos no sangue. Quando estão elevados
indicam policitemia, que é o excesso de hemácias circulantes.
O hematócrito é o percentual do sangue que é ocupado pelas hemácias. Um
hematócrito de 45% significa que 45% do sangue é compostos por hemácias.
Os outros 55% são basicamente água e todas as outras substâncias diluídas.
Pode-se notar, portanto, que praticamente metade do nosso sangue é
composto por células vermelhas.
Se por um lado a falta de hemácias prejudica o transporte de oxigênio, por
outro, células vermelhas em excesso deixam o sangue muito espesso,
atrapalhando seu fluxo e favorecendo a formação de coágulos.
A hemoglobina é uma molécula que fica dentro da hemácia. É a responsável
pelo transporte de oxigênio. Na prática, a dosagem de hemoglobina acaba
sendo a mais precisa na avaliação de uma anemia.
Neutrófilos
O neutrófilo é o tipo de leucócito mais comum. Representa, em média, de 45%
a 75% dos leucócitos circulantes. Os neutrófilos são especializados no
combate a bactérias. Quando há uma infecção bacteriana, a medula óssea
aumenta a sua produção, fazendo com que sua concentração sanguínea se
eleve. Portanto, quando temos um aumento do número de leucócitos totais,
causado basicamente pela elevação dos neutrófilos, estamos diante de um
provável quadro infeccioso bacteriano.
Os neutrófilos têm um tempo de vida de aproximadamente 24-48 horas. Por
isso, assim que o processo infeccioso é controlado, a medula reduz a produção
de novas células e seus níveis sanguíneos retornam rapidamente aos valores
basais.
Neutrofilia: é o termo usado quando há um aumento do número de
neutrófilos.
Neutropenia: é o termo usado quando há uma redução do número de
neutrófilos.
Segmentados e Bastões
Os bastões são os neutrófilos jovens. Quando estamos infectados, a medula
óssea aumenta rapidamente a produção de leucócitos e acaba por lançar na
corrente sanguínea neutrófilos jovens recém-produzidos. A infecção deve ser
controlada rapidamente, por isso, não há tempo para esperar que essas células
fiquem maduras antes de lançá-las ao combate. Em uma guerra o exército não
manda só os seus soldados mais experientes, ele manda aqueles que estão
disponíveis.
Normalmente, apenas 4% a 5% dos neutrófilos circulantes são bastões. A
presença de um percentual maior de células jovens é uma dica de que possa
haver um processo infeccioso em curso.
No meio médico, quando o hemograma apresenta muitos bastões chamamos
este achado de “desvio à esquerda”. Esta denominação deriva do fato dos
laboratórios fazerem a listagem dos diferentes tipos de leucócitos colocando
seus valores um ao lado do outro. Como os bastões costumam estar à
esquerda na lista, quando há um aumento do seu número diz que há um desvio
para a esquerda no hemograma.
Portanto, se você ouvir o termo desvio à esquerda, significa apenas que há um
aumento da produção de neutrófilos jovens.
Os neutrófilos segmentados são os neutrófilos maduros. Quando o paciente
não está doente ou já está em fase final de doença, praticamente todos os
neutrófilos são segmentados, ou seja, células maduras.
Linfócitos
Os linfócitos são o segundo tipo mais comum de glóbulos brancos.
Representam de 15 a 45% dos leucócitos no sangue. Os linfócitos são as
principais linhas de defesa contra infecções por vírus e contra o surgimento de
tumores. São eles também os responsáveis pela produção dos anticorpos.
Quando temos um processo viral em curso, é comum que o número de
linfócitos aumente, às vezes, ultrapassando o número de neutrófilos e
tornando-se o tipo de leucócito mais presente na circulação.
Os linfócitos são as células que fazem o reconhecimento de organismos
estranhos, iniciando o processo de ativação do sistema imune. Os linfócitos
são, por exemplo, as células que iniciam o processo de rejeição nos
transplantes de órgãos. Os linfócitos também são as células atacadas pelo
vírus HIV. Este é um dos motivos da AIDS (SIDA) causar imunossupressão e
levar a quadros de infecções oportunistas.
Linfocitose: é o termo usado quando há um aumento do número de
linfócitos.
Linfopenia: é o termo usado quando há redução do número de linfócitos.
Obs: linfócitos atípicos são um grupo de linfócitos com morfologia diferente,
que podem ser encontrados no sangue. Geralmente surgem nos quadros de
infecções por vírus como mononucleose. Além das infecções, algumas drogas
e doenças autoimunes como lúpus também podem estimular o aparecimento
de linfócitos atípicos. Linfócitos atípicos não têm nada a ver com câncer.
Monócitos
Os monócitos normalmente representam de 3 a 10% dos leucócitos circulantes.
São ativados tanto em processos virais quanto bacterianos. Quando um tecido
está sendo invadido por algum germe, o sistema imune encaminha os
monócitos para o local infectado. Este se ativa, transformando-se em
macrófago, uma célula capaz de “comer” micro-organismos invasores.
Os monócitos tipicamente se elevam nos casos de infecções, principalmente
naquelas mais crônicas, como a tuberculose.
Eosinófilos
Os eosinófilos são os leucócitos responsáveis pelo combate de parasitas e pelo
mecanismo da alergia. Apenas de 1 a 5% dos leucócitos circulantes são
eosinófilos.
O aumento de eosinófilos ocorre em pessoas alérgicas, asmáticas ou em casos
de infecção intestinal por parasitas.
Eosinofilia: é o termo usado quando há aumento do número de eosinófilos.
Eosinopenia: é o termo usado quando há redução do número de eosinófilos.
Basófilos
Os basófilos são o tipo menos comum de leucócitos no sangue. Representam
de 0 a 2% dos glóbulos brancos. Sua elevação normalmente ocorre em
processos alérgicos e estados de inflamação crônica.
Plaquetas
As plaquetas são fragmentos de células responsáveis pelo início do processo
de coagulação. Quando um tecido de qualquer vaso sanguíneo é lesado, o
organismo rapidamente encaminha as plaquetas ao local da lesão. As
plaquetas se agrupam e formam um trombo, uma espécie de rolha ou tampão,
que imediatamente estanca o sangramento. Graças à ação das plaquetas, o
organismo tem tempo de reparar os tecidos lesados sem que haja muita perda
de sangue. O exame é solicitado, geralmente, antes de cirurgias ou
hemorragias.
O valor normal das plaquetas varia entre 150.000 a 450.000 por microlitro (uL).
Porém, até valores próximos de 50.000, o organismo não apresenta
dificuldades em iniciar a coagulação. Quando esses valores se encontram
abaixo das 10.000 plaquetas/uL há risco de morte, uma vez que pode haver
sangramentos espontâneos.
Trombocitopenia: redução, abaixo dos valores de referência, do número de
plaquetas no sangue.
Trombocitose: aumento, acima dos valores de referência, do número de
plaquetas no sangue.
Bicitopenia e Pancitopenia
Conforme já explicado, quando o paciente tem redução do número de apenas
uma das linhagens das células, nós descrevemos o problema com um termo
específico para cada linhagem. A redução do número de hemácias é chamada
de anemia, a redução do número de leucócitos é chamada de leucopenia e a
redução do número de plaquetas é chamada de trombocitopenia.
Quando temos redução de duas das três linhagens de células do sangue, como
no caso do paciente com anemia e leucopenia, dizemos que ele tem
bicitopenia. Já o paciente com as três linhagens de células do sangue abaixo
dos valores de referência é dito como portador de pancitopenia.
Tanto a pancitopenia quanto a bicitopenia costumam surgir em pacientes com
algum problema na médula óssea. De um modo geral, a redução de mais de
uma linhagem das células do sangue pode ser causada por um ou mais dos
seguintes mecanismos:
Infiltração da medula óssea: neoplasias hematológicas (por exemplo:
leucemia, linfoma, mieloma múltiplo ou síndrome mielodisplásica), câncer
metastático, mielofibrose e doenças infecciosas (por exemplo: tuberculose
ou infecções fúngicas) podem invadir a medula óssea e ocupar o local de
produção das células sanguíneas.
Aplasia da medula óssea: carências nutricionais (por exemplo: deficiência
de vitamina B12 ou folato), anemia aplástica, doenças infecciosas (por
exemplo: HIV, hepatite viral, parvovírus B19), doenças autoimunes e certos
tipos de medicamentos podem afetar as células tronco da medula óssea,
impedindo a produção de novas células sanguíneas.
Destruição das células sanguíneas circulantes: a destruição antes do tempo
das células sanguíneas circulantes também pode causar bi ou pancitopenia.
As principais causas são: coagulação intravascular disseminada, púrpura
trombocitopênica trombótica, síndromes mielodisplásicas, distúrbios
megaloblásticos e hiperesplenismo (destruição excessiva de células no
baço, que pode ocorrer nos casos de cirrose hepática, linfoma ou doenças
autoimunes).
Fontes: https://www.mdsaude.com/exames-complementares/hemograma/
http://www.agrarias.ufpr.br/portal/sacas/processamento-da-amostra-de-sangue-
para-hemograma-tecnica/#:~:text=centrifugar%20o%20tubo%20antes
%20da,nm%20(520%2D550).
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-
24442012000400001
Eletrólitos Séricos
Eletrólitos são minerais que carregam uma carga elétrica quando estão
dissolvidos em um líquido como o sangue. O sódio, o potássio e o cloro são
eletrólitos típicos encontrados no organismo. Esses são componentes
essenciais de fluidos corporais, como sangue e urina, pois ajudam a regular a
distribuição de água ao longo do organismo além de desempenhar um papel
importante no equilíbrio ácido básico. Eles são medidos em exames de sangue
completos, onde não pedem apenas um hemograma.
Fonte: https://www.scielo.br/pdf/pvb/v36n3/1678-5150-pvb-36-03-00167.pdf
Creatina
A creatina é uma substância naturalmente produzida no corpo, pelos rins e
fígado, e tem como função fornecer energia para o músculo e favorecer o
desenvolvimento das fibras musculares, resultando no ganho de massa
muscular, melhora do desempenho físico e diminuição do risco de lesões.
A dosagem dos níveis de creatinina no sangue é um dos métodos mais usados
para avaliação da função renal, ou seja, o exame de creatinina é importante
para avaliar se os seus rins estão funcionando adequadamente.
Fontes: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
86922010000300013
https://www.scielo.br/pdf/rbme/v21n1/1517-8692-rbme-21-01-00027.pdf
Dia 16/03/2021
Hoje assistimos uma VE durante a manhã e a Síntese Provisória da SP4 a
tarde. Gostei muito da aula de hoje pelo fato de me identificar muito com o filme
que vimos e pelo fato de que, novamente, a SP parecia não conter nenhuma
novidade, mas tinha inúmeras perguntas a serem respondias.
Nicole, aconteceu alguma coisa com o Perilo ou com você? Pergunta Alexia, já colocando
mãe e bebê no consultório, visando a identificação de necessidades de saúde...
Aconteceu! Me ligaram da creche para eu pegar o Perilo e passá-lo na médica... Estou
apavorada!!!
O que aconteceu com ele?
Começou a apresentar febre... é a primeira vez, não sei se é grave ou o que devo fazer...
Febre de quanto? Pergunta Alexia.
Segundo me informaram pelo WhatsApp, ele começou a ficar irritado e acabaram medindo
a temperatura... disseram que estava 37.8oC. Eu fui direto para a creche e trouxe ele aqui
pra vocês examinarem... Eu o deixei bonzinho na creche... será que é grave?
NTS SP4 – Perilo Rodas Vyntra
Problemas e Hipóteses
O desmame precoce de Perilo em 6 meses.
Pode ter ocorrido uma falta de orientação da equipe de saúde e o apoio
familiar para que Nicole pudesse conciliar sua amamentação com o
trabalho.
Inserção de Nicole no mercado de trabalho pode ter causado o desmame
precoce e a ida de Perilo para a creche.
O cansaço de Nicole com sua Inserção no mercado de trabalho talvez não
tenha sido compatível com o aleitamento a livre demanda.
A decisão do desmame por Nicole e seu marido foi mais influenciada devido
a estética mamaria.
Dia 23/03/2021
Hoje realizamos a Nova Síntese da SP4 no período da manhã e uma OT sobre
buscas no período da tarde. Gostei muito do período da manhã, pois aprendi
muito com as buscas de meus colegas, porém achei o período da tarde muito
maçante, pois já é a 4º vez que temos essa oficina.
Perilo
Atividade = 2; Batimento Cardíaco = 2; Reflexos = 2; Cor = 2; Respiração = 2.
Fonte: http://www.scielo.org.co/pdf/aven/v36n2/0121-4500-aven-36-02-197.pdf
Parto Leboyer
Na França, o obstetra Frédérick Leboyer focou-se no recém-nascido e
defendeu uma forma menos violenta de nascer. Foi o primeiro a considerar a
importância do vínculo mãe-recém-nascido no momento do nascimento. Pouca
luz, silêncio, massagem nas costas do bebê, esperar o cordão parar de pulsar
para o bebê fazer a transição respiratória de forma mais suave, banho do bebê
perto da mãe, amamentação precoce. No entanto seu foco era o bebê, não a
mulher. Geralmente estava deitada de costas, pernas em estribos e o uso da
episiotomia era rotina.
Parto Cesariana
A cesariana é uma forma de parto realizada através de um ato cirúrgico, no
qual é feita uma incisão no abdômen e outra no útero para se chegar ao bebê.
Um parto cesáreo dura em média 45 minutos a uma hora.
Procedimento Neonatal
Os procedimentos na recepção do recém-nascido são: Manter sala de
recepção do RN com temperatura adequada; Colocar o RN sob calor radiante;
Posicionar o recém-nascido, mantendo a cabeça em posição neutra ou com
leve extensão do pescoço (coxim nos ombros), evitar a hiperextensão ou a
flexão exagerada do mesmo; Aspirar às vias aéreas, inicialmente a boca e
depois o nariz, evitar o uso de pressões excessivas e a introdução brusca da
sonda de aspiração-reflexo vagal; Na presença de líquido amniótico meconial e
recém-nascido deprimido, aspirar à traqueia sob visualização direta
imediatamente após a colocação do RN a fonte de calor e somente após,
ventilar; Secar o RN e remover os campos úmidos; Realizar estimulação tátil
com manobras delicadas no dorso do RN, no máximo duas vezes, se não
houver respiração regular; Administrar oxigênio inalatório se houver cianose
central ou ventilação com pressão positiva (VPP), utilizando balão e máscara
ou cânula endotraqueal; Estabelecer e manter circulação; Medicação.
Fontes: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
11692002000500007
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2595-
31922018000400354&script=sci_arttext&tlng=pt
3) Quais os sinais vitais e dados antropométricos esperados para um recém-
nascido pré-termo, termo e pós termo?
Resposta: Os Sinais Vitais e Dados Antropométricos de RN (recém-nascidos)
pré-termo e pós termo não são constantes, pois nenhum é igual ao outro,
sendo assim é necessário conferi-los com frequência para intervir caso algum
valor esteja alterado para a sua faixa etária.
Vantagens
Mais rápido que o método de DUBOWITZ.
Pode ser realizado em RN doentes.
Inclui RN com IG até 20 semanas.
Pode ser realizado até 96 horas de vida.
Desvantagens
O NBS superestima significativamente em 0,6 a 1,7 semanas a IG de RN entre
32 e 37 semanas de IG, sendo atribuído ao stress intrauterino que acelera a
maturação fetal.
Estudo recente de Donovan e cl, a cada semana (de 22 a 28 semanas de idade
gestacional pela história menstrual precoce), o NBS excedeu a idade
gestacional por 1,3 a 3,3 semanas, havendo uma grande variabilidade (6,8 a
11,9 semanas). Vejam, assim que, na ausência de pré-natal iniciado.
Fonte: http://www2.ebserh.gov.br/documents/214336/1108363/PRO.MED-
NEO.008+-+AVALIA
%C3%87%C3%83O+DA+IDADE+GESTACIONAL+PELO+M
%C3%89TODO+NOVO+DE+BALLARD.pdf/dd7ebb5c-5c1a-4aaf-bac7-
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Dia 30/03/2021
Hoje realizamos a Síntese Provisória da SP5 no período da manhã e a primeira
APA no período da tarde. Gostei bastante da aula de hoje pois me identifiquei
muito com o tema da SP e achei que todas as avaliações na APA foram muito
justas.
NTS – APA 01
Autoavaliação
1) Como têm sido a construção de capacidades da estudante nas atividades
da síntese provisória (identificação e explicação de problemas e elaboração
de questões de aprendizagem)? Justifique.
Facilitador: João Augusto, você evolui na sua participação e construção de
capacidades nas atividades de processamento de situações problema. É nítido
sua maior comodidade para falar e expressar suas ideias, percepções. Penso
que o grupo também percebeu e manifestou sua melhoria nos momentos de
avaliação. Procure manter sua atenção e investimento na identificação de
problemas, ou identificação de necessidades de saúde, ou desafios de
aprendizagem nas atividades. Continue colaborando na elaboração das
questões de aprendizagem coletivas e não deixe de registrar suas questões.
Mantenha foco em cada etapa do processamento! Com energia e
generosidade procure mais e mais externar seus conhecimentos prévios nas
explicações ou nas hipóteses dos problemas.
Aluno: Sempre tento contribuir nas atividades de Síntese Provisória quando
acho necessário. Desde o início das atividades curriculares sinto que consigo
contribuir cada vez mais, principalmente na percepção de problemas que era a
etapa mais difícil para mim.
6) Comentários do estudante:
Resposta: Nada a declarar.
Conceito: Satisfatório
Avaliação do Facilitador
1) Como tem sido a participação do(a) docente/facilitador nas atividades
educacionais da AC-NTS? Justifique.
Resposta: O Arthur sempre faz intervenções muito boas, sempre no melhor
horário possível para nós direcionar ao caminho certo.
Boa tarde, Nicolás, sou Aglaê estudante de medicina e vou fazer seu atendimento antes de
você passar com o doutor Cosme, pode ser?
Pode!
Você sabe que conhecemos sua mãe a dona Lucinda?
Não, sabia não! Mas eu não falei pra ela que viria aqui... Eu não quero que a minha mãe
fique preocupada comigo!
Entendo... Então, me conta o que o trouxe até a unidade? Pergunta Aglaê...
Eu acho que o meu desenvolvimento está atrasado em relação aos meus amigos...
Que tipo de atraso?
Meu corpo parece mais de menino do que de um homem...
Me explica melhor o que você percebe, Nicolás?
Meus amigos têm essa parte aqui embaixo, dos órgãos masculinos, mais desenvolvida... o
meu é bem menor e tem pouco pelo... Além disso, quase todos os meus colegas já tiveram
experiência sexual e eu sinto que eu também estou atrasado nisso... até espinha eu tenho
pouca e minha voz é muito fina...
Tem outras coisas que seus amigos fazem e que você também gostaria de experimentar?
Eles já experimentaram cigarro e tomam cerveja... mas só dois fumam...
Você já experimentou cigarro ou cerveja?
Já experimentei cerveja, mas cigarro eu não consigo... é como se minha mãe estivesse
vendo... eu chego a ouvir ela me chamando a atenção! Me dá um bloqueio... eu fico com
medo dela descobrir... se isso acontecesse eu acho que ela iria ter um troço... Ela é muito
evangélica e ainda sofre muito com a ausência do meu pai... eu não queria dar esse
desgosto pra ela...
E a parte sexual, como tem sido pra você?
Também tenho vontade, mas queria que fosse maior, como é o dos meus amigos! Fico
pensando como era o do meu pai, mas não consigo me lembrar...
Você tem pensado no seu pai ultimamente, Nicholás?
Dessa parte eu prefiro não falar... para mim, ele morreu... eu não aguento ver minha mãe
esperando por ele todos os dias...
NTS SP5 – Nicolás Silveira Láscaris
Problemas e Hipóteses
Nicolás acredita estar com problemas com o seu desenvolvimento.
Ao se comparar com os amigos Nicolas acredita não estar se
desenvolvendo adequadamente.
Falta de um aporte nutricional para o seu bom desenvolvimento.
Condições habituais de vida (hábitos alimentares, condições de sono,
trabalho verificando carga horaria, remuneração) pode ter atrapalhado seu
desenvolvimento.
Nicolás pode estar equivocado, cada corpo é um corpo.
Nicolás não consegue se abrir com sua mãe para tirar dúvidas geradas na
adolescência.
Mãe de Nicolás é mais rígida e religiosa.
Nicolás sente vontade de fumar com os amigos, mas tem medo de sua mãe
descobrir.
Mãe de Nicolás é mais rígida e religiosa.
Nicolás tem curiosidade e vontade em iniciar sua vida sexual, porém tem
certo receio por conta do tamanho do seu pênis.
Nicolás tem receio por ficar fazendo comparações com o órgão de seus
colegas.
Hipersexualização dos jovens e a necessidade de que a sexarca aconteça
para provar a masculinidade e o "papel de homem”.
Dia 06/04/2021
Hoje realizamos a Nova Síntese da SP5 e a Síntese Provisória da SP6 (EBP).
Gostei bastante das atividades de hoje porque gostei de pesquisar as questões
para a SP5 e acho q o método do EBP torna a aula mais dinâmica e menos
cansativa.
Alpheus não ter confiança em sua família para conversar sobre visitar sua
namorada durante a pandemia, o que o levou e pedir ajuda ao estudante de
medicina.
A família de Alpheus pode não dar liberdade para que ele se expresse.
Alpheus pode se sentir pressionado pelo receio de contaminar seus avós.
Alpheus pode se sentir mais confortável conversando sobre esse assunto
com alguém mais próximo de sua idade e que seja de fora de sua família.
Questões Individuais
Elabore um Plano de Cuidados para Alpheus e Grete que os oriente sobre o
início de sua vida sexual e os riscos sobre se encontrarem durante a
pandemia devido as condições diferentes de suas famílias.
Dia 13/04/2021
Hoje realizamos a discussão a respeito de uma VE que assistimos o filme “O
Óleo de Lorenzo” e tivemos uma pequena devolutiva do nossa EBP. Gostei
muito do filme e da devolutiva, pois o filme mostra os pais de um menino
fazendo todo o possível para salvar seu filho e a devolutiva me mostrou que
foquei demais apenas nos adolescentes, esquecendo um pouco do contexto
familiar delas.
OT – Qualidade de Buscas
Fonte 01: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932017000300753
Qualidade: Revisão Literária – Relato de Casos/Série de Casos
Dia 04/05/2021
Hoje realizamos a Síntese Provisória da SP8 e um OT sobre a classificação de
artigos. Gostei da aula de hoje porque pela primeira vez foi uma SP em que as
necessidades de saúde estavam bem aparentes, sem necessitar que
investigássemos muito a fundo para achar apenas necessidades psicossociais.
Fiquei muito triste e sozinha... nós nunca quisemos ter filhos e somente agora bateu um
arrependimento... a gente casa e acha que é pra sempre, mas a duras penas percebi que
um casamento pode acabar!
E como é essa tristeza?
Agora estou um pouco melhor... eu chorava durante o banho, todo dia... aí aceitei criar dois
gatinhos e esses bichinhos me trouxeram algum conforto. Parei de chorar e aos poucos fui
voltando para a minha rotina. O problema é que comecei a apresentar falta de ar e uma
tosse seca que não para...
Como é essa tosse?
Há uns seis meses passei a ter crises de tosse e falta de ar... as crises eram mais leves e
passavam, mas ultimamente ficaram piores e em menor intervalo... comecei a apresentar
um chiado no peito umas duas vezes por semana.
A senhora se lembra de ter tido algo parecido antes?
Minha única lembrança é que quando eu era crianças, de vez em quando, tinha falta de ar
e o pulmão assobiava depois da corrida. Quando isso acontecia, minha mãe me levava no
pronto socorro e eles falavam que eu tinha “bronquite asmática crônica”.
Você fazia algum tipo de tratamento?
Só quando dava essas crises... eles mandavam fazer inalação com um remédio dentro...
passava fácil!
Você continua fumando?
Piorei! Antes fumava só quando bebia e ficava somente num cigarro. Agora, estou fumando
uns quatro cigarros todos os dias!
Tem usado bebida alcoólica?
Não, mas desandei a comer doces... Ganhei 8 quilos nesse ano!
E os exames preventivos?
Estão em dia. Mas de que adianta isso! Nunca mais saí com ninguém depois que me
separei...
Dia 11/05/2021
Hoje realizamos a Nova Síntese da SP8 e a Síntese Provisória da SP9. Gostei
das atividades de hoje pelo fato de todos participarem e contribuírem bem,
porém saímos demais do assunto para relatar casos pessoais, assim fazendo
com que a aula demore demais.
Fatores de Risco
A bronquite crônica é uma doença do tabagismo, com 90% de todos os
casos ocorrendo em tabagistas;
Maior frequência e intensidade das infecções respiratórias agudas ocorrem
em pacientes com bronquite crônica;
Maior prevalência de bronquite crônica em moradores urbanos e
trabalhadores expostos a inalantes industriais tóxicos.
Fonte: https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/678/2019/07/dpoc_asma.pdf
2) Como relacionar os sinais e sintomas da paciente com o estado de
depressão, ansiedade e tristeza?
Resposta:
Depressão
A depressão é um transtorno mental caracterizado por tristeza persistente e
pela perda de interesse em atividades que normalmente são prazerosas,
acompanhadas da incapacidade de realizar atividades diárias, durante pelo
menos duas semanas.
Tristeza;
Humor que se caracteriza por desânimo persistente, baixa autoestima,
sentimentos de inutilidade;
Perda de interesse em atividades que antes a pessoa apreciava;
Mudança de apetite;
Ganho ou perda de peso;
Insônia;
Dormir em excesso;
Perda de energia ou fadiga acentuada;
Movimentos físicos sem sentido, como apertar as mãos de forma constante
e nervosa;
Sentir-se sem esperança;
Sentir-se culpado;
Dificuldades para raciocinar, se concentrar ou tomar decisões;
Pensamentos de morte ou suicídio;
Irritabilidade, ansiedade e angústia;
Necessidade de um grande esforço para fazer coisas que antes eram
fáceis;
Diminuição ou incapacidade de sentir alegria;
Sentimentos de medo, insegurança, desespero, desamparo e vazio;
Interpretação distorcida e negativa da realidade;
Diminuição do desejo e do desempenho sexual;
Dores e outros sintomas físicos sem uma causa aparente, como dores de
barriga, azia, má digestão, diarreia, prisão de ventre, gases, tensão na nuca
e nos ombros, dor de cabeça ou no corpo, sensação de corpo pesado ou de
pressão no peito.
Fontes: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
03942006000300012
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
44461999000500003
Ansiedade
A ansiedade é um estado psíquico natural que é muito útil para nos alertar de
um perigo e fazer com que nos preparemos para enfrentá-lo. No entanto, ela
tem sido definida, de maneira geral, como um estado emocional desagradável
acompanhado de desconforto físico e que, geralmente, possui relação com o
medo.
Enxergar perigo em tudo;
Apetite desregulado;
Alterações de sono;
Tensão Muscular;
Medo de falar em público;
Preocupações em excesso;
Ficar sempre próximo de ataques de nervos;
Medos irracionais;
Inquietação constante;
Sintomas físicos;
Pensamentos obsessivos;
Perfeccionismo;
Problemas digestivos.
Fontes: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-
20852019000200092
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
711X2014000100012
Câncer de Mama
O câncer de mama é um problema de saúde pública de grande relevância no
Brasil. É responsável pela mais frequente causa de morte por câncer no sexo
feminino. Cuidar-se, conhecer o seu próprio corpo e ficar atenta a alguns sinais
e sintomas são ações importantes para prevenção e combate a essa doença.
Fatores de Risco
Não existe uma causa única para o câncer de mama e sim fatores que podem
aumentar o risco da doença, como:
Idade: as mulheres após os 50 anos são mais suscetíveis a desenvolver a
doença;
Primeira menstruação antes dos 12 anos de idade e menopausa após 55
anos;
Primeira gravidez após os 30 anos ou não ter tido filhos;
Fumo;
Consumo de álcool;
Sobrepeso ou obesidade;
Exposição frequente a raios-X;
Histórico familiar de câncer de mama e/ou ovário em parentes de primeiro
grau (mãe, irmã ou filha) que tenham tido a doença antes dos 50 anos;
Uso de terapia de reposição hormonal pós-menopausa, principalmente se
por tempo prolongado; e terapia hormonal em mulheres transexuais e
travestis.
Fatores de Risco
Alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento do câncer de colo
do útero. São eles:
Não utilização de preservativos durante as relações sexuais;
Outras infecções sexualmente transmissíveis;
Baixa imunidade;
Tabagismo.
Métodos de Prevenção
A primeira forma de prevenção do câncer de colo do útero está relacionada à
diminuição do contágio pelo HPV, utilizando o preservativo em todas as
relações sexuais. Também são formas importantes de precaução do câncer de
colo do útero:
Cuidado com a higiene íntima;
Vacinação, conforme a faixa etária;
Realização do exame preventivo do câncer de colo do útero, para detecção
de lesões ainda em fase inicial. O exame é ofertado pelo SUS nas Unidades
Básicas de Saúde, e é a estratégia mais adotada para detecção da doença
em mulheres de 25 a 64 anos que já tiveram algum tipo de atividade sexual.
Mesmo as mulheres vacinadas contra o HPV devem realizar esse exame.
Sabe, doutora, meu único medo na vida pe ficar igual à minha mulher.
Dia 18/05/2021
Hoje realizamos a Nova Síntese da SP9 na manhã e a Síntese Provisória da
SP10 à tarde. Gostei muito das atividades de hoje porque achei os temas das
questões da SP9 interessantes de pesquisar e gostei da história da SP10.
Fisiopatologia
A síndrome é dependente de neurotransmissores ligados ao uso contínuo de
álcool. A ingestão aguda de álcool leva inicialmente a uma liberação de
opioides endógenos causando euforia e reforço para o uso contínuo, em
seguida há ativação dos receptores inibitórios GABA tipo A, que causam efeitos
sedativos, ansiolíticos e alteração da coordenação e inibição dos receptores
excitatórios GLUTAMATO tipo NMDA (N-metil D-aspartato) causando mais
sedação, intoxicação e distúrbios cognitivos. Em longo prazo, com o uso
crônico do álcool, ocorrem alterações no número e na função dos receptores
como uma resposta compensatória aos efeitos depressivos do álcool. Assim,
há uma diminuição (“down regulation”) nos receptores GABA tipo A e um
aumento (“up regulation”) nos receptores GLUTAMATO tipo NMDA. Tal
adaptação crônica na ausência aguda do álcool leva ao estado de
hiperexcitabilidade da síndrome de abstinência alcoólica. A síndrome ainda
está associada às alterações nos níveis de liberação de noradrenalina e
dopamina. A hiper estimulação adrenérgica deve-se a uma redução da
atividade de adrenoreceptores inibitórios pré-sinápticos do subtipo, um
fenômeno conhecido como down regulation.
A hiperatividade de receptores NMDA (N-Metil D-Aspartato) também está
relacionada ao aumento da liberação noradrenérgica no locus ceruleus de
ratos, observada após a retirada do álcool. Assim, algumas reações que podem
ocorrer incluem taquicardia, hipertensão, náuseas e vômitos, midríase,
tremores pela facilitação da neurotransmissão muscular e febre. Pacientes com
uso sustentado crônico de álcool apresentam maior risco de desenvolvimento
da síndrome, do que etilistas que fazem o uso abusivo de álcool por curtos
períodos, estes sintomas não ocorrem na maior parte da população que bebe
álcool ocasionalmente, pois parece ser necessária a manutenção sustentada
de níveis séricos de álcool aumentados para ocorrer a abstinência com a
suspensão abrupta do consumo.
Sinais e Sintomas
O diagnóstico dependente da história de cessação ou redução do uso de álcool
em paciente que costumam usar grande quantidade de álcool. A história de
cessação de álcool e mais dois dos sintomas abaixo são suficientes para o
diagnóstico:
Hiperatividade autonômica (evidenciada por taquicardia, sudorese e
hipertensão);
Tremores;
Insônia;
Náuseas e vômitos;
Alucinações;
Ansiedade;
Agitação;
Crises convulsivas (tônico-clônicas generalizadas).
A maior parte dos sintomas da Síndrome de Abstinência Alcoólica são
considerados sintomas menores e incluem:
Insônia;
Tremores;
Ansiedade leve;
Anorexia e sintomas dispépticos incluindo náuseas;
Cefaleia;
Diaforese;
Palpitações.
Fontes: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
69762019000300011#:~:text=Os%20sintomas%20mais%20comuns
%20da,alucina%C3%A7%C3%B5es%20e%20delirium(14).
https://scielo.isciii.es/pdf/eg/v15n41/pt_clinica5.pdf
2) Quais as regiões do cérebro são mais afetadas para que uma vítima de
AVE fique em estado vegetativo?
Resposta: Um estado vegetativo ocorre quando o telencéfalo (a maior parte do
cérebro) é gravemente lesionado (tornando as funções mentais impossíveis),
mas o sistema reticular ativador ainda está funcionando (tornando a vigília
possível). O sistema reticular ativador controla se uma pessoa está desperta
(vigília). É um sistema de células nervosas e fibras localizado nas zonas
profundas da parte superior do tronco cerebral (a parte do cérebro que conecta
o telencéfalo com a medula espinhal). Mais comumente, um estado vegetativo
é causado por lesão cerebral grave, devido a Traumatismo Craniano, um
quadro clínico que priva o cérebro de oxigênio, como Parada Cardíaca, Parada
Respiratória ou AVE. No entanto, qualquer problema que prejudica
severamente o cérebro, como sangramento (hemorragia) no cérebro ou uma
infecção no cérebro, pode resultar num estado vegetativo.
Um estado vegetativo que dura mais de um mês é considerado um estado
vegetativo persistente. A maioria das pessoas em estado vegetativo persistente
não recupera qualquer função mental ou capacidade de interagir com o
ambiente de forma significativa. No entanto, algumas pessoas em estado
vegetativo persistente melhoram o suficiente para o diagnóstico ser alterado
para estado minimamente consciente. Em pessoas em estado minimamente
consciente, a consciência é gravemente prejudicada, mas não completamente.
Quando qualquer recuperação ocorre, a causa foi geralmente lesão cerebral
devido a um ferimento na cabeça (lesão traumática cerebral), não uma doença
que resultou do cérebro sendo privado de oxigênio. Também, a recuperação é
frequentemente muito limitada. Por exemplo, as pessoas podem alcançar
qualquer e todos os objetos ou podem emitir a mesma palavra diversas vezes.
Em casos raros, pessoas em estado vegetativo persistente decorrente de
traumatismo craniano continuam a melhorar lentamente ao longo de meses a
anos.
Fontes:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0210569104700315
https://www.researchgate.net/profile/Enrique-
Noe/publication/230756198_From_the_vegetative_state_to_unresponsive_wak
efulness_A_historical_review/links/00b7d51daa7fe4a762000000/From-the-
vegetative-state-to-unresponsive-wakefulness-A-historical-review.pdf
Classificação
As dislipidemias eram tradicionalmente classificadas por padrões de elevação
de lipídios e lipoproteínas no plasma (fenótipos de Fredrickson — {blank}
Padrões de lipoproteínas (fenótipos de Fredrickson)). Um sistema mais prático
categoriza as dislipidemias como primárias ou secundárias e classifica-as por:
Aumentos apenas do colesterol (hipercolesterolemia pura ou isolada);
Aumentos apenas dos TGs (hipertrigliceridemia pura ou isolada);
Aumentos de colesterol e triglicerídeos (dislipidemias mistas ou
combinadas).
Esse sistema não leva em consideração anormalidades específicas das
lipoproteínas (p. ex., baixo HDL ou alto LDL) que podem contribuir para
doenças, apesar das concentrações normais de colesterol e triglicerídeos.
Etiologia
As dislipidemias podem ser:
Primária: genética;
Secundária: causada pelo estilo de vida e outros fatores.
Tanto as causas primárias como as secundárias contribuem em graus variados
para as dislipidemias. Por exemplo, na hiperlipidemia familiar combinada, a
expressão só pode ocorrer na presença de causas secundárias significativas.
Causas primárias
As causas primárias são mutações genéticas únicas ou múltiplas que
promovem a produção excessiva ou a deficiência na depuração dos
triglicerídeos e do LDL, ou baixa produção ou depuração excessiva do HDL
({blank} Dislipidemias genéticas (primárias). Os nomes das várias doenças
primárias refletem a nomenclatura antiga na qual as lipoproteínas eram
detectadas e diferenciadas de acordo com sua separação em bandas alfa
(HDL) e beta (LDL) nos géis eletroforéticos.
Causas secundárias
As causas secundárias são responsáveis para muitos casos de dislipidemias
em adultos.
A causa secundária mais importante de dislipidemia nos países desenvolvidos
é Estilo de vida sedentário com ingestão excessiva de gordura saturada,
colesterol e ácidos graxos trans.
Os ácidos graxos trans são ácidos graxos mono ou poli-insaturados aos quais
foram acrescentados átomos de hidrogênio; são utilizados em alguns alimentos
processados e são tão aterogênicos quanto as gorduras saturadas.
Outras causas secundárias comuns de dislipidemia são:
Diabetes melittus;
Abuso de álcool;
Nefropatia crônica;
Hipotireoidismo;
Cirrose biliar primária e outras doenças hepáticas colestáticas;
Fármacos, como tiazidas, betabloqueadores, retinoides, antirretrovirais,
ciclosporina, tacrolimus, estrogênio e progesterona e glucocorticoides.
As causas secundárias dos baixos níveis de colesterol HDL incluem tabagismo,
esteroides anabolizantes, infecção por HIV e síndrome nefrótica.
Sinais e Sintomas
A dislipidemia, por si só, não causa sintomas, mas pode provocar doença
vascular sintomática, incluindo doença coronariana (DC), acidente vascular
cerebral e doença arterial periférica.
Níveis elevados de triglicerídeos [> 1000 mg/dL (> 11,3 mmol/L)] podem causar
pancreatite aguda. Níveis muito altos de triglicerídeos também podem causar
hepatoesplenomegalia, parestesia, dispneia e confusão. Altas concentrações
de LDL podem causar arco corneano, xantelasmas tendinosos e xantomas
tendinosos encontrados nos tendões do calcâneo, nos cotovelos e joelhos e
sobre as articulações metacarpofalangeanas. Outro achado clínico observado
nos pacientes com LDL alto (p. ex., na hipercolesterolemia familiar) é o
xantelasma (placas amarelas ricas em lipídios nas pálpebras mediais). Os
pacientes com cirrose biliar primária e níveis lipídicos normais podem ter
xantelasma.
Pacientes com a forma homozigótica de hipercolesterolemia familiar podem ter
arco corneal, xantomas tendinosos e xantelasma, além de xantomas planares
ou tuberosos. Xantomas planares são manchas amareladas chatas ou
ligeiramente elevadas. Xantomas tuberosos são nódulos firmes e indolores
normalmente localizados ao longo das superfícies extensoras das articulações.
Pacientes com grandes elevações de triglicerídeos podem apresentar
xantomas eruptivos no dorso, no tronco, nos cotovelos, na região glútea, nos
joelhos, nas mãos e nos pés. Pacientes com a rara disbetalipoproteinemia
podem apresentar xantomas palmares e tuberosos.
A hipertrigliceridemia grave (> 2000 mg/dL [> 22,6 mmol/L]) pode causar
aspecto cremoso nas artérias e veias retinianas (lipemia retiniana).
Concentrações extremamente elevadas de lipídios também podem provocar
aspecto lácteo (leitoso) do plasma sanguíneo. Os sintomas podem incluir
parestesias, dispneia e confusão.
Diagnóstico
Perfil de lipídios séricos (medida de colesterol total, triglicerídeos e HDL
colesterol e cálculo de LDL colesterol e VLDL) Suspeita-se de dislipidemia em
pacientes com achados físicos característicos ou complicações de dislipidemia
(p. ex., doença aterosclerótica).
Suspeitar de distúrbios lipídicos primários quando os pacientes tiverem:
Sinais físicos de dislipidemia;
Início de doença aterosclerótica precoce (< 60 anos);
História familiar de doença aterosclerótica;
Colesterol sérico > 240 mg/dL (> 6,2 mmol/L).
A dislipidemia é diagnosticada pela medida dos lipídios séricos. As medidas de
rotina (perfil lipídico) incluem colesterol total, triglicerídeos, HDL e LDL.
Causas secundárias
Testar as dislipidemias secundárias na maioria dos pacientes com dislipidemia
recém-diagnosticada e quando um componente do perfil lipídico tiver piorado
sem explicação. Esses testes são feitos pela dosagem de:
Glicemia de jejum;
Enzimas hepáticas;
Creatinina;
Hormônio estimulante da tireoide (TSH);
Proteína urinária.
Triagem
O rastreamento é feito pelo lipidograma de jejum (colesterol total, triglicerídeos
e HDL, e LDL calculado). Diferentes sociedades médicas têm recomendações
diferentes sobre quando iniciar o rastreamento.
As dosagens de lipídios devem ser acompanhadas da avaliação dos demais
fatores de risco cardiovascular, como:
Diabetes melito;
Tabagismo;
Hipertensão;
História familiar de DC em parente de 1º grau do sexo masculino antes dos
55 anos ou em parente de 1º grau do sexo feminino antes dos 65 anos.
Tratamento
Avaliação de risco por critérios explícitos;
Alterações de estilo de vida (p. ex., atividade física, modificações
alimentares);
Para LDL colesterol elevado, estatinas, algumas vezes sequestrantes de
ácidos biliares, ezetimibe, niacina e outras medidas;
Para triglicerídeos elevados, niacina, fibratos, ácidos graxos ômega 3 e, às
vezes, outras medidas.
Princípios gerais
A principal indicação para o tratamento da dislipidemia é a prevenção da
doença aterosclerótica cardiovascular (DCVA), incluindo síndromes coronárias
agudas, acidente vascular encefálico, ataque isquêmico transitório ou doença
arterial periférica cuja causa presume-se ser aterosclerose. O tratamento é
indicado para todos os pacientes com DCVA (prevenção secundária) e para
alguns sem (prevenção primária).
O tratamento de crianças é controverso; alterações alimentares podem ser de
difícil implementação e nenhum dado sugere que a redução das concentrações
lipídicas na infância efetivamente previna doença cardíaca na idade adulta.
Além disso, a segurança e eficácia do tratamento redutor de lipídios a longo
prazo são questionáveis. Entretanto, a American Academy of Pediatrics (AAP)
recomenda o tratamento para algumas crianças com concentrações elevadas
de LDL. Crianças com hipercolesterolemia familiar heterozigótica devem ser
tratadas iniciando entre 8 e 10 anos. As crianças com hipercolesterolemia
familiar homozigótica precisam de dieta, fármacos e muitas vezes aférese de
LDL para prevenir a morte prematura; o tratamento é iniciado no momento do
diagnóstico.
As opções de tratamento dependem da anormalidade lipídica específica,
embora possam coexistir diferentes anormalidades lipídicas. Em alguns
pacientes, uma única anormalidade pode necessitar de vários tratamentos; em
outros, um único tratamento pode ser adequado para várias anormalidades. O
plano terapêutico sempre deve conter o tratamento da hipertensão e do
diabetes, cessação de tabagismo e, nos pacientes com risco ≥ 20% em 10
anos de infarto do miocárdio ou morte por doença coronariana (determinado
pelo NHLBI Cardiac Risk Calculator), baixas doses diárias de ácido
acetilsalicílico. Em geral, as opções de tratamento para homens e mulheres
são iguais.
Triglicerídeos elevados
Apesar de não estar claro se os triglicerídeos contribuem de modo
independente para a doença cardiovascular, estão associados a várias
alterações metabólicas que contribuem para a doença coronariana (p. ex.,
diabetes e síndrome metabólica). Há consenso emergente de que a redução de
triglicerídeos elevados seja benéfica. Não há objetivos alvo, mas
concentrações < 150 mg/dL (< 1,7 mmol/L) costumam ser consideradas
desejadas. Não há diretrizes específicas para abordar o tratamento dos
triglicerídeos elevados em crianças.
A estratégia geral de tratamento é implementar primeiro mudanças no estilo de
vida, incluindo atividade física, perda ponderal e evitar açúcar e álcool. A
ingestão de 2 a 4 porções/semana de peixes ricos em ácidos graxos ômega-3
pode ser eficaz, mas a quantidade de ácidos graxos ômega-3 costuma ser
inferior à necessária; suplementos podem ser úteis. Em pacientes com
diabetes, as concentrações de glicose devem ser rigorosamente controladas.
Se essas medidas forem ineficazes, fármacos hipolipemiantes devem ser
consideradas. Os pacientes com níveis de triglicerídeos muito elevados (>
1000 mg/dL) podem precisar iniciar o tratamento no momento do diagnóstico
para reduzir mais rapidamente o risco de pancreatite.
Os fibratos reduzem os triglicerídeos em cerca de 50%. Aparentemente,
estimulam a LPL endotelial, causando aumento de oxidação de ácidos graxos
no fígado e na musculatura e diminuição da síntese de VLDL pelo fígado.
Também aumentam o HDL em até 20%. Os fibratos podem causar efeitos
gastrointestinais adversos, incluindo dispepsia, dor abdominal e elevação das
enzimas hepáticas. Raramente causam colelitíase. Os fibratos potencializam a
toxicidade muscular quando associados a estatinas e potencializam os efeitos
da varfarina.
As estatinas podem ser utilizadas em alguns pacientes com triglicerídeos < 500
mg/dL se (< 5,65 mmol/L) também houver elevações de LDL colesterol; as
estatinas podem reduzir tanto o LDL colesterol como os triglicerídeos por meio
da redução de VLDL. Se apenas os triglicerídeos estiverem elevados, os
fármacos de escolha são os fibratos.
Os ácidos graxos ω-3 em altas doses (1 a 6 g/dia de ácidos eicosapentaenoico
e docosaexaenoico) podem ser eficazes para reduzir os triglicerídios. Os
ácidos graxos ômega-3 EPA e DHA são ingredientes ativos nas cápsulas de
óleo de peixe e ômega-3. Os efeitos adversos incluem eructação e diarreia.
Esses efeitos adversos podem diminuir administrando cápsulas de óleo de
peixe com as refeições em doses fracionadas (p. ex. bid ou tid). Os ácidos
graxos ω-3 podem ser adjuvantes úteis para outros tratamentos. Prescrição e
preparações de ácido graxo ômega-3 são indicadas para níveis de triglicérides
> 500 mg/dL (> 5,65 mmol/L).
O Inibidor do apo CIII (inibidor antisense do apo CIII), volanesorseno, está
sendo estudado. Reduz os níveis de triglicerídeos em pacientes com níveis
extremamente elevados, inclusive os pacientes com deficiência de lipoproteína
lipase. É administrado como injeção semanal.
Baixa LDL
Embora níveis mais altos de HDL estejam associados a menor risco
cardiovascular, não está claro se os tratamentos para aumentar os níveis de
colesterol HDL diminuem o risco de morte. [As diretrizes do Third Report of the
National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection,
Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (ATPIII) definem
baixo HDL como < 40 mg/dL (< 1,04 mmol/L); as orientações não especificam o
nível-alvo mínimo de HDL e recomendam intervenções para aumentar o HDL
apenas quando esse nível tiver sido atingido. O tratamento para reduzir o LDL
e os triglicerídeos geralmente aumentam o HDL e, algumas vezes, os 3
objetivos podem ser alcançados simultaneamente.
Não se dispõe de qualquer orientação específica para baixo HDL colesterol em
crianças.
O tratamento é feito por mudanças no estilo de vida com aumento da atividade
física e perda ponderal. O álcool eleva o HDL colesterol, mas não é
recomendado de rotina como tratamento em razão de seus inúmeros efeitos
colaterais. Os fármacos podem ser bem-sucedidos para elevar os níveis
quando alterações isoladas do estilo de vida são insuficientes, mas não está
certo se elevar os níveis de HDL reduz a mortalidade.
