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Insuficiência respiratória

e
suporte ventilatório.

Enfa.Msc Cíntia Gonçalves


Insuficiência Respiratória - Conceito
Condição clínica na qual o sistema respiratório
não consegue manter os valores da pressão
arterial de oxigênio (PaO2 ) e/ou da pressão
arterial de gás carbônico (PaCO2 ) dentro dos
limites da normalidade, para determinada
demanda metabólica.

➢PaO2 < 60 mmHg


➢PaCO2 > 50 mmHg
Principais manifestações:
➢Dispneia;
➢Agitação;
➢Sudorese.

A IR refere-se a hipoxemia e não


a hipóxia
Classificação
A IR pode ser classificada quanto à velocidade
de instalação:

➢ Aguda - Ocorre rápida deterioração da


função respiratória levando ao surgimento
de manifestações clínicas mais intensas.

➢ Crônica - Quando as alterações das trocas


gasosas se instalam de maneira progressiva
ao longo de meses ou anos.
Insuficiência respiratória aguda tipo I

Queda da PaO2, porém com PaCO2 normal ou


reduzida. Déficit de oxigenação.

➢ SARA;
➢ Broncopneumonia grave;
➢ Atelectasias;
➢ Edema pulmonar;
➢ Embolia pulmonar;
➢ Asma grave;
➢ DPOC exarcebada;
➢ Pneumotórax
Insuficiência respiratória aguda tipo II

Queda da PaO2 e aumento da PaCO2. Déficit


de ventilação.

➢ Alterações de SNC
➢ Doenças neuromusculares;
➢ Disfunção da parede torácica e pleura;
➢ Obstrução das vias aéreas superiores
AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PACIENTE
Sinais de hipoxemia :

➢ Sinais respiratórios: Taquipnéia, respiração


laboriosa, cianose progressiva;

➢ Sinais cardíacos: Taquicardia seguida de
bradicardia, hipotensão e parada cardíaca;

➢ Sinais neurológicos: Inquietação, confusão,


prostração, convulsão e coma;

➢ Outros: Palidez.
Principais causas de
Insuficiência Aguda
Atelectasia
Colabamento de um alvéolo/ lobo ou grande
unidade do pulmão causada pela obstrução de
um brônquio que impede a passagem de ar
para os alvéolos.


A principal causa de
atelectasia é a obstrução
de um dos brônquios
Etiologia

➢ corpo estranho;
➢ Acúmulo secreções;
➢ Decúbito dorsal;
➢ Imobilização tórax (dor);
➢ Depressão respiratória (sedativos e
relaxantes);
➢ Distensão abdominal;
➢ Pressão tecido pulmonar (derrame pleural,
pneumotórax, derrame pericárdico);
➢ Tumor.
Manifestações Clínicas
➢ Ansiedade;
➢Taquicardia;
➢ Angustia respiratória acentuada;
➢Piora dos sintomas na posição dorsal;
➢Febre baixa;
➢Tosse
➢Cianose
➢ Prostração
➢ Dor pleural
➢ Taquicardia
➢ Dispneia
Diagnóstico

➢ Ausculta pulmonar: murmúrios diminuídos


➢ Raio X de tórax :infiltrados em placas ou
áreas consolidadas, comprometimento na
expansão do lado afetado e excessiva
expansão do lado oposto.
➢ Oximetria de pulso: uma baixa saturação
de hemoglobina ligada ao oxigênio e a
pressão parcial arterial de O2 está abaixo
do normal.
Tratamento
➢ A meta é melhorar a ventilação e remover
as secreções;

➢ Oxigenoterapia;

➢ Entubação endotraqueal e ventilação


mecânica podem ser necessárias;

➢ Manter as medidas de prevenção para a


atelectasia.
Tratamento/Medicamentos

➢ Broncodilatadores inalados

➢ Acetilcisteína – Fluidificador

➢ Casos mais graves:

▪ Aspiração traqueal;
▪ Broncoscopia
Atelectasia - Prevenção
Pneumonia - Definição

Processo inflamatório do parênquima pulmonar,


causada agentes infecciosos.

