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2 Ciclos Ventilatórios 4
iii
SUMÁRIO iv
VC
Ti = (1.1)
V ins
A unidade de medida é em L/min.
Pressão é a força imposta no sistema respiratório para geração de volume. A
unidade de medida é cmH2 O.
Tempo é a duração de um ciclo ventilatório. Corresponde a somatória do tempo
inspiratório (Ti) e o tempo expiratório (Te). A unidade de medida mais comumente
usada é segundos (s). Para descobrir a duração de cada ciclo ventilatório, basta
aplicar a seguinte fórmula:
60
T ciclo = (1.2)
FR
Vamos entender na prática?
Observe a tela do SDVM na Figura 1.1 e determine:
3
2. Ciclos Ventilatórios
1: Fase Inspiratória
A fase inspiratória ocorre após o disparo do ventilador mecânico. É o mo-
mento em que a válvula inspiratória do ventilador está aberta para a entrada do ar,
ocorrendo a insuflação pulmonar. O volume corrente (VC) ofertado pelo ventilador
2.1. FASES DO CICLO VENTILATÓRIO 6
• Disparo a tempo: esse tipo de disparo é feito pelo próprio ventilador mecânico,
que inicia um ciclo ventilatório após um tempo predeterminado, de acordo
com a frequência respiratória (FR) programada pelo operador do ventilador
mecânico. Assim, o disparo irá ocorrer de acordo com a janela de tempo
de disparo. Essa janela de tempo de disparo, é o tempo que o ventilador
espera por um esforço inspiratório do paciente. Observe a Figura 2.3, onde a
modalidade ventilatória é a VCV (Ventilação Controlada a Volume) no modo
controlado, em que o ajuste de sensibilidade está desativado e não há a queda
da pressão muscular em nenhum ciclo ventilatório (linha vermelha). Portanto,
não há esforço inspiratório do paciente. Então, a janela de tempo de disparo
nesta situação será de 6s ( F60R = 60
10 = 6s). Se ao final desses 6s, não houver
esforço inspiratório do paciente, o ventilador liberará um ciclo ventilatório, ou
seja, irá disparar. Essa forma de disparo está presente somente nos modos
controlados [2, 4, 5, 7].
Tipos de limite
Limite é a manutenção do valor de uma variável predeterminada durante toda
a fase inspiratória. Essa variável predeterminada irá controlar a amplitude do fluxo
inspiratório durante a entrega do volume corrente. Essa limitação será de acordo
com a modalidade ventilatória escolhida e as mais comuns são a limitação a fluxo
e a limitação à pressão.
2.1. FASES DO CICLO VENTILATÓRIO 11
Tipos de ciclagem
Durante a ventilação mecânica invasiva, uma variável de ciclagem predetermi-
nada deve ser alcançada para iniciar a expiração. Essa variável pode ser volume,
tempo, fluxo ou pressão [2, 4, 8]. Cada modalidade ventilatória apresenta sua forma
de ciclagem.
2.1. FASES DO CICLO VENTILATÓRIO 12
• Ciclagem a tempo: após atingir seu valor máximo (pressão de pico), a pressão
inspiratória é mantida constante durante toda a fase inspiratória até que seja
atingido o tempo inspiratório predeterminado [4, 8, 9], quando ocorre a abertura
da válvula expiratória no início da fase expiratória (Figura 2.10), e a pressão
na via aérea volta para o valor da PEEP. É a forma de ciclagem da modalidade
PCV (Ventilação Controlada à Pressão).
• Paciente com sepse com alto gasto energético, lactato muito alto. Nesta
situação, para reduzir o gasto energético e o consumo de O2 , é adotado o
modo controlado.
VC
Psr = Pao + Pmus = F luxo x R + +κ (3.1)
C sr
18
Figura 3.2: Formas de onda de pressão para padrões de fluxo inspiratório constante
e desacelerado.
Pres(Ppico − Palv)
Rva = (3.2)
F luxo
Conforme o fluxo de gás entra no sistema respiratório, a pressão nas vias aé-
reas aumenta, a fim de vencer dois componentes: um resistivo (resistência ao fluxo
de ar passando pelas vias aéreas) e outro elástico (decorrente da distensão dos
pulmões e da parede torácica). Na Figura 3.3 um volume de 500 mL é fornecido
com fluxo constante de 40 L/min até o ponto 1, que é a pressão de pico inspiratória
(Ppico), influenciado pelo fluxo (pressão resistiva) e pela variação de volume (pres-
são elástica). Quando ocorre interrupção do fluxo, devido a uma pausa inspiratória,
o valor do fluxo decai abruptamente para zero, e é determinada a pressão de platô
(ou pressão de pausa) visualizada no ponto 2 da Figura 3.3 [3]. A pressão de platô
(Pplat) obtida com a pausa inspiratória (ausência de fluxo inspiratório), é uma boa
estimativa da pressão alveolar. Como não há alteração do volume corrente total ou
do fluxo inspiratório durante a manobra de pausa inspiratória (na modalidade VCV
controlada), as medidas obtidas são chamadas de medidas estáticas [16, 19].
Atenção!
Para o cálculo da resistência, é obrigatório que o paciente não realize esforço
inspiratório, esteja em ventilação controlada a volume com fluxo constante (onda
3.1. RESISTÊNCIA DAS VIAS AÉREAS 20
Ppico−Palv
Rva = F luxo
(20−12cmH2 O)
Rva = 0,66L/s
8cmH2 O
Rva = 0,66L/s
Atenção!
VC
C sr = (3.3)
Pel
Na presença de PEEP, a variação de pressão resultante do aumento do volume,
é a pressão alveolar (pressão de platô ou pressão de pausa) subtraída do valor da
PEEP total [5].
