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CAMPINAS-SP
2017
RESUMO
O trabalho trata-se de um estudo bibliográfico a respeito da análise da biomecânica
e cinética referente a técnica do Levantamento de Peso Olímpico (LPO) enquanto
esporte de alto rendimento. No que se refere às aplicações profissionais, especial
ênfase é dada aos esforços visando a otimização do desempenho esportivo, a
detecção de soluções para promover a melhor técnica e controle de lesões. Para
isso, foi utilizado como base teórica o livro “Biomecânica dos Esportes – um Guia
Prático para a descrição e avaliação do movimento”.
O LPO é composto por 2 movimentos, o Arranque e o Arremesso, neste estudo será
abordado somente sobre o Arremesso e a análise biomecânica do mesmo. O
estudo foi dividido em 6 passos a fim de fracionar os movimentos para melhor
aproveitamento do conteúdo.
INTRODUÇÃO
Segundo Hall (2009) o termo Biomecânica surgiu no início dos anos de 1970 sendo
usado para definir a Ciência voltada ao estudo dos sistemas biológicos sobre uma
visão mais ampla do assunto.
A biomecânica do movimento busca explicar como as formas de movimento dos
corpos de seres vivos acontece na natureza a partir de indicadores cinemáticos e
dinâmicos (ZERNICKE, 1981).
Através da biomecânica do esporte e de suas áreas de conhecimento aplicadas
podemos analisar as causas e parâmetros relacionados ao movimento esportivo
(AMADIO, SERRÃO, 2016 p. 61).
O Levantamento de Peso Olímpico é composto de dois movimentos, o arranque e o
arremesso. O primeiro consiste no atleta realizar um movimento contínuo de
levantar a barra da plataforma de competição até acima da cabeça com os braços
estendidos, em uma posição completamente agachada ele deve manter a barra
sobre a cabeça ate o sinal do árbitro para finalizar a prova. A primeira fase do
arremesso consiste no atleta levar a barra até o ombro, já a segunda fase consiste
em realizar um movimento potente deslocando a barra do ombro para acima da
cabeça finalizando assim o movimento. Essa modalidade foi introduzida nos jogos
olímpicos de 1972. (KOMI, 2006 p. 517)
METODOLOGIA
Usamos como base para direcionar a análise biomecânica do LPO o Livro de
Biomecânica dos Esportes – um Guia Prático para a descrição e avaliação do
movimento, dividindo-o em: Passo 1: Determinar os objetivos da habilidade; Passo
2: Observar as características especiais da habilidade; Passo 3: Estudar
desempenhos excelentes da habilidade; Passo 4: Dividir a habilidade em fases;
Passo 5: Dividir cada fase em elementos-chave, e Passo 6: Entender as razões
mecânicas da execução de cada elemento-chave.
Usou-se também de pesquisas bibliográficas para referenciar todos os elementos
importantes de cada fase analisada dos movimentos.
As imagens foram tiradas do livro “Força e potência no esporte” de Paavo V. Komi
pág. 519-520, realizadas com o atleta no plano frontal.
Resultados e Discussão
2) Primeira Puxada
A puxada do arremesso é praticamente idêntica a do arranco, sendo possível
erguer mais peso em função da pegada das mãos na barra mais próxima.
3) Transição
Há uma extensão de tronco até o atleta ficar ereto, posicionando a barra na
parte média do quadríceps.
4) Segunda Puxada
Realizar a extensão de joelhos, quadril e flexão plantar a fim de promover
uma potência para conseguir posicionar a barra nos ombros
5) Deslize
Nessa fase o atleta deverá trazer a barra próximo ao peito com uma puxada
de baixo para cima com o antebraço pronado e agachar fazendo com que a
barra se desloque acima da linha dos deltóides os rotacionando lateralmente.
6) Fixação
Manter a barra posicionada sobre o ombro enquanto se levanta mantendo o
equilíbrio.
(Figura 1)
2) Saque
Efetua-se uma flexão da articulação coxo-femoral e das articulações do joelho
fazendo com que o tronco fique alinhado para não perder o equilíbrio.
3) Recuperação
Com os braços estendidos, a barra ficará suspensa acima da cabeça realizando a
potência dos membros inferiores para posicionar-se em um afundo (um lado do
quadril flexionado e outro lado estendido).
