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A
by Mariana Barros e David Aparício
TRAUMA
[MD]
Definição: alteração celular causada pela troca de energia com o ambiente envolvente que
ultrapassa a capacidade de resistência do organismo, culminando em morte celular/isquemia;
Avaliação Primária: identificar e tratar condições life threatening avaliando o ABCDE (A – Airway,
Figura 1:Sequência clínica da avaliação primária de um doente com trauma. Baseado em Tao, L. and B. Vikas, First Aid for the
USMLE Step 2 CK, Tenth Edition. First Aid. 2018: McGraw-Hill Education. -1.
MD, D, P, T, GD
1 - AVALIAÇÃO PRIMÁRIA
PRIORIDADE → Assegurar patência da via aérea (confirmar que não tem objeto estranho a obstruir e [MD]
A remove-lo)
Lesões penetrantes do pescoço com hematoma em expansão; lesão química ou térmica das
mucosas; enfisema subcutâneo extensos; trauma maxilo-facial complexo; hemorragia da via
aérea; Escala de coma de Glasgow (GCS) <8
ENTUBAÇÃO OROTRAQUEAL COM CUFF INSUFLADO ABAIXO das cordas vocais é a via
mais definitiva para assegurar a via aérea
[T]
PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO
[D]
Instabilidade hemodinâmica; desvio da traqueia para o
SINAIS E SINTOMAS
lado contralateral do local afetado
Comunicação livre com a atmosfera → equilíbrio entre pressão atmosférica e pressão pleural →insuflação [MD]
pulmonar e ventilação alveolar;
Abordagem: Penso oclusivo em 3 partes→ Encerramento definitivo da ferida colocação de tubo de [T]
drenagem
1.4 - FUGA DE AR
TIPO 1 TIPO 2 [MD]
Exame físico: Ansiedade, estridor, rouquidão, alteração do estado mental, cianose e apneia; [D]
Abordagem: Entubar precocemente; remover o corpo estranho, se visível, com laringoscópico antes de
entubar.
Hipotensão (TAS < 90 mmHg) é de causa hemorrágica até prova em contrário, após
C
excluídas patologias da avaliação do “A” e do “B”
[MD]
Choque cardiogénico: devido a uma inadequada função cardíaca seja por contusão ou por trauma [MD]
penetrante cardíaco;
Choque sético: raro na fase precoce do trauma, mas é uma causa comum de morte tardia (via
falência multiorgânica) nas semanas seguintes ao trauma. É mais comumente vista nas feridas [MD]
MD, D, P, T, GD
PONTOS-CHAVE:
• Avaliar nível de consciência, coloração da pele e pulso central;
• Hemorragia externa é controlada inicialmente com compressão direta. Controlo definitivo com
[T]
cirurgia, embolização e estabilização pélvica;
• Estabelecer 2 acessos IV de grande calibre e iniciar fluidoterapia com cristaloides;
• Hipotermia é uma complicação potencialmente letal - aquecer os doentes e fluídos.
[T]
O hemotórax massivo é indicação para tratamento cirúrgico
Adulto →1500 mL de sangue no espaço pleural; Criança → > 25 do volume sanguíneo total no espaço
ABORDAGEM:
1.Restaurar o volume sanguíneo;
2.Dreno Torácico:
•Facilita a re-expansão pulmonar, melhora oxigenação e função cardíaca; [T]
•Forma de quantificar o hemotórax;
•Tamponamento de hemorragia venosa.
3.Toracotomia se >1500 cc de sangue perdido ou ≥200 cc/h em drenagem contínua.
TANPONAMENTO CARDÍACO
[D]
SINAIS CLÍNICOS das veias do pescoço; pulso paradoxal (PAS ↓> 10 mmHg
com a inspiração)
ECG: QRS de baixa voltagem, pulso alterans
DIAGNÓSTICO Raio-X: ↑ da silhueta cardíaca;
Ecocardiograma: Colapso da aurícula e ventrículo direito
EMERGÊNCIA → DRENAGEM URGENTE
TRATAMENTO [T]
(pericardiocentese subxifóide e ecoguiada)
Na hipovolemia:
• Taquicardia pode estar ausente secundária ao ↑ do tónus vagal ou uso crónico de cocaína; [MD]
Muitas vezes não há tempo para fazer a GCS sendo uma alterativa a escala AVPU
2 - AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA
A avaliação secundária só é realizada quando se estabiliza o ABCDE do doente. Se ocorre qualquer [MD]
deterioração durante esta fase, esta deve ser interrompida e faz-se novamente a avaliação primária.
SINAIS DE LESÃO
•Aprisionamento ocular; instabilidade do 1/3 médio da face; rutura da membrana timpânica;
#mandíbula/maxilar; # nasal
•Sinais de #base crânio: otorreia, rinorreia, hematoma da apófise mastóideia (Battle sign), equimoses
periorbitárias (“olhos de guaxinim”). Neste caso é necessário TAC para excluir hemorragia intracraniana e [D]
inclusão de imagem cervical para excluir lesão espinhal.