Ácido nicotínico (niacina) é o fármaco mais eficaz para aumentar HDL. Seu
mecanismo de ação é desconhecido, mas parece elevar tanto a produção de
HDL quanto inibir a depuração de HDL; pode também mobilizar colesterol de
macrófagos. A niacina também diminui os triglicerídios e, em doses de 1500 a
2000 mg/dia, reduz o LDL colesterol. A niacina provoca rubor, prurido e
náuseas; a pré-medicação com ácido acetilsalicílico em doses baixas pode
prevenir esses efeitos colaterais. Apresentações de liberação prolongada têm
menos sintomas. Entretanto, a maioria dos fármacos de venda sem prescrição
médica de liberação lenta não é recomendada; uma exceção é a niacina poligel
de liberação prolongada. A niacina pode causar elevação das enzimas
hepáticas e, ocasionalmente, insuficiência hepática, resistência à insulina,
hiperuricemia e gota. Também pode elevar os níveis de homocisteína. A
combinação de doses elevadas de niacina com estatinas pode aumentar o
risco de miopatia. Em pacientes com LDL colesterol em níveis médios e HDL
colesterol em níveis médios a baixos, a combinação de niacina com estatina
pode ser eficaz na prevenção de doença cardiovascular. Nos pacientes
tratados com estatinas para reduzir o LDL < 70 mg/dL (< 1,8 mmol/L), a niacina
não parece ter benefícios adicionais e pode aumentar os efeitos adversos,
como acidente vascular encefálico isquêmico.
Os fibratos elevam HDL. Os fibratos podem diminuir o risco cardiovascular nos
pacientes com triglicerídeos > 200 mg/dL (> 2,26 mmol/L) e HDL < 40 mg/dL (<
1,04 mmol/L).
Os inibidores da proteína transportadora de éster de colesterol (CETP)
aumentam os níveis de HDL inibindo a CETP. Vários não mostraram benefício.
Estudos recentes com infusão de apo A1 Milano recombinante não mostraram
benefícios.
Lp(a) elevada
O limite superior da normalidade da Lp(a) situa-se em torno de 30 mg/dL (ou 75
mmol/L), mas os valores para os afro-americanos são mais altos. Dispõe-se de
poucos dados para orientar o tratamento de Lp(a) elevada ou para estabelecer
a eficácia do tratamento. A niacina é o único fármaco que diminui diretamente a
Lp(a); ela pode reduzir a Lp(a) em > 20% em doses altas. A abordagem
habitual de pacientes com Lp(a) elevada é diminuir agressivamente o LDL
colesterol. Aférese LDL é utilizada para reduzir a Lp(a) em pacientes com
níveis elevados de Lp(a) e doença vascular progressiva. Um inibidor antisense
do apo (a) está em pesquisa.
Monitoramento do tratamento
Os níveis lipídicos devem ser controlados periodicamente após o início do
tratamento. Nenhum dado disponível indica intervalos de controle
determinados, mas a dosagem de lipídios 2 ou 3 meses após o início ou a
alteração do tratamento e 1 ou 2 vezes ao ano após a estabilização dos lipídios
é uma prática comum.
Apesar da baixa incidência de toxicidade hepática e muscular grave com o uso
de estatina (0,5 a 2% dos usuários), as recomendações atuais incluem a
dosagem basal das enzimas hepáticas e musculares ao iniciar o tratamento.
Monitoramento de rotina dos níveis de enzimas hepáticas não é necessário, e a
medição rotineira de CK não é útil para prever o início de rabdomiólise. Não é
necessária a dosagem regular das enzimas musculares, a menos que o
paciente desenvolva mialgias ou outros sintomas musculares. Se houver
suspeita de lesões musculares induzidas por estatina, seu uso deve ser
suspenso e a CK deve ser medida. Quando os sintomas musculares
diminuírem, pode-se experimentar uma dose mais baixa ou uma outra estatina.
Se os sintomas não cederem 1 a 2 semanas após a suspensão da estatina,
deve ser procurada outra causa para os sintomas musculares (p. ex.,
polimialgia reumática).
Fonte: https://www.scielosp.org/article/csc/2019.v24n1/323-332/
Dia 25/05/2021
Hoje realizamos a Nova Síntese da SP10 de manhã e a Síntese Provisória da
SP11 a tarde. Gostei da SP10 pois achei um tema muito interessante de ser
abordado, porém na SP11 achei um tema importante, porém muito chato.
Como é o tratamento?
Com medicamentos para reduzir a inflamação e a resposta imunológica.
Alguns são utilizados quando os sintomas estão mais intensos e, outros, por
tempo indeterminado para impedir que a doença volte. Medicamentos
imunobiológicos, aplicados em forma de injeções com intervalos regulares,
também podem ser indicados. A cirurgia de retirada de partes doentes do
intestino pode ser uma opção, quando os medicamentos não surtem os
resultados esperados ou quando há alguma complicação.
Doença de Crohn
Patologia
Trata-se de uma doença inflamatória que se manifesta ao longo de todo o trato
gastrintestinal, sendo mais comum na porção distal do intestino delgado e do
intestino grosso. Acomete desde a mucosa até as camadas musculares das
alças.
Etiologia
É uma doença idiopática, ou seja, sua causa ainda não está bem estabelecida,
mesmo nos estudos mais recentes. Pode se manifestar com surtos agudos
recorrentes intercalados com períodos longos de remissão.
Quadro clínico
Estomatite;
Diarreia frequente (com ou sem muco nas fezes);
Dor abdominal do tipo cólica;
Emagrecimento;
Febre.
É possível também a ocorrência de fístulas. Até 30% dos doentes com Crohn
tem manifestações no ânus e região perianal. Outras manifestações
extraintestinais podem surgir na pele, articulações, olhos e fígado.
Diagnóstico
A colonoscopia com biópsia e avaliação do íleo terminal é o melhor recurso
para o diagnóstico da doença — o exame histopatológico do tecido biopsiado
pode confirmar. A tomografia de abdome pode ser utilizada na avaliação das
fístulas entre alças intestinais.
Tratamentos
O tratamento depende da forma de apresentação da doença e da gravidade.
Ele é iniciado, em um primeiro momento, sempre com medicamentos e os
corticosteroides são as medicações mais utilizadas atualmente.
Várias outras drogas podem ser associadas com o objetivo de fazer regredir a
inflamação dos tecidos, como os aminossalicilatos, os fistulectomia,
imunossupressores e a terapia biológica (anticorpos monoclonais). No entanto,
alguns casos necessitam de intervenção cirúrgica para tratamento de
complicações.
Etiologia
Assim como na Doença de Crohn, a causa precisa da SII não é conhecida.
Fatores que parecem desempenhar um papel relevante incluem:
Contrações musculares de força anormal no intestino,
Alterações no sistema nervoso intestinal (plexo mioentérico);
Doenças inflamatórias intestinais;
Infecção subjacente;
Alterações na microflora intestinal.
Os fatores desencadeantes demonstrados após anos de estudos foram o
estresse emocional, alimentação industrializada, especialmente o uso de
conservantes e corantes artificiais.
Quadro clínico
Dor abdominal do tipo cólica;
Distensão abdominal;
Aumento na frequência de evacuações,
Constipação, intercalando com períodos de diarreia.
Apenas um pequeno número de pessoas com SII tem sinais e sintomas graves.
Vale ressaltar que a síndrome não causa alterações no tecido intestinal nem
aumenta o risco de câncer colorretal.
Diagnóstico
Novos critérios para o diagnóstico da SII foram divulgados em junho de 2016.
Os critérios chamados de Roma IV refletem avanços em pesquisas científicas
básicas e ensaios clínicos, já que os critérios de Roma III foram publicados 10
anos atrás. Essa edição levou 6 anos para ser desenvolvida e envolveu
contribuições de 117 especialistas, representando 23 países.
Roma IV tem várias mudanças importantes em como os distúrbios intestinais
funcionais são descritos e diagnosticados, como dor abdominal recorrente, em
média, pelo menos 1 dia por semana nos últimos 3 meses, associada a dois ou
mais dos seguintes critérios:
Alteração na frequência das fezes;
Mudança na forma ou aparência das fezes;
Apresentar sintomas nos últimos 3 meses com início dos sintomas pelo
menos 6 meses antes do diagnóstico.
Tratamentos
O tratamento concentra-se no alívio dos sintomas para que o paciente tenha
qualidade de vida. Sinais e sintomas leves podem ser tratados pelo controle do
estresse e por mudanças na dieta e no estilo de vida.
Evitar alimentos que desencadeiam os sintomas, aumentar a ingestão de fibras
e água são medidas fundamentais que os pacientes devem ser orientados e
estimulados a fazer.
Retocolite Ulcerativa
Patologia
Trata-se de uma doença inflamatória idiopática que acomete cólon e reto.
Caracteriza-se pela inflamação da camada superficial, restrita à mucosa, sem
acometer a musculatura das alças.
Etiologia
A etiologia da retocolite ulcerativa permanece desconhecida. Até alguns anos
atrás, a dieta e o estresse foram suspeitados, mas, atualmente, sabe-se que
esses fatores podem piorar, mas não causar retocolite ulcerativa.
Uma causa possível é a desordem do sistema imunológico. Quando algum
vírus ou bactéria invasora estimula uma resposta imune anormal, o sistema
imunológico pode, por meio de reação cruzada, atacar também células da
mucosa do trato digestivo.
Quadro clínico
Os pacientes apresentam diarreia crônica com sangue, sendo comum a
anemia, mas frequentemente sem febre.
A retocolite ulcerativa também apresenta manifestações extraintestinais, como:
Xeroftalmia (olho seco);
Artralgia (dor nas articulações);
Doenças reumatológicas (espondilite anquilosante);
Eritema ou rash cutâneo (rubor na pele).
Diagnóstico
O diagnóstico se confirma por exclusão de doenças com causas tratáveis. Uma
retossigmoidoscopia com biópsia é sempre obrigatória e ajuda a visualizar as
lesões na mucosa dos segmentos mais distais do cólon e reto que são
acometidos.
Tratamentos
O tratamento a princípio é clínico. Drogas específicas para controlar a
inflamação intestinal, como sulfassalazina e imunossupressores também são
recomendados. Se, ainda assim, a doença continua sintomática, o próximo
passo é a introdução de medicamentos biológicos, tendo como o primeiro da
lista o infliximabe.
Nos casos em que não se consegue bom controle da doença, mesmo com o
tratamento clínico, a cirurgia deve ser considerada, além de solicitar a
avaliação da coloproctologia.
Obstipação
Patologia
É definida pela dificuldade em evacuar, causando desconforto, dor abdominal e
distensão no paciente. Trata-se de um conjunto de sintomas e não de uma
doença. Pode, entretanto, ser o sinal inicial de uma doença que precise de
investigação do gastroenterologista para um diagnóstico específico.
Etiologia
Na maioria dos casos a obstipação intestinal não é provocada por um distúrbio
de ordem física ou anatômica do trato intestinal. A causa mais comum é a
propulsão difícil do bolo fecal em seu trajeto em direção ao reto e canal anal,
especialmente pelo sedentarismo, alimentação pobre em fibras e pouca
ingestão de água.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da constipação é essencialmente clínico, não necessitando de
investigação complementar específica, podendo ser iniciado o tratamento
clínico empírico com o aumento da ingestão oral de fibra vegetal e de água
(pelo menos 2 litros ao dia). A melhora do quadro clínico com essas medidas e
na ausência de outras alterações confirma o diagnóstico.
O paciente deve ainda ser estimulado a praticar atividade física e, em alguns
casos selecionados, ter uma abordagem psicoterápica para complementar o
tratamento clínico.
Como você pode perceber, é essencial que todo médico conheça e saiba tratar
as doenças do intestino, sendo essas queixas frequentes em consultórios e
pronto atendimentos. Se manter sempre atualizado é fundamental, sendo a
pós-graduação em gastroenterologia uma excelente opção para adquirir
conhecimentos na área e estar apto a diagnosticar e tratar os pacientes.
Colites Indeterminadas
O diagnóstico é feito pela junção dos dados clínicos, achados radiológicos e
histológicos em biópsias endoscópicas e de peças de ressecção cirúrgica.
Porém, não há nenhuma característica que isoladamente feche um diagnóstico
de DII específica, além de algumas vezes, apesar da combinação dos achados,
não ser possível a determinação precisa de Doença de Crohn ou Retocolite
Ulcerativa. Sendo assim, 5%-20% destes pacientes são encaixados no quadro
de Colite não classificada ou indeterminada.
O termo colite não classificada ou indeterminada é utilizado para pacientes com
apresentação clínica de doença inflamatória intestinal, com inflamação restrita
ao cólon, sem envolvimento do intestino delgado, quando os resultados de
exames endoscópicos não forem conclusivos e não houver características de
DC ou RCU determinantes na biópsia.
Fontes: https://www.scielosp.org/article/csp/2007.v23n5/992-993/#:~:text=O
%20termo%20doen%C3%A7a%20inflamat%C3%B3ria%20intestinal,
%C3%A9%20o%20processo%20inflamat%C3%B3rio%20cr%C3%B4nico.
https://revistas.pucsp.br/RFCMS/article/viewFile/20378/17607
Dia 01/06/2021
Hoje realizamos a discussão a respeito da VE de manhã e sobre a Nova
Síntese da SP11. Achei as discussões muito boas, porém achei um tema muito
maçante pra quantidade de QAs que formulamos na aula passada.
Eutanásia
A Eutanásia é o ato de abreviar a vida de uma pessoa, ou seja, tem como
princípio acabar com o sofrimento da pessoa que possui uma doença grave e
incurável, quando não existem mais tratamentos que possam ser realizados
para melhorar o quadro clínico da pessoa.
Entretanto, a Eutanásia é ilegal na maioria dos países, já que envolve a vida
humana. Os profissionais contra esta prática afirmam que a vida humana é
inviolável, e ninguém tem o direto de abreviá-la, e, além disto, é muito difícil
definir quais pessoas ainda podem ter o sofrimento aliviado sem que seja
necessário antecipar a sua morte.
Existem tipos diferentes de eutanásia, que definem melhor a maneira como
está antecipação da morte será feita, e incluem:
Eutanásia Ativa Voluntária: é feita pela administração de medicamentos ou
realização de algum procedimento com o intuito de levar o paciente à morte,
após o seu consentimento;
Suicídio Assistido: é o ato realizado quando o médico fornece
medicamentos para que o próprio paciente possa abreviar a vida;
Eutanásia Ativa Involuntária: é a administração de medicamentos ou
realização de procedimentos para levar o paciente à morte, em situação na
qual o paciente não consentiu previamente. Esta prática é ilegal em todos
os países.
É importante lembrar que existe uma forma diferente de Eutanásia chamada de
Eutanásia Passiva, caracterizada pela suspensão ou término dos tratamentos
médicos que mantêm a vida do paciente, sem oferecer nenhum medicamento
para a sua abreviação. Este termo não é muito utilizado, pois considera-se que,
neste caso, não se causa a morte da pessoa, mas permite que o paciente
morra naturalmente, podendo ser enquadrada na prática de ortotanásia.
Distanásia
A Distanásia é um termo médico utilizado para descrever uma abordagem
médica relacionada com o óbito do paciente e que corresponde ao
prolongamento desnecessário da vida por meio do uso de remédios que pode
trazer sofrimento para a pessoa.
Dessa forma, como promove o prolongamento da dor e do sofrimento, a
Distanásia é considerada uma má prática médica, pois, embora alivie os
sintomas, não traz melhora da qualidade de vida para a pessoa, tornando a
morte mais lenta e dolorosa.
Ortotanásia
A Ortotanásia é uma prática médica em que há promoção de uma morte
natural, sem que sejam realizados tratamentos pouco úteis, invasivos ou
artificiais para manter a pessoa viva e prolongar a morte, como a respiração
por aparelhos, por exemplo.
A Ortotanásia é praticada por meio dos cuidados paliativos, que é uma
abordagem que procura manter a qualidade de vida do paciente, e da sua
família, em casos de doenças graves e incuráveis, ajudando no controle de
sintomas físicos, psicológicos e sociais.
Assim, na Ortotanásia a morte é vista como algo natural pelo qual todo ser
humano irá passar, buscando-se o objetivo que não é abreviar e nem adiar a
morte, mas sim buscar a melhor maneira de passar por ela, mantendo a
dignidade da pessoa que está doente.
4) O que é ético para ser feito em pacientes internados em hospital-
escola/ensino?
Resposta: O estudo e o ensino da relação médico-paciente é uma estratégia
valiosa para promover o encontro com valores fundamentais ao ser médico,
além de superar o desencontro da medicina com sua essência. A criação de
oportunidades para o desenvolvimento de habilidades de comunicação e
promoção de empatia é fundamental para a educação médica, tanto no cenário
da assistência primária ao paciente, na medicina familiar e comunitária, bem
como em ambientes hospitalares, uma vez que são conhecimentos
transversais.
A vivência hospitalar, atividade prática de ensino do componente curricular
Relação Médico-paciente, no qual os alunos passam um dia internados no
hospital escola para conhecerem de maneira prática como é ser um paciente.
Depois do processo de leituras e codificação das expressões chave, bem como
a contagem da frequência com que essas expressões se repetiam, os
resultados puderam ser agrupados em categorias principais de significados que
coincidem com os temas mais relevantes que surgiram após o processo de
leitura e análise. As categorias são: sintomas, sentimentos, interações com
outros pacientes, interações com o hospital escola, empatia, avaliação da
experiência e “os alunos-pacientes”. Foi possível concluir que a atividade pode
ser uma ferramenta importante para a união da teoria e prática durante o
ensino de técnicas de comunicação interpessoal e das relações entre médicos
e pacientes.
Fonte: http://www.scielo.org.co/pdf/aven/v34n3/v34n3a03.pdf
Narrativa Reflexiva – A Partida
Apesar de amar a música e seu trabalho como violoncelista, Daigo
Kobayashi não tem nenhuma carreira brilhante. Assim, quando a orquestra em
que ele toca se dissolve, fica sem emprego e sem qualquer esperança de
pagar o instrumento novo que acabara de comprar. Sem perspectivas, e com o
apoio da esposa, o jovem decide voltar para sua cidade natal, e lá encontrar
um outro emprego que possa sustentar sua família.
Ficando na casa de sua mãe, que havia acabado de morrer, Daigo ainda
não consegue assumir que teve que desistir de seus sonhos. Na primeira
tentativa, ele consegue um emprego no que parece uma agência de viagens,
preparando A Partida dos clientes. Logo, porém, ele descobre se tratar de uma
empresa que presta serviço às funerárias. Seu novo trabalho, agora, será
preparar cadáveres para serem colocados nos caixões. Por mais que este
serviço o incomode, aos poucos a atividade permite a Daigo que ele confronte
seus sentimentos mais reprimidos.
Com isso, o filme me fez refletir sobre o respeito e empatia que devemos
ter com todos, tanto em vida quanto em morte. Isso servirá para que a
dignidade e respeito do morto nunca se percam, assim fazendo com que todos
se lembrem dele como ele realmente era.
Dia 08/06/2021
Hoje realizamos a ACD 3. Achei q prova relativamente mais fácil que as
anteriores, pois as de NTS estavam mais fáceis e as de laboratório eu sabia
responder, porém confundi alguns diagnósticos.
Dia 15/06/2021
Hoje realizamos a Síntese Provisória da SP12 (EBP 2). Achei o tema da SP
muito interessante, pois chamou minha atenção o fato do Câncer de Tireoide,
pois minha avó morreu disso.
Há mais ou menos 1 ano, quando perdi minha mãe, parece que uma parte de mim também
morreu com ela... Eu não consigo ouvir nenhuma notícia sobre a Covid e o meu grau de
revolta contra pessoas que não usam máscara me deixa enlouquecida...
Esses sentimentos estão comprometendo o seu dia a dia?
Para ser bem franca, tenho estado cada vez mais triste, porém hoje meu maior problema é
essa sensação de fraqueza. Tenho tido muito sono durante o dia e fiquei mais friorenta!
Minha memória está péssima e a cada dia é mais difícil me concentrar... não tenho
conseguido mais cumprir prazos para a correção dos trabalhos escolares...
Como está seu apetite?
Um mistério... perdi o apetite e mesmo assim estou ganhando peso. Foram cinco quilos
nesse último ano! Meu intestino anda bem preguiçoso, mas a urina está clara e vou poucas
vezes ao banheiro para urinar...mas sempre fui de urinar pouco...
Como é sua sede?
Sempre bebi pouca água... minha mãe me falava que eu parecia camelo...
Você observou mais alguma mudança no seu corpo?
Agora que você mencionou isso, meu cabelo tem caído muito, minha pele está uma secura
só e minhas unhas estão muito fracas. Estava achando que era por falta de frequentar o
salão de beleza nessa pandemia...
E você está menstruando?
Acho que está parando... faz alguns meses que não menstruo... mas isso não me
incomoda... depois do meu divórcio, nunca mais me relacionei com homem nenhum... Pra
falar a verdade, perdi o interesse por sexo e acho que estou perdendo o interesse pela
vida...
Exame Físico: BEG, hipocorada 1+/4+, hidratada, anictérica, acianótica. Pele fria, grossa e
seca.
PESO: 86 kg; ALTURA: 167 cm, PA= 110/70 mmHg; FC: 72 bpm; FR: 16 irm.
Cabeça e pescoço: tireoide tópica, discretamente aumentada bilateralmente, elástica,
superfície lisa, móvel à deglutição e indolor à palpação.
Cardiovascular: RCR em 2T, BNF, sem sopros.
Respiratório: MVP bilateralmente sem RA. Mamas: ausência de galactorréia.
Abdome: flácido, ruídos hidroaéreos presentes, sem visceromegalias. MMII: pulsos
pediosos palpáveis e simétricos bilateralmente, sem edema detectável.
Problemas e Hipóteses
Perdeu a mãe há 1 ano para o SARS-COV-2.
A perda da mãe e do pai podem ter afetado muito o psicológico de Sygne,
assim podendo originar uma possível depressão.
Morava com a mãe há 10 anos, desde seu divórcio com 2 filhos já casados.
A perda da mãe e do pai podem ter afetado muito o psicológico de Sygne,
assim podendo originar uma possível depressão.
A perda da mãe para o Covid-19 a deixou muito preocupada com a
Pandemia, assim fazendo com que Sygne se revoltasse com quem não
realiza medidas profiláticas, como o uso da máscara.
Não fumava desde os 29 anos, porém voltou a fumar aos 34 anos após o
divórcio.
O divórcio a deixou “traumatizada” e ansiosa de se relacionar com outros
companheiros, assim fazendo-a perder a vontade de se relacionar e sua
libido.
Não aceita a perda da mãe para o Covid-19, o que a deixa revoltada com
quem não usa máscara.
A perda da mãe para o Covid-19 a deixou muito preocupada com a
Pandemia, assim fazendo com que Sygne se revoltasse com quem não
realiza medidas profiláticas, como o uso da máscara.
Questões Individuais
1) Avaliando todos os sintomas apresentados por Sygne, os dados da História
Clínica e os atuais acontecimentos, elabore um Plano de Cuidados que
aborde e explique a Fisiopatologia, Fatores de Risco e Tratamento para o
seu provável diagnóstico.
2) De acordo com seus conhecimentos sobre Anti-TPO e Anti-TG, disserte a
respeito do Hipotireoidismo afetar o resultado desses exames em
específicos casos clínicos.
Dia 22/06/2021
Hoje realizamos a Nova Síntese do EBP 2 (SP12). Gostei das respostas de
todos, porém achei que poderíamos ter melhorado um pouco o nosso jeito de
falar nossas respostas.
Anti-TG
A tireoglobulina é uma substância precursora dos hormônios da tireoide, que
costuma ficar estocada dentro do tecido tireoidiano.
A presença de anticorpos contra a tireoglobulina é muito comum na tireoidite de
Hashimoto, estando presente em 80 a 90% dos casos. Em geral, pacientes
com Hashimoto apresentam Anti-TG e Anti-TPO positivos. A presença de Anti-
TG positiva e Anti-TPO negativo na tireoidite de Hashimoto é pouco comum.
Assim como ocorre com os anticorpos Anti-TPO, os anticorpos Anti-TG
também podem estar presentes também na doença de Graves. Cerca de 50 a
70% dos pacientes com doença de Graves tem estes anticorpos positivos.
Apesar de estarem muito relacionados às doenças autoimunes da tireoide, a
presença de anticorpos Anti-TG não significa necessariamente que o paciente
tenha ou venha a ter algum problema da tireoide. Cerca de 15% da população
saudável e das grávidas podem ter esses anticorpos detectáveis no sangue,
sem que isso tenha relevância clínica.
Ao contrário do Anti-TPO, os anticorpos Anti-TG podem desaparecer após
anos de tratamento do hipotireoidismo.
Valores de Referência
Na maioria dos laboratórios, o valor de referência para o anti-tireoiglobulina é
menor que 100 U/ml. Há laboratórios que trabalham com outros valores de
normalidade, por isso, mais importante que o valor absoluto é a comparação
com os valores de referência fornecidos no laudo.
TRAB
O TSH é um hormônio liberado pela glândula hipófise, que age estimulando a
produção de hormônios pela tireoide. Os receptores de TSH localizados na
tireoide podem ser alvo de ataques de anticorpos, que recebem o nome de
anticorpos Anti-Receptores de TSH (TRAB).
Ao contrário do Anti-TPO e do Anti-TG, que são mais comuns na tireoidite de
Hashimoto que na doença de Graves, o TRAB encontra-se presente em até
95% dos casos de Graves e apenas em 20% dos pacientes com Hashimoto.
Outra diferença relevante é o fato de o TRAB não estar, habitualmente,
presente na população em geral sadia.
Os anticorpos Anti-Receptores de TSH podem se ligar aos receptores de TSH
e estimulá-los, levando a tireoide a produzir hormônios tireoidianos em
excesso. O TRAB também pode se ligar aos receptores de TSH e bloqueá-los,
impedindo que o TSH atue sob a tireoide, provocando, assim, um estado de
hipotireoidismo.
Valores de Referência
Na maioria dos laboratórios, o valor de referência para o TRAB é menor que
1,5 U/L.
A dosagem do TRAB pode ser usada para acompanhar a eficácia do
tratamento, uma vez que os seus valores costumam cair conforme a doença de
Graves é controlada.
Quando Investigar a Presença de Anticorpos Antitireoidianos
Em geral, o TRAB, Anti-TPO e a Anti-TG não são essenciais para o diagnóstico
das doenças da tireoide. Como a imensa maioria dos casos de hipotireoidismo
são causados pela tireoidite de Hashimoto, a dosagem de Anti-TPO e a Anti-
TG acaba acrescentando pouca informação clínica ao caso. Sua utilidade é
maior na avaliação da progressão dos casos de hipotireoidismo subclínico.
Já nos pacientes com hipertireoidismo, o melhor exame para investigar a causa
é a cintigrafia com iodo, pois ela é capaz de distinguir as diversas doenças que
provocam o funcionamento excessivo da glândula tireoide.
A pesquisa de TRAB acaba sendo muito útil apenas se no local onde o
paciente vive não houver facilidade para se realizar a cintigrafia. Um resultado
positivo para TRAB em pacientes com hipertireoidismo é fortíssimo indício de
doença de Graves.
Por outro lado, um TRAB negativo praticamente descarta doença de Graves. O
resultado negativo, porém, não ajuda a identificar a possível causa do
hipertireoidismo, como faz a cintigrafia com iodo. Por isso ela é o método
preferido.
A pesquisa do TRAB também pode ser útil no seguimento dos pacientes sob
tratamento para hipertireoidismo. A queda nos valores do TRAB é um sinal de
controle da doença.
Fontes: American Thyroid Association Guidelines for Use of Laboratory Tests in
Thyroid Disorders – JAMA.
Clinical Review: Clinical Utility of TSH Receptor Antibodies – The Journal of
clinical endocrinology and metabolism.
Pathogenesis of Graves’ disease – UpToDate.
Pathogenesis of Hashimoto’s thyroiditis (chronic autoimmune thyroiditis) –
UpToDate.
Laboratory assessment of thyroid function – UpToDate.
Grebe SKG: Thyroid disease. In The Genetic Basis of Common Diseases.
Second edition. Edited by RA King, JI Rotter, AG Motulsky. New York, Oxford
University Press, 2002.
3) Avaliando todos os sintomas apresentados por Sygne, os dados da História
Clínica e os atuais acontecimentos, elabore um Plano de Cuidados.
Resposta: Analisando todos os sintomas de Sygne, muito provavelmente ela
possui Tireoide de Hashimoto, a qual é uma doença autoimune em que o
sistema imune ataca as células da tireoide, causando uma inflamação dessa
glândula, o que geralmente resulta em um hipertireoidismo passageiro que
depois é seguido por um hipotireoidismo permanente. Ela pode ser causada
por fatores genéticos ou pela infecção de vírus e bactérias que atinjam a
Glândula Tireoide ou o Sistema Imune.
Este tipo de tireoidite é uma das causas mais comuns do hipotireoidismo,
especialmente em mulheres adultas, causando sintomas como:
Aumento fácil de peso;
Cansaço excessivo;
Pele fria e pálida;
Prisão de ventre;
Baixa tolerância ao frio;
Dores musculares ou articulares;
Ligeiro inchaço da parte da frente do pescoço, no local da tireoide;
Cabelo e unhas mais fracos.
Na maioria das vezes, a doença começa com um aumento indolor da tireoide e,
por isso, pode ser identificada apenas durante um exame de rotina no médico,
mas em outros casos, a tireoidite pode causar uma sensação de bola no
pescoço, que não causa nenhuma dor à palpação.
A melhor forma de diagnosticar a tireoidite de Hashimoto é consultar um
endocrinologista e realizar o exame de sangue que avalia a quantidade de T3,
T4 e TSH, além da pesquisa dos anticorpos antitireoidianos (Anti-TPO). No
caso de tireoidite, a TSH geralmente está normal ou aumentada. Algumas
pessoas podem apresentar os anticorpos antitireoidianos mas não apresentar
nenhum sintoma, sendo considerados portadores de tireoidite autoimune
subclínica e por isso não necessitam de tratamento.
Como Sygne está desenvolvendo hipotireoidismo, seus níveis de T3 e T4 estão
diminuindo gradativamente, o que pode ocasionar a irritabilidade toda vez que
vê alguém sem máscara durante a pandemia.
Quando a tireoidite provoca alteração na produção de hormônios e não é
tratada adequadamente, podem surgir algumas complicações para a saúde. As
mais comuns incluem:
Problemas Cardíacos: pessoas com hipotireoidismo não controlado têm
maiores chances de apresentar níveis de LDL elevado no sangue, o que
aumenta o risco de problemas cardíacos;
Problemas de Saúde Mental: por diminuição da produção de hormônios da
tireoide, o organismo perde energia e por isso a pessoa se sente mais
cansada, contribuindo para alterações do humor e até surgimento de
depressão;
Mixedema: esta é uma condição rara que geralmente surge em casos muito
avançados de hipotireoidismo, levando ao inchaço do rosto e até a sintomas
mais graves como ausência completa de energia e perda de consciência.
Anti-TPO
A tireoperoxidade (TPO) é uma enzima presente nas células epiteliais da
tireoide que participa da síntese dos hormônios tireoidianos.
Mais de 90% dos pacientes com tireoidite de Hashimoto possuem anticorpos
Anti-TPO (antigamente chamado anticorpos anti-microssomal). Os anticorpos
Anti-TPO também estão presentes na doença de Graves, mas em menor
frequência, ao redor de 75% dos casos.
Todavia, é bom salientar que cerca de 15% da população geral sadia e das
gestantes, sem doenças da tireoide, podem ter anticorpos Anti-TPO positivos,
sem que isso tenha significado clínico imediato.
Os anticorpos Anti-TPO também são comuns em familiares de pacientes com
doenças autoimunes da tireoide. 50% deles têm Anti-TPO positivo sem ter
qualquer sinal de doença da tireoide. Portanto, não basta ter anticorpos
antitireoidianos presentes para se desenvolver doença autoimune da tireoide.
Outros fatores ainda não totalmente elucidados são necessários.
Em geral, pacientes com anticorpos anti-TPO apresentam maior risco de
desenvolverem doenças autoimunes da tireoide, principalmente se já tiverem
critério para hipotireoidismo subclínico.
Na verdade, este é o grupo de pacientes que mais se beneficia da pesquisa do
anti-TPO, pois um valor elevado sugere que o paciente tem o dobro de chance
do seu hipotireoidismo subclínico evoluir para hipotireoidismo franco quando
comparado com pacientes sem anticorpos anti-TPO.
Como a imensa maioria dos casos de hipotireoidismo é provocada pela
tireoidite de Hashimoto, muitos médicos não solicitam a pesquisa do Anti-TPO.
O resultado muito provavelmente será positivo e isso nada influenciará no
tratamento da doença.
A pesquisa da anti-tireoperoxidase acaba sendo mais útil quando há dúvidas
sobre a origem das doenças da glândula tireoide. Não é indicado solicitar a
pesquisa de anticorpos Anti-TPO (ou qualquer outro autoanticorpo) na
população em geral, sem que haja um motivo específico para tal.
A única exceção são as pessoas sadias, mas com história familiar de doença
autoimune da tireoide, pois a presença do Anti-TPO sugere um maior risco de
problemas na tireoide no futuro. Mesmo assim, é muito questionável a utilidade
deste exame se o paciente não tiver critérios para hipotireoidismo subclínico.
Como já vimos, ter o anticorpo no sangue não significa obrigatoriamente que o
paciente terá qualquer problema com a sua tireoide.
Valores de Referência
Na maioria dos laboratórios o valor de referência para o anti-TPO é menor que
15 U/ml. Porém, há laboratórios que trabalham com até 60 U/ml como a faixa
de normalidade.
O mais indicado, portanto, é comparar o valor do anti-TPO do paciente com o
da referência do laboratório. Quanto maior for o resultado, mas provável é a
presença de uma doença autoimune da tireoide.
Anti-TG
A tireoglobulina é uma substância precursora dos hormônios da tireoide, que
costuma ficar estocada dentro do tecido tireoidiano.
A presença de anticorpos contra a tireoglobulina é muito comum na tireoidite de
Hashimoto, estando presente em 80 a 90% dos casos. Em geral, pacientes
com Hashimoto apresentam Anti-TG e Anti-TPO positivos. A presença de Anti-
TG positiva e Anti-TPO negativo na tireoidite de Hashimoto é pouco comum.
Assim como ocorre com os anticorpos Anti-TPO, os anticorpos Anti-TG
também podem estar presentes também na doença de Graves. Cerca de 50 a
70% dos pacientes com doença de Graves tem estes anticorpos positivos.
Apesar de estarem muito relacionados às doenças autoimunes da tireoide, a
presença de anticorpos Anti-TG não significa necessariamente que o paciente
tenha ou venha a ter algum problema da tireoide. Cerca de 15% da população
saudável e das grávidas podem ter esses anticorpos detectáveis no sangue,
sem que isso tenha relevância clínica.
Ao contrário do Anti-TPO, os anticorpos Anti-TG podem desaparecer após
anos de tratamento do hipotireoidismo.
Valores de Referência
Na maioria dos laboratórios, o valor de referência para o anti-tireoiglobulina é
menor que 100 U/ml. Há laboratórios que trabalham com outros valores de
normalidade, por isso, mais importante que o valor absoluto é a comparação
com os valores de referência fornecidos no laudo.
Fontes: American Thyroid Association Guidelines for Use of Laboratory Tests in
Thyroid Disorders – JAMA.
Clinical Review: Clinical Utility of TSH Receptor Antibodies – The Journal of
clinical endocrinology and metabolism.
Pathogenesis of Graves’ disease – UpToDate.
Pathogenesis of Hashimoto’s thyroiditis (chronic autoimmune thyroiditis) –
UpToDate.
Laboratory assessment of thyroid function – UpToDate.
Grebe SKG: Thyroid disease. In The Genetic Basis of Common Diseases.
Second edition. Edited by RA King, JI Rotter, AG Motulsky. New York, Oxford
University Press, 2002.
NTS – APA 02
Autoavaliação
1) Como têm sido sua construção de capacidades nas atividades da síntese
provisória (identificação e explicação de problemas e elaboração de
questões de aprendizagem)? Justifique.
Minha Resposta: Sempre tento participar nas atividades de Síntese Provisória,
mesmo sem êxito de vez em quando. Com isso, acredito que como fui
acostumado ao método tradicional, acredito que evolui bastante desde o início
do ano até agora.
Resposta do Facilitador: João Augusto, você apresenta participação efetiva na
construção de capacidades nas atividades de processamento de situações
problema e oficinas de trabalho. Continue mantendo essa atitude e
investimento na atividade em todas as etapas do processamento da síntese
provisória. Mantenha sua contribuição e colaboração na identificação de
problemas, exploração de hipóteses e elaboração de questões de
aprendizagem. Intensifique a exploração e compartilhamento dos seus
conhecimentos prévios.
Conceito: Satisfatório
Avaliação do Facilitador
1) Como tem sido a participação do(a) docente/facilitador nas atividades
educacionais da AC-NTS? Justifique.
Resposta: O Arthur sempre participa das atividades, nos levando ao raciocínio
correto e agregando com seus conhecimentos prévios.
Conceito: Satisfatório
Dia 03/08/2021
Hoje retomamos as aulas após as férias com os novos grupos de NTS. Gostei
bastante do grupo, pois achei ele muito potente na primeira atividade de
Síntese Provisória, porém achei todos muito reservados.
Como se não bastasse essas manchas e feridas no rosto, sinto dores nas juntas, desânimo
e me canso muito fácil. Eu não era assim antes... Vira e mexe, meu coração dispara e me
dá falta de ar...
E como está seu apetite?
Eu sinto a boca seca e isso altera meu apetite... estou perdendo peso há uns 2 meses.
Você percebeu alguma alteração no hábito urinário?
Não, minha urina está normal.
Você tem ou já teve algum problema no sangue como anemia ou dificuldade para parar de
sangrar quando machucava a pele?
Nunca tive isso...
Você sente dor de cabeça ou já teve alguma convulsão?
Dor de cabeça eu tenho direto e quase sempre preciso usar remédio para passar...
Alguém na família tem alguma doença parecida com seus sintomas?
Não, mas minha mãe acha que é porque sou muito branca e não me protejo, mas não é
verdade!
Você tem experiência sexual e já engravidou?
Não, nenhuma das duas coisas... e essa mancha no meu rosto me incomoda muito...
várias mulheres me perguntam se foi gravidez e até duvidam de mim... acham que já fiquei
grávida.
Após examinar a paciente, Cosme solicitou exames complementares e explicou para Hedi a
necessidade de confirmar sua suspeita diagnóstica. Pergunta se ela já ouviu falar de Lúpus.
Lúpus Sistêmico: esse tipo de lúpus é o mais comum e pode ser leve ou
grave, conforme cada situação. Nessa forma da doença, a inflamação
acontece em todo o organismo da pessoa, o que compromete vários órgãos
ou sistemas, além da pele, como rins, coração, pulmões, sangue e
articulações. Algumas pessoas que têm o Lúpus discoide podem,
eventualmente, evoluir para o Lúpus sistêmico.
Lúpus neonatal: esse tipo de lúpus é bastante raro e afeta filhos recém-
nascidos de mulheres que têm lúpus. Normalmente, ao nascer, a criança
pode ter erupções na pele, problemas no fígado ou baixa contagem de
células sanguíneas, mas esses sintomas tendem a desaparecer
naturalmente após alguns meses.
Fatores Desencadeantes
A causa exata da LES ainda não é conhecida. Fatores desencadeantes
hormonais (estrógeno), imunológicos, genéticos, infecciosos (vírus, bactérias
etc.), emocionais, medicamentos (como anticonvulsivantes, hidralazina,
isoniazida etc.) e ambientais (luz ultravioleta) podem estar envolvidos.
Acredita-se que um componente genético predispõe o indivíduo a responder
inadequadamente e exacerbadamente aos fatores desencadeantes. Como
consequência, o indivíduo produz anticorpos direcionados contra seus próprios
tecidos (os autoanticorpos, como anti-DNA, anticorpos anti-fosfolípides etc.),
por isto está é conhecida como uma doença autoimune. Esses autoanticorpos
vão se depositando em vários órgãos e com o evoluir da doença pode haver
um progressivo comprometimento da sua função.
O Lúpus não é uma doença infectocontagiosa e os pacientes podem (e devem)
frequentar normalmente creches, escolas, clubes, danceterias e piscinas
quando a doença estiver controlada.
Fatores de Risco
O Lúpus não é uma doença comum e que tenha fatores de risco pré-
determinados, uma vez que pode se manifestar em pessoas de qualquer idade,
raça e sexo. No entanto, existem algumas situações que podem facilitar, de
alguma forma, a incidência de lúpus:
Gênero: a doença é mais comum em mulheres do que em homens, mas
pode se manifestar em ambos os sexos.
Idade: a maior parte dos diagnósticos de lúpus acontece entre os 15 e os 40
anos, mas pode surgir em qualquer faixa etária.
Etnia: lúpus é mais comum em pessoas afro-americanas, hispânicas e
asiáticas. Além disso, a incidência do Lúpus chega a ser três a quatro vezes
maior em mulheres negras do que em mulheres brancas.
Sinais e Sintomas
Os sintomas do Lúpus podem surgir de repente ou se desenvolver lentamente.
Eles também podem ser moderados ou graves, temporários ou permanentes. A
maioria dos pacientes com lúpus apresenta sintomas moderados, que surgem
esporadicamente, em crises, nas quais os sintomas se agravam por um tempo
e depois desaparecem. Os sinais mais comuns são:
Fadiga;
Febre;
Dor nas articulações;
Rigidez muscular e inchaços;
Rash cutâneo: vermelhidão na face em forma de "borboleta" sobre as
bochechas e a ponta do nariz. Afeta cerca de metade das pessoas com
lúpus. O rash piora com a luz do sol e pode ser generalizado;
Lesões na pele que surgem ou pioram quando expostas ao sol;
Dificuldade para respirar;
Dor no peito ao inspirar profundamente;
Sensibilidade à luz do sol;
Dor de cabeça, confusão mental e perda de memória;
Linfonodos aumentados;
Queda de cabelo;
Feridas na boca;
Desconforto geral, ansiedade, mal-estar.
Outros sintomas do Lúpus, mais específicos, dependem de qual é a parte do
corpo afetada:
Cérebro e sistema nervoso: cefaleia, dormência, formigamento, convulsões,
problemas de visão, alterações de personalidade, psicose lúpica.
Trato digestivo: dor abdominal, náuseas e vômito.
Coração: ritmo cardíaco anormal (arritmia).
Pulmão: tosse com sangue e dificuldade para respirar.
Pele: coloração irregular da pele, dedos que mudam de cor com o frio
(fenômeno de Raynaud).
Fisiopatologia
O LES é uma doença multifatorial, com o seu ponto principal um desequilíbrio
do sistema imunológico, causada principalmente por uma inter-relação de
fatores. Entre eles genéticos, hormonais e ambientais. Embora exista tal
influência, o ponto principal é a produção anormal de autoanticorpos pelas
células B. Alguns anticorpos são bem específicos pra LES, como anti-DNA, o
anti-Smith e o anti-P.
Em relação aos fatores genéticos, no LES, os indivíduos possuem uma
deficiência dos componentes da cascata de complemento (C1q, C2 e C4), e
tem-se que o C1q é o fator mais associado mesmo que a alteração genética
este seja menos frequente. Pois a C1q inicia a via clássica do complemento
ligando-se ao fragmento Fc da IgG e às moléculas IgM em complexos imunes,
também pode se ligar diretamente a certos microrganismos e micoplasmas.
Outro fator muito associado é a questão hormonal, onde o estrogênio é
responsável pela diminuição da apoptose do linfócito B e pela sua atividade.
Consequentemente, sem a morte de linfócitos B, eles passam a produzir
continuamente os autoanticorpos. Isso comprova o risco aumentado para as
mulheres que fazem o uso de anticoncepcionais orais combinados e
suplementação de TSH.
Além disso os fatores ambientais que estão ligados a essa patologia são
relacionados a exposição solar, pela apoptose dos queratinócitos causador de
uma resposta macrofitica gerando um processo inflamatório, aumentando a
liberação de interleucinas e fator de necrose tumoral, favorecendo assim a
produção de anticorpos por linfócitos B autorreativos.
Outro fator ambiental seria voltado para medicamentos que podem gerar um
Lupus Farmacoinduzido, entre eles Hidralazina, Isoniazida, Procainamida entre
outros.
Desta forma, essa relação de fatores vai ocasionar a perda da auto tolerância,
ou seja, o não reconhecimento dos próprios anticorpos. Assim, com a não
apoptose dos linfócitos B e a continua produção de autoanticorpos, vai ocorrer
um aumento de BAFF/Blys, relacionados a sobrevida dos Linfócitos B, e a
diminuição dos linfócitos T reguladores que são responsáveis pela apoptose do
linfócito B.
Esses autoanticorpos produzidos em excesso, ativam o imuno complexo, que
por sua vez estimula a resposta imune inata, pelas IL1 /TNF gerando um
processo inflamatório.
O imuno complexo ativa o sistema complemento, levando o maior consumo
dos complementos, dando início a um processo de quimiotaxia e inflamação
tecidual, causando uma diminuição no Clarence do imuno complexo e dos
restos apoptóticos
Quadro Clínico
O Lúpus Eritematoso sistêmico caracteriza-se por um padrão pleomórfico e tal
quadro clínico é a base para o diagnóstico. Nesse seguimento, a doença pode
apresentar sintomas constitucionais como cefaleia, mal-estar, artralgia
generalizada, febre, mialgia, linfadenopatia e perda ponderal. No entanto, tais
achados são inespecíficos quando analisados isoladamente.
Equiparado a outras doenças autoimunes o LES pode apresentar-se de forma
isolada, o que dificulta o diagnóstico, bem como pode iniciar comprometendo
diversos órgãos. Logo, cabe destacar que o LES é uma alteração crônica,
remitente e recidivante e, portanto, é comum observar episódios de
intensificação intercalados por melhora.
O sistema osteoarticular e cutâneo são os sítios acometidos com maior
frequência. Somado a isso, sabe-se que o aparelho renal e nervoso tem
alterações mais graves e sabendo que o Lúpus tem caráter pleomórfico
visualiza-se a necessidade em conhecer as possíveis alterações decorrentes
dessa doença.
Referente ao comprometimento cutâneo é importante saber que essas são
extremamente frequentes e podemos classificá-lo em específico e não
específico, distinguindo-as pela presença ou ausência de dermatite de interface
na junção epiderme-derme. Seguindo o raciocínio, ainda é possível subdividir
as específicas em agudas, subagudas e crônicas.
No que tange as alterações agudas a mais comum é o rash malar ou erupção
malar que se caracteriza por ser simétrica e fotossensível, vale destacar que o
comprometimento preserva os sulcos nasolabiais o que auxilia no diagnóstico.
Por outro lado, as manifestações crônicas têm no Lúpus discoide sua principal
alteração, sendo manifestado inicialmente por placas eritematosas,
hiperpigmentadas que se tornam despigmentadas e atróficas. Por fim, o Lúpus
subagudo que está aparte do LES e é evidenciado, principalmente, por lesões
eritematosas papuloescamosas ou anulares localizadas em regiões de
exposição solar.
Acerca das lesões não específicas vale destacar a vasculite cutânea, a
alopecia não discoide e o livedo reticular. A vasculite cutânea varia de lesões
urticariformes até úlceras necróticas e depende da intensidade do dano
inflamatório; já a alopecia não discoide é uma lesão que costuma surgir no
início do quadro clínico, sendo comum, além de ser reversível após a remissão
do surto inflamatório, e o livedo reticular é determinado por vasoespasmos em
arteríolas da derme o que dá característica de mármore para lesão.
Dentre as manifestações musculoesqueléticas a artralgia e a artrite são as
queixas mais comuns. Dentre os sítios que são mais acometidos pela artrite
temos as articulações de punhos, joelhos e mãos, ainda podendo ser
manifestado em outras regiões. Distinguindo da artrite reumatoide o LES não
costuma caracterizar por erosões articulares, mas ocorrem deformações que é
conhecido como artropatia de Jaccoud. Outro quadro articular importante é a
necrose avascular que costuma acometer principalmente a cabeça do fêmur.
As alterações neurológicas costumam surgir quando um quadro sistêmico já se
instalou e são identificados entre 25 a 75% dos pacientes. As manifestações
neurológicas foram agrupadas em 19 síndromes que foram então divididas
entre aquelas que afetam o sistema nervoso central e o periférico, sendo este
segundo menos comum. O sintoma mais frequente neurológico é a cefaleia,
podendo ainda se observar acidente vascular encefálico (AVE) e a meningite
asséptica.
