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Carolina Cavalcante

Atendimento Inicial ao Avaliação e Atendimento Inicial

Trauma Quando abordamos um indivíduo


politraumatizado é necessário tratamento
Politrauma: o paciente politraumatizado é imediato. Dessa forma, é importante que seja
considerado aquele que apresenta lesões em instituída uma abordagem sistematizada, que
2 ou mais sistemas de órgãos (tórax, possa ser facilmente revista e aplicada. Este
abdome, fratura de ossos longos, trauma processo é denominado de avaliação inicial
cranioencefálico). Além disso, é necessário e inclui as seguintes etapas:
que pelo menos uma, ou uma combinação
dessas lesões, represente um risco vital ao 1. Preparação: GARANTIR A SEGURANÇA
doente. DA CENA
2. Triagem
As mortes determinadas pelo trauma se 3. Exame primário
apresentam em uma distribuição trimodal: 4. Reanimação
5. Medidas auxiliares ao exame primário e
1. Dentro de segundos a minutos do reanimação
evento (50% dos óbitos): sendo as 6. Exame secundário
causas mais comuns as lacerações da 7. Medidas auxiliares ao exame
aorta, o traumatismo cardíaco e as lesões secundário
à medula espinhal e ao tronco cerebral, 8. Reavaliação e monitorização contínuas
determinando apneia. após a reanimação
 Na maior parte dos casos os pacientes 9. Cuidados definitivos
não conseguem ser salvos devido à
gravidade do trauma 1. Preparação
 A única forma de reduzir a mortalidade
dessas vítimas é através de realização
1º Garantir a Segurança
e divulgação de medidas preventivas
(sinalização das estradas, campanhas
A preparação envolve dois cenários clínicos
para uso de cintos de segurança, etc.)
distintos: o ambiente pré-hospitalar e o
hospitalar.
2. Dentro de minutos a horas do acidente
(30% dos óbitos): com a hemorragia –
ocasionada por diversas condições como
PRÉ-HOSPITALAR HOSPITALAR
ruptura esplênica, lacerações hepáticas,
fraturas pélvicas
 Hemopneumotórax e os hematomas  Comunicar a  Eleger um líder
epidural e subdural sendo as principais transferência
lesões encontradas.  Sala adequada
 Esta é considerada a "hora de ouro"  Sinalizar vias para a reanimação
(golden hour). É durante esse período públicas com os
que medidas adequadamente equipamentos
conduzidas aumentam a probabilidade  Abordagem inicial: disponíveis
de a vítima sobreviver ênfase nas vias
aéreas,  Ringer lactato
3. O terceiro pico de mortalidade ocorre estabilização da aquecido
várias horas a semanas do acidente: coluna, controle
com a sepse e a disfunção sistêmica de da hemorragia  Equipamentos de
múltiplos órgãos constituindo as principais externa e monitoração e
causas. imobilização do ventilação
 Os cuidados tomados durante as fases paciente testados e prontos
anteriores do atendimento podem
influenciar o prognóstico desses  Toda equipe com
pacientes. os EPIS
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2. Triagem × Não: via aérea artificial  IOT é a
mais usada
A triagem tem por função classificar os
pacientes de acordo com o tipo de tratamento Intubação Orotraqueal
necessário e os recursos disponíveis.
 Tempo: uma apneia
De forma geral, duas situações de triagem  Médico experiente: 2 tentativas
acontecem na prática:  Médico inexperiente: 3 tentativas
 Se não conseguir intubar nessas tentativas
A. Múltiplas Vítimas: pacientes com risco de = via aérea difícil
vida iminente e aqueles com lesões  Avaliação do tubo: ausculta de ambos
multissistêmicas serão atendidos primeiro hemitórax e epigastro. Pedir radiografia de
tórax e pedir capnografia se disponível
B. Desastre: as vítimas com maior
probabilidade de sobreviver serão FALHA NA INTUBAÇÃO
atendidas primeiro

3. Exame Primário
 Máscara Laríngea (ML): temporária (não
protege a via aérea), não precisa de
laringoscopia
 Combitubo (CT): temporário