Não existe tratamento para o primeiro ponto para além da prevenção: a intervenção cirúrgica pode aliviar o
2º ponto e medidas médicas podem prevenir ou minimizar o 3º ponto.
[D]
LESÕES CEREBRAIS
Hematoma epidural: Perda de consciência recorrente com intervalo de lucidez e midríase fixa ipsilateral;
+++ lesão da artéria meníngea média;
Hematoma subdural: Lesão venosa no espaço subdural ou laceração do parênquima encefálico;
Hemorragia subaracnoídea: Vasoespasmo com diminuição da perfusão sanguínea cerebral;
Desaceleração de alta velocidade: TAC esbatimento da interface substância branca/cinzenta e pequenas
hemorragias punctiformes (Preferível RMN cerebral);
Síndrome tipo AVC: Lesão artéria vertebral ou artéria carótida interna.
Pág. 7/15 Perguntas da Especialidade
TRAUMA
A
by Mariana Barros e David Aparício
2.2 - PESCOÇO
INDICAÇÕES PARA TAC CERVICAL: Entubados; lesões dolorosas distrativas; lesão vertebral
identificada noutro segmento.
SÍNDROME DA ↓da função motora, sensação dolorosa e temperatura abaixo do nível da lesão;
MEDULA ANTERIOR Preservação da propriocepção, sensação vibratória e sensibilidade grosseira.
2. # DA LARINGE
A zona I está compreendida entre as clavículas e a cartilagem cricóide. A zona II entre a cartilagem
cricóide e o ângulo da mandíbula e a zona III, estende-se deste ângulo até a mastóide.
[MD]
[D]
[T]
2.3 - TÓRAX
Não devemos presumir que o trauma torácico penetrante se restringe apenas ao tórax, [MD]
devemos excluir lesões em cavidades contíguas (abdómen e pescoço).
2.4 - ABDÓMEN
[D]
MD, D, P, T, GD
Figura 3:Abordagem ao doente com trauma abdominal. LPD: Lavagem Peritoneal Diagnóstica; ECO: ecografia; Tx:
Tratamento
Baseado em Deborah B Diercks, M., MScSamuel O Clarke, MD, MAS. Initial evaluation and management of blunt
abdominal trauma in adults. 2020; Available from: https://www.uptodate.com/contents/initial-evaluation-and-
management-of-blunt-abdominal-trauma-in-adults
a) Traumatismo penetrante (Ex: Disparo de arma de fogo, lesão por arma branca);
TRAUMA PENETRANTE
Laparotomia urgente é mandatória no trauma penetrante e com as seguintes condições:
•Choque; [T]
•Peritonite (doente apresenta guarda e defesa ao exame físico);
•Evisceração;
•Ar livre no abdómen;
•Sangue na sonda naso-gástrica, cateter de Foley (contra-indicado a sua colocação se suspeita de
fractura da bacia) ou no toque retal;
•Evidência de lesão de entrada e de saída;
•Em doentes hemodinamicamente estáveis, mas em quem não pode ser determinada clinicamente se
houve lesão de víscera oca/órgão → laparoscopia pode ser realizada.
Se trauma penetrante, mas sem indicação para laparotomia urgente → EFAST-Extended Focused
Assessment with Sonography for Trauma (que também avalia presença de hemotórax, pneumotórax) ±
TAC e exploração local da ferida para avaliar se houve ou não perfuração da fáscia anterior do reto:
a)Se a fáscia intacta → cavidade intra-abdominal não foi penetrada → não é necessária mais
intervenção;
b)Se a fáscia foi trespassada → exploração cirúrgica é indicada para avaliar lesão vascular e do intestino
mesmo se hemodinamicamente estável e ausência de sinais peritoneais ao exame físico.
A única situação em que um trauma penetrante não tem indicação imediata para laparotomia é se
estável e suspeita de não ter ocorrido penetração do peritoneu (lesão tangencial/sem lesão de
saída).
Nestes casos a lavagem peritoneal não tem papel.
TRAUMA FECHADO
Trauma fechado com sinais inequívocos de lesão interna (distensão abdominal e dor abdominal com
defesa consistente com peritonite) requer uma avaliação cirúrgica emergente com laparotomia
MD, D, P, T, GD
exploratória;
• Mesmo sem sinais inequívocos de lesão requer mais avaliação.
• Em pacientes com trauma abdominal fechado e com raio-X torácico e pélvico normais o mais provável
é estarmos perante uma hemorragia intra-abdominal.