A respeito do comprometimento cardiovascular sabe-se que a pericardite é a
complicação mais comum, no entanto, outras alterações podem ser vistas
como a miocardite, a endocardite de Libman-Sacks e a coronariopatia. Nesse
quadro, a pericardite, normalmente, se manifesta com dor torácica subesternal
que apresenta melhora com a inclinação do paciente para frente e piorar com
inspiração ou tosse. Já a miocardite caracteriza-se pela apresentação de
taquicardia sinusal ou taquipneia aos esforços e sinais clínicos de insuficiência
cardíaca de apresentação aguda. Por último, a endocardite de Libman-Sacks é
uma forma de anormalidade estrutural das valvas cardíacas pela presença de
nódulos que se localizam próximo às bordas valvares, principalmente a mitral,
e que pode levar a insuficiência valvar o que pode levar ao aparecimento de
sopros.
O envolvimento do aparelho renal é frequente em pacientes com LES, sendo
caracterizado por lesões vasculares além de acometimento túbulo-intersticial.
Nesse seguimento, o portador de LES pode terminar desenvolvendo alguma
nefropatia, sendo esse um indicador de mau prognóstico e tal alteração
costuma ser a responsável pela maior parte de óbitos associadas ao LES.
Seguindo esse raciocínio, entende-se o porquê na importância no
acompanhamento desses indivíduos. O quadro complexo de nefrite lúpica
reflete a região de depósito de imunoglobulinas e imunocomplexos, sendo os
glomérulos os principais alvos. Clinicamente, é possível o estabelecimento de
qualquer uma das síndromes glomerulares e como as manifestações renais
são critérios diagnósticos do LES é importante à atenção para análise de
proteinúria (> 500mg/24 h ou ≥ 3+ no EAS (50%)), presença de cilindros
celulares, hematúria e aumento de creatinina no exame de urina. Vale ressaltar
o quadro clínico da nefrite lúpica só ocorrem em avançado grau de
comprometimento renal
Acerca do comprometimento pulmonar a manifestação mais comum é a
pleurite, derrame de pequeno a moderado volume, geralmente bilateral,
derrame pleural e pneumonite. A pleurite acomete cerca de 30% dos pacientes
com LES, sendo caracterizada por derrames exsudativos e dor à respiração. Já
o derrame pleural lúpico, assim com a pleurite costuma ter comprometimento
bilateral apresentando níveis de glicose normais e níveis de FAN que
normalmente não são solicitados para diagnóstico. Concluindo, a pneumonite
lúpica apresenta falta de ar, hemoptise, tosse e infiltrado alveolar.
Referente ao trato gastrointestinal nos pacientes com LES os sinais mais
frequentes são a dor abdominal difusa, com ou sem compressão dolorosa e
nesses casos pode-se suspeitar de peritonite, vasculite mesentérica e
pancreatite. Nesse contexto, a peritonite pode manifestar-se com derrame
peritoneal e dores abdominais, assim como a vasculite mesentérica que pode
vir somado de necrose intestinal. Para além disso, é comum a hepatomegalia o
que pode levar a alteração das enzimas hepáticas, principalmente as
aminotransferases.
Em quadros ativos de LES são frequentes às alterações hematológicas e delas
a mais comum é a anemia, seguido da leucopenia elinfopenia, e menos
comumente, a trombocitopenia e esplenomegalia. Tais modificações ocorrem
em cerca de 70% dos casos e podem anteceder as manifestações clínicas, por
esse motivo podem ser utilizadas para o diagnóstico. Neste cenário, é possível
entender tais variações, pois, além dos autoanticorpos específicos de LES
existem outros que se ligam, especificamente, com os elementos do sangue.
Os quadros de anemia costumam ser multifatoriais e se estendem desde teste
Coombs direto positivo, eritropoese deficitária ou hemólise. A queda do
hematócrito pode ser comum desde as anemias carenciais, anemia autoimune
ou anemia de doença crônica. Seguindo esse raciocínio, a leucopenia também
costuma ser vista em pacientes com LES e é determinada numa contagem
inferior a 4000/mm3, sendo que tal redução pode estar relacionada a apoptose
espontânea dos linfócitos. Seguindo esse raciocínio, a linfopenia autoimune é
também um achado frequente e está atrelada a imunodepressão da doença.
Diagnóstico
Para diagnosticar o Lúpus Eritematoso Sistêmico faz-se uso da classificação
criada pela American Rheumatism Association (ACR) ou de uma mais recente,
a Systemic Lupus International Collaborating Clinics (SLICC). A classificação
da ACR para o LES e determina que um paciente com 4 ou mais dos seus 11
critérios, deve ser diagnosticado com a doença. Porém, nem todos os
pacientes com esses critérios tinham lúpus e alguns indivíduos eram
diagnosticados apenas por conta da presença de autoanticorpos e de
distúrbios hematológicos. Assim, surge o SLICC, a qual alega que para
diagnosticar um paciente com LES é necessário que ele tenha pelo menos 4
dos 17 critérios, sendo um deles imunológico, um clínico e dois outros dos
demais. Também, essa nova classificação estabeleceu que na presença de
autoanticorpos ANA ou anti-dsDNA, o paciente imediatamente recebe o
diagnóstico de LES, sem precisar de outro critério. A SLICC incluiu a
hipocomplementenemia (baixo C4, C3 e CH50) como critério, o que não havia
na classificação da ACR.
Classificação da ACR
Erupção malar;
Erupção discoide;
Fotossensibilidade;
Úlceras orais;
Artrite;
Serosite (pleurite ou pericardite);
Distúrbio renal (proteinúria, presença de células ou seus componentes na
urina);
Distúrbio neurológico (psicose, convulsões);
Distúrbio hematológico (anemia hemolítica com reticulose, leucopenia,
linfopenia, trombocitopenia);
Distúrbio imunológico (anti-DNA, anti-Sm);
Presença anticorpo antinuclear (ANA).
Classificação SLICC
Critérios Clínicos: lúpus cutâneo agudo ou crônico, úlceras orais, alopecia,
sinovite, distúrbio renal (proteinúria), neurológico (convulsões, psicoses,
mielite, neuropatia central ou periférica, estado de confusão aguda), anemia
hemolítica, leucopenia ou linfopenia somada á trombocitopenia.
Critérios Imunológicos: presença de ANA, anti-dsDNA, anti-Sm, anticorpo
antifosfolipidico, hipocomplementenemia, Coombs Direto positivo.
O SLICC tem sido mais aceito por ser mais sensível e intuitivo do que a
classificação da ACR.
Fontes: https://www.scielo.br/j/rbr/a/4FPjxy6sfpGqtDyGQwXzTvc/abstract/?
lang=pt
https://www.scielo.br/j/abo/a/3Mt4H3Wz5tF7ddMmPm4tnHB/?lang=pt
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-205416
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-594867
https://www.sanarmed.com/resumos-lupus-eritematoso-sistemico-ligas
Dia 17/08/2021
Hoje realizamos a Nova Síntese da SP2 e a Síntese Provisória da SP3. Achei
as discussões de hoje muito intrigantes, pois formulamos muitos problemas e
hipóteses que necessitaremos nos aprofundar muito na doença para
compreendermos bem.
O primeiro exame para detectar HIV de uma pessoa geralmente será um teste
de anticorpos ou um teste de antígeno/anticorpo. Os NATs são muito caros e
não usados rotineiramente para o rastreamento do HIV, a menos que a pessoa
tenha uma exposição de alto risco ou uma possível exposição com sintomas
precoces da infecção pelo HIV.
Quando um teste de HIV é positivo, um teste de acompanhamento será
realizado. Às vezes, a pessoa precisará visitar um médico para fazer um teste
de acompanhamento.
Outras vezes, o teste de acompanhamento pode ser realizado em um
laboratório usando a mesma amostra de sangue fornecida para o primeiro
teste. Um teste de acompanhamento positivo confirma que uma pessoa tem
HIV.
O teste de HIV é confidencial?
O teste de HIV pode ser confidencial ou anônimo.
Testes confidenciais significam que os resultados do seu teste de HIV incluirão
seu nome e outras informações de identificação, e os resultados serão
incluídos em seu prontuário médico. Serão reportados resultados de testes
positivos para o HIV aos departamentos de saúde locais ou estaduais a serem
contados nos relatórios estatísticos.
Os departamentos de saúde removem todas as informações pessoais
(incluindo nomes e endereços) dos resultados dos testes de HIV antes de
compartilhar as informações com os órgãos de controle de saúde.
Esses órgãos usam essas informações para fins de relatório e não
compartilham essas informações com outras organizações.
Testes anônimos significam que você não precisa fornecer seu nome ao fazer
um exame para detectar HIV. Quando você faz o teste, recebe um número.
Para obter os resultados do seu teste de HIV, você indica o número em vez do
seu nome.
Sífilis
VDRL
VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) é um exame de sangue, que
tem como objetivo diagnosticar a sífilis e fazer o acompanhamento de
pacientes que sofrem com esse problema.
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível, em que os sinais e
sintomas variam de acordo com os estados da doença: primário, secundário,
latente e terciário, que é o mais grave.
Para a realização do exame o processo é muito simples: coleta-se apenas uma
pequena amostra de sangue do paciente, que posteriormente será
encaminhada para análise em laboratório.
Feito isso, é só aguardar alguns dias, que o resultado estará pronto para ser
encaminhado para um médico de sua confiança.
Outros resultados
Além do falso positivo, há os resultados positivos e negativos. Para interpretá-
los é muito simples. O resultado positivo, como o próprio nome sugere, significa
que o paciente está com sífilis. Em contrapartida, se o resultado apresentado
for negativo, significa que o paciente não está infectado (ou está curado, caso
tenha sido diagnosticado com a doença anteriormente).
Anticorpos Totais
Detectam anticorpos específicos contra componentes celulares do Treponema,
eles são os primeiros a ficar positivos após a primeira infecção, cerca de 7 a 10
dias após a úlcera sifilítica.
Os testes treponêmicos mais usados são:
FTA-abs (Teste de anticorpos treponêmicos fluorescentes com absorção);
ELISA (Ensaio imunossorvente ligado à enzima), teste de
quimioluminescência;
Testes de hemaglutinação e aglutinação;
Testes rápidos.
Eles são usados para a confirmação diagnóstica quando o teste não
treponêmico dá positivo, mas não servem para controle de tratamento nem
para diagnóstico de reinfecção pois uma vez positivo, geralmente não voltam a
ficar negativos, mesmo que a pessoa esteja curada.
Hepatite B
O exame anti-HBs é solicitado para verificar se a pessoa possui imunidade
contra o vírus da hepatite B, seja ela adquirida por meio da vacinação ou
através da cura da doença.
Esse exame é feito a partir da análise de uma pequena amostra de sangue em
que é verificada na corrente sanguínea a quantidade de anticorpos contra o
vírus da hepatite B. Normalmente o exame anti-HBs é solicitado juntamente
com o exame HBsAg, que é o exame em que se verifica a presença do vírus no
sangue, sendo, portanto, utilizado para diagnóstico.
Exame HBsAg
Enquanto o exame anti-HBs é solicitado com o objetivo de verificar a imunidade
e a resposta ao tratamento, o exame HBsAg é solicitado pelo médico para
saber se a pessoa está infectada ou teve contato com o vírus da hepatite B. Ou
seja, esse exame é solicitado para diagnosticar a hepatite B.
O HBsAg é uma proteína presente na superfície do vírus da hepatite B e é útil
para diagnosticar a hepatite B aguda, recente ou crônica. Normalmente o
exame HBsAg é solicitado juntamente com o exame anti-HBs, pois assim é
possível verificar se o vírus está circulando na corrente sanguínea e se o
organismo está atuando sobre ele. Quando a pessoa possui hepatite B, no
laudo consta HBsAg reagente, sendo o resultado importante para o médico,
pois assim é possível iniciar o tratamento. Entenda como é feito o tratamento
da hepatite B.
Como é feito
Para fazer o exame anti-HBs não é necessário qualquer tipo de preparo ou
jejum e é feito a partir da coleta de uma pequena amostra de sangue, que é
encaminhada para o laboratório para análise.
No laboratório, o sangue passa por um processo de análise sorológica, em que
é verificada a presença de anticorpos específicos contra o vírus da hepatite B.
Esses anticorpos são formados após entrar em contato com o vírus ou devido à
vacinação, em que o organismo é estimulado a produzir esses anticorpos,
conferindo imunidade para a pessoa para o resto da vida.
Fontes:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_diagnostico_infecc
ao_hiv.pdf
https://www.scielo.br/j/jbpml/a/kpYxJCq8FLcMFBSrQ3596Nb/?lang=pt
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sifilis_estrategia_diagnostico_brasil
.pdf
https://www.scielo.br/j/abd/a/tSqK6nzB8v5zJjSQCfWSkPL/?lang=pt
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/07_0044_M2.pdf
http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-
62232017000300019
Epidemiologia
No Brasil, o número de casos registrados supera os 700.000, sendo 65% sexo
masculino e 35% feminino, porém a epidemia vem se estabilizando com o
tempo. A maioria dos casos está entre 25 a 39 anos, mais vista na região
Sudeste.
A incidência e taxa de mortalidade vem caindo na última década, mas isso
representa uma média nacional, já que nas regiões Norte e Nordeste a
mortalidade continuou aumentando, e esse aumento é visto, atualmente,
principalmente no sexo masculino na faixa etária de 15 a 19 anos, ressaltando
a importância de uma contínua estratégia de educação em saúde, informando
sobre a necessidade das relações sexuais de forma segura, evitar
compartilhamento de agulhas, entre outros.
Dos pacientes brasileiros, estima-se que 83% dos portadores de HIV estejam
diagnosticados e 52% recebem terapia antirretroviral (TARV). Vale ressaltar
que a notificação de infecção pelo HIV é compulsória no Brasil, mesmo que
não haja manifestação clínica da AIDS.
No cenário mundial, o HIV está presente em cerca de 33,3 milhões de pessoas
e mais de 95% dos acometidos residem em áreas de média e baixa renda, e
2/3 estão na África Subsaariana, onde a incidência é maior em mulheres.
Mesmo com um cenário ainda negativo, existe uma tendência mundial à queda
da mortalidade, principalmente com as estratégias preventivas e terapêuticas
bem-sucedidas, além da atenção global sobre o tema, que ganhou ajuda de
diversas instituições humanitárias.
Fisiopatologia
O vírus HIV compromete os linfócitos T CD4+, podendo destruir diretamente
pela replicação viral ou indiretamente pela resposta imunológica do hospedeiro,
que reconhece e agride as células infectadas, quando essa resposta é muito
intensa, pode haver disfunção celular ou apoptose.
As formas de transmissão do vírus HIV são: contato sexual desprotegido,
contato com sangue, hemoderivados e tecidos, além da transmissão vertical –
intrauterino, no momento do parto ou no aleitamento materno.
A via de transmissão mais frequente é a sexual, e o HIV então atravessa o
epitélio da mucosa genital e, já na submucosa, começa a procurar pelos
linfócitos T CD4+ e a presença dessas células em modo ativado (a replicação
do vírus só se dá nesses linfócitos “ativados”) contribui para os primeiros ciclos
de replicação viral, já nas primeiras horas de infecção.
Os vírions então seguem para os linfonodos, onde a replicação se torna ainda
mais intensa e, então, se espalha por todos os tecidos e órgãos do corpo –
essa ampliação é temporariamente impedida pela resposta imune do
hospedeiro – tanto celular como humoral -, porém apenas uma parcela da
viremia é controlada e, após cerca de seis meses a um ano, a análise do
estado da viremia pode ser fator prognóstico de capacidade do indivíduo de
responder à infecção do HIV.
Em média, leva cerca de 10 anos desde a infecção primária e o surgimento da
AIDS, porém esse tempo pode ser mais curto naqueles pacientes com resposta
imune menos efetiva. O GALT (“Gut-Associated Lymphoid Tissue”) é um alvo
inicial importante, pois é rico em células TCD4+ ativadas, por isso, considerável
parte da amplificação inicial da viremia provem desse tecido).
A transmissão por inoculação direta do vírus no sistema circulatório
(compartilhamento de agulhas infectadas, transfusões sanguíneas, transmissão
vertical…) e os vírions podem ser, inicialmente, removidos pelo baço, órgão
importante para o sistema imune, rico em linfócitos TCD4+ e os passos
seguintes se assemelham aos da transmissão sexual.
Com o passar do tempo, mesmo com a resposta imune operando já de forma
adaptativa, a replicação viral continua a acontecer, e essa grande resistência
do vírus HIV se dá pelas inúmeras mutações genéticas vantajosas – por isso,
mesmo com a contagem de CD4+ suficiente para a atividade imunológica, o
vírus pode ser detectado na circulação a todo momento desde a infecção.
Essas mutações são rápidas e importante para a resistência viral porque,
enquanto os linfócitos TCD4+ específicos para combater o vírus apresentado,
já surgiram novas mutações, que irão infectar e destruir essas células imunes.
Caso o paciente não faça uso da Terapia Antirretroviral (TARV), haverá uma
evolução para uma profunda imunossupressão, com TCD4+ menor do que 350
células/microlitro. Com isso, diversas infecções e neoplasias oportunistas
podem surgir, mesmo naquelas pessoas que se mantiveram assintomáticas.
Por isso, é importante a adesão terapêutica, que aumenta e melhora a
sobrevida mesmo naqueles que já estão nos estágios avançados da doença.
Clínica
A infecção por HIV se apresenta em três fases clínicas: infecção primária ou
aguda, fase crônica assintomática/latência clínica e AIDS.
Infecção primária ou aguda: tempo entre o contágio e o aparecimento de
anticorpos anti-HIV – soroconversão. Geralmente, esse tempo de 4 semanas,
e, durante a soroconversão, desenvolve-se a Síndrome Retroviral Aguda
(SRA), caracterizada como conjunto de sinais e sintomas semelhantes a
diversos quadros de virose – febre, mialgia, cefaleia, faringite, dor ocular, rash
cutâneo, astenia, linfadenopatia, náuseas, vômitos, letargia – refletindo a
resposta imune contra a viremia inicial, porém essa fase também pode ser
assintomática. Nesse momento, bilhões de cópias do vírus circulam pelo
hospedeiro, e assim, o poder transmissivo é muito alto. Esse quadro dura de 3
a 4 semanas e é autolimitado. A sorologia anti-HIV nesse momento costuma
ser negativa, sendo importante a pesquisar por RNA viral circulante. Ocorre
aumento na contagem de células TCD4+ e resposta imune celular e humoral
contra o HIV.
Fase de latência clínica: Resolvida a SRA, o paciente entra na latência clínica,
que dura cerca de 10 anos quando não é realizada a terapia. O exame físico
pode ser normal, podendo também ser percebida linfadenopatia, algumas
pessoas podem desenvolver Linfadenopatia Generalizada Progressiva (LGP).
Outros possíveis achados essa fase são plaquetopenia isolada ou anemia
normocrômica e normocítica e/ou discreta leucopenia. Nesse momento, os
linfócitos TCD4+ continuam a aumentar, enquanto ocorre redução da carga
viral plasmática. Mesmo com ausência de sintomatologia, os vírus continuam a
se replicar, principalmente nos CD4 de memória. A imunodeficiência começa
então a progredir, com redução na contagem de CD4 e manifestações típicas
nos indivíduos imunocompetentes começam a aparecer com maior gravidade e
frequência. CD4 < 350: começam a aparecer infecções bacterianas e
micobacterianas do trato respiratório (sinusite, pneumonia, tuberculose
pulmonar); CD4 entre 200 e 300: as mesmas manifestações supracitadas
começam a se manifestar de forma atípica.
A Candidíase Orofaríngea é um indicativo de que a AIDS se aproxima, assim
como febre persistente, diarreia crônica e leucoplasia pilosa oral. Outras
manifestações sistêmicas são: respiratórias (principais causadoras de
morbimortalidade em pacientes infectados pelo HIV) – tuberculose, infecção
pelo P. jiroveci, pneumonia bacteriana recorrente, sinusite, traqueobronquite,
rodococose, pneumocistose pulmonar; dermatológicas – dermatite seborreica,
foliculite, psoríase, herpes zoster, Herpes simplex. AIDS: Caracterizada como
intensa supressão no sistema imunológico do indivíduo, com o surgimento de
infecções oportunistas e neoplasias. A progressão da infecção é marcada por
febre baixa, sudorese noturna e diarreia crônica. As infecções oportunistas
mais comuns pneumocistose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada,
neurotoxoplasmose, retinite por citomegalovírus, meningite criptocócica; já as
neoplasias mais comuns são Sarcoma de Kaposi e, nas mulheres jovens,
câncer de colo uterino.
Fontes:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Aids_etiologia_clinica_diagnostico_
tratamento.pdf
https://www.scielo.br/j/ean/a/qfbMtKQffYNRMxgVyw568gQ/?
lang=pt&format=pdf
https://www.scielo.br/j/rlae/a/gXLzvSVrnD8qPHvrG8dP9gR/?lang=pt
Sinais e Sintomas
A sífilis pode ser diagnosticada em qualquer fase e pode afetar um ou múltiplos
órgãos, imitando muitas outras doenças. Pode ser acelerada por infecção
concomitante pelo HIV; nesses casos, envolvimento ocular, meningites e outras
complicações neurológicas são mais comuns e mais graves.
Sífilis Primária
Após um período de incubação de 3 a 4 semanas (alcançando 1 a 13
semanas), uma lesão primária se desenvolve no local de inoculação. A pápula
hiperemiada inicial rapidamente forma um cancro, geralmente uma úlcera
indolor com uma base firme; quando inflamada, escoa um soro claro que
contém numerosos espiroquetas. Linfonodos regionais são firmes, discretos e
não dolorosos.
Cancros podem ocorrer em qualquer lugar, mas são muito mais comuns nos
seguintes:
Pênis, ânus e reto, em homens;
Vulva, cérvice, reto e períneo, em mulheres;
Lábios ou orofaringe, em ambos os sexos.
Cerca de metade das mulheres infectadas e um terço dos homens infectados
não têm ciência do cancro porque ele causa poucos sintomas. Cancros no reto
ou na boca, que geralmente ocorrem em homens, muitas vezes não são
percebidos. O cancro geralmente cicatriza em 3 a 12 semanas. Então, as
pessoas parecem ser completamente saudáveis.
Sífilis Secundária
A espiroqueta é disseminada pela corrente sanguínea produzindo lesões
mucocutâneas generalizadas, edema dos linfonodos e, menos comumente,
sintomas em outros órgãos. Os sintomas tipicamente começam 6 a 12
semanas depois do aparecimento do cancro; aproximadamente 25% dos
pacientes continuam a ter um cancro. Febre, perda de apetite, mal-estar,
anorexia, náuseas e fadiga são comuns. Cefaleia (devido à meningite), perda
auditiva (devido à otite), problemas de equilíbrio (devido à labirintite), distúrbios
visuais (por causa de retinite ou uveíte) e dor nos ossos (decorrente de
periostite) também podem ocorrer.
Mais de 80% dos pacientes apresentam lesões mucocutâneas; uma grande
variedade de exantema e lesões ocorrem e qualquer superfície do corpo pode
ser afetada. Sem tratamento, as lesões podem desaparecer em poucos dias a
semanas, persistir por meses ou, com o tempo, desaparecerem sem cicatrizes.
Dermatite sifilítica é geralmente simétrica, sendo mais evidente nas
palmas das mãos e nas plantas dos pés. As lesões individuais são
redondas, frequentemente descamantes e podem se tornar confluentes
para produzir lesões maiores, mas geralmente não apresentam dor ou
prurido. Após a resolução das lesões, as áreas afetadas podem ficar mais
claras ou mais escuras do que o normal. Se o couro cabeludo estiver
envolvido, alopecia areata ocorre com frequência.
Condilomas planos são pápulas hipertróficas, planas, levemente róseas
ou cinzentas nas articulações mucocutâneas e em áreas úmidas da pele (p.
ex., área perianal, abaixo das mamas); as lesões são extremamente
infecciosas. As lesões de boca, garganta, laringe, pênis, vulva, ou reto
normalmente são circulares, elevadas e muitas vezes cinzas a brancas com
borda vermelha.
A sífilis secundária pode afetar muitos outros órgãos:
Cerca da metade dos pacientes apresentam linfadenopatia, normalmente
generalizada, com nódulos discretos não dolorosos e firmes, e na maioria
das vezes hepatosplenomegalia.
Cerca de 10% dos pacientes apresentam lesões em outros órgãos como
olhos (uveíte), ossos (periostite), articulações, meninges, rins (glomerulite),
fígado (hepatite) ou baço.
Aproximadamente 10 a 30% dos pacientes apresentam meningite leve no
líquor, mas < 1% tem sintomas de meningite, que podem incluir cefaleia,
rigidez de nuca, lesões dos pares cranianos, surdez e inflamação dos olhos
(p. ex., neurite óptica, retinite).
Mas a meningite aguda ou subaguda é mais comum em pacientes com
infecção pelo HIV e pode se manifestar como sintomas meníngeos ou
acidentes vasculares encefálicos por vasculite intracraniana.
Período latente
Sífilis latente pode ser precoce (< 1 ano após a infecção) ou tardia (≥ 1 ano
após a infecção).
Não há sinais e sintomas, mas os anticorpos detectados pela sorologia para
sífilis (STS) persistem. Como os sintomas da sífilis primária e secundária são
ocasionalmente mínimos ou ignorados, os pacientes são, com frequência,
diagnosticados na fase latente, por meio de sorologia para sífilis.
A doença pode ficar latente permanentemente, mas recaídas com lesões
mucocutâneas contagiosas podem ocorrer durante o período latente recente.
Pacientes que fazem uso de antibióticos para tratar outras doenças podem ser
curados da sífilis latente, que poderia ser responsável pela raridade da fase
tardia em países desenvolvidos.
Sífilis Terciária ou Tardia
Aproximadamente um terço das pessoas sem tratamento desenvolve sífilis
tardia, embora, algumas vezes, não muitos anos depois da infecção inicial.
Pode-se classificar clinicamente as lesões como
Sífilis gomatosa terciária benigna geralmente se desenvolve em 3 a 10 anos
depois da infecção e pode envolver a pele, ossos e órgão internos. Gomas
são massas inflamatórias, macias, destrutivas que geralmente são
localizadas, mas podem infiltrar órgãos ou tecidos de maneira difusa;
crescem e se curam lentamente e deixam cicatrizes.
Epidemiologia
A hepatite viral B está presente em vários países, prevalecendo nas regiões da
Ásia e da África. No Brasil, a maioria dos casos registrados estão concentrados
na região sudeste, seguindo pela região Sul, Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Desses casos, a maioria dos pacientes são do sexo masculino com a faixa
etária de 60 anos ou mais. O grupo etário do sexo feminino se encontra
também na faixa dos 60 anos ou mais.
O diagnóstico de hepatite B se estende da segunda a sexta década de vida,
sendo mais comum na idade dos 35 anos, predominando no sexo masculino.
Seguindo esse raciocínio, é importante notar fatores de risco para a condição
como ter relações sexuais desprotegidas, ter diagnóstico concomitante com
outras infecções, episódios transfusionais recorrentes, compartilhamento de
objetos cortantes, entre outros.
Fisiopatologia
O vírus da Hepatite B é um vírus DNA não-citopático, que necessita se
estabelecer nos tecidos hepáticos para completar o seu ciclo de vida. A partir
disso, a intensidade da resposta imunológica será o que vai determinar a
gravidade da doença. Por se tratar de um vírus não citopático gerará uma
resposta imunológica que produzirá citocinas e interleucinas, como interferon-
gama e o fator de necrose tumoral. Nesse quadro, a chuva de citocinas
inflamatórias será responsável pela lesão hepática e pelas manifestações
extra-hepáticas.
O HBV possui três partículas não infecciosas, cada uma representando um
antígeno diferente, como AgHBs, AgHBc e AgHBe. O AgHBs é uma partícula
de superfície e irá induzir a formação do anticorpo anti-HBs, localizando-se
superficialmente, enquanto o AgHBc tem localização nuclear. Já o AgHBe é
excretado pelos hepatócitos infectados e está relacionado com a replicação do
vírus e a indução da formação do anticorpo anti-HBe.
Na história natural da doença está descrita 4 fases de infecção do HBV, a
imunotolerância, o clareamento imune, o estado de portador inativo e a
reativação. A imunotolerância está relacionado com a transmissão perinatal de
AgHBe. O clareamento imune vai ocorrer com a diminuição do HBV e o
aumento da atividade lítica das células hepáticas. Já a fase de estado de
portador inativo ocorre após a formação de anti-HBe por soroconversão do
AgHBe e ocorre diminuição do HBV DNA. Por último, na fase de reativação
ocorre o aumento do HBV DNA e tal mecanismo pode acontecer por
imunossupressão ou de forma espontânea pela replicação do HBV.
Quadro clínico
O quadro clínico do paciente varia com acordo a carga viral e a replicação, da
idade em que ocorre a infecção, além do estado imune do paciente e a
existência de comorbidades. As hepatites virais costumam apresentar um
mesmo escopo sintomático variando em intensidade dependendo do agente
etiológico, sendo assim, costuma-se evidenciar o aparecimento de mal-estar
geral, náuseas, vômito, anorexia, artralgias e febrículas, além de icterícia.
A sintomatologia está atrelada ao estágio da infecção viral, sendo assim,
paciente com quadros agudos costuma apresentar pródromos como artralgias,
artrites, erupções cutâneas e febre do tipo doença do soro. Seguindo esse
raciocínio, com a evolução do quadro observa-se redução das manifestações
prodrômicas e elevação das aminotransferases. Classicamente, os pacientes
portadores de hepatites virais podem desenvolver quadros benignos e ainda
apresentações graves.
Compondo as formas de evoluções benignas temos a assintomática na qual
observa-se aumento de transaminases e dos marcadores relacionados ao
HBV; anictérica, na qual costuma-se evidenciar apenas os sintomas
prodrômicos; ictérica, sendo a manifestação mais clássica no qual a icterícia
guia com maior facilidade o raciocínio clínico; a recorrente, onde o paciente
apresenta piora clínica e laboratorial que vinha precedida de melhora e, a
apresentação colestática, na qual o paciente apresenta acolia, prurido,
aumento da fração direta da bilirrubina, GGT e fosfatase alcalina.
No que diz respeito as manifestações graves temos a hepatite fulminante,
evolução pouco comum que se desenvolve após oito semanas após o início do
quadro clínico. Nesta condição é comum a associação com encefalopatia
hepática, falência de múltiplos órgãos e é marcado por altos índices de
mortalidade. Os sintomas típicos da hepatite causada pelo HBV tendem a
desaparecer em até três meses, ainda assim, alguns pacientes podem
apresentar fadiga mesmo posterior a redução das aminotransferases. Caso
exista persistência do AgHBs por mais de seis meses dizemos então que se
trata de um quadro crônico o qual costuma ser assintomático.
Os pacientes com infecções crônicas de hepatite costumam não apresentar
quadros pregressos de hepatite aguda sintomática. A sintomatologia quando
existente costuma ser fadiga, anorexia, mal-estar, dor leve no quadrante
superior direito. Além disso, os achados físicos podem ser normais ou ser
evidenciada hepatoesplenomegalia.
Hepatite C
O vírus da hepatite C (HCV) pode causar lesão hepática aguda e crônica. A
hepatite aguda é um quadro com poucas repercussões clínicas, geralmente
autolimitado, que raramente cursa com insuficiência hepática fulminante.
Já a infecção crônica pelo HCV tem evolução progressiva por muitos anos e
pode resultar em carcinoma hepatocelular (CHC), cirrose hepática e morte.
Epidemiologia
Existem aproximadamente 71 milhões de pessoas infectadas com o HCV no
mundo, com uma taxa de mortalidade próxima de 400 mil todo ano,
principalmente por cirrose hepática e CHC.
O principal meio de transmissão é por via parenteral, a partir do
compartilhamento ou acidentes com objetos perfurocortantes contaminados. A
transmissão sexual é possível, mas é responsável apenas por casos
esporádicos de hepatite C.
O Ministério da Saúde estima que a prevalência de pessoas sororreagentes
(anti- HCV positivos) seja de aproximadamente 0,7%, o que corresponde a
cerca de 700 mil casos que necessitam de tratamento no Brasil. No entanto,
dados mais apurados são necessários para subsidiar o planejamento de ações
preventivas, a fim de controlar a doença na população.
Virologia e Fisiopatologia
O HCV é um vírus RNA pertence a família Flaviviridae, e é um representante
do gênero Hepacivirus. Existem, pelo menos, 7 genótipos e 67 subtipos do
vírus. Os genótipos chegam a apresentar 30 a 50% de diferença no seu RNA.
O tratamento varia de acordo com os diferentes genótipos.
O genótipo 1 é o mais prevalente em todo o mundo e é responsável por 46%
de todas as infecções pelo HCV, seguido pelo genótipo 3 (30%). O mesmo se
observa no Brasil, com pequenas variações na proporção de prevalência
desses genótipos. Por exemplo, o genótipo 2 é mais frequente na região
Centro-Oeste, enquanto o genótipo 3 é mais comumente detectado na região
Sul.
Acredita-se que o principal mecanismo de lesão as células hepáticas sejam
mediadas pelo sistema imunológico do próprio hospedeiro em resposta a
presença do vírus. Na análise histopatológica de portadores de hepatite C,
observou-se esteatose micro ou macrovesicular, dano nos ductos biliares e
agrupamentos de células linfocitárias.
Quadro Clínico
A maioria dos pacientes com infecção aguda pelo HCV apresenta evolução
subclínica, que é assintomática e anictérica. Os poucos pacientes sintomáticos
podem apresentar icterícia, náusea, colúria e dor no quadrante superior direito.
A doença aguda geralmente dura de 2 a 12 semanas.
Os pacientes com infecção agudam pelo VHC geralmente apresentam
elevações moderadas a altas das aminotransferases séricas. A insuficiência
hepática fulminante devido à infecção aguda pelo HCV é muito rara, mas pode
ser mais comum em pacientes com infecção crônica pelo vírus da hepatite B.
Habitualmente, a hepatite C é descoberta em sua fase crônica e, como os
sintomas são muitas vezes escassos e inespecíficos, a doença pode evoluir
durante décadas sem diagnóstico. Comumente, o diagnóstico é feito a partir de
teste sorológico de rotina. Esse fato reitera a importância no aumento da oferta
de testes sorológicos, especialmente para as populações vulneráveis ao HCV.
A hepatite crônica pelo HCV é uma doença de caráter insidioso e se
caracteriza por um processo inflamatório persistente. Na ausência de
tratamento, cerca de 20% evoluem para cirrose ao longo do tempo. Se o
paciente evoluir com cirrose, o risco de CHC também aumenta de 1 a 5% ao
cada ano.
Existe o risco descompensação da cirrose de 3% a 6% a cada ano. Além disso,
após um primeiro episódio de descompensação hepática, o risco de óbito é de
15% a 20% a cada ano. A progressão da cirrose pode ser acelerada em
pacientes alcoolistas ou coinfectados pelo HIV.
A evolução para óbito no paciente com hepatite C, geralmente, decorre de
complicações da hepatopatia crônica, como insuficiência hepatocelular,
hipertensão portal (varizes gastroesofágicas, hemorragia digestiva alta e
ascite), encefalopatia hepática, distúrbios de coagulação e desenvolvimento de
CHC.
Fontes: https://www.scielo.br/j/abd/a/tSqK6nzB8v5zJjSQCfWSkPL/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/rsbmt/a/3mWxXKfd9fCgJx4DmRjkhfy/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/rsbmt/a/9YJQG633PW9FMF7Bcb7s48c/?lang=pt
4) Monte um plano de cuidado para a situação de Argenis, pensando também
nos cuidados e tratamentos que deverá ter.
Resposta: Dada a importância de uma assistência especializada abaixo se cita
como complemento os cuidados de enfermagem possíveis de ocorrer tanto em
ambiente hospitalar como na atenção básica.
É importante salientar que o paciente com HIV positivo é propenso ao
desenvolvimento de infecções oportunistas que podem ocasionar a internação
do paciente, diante disso é importante que a enfermagem realize os cuidados
do paciente com AIDS integrando os cuidados específicos com a infecção
oportunista:
Promover um bom estado nutricional: identificar história alimentar do
paciente; identificar fatores que interferem na ingesta oral do paciente,
como por exemplo, anorexia, vômitos, dores na boca, dificuldade para
deglutição; avaliar a capacidade do paciente em comprar alimentos e
prepará-los; pesar o paciente regularmente, medir o paciente regularmente
(medidas antropométricas);
Realizar a inspeção na pele e mucosas: observar a pele e mucosas do
paciente e instruí-lo para que faça o mesmo em casa diariamente,
inspecionando quanto à presença de vermelhidão, ulcerações e infecções;
observar e avaliar a região perianal quanto à presença de lesões e
ulcerações advindas da diarreia;
Avaliar estado respiratório: observar presença de tosse produtiva,
respiração curta, ortopneia, taquipneia e dor torácica; aspirar paciente
quando necessário;
Avaliar estado Neurológico do Paciente: investigar nível de consciência do
paciente, orientação no tempo e espaço, ocorrência de perda de memória,
questionar familiares e companheiro sobre esta questão; observar déficits
sensoriais, como alterações visuais, cefaleia, dormência e formigamento
nas extremidades, também marcha alterada, paresia ou paralisia e
presença de convulsão;
Avaliar estado hidroeletrolítico: observar turgor e ressecamento da pele,
sede aumentada, débito urinário reduzido, pressão arterial baixa ou redução
pressão arterial sistólica entre 10 e 15 mmHg, com aumento da frequência
respiratória, pulso rápido e fraco;
Avaliar sinais e sintomas de depleção de eletrólitos, como estado mental
reduzido, contração muscular involuntária, câimbras, pulso irregular,
náuseas e vômito, respirações superficiais;
Avaliar nível de conhecimento do paciente sobre a doença;
Manter integridade da pele: os pacientes que não têm possibilidade de
movimentação, mudar de decúbito a cada duas horas; usar colchão
piramidal; instruir paciente a não usar sabonetes abrasivos, aplicar se
possível umectantes sem perfume à pele seca; realizar curativos nas áreas
lesionadas conforme prescrição médica ou do enfermeiro; manter lençóis de
cama sempre esticados, sem rugas para evitar atrito com a pele do
paciente; pacientes com lesões nos pés devem usar meias brancas de
algodão e sapatos que evitem a transpiração; manter sempre a área
perianal limpa e seca após cada evacuação; quando necessário estimular o
banho de assento ao paciente com lesão perianais.
Monitorizar os hábitos intestinais do paciente: anotar e verificar frequência e
consistência das fezes, assim como dores abdominais e cólicas; estimular
paciente a seguir as orientações dietéticas conforme instrução da
nutricionista; estimular paciente a realizar a correta ingestão das
medicações conforme orientação médica com os medicamentos
antidiarreicos.
Prevenir a infecção: informar e ensinar o paciente e familiares e/ou
cuidadores a monitorizar sinais e sintomas de infecção como: febre, calafrio,
sudorese noturna, tosse produtiva ou não produtiva, respiração curta,
candidíase oral, diminuição de peso, náuseas, vômitos, diarreia persistente,
frequência, urgência ou dor ao urinar, cefaleia, alterações visuais, falta de
memória, vermelhidão, edema ou drenagem de feridas na pele, lesões
vesiculares na face, lábios ou área perianal.
Estimular a higiene pessoal e do ambiente para evitar crescimento de
fungos e bactérias; evitar limpar área de animais domésticos ou na
impossibilidade sempre usar luvas; não se expor a pessoas doentes ou que
tenham sido vacinadas recentemente; encorajar paciente e parceiro sexual
a sempre usar preservativos no ato sexual; instruir quanto a não utilização
de drogas injetáveis ou demais tipos pela integridade da pele, transmissão
do HIV, reinfecção ou risco aumentado de um sistema imune mais
debilitado.
Melhorar a tolerância a atividades: avaliar as habilidades do paciente em
caminhar e realizar demais atividades diárias; ajudar o paciente a manter
um equilíbrio entre a atividade e o repouso; investigar junto ao paciente os
sintomas como fadiga e fraqueza.
Melhorar o processo mental: avaliar o paciente quanto às mudanças de
comportamento, intervir junto à família.
Avaliar a dor e desconforto: avaliar o paciente quanto à qualidade e
quantidade da dor e desconforto; quando o paciente estiver internado
administrar medicação conforme prescrição médica.
Diminuir ao máximo o sentido de isolamento social devido ao seu
diagnóstico, prestando apoio emocional ao paciente.
SP3 “Etienne Marollis Granto”
A estudante Nereide Fragas Galdino, da 2ª série do curso médico da UniPolis assumiu o
acompanhamento de Etienne Marollis Granto, a pedido do médico Andreas Himeneu, preceptor
do Curso de Medicina. Há 1 ano a paciente iniciou tratamento para hanseníase, evoluindo com
complicações. Etienne está internada no Hospital Abdera e Lana foi até o hospital para coletar
informações sobre suas atuais condições clínicas e sobre a investigação diagnóstica.
Perguntada sobre o início da doença, Etienne informou que há 1 ano quando recebeu uma
segunda visita da estudante Lana Barros de Medicina na sua casa, queixou-se do
aparecimento de uma “mancha esbranquiçada” na região dorsal. Foi orientada a agendar uma
consulta na unidade sendo constatada perda da sensibilidade no local da lesão e feito o
diagnóstico de Hanseníase. Esclarecida sobre a situação, Etienne iniciou tratamento com
Rifampicina, Clofazimina e Dapsona. Etienne relata que a estudante que a ajudou a descobrir a
doença pediu transferência da Universidade e ela sentiu muito ficar sem o acompanhamento
dela. Em função de diversas intercorrências, acabou fazendo uso irregular da medicação, tendo
surgido novas lesões (manchas e nódulos) em outras regiões do corpo.
Etienne M. G., hoje com 73 anos é filha única de um casal de pequenos produtores rurais.
Trabalhou como costureira por 50 anos no mesmo bairro em que nasceu, no distrito norte de
Polis. Casou-se com Demétrio e permaneceu morando com o marido e seus pais até o
falecimento deles. Etienne e Demétrio não tiveram filhos. Demétrio faleceu de câncer de
pâncreas quando completaram 20 anos de casados.
Etienne está aposentada desde os 65 anos pelo INSS como profissional liberal e informa que
sua aposentadoria dá para muito pouco, embora não pague aluguel. Etienne tenta superar as
dificuldades financeiras fazendo costuras para complementar sua renda. O problema é que
suas habilidades para costurar têm diminuído muito no último ano. Etienne possui 5 gatos, 2
cachorros e 1 periquito que, segundo ela, dão sentido à sua vida.
Na entrevista com Lana, Etienne refere que há 1 mês, recebeu a visita domiciliária do médico
Andreas e ele notou a presença de edema periférico e palidez cutânea, sem alterações
urinárias. O médico lhe disse que poderia ser complicações da Hanseníase e orientou que ela
procurasse a unidade para fazer alguns exames, mas ela não procurou. Para Nereide, Etienne
confessou que prefere ser atendida por mulheres e não teve coragem para falar sobre isso com
o médico da unidade. Evoluiu com piora clínica, tendo sido internada no Hospital Abdera com
piora do edema e das “manchas na pele”, mal-estar e cansaço aos médios esforços.
Antecedentes: Nega tabagismo, etilismo, transfusões prévias, cirurgias e uso de drogas
ilícitas.
Exames Físicos:
Regular Estado Geral, descorada 3+, afebril, FC = 80, FR = 20, PA = 120/80, com
adenomegalia axilar e inguinal.
Aparelho Cardiovascular: Bulhas rítmicas e hipofonéticas a 2 tempos, sem sopros.
Aparelho Respiratório: Murmúrio vesicular +, diminuindo na base do hemitórax D.
Abdômen: Fígado a 3 cm da RCD, baço percutível, sem sinais de ascite.
Extremidades: Edema ++ MMII, espessamento de nervos ulnares, de caráter assimétrico.
Tegumento: Espessamento difuso da pele, de aspecto eritematoso, com áreas de
hipopigmentação e presença de pápulas esparsas. Alteração difusa da sensibilidade a
estímulos táteis. Perda de pilificação e presença de madarose.
Foram solicitados vários exames complementares. Nereide anotou os resultados daqueles que
considerou importantes para discutir o caso com seu preceptor. O diagnóstico investigado foi o
de glomerulonefrite desencadeada por reação tipo II em Hanseníase virchowiana.
Além dos exames físicos, precisamos de mais dados para confirmar uma
Hepatomegalia ou uma Esplenomegalia.
O paciente pode apresentar uma Hepatoesplenomegalia de caráter
fisiológico, porém pode ser patológico.
Fisiopatologia
Os seres humanos são os principais reservatórios naturais para M. leprae. Os
tatus são a única fonte confirmada além dos seres humanos, apesar de
poderem existir outras fontes animais e ambientais.
Acredita-se que a hanseníase seja disseminada pela transmissão de uma
pessoa para outra via gotículas e secreções nasais. Contato casual (p. ex.,
simplesmente tocar uma pessoa com a doença) e contato breve parecem não
disseminar a doença. Cerca de metade das pessoas com hanseníase
provavelmente a contraiu por ter contato próximo e prolongado com uma
pessoa infectada. Mesmo após o contato com a bactéria, a maioria das
pessoas não contrai hanseníase; geralmente, os profissionais de saúde
trabalham durante vários anos com pessoas que têm hanseníase sem
contraírem a doença. A maioria (95%) das pessoas imunocompetentes
infectadas pelo M. leprae não desenvolve hanseníase em virtude de sua
imunidade eficaz. Aqueles que o fazem, provavelmente têm uma predisposição
genética.
M. leprae cresce lentamente (dobrando em 2 semanas). O período de
incubação habitual varia de 6 meses a 10 anos. Uma vez que a infecção se
desenvolve, a disseminação hematogênica pode ocorrer.
Classificação
A hanseníase pode ser classificada pelo tipo e número de áreas da pele
comprometidas:
Paucibacilar: ≤ 5 lesões na pele sem detecção de bactéria nas amostras
destas áreas.
Multibacilar: ≥ 6 lesões na pele, detecção de bactéria nas amostras das
lesões da pele, ou ambos.
Sinais e Sintomas
Os sintomas de hanseníase geralmente só aparecem > 1 ano após a infecção
(em média 5 a 7 anos). Assim que os sintomas aparecem, progridem
lentamente.
A hanseníase afeta principalmente a pele e os nervos periféricos. O
comprometimento dos nervos provoca dormência e fraqueza nas áreas
controladas pelos nervos afetados.
Hanseníase tuberculoide (doença de Hansen paucibacilar): lesões cutâneas
consistem em uma ou algumas máculas hipoestésicas, centralmente
hipopigmentadas, com bordas nítidas e elevadas. O exantema, como em
todas as formas de hanseníase, não é pruriginoso. As áreas afetadas por
esse exantema ficam dormentes por causa das lesões nos nervos
periféricos subjacentes e podem estar muito aumentadas.
Hanseníase lepromatosa (doença de Hansen multibacilar): grande parte da
pele e muitas áreas do corpo, como os rins, o nariz e os testículos, podem
ser afetadas. Os pacientes apresentam máculas, pápulas, nódulos, ou
placas cutâneas, que frequentemente são simétricos. A neuropatia
periférica é mais grave do que na hanseníase tuberculoide com mais áreas
dormentes; certos grupos musculares podem estar fracos. Os pacientes
podem apresentar ginecomastia, perder cílios e sobrancelhas.
Hanseníase indeterminada (também denominada multibacilar): há
características tanto da hanseníase tuberculoide quanto da lepromatosa.
Sem tratamento, a hanseníase indeterminada pode se tornar menos grave e
mais parecida com a forma tuberculoide ou pode piorar e parecer mais com
a forma lepromatosa.
As complicações mais graves são decorrentes de neurite periférica, que
provoca deterioração do sentido do tato e uma incapacidade correspondente
de sentir dor e temperatura. Pacientes podem, sem saber, se queimar, se
cortar, ou se machucar. As lesões repetidas podem levar à perda de dígitos. A
fraqueza muscular pode resultar em deformidades (p. ex., 4º e 5º dedos em
garra, provocado pelo comprometimento do nervo ulnar; queda do pé causada
por comprometimento do nervo fibular). Pápulas e nódulos podem ser
particularmente desfigurantes na face. Outras áreas do corpo podem ser
afetadas:
Pés: úlceras plantares com infecção secundária são as causas principais de
morbidade, tornando o andar doloroso.