BRONCOPNEUMONIA PNEUMONIA LOBAR


Etiologias

✓ Bacteriana;
✓ Viral;
✓ Fúngica;
✓ Parasitaria;
✓ Aspiração de substâncias químicas, corpos
estranhos e após radiação.
✓ Entubação orotraqueal prolongada.
Manifestações Clínicas

➢Dispnéia
➢ Taquipnéia
➢ Cianose
➢ Dor torácica pleurítica
➢ Calafrios
➢ Hemoptise/ Tosse produtiva
➢ Escarro cor de ferrugem ou purulento
➢ Febre e imobilidade do tórax envolvido
Manifestações Clínicas
➢Hipoxemia
➢Macicez à percussão
➢ Diminuição de ruídos respiratórios na área
envolvida
➢ Estertores grosseiros na inspiração
➢ Ocasionalmente atrito pleural
Tratamento

➢ Antibioticoterapia apropriada;
➢ Hidratação;
➢ Antitérmicos;
➢ Oxigenoterapia se necessário;
➢ Repouso relativo;
➢ Fisioterapia respiratória.
Embolia Pulmonar - Definição

Obstrução de uma ou mais artérias


pulmonares por um trombo, que tem origem
no sistema venoso ou lado direito coração.

Estimativa: 50.000 mortes ano.


Embolia Pulmonar – Fatores de Risco

➢ Trauma;

➢ Cirurgias;

➢ Gravidez;

➢ Idade avançada;

➢ Imobilidade prolongada;

➢ Insuficiência cardíaca.
Manifestações Clínicas

➢Dispnéia súbita;

➢Dor torácica(pleurítica);
➢Ansiedade;
➢Febre;
➢Hemoptise;

➢Tosse;
➢Síncope
Embolia Pulmonar – Tratamento

➢ Melhorar o estado respiratório e vascular;

➢ Anticoagulação;

➢ Trombólise;

➢ Sintomático
Edema agudo de pulmão - Definição
Acúmulo maciço de líquidos nos espaços
alveolares e intersticiais dos pulmões,
decorrente de insuficiência de bomba que
aumenta a pressão na rede capilar e resulta
na dificuldade de esvaziamento do retorno
venoso pulmonar.
Manifestações
➢ Angustia respiratória;
➢ Ansiedade;
➢ Agitação;
➢ Tosse com secreção espumosas rósea;
➢ Confusão mental,
➢ Torpor;
➢ Cianose;
➢ Pele pálida e extremidades frias;
➢ Presença de creptos;
➢ Sinais de choque.
Diagnóstico

➢ Ausculta de estertores nas bases


pulmonares, que progridem para os
ápices;
➢ Radiografia de tórax revela espaços
intersticiais aumentados;
➢ Hemogasometria - hipoxemia crescente;
Condutas de enfermagem

➢ Verificar as necessidades básicas


afetadas;

➢ Estabelecer um plano de cuidado seguindo


critérios estabelecidos;

➢ Colocar o paciente em fowler;

➢ Instalar oxigenoterapia S/N;

➢ Estabelecer acesso venoso;


Condutas de enfermagem
➢ Realizar balanço hídrico;
➢ Preparar material para possível entubação;

➢ Instalar monitorização multiparamétrica;

➢ Instalar cateteres e sondas S/N;


➢ Administrar medicação prescrita;
➢ Aspirar vias aéreas S/N;
➢ Apoio emocional.
Suporte
Ventilatório
Mecânico
Definição – Ventilação Mecânica

Método de respiração que utiliza um gerador


mecânico para aumentar ou satisfazer
inteiramente ou a maior parte das necessidades
do fluxo aéreo do paciente.

A ventilação mecânica substitui


total ou parcialmente a ventilação
espontânea e está indicada na
insuficiência respiratória aguda ou
crônica agudizada
Objetivos

➢ Manutenção das trocas gasosas;

➢ Alívio da musculatura respiratória;

➢ Reverter ou evitar a fadiga da


musculatura acessória;

➢ Diminuir consumo de oxigênio;

➢ Permitir aplicação de terapêutica


específica.
Ventilador Mecânico

➢ Aparelho que, intermitentemente, insufla as


vias respiratórias com volume de ar.