O diagnóstico pode ser rapidamente realizado usando o FAST (Focused Abdominal Sonography for
Trauma):
a.deteta líquido intra peritoneal> 250 mL;
b.não determina a fonte da hemorragia nem o grau de lesão de órgão sólido;
c.identifica líquido livre no espaço de Morrison, no quadrante superior esquerdo e pélvis;
d.não é 100% sensível→ justifica o uso da LPD para descartar hemorragia intra-abdominal em
doentes hemodinamicamente instáveis sem fonte hemorrágica definida.
Se estável, mas FAST não conclusivo, o doente deve ser alvo de mais estudos (Ex: TAC) que irá
evidenciar fluído intra-abdominal e pode delinear mais precisamente a fonte tipicamente o fígado ou baço. [D]
•Um prolongado tempo cirúrgico e hemorragia ativa pode levar à “tríade da morte”:
hipotermia, coagulopatia e acidose. Quanto mais tempo o doente estiver a ser
intervencionado cirurgicamente, cada um destes componentes tende a agravar e a
[T]
precipitar cada um dos outros resultando num ciclo vicioso que conduz à morte.
De acordo com o “damage control” adotado: lesões life-threatening imediatas devem ser
adereçadas. Obviamente o reparo de lesões vasculares major com hemorragia ativa
devem ser precedidas.
MD, D, P, T, GD
•Se a coagulopatia se desenvolver durante a cirurgia, esta deve ser tratada com transfusões
de concentrado eritrocitário, plasma fresco congelado e plaquetas em iguais
quantidades (rácio 1:1:1).
No caso de síndrome de compartimento, o abdómen não é encerrado para prevenir dano de órgãos.
Nas lesões retroperitoneais (ex: trauma lombar ou abdominal – volante de uma bicicleta) a
possibilidade de ter sinais e sintomas é baixa, por isso é necessária ter baixa tolerância
para realizar TAC abdominal (se trauma posterior) ou ecografia renal (se trauma anterior)
[D]
se mecanismo de lesão assim o justificar. Microhematúria ou hematúria macroscópica na
urina tipo II num trauma lombar => possível lesão das vias urinárias => ecografia das vias
urinárias
1º Estabilizar a pélvis para limitar o espaço potencial de perda de sangue ativa (Pelvic binder,
lençol, fixador externo, C-Clamp, pelvic packing).
2º Após estabilização o doente deve ser submetido a angiografia e não a cirurgia exploratória
[T]
a) É difícil, ou mesmo impossível, identificar a fonte de hemorragia nas pélvis, dado que é
uma cavidade profunda com vários órgãos e vasos e plexos vasculares no seu interior;
b) Radiologistas de intervenção podem, através da angiografia, identificar a fonte da
hemorragia e embolizar os vasos e assim controlar a perda de sangue;
c) Se não for identificada hemorragia arterial, a perda de hemorragia é presumida como de
origem venosa e as artérias ilíacas internas são profilaticamente embolizadas para prevenir o
fluxo para as veias sangrantes.
Numa fratura pélvica, lesões associadas têm de ser excluídas. Estas incluem lesões do reto (fazer
toque retal ou proctoscopia rígida), na vagina (fazer exame pélvico), na uretra (ureterograma
retrógado) e na bexiga.
[MD]
2.6 - LESÕES UROLÓGICAS
[D]
O hall-mark das lesões urológicas é a presença de sangue na urina num doente com trauma [T]
abdominal fechado/penetrante.
MD, D, P, T, GD
Lesões urológicas fechadas podem afetar os rins (++ se lesão das costelas inferiores
concomitante), bexiga ou uretra (estes dois últimos ++ se fratura pélvica).
Lesões da uretra ocorrem quase exclusivamente nos homens e estão associadas a fratura pélvica e
presença de sangue no meato uretral;
Nesse caso, o ureterograma retrogado deve ser realizado em 1º lugar. Se cateter de Foley for
colocado e houver resistência à sua passagem tal é um achado sugestivo de lesão e a tentativa da sua
Lesões na bexiga podem ocorrer associadas a fraturas pélvicas e são diagnosticadas por cistograma
[MD]
retrogrado ou cistografia por TAC.
a) O Raio-X deve incluir imagens pós micção para permitir evidenciar a passagem extra-
peritonial do líquido a partir da base da bexiga.
[D]
Lesões renais 2ªs a trauma fechado estão associadas a fraturas das costelas inferiores. Neste caso a
TAC deve ser realizada para determinar se é necessária ou não intervenção cirúrgica.
Proximidade de vasculatura;
Hematoma significativo;
Hemorragia Pulsátil; Associada lesão nervosa;
Ausência de pulsos; Diferencial de pressões entre o lado
Isquemia Aguda. afetado e o lado são < 0,9;
Presença de sopro;
Nas lesões penetrantes das extremidades, a principal preocupação é se ocorreu lesão vascular ou não.
MD, D, P, T, GD
REFERÊNCIAS
Brunicardi, F.C., et al., Schwartz's Principles of Surgery, 10th edition. 2014: McGraw-Hill Educatio
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