Nariz: os danos à mucosa nasal podem resultar em congestão nasal crônica
e sangramentos e, se não forem tratados, perfuração e colapso da
cartilagem nasal.
Olhos: a ocorrência de irites pode provocar glaucoma; a insensibilidade da
córnea pode causar cicatrizes e cegueira.
Função sexual: homens com hanseníase lepromatosa podem ter disfunção
erétil e infertilidade. A infecção pode reduzir os níveis de testosterona e de
produção de esperma pelos testículos.
Rins: amiloidose e consequente insuficiência renal ocorrem ocasionalmente
na hanseníase lepromatosa.
Hanseníase Reacional
Durante o curso da hanseníase, tratada ou não tratada, o sistema imunitário
pode produzir manifestações inflamatórias. Existem 2 tipos.
Reações do tipo 1 resultam de melhora espontânea da imunidade celular.
Essas reações podem causar febre e inflamação de lesões preexistentes e
lesões dos nervos periféricos, resultando em edema cutâneo, eritema e
neurite dolorosa e sensível. Essas reações contribuem significativamente
para lesão do nervo, em particular se não forem tratadas precocemente.
Como a resposta imunitária está aumentada, são chamadas de reações de
reversão, apesar do agravamento clínico aparente.
Reações do tipo 2 (eritema nodoso por hanseníase) são reações
inflamatórias sistêmicas que se parecem com vasculite ou paniculite
polimorfonuclear e provavelmente envolvem imunocomplexos circulantes ou
função aumentada de células de T auxiliares. Tornaram-se menos comuns
com o acréscimo de clofazimina no esquema de tratamento. Os pacientes
podem apresentar pápulas ou nódulos eritematosos e dolorosos que podem
formar pústulas e ulcerar, produzindo febre, neurite, linfadenite, orquite,
artrite (particularmente em grandes articulações, com frequência nos
joelhos) e glomerulonefrite. A hemólise ou supressão de medula óssea
pode produzir anemia e a inflamação hepática pode produzir anormalidades
leves nos testes de função hepática.
Diagnóstico
O diagnóstico da hanseníase costuma ser tardio nos EUA porque os médicos
não estão familiarizados com as manifestações clínicas. Mas geralmente é feito
por exame microscópico de amostras de biópsia da pele.
Hanseníase é sugerida pela presença de lesões cutâneas e neuropatia
periférica e é confirmada por exame microscópico das amostras por biópsia.
Mycobacterium leprae e M. lepromatosis não crescem em meios artificiais de
cultura. Devem ser retiradas amostras de biópsia das bordas das lesões
tuberculoides ou, em pacientes lepromatosos, devem ser retirados espécimes
de nódulos ou placas, embora alterações patológicas possam ser visíveis até
mesmo em pele aparentemente normal.
Anticorpos imunoglobulina (Ig) M no soro para M. leprae são específicos, mas
não sensíveis (presente apenas em dois terços dos pacientes com hanseníase
tuberculoide). Como tais anticorpos podem indicar infecção assintomática em
áreas endêmicas, sua utilidade diagnóstica é limitada.
Tratamento
Esquemas multifármacos a longo prazo com dapsona, rifampicina e,
algumas vezes, clofazimina.
Às vezes, antibióticos de manutenção por toda a vida.
Os antibióticos podem interromper a progressão da hanseníase, mas não
revertem os danos aos nervos ou as deformidades. Assim, a detecção e o
tratamento precoces são de vital importância.
Devido à resistência aos antibióticos, são utilizados esquemas com vários
fármacos. Os fármacos escolhidos dependem do tipo de hanseníase; a
hanseníase multibacilar necessita de esquemas mais potentes e de maior
duração que a paucibacilar.
Orientações sobre diagnóstico e tratamento estão disponíveis no National
Hansen’s Disease Program, em Baton Rouge, LA (1-800-642-2477), ou US
Health Resources and Services Administration at HRSA. Os esquemas
convencionais recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
diferem um pouco dos utilizados nos EUA.
Multibacilar
O esquema convencional da OMS contém dapsona, rifampicina e clofazimina.
A OMS fornece esses fármacos gratuitamente para todos os pacientes com
hanseníase em todo o mundo. Os pacientes tomam rifampicina, 600 mg por via
oral e clofazimina, 300 mg por via oral uma vez ao mês sob a supervisão de um
profissional de saúde, e dapsona, 100 mg por via oral associada a clofazimina,
50 mg por via oral uma vez ao dia, sem supervisão. Esse esquema é mantido
durante 12 meses.
Nos EUA, o esquema é rifampicina, 600 mg por via oral uma vez ao dia;
dapsona, 100 mg por via oral uma vez ao dia; e clofazimina, 50 mg por via oral
uma vez ao dia por 24 meses.
Paucibacilar
No esquema convencional da OMS, os pacientes tomam rifampicina, 600 mg
por via oral uma vez ao mês com supervisão, e dapsona, 100 mg por via oral
uma vez ao dia, sem supervisão, durante 6 meses. As pessoas que têm
somente uma lesão cutânea única recebem uma única dose oral de
rifampicina, 600 mg, ofloxacino, 400 mg, e minociclina, 100 mg.
Nos EUA, o esquema é rifampicina, 600 mg por via oral uma vez ao dia, e
dapsona, 100 mg por via oral uma vez ao dia, durante 12 meses.
Hanseníase reacional
Para pacientes com reações do tipo 1 (exceto inflamação cutânea mínima),
administra-se inicialmente prednisona, 40 a 60 mg por via oral uma vez ao dia,
seguida por baixas doses de manutenção (na maioria das vezes, tão reduzidas
quanto 10 a 15 mg, uma vez ao dia) durante alguns meses. Inflamação leve de
pele não deve ser tratada.
O primeiro e o 2º episódios de eritema nodoso por hanseníase podem ser
tratados, se leves, com ácido acetilsalicílico ou, se significantes, com
prednisona, 40 a 60 mg por via oral uma vez ao dia, somada a antimicrobianos,
durante 1 semana. Para casos recorrentes, talidomida, 100 a 300 mg por via
oral 1 vez/dia, é o fármaco de escolha (nos EUA, disponível pelo National
Hansen’s Disease Program). Porém, por causa de sua teratogenicidade, a
talidomida não deve ser administrada a mulheres com probabilidade de
engravidar. Efeitos adversos são constipação intestinal leve, leucopenia
discreta e sedação.
Prevenção
Como a hanseníase não é muito contagiosa, o risco de propagação é baixo.
Apenas a forma lepromatosa não tratada é contagiosa, mas mesmo assim a
infecção não se propaga facilmente. Mas deve-se monitorar nos contatos
domiciliares (especialmente crianças) dos pacientes com hanseníase o
aparecimento de sinais e sintomas de hanseníase. Uma vez iniciado o
tratamento, a hanseníase não pode ser transmitida.
A melhor prevenção é evitar o contato com secreções fisiológicas e exantema
em pessoas infectadas.
A vacina de BCG, utilizada para prevenir a tuberculose, fornece alguma
proteção contra a hanseníase, mas não costuma ser utilizada para esse
propósito. A quimioprofilaxia não desempenha nenhum papel.
Fontes: https://www.sanarmed.com/resumos-hanseniase-principais-aspectos-
de-uma-doenca-intensamente-prevalente-na-realidade-brasileira-ligas
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/14291
http://45.170.157.12/home/handle/123456789/538
https://ijhe.emnuvens.com.br/ijhe/article/view/399
Etiologia
Os derrames pleurais costumam ser classificados como:
Transudatos
Exsudatos
Sinais e Sintomas
Alguns derrames pleurais são assintomáticos e descobertos por acidente no
exame físico ou na radiografia de tórax. Muitos causam dispneia e/ou dor
torácica pleurítica. Dor torácica pleurítica, desconforto vago ou dor aguda, que
piora com a inspiração, indica inflamação da pleura parietal. A dor é
habitualmente sentida sobre o ponto inflamado, mas as porções posterior e
periférica da pleura diafragmática são supridas pelos seis nervos intercostais
inferiores. As porções posterior e periférica da pleura diafragmática são
supridas pelos 6 nervos intercostais inferiores, e a irritação aí pode causar dor
na parte mais inferior do tórax ou no abdome, o que pode simular doença intra-
abdominal. O comprometimento da porção central da pleura diafragmática,
inervada pelos nervos frênicos, provoca dor referida no pescoço e no ombro.
O exame físico revela ausência de frêmito tátil, macicez à percussão e
diminuição dos sons respiratórios do lado do derrame. Esses achados também
podem ser desencadeados por espessamento pleural. Na vigência de
derrames de grandes proporções, habitualmente a respiração é rápida e
superficial.
O atrito pleural, embora infrequente, é o sinal físico clássico. Esse atrito varia
de poucos sons intermitentes, que podem simular estertores crepitantes, a som
completamente desenvolvido, áspero, rangente ou semelhante ao atrito de
couro, sincronizado à respiração, ou seja, auscultado na inspiração e na
expiração. Os sons de atrito adjacentes ao coração (atrito pleuropericárdico)
podem variar com o batimento cardíaco e podem ser confundidos com o atrito
pericárdico. O atrito pericárdico é mais bem auscultado sobre a borda esquerda
do esterno, no 3º e nos 4º espaços intercostais, tem caracteristicamente um
som de vai-e-vem sincronizado ao batimento cardíaco e não é influenciado de
modo significativo pela respiração. A sensibilidade e a especificidade do exame
físico para a detecção de derrame são provavelmente baixas.
Diagnóstico
Radiografia de tórax.
Análise do líquido pleural.
Às vezes, angiografia por TC ou outros testes.
Suspeita-se de derrame pleural em pacientes com dor pleurítica, dispneia
inexplicável ou sinais sugestivos. Os exames diagnósticos são indicados para
documentar a existência de líquido pleural e para determinar sua etiologia.
Presença de derrame
A radiografia de tórax é o primeiro exame a ser realizado para confirmar a
existência de líquido. Deve-se obter radiografia de tórax com incidência lateral
e em posição ortostática quando houver presunção de derrame pleural. Na
incidência em posição ortostática, 75 mL de líquido provocam velamento do
seio costofrênico posterior. O velamento do seio costofrênico lateral geralmente
requer cerca de 175 mL, mas pode suportar até 500 mL. Derrames pleurais de
maiores proporções opacificam partes do hemitórax e podem causar
compressão mediastinal; derrames > 4 L podem provocar opacificação
completa e desvio do mediastino para o lado contralateral.
Derrames loculados são coleções de líquido encarceradas por aderências
pleurais ou dentro de fissuras pulmonares. Não está claro na radiografia em
decúbito lateral, TC ou ultrassonografia de tórax se a densidade de uma
radiografia representa infiltrados líquidos ou parenquimatosos ou se o líquido
presumido está loculado ou livre; esses exames são mais sensíveis do
radiografias em posição vertical e podem detectar volumes de líquido < 10 mL.
Os derrames loculados, em particular aqueles na fissura horizontal ou oblíqua,
podem ser confundidos com massa pulmonar sólida (pseudotumor). Podem
alterar a forma e o tamanho com as modificações da posição do paciente e a
quantidade de líquido pleural.
Não há indicação rotineira de TC, mas é valiosa para a avaliação do
parênquima pulmonar subjacente, com o intuito de identificar infiltrados ou
massas quando o pulmão estiver obscurecido pelo derrame e para a distinção
entre líquido loculado e massa sólida.
Causa do derrame
Deve-se realizar toracocentese em quase todos os pacientes com líquido
pleural e espessura ≥ 10 mm nas incidências laterais de ultrassonografia ou
radiografia, que seja de desenvolvimento recente ou de etiologia incerta. Em
geral, os únicos pacientes que não necessitam de toracocentese são aqueles
que têm insuficiência cardíaca com derrame pleural simétrico e sem dor
torácica ou febre; nesses pacientes, pode-se tentar a diurese e evitar a
toracocentese, a menos que o derrame persista por ≥ 3 dias.
Toracocentese e análise subsequente do líquido pleural são frequentemente
necessárias para os derrames pleurais que são crônicos, têm causa
estabelecida e não desencadeiam sintomas.
Sempre que possível, faz-se uma toracentese usando orientação
ultrassonográfica, o que leva à produção de líquido e diminui o risco de
complicações como o pneumotórax ou punção intra-abdominal de um órgão.
Efetua-se a análise do líquido pleural para diagnosticar a causa do derrame
pleural. A análise inicia-se pela inspeção visual, que pode:
Distinguir sanguinolento e quiloso (ou quiliforme) de outros derrames.
Identificar derrames purulentos fortemente sugestivos de empiema.
Identificar líquido viscoso, característico de alguns mesoteliomas
Deve-se enviar sempre o líquido para avaliar proteína total, desidrogenase
láctica, contagem diferencial de células, coloração de Gram e cultura de
bactérias aeróbias e anaeróbias. Outros exames (glicemia, citologia,
marcadores de tuberculose no líquido [adenosina desaminase ou interferom-
gama], amilase, culturas e colorações micobacterianas e fúngicas) são
utilizados em condições clínicas apropriadas.
A análise de líquidos ajuda a distinguir transudatos de exsudatos; existem
múltiplos critérios, mas nenhum é capaz de discriminar entre os 2 tipos. Ao
utilizar os critérios de Light (ver tabela Critérios para identificar derrames
pleurais exsudativos), dosar a desidrogenase láctica sérica e os níveis de
proteína total o mais perto possível do momento da toracocentese para
comparação com os níveis no líquido pleural. Os critérios de Light identificam
corretamente quase todos os exsudatos, mas identificam erroneamente cerca
de 20% de transudatos como exsudatos. Se houver presunção de derrame
exsudativo (p. ex., decorrente de insuficiência cardíaca ou cirrose) e nenhuma
das avaliações bioquímicas for > 15% dos valores limítrofes dos critérios de
Light, mede-se, assim, a diferença entre a proteína no líquido pleural e no soro.
Se a diferença for > 3,1 g/dL (> 31 g/L), é provável que o paciente tenha
derrame transudativo.
Testes por imagem também podem ajudar. Se o diagnóstico permanecer
incerto após a análise do líquido pleural, indica-se angiografia por TC para a
identificação de embolia pulmonar, infiltrados pulmonares ou lesões
mediastinais. Os achados de embolia pulmonar indicam a necessidade de
anticoagulação a longo prazo; os infiltrados parenquimatosos, a necessidade
de broncoscopia; e as lesões mediastinais, a necessidade de aspiração
transtorácica com agulha ou mediastinoscopia.
Entretanto, angiografia por TC exige que o paciente mantenha a respiração por
≥ 24 segundos e nem todos os pacientes podem fazer isso. Se a angiografia
por TC não for esclarecedora, a observação é a melhor conduta, a não ser que
o paciente tenha história de doença maligna, perda ponderal, febre persistente
ou outros achados sugestivos de doença maligna ou tuberculose e, neste caso,
pode-se indicar a toracoscopia. Pode-se efetuar biópsia com agulha da pleura
quando não houver disponibilidade de toracoscopia. Se houver espessamento
pleural ou nódulos pleurais, TC ou a biópsia guiada por ultrassonografia é útil
para o diagnóstico.
Quando há suspeita de pleurite tuberculosa, mede-se o nível de adenosina
desaminase no líquido pleural. Um nível acima de 40 U/L tem sensibilidade e
especificidade de 95% para o diagnóstico de pleurite tuberculosa.
Tratamento
Tratamento dos sintomas e da doença subjacente.
Drenagem de alguns derrames sintomáticos.
Outros tratamentos para derrames parapneumônicos e malignos.
O derrame em si geralmente não requer tratamento se ele é assintomático
porque muitos derrames são resabsorvidos de modo espontâneo quando a
doença subjacente é tratada, em especial derrames decorrentes de
pneumonias sem complicações, embolia pulmonar ou cirurgia. Geralmente, a
dor pleurítica pode ser tratada com anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) ou
outros analgésicos orais. Às vezes, é necessário um curto período de opioides
orais.
A toracocentese constitui tratamento suficiente para muitos derrames
sintomáticos e pode ser repetida para os derrames que se acumulam
novamente. Não há limites arbitrários quanto à quantidade de líquido que pode
ser removido (1). A remoção do líquido pode ser continuada até que o derrame
seja drenado ou o paciente desenvolva opressão torácica, dor torácica ou tosse
grave.
Os derrames crônicos, recorrentes e que desencadeiam sintomas podem ser
tratados com pleurodese ou pela drenagem intermitente com cateter de
demora. Os derrames causados por pneumonia e doença maligna podem exigir
medidas adicionais específicas.
Derrame parapneumônico e empiema
Na vigência de fatores prognósticos adversos (pH < 7,20, glicose < 60 mg/dL (<
3,33 mmol/L), cultura ou coloração de Gram positivas, loculações), o derrame
deve ser drenado completamente por toracocentese ou toracostomia com
dreno . Se a drenagem completa é impossível, um fármaco trombolítico
(fibrinolítico) (p. ex., 10 mg de ativador do plasminogênio de tecido) juntamente
com uma DNAse (p. ex., 5 mg de dornase alfa) em 100 mL de solução
fisiológica podem ser administrados intrapleuralmente duas vezes ao dia por 3
dias. Se as tentativas de drenagem não forem bem-sucedidas, pode-se realizar
toracoscopia para lisar aderências e remover o revestimento de tecido fibroso
do pulmão para permitir que este se expanda. Se a toracoscopia não for bem-
sucedida, é necessário efetuar toracotomia com descorticação cirúrgica (p. ex.,
remoção de cicatrizes, coágulos, ou membrana fibrosa em torno dos pulmões).
Derrame Pericárdico
O derrame pericárdico corresponde ao acúmulo de sangue ou líquidos na
membrana que envolve o coração, o pericárdio, resultando no tamponamento
cardíaco, o que interfere diretamente no fluxo de sangue para os órgãos e
tecidos, e, por isso, é considerada uma situação grave e que deve ser tratada o
mais rápido possível.
Essa situação é, na maioria das vezes, consequência da inflamação do
pericárdio, conhecida como pericardite, que pode ser causada por infecções
bacterianas ou virais, doenças autoimunes alterações cardiovasculares. É
importante que a causa da pericardite e, consequentemente, do derrame
pericárdico seja identificada para que possa ser iniciado o tratamento.
O derrame pericárdico tem cura quando é diagnóstico é feito logo assim que
surgem os sintomas e o tratamento é iniciado logo em seguida de acordo com
as orientações do cardiologista, sendo, assim, possível evitar complicações
fatais para o coração.
Sinais e Sintomas
Os sintomas do derrame pericárdio variam de acordo com a velocidade de
acúmulo de líquido e quantidade acumulada no espaço pericárdico, o que
influencia diretamente na gravidade da doença. Os sintomas do derrame estão
relacionados com a alteração no fornecimento de sangue e oxigênio para o
corpo, o que pode resultar em:
Dificuldade para respirar;
Piora do cansaço, quando em posição deitada;
Dor no peito, geralmente atrás do esterno ou no lado esquerdo do peito;
Tosse;
Febre baixa;
Aumento da frequência cardíaca.
Diagnóstico
O diagnóstico é sugerido pelos achados clínicos, mas geralmente é presumido
pelo aumento da silhueta cardíaca na radiografia de tórax. No ECG, a voltagem
do QRS está geralmente diminuída e o ritmo sinusal permanece em cerca de
90% dos pacientes. Com derrames grandes e crônicos, o ECG pode mostrar
alternância elétrica (a amplitude das ondas P, QRS ou T aumenta e diminui em
batimentos alternados). A alternância elétrica está associada a variações na
posição cardíaca (coração oscilante). A ecocardiografia estima o volume de
líquido pericárdico; identifica tamponamento cardíaco, miocardite aguda e/ou
insuficiência cardíaca; e pode sugerir a causa da pericardite. Pacientes com
ECG normal, derrames pericárdicos pequenos (< 50 mL) e ausência de
suspeita por anamnese e exame físico devem ser observados com exame
clínico seriado e ecocardiografia. Outros pacientes devem ser avaliados de
forma mais detalhada para se determinar a etiologia.
Principais Causas
O derrame pericárdico é normalmente consequência de uma inflamação do
pericárdio, conhecida como pericardite, e isso pode acontecer devido a
infecções por bactérias, vírus ou fungos, doenças autoimunes, como artrite
reumatoide ou lúpus, hipotireoidismo, uso de medicamentos para controlar a
pressão alta, ou devido ao acúmulo de ureia no sangue como consequência da
insuficiência renal.
Além disso, a pericardite pode acontecer devido a câncer no coração,
metástases de câncer de pulmão, mama ou leucemia, ou devido a lesões ou
traumas no coração. Assim, essas situações podem provocar a inflamação do
tecido que reveste o coração e favorecer o acúmulo de líquidos nessa região,
dando origem ao derrame pericárdico.
Tratamento
O tratamento para pericardite é indicado pelo cardiologista de acordo com a
causa do derrame, quantidade de líquido acumulado e da consequência que
ele pode trazer ao funcionamento do coração.
Assim, no caso de derrame pericárdico de grau leve, em que há baixo risco de
comprometimento da função cardíaca, o tratamento consiste no uso de
medicamentos como aspirina, anti-inflamatórios não esteroides como
ibuprofeno ou de corticoides como a prednisolona, que diminuem a inflamação
e os sintomas da doença.
Porém, se houver risco de problemas cardíacos, pode ser necessária a retirada
deste líquido através de:
Pericardiocentese: procedimento que consiste na introdução de uma agulha
e um cateter no espaço pericárdico para drenar o líquido acumulado;
Cirurgia: utilizada para drenar o líquido e reparar lesões no pericárdio que
causam o derrame;
Pericardiectomia: consiste na remoção, através de cirurgia, de uma parte ou
de todo o pericárdio, utilizado principalmente no tratamento de derrames
pericárdicos recorrentes.
Dessa forma, é importante que o diagnóstico e tratamento sejam feitos o mais
breves possível para evitar a ocorrência de complicações.
Hepatomegalia
O fígado inchado, também conhecido por hepatomegalia, é caracterizado pelo
aumento do tamanho do fígado, de forma que pode ser palpado abaixo da
costela no lado direito. Esse aumento pode acontecer devido a diversas
situações, como cirrose, gordura no fígado e insuficiência cardíaca congestiva,
por exemplo.
Na maioria dos casos, a hepatomegalia não leva ao aparecimento de sinais ou
sintomas, sendo normalmente identificado durante a realização de exames de
rotina. Assim, quando é verificado o fígado inchado, o médico pode realizar
exames para identificar a causa e, assim, indicar o tratamento mais adequado.
Sinais e Sintomas
O fígado inchado normalmente não leva ao aparecimento de sinais ou
sintomas, no entanto é possível que sejam notados alguns sintomas
relacionados com a causa da hepatomegalia, sendo os principais:
Dor abdominal;
Falta de apetite;
Náuseas;
Vômitos;
Cansaço;
Pele e olhos amarelados;
Dor no momento da palpação.
Na presença desses sinais e sintomas, é importante que a pessoa consulte o
clínico geral ou hepatologista para que seja feita uma avaliação física e sejam
realizados exames de sangue e de imagem, como ultrassonografia e
tomografia de abdômen. Conheça mais sobre os exames que avaliam o fígado.
Principais Causas
O fígado inchado acontece principalmente devido ao acúmulo de gordura no
fígado, sendo essa situação conhecida como esteatose hepática ou fígado
gordo, o que pode acontecer como consequência de uma alimentação rica em
gordura, enlatados, refrigerantes e frituras, ou ser devido à obesidade,
triglicerídeos altos ou diabetes descompensada. Outras possíveis causas de
fígado inchado são:
Consumo excessivo de bebidas alcoólicas;
Doenças cardíacas;
Hepatite;
Cirrose;
Leucemia;
Insuficiência cardíaca;
Deficiência nutricionais, como o marasmo e o Kwashiorkor, por exemplo;
Doença de Niemann-Pick;
Infecções por parasitas ou bactérias, por exemplo.
Uma causa menos frequente de fígado inchado é o tumor no fígado, que pode
ser identificado por meio de exames de imagem como a tomografia de
abdômen ou ultrassonografia.
Tratamento
O tratamento para fígado inchado tem como objetivo tratar a causa relacionado
com o inchaço, podendo ser indicado que a pessoa adote um estilo de vida
mais saudável, praticando atividades físicas de forma regular, possuindo uma
alimentação saudável e equilibrada e evitando o consumo de bebidas
alcoólicas.
Além disso, dependendo da causa do inchaço do fígado, pode ser indicado o
uso de medicamentos anti-parasitários, antibióticos ou anti-inflamatórios, sendo
importante que seja utilizados de acordo com a orientação médica.
Esplenomegalia
Esplenomegalia quase sempre é secundária a outros distúrbios. Há inúmeras
causas de esplenomegalia, assim como há muitas maneiras possíveis de
classificá-las (ver tabela Causas comuns de esplenomegalia). Em climas
temperados, as causas mais comuns são:
Neoplasias mieloproliferativas.
Doenças linfoproliferativas.
Doenças de armazenamento (p. ex., doença de Gaucher).
Doenças do tecido conjuntivo.
Diagnóstico
História
A maioria dos sintomas aparentes resultam de doença subjacente. No entanto,
a esplenomegalia, por si só, pode ocasionar saciedade precoce pelo
deslocamento do estômago em decorrência de baço aumentado. Sensação de
plenitude e dor no quadrante abdominal superior esquerdo também são
possíveis. Dor súbita e intensa sugere infarto esplênico. Infecções recidivantes,
sintomas de anemia ou manifestações de sangramento sugerem citopenia e
possível hiperesplenismo.
Exame físico
A sensibilidade para detecção de aumento esplênico documentado por
ultrassonografia é 60 a 70% para palpação e 60 a 80% para percussão. Até 3%
das pessoas normais magras apresentam baço palpável. Além disso, uma
massa palpável no hipocôndrio esquerdo pode indicar outro problema além de
aumento do baço, como hipernefroma.
Outros sinais úteis são atrito esplênico e dor no ombro que sugerem infarto
esplênico e sopros epigástricos ou esplênicos que podem ocorrer por causa do
fluxo sanguíneo aumentado. Adenopatia pode sugerir doenças
linfoproliferativos, infecciosas ou autoimunes.
Exames
Se a confirmação de esplenomegalia for necessária porque o exame é
equívoco, a ultrassonografia é a opção de teste em razão de sua precisão e
baixo custo. TC e RM podem dar mais detalhes sobre a consistência do órgão.
A RM é especialmente útil para detectar tromboses da veia esplênica ou porta.
A cintilografia nuclear é precisa e pode identificar tecido esplênico acessório
frequentemente encontrado após esplenectomia decorrente de "hipertrofia de
trabalho" das esplênulas negligenciadas no momento da cirurgia.
Confirmar as causas específicas sugeridas pela anamnese e pelo exame físico
por meio dos exames complementares indicados. Se a causa não for
conhecida, a maior prioridade é a exclusão de infecção oculta, porque o
tratamento precoce afeta o resultado da infecção mais do que na maioria das
outras causas de esplenomegalia. A análise laboratorial deve ser total nas
áreas de alta prevalência geográfica de infecção ou se o paciente parecer
enfermo. Hemograma completo, culturas sanguíneas e exame da medula
óssea devem ser considerados. Se o paciente não estiver doente, não
apresentar sintomas além dos decorrentes da esplenomegalia e não tiver
fatores de risco de infecção, a extensão dos exames é controversa, mas
provavelmente contém um hemograma completo com exame direto, testes
hepáticos a e TC abdominal. A citometria de fluxo e os ensaios imunoquímicos
como as dosagens da cadeia leve no sangue periférico e/ou os cortes da
medula óssea em caso de suspeita de linfoma. Linfoma na zona marginal
esplênica, que é incomum, costuma estar associado à infecção por hepatite C
(e é importante detectá-la porque pode ser tratada de modo bem-sucedido com
erradicação viral).
Resultados específicos do sangue periférico podem sugerir doenças
subjacentes [p. ex., linfocitose de células pequenas na leucemia linfocítica
crônica e linfocitose granular de células grandes nos linfócitos granulares de
células T (TGL) hiperplásicos ou na leucemia por TGL, nos linfócitos atípicos
na leucemia de células pilosas, e leucocitose e células imaturas em outras
leucemias]. Excesso de basófilos, eosinófilos ou eritrócitos, ou eritrócitos
nucleados ou em forma de gota, sugerem neoplasmas mieloproliferativos .
Citopenias sugerem hiperesplenismo . Esferocitose sugere hiperesplenismo ou
esferocitose hereditária. Células-alvo e esferócitos podem sugerir
hemoglobinopatia.
Os resultados dos testes hepáticos encontram-se difusamente alterados na
esplenomegalia congestiva com cirrose; o aumento isolado da fosfatase
alcalina sugere infiltração hepática como nos distúrbios mieloproliferativos e
linfoproliferativos, tuberculose miliar e doenças fúngicas crônicas (p. ex.,
candidíase ou histoplasmose).
Alguns outros testes podem ser úteis, mesmo em pacientes assintomáticos. A
eletroforese de proteínas séricas que identifica a gamopatia monoclonal ou a
diminuição da imunoglobulina sugere doenças linfoproliferativas ou amiloidose ;
a hipergamaglobulinemia difusa sugere infecção crônica (p. ex., malária ,
leishmaniose visceral , brucelose , tuberculose ) ou cirrose com esplenomegalia
congestiva, sarcoidose ou doenças do tecido conjuntivo. A citometria de fluxo
pode identificar uma pequena população de linfócitos monoclonais, sugestiva
de linfoma. A elevação do ácido úrico sugere distúrbio mieloproliferativo ou
linfoproliferativo.
A elevação da fosfatase alcalina dos leucócitos (FAL) sugere neoplasma
mieloproliferativo, enquanto os níveis diminuídos sugerem leucemia mielocítica
crônica. Se os exames subsidiários não revelarem outras anormalidades além
de esplenomegalia, o paciente deve ser reavaliado em intervalos de 6 a 12
meses ou quando novos sintomas se desenvolverem.
Tratamento
O tratamento é direcionado à doença subjacente. O baço aumentado não exige
tratamento nos pacientes assintomáticos, a menos que haja hiperesplenismo
grave. Os pacientes com baços palpáveis ou muito grandes devem evitar os
esportes de contato para diminuir o risco de ruptura esplênica.
Fontes: https://www.hcrp.usp.br/revistaqualidade/uploads/Artigos/218/218.pdf
https://www.scielo.br/j/jbpneu/a/qrb4x7QksKxNrPL8ZKTvXNQ/?lang=pt
https://drmarcelbrunetto.com.br/hepatomegalia-ou-aumento-do-figado-nas-
doencas-do-sangue/
https://www.sanoficonecta.com.br/artigos/esplenomegalia-diagnostico-
diferencial-e-investigacao
Fontes:
https://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/patologia/HELIOJOSEMONTA
SSIER/ed-13-reacoes-de-hipersensibilidade.pdf
https://www.fcm.unicamp.br/fcm/cipoi/imunologia-celular/overview/tipos-de-
resposta-imune
Dia 31/08/2021
Hoje realizamos a Nova Síntese da OT de Necessidades de Saúde e a APA 1.
Achei a Nova Síntese super produtiva, pois me deixou cheio de duvidas que
pesquisarei por conta própria, porém a APA foi meio tensa pelo fato de que o
Ricardo estava com um ar de superioridade, assim ocasionando conflitos
durante a APA.
Etiologia
Tuberculose refere-se propriamente apenas a doenças causadas pelo
Mycobacterium tuberculosis (do qual os seres humanos são o principal
reservatório). Doença semelhante às vezes resulta de M. bovis, M. africanum e
M. microti—que juntas com M. tuberculosis são conhecidas como o complexo
Mycobacterium tuberculosis. Tuberculose ocorre quase exclusivamente por
inalação de partículas em suspensão (núcleos de gotículas) que contêm o M.
tuberculosis. A disseminação ocorre principalmente durante tosse, canto e em
outras manobras respiratórias forçadas que a pessoa com TB pulmonar ou
laríngea ativa e cujo escarro contém microrganismos significativos (tipicamente
o suficiente para tornar a amostra positiva). Pessoas com lesões cavitárias
pulmonares são especialmente infectantes por causa do alto número de
bactérias contidas na lesão.
Núcleos de gotículas (partículas com diâmetro < 5 micron) contendo bacilos de
tuberculose podem flutuar em correntes de ar em cômodos durante várias
horas, aumentando a chance de disseminação. No entanto, quando essas
gotículas caem em uma superfície, é difícil suspendê-las novamente (p. ex.,
varrendo o chão, sacudindo roupas de cama) como partículas respiráveis.
Embora tais ações possam ressuspender as partículas de pó contendo bacilos
de tuberculose, estas partículas são demasiado grandes para alcançar as
superfícies alveolares necessárias para iniciar a infecção. Contato com fômites
(p. ex., superfícies, alimentos e respiradores pessoais contaminados) não
parecem facilitar a disseminação.
O grau de contágio dos pacientes com tuberculose pulmonar ativa não tratada
é muito variável. Certas cepas de M. tuberculosis são mais contagiosas e os
pacientes com baciloscopia positiva são mais contagiosos do que aqueles com
resultados positivos apenas na cultura. Pacientes com doença cavitária (que
está intimamente associada à quantidade de micobactérias no escarro) são
mais contagiosos do que os outros.
Fatores ambientais também são importantes. A transmissão aumenta pela
exposição frequente ou prolongada a pacientes não tratados que dispersam
grande volume de bacilos da tuberculose em espaços superlotados, fechados e
pouco ventilados; assim, pessoas que vivem em condições precárias ou em
instituições têm mais risco. Aproximadamente um quarto dos contatos
domésticos adquirem a infecção. Portanto, as estimativas de contágio variam
muito; alguns estudos sugerem que apenas 1 em cada 3 pacientes com TB
pulmonar não tratada infecta algum contato próximo; a OMS estima que cada
paciente não tratado pode infectar 10 a 15 pessoas por ano. Mas a maioria das
pessoas infectadas não desenvolve a doença ativa.
O contágio diminui rapidamente quando o tratamento eficaz começa;
organismos são menos infecciosos, mesmo se persistirem no escarro, e a
tosse diminui. Estudos de contatos domiciliares indicam que a
transmissibilidade termina 2 semanas depois de os pacientes iniciarem o
tratamento eficaz. O contágio de microrganismos por aerossol, após irrigação
de feridas infectadas, é menos comum em laboratórios de micobacteriologia ou
em salas de autópsia.
A tuberculose das tonsilas, dos linfonodos, de órgãos abdominais, ossos e
articulações era geralmente provocada por ingestão de leite infectado ou
produtos derivados do leite (p. ex., queijo) infectados com M. bovis, mas esta
via de infecção foi largamente erradicada em países desenvolvidos por meio do
abate de vacas com testes tuberculínicos positivos e pela pasteurização do
leite. A tuberculose por M. bovis ainda ocorre nos países em desenvolvimento
e entre os imigrantes desses países onde a tuberculose bovina é endêmica (p.
ex., em alguns países da América Latina). A popularidade crescente do queijo
feito de leite não pasteurizado levanta novas preocupações se os queijos vêm
de países com problema de tuberculose bovina (p. ex., México, Reino Unido).
Epidemiologia
Aproximadamente um quarto da população mundial está infectado (com base
em pesquisas feitas com testes cutâneos tuberculínicos). Daqueles infectados,
talvez 15 milhões tenham doença ativa em um dado momento.
Em 2016, cerca de 10,4 milhões (140.5/100.000) de novos casos de
tuberculose ocorreram em todo o mundo. A maioria dos novos casos ocorreu
no Sudeste Asiático (45%), na África (25%) e no Pacífico Ocidental (17%).
Os índices de casos variam amplamente por país, idade, raça, sexo e status
socioeconômico. Em 2016, 64% dos novos casos ocorreram em 7 países; a
maioria ocorreu na Índia, mas também na Indonésia, China, Filipinas,
Paquistão, Nigéria e África do Sul. Alguns países, incluindo a Coreia do Norte,
Lesoto, Moçambique, Filipinas e África do Sul, tiveram taxas de incidência
acima de 500/100.000.
A taxa de infecção (para TB sensível aos tuberculostáticos) e mortalidade está
caindo. Novos casos diminuíram 1,5% em 2014 e 2015, ampliando uma
tendência que vem ocorrendo há vários anos. Essas tendências provavelmente
são em parte por causa dos esforços globais de controle da TB que forneceram
a mais pessoas acesso a fármacos contra infecções por TB e HIV.
Nos EUA, a taxa caiu de 1994 a 2014. Em 2016, 9.287 novos casos foram
notificados ao CDC que representaram uma taxa de 2,9/100.000, o que foi um
ligeiro decréscimo em relação a 2015. Mais da metade desses casos ocorreu
em pacientes nascidos fora dos EUA em áreas de alta prevalência. [A taxa de
TB entre pessoas nascidas fora dos EUA (14,6/100.000) foi muito mais alta que
a taxa entre os nascidos no país (1,1/100.000). O risco de infecção para
pessoas que moram em instalações comunitárias, como abrigos, instituições de
longa permanência ou estabelecimentos correcionais, bem como para os sem-
teto, aumentou no último ano. Em tais populações de alto risco, a incidência de
casos pode ficar próxima à de regiões do mundo de alto risco.
Houve um ressurgimento da tuberculose em regiões dos EUA e em outros
países desenvolvidos entre 1985 e 1992; isso estava associado a vários
fatores, incluindo HIV pessoas sem-teto, deterioração da infraestrutura da
saúde pública e o surgimento da tuberculose mutlirresistente (TB-RMF).
Embora substancialmente controlada nos EUA pela saúde pública e por
medidas institucionais de controle de infecção eficazes, o problema da TB-
RMF, incluindo a tuberculose extensivamente fármaco-resistente (XDR-TB,
extensively drug-resistant tuberculosis), parece estar aumentando no mundo,
alimentado por recursos inadequados, incluindo sistemas de fornecimento de
tratamento e diagnóstico.
Em muitas partes do mundo, a tuberculose resistente a fármacos não pode ser
diagnosticada de modo rápido e tratada precocemente com esquemas
eficazes, incluindo o tratamento eficaz dos efeitos adversos dos fármacos de 2ª
linha. Essa situação resulta em transmissão contínua, baixas taxas de cura e
aumento da resistência. O tratamento da XDR-TB apresenta resultados menos
favoráveis; a taxa de mortalidade é extremamente alta nos pacientes
coinfectados pelo HIV mesmo quando são tratados com fármacos
antirretrovirais.
Tratamento eficaz e controle dos efeitos adversos, envolvimento com a
comunidade e apoio social resultaram em tendências epidemiológicas
decrescentes mais favoráveis de tuberculose resistente a fármacos em
algumas regiões (p. ex., no Peru e na região de Tomsk na Rússia). Índia e
China só estão começando a implementar programas contra TB
multirresistente nos respectivos países, e o futuro da TB multirresistente pode
ser significativamente influenciado pelo sucesso ou fracasso desses
programas.
Fisiopatologia
A tuberculose pode ocorrer em 3 estágios:
Infecção primária
Infecção latente
Infecção ativa
Bacilos M. tuberculosis causam inicialmente uma infecção primária, que
raramente resulta em doença aguda. A maioria das infecções primárias (95%)
é assintomática e seguida por uma fase latente (dormente). Um percentual
variável de infecções latentes posteriormente é reativado, com sinais e
sintomas de doença, e, em alguns casos, por uma doença ativa. Normalmente
a infecção não é transmissível na fase primária e nunca é contagiosa na fase
latente.
Infecção Primária
A infecção requer inalação de partículas suficientemente pequenas para
atravessar as defesas respiratórias superiores e se depositar profundamente
no pulmão, geralmente nos espaços aéreos subpleurais dos lobos medianos ou
inferiores. Gotículas maiores tendem a se alojar nas vias respiratórias
proximais e normalmente não resultam em infecção. A infecção geralmente
começa a partir de um único núcleo da gotícula, que tipicamente contém
poucos organismos. Talvez um único organismo possa ser suficiente para
causar infecção em pessoas suscetíveis, mas pessoas menos suscetíveis
podem exigir uma exposição reiterada para que a infecção se desenvolva. Para
dar início à infecção, bacilos M. tuberculosis devem ser ingeridos pelos
macrófagos alveolares. Os bacilos que não são mortos pelos macrófagos na
verdade se replicam dentro dos macrófagos, matando-os no final (com a ajuda
de linfócitos CD8); células inflamatórias são atraídas para a área, causando
pneumonite focal que coalesce e evolui para os característicos tubérculos
observados na histologia. Nas semanas iniciais da infecção, alguns macrófagos
infectados são transportados para linfonodos regionais (p. ex., hilar,
mediastinal), onde acessam a corrente sanguínea. A disseminação
hematogênica para qualquer parte do corpo, em particular para a porção
apical-posterior dos pulmões, epífises dos ossos longos, rins, corpos vertebrais
e meninges pode ocorrer. A disseminação hematogênica é menos provável nos
pacientes com imunidade parcial decorrente da vacinação ou à infecção natural
prévia por M. tuberculosis ou micobactérias ambientais.
Infecção Latente
Infecção latente ocorre após a maioria das infecções primárias. Em cerca de
95% dos casos, após aproximadamente 3 semanas de intensa multiplicação, o
sistema imunitário suprime a replicação bacilar, geralmente antes que sintomas
ou sinais apareçam. Focos dos bacilos no pulmão ou em outros locais se
transformam em granulomas de célula epitelioide, que podem ter centros
caseosos e necróticos. Bacilos da tuberculose podem sobreviver nesse
material durante anos; o equilíbrio entre a resistência do hospedeiro e a
virulência microbiana determina se a infecção essencialmente desaparece sem
tratamento, se permanece dormente ou torna-se ativa. Focos infecciosos
podem deixar fibronodulares cicatriciais nos ápices de um ou ambos os
pulmões (focos de Simon, que costumam resultar de disseminação
hematogênica a partir de outro local da infecção) ou pequenas áreas de
consolidação (focos de Ghon). Um foco de Ghon com envolvimento de
linfonodos é um complexo de Ghon que, se calcificado, é chamado complexo
de Ranke. O teste cutâneo tuberculínico e os ensaios de liberação de gama-
interferon (IGRA ) tornam-se positivos durante a fase latente da infecção.
Locais de infecção latente são processos dinâmicos, não totalmente dormentes
como se acreditava.
Raramente, o foco primário progride de modo imediato, causando doença
aguda com pneumonia (às vezes cavitária), derrame pleural e alargamento de
mediastino ou de linfonodo hilar (que pode comprimir os brônquios em
crianças). Derrames pleurais discretos são predominantemente linfocíticos,
contendo tipicamente poucos microrganismos e desaparecendo em algumas
semanas. Essa sequência talvez seja mais comum entre crianças pequenas
recém-infectadas ou pacientes imunossuprimidos reinfectados.
Tuberculose extrapulmonar em qualquer local pode se apresentar, algumas
vezes, sem evidência de envolvimento pulmonar. A tuberculose ganglionar é a
apresentação extrapulmonar mais comum; porém, a meningite é a mais temida
por causa de sua alta mortalidade em pessoas muito jovens e muito idosas.
Doença ativa
Pessoas saudáveis infectadas pela tuberculose têm aproximadamente 5% a
10% de risco durante a vida de desenvolver doença ativa, embora a
porcentagem varie significativamente de acordo com a idade e outros fatores
de risco. Em 50 a 80% dos que desenvolvem doença ativa, a tuberculose
reaparece dentro dos 2 primeiros anos, mas também pode ocorrer décadas
depois.
Qualquer órgão inicialmente infectado pode tornar-se um local de reativação,
mas esta ocorre com frequência nos ápices pulmonares, presumivelmente por
causa das condições locais favoráveis como alta tensão de oxigênio. Focos de
Ghon e linfonodos hilares afetados têm muito menos probabilidade de serem
locais de reativação.
Doenças que comprometem a imunidade celular (essencial para a defesa
contra a TB) facilitam significativamente a reativação. Assim, pacientes
coinfectados pelo HIV e que não estão recebendo TARV apropriado têm risco
anual aproximado de 10% de desenvolverdoença ativa.
Outras doenças que facilitam a reativação, mas em menor grau do que a
infecção pelo HIV são:
Diabetes
Câncer cefálico e cervical
Gastrectomia
Cirurgia de derivação jejunoileal
Nefropatia crônica dependente de diálise
Perda ponderal significativa
Imunossupressores
Sinais e Sintomas
Na tuberculose pulmonar ativa, mesmo na doença moderada ou grave, o
paciente pode não ter nenhum sintoma, exceto “não se sentir bem” junto com
anorexia, fadiga e perda ponderal, que se desenvolvem gradualmente ao longo
de várias semanas, ou ter sintomas mais específicos. Tosse é muito comum. A
princípio, ela pode ser minimamente produtiva de escarro amarelo ou verde,
frequentemente ao levantar-se de manhã, mas a tosse pode ficar mais
produtiva com a evolução da doença. Hemoptise só ocorre com tuberculose
cavitária (devido a danos granulomatosos nos vasos, mas às vezes por causa
de crescimento fúngico na cavidade).
A febre baixa é comum, mas não invariável. Suores noturnos são sintomas
clássicos, mas não são tão comuns e nem tão específicos para tuberculose.
Dispneia pode ser o resultado de envolvimento de parênquima pulmonar,
pneumotórax espontâneo, ou tuberculose pleural com derrame.
Na coinfecção pelo HIV muitas vezes a apresentação clínica é atípica por
causa da deficiência de DTH; é mais provável que os pacientes tenham
sintomas extrapulmonares ou disseminação da doença.
TB extrapulmonar causa várias manifestações sistêmicas e localizadas,
dependendo dos órgãos afetados.
Diagnóstico
Radiografia de tórax
Cultura e coloração álcool-ácido resistente
Teste cutâneo tuberculínico (TCT) e ensaio de liberação de gama interferon
(IGRA)
Quando disponível, teste baseado em ácido nucleico
Geralmente pode-se suspeitar de tuberculose pulmonar com base em qualquer
um dos seguintes:
Radiografias de tórax ao avaliar sintomas respiratórios (tosse durando > 3
semanas, hemoptise, dor torácica, dispneia), doença inexplicada, febre de
origem indeterminada ou teste cutâneo tuberculínico positivo.
IGRA feito como um teste de triagem ou durante a investigação de contato.
Suspeita de TB é maior em pacientes com febre, tosse por > 2 a 3 semanas,
sudorese noturna, perda ponderal e/ou linfadenopatia e em pacientes com
possível exposição à tuberculose (p. ex., via membros da família, amigos ou
outros contatos infectados; exposição institucional; ou viagem para áreas onde
a tuberculose é endêmica).
Testes iniciais compreendem radiografia de tórax, exame de escarro e cultura.
Se o diagnóstico de tuberculose ativa ainda for incerto após radiografia do tórax
e exame de escarro, pode-se fazer PPD ou IGRA. Testes baseados em ácidos
nucleicos (p. ex., PCR) podem ser diagnósticos. Depois que a TB é
diagnosticada, deve-se testar nos pacientes infecção pelo HIV e, naqueles com
fatores de risco de hepatite B ou C, deve-se testar os respectivos vírus. Testes
iniciais da função hepática e renal normalmente devem ser feitos.
Radiografia de tórax
Em adultos, um infiltrado multinodular acima ou atrás da clavícula é mais
característico de TB ativa; ele sugere reativação da doença. Ele é mais bem
visualizado na incidência apicolordótica ou por TC do tórax.
Infiltrados nas áreas média e inferior do pulmão são inespecíficos, mas deve se
levantar a suspeitar de tuberculose primária em pacientes (normalmente
jovens) cujos sintomas ou história de exposição sugiram infecção recente, em
particular se houver derrame pleural.
Pode haver nódulos hilares calcificados; eles podem resultar de tuberculose
primária, mas também resultam de histoplasmose em regiões endêmicas (p.
ex., Ohio River Valley).