FALHA NA INTUBAÇÃO + NECESSIDADE


DE VIA AÉREA DEFINITIVA/AUSÊNCIA DE ML
OU CT

 Traqueostomia: entre o 2º e 3º anel


traqueal  geralmente não faz no trauma,
é um procedimento eletivo
 Cricotireoidostomia Cirúrgica: definitiva.
Incisão na membrana cricotireoidea
 Cricotireoidostomia por punção:
indicada para crianças < 12 anos, é
uma medida temporária (pode usar
apenas por 30-45 minutos pelo risco
de carbonarcose). Relação 1:4 (15
OBS: no PHTLS em ambiente extra- L /min – 40-50 PSI)
hospitalar, se o paciente estiver sangrando,
após garantir a segurança da cena devemos Indicações de Via Aérea Artificial
começar o exame primário pelo “C”, para
controlar o sangramento (X-ABCDE)  Apneia
 Proteção de via aérea: evitar a
A: Coluna Cervical + Via Aérea broncoaspiração, ou seja, balonete
insuflado na traqueia
1º: Estabilizar a coluna cervical:  Incapacidade de manter a oxigenação
 Colar + prancha + coxins laterais  TCE grave  Glasgow ≤ 8

2º: Via Aérea Pérvia? Tipos


 Fonação preservada (perguntar o
nome do paciente): se sim, está  Definitiva: protege a via aérea através do
pérvia balonete insuflado na traqueia
 Sim: ir para a etapa B (Oferecer O2  Intubação Orotraqueal: mais
10-12 L/min) utilizada
 Intubação Nasotraqueal:
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contraindicado na apneia
 Cricotireoidostomia Cirúrgica
 Traqueostomia

 Temporária: não protege a via aérea


 Cricotireoidostomia por punção
 Dispositivos supraglóticos:
máscara laríngea e Combitubo

B: Respiração
 Hipotensão permissiva: manter uma PA
 O2 ≥ 10 L/min em máscara com mínima para garantir a perfusão (não faz
reservatório em pacientes com TCE)

 Exame do aparelho respiratório:  Transfusão Maciça: paciente que recebeu


inspeção, palpação, percussão e ausculta > 10 UI de concentrado de hemácias em
24 horas ou > 4UI em 1 hora
 Oximetria de pulso  Protocolo de transfusão maciça:
1CH:1P:1P
C: Circulação + Controle da Hemorragia  Paciente classe 4; não respondeu
inicialmente; índice de choque
elevado > 0,9; escore ABC ≥ 2
Vítima de trauma com hipotensão FC
apresenta choque hemorrágico e  S h ock Index=
PAS
hipovolêmico até que se prove o contrário.
 ABC score (1 ponto para cada):
trauma penetrante; FAST positivo;
PAS ≤ 90 mmHg; FC ≥ 120 bpm
 2 acessos venosos periféricos
 Falha/impossibilidade: acesso
 Ácido tranexâmico: é um antifibrinolítico,
venoso central, dissecção de safena,
ideal para administrar no paciente com
intraósseo
sangramento volumoso não compressível
 Em crianças: a primeira opção após a
+ perda volêmica ≥ grau 3
falha do periférico é o acesso
 Realizar até as primeiras 3 horas
intraósseo
 1ª dose de 1 grama em até 3 horas
 Independentemente do acesso obtido,
(ideal nos primeiros 10 minutos) e
amostras de sangue devem ser
reforço em 8 horas
colhidas para avaliação laboratorial
(teste de gravidez em mulheres em
 Diurese: 0,5 ml/kg/hora
idade reprodutiva, gasometria venosa
 Não sondar em lesão de uretra:
e dosagem do lactato) e testes
sangue no meato uretral, retenção
toxicológicos
urinária, hematoma perineal, fratura de
pelve  afastar a lesão de uretra 
 Cristaloide aquecido (RL ou SF 0,9%):
uretrocistografia retrógrada
hipotensão permissiva
 Criança: 1 ml/kg/hora
 Adultos: até 1 litro
 Crianças: 20 ml/kg
 Controle da hemorragia: comprimir
feridas sangrantes (compressão direta)
 Estimativa de perda volêmica: servem
 Torniquete: em extremidades, pode
apenas como uma espécie de guia para a
deixar por até 6 horas
terapêutica inicial, uma vez que o
sangramento pode ser continuado
D: Disfunção Neurológica

Fazer o exame neurológico rápido:

 Escala de coma de Glasgow


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 Pupilas
 Extremidades

E: Exposição + Controle do Ambiente

 Expor o paciente: lembrar de rolagem em


blocos para avaliar o dorso

 Controle da temperatura: ao expor o


paciente pode causar hipotermia nele
(tríade mortal)

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