➢ O princípio é gerar um fluxo de gás que


produza determinada variação de volume
com variação de pressão associada.
Classificação dos ventiladores

São classificados de acordo com o modo de


funcionamento

Volumétricos: Destinam-se a fornecer um


volume preestabelecido de ar ( volume
corrente).

Fornece o volume preestabelecido


independentemente das alterações na
resistência das vias aéreas ou pulmonar.
Classificação dos ventiladores

Pressumétricos: Insuflam os pulmões,


introduzindo ar até alcançar uma pressão
determinada e preestabelecida.

Neste momento interrompe a inspiração e


inicia-se a expiração, passivamente.
Indicações

➢ Exacerbação de DPOC;
➢ EAP;
➢ SARA;
➢ Pneumonia;
➢ Pós – extubação;
➢ Pós-operatório;
➢ Durante broncoscopia
Não
Invasiva

Invasiva
Ventilação Mecânica Não Invasiva(VMNI)

➢ A pressurização das vias aéreas sem a


necessidade de via aérea artificial.
➢ É a ventilação realizada por meio de máscaras
faciais.
Vantagens

➢ Risco reduzido do procedimento;

➢ Não há necessidade de sedação;

➢ Risco reduzido de pneumonia comparado a


VMI.
Contraindicações
➢ PCR e/ou instabilidade hemodinâmica;
➢ IAM e/ou arritmia cardíaca;
➢ Alteração do sensório/ Agitação/
Sonolência;
➢ HDA/ distensão abdominal e/ou vômitos;
➢ Deformidade facial/ Trauma;
➢ Cirurgia esofágica ou de via aérea alta
➢ Obstrução de via aérea alta;
➢ Incapacidade de cooperar, proteger vias
aéreas e manejar secreções;
➢ Pneumotórax não drenado.
Assistência de Enfermagem
➢ Orientar o paciente quanto ao
procedimento, que pode ser incômodo;
➢ Atentar para as lesões de pele devido à
fixação da máscara facial;
➢ Observar o escape durante a aplicação do
método;
➢ Acompanhar padrão respiratório e oximetria
de pulso;
➢ Verificar o procedimento de desinfecção e
esterilização do equipamento utilizado.
Recomendações
O uso de VNI deve ser monitorado à beira-
leito de meia a 2 horas;

Observar:
➢ Diminuição da FR;
➢ Aumento do VC;
➢ Melhora do nível de consciência;
➢ Diminuição ou cessação de uso de
musculatura acessória;
➢ Aumento da PaO2 e/ou da SpO2 e
diminuição da PaCO2 sem distensão
abdominal significativa.
Indicações da Ventilação mecânica
invasiva (VMI)

➢ insuficiência respiratória;
➢ alteração do nível de consciência com falha
no controle do centro respiratório;
➢ doenças neuromusculares;
➢ resistência aumentada das vias aéreas ou
obstrução grave;
➢ aumento excessivo do trabalho respiratório
com risco de fadiga;
➢ necessidade de sedação profunda, como em
procedimentos cirúrgicos, por exemplo.
Complicações da VMI

➢ Diminuição do débito cardíaco;


➢ Alcalose respiratória aguda;
➢ Elevação da PIC;
➢ Meteorismo/ HDA;
➢ Pneumonia;
➢ Barotrauma;
➢ Atelectasia;
➢ Fístula Broncopleural.
Prevenção de Pneumonia (PAV)

➢ Elevação da cabeceira ( 30-450);


➢ Adequar diariamente o nível de sedação e
teste de respiração espontânea
➢ Aspirar a secreção subglótica rotineiramente
➢ Fazer a higiene oral com antissépticos
➢ Fazer uso criterioso de bloqueadores
neuromusculares
➢ Cuidados com o circuito do ventilador
➢ Indicação e cuidados com os umidificadores
➢ Indicação e cuidados com o sistema de
aspiração.
Traqueostomia

Abertura na traqueia que mantém


comunicação com o exterior, geralmente, por
meio de uma cânula.