Testes de sensibilidade
Os testes de sensibilidade aos fármacos (antibiogramas) devem ser feitos nas
amostras iniciais de todos os pacientes para identificar um esquema eficaz
contra a tuberculose. Esses testes devem ser repetidos casos os pacientes
continuem a apresentar escarros com cultura positiva após 3 meses de
tratamento, ou se as culturas se tornarem positivas após um período de
culturas negativas.
Resultados dos antibiogramas podem demorar até 8 semanas se os métodos
bacteriológicos convencionais são utilizados, mas vários novos antibiogramas
moleculares podem detectar a resistência à rifampicina, ou à rifampicina e à
isoniazida em uma amostra de escarro em questão de horas.
Exames de Outras Amostras
Biopsias transbrônquicas em lesões infiltrativas devem ser executadas e
submetidas a cultura, avaliação histológica e teste molecular.
Lavagens gástricas são frequentemente positivas, mas geralmente não são
muito usadas, exceto em crianças pequenas que normalmente não podem
produzir uma boa amostra de escarro. Entretanto, a indução de escarro é
utilizada para as crianças pequenas que conseguem cooperar.
Idealmente, as amostras de biopsia de outros tecidos devem ser cultivadas
frescas, mas o NAAT pode ser utilizado para os tecidos fixos (p. ex., para a
biopsia de linfonodo se o exame histológico detectar alterações
granulomatosas). A mais recente utilização de NAAT ainda não foi aprovada,
mas pode ser extremamente útil, embora valores indicadores positivos e
negativos não tenham sido estabelecidos.
Testes cutâneos
Dispositivos de múltiplas puncturas (o teste de ponta) já não são
recomendados para uso geral.
Normalmente realiza-se o teste cutâneo tuberculínico (Mantoux ou derivado de
proteína purificada PPD]). É positivo tanto na infecção latente como na ativa e,
portanto, não consegue distinguir uma da outra. A dose-padrão, nos Estado
Unidos, de 5 unidades de PPD em 0,1 mL de solução, é injetada no antebraço.
É fundamental aplicar a injeção intradermicamente e não por via subcutânea
(SC). O resultado deve ser uma bolha ou pápula bem demarcada. O diâmetro
de enduração (não eritema) transversal ao eixo longitudinal do membro
superior é medido 48 a 72 h após a injeção.
Pontos de corte recomendados para uma reação positiva dependem do
ambiente clínico:
5 mm: pacientes com alto risco de desenvolverem tuberculose ativa, caso
infectados, como aqueles com evidência de tuberculose prévia em
radiografia de tórax, imunossuprimidos por causa de infecção pelo HIV ou
fármacos (p. ex., inibidores de FNT-alfa, uso de corticoides equivalentes à
prednisona, 15 mg/dia, durante > 1 mês), ou aqueles com contatos íntimos
de pacientes com tuberculose infecciosa.
10 mm: pacientes com alguns fatores de risco, tais como usuários de
drogas injetáveis, imigrantes recentes de áreas de alta prevalência,
moradores de áreas de risco (p. ex., prisões, abrigos para moradores de
rua), pacientes com certas doenças (p. ex., silicose, insuficiência renal,
diabetes, câncer de cabeça ou pescoço) e aqueles com história de cirurgia
gastrintestinal ou colocação de bypass jejunoileal.
15 mm: pacientes sem fatores de risco (que, normalmente, não devem ser
testados).
IGRA
IGRA é um exame de sangue identificando a liberação de gama-interferon
pelos linfócitos expostos in vitro aos antígenos específicos da tuberculose.
Embora os resultados dos IGRAs nem sempre sejam coerentes com o PPD,
esses testes parecem ser tão sensíveis quanto e mais específicos do que o
PPD nas avaliações de contato. O importante é que esses muitas vezes são
negativos nos pacientes com tuberculose remota. Vacinação prévia com BCG
não gera um resultado falso-positivo no IGRA, ao contrário do teste cutâneo
tuberculínico.
Estudos a longo prazo estão sendo feitos a fim de verificar se pacientes com
PPD positivo e IGRA negativo (especialmente aqueles com imunossupressão)
têm baixo risco de reativação.
O uso do IGRA é limitado em contextos com poucos recursos por causa do seu
custo relativamente alto.
Prognóstico
Em pacientes imunocompetentes com tuberculose pulmonar sensível, mesmo
nas doenças cavitária grave, o tratamento apropriado normalmente é curativo
se for instituído e completado. Além disso, a tuberculose provoca ou contribui
para a mortalidade em aproximadamente 10% dos casos, muitas vezes nos
que estão debilitados por outras razões. A tuberculose disseminada e as
meningites por tuberculose podem ser fatais em até 25% dos casos, apesar de
tratamento adequado.
A tuberculose é muito mais agressiva em pacientes imunocomprometidos e, se
não tratada de forma correta e agressiva, pode ser fatal após 2 meses a partir
do início dos sintomas, especialmente com MDR-TB. Mas com uma terapia
antirretroviral eficaz (e tratamento apropriado contra a tuberculose), o
prognóstico dos pacientes com infecção por HIV mesmo aqueles com TB
multirresistente, pode se aproximar daquele dos pacientes imunocompetentes.
Devem-se esperar resultados piores para pacientes com XDR-TB porque há
poucos fármacos eficazes.
Tratamento
Medidas para prevenir a transmissão, às vezes incluindo isolamento
respiratório.
Antibióticos.
A maioria dos pacientes com tuberculose não complicada e todos aqueles com
doenças complicadoras (p. ex., aids, hepatite, diabetes), reações adversas aos
fármacos e resistência a devem ser encaminhados para um especialista em
TB.
A maioria dos pacientes com TB pode ser tratada ambulatorialmente, com
instruções sobre como prevenir a transmissão geralmente incluindo
Ficar em casa.
Evitar visitantes (exceto para membros da família previamente expostos).
Ao tossir, cobrir a boca com lenço ou mão.
Máscaras cirúrgicas para pacientes com tuberculose são estigmatizantes e
tipicamente não são recomendadas para pacientes que cooperam. Precauções
são necessárias até o tratamento medicamentoso tornar os pacientes
suficientemente não contagiosos. Para pacientes com sensibilidade
comprovada aos tuberculostáticos ou com TB multirresistente, as precauções
são mantidas até que haja resposta clínica à terapia (tipicamente por 1 a 2
semanas). Mas para os pacientes com MDR-TB e XDR-TB, a resposta ao
tratamento pode ser mais lenta e as consequências da transmissão ainda mais
significativas; assim, uma resposta mais convincente à terapia (p. ex.,
conversão de esfregaço ou cultura) é exigida para interromper as precauções.
Hospitalização
As principais indicações para hospitalização são
Doença concomitante grave.
Necessidade de procedimentos diagnósticos.
Problemas sociais (p. ex., sem-teto).
Necessidade de isolamento respiratório, como pessoas que vivem dentro de
conglomerados onde com frequência há pessoas não expostas previamente
(essencialmente importante se o tratamento eficaz não pode ser
assegurado).
Todos os pacientes hospitalizados devem inicialmente ficar em isolamento
respiratório, idealmente em um quarto com pressão negativa com 6 a 12 trocas
de ar/hora. Qualquer pessoa ao entrar no quarto deve usar um respirador (e
não máscara cirúrgica) apropriadamente ajustado de acordo com as
recomendações do National Institute for Occupational Safety and Health (N-95
ou maior). Como o risco de expor outros pacientes hospitalizados é alto,
embora os pacientes que recebem tratamento eficaz tornem-se não
contagiosos antes que os esfregaços de escarro se tornem negativos, a saída
do isolamento respiratório requer 3 amostras negativas de escarro durante 2
dias, incluindo pelo menos um espécime negativa de manhã cedo.
Resistência a Fármacos
A resistência farmacológica se desenvolve por meio de mutações genéticas
espontâneas. Terapia errática, incompleta ou de único fármaco, determina a
resistência desses microrganismos. Depois que uma cepa resistente a
fármacos se desenvolveu e proliferou, ela pode adquirir resistência a fármacos
adicionais por meio do mesmo processo. Desse modo, o organismo pode
tornar-se gradualmente resistente a múltiplos antibióticos.
TB-RMF é resistente à isoniazida e rifampicina, com ou sem resistência a
outros fármacos. Têm sido relatados muitos surtos de TB-RMF e seu risco está
aumentando em todo o mundo. A OMS estima que 220.000 a 490.000 novos
casos ocorreram em todo o mundo em 2016. Nas regiões do mundo onde
testes de resistência são inadequados ou não estão disponíveis, muitos
pacientes que não reagem ao tratamento de primeira linha provavelmente têm
TB-RMF não reconhecida. A resistência a múltiplas fármacos tem implicações
negativas importantes para o controle da tuberculose; os tratamentos
alternativos necessitam de um curso de tratamento mais longo, menos eficaz,
mais tóxico e fármacos de 2ª linha mais onerosos.
Pré-XDR-TB é a TB multirresistente acrescida da resistência a uma
fluoroquinolona ou um fármaco injetável, mas não ambos.
XDR-TB amplia o perfil de resistência da MDR-TB para também incluir
fluoroquinolonas e pelo menos um fármaco injetável (p. ex., estreptomicina,
amicacina, canamicina e capreomicina). Essa resistência adicional tem
implicações terapêuticas terríveis. Embora alguns pacientes com XDR-TB
possam ser curados, a mortalidade é mais alta e o resultado depende da
quantidade de fármacos eficazes remanescentes, bem como da extensão da
destruição do pulmão causada pelo bacilo.
A cirurgia para retirada das áreas destruídas do tecido pulmonar necrótico é
importante no tratamento dos casos avançados de MDR-TB ou XDR-TB, mas
não está amplamente disponível nas regiões de alto risco.
Cepas resistentes podem ser transmitidas de pessoa para pessoa. Diz-se que
uma pessoa que está infectada com uma cepa resistente a fármacos de outra
pessoa tem resistência primária aos fármacos. Um pouco mais da metade de
todos os casos de TB multirresistente não foi previamente tratada,
provavelmente por causa da transmissão das (muitas vezes reinfecção com)
cepas de TB multirresistente ou de resistência extensiva. A transmissão
desinibida de cepas resistentes em locais de aglomeração, tais como em
hospitais, clínicas, prisões, abrigos e campos de refugiados, é a principal
barreira ao controle global.
Várias novas substâncias contra a tuberculose, que podem ser ativas contra
cepas resistentes estão em desenvolvimento pré-clínico ou clínico, mas não
estarão disponíveis por mais alguns anos. Além disso, a não ser que os
programas sejam fortalecidos (p. ex., pela supervisão integral de cada dose e
melhor acesso a culturas e testes de suscetibilidade), é provável a ocorrência
de resistência gradual aos novos fármacos.
O tratamento bem-sucedido da TB multirresistente depende da utilização de
vários fármacos ativos concomitantemente, de tal modo que a resistência a um
dos fármacos seja contrabalançada pelos efeitos bactericidas de um 2º, 3º ou
4º fármaco. Além disso, todos os fármacos do esquema devem ser tomados
com diligência durante um período prolongado. Quaisquer lapsos na adesão
podem levar a maior resistência aos fármacos e/ou falha do tratamento.
Os novos fármacos contra TB bedaquilina, delamanida e sutezolida são ativos
contra cepas resistentes e podem ajudar a controlar a epidemia de TB
multirresistente. Mas o sucesso continuará a depender de intensos esforços
globais para diagnosticar a TB precocemente, administrar aos pacientes uma
terapia apropriada e supervisionar a tomada de cada dose (DOT).
Esquemas de Tratamento
Todos os casos novos e não tratados de tuberculose devem receber
tratamento de:
2 meses na fase inicial.
seguido de 4 ou 7 meses de fase de manutenção.
Outros Tratamentos
Ocasionalmente, pode ser necessária ressecção cirúrgica de uma cavidade TB
persistente ou de uma região do tecido pulmonar necrótico. A indicação
principal para ressecção é cultura persistentemente positiva para MDR-TB ou
XDR-TB, em pacientes com uma região do tecido pulmonar necrótico na qual
os antibióticos não podem penetrar. Outras indicações incluem hemoptise sem
controle e estenoses bronquiais.
Corticoides algumas vezes são usados para tratar tuberculose quando a
inflamação é a causa principal de morbidade e são indicados para pacientes
com SDRA ou infecções de locais fechados, como meningites e pericardites.
Dexametasona, 12 mg por via oral ou IV a cada 6 h, é administrada a adultos e
crianças com > 25 kg; crianças com < 25 kg recebem 8 mg. O tratamento é
continuado por 2 a 3 semanas. Corticoides que são necessários a outras
indicações não representam ameaça em paciente com tuberculose ativa
recebendo um esquema de tratamento para tuberculose eficaz.
Triagem para TB
Triagem para infecção tuberculosa latente (ITBL) é feita com teste cutâneo
tuberculínico (TCT) ou IGRA . Indicações para testes incluem:
Contato íntimo com pessoas que têm tuberculose pulmonar ativa.
Evidência de infecção passada por tuberculose na radiografia de tórax.
Fatores de risco de exposição à tuberculose (p. ex., imigração de áreas de
alto risco dentro de um período de 5 anos, pacientes indigentes, usuários de
drogas IV profissionais selecionados da área da saúde dos EUA, como
terapeutas respiratórios e profissionais trabalhando com populações de alto
risco).
Fatores de risco de desenvolvimento de tuberculose ativa, em particular
aqueles com infecção pelo HIV imunidade comprometida e pacientes com
gastrectomia, cirurgia de ponte jejunoileal, silicose, insuficiência renal,
diabetes, câncer de cabeça ou pescoço e idade avançada (p. ex., > 70
anos).
Imunossupressão terapêutica com corticoides, inibidores de FNT, ou
quimioterapia para câncer.
Nos EUA, a maioria das crianças e de outras pessoas sem fatores de risco
específicos para tuberculose não deve fazer testes cutâneos a fim de evitar
reações falso-positivas.
Um resultado positivo do TCT ou IGRA (Tuberculose (TB) : Testes cutâneos
para os critérios) sugere ITBL. Pacientes com TST ou IGRA positivo são
avaliados em relação a outros fatores de risco clínico e epidemiológico e
devem passar por radiografia de tórax. Aqueles com anormalidades na
radiografia sugerindo tuberculose requerem avaliação para tuberculose ativa
como mencionado anteriormente, inclusive exame de escarro por microscopia
e cultura.
Reação de Reforço
Alguns pacientes com exposição remota à tuberculose, história de vacina do
bacilo Calmette-Guérin (BCG) ou infecção por micobactérias atípicas podem
apresentar TST ou IGRA negativo; porém, o próprio teste pode servir como um
reforço imunitáro, de forma que um teste subsequente em menos de 1 semana
ou até vários anos depois será positivo (reação de reforço). Assim, em pessoas
que realizam o teste regularmente (p. ex., trabalhadores da saúde), o 2º teste
de rotina será positivo, dando a falsa impressão de infecção recente (e,
consequentemente, exigindo testes e tratamento posterior). Se há indicação de
testes periódicos para ITBL, deve-se fazer um 2º TCT (no membro superior
oposto) 1 a 4 semanas após o primeiro para identificar reação de reforço
(porque é altamente improvável que uma pessoa sofra conversão nesse breve
intervalo). TST subsequente é realizado e interpretado normalmente.
Os novos IGRA para tuberculose latente não envolvem aplicação de antígenos
e, assim, não causam reforço. Também não são influenciados por
hipersensibilidade preexistente à vacina do BCG ou infecção com micobactéria
ambiental, exceto M. kansasii, M. szulgai e M. marinum.
O Tratamento de LTBI
Indica-se tratamento para infecção tuberculosa latente principalmente para:
Pessoas cujo TST se converte de negativo para positivo em 2 anos.
Pessoas com mudanças de radiografias compatíveis com tuberculose
antiga, mas nenhuma evidência de tuberculose ativa.
Prevenção
Seguem-se medidas preventivas gerais (p. ex., ficar em casa, evitar visitantes,
durante tosses cobrir a boca com lenço ou mão).
Vacinação
A vacina do bacilo Calmette-Guérin (BCG), feita de uma cepa atenuada de M.
bovis, é administrada a > 80% das crianças do mundo, especialmente em
países de alto risco. A eficácia média global é provavelmente de apenas 50%.
BCG reduz claramente a taxa de TB extratorácica em crianças, especialmente
meningites por tuberculose, e pode prevenir a infecção por TB. Assim, ela é
considerada vantajosa em regiões de alto risco. A imunização com BCG tem
poucas indicações nos EUA, exceto em exposição possivelmente inevitável a
um caso de tuberculose infecciosa que não possa ser tratado de maneira
efetiva (pré-XDR ou XDR-TB) e possivelmente profissionais de saúde não
infectados previamente expostos a TB-RMF ou XDR-TB de forma regular.
Embora a vacina BCG com frequência converta o TST, a reação é geralmente
menor que a resposta à infecção natural por tuberculose e, na maioria das
vezes, diminui mais cedo. A reação ao TST decorrente de BCG raramente é >
15 mm e depois de 15 anos da administração do BCG, ela raramente é > 10
mm. Os CDC recomendam que todas as reações de TST em crianças que
receberam BCG sejam atribuídas à infecção por tuberculose (e tratadas
adequadamente) em razão do risco de complicações graves da infecção
latente não tratada. IGRA não são influenciados pela vacinação BCG e
idealmente devem ser usados nos pacientes que receberam BCG a fim de
certificar-se de que a resposta ao PPD é decorrente da infecção por M.
tuberculosis.
População Especiais
Crianças
Crianças infectadas com tuberculose são mais propensas do que os adultos a
desenvolver a doença ativa, que normalmente se manifesta como doença
extrapulmonar. A linfadenite (escrofulose) é a manifestação extrapulmonar
mais comum, mas a TB também pode comprometer as vértebras (mal de Pott ),
epífises altamente vascularizadas dos ossos longos, sistema nervoso central e
meninges.
A apresentação clínica da TB ativa em crianças varia, tornando o diagnóstico
desafiador. A maioria das crianças tem poucos sintomas além de tosse
estridente.
Coletar uma amostra para cultura geralmente requer um dos seguintes:
Aspiração gástrica.
Indução de escarro.
Um procedimento mais invasivo como lavado broncoalveolar.
O sinal mais comum na radiografia de tórax é linfadenopatia hilar, mas pode
ocorrer atelectasia segmentar. A adenopatia pode progredir até mesmo após o
início da quimioterapia e pode produzir atelectasia lobar que normalmente
melhora durante o tratamento. Doença cavitária é menos comum do que em
adultos e a maioria das crianças abriga muito menos microrganismos e não são
contagiosas.
Estratégias terapêuticas são semelhantes àquelas para adultos, exceto que os
tuberculostáticos devem ter sua dose determinada estritamente de acordo com
o peso da criança (Dosagens de fármacos orais antituberculose de primeira
linha*).
Idosos
Doença reativada pode envolver qualquer órgão, em particular pulmões,
cérebro, rins, ossos longos, vértebras ou linfonodos. A reativação pode produzir
poucos sintomas e ser negligenciada durante semanas ou meses, retardando
uma avaliação apropriada. A presença frequente de outros distúrbios em
idosos dificulta ainda mais o diagnóstico.
Independentemente da idade, residentes de lares de idosos que anteriormente
eram PPD negativos têm risco de doença por transmissão recente, que pode
causar pneumonia no ápice, lobo médio ou no inferior, bem como derrame
pleural. A pneumonia pode não ser reconhecida como tuberculose, persistir e
se disseminar para outras pessoas enquanto for tratada erroneamente com
antibióticos ineficazes de largo espectro.
Nos EUA, a tuberculose miliar e a meningite por tuberculose, geralmente
consideradas doenças que atingem principalmente crianças menores, são mais
comuns em idosos.
Os riscos e benefícios da profilaxia devem ser cuidadosamente avaliados antes
de tratar idosos. A INH causa hepatoxicidade em até 4 a 5% dos pacientes com
> 65 anos de idade (em comparação com < 1% dos pacientes com < 65 anos).
Como resultado, a quimioprofilaxia costuma ser administrada para idosos
somente se a induração depois do TST aumentar ≥ 15 mm a partir de uma
reação previamente negativa. Contatos íntimos de um caso ativo e outros de
alto risco com TST ou IGRA negativo também devem receber tratamento
preventivo, a menos que contraindicado.
Tuberculose
Doença bacteriana infecciosa. Afeta principalmente os pulmões e pode ser
grave. As bactérias que causam a tuberculose são espalhadas quando uma
pessoa infectada tosse ou espirra.
A maioria das pessoas infectadas com a bactéria que causa a tuberculose não
apresenta sintomas. Quando ocorrem, os sintomas geralmente incluem tosse
(às vezes, com sangue), perda de peso, sudorese noturna e febre.
O tratamento nem sempre é necessário para pacientes assintomáticos. Os
pacientes com sintomas manifestos precisam de um longo tratamento com
vários antibióticos.
Hanseníase
Doença infecciosa crônica e curável que causa, sobretudo, lesões de pele e
danos aos nervos.
A hanseníase, antigamente conhecida como lepra, é causada por infecção com
a bactéria Mycobacterium leprae. Ela afeta principalmente a pele, os olhos, o
nariz e os nervos periféricos.
Os sintomas incluem manchas claras ou vermelhas na pele com diminuição da
sensibilidade, dormência e fraqueza nas mãos e nos pés.
A lepra pode ser curada com 6 a 12 meses de terapia com vários
medicamentos. O tratamento precoce evita deficiência.
Fonte:
http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/cidadania/TuberHansen/not01.htm
APA 01
Autoavaliação
1) Registre a principal conquista do seu processo de aprendizagem em NTS
neste período.
Resposta: Nesse semestre em NTS vejo que consigo aprender e realizar
pesquisas com muito mais facilidade!
Conceito: Satisfatório
Avaliação da Facilitadora
1) O (a) facilitador (a) cumpriu os pactos de trabalho do grupo? Justifique.
Resposta: A Thais sempre cumpre os pactos e nos cobra deles.
Conceito: Satisfatório
Dia 13/09/2021
Hoje realizamos a Síntese Provisória da SP4 e da SP5. Achei as aulas muito
produtivas e bem argumentadas, levando a tremendas discussões.
Ítaca, conta como está a saúde do Keren... ele apresentou alguma alteração na saúde
nesses últimos meses?
Nada que eu tenha percebido... Vocês se lembram que quando vocês foram fazer uma
visita lá em casa, eu contei pra vocês como as nossas vidas mudaram depois que perdi
meu marido em acidente de moto? Eu passei a trabalhar muito mais, fazendo faxinas, e
acabei deixando o Keren aos cuidados de uma vizinha que o pega na escolinha.
Sim, nós lembramos dessa situação.
Então, eu acho que isso tem total relação, afinal, todas as vezes que vou pegar o Keren na
casa dela, o menino está no quintal, brincando com os animais que ela tem. O quintal é de
terra e o Keren vem para casa imundo.
Que tipos de animais convivem na casa da sua vizinha?
Tem gato, cachorro, periquito e até uma tartaruga... além disso parece que ela usa esterco
para adubar uma horta... tem sempre um cheiro estranho nesse quintal!
E você não havia percebido nenhuma alteração nos hábitos alimentares e nas evacuações
do Keren nesse período?
Nada diferente! De fato, o Keren adora ficar na casa dessa vizinha, só que agora eu não
sei mais o que fazer... acho que ele pegou esses vermes lá na casa dela. O problema é
que vai ser bem difícil eu encontrar outra pessoa para cuidar dele e que cobre o que ela me
cobra!
Ítaca não sabe qual o local onde houve a contaminação e não sabe o que
deve fazer.
Fatores comportamentais associados às condições socioculturais como a
ingestão de alimentos mal lavados, contato com solo/esterco contaminado,
somados a hábitos anti-higiênicos, propiciaram a contaminação pelo verme
(oro fecal, pela pele). Sendo importante a identificação do parasita, da fonte
de infecção e dos indivíduos do convívio contaminados, para proporcionar
um tratamento eficaz e evitar recidivas.
Dia 20/09/2021
Hoje realizamos a Nova Síntese da SP4 e a Síntese Provisória de uma OT
sobre Necessidades de Saúde. Achei a aula sobre a SP4 muito produtiva,
porém a aula da OT achei muita embromação pelo fato de ser muito parecida
com a SP5.
Ancilostomose ou amarelão
Ancilostomíase é uma infecção provocada por Ancylostoma duodenale ou
Necator americanus. Os sintomas incluem exantema no local de entrada da
larva e, algumas vezes, dor abdominal ou outros sintomas gastrointestinais
durante a infecção inicial. Mais tarde, pode-se desenvolver deficiência de ferro
por causa de perda crônica de sangue. A ancilostomíase é uma das principais
causas de anemia por deficiência de ferro em regiões endêmicas. O
diagnóstico é feito pela detecção de ovos nas fezes. O tratamento é feito com
albendazol ou mebendazol.
Estima-se que a prevalência no mundo todo da infecção por ancilostomídeos
seja 576 a 740 milhões, principalmente em países em desenvolvimento.
Ambos, A. duodenale e N. americanus, são encontrados na África, na Ásia e
nas Américas. Somente A. duodenale é encontrado no Oriente Médio, no norte
da África e no sul da Europa. N. americanus predomina nas Américas e na
Austrália; já foi amplamente distribuída no sul dos Estados Unidos e ainda é
endêmica nas ilhas do Caribe e nas Américas Central e do Sul. Algumas cepas
de A. ceylanicum, um ancilóstomo de cães, gatos e hamsters, também
amadurece até a idade adulta no intestino humano. Foram relatadas infecções
por A. ceylanicum em residentes de regiões da Ásia e algumas ilhas do
Pacífico Sul.
Fisiopatologia
As espécies de ancilostomídeo que alcançam a maturidade no intestino
humano têm ciclos de vida semelhantes. Ovos eliminados nas fezes eclodem
em 1 a 2 dias (se depositados em local aquecido e úmido em solo livre) e
liberam larvas rabditiformes, que evoluem e se tornam larvas filariformes em 5
a 10 dias. As larvas podem sobreviver 3 a 4 semanas se as condições
ambientais forem favoráveis. Larvas filariformes penetram a pele humana
quando as pessoas andam descalças em solo ou entram em contato direto
com solo infectado.
As larvas alcançam os pulmões por meio de vasos sanguíneos, penetram nos
alvéolos pulmonares, ascendem à árvore respiratória para a epiglote e são
deglutidos. A larva se desenvolve nos adultos, prende-se à parede do intestino
delgado e alimenta-se de sangue. Os vermes adultos podem viver ≥ 2 anos.
A perda crônica de sangue causa anemia com deficiência de ferro. O
desenvolvimento de anemia depende da carga parasitária e da quantidade
absorvida de ferro na dieta.
Sinais e Sintomas
A infecção por ancilostomídeo é frequentemente assintomática. Contudo,
exantema papulovesicular pruriginoso transitório (coceira da terra) pode se
desenvolver no local da penetração da larva, geralmente nos pés. A migração
de muitas larvas através dos pulmões ocasionalmente provoca a síndrome de
Löffler, com tosse, eosinofilia, sibilos e, às vezes, hemoptise. Durante a fase
aguda, vermes adultos no intestino podem causar dor epigástrica, anorexia,
flatulência, diarreia e perda ponderal.
Diagnóstico
Exame microscópico das fezes
A. duodenale, A. ceylanicum, e N. americanus produzem ovos de formato oval
e casca fina, que são detectados prontamente em fezes a fresco.
Procedimentos de concentração são necessários para diagnosticar infecções
leves. Se as fezes não são mantidas resfriadas e examinadas em algumas
horas, os ovos podem eclodir e liberar larvas que podem ser diferenciadas
daquelas da Strongyloides stercoralis. Embora as três espécies de
ancilostomídeos que infectam seres humanos possam ser diferenciadas por
sondas moleculares, os ovos são indistinguíveis e o diagnóstico de uma
espécie específica não é realizado em laboratórios clínicos.
Eosinofilia está frequentemente presente nas pessoas infectadas por
ancilóstomos. Durante o período pré-patente da infecção (i. e., as 5 a 9
semanas entre a penetração das larvas e o aparecimento dos ovos nas fezes),
a eosinofilia pode ser a única anormalidade laboratorial. Infestação por
ancilostomídeos é uma consideração importante no diagnóstico diferencial da
eosinofilia em imigrantes ou viajantes que retornam de regiões endêmicas onde
o saneamento é precário.
Condições nutricionais, anemia e depósito de ferro devem ser avaliados. O
diagnóstico da larva migrans cutânea baseia-se nas manifestações clínicas.
Ovos não estão presentes nas fezes.
Prevenção
Impedir a defecação anti-higiênica e evitar o contato direto da pele com o solo
(p. ex., usar sapatos e barreiras ao sentar-se no chão) são medidas efetivas na
prevenção da infecção, mas difíceis de serem implementadas em muitas áreas
endêmicas. O tratamento periódico de massa de populações suscetíveis, em
intervalos de 3 a 4 meses, é empregado em áreas de alto risco. Pode-se
reduzir o risco de desenvolver larva migrans cutânea desta maneira:
Evitar contato direto da pele com areia de praia potencialmente infestada ou
outro tipo de solo onde cachorros ou gatos defecaram.
Tratar cães e gatos contra ancilostomídeos.
Ascaríase
Ascaríase é uma infecção por Ascaris lumbricoides, ou às vezes por Ascaris
suum (um parasita estreitamente relacionado dos suínos) Infecções leves
podem ser assintomáticas. Os sintomas iniciais são pulmonares (tosse, sibilos);
mais tarde, ocorrem sintomas gastrointestinais, com cólicas ou dor abdominal
decorrentes da obstrução do lúmen gastrintestinal (intestinos ou ductos biliares
ou pancreático) por vermes adultos. Crianças infectadas cronicamente podem
desenvolver desnutrição. Realiza-se o diagnóstico pela identificação de ovos
ou vermes adultos nas fezes, vermes adultos que migram do nariz ou da boca
ou, raramente, por larvas no escarro durante a fase de migração pulmonar. O
tratamento é feito com albendazol, mebendazol ou ivermectina.
A ascaridíase tem distribuição universal. Ela se concentra nas regiões tropicais
e subtropicais com condições sanitárias precárias. Ascaridíase é a infecção
intestinal mais comum por helminto no mundo. A prevalência é mais alta em
crianças de 2 a 10 anos e diminui nas faixas etárias mais altas. As estimativas
atuais sugerem que 807 milhões a 1,2 bilhão de pessoas estão infectadas em
todo o mundo, e a ascaridíase contribui para a desnutrição em áreas com
condições sanitárias precárias. Estima-se que a ascaridíase seja responsável
por 60.000 mortes em todo o mundo anualmente, cerca de 2.000 das quais são
decorrentes de obstrução do intestino ou do trato biliar, principalmente em
crianças. Nos Estados Unidos, a maioria dos casos ocorre em refugiados,
imigrantes ou viajantes para regiões tropicais endêmicas.
Seres humanos são infectados por A. lumbricoides quando ingerem os ovos,
muitas vezes em alimentos contaminados por fezes humanas. A infecção
também pode ocorrer quando se coloca na boca mãos ou dedos com sujeira
contaminada.
Seres humanos também podem ser infectados por ascaris (A. suum) de suínos
quando ingerem ovos ao lidar com esses animais ou ao consumir vegetais
malcozidos ou frutas contaminadas com fezes de suínos. Ainda não se sabe se
A. suum é uma espécie distinta de A. lumbricoides.
Fisiopatologia
Ovos de A. lumbricoides ingeridos eclodem no duodeno e as larvas resultantes
penetram na parede do intestino delgado, migrando pela circulação portal
através do fígado para o coração e para os pulmões. As larvas se fixam nos
vasos capilares alveolares, penetram nas paredes alveolares e ascendem à
árvore brônquica para a orofaringe. São ingeridos e voltam ao intestino
delgado, no qual se desenvolvem até vermes adultos, se acasalando e
liberando ovos nas fezes. O ciclo de vida é completado em aproximadamente 2
a 3 meses; vermes adultos vivem 1 a 2 anos. Uma massa emaranhada de
vermes na infecção grave pode produzir obstrução de intestino, em particular
em crianças. Vermes adultos individuais com migração aberrante
ocasionalmente obstruem os ductos biliares ou pancreáticos, provocando
colecistite ou pancreatite; colangite, abscesso no fígado e peritonite são menos
comuns. A febre causada por outras doenças ou certos fármacos (p. ex.,
albendazol, mebendazol, tetracloretileno) pode desencadear a migração
anômala dos vermes adultos.
Sinais e Sintomas
Larvas de Ascaris que migram para os pulmões podem causar tosse, sibilos e,
ocasionalmente, hemoptise ou outros sintomas respiratórios nas pessoas sem
exposição prévia ao Ascaris.
Vermes adultos em pequeno número geralmente não produzem sintomas
gastrointestinais, embora a passagem de um verme adulto pela boca ou pelo
reto possa levar um paciente assintomático a procurar um serviço de saúde.
Obstrução intestinal ou biliar causa cólicas abdominais, náuseas e vômitos.
Icterícia é incomum.
Até mesmo infecções moderadas podem conduzir à desnutrição em crianças. A
fisiopatologia não é conhecida e pode incluir competição por nutrientes,
prejuízo de absorção e redução de apetite.
Diagnóstico
Exame microscópico das fezes
Identificação dos vermes adultos nas fezes ou que surgem do nariz, boca
ou reto
O diagnóstico da ascaridíase é por detecção microscópica dos ovos nas fezes
ou observação dos vermes adultos que surgem do nariz ou da boca.
Ocasionalmente, larvas podem ser encontradas no escarro durante a fase
pulmonar. Os vermes adultos podem ser vistos em exames radiográficos do
trato gastrintestinal.
A eosinofilia pode ser intensa quando as larvas migram para os pulmões, mas
geralmente cede quando os vermes adultos se fixam no intestino. Radiografia
de tórax durante a fase pulmonar pode mostrar infiltrados que, na presença de
eosinofilia, leva ao diagnóstico da síndrome de Löffler.
Prevenção
A prevenção da ascaríase requer condições sanitárias adequadas. As
estratégias de prevenção incluem:
Lavar bem as mãos com sabão e água antes de manusear alimentos;
Lavar, descascar e/ou cozinhar todos os vegetais e frutas crus antes de
ingeri-los;
Evitar o consumo de legumes crus ou não lavados em áreas onde fezes de
porcos ou humanas são usadas como fertilizante;
Não defecar ao ar livre, exceto em latrinas com descarte apropriado de
esgoto.
Giardíase
Giardíase é a infecção causada pelo protozoário flagelado Giardia duodenalis
(G. lamblia, G. intestinalis). A infecção pode ser assintomática ou provocar
sintomas que variam de flatulência intermitente a má absorção crônica. O
diagnóstico é feito identificando o organismo nas fezes a fresco ou conteúdo
duodenal, ou por ensaios de antígeno de Giardia ou teste molecular para o
DNA do parasita nas fezes. O tratamento é feito com metronidazol, tinidazol ou
nitazoxanida; ou, durante a gestação, paromomicina.
Fisiopatologia
Trofozoítos de Giardia prendem-se firmemente à mucosa duodenal e ao jejuno
proximal e multiplicam-se por divisão binária. Alguns parasitas transformam-se
no ambiente em cistos resistentes, que são disseminados pela via fecal-oral.
Infecção por Giardia é prevalente em todo o mundo em regiões com condições
sanitárias precárias. Giardíase é a doença parasitária intestinal mais comum
nos EUA. A transmissão pela água é a principal fonte de infecção, mas a
transmissão também pode ocorrer pela ingestão de alimentos contaminados ou
pelo contato direto entre uma pessoa e outra.
Cistos de Giardia permanecem viáveis na superfície da água e são resistentes
aos níveis rotineiros de cloração da água potável. Dessa forma, corredeiras
provenientes de montanhas, assim como a cloração de sistemas de
abastecimento de água municipais com filtração deficiente, foram implicadas
nas epidemias transmitidas pela água. Infecções também estão associadas à
puericultura, especialmente envolvendo crianças com fraldas; contato próximo
com familiares ou membros do agregado familiar que têm giardíase; ingestão
de água ou gelo de água não tratada ou tratada inadequadamente de lagos,
córregos ou poços; mochileiros, andarilhos e campistas que bebem água
insegura ou não praticam boa higiene das mãos; ingerir água ao nadar ou
brincar em lagos, lagoas, rios ou córregos; ou exposição a fezes durante
contato sexual.
Há 8 grupos genéticos (conjuntos) de G. duodenalis. Dois infectam seres
humanos e animais; os outros só infectam animais. As manifestações clínicas
parecem variar de acordo com o genótipo.
Sinais e Sintomas
Muitos casos de giardíase são assintomáticos. Contudo, pessoas
assintomáticas podem eliminar cistos infecciosos.
Os sintomas da giardíase agudam geralmente se manifestam 1 a 14 dias
(média de 7 dias) depois da infecção. São normalmente leves e incluem
diarreia aquosa fétida, cólicas e distensão abdominais, flatulência e eructação,
náuseas intermitentes, desconforto epigástrico e, algumas vezes, leve grau de
mal-estar, fadiga e anorexia. A giardíase aguda normalmente dura 1 a 3
semanas. A giardíase costuma ser acompanhada de intolerância à lactose
adquirida. A má absorção de gordura e açúcar pode provocar perda ponderal
significante em casos graves. Não são encontrados sangue ou leucócitos nas
fezes.
Um subgrupo de pacientes infectados desenvolve diarreia crônica com fezes
fétidas, distensão abdominal e eructação fétida. Perda ponderal significativa e
fatiga podem ocorrer. A giardíase crônica ocasionalmente provoca má evolução
ponderal em crianças.
Diagnóstico
Imunoensaio enzimático a procura de antígenos ou teste molecular do DNA
do parasita nas fezes;
Exame microscópico das fezes.
O EIA para detectar antígeno de parasita em fezes é mais sensível que o
exame microscópico. Trofozoítos característicos ou cistos em fezes confirmam
o diagnóstico, mas a eliminação de parasita é intermitente e em baixos níveis
nas infecções crônicas. Portanto, o diagnóstico microscópico pode requerer
exames de fezes repetidos.
A amostra dos conteúdos intestinais superiores também pode apresentar
trofozoítos, mas é raramente necessária. Há testes moleculares disponíveis
para DNA do parasita nas fezes.
Prevenção
A prevenção requer:
Tratamento adequado de água pública;
Preparação higiênica de alimentos;
Higiene fecal-oral adequada;
Lavagem minuciosa das mãos após contato com fezes.
A água pode ser descontaminada por meio de fervura. Cistos de Giardia
resistem a níveis rotineiros de cloração. A eficácia da antissepsia com
compostos contendo iodo é variável e depende da turvação e da temperatura
da água e da duração do tratamento. Alguns dispositivos portáteis de filtração
podem remover cistos de Giardia da água contaminada, mas a eficácia de
vários sistemas de filtragem não foi avaliada completamente.
Oxiuríase
Enterobíase é uma infestação intestinal causada por oxiúros Enterobius
vermicularis, geralmente em crianças, mas membros adultos de suas famílias e
cuidadores, pessoas institucionalizadas e aqueles que têm contato anal-oral
durante o sexo com um parceiro infectado também estão em risco. O principal
sintoma é a coceira perianal. O diagnóstico é feito por meio da inspeção visual
de vermes filiformes na área perianal ou pelo teste do celofane para óvulos. O
tratamento é com mebendazol, pamoato de pirantel ou albendazol.
Cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo, de todas as classes
socioeconômicas, está infectada. A infestação por oxiuros é a infecção
helmíntica mais comum nos Estados Unidos, ocorrendo em cerca de 20 a 42
milhões de pessoas. A maioria dos casos ocorre em crianças em idade escolar
e em crianças mais jovens, membros da família ou cuidadores.
Fisiopatologia
Ovas de oxiúros se tornam infecciosas poucas horas depois de alcançarem o
períneo. A infestação normalmente é o resultado da transferência de ovos da
área perianal para fômites (vestimentas, roupas de cama, mobília, tapetes,
brinquedos, assento de privadas), dos quais os ovos são apanhados pelo novo
hospedeiro, levados à boca e deglutidos. Chupar o dedo polegar é um fator de
risco. A reinfestação (autoinfestação) ocorre facilmente por meio da
transferência de ovos da área perianal para a boca, pelos dedos. Infecções por
oxiuros também tem sido atribuída por contato anal-oral (anilingus) entre
adultos.
Oxiuros alcançam maturidade no trato gastrintestinal inferior em 2 a 6
semanas. O verme fêmeo migra dos anus para a região perianal (normalmente
à noite) para depositar ovos. A substância pegajosa e gelatinosa na qual os
óvulos são depositados e os movimentos dos vermes fêmeas provocam
pruridos perianais. Os óvulos podem sobreviver em fômites por 3 semanas à
temperatura ambiente.
Sinais e Sintomas
A maioria dos infectados não apresenta sintomas ou sinais, mas alguns
experimentam prurido perianal e desenvolvem escoriações perianais. Pode
ocorrer infecção bacteriana secundária da pele e dos pulmões. Em alguns
casos, a fêmea migra pelo trato genital feminino humano, causando vaginite e,
em raras ocasiões, lesões peritoneais.
Muitas outras condições são atribuídas à infestação por oxiuros (p. ex., dor
abdominal, insônia, convulsões), mas uma relação causal é improvável.
Oxiuros obstruem o lúmen do apêndice, em casos de apendicites, mas a
presença dos parasitas pode ser coincidência.
Diagnóstico
Exame da região perianal em busca de vermes, ovos ou ambos
Pode-se diagnosticar infestação por oxiúros detectando fêmeas que têm 8 a 13
mm de comprimento (machos têm 2 a 5 mm) na região perianal, 1 ou 2 horas
depois de a criança ir para o leito à noite ou pela manhã, ou pela detecção de
ovos em fita de celofane à microscopia. As amostras são coletadas pela manhã
antes de a criança se levantar, colocando-se uma tira de celofane gomada nas
dobras perianais; a face gomada da tira é colocada em uma lâmina e
observada microscopicamente. Os ovos de 50 × 30 micron possuem formato
oval e casca fina e contêm larvas no seu interior. Uma gota de tolueno entre a
fita e a lâmina dissolve o adesivo e elimina bolhas de ar sob a fita, que pode
impedir a identificação dos ovos. Esse procedimento deve ser repetido em 3
manhãs sucessivas se necessário.
Ocasionalmente, pode-se fazer o diagnóstico examinando amostras colhidas
sob as unhas do paciente. Os ovos também podem ser encontrados nas fezes,
na urina, ou em secreções vaginais, mas com menos frequência.
Prevenção
A reinfestação por oxiúros é comum, pois ovos viáveis podem ser excretados
depois de 1 semana da terapêutica e ovos depositados no meio ambiente
antes da terapêutica podem sobreviver 3 semanas. O tratamento da família
inteira pode ser necessário porque infestações múltiplas dentro da casa são
uma regra. Os seguintes podem ajudar a prevenir a propagação de oxiúros:
Lavar as mãos com sabão e água morna após usar o banheiro, após trocar
fraldas e antes de manipular alimentos (a forma mais bem-sucedida);
Lavar roupas, roupas de cama e brinquedos com frequência;
Se as pessoas estão infectadas, tomar banho todos os dias para ajudar a
remover os ovos da pele;
Usar aspirador de pó para limpar o ambiente e tentar eliminar os ovos;
Evitar contato oral-anal durante o sexo.
Teníase/cisticercose
A infecção por Taenia solium (teníase) é uma infecção intestinal por tênias
adultas provenientes da ingestão de carne de porco contaminada. Cisticercose
é a infecção causada pelas larvas de T. solium, que se desenvolve depois da
ingestão de ovos excretados nas fezes humanas. Vermes adultos podem
produzir sintomas gastrintestinal leves ou passagem de segmentos móveis nas
fezes. Na cisticercose, os sintomas geralmente estão ausentes, exceto se
larvas invadirem o sistema nervoso central, resultando em neurocisticercose, a
qual pode causar convulsões e vários outros sinais neurológicos. A
neurocisticercose pode ser reconhecida em exames de imagem do cérebro.
Pouco menos da metade dos pacientes com neurocisticercose apresenta T.
solium adulta nos seus intestinos e, portanto, ovos ou proglotes nas fezes.
Vermes adultos podem ser erradicados com praziquantel. O tratamento
sintomático da neurocisticercose é complicado; é feito com corticoides,
anticonvulsivantes e, em algumas situações, albendazol ou praziquantel.
Cirurgia pode ser necessária.
Apresentação, diagnóstico e tratamento da infecção intestinal por tênias
adultas T. solium são semelhantes àqueles da infecção por T. saginata (tênia
da carne bovina). O tamanho da T. solium adulta varia de 2 a 8 metros.
Porém, seres humanos também podem agir como hospedeiros intermediários
para larvas de T. solium se ingerirem ovos de T. solium presentes em excretas
humanas (Ciclo de vida do Taenia solium). Alguns especialistas postulam que
se uma tênia adulta estiver presente no intestino, proglotes prenhes
(segmentos de tênias) podem passar de forma retrógrada do intestino para o
estômago, no qual oncosferas (forma imatura do parasita inserida em um
invólucro embrionário) podem eclodir e migrar para tecidos subcutâneos,
músculos, vísceras e sistema nervoso central.
As tênias adultas podem residir no intestino delgado durante anos. Ele chega a
ter 2 a 7 m de comprimento e produzem até 1.000 proglotes; cada um dos
quais contém cerca de 50.000 ovos.
Fisiopatologia
Sinais e Sintomas
Infecção intestinal
Seres humanos infectados com vermes adultos de T. solium são
assintomáticos ou apresentam queixas gastrintestinal leves. Eles podem ver
proglotes nas suas fezes.
Cisticercose
Na maioria dos órgãos, os cisticercos viáveis (forma larval) causam reação
mínima ou nenhuma reação no tecido, mas a morte dos cistos no sistema
nervoso central, olhos ou medula espinal pode liberar antígenos que provocam
uma resposta tecidual intensa. Dessa forma, com frequência os sintomas não
aparecem durante anos depois da infecção.
A infecção cerebral (neurocisticercose) pode provocar sintomas graves,
decorrentes do efeito de massa e da inflamação induzidos pela degeneração
dos cisticercos e liberação de antígenos.
Dependendo da locação e do número de cisticercos, os pacientes com
neurocisticercose podem apresentar convulsões, sinais de hipertensão
intracraniana, hidrocefalia, sinais neurológicos focais, estado mental alterado,
ou meningite asséptica. Os cisticercos também podem infectar a medula
espinal, os músculos, os tecidos subcutâneos e os olhos. Imunidade
secundária significativa se desenvolve após infecção larval.
Diagnóstico
Exame microscópico de fezes para presença de ovos e proglotes;
CT e/ou MR e teste sorológico em pacientes com sintomas no sistema
nervoso central.
A infecção intestinal por vermes adultos T. solium geralmente pode ser
diagnosticada por exame microscópico das amostras de fezes e identificação
dos ovos e/ou proglotes. Mas os ovos são indistinguíveis daqueles de T.
saginata e T. asiatica. Ovos de T. solium estão presentes em ≤ 50% das
amostras de fezes de pacientes com cisticercose.
O diagnóstico da neurocisticercose é normalmente feito quando TC ou RM é
realizada para avaliar sintomas neurológicos. Exames cuidadosos podem
mostrar nódulos sólidos, cisticercos, cistos, cistos calcificados, lesões com
reforço em anel ou hidrocefalia. Os ensaios imunoenzimáticos (utilizando uma
amostra de soro) do Centers' for Disease Control and Prevention são muito
específicos e mais sensíveis do que outros imunoensaios enzimáticos
(particularmente quando houver > 2 lesões no sistema nervoso central; a
sensibilidade é mais baixa quando houver apenas um único cisto).
Prevenção
Pode-se prevenir a infecção intestinal por T. solium cozinhando cortes inteiros
de carne de porco a ≥ 63° C aferidos com termômetro alimentar colocado na
parte mais espessa da carne, permitindo a seguir que a carne descanse por 3
minutos antes de cortar ou consumir. Deve-se cozinhar a carne de porco moída
a ≥ 71° C. A carne de porco moída não requer um período de descanso.
A identificação e o tratamento dos portadores de T. solium adultas são uma
importante medida de prevenção da cisticercose. Nos EUA, a transmissão
ocorreu quando as pessoas que foram infectadas em áreas endêmicas tinham
T. solium no intestino e então contaminaram os alimentos com as fezes. É
muito importante instruir aqueles que manipulam alimentos de regiões
endêmicas a seguir as boas práticas de lavagem das mãos.