(Figura 2)
4) Segunda puxada
O atleta realizará uma flexão plantar dos pés gerando impulso suficiente para fazer
com que a barra alcance a altura do quadril, então a contração dos isquiotibiais e
glúteos médio e máximo irão projetar o quadril anteriormente a fim de produzir uma
força explosiva suficiente para auxiliar na elevação da barra até a altura dos
ombros. Concomitantemente a ação dos elevadores da escápula e trapézio são
essenciais no movimento de auxílio dos braços para concluir essa fase. (Figura d)
Elementos-chave: força explosiva, elevador da escápula e trapézio.
5) Deslize
Nessa fase o atleta terá que realizar dois movimentos ao mesmo tempo, um deles é
o agachamento profundo com flexão de quadril e de joelhos com ação dos principais
músculos tríceps sural e os isquiotibiais. O segundo movimento é a flexão dos
antebraços acionando os músculos braquiorradial e bíceps braquial fazendo com
que a barra encaixe no músculo deltóide anterior. Lembrando que esses
movimentos acontecem simultaneamente e muito rápido por conta do alto volume
que está levantando. (Figura e)
Elementos-chave: Movimentos simultâneos, agachamento profundo, flexão de
antebraço, encaixe e rápido.
6) Fixação
1) Posição inicial
Nessa fase há uma grande concentração de carga nos ombros fazendo com que os
estabilizadores de core e também os adutores do quadril mantenha o equilíbrio do
atleta já que os membros inferiores estarão estendidos, para consequentemente
conseguir passar para o próximo passo (saque). Os membros superiores (ombro e
cotovelo) estarão flexionados e projetados a frente com ação dos músculos bíceps
braquial e deltóides anteriores (figura g)
Elementos-chave: estabilizadores de quadril e coxa, equilíbrio e projetados à frente.
2) Saque
O atleta realizará uma semi flexão de joelhos afim de conseguir um impulso,
trabalhando os músculos posteriores de coxa (isquiotibiais) e perna (tríceps sural),
os membros inferiores ainda continuam flexionados e cotovelos projetados à frente
(figura h).
Posicionado com o tronco ereto para manter a estabilidade e não se desequilibrar o
atleta irá estender os membros inferiores para executar o impulso fazendo flexão
plantar do pé. A barra estará posicionada nos mm. deltóides e nesse momento há
uma explosão dos membros superiores acionando todos os extensores de braço e
antebraço principalmente o m. tríceps braquial. (Figura i).
Com a barra acima da cabeça e consequentemente membros superiores totalmente
estendidos o atleta fará a flexão de um dos lados do quadril e extensão do outro
lado com os dois joelhos flexionados fazendo a posição do afundo. (Figura j).
3) Recuperação
Há um alinhamento das coxas saindo do afundo e fazendo com que o atleta se
posicione em pé com os membros inferiores e superiores estendidos mantendo a
barra por dois segundos acima da cabeça e paralela ao solo.
Elementos- chave: Alinhamento, em pé e dois segundos.
Passo 6:
Esse passo é essencial para analisar a biomecânica do movimento dos dois tempos
“clean e jerk”.
Primeiro tempo “Clean”
Posicionado com as coxas perpendiculares ao solo, barra acima da ponta dos pés,
ombros ligeiramente à frente da barra e coluna ereta, os extensores de tronco e
coxas tornam-se mecanicamente ideais devido ao braço de força da musculatura,
que à 90° conseguem desempenhar a maior força de tração possível. Além de que,
quanto maior a massa muscular do atleta, mais fácil será para vencer a inércia de
repouso, logo, é fundamental a aplicação do treinamento de força máxima e
potência na modalidade.
A primeira puxada e transição há uma aceleração máxima puxando a barra do solo
até a porção média das coxas realizando uma potente extensão de quadril, joelhos
e costas na qual o atleta aplica uma grande força na superfície fazendo com que
haja uma reação (3º lei de Newton), consequentemente há uma transferência da
tração para a barra fazendo com que diminua a força nos braços, elevando-a
verticalmente.