Um dos procedimentos realizados


com mais frequência nos pacientes
sob ventilação mecânica prolongada
ou após dificuldade no desmame.
A maioria das traqueostomias é eletiva,
restritas aos pacientes que necessitam de via
aérea alternativa, prolongada ou permanente,
com a finalidade de evitar as complicações da
intubação orotraqueal prolongada.
Indicações

➢ Necessidade de ventilação mecânica


prolongada;
➢ Casos de obstrução das vias aéreas;
➢ Facilitar a hiegiene brônquica nos pacientes
com tosse ineficaz e grande quantidade de
secreção e naqueles com disfunção
neurológica e/ou laríngea.
A traqueostomia é realizada eletivamente
entre 07 e 10 dias, quando a previsão da
manutenção da ventilação mecânica é superior a
duas semanas e após a falha do desmame.
Benefícios
➢ Menor incidência de lesões na laringe;
➢ Melhor limpeza da árvore traqueobrônquica e
a higiene oral;
➢ Diminui a incidência de estenose subglótica;
➢ Abrevia e facilita o desmame do respirador;
➢ Preserva a alimentação por via oral;
➢ Transferência precoce para a unidade
intermediária;
➢ Propicia maior conforto, facilita a
mobilização e a comunicação do paciente.
Complicações

➢ Aspiração de sangue;
➢ Enfisema subcutâneo/ mediastino ( Falso
trajeto);
➢ Hemorragia;
➢ Infecção;
➢ Obstrução da cânula por secreções;
➢ Disfagia;
➢ Estenose subglótica ou traqueal;
➢ Fistula traqueoesofágica.
Assistência de Enfermagem

Cuidados Pós – Operatórios:

➢ Observar a introdução e posicionamento da


cânula;
➢ Fixa-la pelas asas laterais em volta do
pescoço;
➢ Proteger o espaço entre a cânula e a pele
com gazes estéreis;
➢ Trocar diariamente ou quando necessário as
gazes;
➢ Observar o posicionamento do paciente.
Assistência de Enfermagem
➢ Explicar o procedimento para o paciente e/ou
acompanhante;
➢ Realizar troca do curativo conforme rotina e
sempre que necessário;
➢ Realizar a troca do curativo com o paciente
em posição confortável;
➢ Utilizar material estéril;
➢ Aspirar conforme rotina e/ou se necessário;
➢ Nebulização deve ser feita via
traqueostomia;
➢ Registrar os procedimentos realizados.
Complicações – TOT ou TQT

➢ Extubação acidental;

➢ Lesões de pele e/ou lábios;

➢ Lesões traqueais.
Assistência de Enfermagem

➢ Vigilância constante;
➢ Controle de sinais vitais e monitorização
cardiovascular;
➢ Monitorização de trocas gasosas e padrão
respiratório;
➢ Observação dos sinais neurológicos;
➢ Aspiração de secreções pulmonares;
➢ Observação dos sinais de hiperinsuflação;
➢ Higiene oral, troca de fixação do
TOT/TQT, mobilização do TOT;
Assistência de Enfermagem

➢ Controle da pressão do balonete;


➢ Monitorização do balanço hidroeletrolítico e
peso corporal;
➢ Controle nutricional;
➢ Umidificação e aquecimento do gás inalado;
➢ Observação do circuito do ventilador;
➢ Observação dos alarmes do ventilador;
➢ Nível de sedação do paciente e de bloqueio
neuromuscular;
Assistência de Enfermagem

➢ Observação do sincronismo entre o paciente


e a máquina;
➢ Orientação de exercícios;
➢ Preenchimento dos formulários de controle;
➢ Apoio emocional ao paciente;
➢ Controle de infecção;
➢ Desmame.
Referências
Barreto SM, Vieira SRR, Pinheiro CTS. Rotinas em terapia intensiva.
3.ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 2001

PÁDUA AI; ALVARES F & MARTINEZ JAB. Insuficiência respiratória.


Medicina, Ribeirão Preto, 36: 205-213, abr./dez. 2003

Cheregatti AL, Amorim CP. Enfermagem em Unidade de Terapia


Intensiva. São Paulo: Martinari; 2010

BARBAS, Carmen Sílvia Valente et al . Recomendações brasileiras


de ventilação mecânica 2013. Parte 2. Rev. bras. ter.
intensiva, São Paulo , v. 26, n. 3, p. 215-239, Sept. 2014 .

MARSICO, Paula dos Santos, MARSICO, Giovanni Antonio.


Traqueostomia. Pulmão, RJ.2010

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