Ao viajar para as regiões endêmicas com más condições de saneamento, as
pessoas devem ter o cuidado de evitar alimentos que possam estar
contaminados por fezes humanas e evitar o consumo de carne de porco crua
ou inadequadamente cozida.
Neurocisticercose
Vermes parasitas helmínticos infectam o sistema nervoso central de milhões de
pessoas nos países em desenvolvimento. Pessoas infectadas que visitam ou
imigram para áreas não endêmicas, incluindo os EUA, podem introduzi-los na
região. Os vermes podem causar meningite, encefalite, lesão expansiva
cerebral, hidrocefalia, acidente vascular encefálico e mielopatia.
Fisiopatologia
Aproximadamente 20 helmintos que podem causar distúrbios neurológicos,
sem dúvida a tênia do porco (Taenia solium) é responsável pela maioria dos
casos no Ocidente. A doença resultante é a neurocisticercose. Quando uma
pessoa ingere alimento contaminado com ovos do verme, as larvas migram
para os tecidos, incluindo encéfalo, medula espinal e vias liquóricas, formando
cistos. O diâmetro do cisto raramente ultrapassa 1 cm no parênquima neural e
5 cm nas vias liquóricas. Cistos mais antigos frequentemente se calcificam.
Sinais e Sintomas
Os cistos do parênquima cerebral causam poucos sintomas até que a morte
dos vermes determine inflamação local, gliose e edema, causando crises
epilépticas (mais comuns), deficits neurológicos focais ou cognitivos, ou
alterações de personalidade. Cistos grandes situados nas vias liquóricas
podem provocar hidrocefalia obstrutiva. Os cistos podem romper-se no líquor,
causando meningite eosinofílica aguda ou subaguda. Sem tratamento, a
neurocisticercose pode causar morte; as causas de morte incluem encefalite,
meningite, hidrocefalia e convulsões não tratadas.
Diagnóstico
Suspeita-se de neurocisticercose em pacientes que moraram ou são oriundos
de países em desenvolvimento e que apresentam meningite eosinofílica ou
convulsões inexplicáveis, déficits focais ou cognitivos ou alterações da
personalidade. Sua presença é sugerida por múltiplas lesões císticas
calcificadas observadas em TC ou RM; um meio de contraste pode intensificar
as lesões. O diagnóstico requer testes sorológicos no líquor e no soro e,
ocasionalmente, biópsia do cisto.
Toxocaríase
Toxocaríase é uma infecção humana causada por larvas de ascarídeos
nematoideos que ordinariamente infectam animais. Os sintomas são febre,
anorexia, hepatosplenomegalia, exantema, pneumonite, asma, ou distúrbio
visual. O diagnóstico é feito por meio de imunoensaio enzimático. O tratamento
é feito com albendazol ou mebendazol. Corticoides podem ser associados nos
casos de sintomas intensos ou envolvimento ocular.
Fisiopatologia
Os ovos de Toxocara canis, T. cati e outros helmintos ascarídeos animais
amadurecem no solo e infectam cães, gatos e outros animais. Seres humanos
podem acidentalmente ingerir ovos no solo contaminado com fezes de animais
infectados ou podem ingerir hospedeiros transferidos infectados mal-cozidos
(p. ex., coelhos). Os ovos eclodem no intestino humano. As larvas penetram na
parede do intestino e podem migrar para fígado, pulmões, sistema nervoso
central, olhos, ou outros tecidos. O dano tecidual é causado pelo parasita e
pela resposta imune local que ele provoca. As larvas normalmente não
completam o desenvolvimento no corpo humano, mas podem permanecer
vivas durante muitos meses.
Sinais e Sintomas
Larva migratória visceral
Larva migrans visceral (VLM) consiste em febre, anorexia,
hepatosplenomegalia, exantema, pneumonite e sintomas asmáticos,
dependendo dos órgãos afetados. Larvas de outros helmintos incluindo
Baylisascaris procyonis, Strongyloides spp e Paragonimus spp podem causar
sinais e sintomas semelhantes quando migram pelo tecido.
LMV ocorre principalmente em crianças de 2 a 5 anos com história de geofagia
ou em adultos que ingerem argila.
A síndrome é autolimitada em 6 a 18 meses, se não houver nova ingestão de
ovos. Mortes decorrentes de invasão do cérebro ou no coração raramente
acontecem.
Prevenção
Infecção em filhotes de cães por T. canis é comum nos Estados Unidos;
infecção por T. cati em gatos é menos comum. Mas ambos os animais devem
ser regularmente vermifugados. O contato com lixo ou areia contaminado com
fezes de animais deve ser minimizado. As caixas de areia devem ser cobertas.
Fontes: https://www.scielo.br/j/rsbmt/a/mZ5LDvh4DGYYFxZPv7JPjsF/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/rsbmt/a/cRnWV3NZQd4FZDqc8krxm4N/?lang=pt
https://www.ufrgs.br/lacvet/site/wp-content/uploads/2013/05/fabiana.pdf
https://editoraime.com.br/revistas/index.php/rems/article/view/754
http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-
62232016000500093
http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/46629/1/2019_dis_fvfsilva.pdf
https://www.scielosp.org/article/csc/2019.v24n1/219-228/
2) De acordo com as verminoses citadas na questão anterior, quais seriam as
condutas de tratamento e orientações para o paciente e para as pessoas do
seu convívio?
Resposta:
Tratamento para Ancilostomose
Fármacos anti-helmínticos
Infecção intestinal por ancilostomíase
Trata-se a infecção intestinal por ancilostomíase com fármacos anti-
helmínticos. Pode-se usar um destes fármacos:
Albendazol, 400 mg por via oral em dose única
Mebendazol, 100 mg por via oral duas vezes por dia por 3 dias, ou 500 mg
em dose única.
Pantarato de pirantel, 11 mg/kg (dose máxima de 1 g) por via oral uma vez
ao dia, durante 3 dias
Esses fármacos só devem ser usados na gestação se os benefícios superam
os riscos. Ivermectina não é recomendada para infecção intestinal por
ancilostomíase.
São necessários apoio geral e correção da anemia por deficiência de ferro se a
infecção for intensa.
Fontes: https://www.scielo.br/j/rsbmt/a/mZ5LDvh4DGYYFxZPv7JPjsF/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/rsbmt/a/cRnWV3NZQd4FZDqc8krxm4N/?lang=pt
https://www.ufrgs.br/lacvet/site/wp-content/uploads/2013/05/fabiana.pdf
https://editoraime.com.br/revistas/index.php/rems/article/view/754
http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-
62232016000500093
http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/46629/1/2019_dis_fvfsilva.pdf
https://www.scielosp.org/article/csc/2019.v24n1/219-228/
SP5 “Damásio e Demétrio Karpos
A família de Damásio Antônio Karpos é formada por sete pessoas. Damásio, 78 anos, é
proprietário da Karpos Materiais de Construção, a mais tradicional casa do ramo no Distrito
Norte de POLIS. Os filhos, Kristopher M. Karpos (47 anos) e Demétrio M. Karpos (50 anos) são
casados, respectivamente, com Juliara Mendes (31 anos) e Evangeline Silva, 43 anos. Todos
trabalham na loja do patriarca. A esposa de Damásio, Hélade Maximus, faleceu há 3 anos em
decorrência de complicações do Diabetes Mellitus. A família voltou a crescer com a chegada de
Flavian, um garoto de 3 anos, adotado por Kristopher e Juliara. Velma M. Karpos (28 anos) é
solteira e a primeira neta de Damásio. Por estímulo de seu pai Demétrio, Velma estuda
arquitetura e trabalha na loja da família. Todos moram num domicílio de 20 cômodos. Demétrio
assumiu a gerência da loja após o início do tratamento do pai, há 7 anos, que foi diagnosticado
com câncer de próstata. O tratamento envolveu cirurgia e radioterapia. Após a cirurgia, foi
encaminhado para à UBS Tarento que acompanha sua condição clínica, em parceria com o
Ambulatório de Especialidades de POLIS que faz um rigoroso controle laboratorial e clínico.
O estudante Diógenes Uchoa Camargo, 18 anos, acompanha a família Karpos desde que
iniciou a 1ª série do Curso de Medicina da UniPOLIS. Vinculado à Unidade Básica Tarento,
Diógenes fazia visitas domiciliárias e acompanhava o Sr. Damásio nas consultas, no
ambulatório de especialidades. Embora nunca tivesse se encontrado com Demétrio, Diógenes
tem informações sobre todos os membros da família. Nesse período de isolamento social, o
contato com o Sr. Damásio vem sendo realizado pelo WhatsApp, por videochamada.
Coincidentemente, num dos contatos por videochamada com o Sr. Damásio, Demétrio se
interessou pela utilização do aplicativo para acompanhamento médico e solicitou que Diógenes
agendasse uma videochamada com ele. No dia e hora agendados, após os cumprimentos
iniciais, Demócrito explica:
Fatores de Risco
Existem alguns fatores que podem aumentar as chances de um homem
desenvolver câncer de próstata. São eles:
Idade: o risco aumenta com o avançar da idade. No Brasil, a cada dez
homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos.
Histórico de câncer na família: homens cujo pai, avô ou irmão tiveram
câncer de próstata antes dos 60 anos, fazem parte do grupo de risco.
Sobrepeso e obesidade: estudos recentes mostram maior risco de câncer
de próstata em homens com peso corporal mais elevado.
Sinais e Sintomas
Na fase inicial, o câncer de próstata pode não apresentar sintomas e, quando
apresenta, os mais comuns são:
Dificuldade de urinar;
Demora em começar e terminar de urinar;
Sangue na urina;
Diminuição do jato de urina;
Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite.
Diagnóstico
Triagem por exame de toque retal (ETR) e antígeno prostático específico
(PSA);
Avaliação das alterações por meio de biópsia transretal por agulha;
Graduação histológica;
Estadiamento por TC e mapeamento ósseo
Algumas vezes, são palpadas endurações pétreas ou nódulos no exame retal
digital, mas geralmente o exame é normal; a enduração e a nodularidade
sugerem câncer, mas devem ser diferenciadas de prostatite granulomatosa,
cálculos prostáticos e outras doenças prostáticas. A extensão da enduração
para a vesícula seminal e a fixação lateral da glândula sugerem câncer
prostático localmente avançado. Os cânceres de próstata detectados por
exame retal digital tendem a ser grandes e > 50% estendem-se através da
cápsula.
O diagnóstico do câncer de próstata exige confirmação histológica, mais
comumente por biópsia com agulha guiada por ultrassom transretal (TRUS,
transrectal ultrassound), que pode ser realizada em clínica ambulatorial, sem
anestesia geral. As áreas hipoecoicas têm maior probabilidade de apresentar
câncer. Ocasionalmente o câncer da próstata é diagnosticado incidentalmente
no tecido removido durante a cirurgia para hiperplasia benigna da próstata
(HPB). RM multiparamétrica está sendo investigada como uma forma de
determinar quais pacientes precisam de biópsia, mas seu uso não está
generalizado. RM multiparamétrica é útil para fazer o acompanhamento de
homens com biópsia inicial negativa ou de homens que estão sob vigilância
ativa (conduta expectante).
Triagem
A maioria dos casos é detectada por triagem com concentrações do antígeno
prostático específico (PSA) (e algumas vezes por exame retal digital). A
triagem é comumente realizada anualmente em homens com > 50 anos de
idade, mas às vezes começa mais precocemente em homens de alto risco (p.
ex., aqueles com história familiar de câncer da próstata e negros). A triagem
geralmente não é recomendada para homens com uma expectativa de vida <
10 a 15 anos. Resultados anômalos são investigados mais aprofundadamente
usando biópsia por agulha guiada por TRUS.
Ainda é incerto se a triagem diminui a morbidade e a mortalidade ou se
quaisquer ganhos resultantes da triagem superam a diminuição da qualidade
de vida resultante do tratamento dos cânceres assintomáticos. A triagem é
recomendada por algumas organizações profissionais e desencorajada por
outras. Uma análise conjunta recente do ERSPC (European Randomized Study
for Screening of Prostate Cancer) e dados de ensaio para PPCO (próstata,
pulmão, colorretal e ovário) sugerem que a triagem em ambos os ensaios
demonstrou redução da mortalidade por câncer de próstata ao controlar as
diferenças de intensidade da triagem apesar da alta taxa de contaminação no
braço de controle do PLCO (1,2) . Como resultado, em 2017, a United States
Preventive Services Task Force estava reconsiderando completamente sua
recomendação de 2012 contra o monitoramento do câncer de próstata (nível D)
com um possível benefício (nível C) em homens com menos de 70 anos. A
maioria dos pacientes com cânceres recém-diagnosticados da próstata
apresenta toque retal normal e a dosagem de PSA não é o teste de triagem
ideal. Apesar do PSA elevar-se em 25 a 92% dos pacientes com câncer da
próstata (dependendo do volume do tumor), também está moderadamente
elevado em 30 a 50% dos pacientes com hiperplasia benigna da próstata
(dependendo do tamanho da próstata e do grau de obstrução), em alguns
fumantes e por várias semanas após prostatites.
Considera-se um nível de ≥ 3 ng/mL [3 microgramas (mcg)/L] uma indicação
para biópsia em homens > 50 anos. Apesar das concentrações muito elevadas
serem significativas (sugerindo extensão extracapsular do tumor ou
metástases), está claro que a probabilidade de câncer aumenta em paralelo ao
aumento das concentrações de PSA e não há nível de corte abaixo do qual não
haja risco.
Em pacientes assintomáticos, o valor pre-ditivo positivo de câncer é 67% para
PSA > 10 ng/mL (10 mcg/L) e 25% para PSA entre 4 e 10 ng/mL (10 mcg/L);
evidências recentes indicam 15% de prevalência de câncer em homens com ≥
55 anos com PSA < 4 ng/dL (4 mcg/L) e incidência de 10% com PSA entre 0,6
e 1,0 ng/mL (0,6 e 1,0 mcg/L). Mas o câncer que apresenta essas
concentrações mais baixas tende a ser menor (em geral < 1 mL) e de grau
mais baixo, apesar do câncer de alto grau (classificação de Gleason de 7 a 10)
poder ocorrer com qualquer concentração de PSA; talvez 15% dos cânceres
que se manifestam com PSA < 4 ng/dL (4 mcg/L) sejam de alto grau. Apesar
de aparentemente o nível de corte de 4 ng/mL (4 mcg/L) deixar de identificar
alguns cânceres potencialmente graves, o custo e a morbidade resultantes do
número aumentado de biópsias necessárias para encontrá-los ainda são
incertos.
A decisão de biópsiar ou não pode ser auxiliada por outros fatores relacionados
com o PSA, mesmo na ausência de história familiar de câncer da próstata. Por
exemplo, a velocidade de alteração do PSA deve ser < 0,75 ng/mL/ano (0,75
mcg/L/ano; menor em pacientes mais jovens). Geralmente, recomenda-se
biópsia para velocidades de PSA > 0,75 ng/mL/ano (0,75 mcg/L/ano).
Os ensaios para determinação da relação entre PSA livre e total e PSA
complexo são mais específicos dos tumores do que as medidas-padrão de
PSA e podem reduzir a frequência de biópsias em pacientes sem câncer. O
câncer da próstata também está associado a menos PSA livre; ainda não há
ponto de corte-padrão estabelecido, mas geralmente as concentrações < 10 a
20% indicam biópsia. Outras isoformas de PSA e novos marcadores para
câncer da próstata têm sido estudados. Nenhuma dessas responde a todas as
questões sobre o PSA, levando também à realização de muitas biópsias.
Muitos novos testes (p. ex., o antígeno do câncer de próstata urinário 3 [PCA-
3]), Prostate Health Index, 4Kscore, SelectMDX urinários estão comercialmente
disponíveis e podem ser úteis para a tomada decisão sobre triagem.
Os médicos devem discutir os riscos e benefícios da dosagem de PSA com
seus pacientes. Alguns pacientes preferem erradicar o câncer a todo custo,
independentemente do quão baixo é o potencial de progressão e da
possibilidade de metástase e podem preferir o exame anual de PSA. Outros
podem valorizar muito a qualidade de vida e podem aceitar alguma incerteza;
podem preferir menor frequência de exames de PSA (ou mesmo nenhuma
dosagem).
Homens com câncer de próstata recém-diagnosticado devem passar por testes
de mutação germinativa e aconselhamento genético para determinar se têm
histologia intraductal, forte história familiar de câncer de próstata ou história
familiar conhecida de mutações BRCA1/2/síndrome de Lynch.
Estadiamento e graduação
A graduação, baseada na arquitetura do tumor em relação à estrutura glandular
normal, auxilia a prever a agressividade do tumor. A graduação leva em conta
a heterogeneidade histológica do tumor. A classificação de Gleason é
comumente utilizado. O padrão mais prevalente e o segundo padrão mais
prevalente recebem um grau de 1 a 5 e os dois graus são acrescentados para
produzir a classificação total. A maioria dos especialistas considera uma
classificação ≤ 6 bem diferenciado; 7, moderadamente diferenciado; e de 8 a
10, mal diferenciado. Quanto mais baixa a pontuação, menos agressivo e
invasivo é o tumor e melhor é o prognóstico. Para tumores focalizados, a
pontuação de Gleason ajuda a prever a probabilidade de penetração capsular,
invasão da vesícula seminal e disseminação para linfonodos. Graus 1 e 2 de
Gleason foram excluídos; como resultado, a menor pontuação possível (3 + 3)
é 6. Mas uma classificação de Gleason de 6 não parece baixo em uma escala
que vai de 2 a 10.
O Grade Group é um escore mais recente para ajudar a comunicar isso aos
pacientes, e para simplificar a classificação patológica. Esse novo sistema de
classificação foi aceito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2016:
Grupo grau 1 = Gleason 3+3
Grupo grau 2 = Gleason 3+4
Grupo grau 3 = Gleason 4+3
Grupo grau 4 = Gleason 8
Grupo grau 5 = Gleason 9 e 10
Tumor T2b, classificação de Gleason 7, ou PSA > 10 ng/mL (10 mcg/L) são
considerados de risco intermediário pela maioria dos especialistas. Tumor T2c,
Classificação de Gleason ≥ 8, ou PSA > 20 ng/mL (20 mcg/L; ou 2 fatores de
risco intermediário) geralmente são de alto risco.
Pode-se estimar o risco de propagação do câncer pelo estágio do tumor,
classificação de Gleason e nível de PSA:
Baixo risco: estágio ≤ T2a, classificação de Gleason ≤ 6 e nível de PSA ≤ 10
ng/mL (10 mcg/L);
Risco intermediário: estágio T2b, classificação de Gleason = 7, ou nível de
PSA ≥ 10 (10 mcg/L) e ≤ 20 ng/mL (20 mcg/L);
Alto risco: estágio ≥ T2c, classificação de Gleason ≥ 8, ou PSA ≥ 20 ng/mL
(20 mcg/L).
Prognóstico
O prognóstico para a maioria dos pacientes com câncer da próstata, em
especial quando localizado ou regional, é muito bom. A expectativa de homens
idosos com câncer da próstata difere pouco da de homens com mesma idade e
sem câncer da próstata, dependendo da idade e das comorbidades. Para
vários pacientes, o controle local a longo prazo e até a cura são possíveis. O
potencial de cura, mesmo quando o câncer estiver clinicamente localizado,
depende do grau e do estágio do tumor. Sem tratamento precoce, os pacientes
com cânceres de graus elevados mal diferenciados apresentam prognóstico
reservado. Câncer da próstata indiferenciado, carcinoma de células escamosas
e carcinoma ductal transicional respondem mal aos tratamentos habituais. O
câncer metastático não tem cura. A expectativa média de vida é 1 a 3 anos,
embora alguns pacientes possam viver por vários anos.
Tratamento
Para câncer localizado na próstata, cirurgia ou radioterapia;
Para câncer fora da próstata, tratamento paliativo hormonal, radioterapia ou
quimioterapia;
Para alguns homens com cânceres de baixo risco, vigilância ativa sem
tratamento.
O tratamento é orientado por PSA (prostate-specific antigen), grau e extensão
do tumor, idade do paciente, doenças coexistentes e expectativa de vida. O
objetivo do tratamento pode ser:
Vigilância ativa;
Local (direcionado para a cura);
Sistêmico (direcionado para reduzir ou limitar a extensão do tumor).
A maioria dos pacientes, independentemente da idade, prefere o tratamento
definitivo se o câncer é potencialmente curável ou fatal. Entretanto, o
tratamento é paliativo em vez de definitivo se o câncer se disseminou para fora
da próstata porque a cura improvável. Espera vigilante pode ser usada para
homens improváveis de se beneficiarem da terapia definitiva (p. ex., por causa
de idade avançada ou comorbidade); esses pacientes são tratados com
medidas paliativas se os sintomas se desenvolvem.
Vigilância ativa
Apenas a observação pode ser apropriada para pacientes assintomáticos com
> 70 anos de idade, com baixo risco ou possivelmente para casos de câncer de
risco intermediário localizado, caso coexistam doenças limitadoras; nestes
pacientes, o risco de morte em decorrência de outras causas é maior que
aquele decorrente do câncer da próstata. Essa abordagem requer exame de
toque retal (ETR) periódico, dosagens de PSA e monitoramento dos sintomas.
Para pacientes mais jovens e sadios com câncer de baixo risco, a vigilância
ativa também requer biópsias repetidas periódicas. O intervalo ideal entre as
biópsias não foi estabelecido, mas a maioria dos especialistas concorda que
deve ser ≥ 1 ano, possivelmente menos frequente se as biópsias foram
repetidamente negativas. Se o câncer progredir, é necessário tratamento. Ao
redor de 30% dos pacientes submetidos à vigilância ativa eventualmente
necessitarão de tratamento. Em homens mais velhos, a vigilância ativa resulta
na mesma taxa de sobrevida global que a prostatectomia; entretanto, pacientes
submetidos à cirurgia têm risco significativamente menor de metástases a
distância e mortalidade por causas específicas da doença.
Terapias locais
O objetivo da terapia local é curar o câncer de próstata e pode, portanto, ser
também chamada terapia definitiva. Prostatectomia radical, algumas formas de
radioterapia e crioterapia são opções primárias. Aconselhamento cuidadoso
sobre os riscos e benefícios desses tratamentos e considerações das
características específicas do paciente (idade, saúde, características do tumor)
são fundamentais na tomada de decisões.
A prostatectomia radical (remoção de próstata e vesículas seminais e
linfonodos regionais) é provavelmente melhor para pacientes < 70 anos de
idade com tumor confinado à próstata. A prostatectomia é apropriada para
alguns homens idosos, com base em expectativa de vida, doenças
coexistentes e capacidade de tolerar a cirurgia e a anestesia. A prostatectomia
é realizada por meio de uma incisão no abdome inferior. Mais recentemente, a
abordagem laparoscópica auxiliada por robô tem sido utilizada, o que minimiza
a perda sanguínea e o tempo de hospitalização, mas ainda não mostrou alterar
as taxas de morbidade ou mortalidade. As complicações incluem incontinência
urinária (cerca de 5 a 10%), estenose do colo vesical ou uretral (cerca de 7 a
20%), disfunção erétil (cerca de 30 a 100% — depende muito da idade e da
função atual) e lesão retal (1 a 2%). A prostatectomia radical com preservação
dos feixes nervosos reduz as chances de disfunção erétil, mas nem sempre
pode ser realizada, dependendo do estágio e da localização do tumor.
A crioterapia (destruição das células cancerosas da próstata por sondas
congeladas, seguida de descongelamento) é menos bem estabelecida; os
resultados a longo prazo são desconhecidos. Os efeitos adversos incluem
obstrução do colo vesical, incontinência urinária, disfunção erétil e dor ou lesão
retal. A crioterapia não é comumente o tratamento de escolha nos EUA, mas
pode ser usada se a radioterapia não for bem-sucedida.
Radioterapia convencional com feixe externo geralmente aplica 70 Gy em 7
semanas, mas esta técnica foi substituída pela radioterapia 3-D conformacional
ou radioterapia com intensidade modulada (IMRT, intensity modulated radiation
therapy), que emite doses seguras de até 80 Gy à próstata; os dados indicam
que a taxa de controle local é maior, em especial nos pacientes de alto risco.
Para a maioria dos pacientes, em pelo menos 40% ocorre algum grau de
disfunção erétil. Outros efeitos adversos da radioterapia incluem proctite por
irradiação, cistite, diarreia e fadiga e possivelmente estenoses uretrais, em
particular nos pacientes com história anterior de ressecção transuretral da
próstata. Resultados com radioterapia de feixe externo, prostatectomia radical
e monitoramento ativo mostraram-se comparáveis em uma mediana de 10
anos após o tratamento para câncer de próstata localizado, como demonstrado
no estudo ProtecT. Novas formas de radioterapia como a terapia de prótons
são mais caras, e os benefícios em homens com câncer de próstata não estão
claramente estabelecidos. Radioterapia externa também pode desempenhar
um papel se houver câncer após a prostatectomia radical ou se o nível de PSA
começa a subir depois da cirurgia e nenhuma metástase puder ser encontrada.
Evidências recentes também apoiam o uso da radioterapia na próstata em
homens com doença metastática de baixo volume.
A braquiterapia envolve a implantação de sementes radioativas dentro da
próstata através do períneo. Essas sementes emitem ondas de radiação
durante um período finito (geralmente, 3 a 6 meses) e tornam-se então inertes.
Os protocolos de pesquisas estão examinando se os implantes de alta
qualidade utilizados como monoterapia ou os implantes mais a radioterapia de
feixes externos são superiores para pacientes de risco intermediário. A
braquiterapia também reduz a função erétil, apesar do início poder ser
retardado e os pacientes responderem aparentemente melhor ao tratamento
com inibidores da fosfodiesterase tipo 5 do que os pacientes cujos feixes
neurovasculares forem ressecados ou lesionados durante a cirurgia. São
comuns polaciúria, urgência e, com menos frequência, retenção, mas
geralmente desaparecem com o tempo. Outros efeitos adversos incluem
aumento de movimentos intestinais; urgência retal; sangramento ou ulceração;
e fístulas prostatorretais.
UFAI (ultrassom focalizado de alta intensidade) usa energia ultrassônica
intensa administrada por via transretal para remover o tecido prostático. É
usada há muitos anos na Europa e no Canadá e foi recentemente
disponibilizada nos EUA. O papel dessa tecnologia no tratamento do câncer de
próstata está evoluindo; atualmente, parece ser mais adequada para
radioterapia contra o câncer de próstata recorrente.
Se o câncer localizado na próstata é de alto risco, várias terapias podem ser
combinadas (p. ex., para câncer de próstata de alto risco tratado com
radioterapia externa, acrescentar terapia hormonal).
Terapias sistêmicas
Se o câncer se espalhou para além da próstata, a cura é improvável;
geralmente administra-se o tratamento sistêmico que visa diminuir ou limitar a
extensão do tumor.
Pacientes com tumores avançados localmente ou com metástases podem se
beneficiar da privação de androgênios por castração, tanto cirurgicamente por
orquiectomia bilateral quanto clinicamente por agonistas do hormônio liberador
de hormônio luteinizante (LHRH, luteinizing hormone-releasing hormone), como
leuprolida, goserelina, triptorelina, histrelina e buserelina, com ou sem
radioterapia. Antagonistas de LHRH (p. ex., degarelix) também podem diminuir
o nível de testosterona, geralmente mais rapidamente do que os agonistas de
LHRH. Agonistas de LHRH e antagonistas de LHRH geralmente reduzem a
testosterona sérica quase tanto quanto orquiectomia bilateral. Os ensaios
LATITUDE e STAMPEDE mostraram que acrescentar abiraterona e prednisona
(ou prednisolona) ao tratamento convenvional prolongou a sobrevida de
pacientes com câncer de próstata metastático sensível a hormônios. Se os
pacientes têm câncer com muitas metástases sensível a hormônios, também
pode-se considerar a quimioterapia de primeira linha com docetaxel em vez de
abiraterona.
Alguns dados sugerem que sipuleucel-T deve ser utilizado ao primeiro sinal de
CPRA. Em geral, tratamentos para câncer de próstata resistente à ablação são
tentados mais cedo durante o curso da doença e agora mostram benefício nos
casos de câncer metastático sensível a hormônio. Mas a escolha do tratamento
pode envolver muitos fatores, e poucos dados podem estar disponíveis para
ajudar a prever os resultados; assim, instrução do paciente e tomada de
decisão compartilhada são recomendadas.
Para ajudar a tratar e prevenir complicações devido a metástases ósseas (p.
ex., fraturas patológicas, dor, compressão da coluna), um inibidor de
osteoclasto (p. ex., denosumabe, ácido zoledrônico) pode ser usado.
Radioterapia externa tradicional foi utilizada para tratar metástases ósseas
individuais.
Fontes: https://revistas.ufpr.br/academica/article/download/57304/35376
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/11/1025159/conhecimento-e-atitudes-
sobre-o-cancer-de-prostata-no-brasil-r_CB8sZdb.pdf
Fatores de Risco
Para mulheres nos EUA, o risco cumulativo de desenvolver câncer de mama é
12% (1 em 8) aos 95 anos de idade. Boa parte desse risco ocorre após os 60
anos de idade (ver tabela Risco de ser diagnosticada com câncer de mama
invasivo). Esses dados estatísticos podem ser mal interpretados antes de 95
anos de idade, pois o risco cumulativo de desenvolver o câncer em qualquer
período de 20 anos é consideravelmente mais baixo. O risco de morte por
câncer de mama é cerca de 10% 5 anos após o diagnóstico. Os fatores que
podem alterar o risco de desenvolver câncer de mama incluem:
Idade: o fator de risco mais forte para o câncer da mama é a idade. A
maioria dos cânceres de mama ocorre em mulheres > 50.
História familiar: ter parentes em 1º grau (mãe, irmã, filha) com câncer de
mama dobra ou triplica o risco de desenvolver câncer, mas a história em
parentes mais distantes aumenta o risco apenas levemente. Quando ≥ 2
parentes em 1º grau desenvolvem câncer de mama, o risco pode ser 5 a 6
vezes mais elevado.
Fatores de estilo de vida: fumo e álcool podem contribuir para maior risco
de câncer de mama. Mulheres são aconselhadas a parar de fumar e reduzir
o consumo de álcool. Em estudos epidemiológicos, a ingestão de álcool
está associada a maior risco de câncer de mama; no entanto, é difícil
estabelecer a causalidade. A American Cancer Society recomenda não
mais que uma dose de bebida alcoólica por dia para mulheres.
Pode-se usar a Breast Cancer Risk Assessment Tool (BCRAT) ou o modelo de
Gail para calcular o risco em 5 anos de mulheres desenvolverem câncer de
mama ao longo da vida.
Patologia
A maioria dos cânceres de mama é constituída por tumores epiteliais que se
desenvolvem das células do interior dos ductos e lóbulos; menos comuns são
os cânceres não epiteliais das células de suporte do estroma (p. ex.,
angiossarcoma, sarcomas primários do estroma, tumor filoide). O câncer de
mama é dividido em carcinoma in situ e câncer invasivo.
Carcinoma in situ é a proliferação das células neoplásicas dentro dos ductos
e lóbulos e sem a invasão do tecido estromal. Há 2 tipos:
Carcinoma ductal in situ (LCIS): cerca de 85% dos carcinomas in situ são
desse tipo. LCIS é geralmente detectado apenas por mamografia. Pode
envolver uma área pequena ou extensa da mama; se houver uma área
extensa, focos invasivos microscópicos podem se desenvolver ao longo do
tempo.
Carcinoma lobular in situ (CLIS) muitas vezes é multifocal e bilateral.
Existem 2 tipos: clássico e pleomórfico. CLIS clássico não é maligno, mas
aumenta o risco de desenvolver carcinoma invasivo em qualquer mama.
Essa lesão palpável geralmente é detectada por biópsia; raramente é
visualizado em mamografia. CLIS pleomórfico tem um comportamento que
se parece mais parecido com CDIS; ele deve ser excisado para margens
negativas.
O carcinoma invasivo é originariamente um adenocarcinoma. Cerca de 80%
são do tipo ductal infiltrativo; a maior parte dos tumores restantes é do tipo
lobular infiltrativo. Formas histológicas raras incluem carcinomas medulares,
metaplásicos, mucinosos e tubulares. Carcinoma mucinoso tende a
desenvolver em mulheres mais velhas e ser de crescimento lento. Mulheres
com esses tipos raros de câncer de mama têm um prognóstico muito melhor do
que as mulheres com outros cânceres de mama invasivos.
Câncer de mama inflamatório é câncer de crescimento rápido, muitas vezes
fatal. As células neoplásicas bloqueiam os vasos linfáticos na pele da mama;
como resultado, a mama parece inflamada, e a pele parece mais espessa,
semelhante à casca de laranja (peau d'orange). Geralmente, o câncer de
mama inflamatório se espalha para os gânglios linfáticos na axila. Os
linfonodos se parecem com nódulos duros. No entanto, muitas vezes nenhuma
massa é sentida na própria mama porque esse tipo de câncer é disperso por
toda a mama
A doença de Paget mamária (não confundir com a doença óssea metabólica,
também chamada de doença de Paget) é a forma do CDIS que se estende
sobre a pele do mamilo e da aréola, manifestando-se como uma lesão da pele
(p. ex., lesão eczematosa ou psoriafórmica). As células malignas
características, chamadas de células de Paget, estão presentes na epiderme.
Mulheres com doença de Paget do mamilo muitas vezes têm câncer
subjacente invasivo ou in situ.
Fisiopatologia
O câncer de mama invade localmente e se dissemina através dos linfonodos
regionais, da corrente sanguínea, ou de ambos. O câncer de mama metastático
pode afetar qualquer órgão do corpo — mais comumente pulmões, fígado,
ossos, cérebro e pele. A maior parte das metástases cutâneas ocorre na região
da cirurgia mamária; as metástases de couro cabeludo são comuns.
Alguns tipos de câncer de mama podem recidivar mais precocemente do que
outros; muitas vezes, pode-se predizer a recorrência com base em marcadores
tumorais. Por exemplo, o câncer de mama metastático pode ocorrer em 3 anos
nas pacientes cujos marcadores tumorais são negativos ou ocorrem > 10 anos
após o diagnóstico inicial e tratamento para pacientes com tumor positivo para
receptor de estrogênio.
Receptores hormonais
Os receptores de estrogênio e progesterona, presentes em alguns cânceres de
mama, são receptores nucleares de hormônios que promovem a replicação do
DNA e a divisão celular quando estão ligados aos hormônios apropriados.
Assim, os fármacos que bloqueiam esses receptores podem ser úteis no
tratamento de tumores que tenham esses receptores positivos. Cerca de dois
terços das pacientes na pós-menopausa com câncer apresentam tumor
positivo para o receptor de estrogênio (RE+). A incidência de tumores RE+ é
mais baixa nas pacientes em pré-menopausa.
Outro receptor celular é a proteína do receptor do fator de crescimento epitelial
humano 2 (HER2, também chamado HER2/neu ou ErbB2); sua presença está
relacionada a um prognóstico reservado em qualquer estágio do câncer. Em
cerca de 20% das pacientes com câncer de mama, os receptores de HER2 são
superexpressos. Fármacos que bloqueiam esses receptores são parte do
tratamento padrão para essas pacientes.
Sinais e Sintomas
Muitos cânceres de mama são descobertos como uma massa detectada pela
paciente ou durante um exame físico de rotina ou uma mamografia. Com
menos frequência, o sintoma apresentado é dor ou aumento ou espessamento
não definido das mamas.
Triagem
Todas as mulheres devem passar por triagem para câncer de mama. Todas as
sociedades e grupos de profissionais concordam com esse conceito, embora
difiram quanto à idade recomendada na qual iniciar a triagem e a frequência
precisa da triagem. Modalidades de triagem incluem:
Mamografia (incluindo digital e 3-D);
Exame clínico das mamas (ECM) por profissionais de saúde;
Exames de imagem por ressonância magnética (RM) para paciente de alto
risco;
Autoexame de mama (AEM) mensal.
Mamografia
Na mamografia, radiografias de baixa dosagem de ambas as mamas tiradas
em 2 incidências (oblíqua e craniocaudal). A mamografia apresenta maior
acurácia em mulheres mais idosas, porque, com o envelhecimento, o tecido
fibroglandular da mama é substituído por gordura, que pode ser diferenciada
mais facilmente das alterações teciduais. A mamografia é menos sensível em
mulheres com tecido mamário denso, e alguns estados exigem que as
pacientes sejam informadas de que têm tecido mamário denso quando ele é
detectado por mamografia. Mulheres com tecido mamário denso podem exigir
exames de imagem adicionais [p. ex., tomossíntese mamária (mamografia 3D),
RM].
As diretrizes para mamografia de triagem em mulheres com risco médio de
câncer de mama variam, mas, em geral, inicia-se a triagem aos 40, 45 ou 50
anos e é repetida a cada um ou dois anos até os 75 anos ou uma expectativa
de vida de < 10 anos (ver tabela Recomendações para mamografia de câncer
de mama em mulheres com risco médio). Os médicos devem certificar-se de
que as pacientes entendem qual é o risco individual de câncer de mama e
perguntar quais testes elas preferem.
Pode-se usar a Breast Cancer Risk Assessment Tool (BCRAT) ou o modelo de
Gail Model para calcular o risco em 5 anos de mulheres desenvolverem câncer
de mama ao longo da vida. Considera-se que o risco médio durante a vida de
uma mulher desenvolver risco de câncer de mama é < 15%. Preocupações
sobre quando e quantas vezes fazer a triagem mamografia incluem:
Precisão;
Riscos e custos.
Apenas 10 a 15% das anormalidades detectadas em mamografias de rotina
resultam de câncer— a taxa de falso-negativos é 85 a 90%. Resultados falso-
negativos podem exceder a 15%. Muitos dos falso-positivos são causados por
lesões benignas (p. ex., cistos, fibroadenomas), mas há novas preocupações
sobre a detecção de lesões que atendem as definições histológicas de câncer,
mas não para a evolução em câncer invasivo durante a vida de uma paciente.
A acurácia depende em parte do equipamento utilizado e da experiência do
mamografista. Alguns centros usam a mamografia computadorizada (imagens
digitalizadas) para ajudar no diagnóstico. Tais aparelhos podem ser
ligeiramente mais sensíveis para câncer de mama invasivo em mulheres com <
50 anos, quando os resultados são interpretados por radiologistas, mas
provavelmente não quando interpretados por detecção automática do
computador.
Tomossíntese mamária (mamografia 3D), feita com mamografia digital,
aumenta ligeiramente a taxa de detecção de câncer e diminui a taxa de
repetição das imagens; esse teste é útil para mulheres com tecido mamário
denso. Mas o teste expõe às mulheres a quase duas vezes mais radiação do
que a mamografia tradicional.
Embora a mamografia utilize baixas doses de radiação, exposição à radiação
tem efeitos cumulativos sobre o risco de câncer. Quando se inicia a triagem
radiológica em uma idade jovem, o risco de câncer é maior.
Os custos incluem não apenas aquele dos próprios exames, mas os custos e
os riscos dos testes diagnósticos necessários para avaliar os resultados falso-
positivos.
Exame de mama
O valor do autoexame clínico de rotina ou de mama é controverso. Algumas
sociedades como American Cancer Society and the US Preventive Services
Task Force não recomendam nenhuma dessas modalidades de triagem de
rotina em mulheres com risco médio. Outras sociedades, incluindo o American
College of Obstetricians and Gynecologists, defendem o autoexame clínico e
de mama como componentes importantes de triagem para o câncer de mama.
O exame clínico de mama (ECM) geralmente é parte dos cuidados de rotina
anuais para mulheres > 40. Nos EUA, o EMC aumenta em vez de substituir a
triagem mamográfica. No entanto, em alguns países onde a mamografia é
considerada muito cara, o ECM é a única triagem; relatórios sobre sua eficácia
nesse papel variam.
O autoexame de mama (AEM) isoladamente parece não reduzir a taxa de
mortalidade, mas é bastante praticado. Como um AEM negativo pode incitar
algumas mulheres a não realizar a mamografia ou o ECM, é preciso reforçar a
importância desses exames ao ensinar a mulher a efetuar o AEM. As pacientes
devem ser instruídas a realizar o AEM mensalmente. Para mulheres em
menacme, recomenda-se a realização do AEM 2 a 3 dias após o fim da
menstruação.
RM
A RM é melhor que o ECM ou a mamografia para a triagem em mulheres de
alto risco (p. ex., > 20%), como aquelas que apresentam mutações no gene
BRCA. Para essas mulheres, a triagem deve incluir RM, bem como mamografia
e ECM. A RM possui maior sensibilidade, mas pode ser menos específica.
Pode-se recomendar RM para mulheres com tecido mamário denso como parte
da avaliação geral que inclui a avaliação de risco.
Diagnóstico
Triagem por mamografia, exame clínico das mamas e exame de imagem;
Biópsia, incluindo avaliação de receptores de estrogênio e progesterona e
para proteína HER2.
Quando uma anormalidade é detectada durante o exame físico ou por um
procedimento de triagem, é necessário realizar exames para diferenciar as
lesões benignas de câncer. Como a detecção e o tratamento precoces
melhoram o prognóstico, essa diferenciação deve ser conclusiva antes do fim
da avaliação.
Se houver suspeita de câncer avançado com base no exame físico, deve-se
fazer inicialmente uma biópsia; a estratégia é a mesma que a da avaliação de
uma massa na mama, que tipicamente inclui a ultrassonografia. Em todas as
lesões que podem ser câncer devem ser feita biopsia. Uma mamografia
bilateral pré-biópsia pode ajudar a delinear outras aéreas que devem ser
biópsiadas e fornece dados iniciais que servirão como referência no futuro.
Entretanto, os resultados da mamografia não devem alterar a decisão de fazer
a biópsia, se essa decisão se basear em achados físicos.
Biópsia
Biópsia percutânea com agulha é preferida à biópsia cirúrgica. A core biopsy
pode ser feita orientada por imagem ou palpação (mão livre). Rotineiramente,
utiliza-se a biópsia estereotáxica (biópsia com agulha orientada por mamografia
feita em 2 planos a analisada por computador para produzir uma imagem 3-D)
ou biópsia guiada por ultrassom para aumentar a precisão. Clipes são
colocados no local da biópsia para identificá-la.
Se a core biopsy não for possível (p. ex., a lesão é muito posterior), pode-se
fazer biópsia cirúrgica; um fio-guia é inserido, utilizando imagens para
orientação, a fim de ajudar a identificar o local da biópsia.
Qualquer pedaço de pele com o espécime biópsiado deve ser examinado, pois
pode haver células neoplásicas nos vasos linfáticos da derme.
Deve-se obter uma radiografia do espécime retirado cirurgicamente e compará-
la à mamografia pré-biópsia para determinar se toda a lesão foi removida. Se a
lesão original continha microcalcificações, repete-se a mamografia quando a
mama não mais está sensível, geralmente de 6 a 12 semanas após a biópsia,
para verificar microcalcificações residuais. Se a radioterapia está planejada,
deve-se fazer a mamografia antes do início da radioterapia.
Preservação da fertilidade
Pacientes com câncer de mama não devem engravidar durante o tratamento
contra câncer de mama. Entretanto, deve-se encaminhar todas as pacientes
que desejam manter a fertilidade a um endocrinologista reprodutivo para
discutir a preservação da fertilidade antes do início da terapia sistêmica. As
opções para a preservação da fertilidade são:
Técnicas de reprodução assistida (TRA) com estimulação ovariana e
criopreservação de ovócitos e embriões;
Supressão ovariana (p. ex., com leuprolide) para minimizar a destruição de
óvulos pela quimioterapia.
O tipo de câncer de mama, o tratamento previsto e as preferências da paciente
afetam o tipo de técnica de preservação da fertilidade que pode ser utilizada. A
TRA pode ter efeitos adversos em pacientes com tumor positivo para o
receptor de estrogênio.
Prognóstico
O prognóstico a longo prazo depende do estágio do tumor. O estado linfonodal
(incluindo número e localização dos linfonodos) se correlaciona com a
sobrevida livre de doença e sobrevida global melhor do que os outros fatores
prognósticos. O índice de sobrevivência de 5 anos depende do estágio do
câncer:
Localizado (confinado ao local primário): 98,8%
Regional (confinado aos linfonodos regionais): 85,5%
Distante (com metástase): 27,4%
Desconhecido: 54.5%
Tratamento
Cirurgia;
Frequentemente, radioterapia;
Terapia sistêmica; terapia hormonal, quimioterapia ou ambas.
Para a maioria dos cânceres de mama, o tratamento envolve cirurgia,
radioterapia e terapia sistêmica. A escolha do tratamento depende das
características do tumor e da paciente (ver tabela Tratamento por tipo de
câncer de mama). As recomendações para a cirurgia estão evoluindo e incluem
o encaminhamento precoce a um cirurgião plástico ou de reconstrução para
cirurgia oncoplástica (que combina a remoção do câncer com a reconstrução
da mama).
Cirurgia
A cirurgia envolve mastectomia ou cirurgia conservadora da mama mais
radioterapia.
Mastectomia é a remoção de toda a mama, havendo os seguintes tipos:
Mastectomia poupadora da pele: poupa os músculos peitorais e pele o
suficiente para cobrir a ferida, tornando a reconstrução da mama muito mais
fácil, e poupa linfonodos axilares.
Mastectomia poupadora do mamilo: mesma que a mastectomia poupadora
da pele, mas também conserva o mamilo e a aréola.
Mastectomia simples: poupa os músculos peitorais e linfonodos axilares.
Mastectomia radical modificada: poupa os músculos peitorais e remove
alguns linfonodos axilares.
Mastectomia radical: remove os linfonodos axilares e os músculos peitorais.
A mastectomia radical raramente é feita, a menos que o câncer tenha invadido
os músculos peitorais.
Radioterapia
Indica-se radioterapia depois de mastectomia se qualquer um dos seguintes
está presente:
O tumor primário tem ≥ 5 cm;
Nódulos axilares estão envolvidos.
Nesses casos, a radioterapia após a mastectomia reduz consideravelmente a
incidência de recorrência local na parede torácica e nos linfonodos regionais e
melhora a taxa geral de sobrevida.
Radioterapia após cirurgia conservadora da mama reduz significativamente a
incidência de recorrência local na mama e nos linfonodos regionais e pode
melhorar a taxa geral de sobrevida. Mas se as pacientes têm > 70 anos e
apresentam câncer de mama ER+ precoce, o acréscimo de radioterapia à
mastectomia mais tamoxifeno pode não ser necessária; isso não diminui
significativamente a taxa de mastectomia para recidiva local ou a ocorrência de
metástases à distância nem aumenta a taxa de sobrevida.
Nos EUA, a maioria das mulheres com câncer de mama têm câncer de mama
ER+/PR+/HER- com linfonodos axilares negativos. Nessas mulheres, um
escore baixo ou intermediário no estudo de classificação de recorrência de 21
genes prediz taxas de sobrevida semelhantes com quimioterapia mais terapia
hormonal e apenas terapia hormonal. Portanto, nesse subconjunto de mulheres
com câncer de mama, a quimioterapia neoadjuvante pode não ser necessária.
Regimes de quimioterapia de combinação são mais eficazes do que um único
fármaco. Regimes de dose densa administrados por 4 a 6 meses são
preferidos; nos regimes de dose densa, o tempo entre as doses é mais curto do
que em regimes de dose padrão. Existem muitos esquemas; um comumente
utilizado é ACT (doxorrubicina mais ciclofosfamida seguida de paclitaxel). Os
efeitos adversos agudos dependem do regime escolhido, mas, em geral,
incluem náuseas, vômitos, mucosite, fadiga, alopecia, mielossupressão,
cardiotoxicidade e trombocitopenia. Fatores de crescimento que estimulam a
medula óssea (p. ex., filgrastim, pegfilgrastim) são comumente usados para
reduzir o risco de febre. Os efeitos adversos a longo prazo são pouco
frequentes na maioria dos regimes; a morte decorrente de infecção ou
sangramento é rara (< 0,2%).
A quimioterapia de alta dose, associada a transplante de medula óssea ou de
células-tronco, não oferece vantagem sobre a terapia padrão e não deve ser
utilizada.