Na segunda puxada, deslize e fixação o atleta fará uma explosão executando uma
flexão plantar dos pés e elevando os ombros enquanto há uma projeção do quadril
anteriormente para facilitar a aceleração de flexão dos membros superiores fazendo
com que facilite a força nos cotovelos e tração para fazer tal ação é realizar um
agachamento simultaneamente com os dois pés paralelos.
Agachado com a barra posicionada sobre os ombros e cotovelos projetados à frente
o competidor irá se posicionar a fim de realizar uma alta potência principalmente do
músculo quadríceps vencendo a inércia com a extensão de membros inferiores.
Segundo tempo “Jerk”
Depois de realizar a contração do músculo quadríceps gerando grande potência
para vencer a inércia, os músculos peitoral maior, deltóide e tríceps braquial serão
recrutados para deslocar a barra em um movimento com força e velocidade (jerk)
até acima da cabeça, mantendo os cotovelos estendidos. Neste momento o impulso
das pernas e a extensão dos braços devem ser adequados para que a barra seja
movimentada até acima da cabeça do atleta. Durante este movimento as pernas se
separam anteroposteriormente cerca de 45º, permitindo que o atleta fique na
posição afundo abaixo da barra. Com isso o centro de gravidade deve estar
passando pelo centro de todas as articulações do corpo do atleta, evitando
sobrecarga articular e facilitando a técnica, ficando assim mais estável. Neste
momento o atleta deve centralizar a barra acima de sua base de suporte, assim
como suas mãos de modo que a alavanca interpotente tenha seu braço de
resistência menor a fim de melhorar sua vantagem mecânica e manter o equilíbrio
para não fracassar em sua prova, com muito cuidado as pernas se unem voltando
novamente à posição original. O atleta finaliza o arremesso olímpico com os pés
afastados na largura dos ombros e a barra na altura dos braços, estendidos acima
da cabeça.
Conclusão:
Concluímos que as capacidades de velocidade e força são primordiais para essa
modalidade resultando em uma potência muscular. O atleta também terá que
desenvolver uma grande aceleração a fim de conseguir estabilizar a barra acima da
cabeça em um curto espaço de tempo.
Para otimização dos treinamentos e a obtenção de melhores resultados é de suma
importância o conhecimento avançado sobre a modalidade, anatomia do corpo
humano e de biomecânica por parte do treinador. Sendo assim, apenas o
conhecimento empírico a respeito do tema não dará suporte suficiente para tal,
tendo em vista que se faz necessário um estudo teórico e amplo de todas as partes
envolvidas.
Por fim consideremos que uma boa análise biomecânica pode melhorar a técnica
dos movimentos essenciais da modalidade e reduzir significativamente os riscos de
lesões nos atletas.
Referências:
1)HOWLEY, Edward. T.; FRANKS. B. D. Manual de Condicionamento Físico. 5ª ed.
Porto Alegre: Artmed, 2008.
2)KOMI, P. V. Força e potência no esporte. 2ª ed. - Porto Alegre: Artmed, 2006.
3) AMADIO, A. C.; J. C. SERRÃO. Contextualização da biomecânica para a
investigação do movimento: fundamentos, métodos e aplicações para a análise da
técnica desportiva. Rev. bras. Edu. Fís. Esp., São Paulo, v.21, p.61-85, dez. 2007.
Disponível em: <https://outlook.live.com/owa/?path=/attachmentlightbox> Acessado
dia 02 de Novembro de 2016.
4) PEREIRA, Marta. I.; GOMES P. S. C. Testes de força e resistência muscular:
confiabilidade e predição de uma repetição máxima – Revisão e novas evidências.
Rev Bras Med Esporte _ Vol. 9, Nº 5 – Set/Out, 2003.
5) BARBANTI, V. J.; AMADIO, A. C. Esporte E Atividade Física: Interação entre
rendimento e saúde. Editora Manole Ltda. 1ª ed. 2002.
6) CARR, G. Biomecânica dos Esportes – Um guia prática. Editora Manole LTDA.
Universidade de Victoria. 1990. p.130-195.
7) KRAEMER, J.W.; HAKKINEN K.; Treinamento de força para o esporte. Porto
Alegre: Artmed, 2004.
7) HALL, J.S. Biomecânica básica. 2ª ed. Editora Manole Ltda. Barueri-SP, 2009.