Se os tumores superexpressarem HER2 (HER2+), pode-se usar fármacos anti-
HER2 (trastuzumabe, pertuzumabe). Acrescentar o anticorpo monoclonal
humanizado trastuzumabe à quimioterapia fornece benefício substancial. O
trastuzumabe geralmente é usado por um ano, apesar de não se saber seu
tempo ideal de uso. Se houver envolvimento de linfonodos, o acréscimo de
pertuzumabe ao trastuzumabe melhora a sobrevida livre da doença. Um
potencial efeito adverso grave desses dois fármacos anti-HER2 é a diminuição
da fração de ejeção cardíaca.
Com a terapia hormonal (p. ex., tamoxifeno, raloxifeno, inibidores de
aromatase), o benefício depende da expressão do receptor de estrogênio e
progesterona; o benefício é:
Máximo quando os tumores expressaram receptores de estrogênio e
progesterona;
Melhor quando só têm receptores de estrogênio;
Mínimo quando têm apenas receptores de progesterona;
Ausente quando não têm nenhum receptor.
Em pacientes com tumores ER+, particularmente tumores de baixo risco, a
terapia hormonal pode ser usada em vez de quimioterapia.
Doença metastática
Qualquer indício de metástase deve ser investigado imediatamente. O
tratamento das metástases aumenta a sobrevida média em 6 meses ou mais.
Essas terapias (p. ex., quimioterapia) relativamente tóxicas podem aliviar os
sintomas e melhorar a qualidade de vida. Porém, a decisão de submeter-se ao
tratamento é altamente pessoal. A escolha da terapia depende do:
Estado do receptor hormonal do tumor;
Tempo de intervalo livre de doença (do diagnóstico à manifestação das
metástases);
Número de locais acometidos por metástases;
Estado menopausal da paciente.
A maioria das pacientes com doença metastática sintomática é tratada com
hormonioterapia sistêmica ou quimioterapia. As pacientes com metástases em
múltiplos locais, fora do sistema nervoso central, devem começar a terapia
sistêmica. Não há provas de que o tratamento das metástases assintomáticas
aumente substancialmente a sobrevida, mas pode piorar a qualidade de vida.
Terapia hormonal é preferível em pacientes com qualquer um dos seguintes:
Tumores ER+;
Um intervalo livre de doença de > 2 anos;
Doença que não põe a vida em risco imediatamente:
O tamoxifeno é usado com frequência como droga de primeira escolha em
pacientes na pré-menopausa. A ablação ovariana por cirurgia, radioterapia ou
uso de agonistas do hormônio liberador do hormônio luteinizante (p. ex.,
buserelina, goserelina, leuprolida) é uma alternativa razoável. Alguns
especialistas combinam a ablação ovariana com tamoxifeno ou inibidores da
aromatase. Em mulheres na pós-menopausa, os inibidores da aromatase estão
sendo cada vez mais usados como hormonioterapia primária. Se o câncer
responder inicialmente à hormonioterapia, mas progredir meses ou anos
depois, podem-se usar formas adicionais de hormonioterapia (p. ex.,
progestina, o antiestrogênico fulvestranto) sequencialmente até não haver mais
resposta.
Os fármacos quimioterápicos mais eficazes para tratamento do câncer de
mama metastático são a capecitabina, a doxorrubicina (incluindo sua
formulação lipossomal), a gencitabina, os taxanos paclitaxel e docetaxel e a
vinorelbina. A taxa de resposta à combinação de fármacos é maior que a da
resposta a um fármaco isolado, mas a sobrevida não aumenta e a toxicidade é
maior. Desse modo, alguns oncologistas usam um fármaco isolado
sequencialmente.
Administram-se fármacos anti-HER2 (p. ex., trastuzumabe, pertuzumabe) para
tratar tumores que superexpressam o HER2. Esses fármacos são eficazes para
tratar e controlar locais metastáticos viscerais. Administra-se apenas
trastuzumabe ou com hormonioterapia, quimioterapia ou pertuzumabe.
Trastuzumabe mais quimioterapia mais pertuzumabe desacelera o crescimento
do câncer de mama metastático positivo para HER2 e aumenta a sobrevida
mais do que trastuzumabe e quimioterapia.
Inibidores da tirosina quinase (p. ex., lapatinibe, neratinibe) são cada vez mais
utilizados em mulheres com tumores HER2+.
A radioterapia isolada pode ser usada para tratar lesões ósseas isoladas e
sintomáticas ou recorrências cutâneas locais que não respondam à ressecção
cirúrgica. A radioterapia é o tratamento mais efetivo para metástases cerebrais,
ocasionalmente controlando a doença a longo prazo.
Mastectomia paliativa às vezes é uma opção para pacientes com câncer de
mama metastático estável.
Bisfosfonatos IV (p. ex., pamidronato, zoledronato) diminuem a dor e a perda
óssea e retardam o surgimento de alterações esqueléticas devido a metástases
ósseas. Cerca de 10% das pacientes com metástase óssea acabam
desenvolvendo hipercalcemia, que pode ser tratada com bisfosfonatos IV.
Prevenção
Quimioprofilaxia com tamoxifeno ou raloxifeno pode ser indicada para as
seguintes pacientes:
Idade > 35 anos e CLIS ou hiperplasia dutal ou lobular atípica;
Presença de mutações de alto risco (p. ex., mutações BRCA1 ou BRCA2,
síndrome de Li-Fraumeni);
Entre 35 e 59 anos, o risco de ter câncer em 5 anos é > 1,66% de acordo
com o modelo multivariado de Gail, que computa a idade atual da mulher, a
idade da menarca, a idade no primeiro parto com feto vivo, o número de
parentes de 1º grau com câncer de mama e resultado dae biopsias de
mama anteriores.
Etiologia
O câncer de ovário afeta principalmente as mulheres em perimenopausa e pós-
menopausa. O risco de câncer de ovário aumenta por:
História de câncer de ovário em um parente de 1º grau;
Nuliparidade;
Idade fértil atrasada;
Menarca precoce;
Menopausa atrasada;
História pessoal ou familiar de câncer endometrial, de mama ou de cólon.
Patologia
Os cânceres de ovário são histologicamente diversificados (ver tabela Tipos de
cânceres de ovário). Carcinoma ovariano epitelial seroso de alto grau,
carcinomas de tuba uterina e carcinomas peritoneais compartilham
comportamento clínico e tratamento.
A maioria (90%) dos cânceres de ovário se desenvolve a partir de células
epiteliais; o restante (tumores de células germinativas, tumores do cordão
sexual/estroma) se desenvolve a partir de outros tipos de células do ovário. O
carcinoma epitelial ovariano pode ser dividido em cinco subtipos:
Seroso de alto grau;
Seroso de baixo grau;
Endometrioide;
Células claras;
Mucinoso.
Carcinoma ovariano seroso de alto grau é o subtipo mais comum (> 70%) dos
carcinomas epiteliais. Na apresentação, quase 27% das pacientes com
cânceres ovarianos do epitélio em estágio I têm histologia mucinosa, mas <
10% nos estádios III e IV têm.
Células germinativas cancerosas geralmente ocorrem em mulheres com < 30
anos. Câncer de ovário se dissemina por:
Extensão direta;
Esfoliação das células na cavidade peritoneal (semeadura peritoneal);
Disseminação linfática para a pelve e em torno da aorta;
Menos frequentemente, por via hematológica ao fígado ou pulmões.
Sinais e Sintomas
O câncer ovariano precoce é geralmente assintomático; uma massa anexial,
com frequência sólida, irregular, fixa, e pode ser descoberta casualmente. Os
exames pélvicos e retovaginal normalmente detectam nodularidade difusa.
Poucas mulheres apresentam forte dor abdominal secundária à torção da
massa ovariana.
A maioria das mulheres com câncer em estágio avançado apresenta sintomas
inespecíficos (p. ex., dispepsia, distensão abdominal, saciedade precoce, dor
causada por gases e/ou dor lombar). Posteriormente, geralmente ocorrem dor
pélvica, anemia, caquexia e distensão abdominal por aumento do ovário ou
ascite.
Os tumores de células germinativas ou estromais podem apresentar efeitos
funcionais (p. ex., hipertireoidismo, feminização, virilização).
Diagnóstico
Ultrassonografia (para suspeita de cânceres em estádios iniciais) ou TC ou
RM (para suspeita de cânceres em estádios avançados);
Marcadores tumorais (p. ex., antígeno do câncer [CA] 125);
Estadiamento cirúrgico.
Suspeita-se de câncer de ovário em mulheres com o seguinte:
Massas anexiais inexplicáveis;
Distensão abdominal inexplicável;
Mudanças em hábitos intestinais;
Perda ponderal não intencional;
Inexplicável dor abdominal.
Exames de imagem
Se existe a suspeita de câncer em estádio inicial, a ultrassonografia é feita em
primeiro lugar; os seguintes achados sugerem presença de câncer:
Um componente sólido;
Excrescências superficiais;
Tamanho > 6 cm;
Formato irregular;
Baixa resistência vascular detectada por estudos de fluxo transvaginal com
Doppler.
Marcadores tumorais
Marcadores tumorais, incluindo a subunidade beta da gonadotrofina coriônica
humana (beta-hCG), desidrogenase láctica (DHL), alfa-fetoproteína, inibina e
CA 125, são normalmente medidos em pacientes jovens, que têm maior risco
de tumores não epiteliais (p. ex., tumores de células germinativas, tumores
estromais). Em pacientes na perimenopausa e pós-menopausa, somente o CA
125 é medido, porque na maioria das vezes os cânceres de ovário nessa faixa
etária são tumores epiteliais. O CA 125 está elevado em 80% dos cânceres de
ovário epiteliais, mas pode estar moderadamente elevado em endometriose,
doença inflamatória pélvica, gestação, miomas, inflamação do peritônio ou em
câncer do ovário não peritoneal. Uma mista sólida e cística massa pélvica em
mulheres na pós-menopausa, especialmente se o CA 125 estiver elevado,
indica câncer de ovário.
Biópsia
A biópsia não é recomendada rotineiramente, a menos que a paciente não seja
candidata à intervenção cirúrgica. Nesses casos raros, amostras são obtidas
por biópsia com agulha para massas ou aspiração de líquido ascítico com
agulha.
Para massas que aparecem como benignas na ultrassonografia, a análise
histológica não é requerida, e a ultrassonografia é repetida após 6 semanas.
Entre as massas benignas que aparecem, incluem-se teratomas císticos
benignos (cistos dermoides), cistos foliculares e endometriomas.
Estadiamento
Câncer de ovário suspeito ou confirmado é estadiado cirurgicamente (ver
tabela Estadiamento cirúrgico da FIGO para câncer de ovário, trompa de
Falópio e peritôneo).
Se existe a suspeita de câncer em estádio inicial, o estadiamento pode ser feito
por laparoscopia ou cirurgia laparoscópica auxiliada por robô. Caso contrário,
uma incisão na linha média abdominal, que permite um acesso adequado à
parte superior, é necessária. Toda a superfície peritoneal, hemidiafragmas e
vísceras abdominais e pélvicas são inspecionadas e palpadas. Lavagens da
pelve, biópsias das goteiras abdominais e recessos diafragmáticos são obtidas,
sendo feitas múltiplas biópsias do peritônio nas partes central e lateral da pelve
e no abdome. Para câncer em estádio inicial, o omento infracólico é removido,
e os linfonodos pélvicos e para-aórticos são amostrados.
Os cânceres também são classificados histologicamente de 1 (menos
agressivo) a 3 (mais agressivo). A classificação mais recente distingue
cânceres ovarianos epiteliais como de baixo grau (grau 1) ou de alto grau (grau
2 ou 3).
Triagem
Não há teste de triagem para câncer de ovário. Entretanto, mulheres com um
risco hereditário conhecido, como aquelas com mutações BRCA, deve ser
acompanhada atentamente.
Embora os dados de grandes estudos indiquem que o CA 125 tem alta
especificidade (até 99,9% em um estudo), a sensibilidade é apenas moderada
(71% em um estudo) e o valor preditivo positivo é baixo; assim, CA 125 não é
recomendado como teste de triagem para mulheres assintomáticas com risco
médio. A triagem de mulheres assintomáticas com ultrassonografia e a medida
de CA 125 sérico podem detectar alguns casos de câncer no ovário, mas não
apresenta melhora nos resultados de rastreamento e no prognóstico, mesmo
em subgrupos de alto risco (incluindo mulheres com mutações no BRCA).
Deve-se considerar a avaliação de síndrome de câncer hereditário em todas as
mulheres diagnosticadas com câncer de ovário, de tubas uterinas ou
peritoneal, e elas devem ser submetidas a uma avaliação de risco genético. A
maioria dos cânceres de mama e ovário é esporádica; apenas cerca de 6% dos
casos de câncer de mama e 15% dos casos de câncer de ovário são causados
por mutações nos genes BRCA. Uma mutação da linha germinativa ou
somática BRCA1 ou BRCA2 pode afetar o tratamento e a terapia de
manutenção. Deve-se obter uma história pessoal e familiar detalhada de outros
tipos de câncer para identificar mulheres com maior probabilidade de ter uma
síndrome de câncer hereditário (p. ex., envolvendo mutações BRCA1 ou
BRCA2, câncer colorretal hereditário sem polipose [síndrome de Lynch]).
Deve-se examinar nas mulheres anormalidades do gene BRCA se a história
familiar incluir qualquer um dos seguintes:
Diagnóstico de câncer de ovário, antes de 40 anos, em algum parente em
1º grau;
Diagnóstico de câncer de mama e ovário em apenas um parente e 1º grau,
se um dos cânceres foi diagnosticado antes da idade de 50 anos;
Dois casos de câncer de ovário em parentes em 1º e 2º graus da mesma
linhagem;
Dois casos de câncer de mama e um caso de câncer de ovário em parentes
em 1º ou 2º grau da mesma linhagem;
Um caso de câncer de mama e um caso de câncer de ovário em parentes
em 1º ou 2º grau da mesma linhagem, se o câncer de mama foi
diagnosticado antes dos 40 anos, ou o câncer de ovário foi diagnosticado
antes dos 50 anos;
Dois casos de câncer de mama em parentes em 1º ou 2º grau da mesma
linhagem, se ambos os casos foram diagnosticados antes dos 50 anos;
Dois casos de câncer de mama em parentes em 1º ou 2º grau da mesma
linhagem, se um deles foi diagnosticado antes dos 40 anos.
Além disso, as mulheres judias asquenazes tiverem um membro da família com
diagnóstico de câncer de mama antes dos 50 anos de idade ou com câncer de
ovário, a triagem para anormalidades no gene BRCA deve ser considerada.
Prognóstico
As taxas de sobrevida em 5 anos com o tratamento são:
Estágio I: 85 a 95%
Estágio II: 70 a 78%
Estágio III: 40 a 60%
Estágio IV: 15 a 20%
O prognóstico é pior quando o grau do tumor é mais alto ou a cirurgia não pode
remover todos os tecidos visualmente envolvidos; nesses casos, o prognóstico
é melhor quando os tecidos envolvidos podem ser reduzidos a < 1 cm de
diâmetro ou, idealmente, a uma quantidade residual microscópica (cirurgia
citoredutora).
Nos estádios III e IV a taxa de recorrência é de aproximadamente 70%.
Tratamento
Geralmente, histerectomia e salpingo-ooforectomia bilateral;
Cirurgia citorredutora;
Geralmente, quimioterapia pós-operatória com carboplatina e paclitaxel
Em geral, indicam-se histerectomia e a salpingo-ooforectomia, exceto para o
estádio I não epitelial ou cânceres ovarianos epiteliais unilaterais de baixo grau
em pacientes jovens; pode-se preservar a fertilidade não removendo o ovário e
útero não afetados.
A citorredução cirúrgica primária seguida de quimioterapia sistêmica é o
tratamento inicial preferido para pacientes com câncer ovariano em estádios III
ou IV. Pacientes não considerados candidatos à ressecção cirúrgica por causa
do local e volume do câncer ou por causa de comorbidades são tratados com
quimioterapia neoadjuvante.
Em pacientes com disseminação extensa, a cirurgia não é indicada ou pode ser
adiada se tiverem um ou mais dos seguintes:
Múltiplas metástases hepáticas;
Linfadenopatia na porta hepatis;
Linfonodos suprarrenais para-aórticos;
Doença mesentérica difusa;
Evidências de doença pulmonar pleural ou do parênquima
Essas pacientes são tratadas com quimioterapia neoadjuvante (p. ex.,
carboplatina mais paclitaxel) Cirurgia às vezes pode ser feita após a
quimioterapia inicial.
Tratamento pós-operatório
O tratamento pós-operatório do câncer de ovário depende do estádio e do grau
(ver tabela Tratamento pós-operatório do câncer de ovário por estádio e tipo).
Para pacientes com tumores ovarianos nos estádios IA ou IB (restritos ao
ovário) e/ou tumores de grau 1, o prognóstico é excelente (sobrevida de 90%)
utilizando apenas cirurgia. Para pacientes no estádio IC, II, grau 3 ou histologia
celular clara, é recomendado tratamento quimioterápico adjuvante (p. ex., com
carboplatina e paclitaxel).
Para os estádios III ou IV, a citorredução cirúrgica primária seguida de
quimioterapia sistêmica é o tratamento padrão.
Para certos pacientes com maior risco de recorrência (p. ex., aqueles com
derrames pleurais ou ascite e sem mutação BRCA), adicionar bevacizumabe à
quimioterapia e continuá-la como terapia de manutenção é uma opção.
Enzimas PARP (poliadenosina difosfato-ribose polimerase) são essenciais para
a reparação de rupturas de cadeia simples no DNA. A inibição das enzimas
PARP leva a rupturas persistentes de fita simples, que causam acúmulo de
rupturas de fita dupla durante a replicação do DNA e, com o tempo, à morte
das células tumorais.
Em vários ensaios clínicos, a administração de um inibidor da PARP (PARPi)
após a quimioterapia melhorou a sobrevida livre de progressão em mulheres
com câncer ovariano endometrioide seroso ou de alto grau e que realizaram a
quimioterapia de primeira linha, mesmo que não tivessem uma mutação nos
genes BRCA1 ou BRA2.
Dois ensaios clínicos de fase III controlados por placebo avaliaram a terapia de
manutenção com um PARPi em pacientes que responderam à terapia de
primeira linha contendo platina. O estudo SOLO1 avaliou a terapia de
manutenção com olaparibe em pacientes com mutação de linhagem
germinativa ou somática no BRCAm; o estudo PRIMA/ENGOT-Ov26 avaliou o
niraparibe em pacientes com câncer ovariano avançado recém-diagnosticado
[não restrito a portadores do gene BRCAm].
O estudo VELIA incluiu pacientes com carcinoma seroso ovariano de alto grau
em estádio III ou IV sem tratamento prévio. Esse ensaio clínico de fase III de
três braços, controlado por placebo, comparou a quimioterapia padrão isolada,
a quimioterapia padrão mais o veliparibe e a quimioterapia padrão mais o
veliparibe, seguida da terapia de manutenção com veliparibe. A sobrevida livre
de progressão foi mais longa com quimioterapia com veliparibe mais
manutenção com veliparibe.
Mesmo que a quimioterapia resulte em uma resposta clínica completa (exame
físico normal, CA 125 normal e TC negativa de abdome e pelve),
aproximadamente 50% das pacientes com câncer em estádios III ou IV têm
tumores residuais. Dentre as pacientes com elevação persistente de CA 125,
90 a 95% têm tumor residual.
Doença recorrente
Pode-se detectar a recorrência do câncer de ovário sorologicamente com
marcadores tumorais (p. ex., CA 125) e/ou por sinais radiológicos de
progressão. O tratamento da recorrência depende do tempo entre a conclusão
do tratamento com platina e a detecção da recorrência [intervalo livre de platina
(ILP)]:
Consideram-se que pacientes com IFP ≥ 6 meses têm doença sensível à
platina;
Consideram-se que pacientes com IFP < 6 meses têm doença resistente à
platina.
Se o câncer recomeçar ou progredir após quimioterapia efetiva, a quimioterapia
é reiniciada. Fármacos úteis podem incluir doxorrubicina lipossomal, docetaxel,
paclitaxel, gencitabina, bevacizumabe e uma combinação de ciclofosfamida
mais bevacizumabe ou gemcitabina mais cisplatina. A terapia com agentes
biológicos está sob estudo.
Se o câncer de ovário sensível à platina recorrer, usa-se um inibidor de PARP
— olaparibe, niraparibe ou rucaparib — para terapia de manutenção.
Prevenção
Para pacientes com mutações no gene BRCA1 ou BRCA2, o risco de câncer
de ovário e, em menor grau, de mama é reduzido se for feita salpingo-
ooforectomia profilática antes de se completar o período fértil. O risco de
câncer parece ser menor com essa abordagem do que com vigilância.
Pacientes com mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2 devem ser
encaminhadas a um oncologista ginecológico para aconselhamento.
Câncer de Intestino
O câncer colorretal é extremamente comum. Os sintomas incluem sangue nas
fezes e mudança dos hábitos intestinais. Recomenda-se triagem usando um
dos vários métodos para populações apropriadas. O diagnóstico é por
colonoscopia. O tratamento consiste em ressecção cirúrgica e quimioterapia
para envolvimento nodal.
O câncer colorretal é responsável por 140.250 dos casos estimados e 50.630
mortes por ano nos EUA. A incidência aumenta acentuadamente aos 40 a 50
anos de idade. Em geral, mais da metade dos casos ocorre no reto e sigmoide,
e 95% são adenocarcinomas. O câncer colorretal é um pouco mais comum em
homens do que em mulheres. Cânceres síncronos (mais de um) ocorrem em
5% dos pacientes.
Etiologia
O câncer colorretal ocorre mais frequentemente como uma transformação nos
pólipos adenomatosos. Cerca de 80% dos casos são esporádicos, e 20% têm
um componente hereditário. Os fatores predisponentes incluem colite ulcerativa
crônica e colite de Crohn; o risco de câncer aumenta proporcionalmente à
duração dessas doenças.
Pacientes em populações com alta incidência de câncer colorretal ingerem
dietas pobres em fibras que são ricas em proteína animal, gordura e
carboidratos refinados. Os carcinógenos podem ser ingeridos na dieta, mas é
mais provável que sejam produzidos por ação bacteriana sobre substâncias da
dieta ou secreções biliares ou intestinais. O mecanismo exato é desconhecido.
O CCR dissemina-se por extensão direta pela parede abdominal, metástase
hematogênica, metástase para linfonodos regionais e invasão perineural.
Sinais e Sintomas
Adenocarcinomas colorretais crescem lentamente e transcorre um longo
período até tornarem-se grandes o suficiente para provocarem sintomas. Os
sintomas dependem da localização da lesão, do tipo, da extensão e das
complicações.
O cólon direito tem grande calibre, uma parede fina e seu conteúdo é líquido;
assim, a obstrução é um evento tardio. O sangramento geralmente é oculto.
Fadiga e fraqueza causadas por anemia intensa podem ser as únicas queixas.
Os tumores, algumas vezes, crescem o suficiente para serem palpáveis pela
parede abdominal antes de outras aparecerem complicações.
O cólon esquerdo tem lúmen menor, as fezes são semissólidas e o câncer
tende a causar obstrução intestinal mais precocemente do que no cólon direito.
A obstrução parcial com cólicas abdominais ou a obstrução completa podem
ser parte do quadro de apresentação. As fezes podem ser afiladas ou
mescladas com sangue. Alguns pacientes se apresentam com sintomas de
perfuração, geralmente bloqueada (dor localizada e sensível) ou raramente
com peritonite difusa.
No câncer colorretal, o sintoma mais comum de apresentação é o sangramento
com as fezes. Sempre que houver sangramento retal, mesmo com presença
óbvia de hemorroidas ou doença diverticular conhecida, o câncer coexistente
deve ser afastado. Pode haver tenesmo ou sensação de evacuação
incompleta. A dor é comum com o envolvimento perirretal.
Alguns pacientes se apresentam inicialmente já com sinais de sintomas de
doença metastática (p. ex., hepatomegalia, ascite, linfonodos supraclaviculares
aumentados).
Diagnóstico
Exames de triagem:
Colonoscopia;
Exame de sangue oculto nas fezes;
Às vezes, sigmoidoscopia flexível;
Algumas vezes, teste de DNA fecal;
Às vezes, colonografia por TC.
Para pacientes com risco médio, a triagem para câncer colorretal deve
começar aos 50 anos e continuar até os 75 anos de idade. O American Cancer
Society recomenda que os adultos com risco médio iniciem o rastreamento aos
45 anos de idade. O grupo fez essa mudança em 2018 em resposta ao
aumento das taxas de CCR entre adultos com menos de 50 anos. Para adultos
com idade entre 76 e 85 anos, a decisão sobre a triagem para CCR deve ser
individualizada, levando em consideração a saúde geral do paciente e a
história de triagem anterior (ver também a U.S. Preventive Services Task
Force's recommendation statement for screening for colorectal cancer e the
U.S. Multi-Society Task Force on Colorectal Cancer's colorectal cancer
screening recommendations). Há múltiplas opções para triagem do CCR,
como:
Colonoscopia a cada 10 anos;
Exame de sangue oculto nas fezes anual (testes imunoquímicos fecais
[TIF] preferidos);
Sigmoidoscopia flexível a cada 5 anos (a cada 10 anos se combinado com
o TIF);
Colonografia por TC a cada 5 anos;
Teste de DNA fecal combinado com FIT a cada 3 anos.
As diretrizes do American Journal of Gastroenterology's recomendam a
colonoscopia a cada 10 anos ou FIT anual como o teste de rastreamento de
escolha. Testes de rastreamento alternativos para o CCR estão disponíveis
para pacientes que recusarem a colonoscopia ou para aqueles cujos
problemas econômicos impeçam o rastreamento por colonoscopia, bem como
para aqueles para os quais a necessidade de repetidos testes FIT seja
problemática. Pacientes com história familiar de um parente de 1º grau com
câncer colorretal diagnosticado antes dos 60 anos devem ser submetidos à
colonoscopia a cada 5 anos, iniciando aos 40 anos ou 10 anos antes da idade
em que o parente foi diagnosticado, o que ocorrer primeiro. A pesquisa de
pacientes com condições de alto risco (p. ex., colite ulcerativa) é discutida em
cada condição específica.
Testes imunoquímicos fecais para sangue são mais sensíveis e específicos
para o sangue humano do que os testes fecais baseados em guaiaco, que
podem ser afetados por muitas substâncias da dieta. No entanto, um teste
positivo para sangue pode resultar de doenças não malignas (p. ex., úlceras,
diverticulose) e um teste negativo não descarta o câncer porque cânceres não
sangram continuamente.
O teste de DNA fecal detecta mutações no DNA e marcadores de metilação
eliminados pelo tumor do cólon. O teste costuma ser combinado com o FIT e
esta combinação foi aprovada para o rastreamento de pacientes de médio
risco. Quase 10% dos pacientes com resultado positivo nos testes de DNA-FIT
fecal têm colonoscopia normal.
A colonografia por TC (colonoscopia virtual) gera imagens 3D e 2D do cólon
usando TC com multidetectores e uma combinação de contraste oral e
distensão gasosa do cólon. Visualizar imagens 3D em alta resolução simula um
pouco a aparência da endoscopia óptica, por isso o nome. É promissora como
teste de triagem para pessoas incapazes ou que não querem se submeter à
colonoscopia endoscópica, mas é menos sensível e alta- mente dependente do
avaliador. Evita-se a necessidade de sedação, mas ainda requer a preparação
completa do intestino e a distensão gasosa pode ser desconfortável. Além
disso, ao contrário da colonoscopia óptica, as lesões não podem ser biopsiadas
durante o procedimento diagnóstico.
A videocápsula endoscópica do cólon tem muitos problemas técnicos e não é
atualmente aceita como um teste de triagem.
Exames de sangue (p. ex., teste da Septina 9) foram aprovados para o
rastreamento de pacientes de risco médio, mas não são amplamente utilizados
devido à sensibilidade inadequada.
Exames diagnósticos
Biópsia colonoscópica;
TC para avaliar a extensão do crescimento e disseminação do tumor;
Exame genético.
Pacientes com exames positivos para sangue oculto nas fezes exigem
colonoscopia, bem como aqueles com lesões vistas durante sigmoidoscopia ou
estudo por imagem. Todas as lesões devem ser removidas por completo para
análise histológica. Caso a lesão seja séssil ou não possa ser removida na
colonoscopia, deve-se considerar fortemente a excisão cirúrgica.
Radiografia contrastada com enema de bário, particularmente um estudo com
contraste duplo, pode detectar muitas lesões, mas é menos precisa do que a
colonoscopia e não é preferida como acompanhamento para um teste positivo
para sangue oculto nas fezes.
Diagnosticado o câncer, os pacientes devem realizar TC abdominal, radiografia
de tórax e exames laboratoriais de rotina em busca de doença metastática e
anemia e para avaliar seu estado geral.
Altos níveis séricos de antígeno carcinoembrionário (ACE) estão presentes em
70% dos pacientes com câncer de cólon, mas esse teste não tem sensibilidade
nem especificidade e, portanto, não é recomendado para o rastreamento.
Entretanto, se o CEA estiver alto no pré-operatório e baixo após a remoção do
tumor do cólon, monitorar o CEA pode ajudar a detectar a recorrência mais
precocemente. CA 19-9 e CA 125 são outros marcadores tumorais que podem
ser utilizados de forma similar.
Cânceres de cólon que foram removidos durante cirurgia são agora
rotineiramente testados para as mutações genéticas que causam a síndrome
de Lynch. Deve-se testar as pessoas com parentes que desenvolveram câncer
de cólon, ovário ou endométrio em uma idade jovem ou que têm vários
parentes com esses cânceres para a síndrome de Lynch.
Prognóstico
O prognóstico depende significativamente do estágio (Estadiamento do câncer
colorretal*). A taxa de sobrevida aos 10 anos para câncer limitado à mucosa
chega a 90%; com extensão através da parede intestinal, 70 a 80%; com
linfonodos positivos, 30 a 50%; e com doença metastática, < 20%.
Tratamento
Ressecção cirúrgica, às vezes combinada com quimioterapia e/ou
radioterapia.
Cirurgia
A cirurgia para a cura pode ser tentada em 70% dos pacientes que se
apresentam sem doença metastática. A tentativa de cura consiste em
ressecção ampla do tumor e de seus linfonodos regionais com reanastomose
dos segmentos colônicos. Caso haja ≤ 5 cm de cólon remanescente entre a
lesão e a borda anal, geralmente faz-se ressecção abdominoperineal, com
colostomia permanente. A ressecção de número limitado (1 a 3) de metástases
hepáticas é recomendada para pacientes selecionados e não debilitados, como
procedimentos subsequentes. Os critérios incluem pacientes cujo tumor
primário foi resseccionado, cujas metástases no fígado estão em um lobo
hepático e que não apresentam metástases extra-hepáticas. Apenas um
pequeno número de pacientes com metástases no fígado preenche esses
critérios, mas a sobrevida de 5 anos após a cirurgia é 25%.
Terapia adjuvante
Quimioterapia melhora a sobrevida dos pacientes com câncer de cólon com
linfonodos positivos em pelo menos 10 a 30%. Os pacientes com câncer de
reto com 1 a 4 linfonodos positivos se beneficiam da combinação de
quimioterapia e radioterapia; quando > 4 linfonodos positivos forem
encontrados, modalidades combinadas são eficazes. Radioterapia pré-
operatória e quimioterapia para melhorar a taxa de ressecabilidade do câncer
retal ou diminuir a incidência de metástases linfonodais são o tratamento
padrão.
Acompanhamento
Após a ressecção cirúrgica curativa do câncer colorretal, deve-se fazer
colonoscopia de vigilância 1 ano após a cirurgia ou após a colonoscopia pré-
operatória. Deve-se realizar uma segunda colonoscopia de vigilância 3 anos
depois da colonoscopia de vigilância de 1 ano se nenhum pólipo ou tumor for
encontrado. Posteriormente, deve-se realizar a colonoscopia de vigilância a
cada 5 anos. Se a colonoscopia pré-operatória foi incompleta devido a um
câncer obstrutivo, deve-se fazer uma colonoscopia de conclusão 3 a 6 meses
após a cirurgia para detectar qualquer câncer síncrono e para detectar e
ressecar quaisquer pólipos pré-cancerosos.
Outros métodos de rastreamento de recidiva devem conter a anamnese, o
exame físico e os níveis séricos de antígeno carcinoembrionário (ACE) a cada
3 meses durante 3 anos, e a seguir a cada 6 meses durante 2 anos. Exames
de imagem (TC ou RM) costumam ser recomendados em intervalos de 1 ano,
mas seu benefício é incerto para acompanhamento de rotina na ausência de
alterações no exame físico ou nos exames de sangue.
Tratamento paliativo
Quando a cirurgia curativa não for possível ou o paciente apresentar risco
cirúrgico inaceitável, pode-se indicar cirurgia paliativa (p. ex., para aliviar uma
obstrução ou ressecar área perfurada); a sobrevida média é de 7 meses.
Alguns tumores obstrutivos podem ser reduzidos por meio de eletrocoagulação
ou mantidos abertos por stents. A quimioterapia pode diminuir a massa tumoral
e prolongar a vida por vários meses.
Novos fármacos utilizados isoladamente ou em combinações de fármacos
incluem capecitabina (um precursor de 5-fluorouracila), irinotecano e
oxaliplatina. Os anticorpos monoclonais, como bevacizumabe, cetuximabe e
panitumumabe, também estão sendo utilizados com alguma eficácia. Nenhum
regime é claramente mais eficaz para prolongar a vida em pacientes com
câncer colorretal metastático, embora alguns tenham mostrado retardar a
progressão da doença. A quimioterapia para câncer de cólon avançado deve
ser realizada por um oncologista experiente, que tenha acesso a fármacos
experimentais.
Quando as metástases estão restritas ao fígado, mas não podem ser
ressecadas por cirurgia, a infusão de floxuridina ou microesferas radioativas na
artéria hepática, administradas de forma intermitente no serviço de radiologia
ou de modo contínuo por meio de uma bomba subcutânea implantável ou de
uma bomba externa usada no cinto, pode oferecer mais benefícios do que a
quimioterapia sistêmica; entretanto, o benefício desses tratamentos é incerto.
Quando as metástases também são extra-hepáticas, a quimioterapia hepática
intra-arterial não traz vantagem em relação à quimioterapia sistêmica. Para
alguns pacientes com ≤ 3 lesões hepáticas, pode-se considerar a radioterapia
estereotáxica ou a ablação térmica por radiofrequência ou microondas.
Câncer Tireoidiano
Há 4 tipos gerais de câncer da tireoide. A maioria dos cânceres de tireoide se
apresenta como nódulo assintomático. Metástases linfonodais, pulmonares ou
ósseas raramente causam os sintomas de apresentação de pequenos
cânceres de tireoide. O diagnóstico costuma ser feito por biópsia aspirativa
com agulha fina, mas pode envolver outros exames. O tratamento é remoção
cirúrgica, geralmente seguido de ablação do tecido tireoidiano residual com
iodo radioativo. Há 4 tipos gerais de câncer da tireoide:
Papilar;
Folicular;
Medular;
Anaplásico.
Sinais e Sintomas
O câncer da próstata, em geral, evolui de modo lento e raramente causa
sintomas até estar avançado. Na doença avançada podem surgir hematúria e
sintomas de obstrução do colo vesical (p. ex., esforço, hesitação, jato urinário
fraco e intermitente, sensação de esvaziamento incompleto, gotejamento
terminal). Dor óssea, fraturas patológicas ou compressão da coluna podem
resultar de metástases osteoblásticas nos ossos (comumente pelve, arcos
costais e corpos vertebrais).
Diagnóstico
Triagem por exame de toque retal (ETR) e antígeno prostático específico
(PSA);
Avaliação das alterações por meio de biópsia transretal por agulha;
Graduação histológica;
Estadiamento por TC e mapeamento ósseo.
Algumas vezes, são palpadas endurações pétreas ou nódulos no exame retal
digital, mas geralmente o exame é normal; a enduração e a nodularidade
sugerem câncer, mas devem ser diferenciadas de prostatite granulomatosa,
cálculos prostáticos e outras doenças prostáticas. A extensão da enduração
para a vesícula seminal e a fixação lateral da glândula sugerem câncer
prostático localmente avançado. Os cânceres de próstata detectados por
exame retal digital tendem a ser grandes e > 50% estendem-se através da
cápsula.
O diagnóstico do câncer de próstata exige confirmação histológica, mais
comumente por biópsia com agulha guiada por ultrassom transretal (TRUS,
transrectal ultrassound), que pode ser realizada em clínica ambulatorial, sem
anestesia geral. As áreas hipoecoicas têm maior probabilidade de apresentar
câncer. Ocasionalmente o câncer da próstata é diagnosticado incidentalmente
no tecido removido durante a cirurgia para hiperplasia benigna da próstata
(HPB). RM multiparamétrica está sendo investigada como uma forma de
determinar quais pacientes precisam de biópsia, mas seu uso não está
generalizado. RM multiparamétrica é útil para fazer o acompanhamento de
homens com biópsia inicial negativa ou de homens que estão sob vigilância
ativa (conduta expectante).
Triagem
A maioria dos casos é detectada por triagem com concentrações do antígeno
prostático específico (PSA) (e algumas vezes por exame retal digital). A
triagem é comumente realizada anualmente em homens com > 50 anos de
idade, mas às vezes começa mais precocemente em homens de alto risco (p.
ex., aqueles com história familiar de câncer da próstata e negros). A triagem
geralmente não é recomendada para homens com uma expectativa de vida <
10 a 15 anos. Resultados anômalos são investigados mais aprofundadamente
usando biópsia por agulha guiada por TRUS.
Ainda é incerto se a triagem diminui a morbidade e a mortalidade ou se
quaisquer ganhos resultantes da triagem superam a diminuição da qualidade
de vida resultante do tratamento dos cânceres assintomáticos. A triagem é
recomendada por algumas organizações profissionais e desencorajada por
outras. Uma análise conjunta recente do ERSPC (European Randomized Study
for Screening of Prostate Cancer) e dados de ensaio para PPCO (próstata,
pulmão, colorretal e ovário) sugerem que a triagem em ambos os ensaios
demonstrou redução da mortalidade por câncer de próstata ao controlar as
diferenças de intensidade da triagem apesar da alta taxa de contaminação no
braço de controle do PLCO.
Estadiamento e Graduação
A graduação, baseada na arquitetura do tumor em relação à estrutura glandular
normal, auxilia a prever a agressividade do tumor. A graduação leva em conta
a heterogeneidade histológica do tumor. A classificação de Gleason é
comumente utilizado. O padrão mais prevalente e o segundo padrão mais
prevalente recebem um grau de 1 a 5 e os dois graus são acrescentados para
produzir a classificação total. A maioria dos especialistas considera uma
classificação ≤ 6 bem diferenciado; 7, moderadamente diferenciado; e de 8 a
10, mal diferenciado. Quanto mais baixa a pontuação, menos agressivo e
invasivo é o tumor e melhor é o prognóstico. Para tumores focalizados, a
pontuação de Gleason ajuda a prever a probabilidade de penetração capsular,
invasão da vesícula seminal e disseminação para linfonodos. Graus 1 e 2 de
Gleason foram excluídos; como resultado, a menor pontuação possível (3 + 3)
é 6. Mas uma classificação de Gleason de 6 não parece baixo em uma escala
que vai de 2 a 10.
O Grade Group é um escore mais recente para ajudar a comunicar isso aos
pacientes, e para simplificar a classificação patológica. Esse novo sistema de
classificação foi aceito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2016:
Grupo grau 1 = Gleason 3+3
Grupo grau 2 = Gleason 3+4
Grupo grau 3 = Gleason 4+3
Grupo grau 4 = Gleason 8
Grupo grau 5 = Gleason 9 e 10
A pontuação de Gleason, o estadiamento clínico e o PSA, juntos (utilizando-se
tabelas ou normogramas), preveem o estágio patológico e o prognóstico
melhor que qualquer um deles isoladamente. O câncer de próstata é estadiado
para definir a extensão do tumor (ver as tabelas Estadiamento TNM da AJCC
para câncer de próstata e Definições TNM para câncer de próstata).
Ultrassonografia transretal (TRUS) pode fornecer informações de
estadiamento, particularmente em relação à invasão da cápsula e das
vesículas seminais. Os pacientes com estágio T1c ou T2a, classificação de
Gleason baixo (≤ 7) e PSA < 10 ng/mL (10 mcg/L) geralmente não são
submetidos a outros exames de estadiamento e são logo tratados.
Tumor T2b, classificação de Gleason 7, ou PSA > 10 ng/mL (10 mcg/L) são
considerados de risco intermediário pela maioria dos especialistas. Tumor T2c,
Classificação de Gleason ≥ 8, ou PSA > 20 ng/mL (20 mcg/L; ou 2 fatores de
risco intermediário) geralmente são de alto risco. Pode-se estimar o risco de
propagação do câncer pelo estágio do tumor, classificação de Gleason e nível
de PSA:
Baixo risco: estágio ≤ T2a, classificação de Gleason ≤ 6 e nível de PSA ≤ 10
ng/mL (10 mcg/L);
Risco intermediário: estágio T2b, classificação de Gleason = 7, ou nível de
PSA ≥ 10 (10 mcg/L) e ≤ 20 ng/mL (20 mcg/L);
Alto risco: estágio ≥ T2c, classificação de Gleason ≥ 8, ou PSA ≥ 20 ng/mL
(20 mcg/L).
Tanto a fosfatase ácida quando o PSA diminui após o tratamento e aumentam
na recidiva, mas o PSA é o marcador mais sensível para o controle da
progressão do câncer e da resposta ao tratamento e virtualmente substitui a
dosagem de fosfatase ácida para estes fins.
Prognóstico
O prognóstico para a maioria dos pacientes com câncer da próstata, em
especial quando localizado ou regional, é muito bom. A expectativa de homens
idosos com câncer da próstata difere pouco da de homens com mesma idade e
sem câncer da próstata, dependendo da idade e das comorbidades. Para
vários pacientes, o controle local a longo prazo e até a cura são possíveis. O
potencial de cura, mesmo quando o câncer estiver clinicamente localizado,
depende do grau e do estágio do tumor. Sem tratamento precoce, os pacientes
com cânceres de graus elevados mal diferenciados apresentam prognóstico
reservado. Câncer da próstata indiferenciado, carcinoma de células escamosas
e carcinoma ductal transicional respondem mal aos tratamentos habituais. O
câncer metastático não tem cura. A expectativa média de vida é 1 a 3 anos,
embora alguns pacientes possam viver por vários anos.
Tratamento
Para câncer localizado na próstata, cirurgia ou radioterapia;
Para câncer fora da próstata, tratamento paliativo hormonal, radioterapia ou
quimioterapia;
Para alguns homens com cânceres de baixo risco, vigilância ativa sem
tratamento.
Vigilância ativa
Apenas a observação pode ser apropriada para pacientes assintomáticos com
> 70 anos de idade, com baixo risco ou possivelmente para casos de câncer de
risco intermediário localizado, caso coexistam doenças limitadoras; nestes
pacientes, o risco de morte em decorrência de outras causas é maior que
aquele decorrente do câncer da próstata. Essa abordagem requer exame de
toque retal (ETR) periódico, dosagens de PSA e monitoramento dos sintomas.
Para pacientes mais jovens e sadios com câncer de baixo risco, a vigilância
ativa também requer biópsias repetidas periódicas. O intervalo ideal entre as
biópsias não foi estabelecido, mas a maioria dos especialistas concorda que
deve ser ≥ 1 ano, possivelmente menos frequente se as biópsias foram
repetidamente negativas. Se o câncer progredir, é necessário tratamento. Ao
redor de 30% dos pacientes submetidos à vigilância ativa eventualmente
necessitarão de tratamento. Em homens mais velhos, a vigilância ativa resulta
na mesma taxa de sobrevida global que a prostatectomia; entretanto, pacientes
submetidos à cirurgia têm risco significativamente menor de metástases a
distância e mortalidade por causas específicas da doença.
Terapias locais
O objetivo da terapia local é curar o câncer de próstata e pode, portanto, ser
também chamada terapia definitiva. Prostatectomia radical, algumas formas de
radioterapia e crioterapia são opções primárias. Aconselhamento cuidadoso
sobre os riscos e benefícios desses tratamentos e considerações das
características específicas do paciente (idade, saúde, características do tumor)
são fundamentais na tomada de decisões.
A prostatectomia radical (remoção de próstata e vesículas seminais e
linfonodos regionais) é provavelmente melhor para pacientes < 70 anos de
idade com tumor confinado à próstata. A prostatectomia é apropriada para
alguns homens idosos, com base em expectativa de vida, doenças
coexistentes e capacidade de tolerar a cirurgia e a anestesia. A prostatectomia
é realizada por meio de uma incisão no abdome inferior. Mais recentemente, a
abordagem laparoscópica auxiliada por robô tem sido utilizada, o que minimiza
a perda sanguínea e o tempo de hospitalização, mas ainda não mostrou alterar
as taxas de morbidade ou mortalidade. As complicações incluem incontinência
urinária (cerca de 5 a 10%), estenose do colo vesical ou uretral (cerca de 7 a
20%), disfunção erétil (cerca de 30 a 100% — depende muito da idade e da
função atual) e lesão retal (1 a 2%). A prostatectomia radical com preservação
dos feixes nervosos reduz as chances de disfunção erétil, mas nem sempre
pode ser realizada, dependendo do estágio e da localização do tumor.
A crioterapia (destruição das células cancerosas da próstata por sondas
congeladas, seguida de descongelamento) é menos bem estabelecida; os
resultados a longo prazo são desconhecidos. Os efeitos adversos incluem
obstrução do colo vesical, incontinência urinária, disfunção erétil e dor ou lesão
retal. A crioterapia não é comumente o tratamento de escolha nos EUA, mas
pode ser usada se a radioterapia não for bem-sucedida.
Radioterapia convencional com feixe externo geralmente aplica 70 Gy em 7
semanas, mas esta técnica foi substituída pela radioterapia 3-D conformacional
ou radioterapia com intensidade modulada (IMRT, intensity modulated radiation
therapy), que emite doses seguras de até 80 Gy à próstata; os dados indicam
que a taxa de controle local é maior, em especial nos pacientes de alto risco.
Para a maioria dos pacientes, em pelo menos 40% ocorre algum grau de
disfunção erétil. Outros efeitos adversos da radioterapia incluem proctite por
irradiação, cistite, diarreia e fadiga e possivelmente estenoses uretrais, em
particular nos pacientes com história anterior de ressecção transuretral da
próstata. Resultados com radioterapia de feixe externo, prostatectomia radical
e monitoramento ativo mostraram-se comparáveis em uma mediana de 10
anos após o tratamento para câncer de próstata localizado, como demonstrado
no estudo ProtecT. Novas formas de radioterapia como a terapia de prótons
são mais caras, e os benefícios em homens com câncer de próstata não estão
claramente estabelecidos. Radioterapia externa também pode desempenhar
um papel se houver câncer após a prostatectomia radical ou se o nível de PSA
começa a subir depois da cirurgia e nenhuma metástase puder ser encontrada.
Evidências recentes também apoiam o uso da radioterapia na próstata em
homens com doença metastática de baixo volume.
A braquiterapia envolve a implantação de sementes radioativas dentro da
próstata através do períneo. Essas sementes emitem ondas de radiação
durante um período finito (geralmente, 3 a 6 meses) e tornam-se então inertes.
Os protocolos de pesquisas estão examinando se os implantes de alta
qualidade utilizados como monoterapia ou os implantes mais a radioterapia de
feixes externos são superiores para pacientes de risco intermediário. A
braquiterapia também reduz a função erétil, apesar do início poder ser
retardado e os pacientes responderem aparentemente melhor ao tratamento
com inibidores da fosfodiesterase tipo 5 do que os pacientes cujos feixes
neurovasculares forem ressecados ou lesionados durante a cirurgia. São
comuns polaciúria, urgência e, com menos frequência, retenção, mas
geralmente desaparecem com o tempo. Outros efeitos adversos incluem
aumento de movimentos intestinais; urgência retal; sangramento ou ulceração;
e fístulas prostatorretais.
UFAI (ultrassom focalizado de alta intensidade) usa energia ultrassônica
intensa administrada por via transretal para remover o tecido prostático. É
usada há muitos anos na Europa e no Canadá e foi recentemente
disponibilizada nos EUA. O papel dessa tecnologia no tratamento do câncer de
próstata está evoluindo; atualmente, parece ser mais adequada para
radioterapia contra o câncer de próstata recorrente.
Se o câncer localizado na próstata é de alto risco, várias terapias podem ser
combinadas (p. ex., para câncer de próstata de alto risco tratado com
radioterapia externa, acrescentar terapia hormonal).
Terapias sistêmicas
Se o câncer se espalhou para além da próstata, a cura é improvável;
geralmente administra-se o tratamento sistêmico que visa diminuir ou limitar a
extensão do tumor.
Pacientes com tumores avançados localmente ou com metástases podem se
beneficiar da privação de androgênios por castração, tanto cirurgicamente por
orquiectomia bilateral quanto clinicamente por agonistas do hormônio liberador
de hormônio luteinizante (LHRH, luteinizing hormone-releasing hormone), como
leuprolida, goserelina, triptorelina, histrelina e buserelina, com ou sem
radioterapia. Antagonistas de LHRH (p. ex., degarelix) também podem diminuir
o nível de testosterona, geralmente mais rapidamente do que os agonistas de
LHRH. Agonistas de LHRH e antagonistas de LHRH geralmente reduzem a
testosterona sérica quase tanto quanto orquiectomia bilateral. Os ensaios
LATITUDE e STAMPEDE mostraram que acrescentar abiraterona e prednisona
(ou prednisolona) ao tratamento convenvional prolongou a sobrevida de
pacientes com câncer de próstata metastático sensível a hormônios. Se os
pacientes têm câncer com muitas metástases sensível a hormônios, também
pode-se considerar a quimioterapia de primeira linha com docetaxel em vez de
abiraterona.
Todos os tratamentos de privação de andrógenos causam perda da libido e
disfunção erétil e podem provocam ondas de calor. Os agonistas de LHRH
podem aumentar as concentrações de PSA temporariamente. Alguns pacientes
se beneficiam do acréscimo de antiandrogênios (p. ex., flutamida, bicalutamida,
nilutamida, acetato de ciproterona [não disponível nos EUA]) para o bloqueio
androgênico completo. O bloqueio androgênico combinado geralmente refere-
se à associação de agonistas de LHRH e antiandrogênios, mas seus benefícios
parecem ser minimamente superiores aos de um agonista de LHRH (ou
degarelix ou orquiectomia) isoladamente. Outra abordagem é o bloqueio
androgênico intermitente, que significa adiar o surgimento do câncer da
próstata independente de androgênios e ajuda a limitar alguns efeitos adversos
da privação de androgénos. Fazer a ablação androgênica total até que os
níveis de PSA sejam reduzidos (geralmente para níveis indetectáveis), então
interrompe-se o tratamento. Reinicia-se o tratamento quando os níveis de PSA
ultrapassam certo limiar, embora o limiar ideal ainda não esteja definido. Os
esquemas ótimos para tratamento e a ocasião do tratamento ainda não foram
determinados e variam muito entre os vários clínicos.
A privação de androgênios pode prejudicar de forma significativa a qualidade
de vida (p. ex., autoimagem do paciente, atitude em relação ao câncer e seu
tratamento, nível de energia) e causar osteoporose, anemia e perda de massa
muscular a longo prazo. Os estrogênios exógenos raramente são utilizados em
razão do risco de complicações cardiovasculares e tromboembólicas.
A terapia hormonal é eficaz no câncer de próstata metastático por um período
limitado. Classifica-se câncer que progride (indicado por aumento do nível de
PSA), apesar de um nível de testosterona consistente com a ablação (< 50
ng/dL), como câncer de próstata resistente à ablação. O câncer de próstata
resistente à ablação (CPRA) pode ainda ser classificado como câncer de
próstata M0 (não metastático) ou M1 (metastático).
Um PSA crescente, apesar de baixos níveis de testosterona e ausência de
lesões na TC ou na cintilografia, caracteriza um câncer de próstata não
metastático. O risco de metástases é alto. Apalutamida e enzalutamida agora
estão disponíveis e podem desacelerar a progressão de M0 para M1 do CPRA.
Tratamentos que prolongam a sobrevida no CPRA metastático (muitos
identificados desde 2010) incluem:
Docetaxel (quimioterápico taxano);
Sipuleucel-T (vacina derivada do paciente projetada para induzir imunidade
contra células neoplásicas da próstata);
Abiraterona (que bloqueia a síntese de androgênio pelo tumor, bem como
nos testículos e nas glândulas suprarrenais);
Enzalutamida (que bloqueia a ligação do androgênio aos seus receptores);
Cabazitaxel (quimioterápico taxano que pode ter atividade nos tumores que
se tornaram resistentes ao docetaxel);
Recentemente descobriu-se que radio-233, que emite radiação alfa,
prolonga a sobrevida, bem como evita complicações decorrentes de
metástases ósseas em homens CPRA;
Inibidores de PARP [poli (ADP-ribose)] parecem ativos em pacientes com
CPRAm com mutações no BRCA1/2.
Alguns dados sugerem que sipuleucel-T deve ser utilizado ao primeiro sinal de
CPRA. Em geral, tratamentos para câncer de próstata resistente à ablação são
tentados mais cedo durante o curso da doença e agora mostram benefício nos
casos de câncer metastático sensível a hormônio. Mas a escolha do tratamento
pode envolver muitos fatores, e poucos dados podem estar disponíveis para
ajudar a prever os resultados; assim, instrução do paciente e tomada de
decisão compartilhada são recomendadas.
Para ajudar a tratar e prevenir complicações devido a metástases ósseas (p.
ex., fraturas patológicas, dor, compressão da coluna), um inibidor de
osteoclasto (p. ex., denosumabe, ácido zoledrônico) pode ser usado.
Radioterapia externa tradicional foi utilizada para tratar metástases ósseas
individuais.
Câncer Gástrico
A etiologia do câncer de estômago é multifatorial, mas Helicobacter pylori tem
um papel significativo. Os sintomas incluem saciedade precoce, obstrução e
sangramento, mas tendem a ocorrer tardiamente na doença. O diagnóstico é
por endoscopia, seguido de TC e ultrassonografia endoscópica para
estadiamento. O tratamento é principalmente cirúrgico; a quimioterapia pode
fornecer uma resposta temporária. A sobrevida a longo prazo é baixa, exceto
para pacientes com doença local.
O câncer de estômago é responsável por 26.240 dos casos estimados e cerca
de 10.800 mortes nos EUA todos os anos. O adenocarcinoma gástrico é
responsável por 95% de todos os tumores malignos do estômago; menos
comuns são os linfomas gástricos localizados e leiomiossarcomas. O câncer de
estômago é o 2º câncer mais comum no mundo, mas sua incidência varia
bastante, sendo extremamente alta no Japão, China, Chile e Islândia. Nos
EUA, a incidência tem caído nas últimas décadas, sendo a 7ª causa mais
comum de morte por câncer. Nos EUA é mais comum em negros, hispânicos e
indígenas norte-americanos. Sua incidência aumenta com a idade; > 75% dos
pacientes com > 50 anos.
Etiologia
Infecção por Helicobacter pylori é um fator de risco para alguns cânceres de
estômago.
Gastrite atrófica autoimune e vários outros fatores genéticos também são
fatores de risco. Fatores dietéticos não são causas comprovadas; mas a
Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC) da OMS relatou uma
associação positiva entre consumo de carne processada e câncer de
estômago. Tabagismo é um fator de risco para câncer de estômago, e as
pessoas que fumam podem ter uma resposta pior ao tratamento.
Os pólipos gástricos podem ser percussores do câncer. Os pólipos
inflamatórios podem se desenvolver em pacientes em uso de AINEs, e os
pólipos de glândulas fúndicas são comuns em pacientes em uso de IBP. Os
pólipos adenomatosos, em particular os múltiplos, embora raros, são os de
maior risco de transformação maligna. O câncer é particularmente mais
provável nos casos de pólipos adenomatosos com > 2 cm de diâmetro ou
quando o componente viloso está presente na análise histológica. Como a
transformação maligna não pode ser detectada pela inspeção, todos os pólipos
vistos à endoscopia devem ser removidos.
Fisiopatologia
Os adenocarcinomas gástricos podem ser classificados por sua aparência:
Protrusos: O tumor é polipoide ou lembra um cogumelo;
Penetrantes: O tumor é ulcerado;
Disseminação superficial: O tumor se espalha ao longo da mucosa ou
infiltra superficialmente a parede gástrica;
Linite plástica O tumor infiltra a parede do estômago com uma reação
fibrosa associada que faz com que este se torne um estômago em “garrafa
de couro” rígido;
Miscelânea: o tumor mostra características de ≥ 2 de outros tipos; esta
classificação é a maior.
Os tumores protrusos têm melhor prognóstico que os tumores disseminados
por produzirem sintomas mais precocemente.
Sinais e Sintomas
Os sintomas iniciais do câncer de estômago são inespecíficos, geralmente
consistem em dispepsia sugestiva de úlcera péptica. Os pacientes e os
médicos tendem a não dar grande importância aos sintomas ou a tratá-los
como doença péptica. Posteriormente, saciedade precoce (sensação de
estômago cheio depois da ingestão de pequena quantidade de alimento) pode
ocorrer, se o câncer obstruir a região pilórica ou o estômago se tornar pouco
distensível, secundariamente a linitis plastica. Disfagia pode se desenvolver se
o câncer na região da cárdia do estômago obstruir a saída esofágica. Perda
ponderal ou de energia, geralmente resultante de restrição dietética, é comum.
Hematêmese ou melenas maciças são incomuns, mas anemia secundária à
perda oculta de sangue pode ser observada. Ocasionalmente, os primeiros
sintomas são causados por metástases (p. ex., icterícia, ascite, fraturas).
Os achados físicos podem não ser dignos de nota ou limitar-se a fezes heme-
positivas. Na fase tardia do curso, as anormalidades incluem massa
epigástrica, linfonodos umbilicais, supraclaviculares esquerdos ou axilares
esquerdos; hepatomegalia e massa ovariana ou retal. Podem ocorrer lesões
pulmonares, neurológicas e ósseas.
Diagnóstico
Endoscopia com biópsia;
Então TC e ultrassonografia endoscópica.
O diagnóstico diferencial do câncer de estômago comumente considera a
úlcera péptica e suas complicações.
Os pacientes sob suspeita de câncer de estômago devem ser submetidos à
endoscopia com múltiplas biópsias e a escovado para citologia.
Ocasionalmente, a biópsia é limitada à mucosa e pode não identificar tecido
tumoral na submucosa. Radiografias, em particular estudos com contraste
duplo de bário, podem mostrar lesões, mas raramente evidenciam a
necessidade de endoscopia subsequente.
Os pacientes cujo câncer foi identificado necessitam de TC do tórax e abdome
para determinar a disseminação tumoral. Se a TC for negativar para metástase,
deve-se realizar ultrassonografia endoscópica para determinar a profundidade
do tumor e o envolvimento do linfonodo regional. Os achados orientam o
tratamento e ajudam a determinar o prognóstico.
Exames de sangue básicos, incluindo hemograma completo, eletrólitos e testes
de função hepática, devem ser realizados para verificar anemia, hidratação,
estado geral e possíveis metástases hepáticas. Deve-se dosar o nível do
antígeno carcinoembriário (ACE) antes e depois da cirurgia.
Triagem
As triagens com endoscopia são usadas em populações de alto risco (p. ex.,
japoneses), mas não são recomendadas nos EUA. A triagem de seguimento
para diagnóstico de recorrências em pacientes tratados consiste em
endoscopia e TC do tórax, abdome e pelve. Se ocorrer queda do nível
previamente elevado de CEA após a cirurgia, o acompanhamento deve incluir
níveis de CEA; um aumento significa recidiva.
Prognóstico
O prognóstico depende significativamente do estágio, mas, no geral, é ruim
(sobrevida aos 5 anos < 5 a 15%) porque a maioria dos pacientes tem doença
avançada. Se o tumor se limitar à mucosa ou submucosa, a sobrevida aos 5
anos pode alcançar 80%. Para tumores envolvendo linfonodos locais, a
sobrevida é de 20 a 40%. Doença mais disseminada é quase sempre fatal em
cerca de 1 ano. Os linfomas gástricos têm melhor prognóstico (Linfoma do
tecido linfoide associado a mucosa (MALT) e Linfomas não Hodgkin).
Tratamento
Ressecção cirúrgica, às vezes combinada com quimioterapia e/ou
radioterapia.
Decisões sobre o tratamento do câncer de estômago dependem do estágio do
tumor e da vontade do paciente (alguns podem escolher não se submeter a
tratamento agressivo— Diretivas avançadas).
A cirurgia curativa envolve a remoção de grande parte ou de todo o estômago e
talvez dos linfonodos regionais (< 50% dos pacientes). A quimioterapia
adjuvante ou a combinação de quimio e radioterapia depois da cirurgia podem
ser benéficas, se o tumor for ressecável.
Ressecção da doença regional desenvolvida localmente resulta em sobrevida
média de 10 meses (versus 3 a 4 meses sem ressecção).
Metástase ou envolvimento nodal extenso impossibilita cirurgia curativa e, no
máximo, procedimentos paliativos devem ser executados. Entretanto, a
verdadeira disseminação do tumor geralmente não é reconhecida até que a
cirurgia curativa seja tentada. A cirurgia paliativa tipicamente consiste em
gastroenterostomia para que o trânsito seja mantido quando houver obstrução
pilórica e deve ser realizada somente se a qualidade de vida do paciente puder
ser melhorada. Em pacientes não submetidos à cirurgia, a combinação de
esquemas de quimioterapia (5-fluorouracila, doxorrubicina, mitomicina,
cisplatina ou leucovorina em várias combinações) pode produzir resposta
temporária, mas pouca melhora na sobrevida em 5 anos. Nos últimos anos,
tem sido utilizado um tratamento direcionado com trastuzumabe para tumores
com expressão excessiva do receptor 2 do fator de crescimento epidérmico
humano (tumores HER2+) e ramucirumabe (inibidor do fator de crescimento
endotelial vascular VEGF) junto com a quimioterapia no câncer avançado. A
imunoterapia como com pembrolizumabe foi aprovada para uso em pacientes
com câncer gástrico avançado ou metastático positivo para o ligante 1 da morte
celular programada (PD-L1). A radioterapia tem benefício limitado.
Câncer de Rim
Carcinoma de células renais é o câncer renal mais comum. Os sintomas
podem incluir hematúria, dor lombar, massa palpável e febre de origem
indeterminada. No entanto, os sintomas muitas vezes estão ausentes, assim
geralmente suspeita-se do diagnóstico com base em achados incidentais. O
diagnóstico é confirmado por TC ou RM e, ocasionalmente, por biópsia. O
tratamento inclui cirurgia na doença precoce e terapia direcionada,
normalmente por um protocolo experimental ou tratamento paliativo em doença
avançada.
O carcinoma de células renais (CCR), um adenocarcinoma, corresponde a 90 a
95% dos tumores renais primários malignos. Tumores renais malignos menos
comuns incluem carcinoma de células transicionais, tumor de Wilms (mais
frequentemente em crianças) e sarcomas.
Nos EUA, cerca de 73.820 novos casos de carcinoma de células renais e
outros tumores renais e 14.770 mortes ocorrem a cada ano (estimativas de
2019). CCR ocorre com frequência discretamente maior em homens (incidência
homem:mulher é cerca de 3:2). As pessoas afetadas geralmente têm entre 50
e 70 anos de idade. Os fatores de risco incluem:
Tabagismo, que dobra o risco (em 20 a 30% dos pacientes);
Obesidade;
Uso excessivo de fenacetina;
Doença cística renal adquirida em pacientes em diálise;
Exposição a certos agentes de contraste radiopacos, asbesto, cádmio e
substância para curtir couro e derivados de petróleo;
Algumas síndromes familiares, em particular na doença de von Hippel-
Lindau.
CCR tende a desencadear a formação de trombos nas veias renais, que
ocasionalmente se propagam para a veia cava. Invasão tumoral da parede da
veia é incomum. CCR sofre metástase com mais frequência para linfonodos,
pulmões, glândulas adrenais, fígado, cérebro e ossos.
Sinais e Sintomas
Os sintomas geralmente não surgem até uma fase tardia, quando o tumor pode
já ser grande e metastático. Hematúria micro ou macroscópica é a forma de
apresentação mais comum, seguida de dor no flanco, massa palpável e febre
de origem indeterminada. Algumas vezes, ocorre hipertensão por isquemia
segmentar e compressão do pedículo. Síndromes paraneoplásicas ocorrem em
20% dos pacientes. A policitemia pode resultar do aumento da atividade da
eritropoietina. Entretanto, também pode haver anemia. Hipercalcemia é comum
e pode exigir tratamento. Trombocitose, caquexia, ou amiloidose secundária
podem se desenvolver.
Diagnóstico
TC com contraste ou RM
Mais frequentemente, uma massa renal pode ser detectada incidentalmente
durante exame de imagem abdominal (p. ex., TC, ultrassonografia) realizado
por outros motivos. Nos demais casos, o diagnóstico é sugerido pelos achados
clínicos e confirmado por TC abdominal com ou sem meio de contraste, ou por
RM. (Ver Exames de imagem geniturinária.) Uma massa renal intensificada por
radiocontraste sugere fortemente carcinoma de células renais (CCR).
Tomografia computadorizada e RM também fornecem informações sobre a
extensão local e o envolvimento ganglionar. A RM fornece informações
adicionais quanto a extensão para a veia renal e veia cava e tem substituído a
vasografia da veia cava inferior. Ultrassonografia e urografia intravenosa
podem mostrar uma massa, mas fornecem menos informações sobre as
características da massa e a extensão da doença do que a TC ou a RM.
Em geral, massas cancerosas e não cancerosas podem ser diferenciadas
radiologicamente, mas algumas vezes é necessária a cirurgia para o
diagnóstico. A biópsia com agulha não tem sensibilidade suficiente quando os
achados são duvidosos, sendo recomendada apenas quando houver padrão
infiltrativo numa massa pequena, quando a massa renal puder ser uma
metástase de outro câncer conhecido, ou, algumas vezes, para confirmar o
diagnóstico antes de quimioterapia para metástases.
A TC tridimensional, a angiografia por TC e a angiografia por ressonância
magnética são utilizadas antes da cirurgia, em particular antes da cirurgia com
conservação de néfrons, para definir a natureza do CCR, para determinar com
mais precisão o número de artérias renais presentes e delinear o padrão
vascular. (Ver Exames de imagem geniturinária.) Esses exames de imagem
virtualmente substituíram a aortografia e a angiografia seletiva renal.
Radiografia de tórax e testes hepáticos são essenciais. Se a radiografia de
tórax for anormal, realiza-se TC de tórax. Se a fosfatase alcalina estiver
elevada, pode ser necessário o mapeamento ósseo. Dosar eletrólitos,
nitrogênio da ureia sanguínea, creatinina e cálcio séricos. A ureia e a creatinina
não são afetados, a menos que ambos os rins estejam pacientes.
Estadiamento
As informações da avaliação tornam possível o estadiamento preliminar. O
sistema TNM (tumor, linfonodo, metástase) foi recentemente refinado para ser
mais preciso (ver tabelas Estadiamento TNM da AJCC para carcinoma de
células renais) e (Definições TNM para carcinoma de células renais). No
diagnóstico, o CCR está localizado em 45% das vezes, localmente invasivo em
aproximadamente 33% e disseminado para órgãos a distância em 25%.
Prognóstico
As taxas de sobrevida em 5 anos variam de aproximadamente 81% para o
grupo I do American Joint Commission on Cancer (AJCC) (T1 N0 M0) a 8%
para o grupo IV (T4 ou M1). O prognóstico é reservado para pacientes com
carcinoma de células renais (CCR) metastático ou recidivante porque os
tratamentos geralmente são ineficazes para cura, embora úteis como paliativo.
Tratamento
Para o carcinoma de células renais (CCR) precoce, tratamento cirúrgico;
Para o CCR avançado, tratamentos paliativos ou protocolos experimentais.
Tratamentos curativos
A nefrectomia radical (remoção de rim, glândula adrenal, gordura perirrenal e
fáscia de Gerota) é o tratamento-padrão para CCR localizado e fornece uma
possibilidade razoável de cura. Os resultados com procedimentos abertos ou
laparoscópicos são comparáveis; a recuperação é mais fácil nos
procedimentos laparoscópicos A cirurgia conservadora de néfrons (nefrectomia
parcial) é possível e apropriada para os pacientes com rim contralateral
normalmente se o tumor for < 4 a 7 cm. Nefrectomia parcial está ganhando
popularidade porque resulta em menor incidência de doença renal crônica do
que a nefrectomia radical. A destruição não cirúrgica dos tumores renais por
meio de congelamento (criocirurgia) ou energia térmica (ablação por
radiofrequência), na maioria das vezes por via percutânea, não é atualmente
recomendada como tratamento primário. Elas são realizadas em pacientes
altamente selecionados, mas os dados a longo prazo sobre a eficácia e as
indicações ainda não estão disponíveis.
Nos tumores que envolvem a veia renal e a veia cava, a cirurgia pode ser
curativa, se não existirem metástases a distância ou em linfonodos. Se os dois
rins forem afetados, a nefrectomia parcial de um ou de ambos os rins é
habitualmente preferível à nefrectomia radical bilateral, se for tecnicamente
possível. A radioterapia não é mais combinada com nefrectomia; entretanto, a
radioterapia estereotáxica corpórea para pequenas massas renais está sendo
explorada.
O uso adjuvante da terapia sistêmica após cirurgia não foi capaz de prolongar a
sobrevida em vários ensaios clínicos. Contudo, a melhora na sobrevida livre de
doença observada em pacientes tomando sunitinibe adjuvante no S-TRAC
levaram à sua aprovação para uso após ressecção em pacientes de alto risco.
Tratamentos paliativos
Os tratamentos paliativos incluem nefrectomia, embolização tumoral e
possivelmente radioterapia com feixes externos. A ressecção de metástases é
um tratamento paliativo e, se as metástases forem em número limitado,
prolonga a sobrevida em alguns pacientes, particularmente daqueles que
apresentam intervalo prolongado entre o tratamento inicial (nefrectomia) e o
desenvolvimento das metástases. Apesar do CCR metastático ser
tradicionalmente caracterizado como radiorresistente, a radioterapia pode ser
paliativa quando o CCR é metastático nos ossos.
Para alguns pacientes, a quimioterapia reduz o tamanho do tumor e prolonga a
vida. Cerca de 10 a 20% dos pacientes respondem a interferona-alfa 2b ou IL-
2, apesar de a reposta ser duradoura em < 5%. Vários novos tratamentos
direcionados demonstraram eficácia para tumores avançados: sunitinibe,
sorafenibe, bevacizumabe, pazopanibe, cabozantinibe, axitinibe e lenvatinibe
(inibidores da tirosinoquinase) e tensirolimo e everolimo, que inibem o alvo da
rapamicina nos mamíferos (mTOR).
A terapia sistêmica mais recente disponível para carcinoma de células renais
metastático que progrediu em relação à terapia direcionada é com nivolumabe
e pembrolizumabe. Esses anticorpos monoclonais contra a PD-1 funcionam
bloqueando a interação da PD-1/PD-L1 entre células tumorais e células T
infiltrantes, bloqueando assim a inibição da resposta imunitária mediada pela
via PD-1, como a resposta imunitária antitumoral. Nivolumabe mostrou
prolongar a sobrevida geral em 5,4 meses (25,0 versus 19,6 meses; P < 0,002)
em comparação ao everolimo em pacientes com carcinoma de células renais
(CCR) avançado que haviam sido tratados com um ou mais inibidores da
tirosina quinase. Recentemente, demonstrou-se que a associação de
nivolumabe/ipilimumabe tem uma sobrevida geral superior em comparação
com sunitinibe em pacientes com CCR metastático de risco intermediário e de
baixo risco previamente não tratados. Da mesma maneira, a combinação de
pembrolizumabe/axitinibe superou o sunitinibe, melhorando a sobrevida geral,
a sobrevida livre de progressão e a taxa de resposta objetiva em todos os
grupos de risco. Agora, utilizam-se essas combinações como tratamento de
primeira linha para pacientes com câncer renal metastático.
Outros tratamentos são experimentais. Incluem transplantes de células-tronco,
outras interleucinas, tratamento antiangiogênico (p. ex., talidomida) e terapia
com vacinas. Agentes quimioterápicos tradicionais, isolados ou combinados, e
progestágenos são ineficazes.
A nefrectomia citorredutora antes da terapia sistêmica é controversa, depois de
o estudo CARMENA (Ensaio Clínico para Avaliar a Importância da
Nefrectomia), um ensaio clínico randomizado de fase III que comparou a
nefrectomia citorredutora seguida por sunitinibe com o uso isolado de
sunitinibe, mostrou que a sobrevida não piorou ao tratar usando apenas
sunitinibe. Maior conhecimento dos subtipos genéticos do RCC está levando à
evolução das recomendações de tratamento que são mais específicas.
Fontes: https://www.scielosp.org/article/sausoc/2020.v29n3/e180753/
https://editora.pucrs.br/edipucrs/acessolivre//periodicos/acta-
medica/assets/edicoes/2017-2/arquivos/pdf/18.pdf
https://www.scielo.br/j/eins/a/DfWWyn5Z7hNvnxJc7K5rHNJ/?
format=pdf&lang=pt
https://www.scielosp.org/article/ress/2020.v29n4/e2019503/
https://scielo.isciii.es/pdf/eg/v18n54/pt_1695-6141-eg-18-54-250.pdf
https://www.scielo.br/j/abcd/a/XTdWK8dWcJzgJ3DkNn8y95R/?
format=pdf&lang=pt
https://www.scielo.br/j/rb/a/qhxhqqs4Jfr3MVG5pBtnFDt/?format=pdf&lang=pt
OT Necessidades de Saúde – Nova Síntese
1) Qual a fisiopatologia do Câncer de Mama, fatores de risco associados e
qual o manejo dele no SUS?
Resposta:
Câncer de Mama
O câncer de mama quase sempre afeta as células glandulares mamárias nos
ductos ou lóbulos. A maioria das pacientes apresenta uma massa
assintomática descoberta durante exame clínico ou mamografia de triagem. O
diagnóstico é confirmado por biópsia. O tratamento geralmente é feito por
excisão cirúrgica, utilizando, com frequência, radioterapia com ou sem
quimioterapia adjuvante, hormonioterapia ou todos.
Nos EUA, o câncer de mama é a 2ª principal causa de morte por câncer em
mulheres brancas, negras, asiáticas/nativas do Pacífico, índias
americanas/nativas do Alasca e mulheres hispânicas (depois do câncer de
pulmão/brônquios), mas é a principal causa de morte por câncer entre
mulheres hispânicas. Em 2020, a estimativa é cerca de 276.480 novos casos
de câncer de mama invasivo e cerca de 42.170 mortes. Além disso, são
esperados aproximadamente 48.530 novos casos de câncer de mama in situ
em 2020.
O câncer de mama masculino é responsável por ~ 1% do total de casos; cerca
de 2620 novos casos de câncer de mama invasivo e 520 mortes por ele são
esperados em 2020. Em homens, as manifestações, o diagnóstico e o
tratamento são iguais, embora homens tendam a manifestá-lo mais
tardiamente.
Fatores de Risco
Para mulheres nos EUA, o risco cumulativo de desenvolver câncer de mama é
12% (1 em 8) aos 95 anos de idade. Boa parte desse risco ocorre após os 60
anos de idade (ver tabela Risco de ser diagnosticada com câncer de mama
invasivo). Esses dados estatísticos podem ser mal interpretados antes de 95
anos de idade, pois o risco cumulativo de desenvolver o câncer em qualquer
período de 20 anos é consideravelmente mais baixo. O risco de morte por
câncer de mama é cerca de 10% 5 anos após o diagnóstico. Os fatores que
podem alterar o risco de desenvolver câncer de mama incluem:
Idade: o fator de risco mais forte para o câncer da mama é a idade. A
maioria dos cânceres de mama ocorre em mulheres > 50.
História familiar: ter parentes em 1º grau (mãe, irmã, filha) com câncer de
mama dobra ou triplica o risco de desenvolver câncer, mas a história em
parentes mais distantes aumenta o risco apenas levemente. Quando ≥ 2
parentes em 1º grau desenvolvem câncer de mama, o risco pode ser 5 a 6
vezes mais elevado.
Fatores de estilo de vida: fumo e álcool podem contribuir para maior risco
de câncer de mama. Mulheres são aconselhadas a parar de fumar e reduzir
o consumo de álcool. Em estudos epidemiológicos, a ingestão de álcool
está associada a maior risco de câncer de mama; no entanto, é difícil
estabelecer a causalidade. A American Cancer Society recomenda não
mais que uma dose de bebida alcoólica por dia para mulheres.
Pode-se usar a Breast Cancer Risk Assessment Tool (BCRAT) ou o modelo de
Gail para calcular o risco em 5 anos de mulheres desenvolverem câncer de
mama ao longo da vida.
Patologia
A maioria dos cânceres de mama é constituída por tumores epiteliais que se
desenvolvem das células do interior dos ductos e lóbulos; menos comuns são
os cânceres não epiteliais das células de suporte do estroma (p. ex.,
angiossarcoma, sarcomas primários do estroma, tumor filoide). O câncer de
mama é dividido em carcinoma in situ e câncer invasivo.
Carcinoma in situ é a proliferação das células neoplásicas dentro dos ductos
e lóbulos e sem a invasão do tecido estromal. Há 2 tipos:
Carcinoma ductal in situ (LCIS): cerca de 85% dos carcinomas in situ são
desse tipo. LCIS é geralmente detectado apenas por mamografia. Pode
envolver uma área pequena ou extensa da mama; se houver uma área
extensa, focos invasivos microscópicos podem se desenvolver ao longo do
tempo.
Carcinoma lobular in situ (CLIS) muitas vezes é multifocal e bilateral.
Existem 2 tipos: clássico e pleomórfico. CLIS clássico não é maligno, mas
aumenta o risco de desenvolver carcinoma invasivo em qualquer mama.
Essa lesão palpável geralmente é detectada por biópsia; raramente é
visualizado em mamografia. CLIS pleomórfico tem um comportamento que
se parece mais parecido com CDIS; ele deve ser excisado para margens
negativas.
O carcinoma invasivo é originariamente um adenocarcinoma. Cerca de 80%
são do tipo ductal infiltrativo; a maior parte dos tumores restantes é do tipo
lobular infiltrativo. Formas histológicas raras incluem carcinomas medulares,
metaplásicos, mucinosos e tubulares. Carcinoma mucinoso tende a
desenvolver em mulheres mais velhas e ser de crescimento lento. Mulheres
com esses tipos raros de câncer de mama têm um prognóstico muito melhor do
que as mulheres com outros cânceres de mama invasivos.
Câncer de mama inflamatório é câncer de crescimento rápido, muitas vezes
fatal. As células neoplásicas bloqueiam os vasos linfáticos na pele da mama;
como resultado, a mama parece inflamada, e a pele parece mais espessa,
semelhante à casca de laranja (peau d'orange). Geralmente, o câncer de
mama inflamatório se espalha para os gânglios linfáticos na axila. Os
linfonodos se parecem com nódulos duros. No entanto, muitas vezes nenhuma
massa é sentida na própria mama porque esse tipo de câncer é disperso por
toda a mama
A doença de Paget mamária (não confundir com a doença óssea metabólica,
também chamada de doença de Paget) é a forma do CDIS que se estende
sobre a pele do mamilo e da aréola, manifestando-se como uma lesão da pele
(p. ex., lesão eczematosa ou psoriafórmica). As células malignas
características, chamadas de células de Paget, estão presentes na epiderme.
Mulheres com doença de Paget do mamilo muitas vezes têm câncer
subjacente invasivo ou in situ.
Fisiopatologia
O câncer de mama invade localmente e se dissemina através dos linfonodos
regionais, da corrente sanguínea, ou de ambos. O câncer de mama metastático
pode afetar qualquer órgão do corpo — mais comumente pulmões, fígado,
ossos, cérebro e pele. A maior parte das metástases cutâneas ocorre na região
da cirurgia mamária; as metástases de couro cabeludo são comuns.
Alguns tipos de câncer de mama podem recidivar mais precocemente do que
outros; muitas vezes, pode-se predizer a recorrência com base em marcadores
tumorais. Por exemplo, o câncer de mama metastático pode ocorrer em 3 anos
nas pacientes cujos marcadores tumorais são negativos ou ocorrem > 10 anos
após o diagnóstico inicial e tratamento para pacientes com tumor positivo para
receptor de estrogênio.
Receptores hormonais
Os receptores de estrogênio e progesterona, presentes em alguns cânceres de
mama, são receptores nucleares de hormônios que promovem a replicação do
DNA e a divisão celular quando estão ligados aos hormônios apropriados.
Assim, os fármacos que bloqueiam esses receptores podem ser úteis no
tratamento de tumores que tenham esses receptores positivos. Cerca de dois
terços das pacientes na pós-menopausa com câncer apresentam tumor
positivo para o receptor de estrogênio (RE+). A incidência de tumores RE+ é
mais baixa nas pacientes em pré-menopausa.
Outro receptor celular é a proteína do receptor do fator de crescimento epitelial
humano 2 (HER2, também chamado HER2/neu ou ErbB2); sua presença está
relacionada a um prognóstico reservado em qualquer estágio do câncer. Em
cerca de 20% das pacientes com câncer de mama, os receptores de HER2 são
superexpressos. Fármacos que bloqueiam esses receptores são parte do
tratamento padrão para essas pacientes.
Sinais e Sintomas
Muitos cânceres de mama são descobertos como uma massa detectada pela
paciente ou durante um exame físico de rotina ou uma mamografia. Com
menos frequência, o sintoma apresentado é dor ou aumento ou espessamento
não definido das mamas.
A doença de Paget mamária apresenta alterações cutâneas, incluindo
eritema, crostas, descamação e secreção; esses sintomas geralmente parecem
tão benignos que a paciente os ignora, atrasando o diagnóstico por um ano ou
mais. Cerca de 50% das pacientes com doença de Paget do mamilo têm uma
massa palpável na apresentação. Alguns pacientes com câncer de mama
apresentam sinais de doença metastática (p. ex., fratura patológica, disfunção
pulmonar).
Triagem
Todas as mulheres devem passar por triagem para câncer de mama. Todas as
sociedades e grupos de profissionais concordam com esse conceito, embora
difiram quanto à idade recomendada na qual iniciar a triagem e a frequência
precisa da triagem. Modalidades de triagem incluem:
Mamografia (incluindo digital e 3-D);
Exame clínico das mamas (ECM) por profissionais de saúde;
Exames de imagem por ressonância magnética (RM) para paciente de alto
risco;
Autoexame de mama (AEM) mensal.
Mamografia
Na mamografia, radiografias de baixa dosagem de ambas as mamas tiradas
em 2 incidências (oblíqua e craniocaudal). A mamografia apresenta maior
acurácia em mulheres mais idosas, porque, com o envelhecimento, o tecido
fibroglandular da mama é substituído por gordura, que pode ser diferenciada
mais facilmente das alterações teciduais. A mamografia é menos sensível em
mulheres com tecido mamário denso, e alguns estados exigem que as
pacientes sejam informadas de que têm tecido mamário denso quando ele é
detectado por mamografia. Mulheres com tecido mamário denso podem exigir
exames de imagem adicionais [p. ex., tomossíntese mamária (mamografia 3D),
RM].
Exame de mama
O valor do autoexame clínico de rotina ou de mama é controverso. Algumas
sociedades como American Cancer Society and the US Preventive Services
Task Force não recomendam nenhuma dessas modalidades de triagem de
rotina em mulheres com risco médio. Outras sociedades, incluindo o American
College of Obstetricians and Gynecologists, defendem o autoexame clínico e
de mama como componentes importantes de triagem para o câncer de mama.
O exame clínico de mama (ECM) geralmente é parte dos cuidados de rotina
anuais para mulheres > 40. Nos EUA, o EMC aumenta em vez de substituir a
triagem mamográfica. No entanto, em alguns países onde a mamografia é
considerada muito cara, o ECM é a única triagem; relatórios sobre sua eficácia
nesse papel variam.
O autoexame de mama (AEM) isoladamente parece não reduzir a taxa de
mortalidade, mas é bastante praticado. Como um AEM negativo pode incitar
algumas mulheres a não realizar a mamografia ou o ECM, é preciso reforçar a
importância desses exames ao ensinar a mulher a efetuar o AEM. As pacientes
devem ser instruídas a realizar o AEM mensalmente. Para mulheres em
menacme, recomenda-se a realização do AEM 2 a 3 dias após o fim da
menstruação.
RM
A RM é melhor que o ECM ou a mamografia para a triagem em mulheres de
alto risco (p. ex., > 20%), como aquelas que apresentam mutações no gene
BRCA. Para essas mulheres, a triagem deve incluir RM, bem como mamografia
e ECM. A RM possui maior sensibilidade, mas pode ser menos específica.
Pode-se recomendar RM para mulheres com tecido mamário denso como parte
da avaliação geral que inclui a avaliação de risco.
Diagnóstico
Triagem por mamografia, exame clínico das mamas e exame de imagem;
Biópsia, incluindo avaliação de receptores de estrogênio e progesterona e
para proteína HER2.
Quando uma anormalidade é detectada durante o exame físico ou por um
procedimento de triagem, é necessário realizar exames para diferenciar as
lesões benignas de câncer. Como a detecção e o tratamento precoces
melhoram o prognóstico, essa diferenciação deve ser conclusiva antes do fim
da avaliação.
Se houver suspeita de câncer avançado com base no exame físico, deve-se
fazer inicialmente uma biópsia; a estratégia é a mesma que a da avaliação de
uma massa na mama, que tipicamente inclui a ultrassonografia. Em todas as
lesões que podem ser câncer devem ser feita biopsia. Uma mamografia
bilateral pré-biópsia pode ajudar a delinear outras aéreas que devem ser
biópsiadas e fornece dados iniciais que servirão como referência no futuro.
Entretanto, os resultados da mamografia não devem alterar a decisão de fazer
a biópsia, se essa decisão se basear em achados físicos.
Biópsia
Biópsia percutânea com agulha é preferida à biópsia cirúrgica. A core biopsy
pode ser feita orientada por imagem ou palpação (mão livre). Rotineiramente,
utiliza-se a biópsia estereotáxica (biópsia com agulha orientada por mamografia
feita em 2 planos a analisada por computador para produzir uma imagem 3-D)
ou biópsia guiada por ultrassom para aumentar a precisão. Clipes são
colocados no local da biópsia para identificá-la.
Se a core biopsy não for possível (p. ex., a lesão é muito posterior), pode-se
fazer biópsia cirúrgica; um fio-guia é inserido, utilizando imagens para
orientação, a fim de ajudar a identificar o local da biópsia.
Qualquer pedaço de pele com o espécime biópsiado deve ser examinado, pois
pode haver células neoplásicas nos vasos linfáticos da derme.
Deve-se obter uma radiografia do espécime retirado cirurgicamente e compará-
la à mamografia pré-biópsia para determinar se toda a lesão foi removida. Se a
lesão original continha microcalcificações, repete-se a mamografia quando a
mama não mais está sensível, geralmente de 6 a 12 semanas após a biópsia,
para verificar microcalcificações residuais. Se a radioterapia está planejada,
deve-se fazer a mamografia antes do início da radioterapia.
Preservação da fertilidade
Pacientes com câncer de mama não devem engravidar durante o tratamento
contra câncer de mama. Entretanto, deve-se encaminhar todas as pacientes
que desejam manter a fertilidade a um endocrinologista reprodutivo para
discutir a preservação da fertilidade antes do início da terapia sistêmica. As
opções para a preservação da fertilidade são:
Técnicas de reprodução assistida (TRA) com estimulação ovariana e
criopreservação de ovócitos e embriões;
Supressão ovariana (p. ex., com leuprolide) para minimizar a destruição de
óvulos pela quimioterapia.
O tipo de câncer de mama, o tratamento previsto e as preferências da paciente
afetam o tipo de técnica de preservação da fertilidade que pode ser utilizada. A
TRA pode ter efeitos adversos em pacientes com tumor positivo para o
receptor de estrogênio.
Prognóstico
O prognóstico a longo prazo depende do estágio do tumor. O estado linfonodal
(incluindo número e localização dos linfonodos) se correlaciona com a
sobrevida livre de doença e sobrevida global melhor do que os outros fatores
prognósticos. O índice de sobrevivência de 5 anos depende do estágio do
câncer:
Localizado (confinado ao local primário): 98,8%
Regional (confinado aos linfonodos regionais): 85,5%
Distante (com metástase): 27,4%
Desconhecido: 54.5%
Tratamento
Cirurgia;
Frequentemente, radioterapia;
Terapia sistêmica; terapia hormonal, quimioterapia ou ambas.
Para a maioria dos cânceres de mama, o tratamento envolve cirurgia,
radioterapia e terapia sistêmica. A escolha do tratamento depende das
características do tumor e da paciente (ver tabela Tratamento por tipo de
câncer de mama). As recomendações para a cirurgia estão evoluindo e incluem
o encaminhamento precoce a um cirurgião plástico ou de reconstrução para
cirurgia oncoplástica (que combina a remoção do câncer com a reconstrução
da mama).
Cirurgia
A cirurgia envolve mastectomia ou cirurgia conservadora da mama mais
radioterapia.
Mastectomia é a remoção de toda a mama, havendo os seguintes tipos:
Mastectomia poupadora da pele: poupa os músculos peitorais e pele o
suficiente para cobrir a ferida, tornando a reconstrução da mama muito mais
fácil, e poupa linfonodos axilares.
Mastectomia poupadora do mamilo: mesma que a mastectomia poupadora
da pele, mas também conserva o mamilo e a aréola.
Mastectomia simples: poupa os músculos peitorais e linfonodos axilares.
Mastectomia radical modificada: poupa os músculos peitorais e remove
alguns linfonodos axilares.
Mastectomia radical: remove os linfonodos axilares e os músculos peitorais.
A mastectomia radical raramente é feita, a menos que o câncer tenha invadido
os músculos peitorais.
Procedimentos reconstrutivos
Os procedimentos para a reconstituição da mama incluem:
Reconstrução protética: colocação de um implante de silicone ou salino, às
vezes depois que um expansor de tecido é usado;
Reconstrução autóloga: transferência de retalho muscular (utilizando o
latíssimo do dorso), glúteo máximo ou reto abdominal inferior.
Radioterapia
Indica-se radioterapia depois de mastectomia se qualquer um dos seguintes
está presente:
O tumor primário tem ≥ 5 cm;
Nódulos axilares estão envolvidos.
Nesses casos, a radioterapia após a mastectomia reduz consideravelmente a
incidência de recorrência local na parede torácica e nos linfonodos regionais e
melhora a taxa geral de sobrevida.
Radioterapia após cirurgia conservadora da mama reduz significativamente a
incidência de recorrência local na mama e nos linfonodos regionais e pode
melhorar a taxa geral de sobrevida. Mas se as pacientes têm > 70 anos e
apresentam câncer de mama ER+ precoce, o acréscimo de radioterapia à
mastectomia mais tamoxifeno pode não ser necessária; isso não diminui
significativamente a taxa de mastectomia para recidiva local ou a ocorrência de
metástases à distância nem aumenta a taxa de sobrevida.
Os efeitos adversos da radioterapia (p. ex., fadiga, alterações cutâneas) são
geralmente transitórios e leves. Efeitos adversos tardios (p. ex., linfedema,
plexopatia braquial, pneumonite radioativa, dano à coluna, câncer secundário,
toxicidade cardíaca) são menos comuns.
Para melhorar a radioterapia, pesquisadores estão estudando vários novos
procedimentos. Muitos desses procedimentos visam direcionar mais
precisamente a radiação para o câncer e evitar no restante da mama os efeitos
da radiação.
Nos EUA, a maioria das mulheres com câncer de mama têm câncer de mama
ER+/PR+/HER- com linfonodos axilares negativos. Nessas mulheres, um
escore baixo ou intermediário no estudo de classificação de recorrência de 21
genes prediz taxas de sobrevida semelhantes com quimioterapia mais terapia
hormonal e apenas terapia hormonal. Portanto, nesse subconjunto de mulheres
com câncer de mama, a quimioterapia neoadjuvante pode não ser necessária.
Doença metastática
Qualquer indício de metástase deve ser investigado imediatamente. O
tratamento das metástases aumenta a sobrevida média em 6 meses ou mais.
Essas terapias (p. ex., quimioterapia) relativamente tóxicas podem aliviar os
sintomas e melhorar a qualidade de vida. Porém, a decisão de submeter-se ao
tratamento é altamente pessoal. A escolha da terapia depende do:
Estado do receptor hormonal do tumor;
Tempo de intervalo livre de doença (do diagnóstico à manifestação das
metástases);
Número de locais acometidos por metástases;
Estado menopausal da paciente.
A maioria das pacientes com doença metastática sintomática é tratada com
hormonioterapia sistêmica ou quimioterapia. As pacientes com metástases em
múltiplos locais, fora do sistema nervoso central, devem começar a terapia
sistêmica. Não há provas de que o tratamento das metástases assintomáticas
aumente substancialmente a sobrevida, mas pode piorar a qualidade de vida.
Terapia hormonal é preferível em pacientes com qualquer um dos seguintes:
Tumores ER+;
Um intervalo livre de doença de > 2 anos;
Doença que não põe a vida em risco imediatamente:
O tamoxifeno é usado com frequência como droga de primeira escolha em
pacientes na pré-menopausa. A ablação ovariana por cirurgia, radioterapia ou
uso de agonistas do hormônio liberador do hormônio luteinizante (p. ex.,
buserelina, goserelina, leuprolida) é uma alternativa razoável.
Alguns especialistas combinam a ablação ovariana com tamoxifeno ou
inibidores da aromatase. Em mulheres na pós-menopausa, os inibidores da
aromatase estão sendo cada vez mais usados como hormonioterapia primária.
Se o câncer responder inicialmente à hormonioterapia, mas progredir meses ou
anos depois, podem-se usar formas adicionais de hormonioterapia (p. ex.,
progestina, o antiestrogênico fulvestranto) sequencialmente até não haver mais
resposta.
Os fármacos quimioterápicos mais eficazes para tratamento do câncer de
mama metastático são a capecitabina, a doxorrubicina (incluindo sua
formulação lipossomal), a gencitabina, os taxanos paclitaxel e docetaxel e a
vinorelbina. A taxa de resposta à combinação de fármacos é maior que a da
resposta a um fármaco isolado, mas a sobrevida não aumenta e a toxicidade é
maior. Desse modo, alguns oncologistas usam um fármaco isolado
sequencialmente.
Administram-se fármacos anti-HER2 (p. ex., trastuzumabe, pertuzumabe) para
tratar tumores que superexpressam o HER2. Esses fármacos são eficazes para
tratar e controlar locais metastáticos viscerais. Administra-se apenas
trastuzumabe ou com hormonioterapia, quimioterapia ou pertuzumabe.
Trastuzumabe mais quimioterapia mais pertuzumabe desacelera o crescimento
do câncer de mama metastático positivo para HER2 e aumenta a sobrevida
mais do que trastuzumabe e quimioterapia.
Inibidores da tirosina quinase (p. ex., lapatinibe, neratinibe) são cada vez mais
utilizados em mulheres com tumores HER2+.
A radioterapia isolada pode ser usada para tratar lesões ósseas isoladas e
sintomáticas ou recorrências cutâneas locais que não respondam à ressecção
cirúrgica. A radioterapia é o tratamento mais efetivo para metástases cerebrais,
ocasionalmente controlando a doença a longo prazo. Mastectomia paliativa às
vezes é uma opção para pacientes com câncer de mama metastático estável.
Bisfosfonatos IV (p. ex., pamidronato, zoledronato) diminuem a dor e a perda
óssea e retardam o surgimento de alterações esqueléticas devido a metástases
ósseas. Cerca de 10% das pacientes com metástase óssea acabam
desenvolvendo hipercalcemia, que pode ser tratada com bisfosfonatos IV.