VC
C sr = (3.4)
Palv − PEEP
Na avaliação da Csr não é necessário que se tenha fluxo constante, como no caso
da Rva. Isso porque, a avaliação é feita com pausa inspiratória e pausa é condição
de fluxo zero. Pode portanto, ser calculada com fluxo decrescente (desacelerado).
Porém, a mensuração da Csr deve ser feita com o paciente sem esforço inspiratório.
Se na situação simulada da Figura 3.3, a Palv for de 12 cmH2 O com PEEP de
5 cmH2 O, a complacência do sistema respiratório será de:
VC
C sr = Pel
500mL
C sr = (12−5)cmH2 O
500mL
C sr = 7cm2 O
Crs = 71,4 mL/cmH2 O
Em ventilação espontânea, a complacência total do sistema respiratório é 100
mL/cmH2 O. Em indivíduos sem doenças pulmonares, anestesiados e ventilados
mecanicamente, a Csr é de 70 - 80 mL/cmH2 O. Mas, em pulmões rígidos, como em
pacientes com Síndrome de Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) e em pacientes
com COVID-19 tipo H, a complacência do sistema respiratório é mais baixa. Em
contrapartida, a complacência é muito alta, em pulmões muito distensíveis, como em
pacientes com enfisema pulmonar [20, 22].
3.2. COMPLACÊNCIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 22
τ = C sr × Rva (3.6)
Vamos a um exemplo:
Paciente apresenta Rva de 8 cmH2 O/L/s e Csr de 60 mL/cmH2 O. Qual é a
constante de tempo?
τ = C sr × Rva
τ = 60 × 8
Atenção!
Observe que as unidades de medidas são diferentes (a Cst está em mL/cmH2 O e
a Rva está em cmH2 O/L/s. Então, é preciso transformar uma das variáveis. Alterando
a Cst para L, fica: 0,060 L/cmH2 O.
Agora sim, é possível continuar a calcular:
3.2. COMPLACÊNCIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 25
τ = 0, 060 × 8
τ = 0, 48s
É possível usar o cálculo de três constantes de tempo, o que corresponde a 95%
de enchimento e esvaziamento para determinar o Ti e o Te.
O cálculo da constante de tempo nem sempre é adotado na prática clínica. Mui-
tos profissionais preferem adotar à beira do leito, a análise dos gráficos escalares,
principalmente a do gráfico Fluxo x Tempo e ajustando a ventilação,sempre que
possível, para que haja toda a exalação do ciclo ventilatório, sem a ocorrência de
autoPEEP [23].
3.2. COMPLACÊNCIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 26
Basta calcular 85% de 8 cmH2 O, que é 6,8 cmH2 O. Como nos ventiladores
mecânicos não é possível o ajuste da PEEP com casas decimais, arredonda para 7
cmH2 O.
Quando possível, é recomendado corrigir o autoPEEP. Uma forma de corrigir é
por meio da redução da frequência respiratória, a fim de aumentar o tempo do ciclo
ventilatório, permitindo o o esvaziamento pulmonar ou tempo expiratório completo.
30
4.1. VENTILAÇÃO MANDATÓRIA CONTÍNUA 31
4. Modalidades Ventilató-
rias Básicas
irá ocorrer a cada 6s (T ciclo = F60R ), ou seja, o disparo ocorre a tempo, ficando o
comando sensibilidade desativado, conforme mostra a Figura 4.1.
Estimado o peso predito (ideal), deve-se multiplicar esse valor por 6 ml/Kg –
8 ml/Kg, em patologias que não apresentam complacência pulmonar reduzida,
4.1. VENTILAÇÃO MANDATÓRIA CONTÍNUA 33
V min = V C × F R (4.3)
Se for necessário, por exemplo, ajustar uma FR acima de 16 irpm e ter uma
relação I:E 1:6.0 e o paciente estiver bem adaptado e estável hemodinamica-
mente, então o ajuste dos parâmetros estão adequados. Portanto, os ajustes
devem ser sempre individualizados.
É importante também, observar os gráficos (escalares e de alças), principal-
mente o de F luxo × T empo, em busca de identificar autoPEEP. Porém, o
autoPEEP só deve ser corrigido quando causar alteração hemodinâmica (ver
sobre no Capítulo de Monitorização da mecânica respiratória).
Portanto, para entender a relação entre fluxo e Ti, observe o Exemplo 1 abaixo:
Exemplo 1: Um paciente ventilado na modalidade VCV e modo controlado,
com VC = 500 mL e Fluxo = 30 L/min. Qual o Ti?
O VC está em mL e é preciso transformar para L, porque o fluxo está em
500
L/min. Então, 1000 = 0,5 L. O Ti é em segundos e o fluxo está em L/min. Assim,
é necessário dividir o valor do fluxo por 60 para transformá-lo em L/s: 30
60 =
0,5 L/s.
VC
T ins = F luxo
0,5
T ins = 0,5
Tins = 1,0 s
Se preferir, pode deixar o fluxo em L/min e só ao final, multiplicar por 60, da
seguinte maneira:
0,5
T ins = 30
T ins = 0, 016 × 60
4.1. VENTILAÇÃO MANDATÓRIA CONTÍNUA 35
Tins = 1s
Ressalva-se que esse cálculo é exato para a onda de fluxo quadrada (ver
formas da ondas de fluxo inspiratório), havendo pequenas variações no Ti e
Te, caso se utilize outras formas de onda de fluxo. Além disso, quando é
realizada pausa inspiratória (ver em monitorização da mecânica respiratória),
o tempo de pausa deve ser acrescido ao tempo inspiratório calculado para se
saber o Ti real.
Agora, observe o Exemplo 2 e entenda a relação que existe entre fluxo, Ti, Te
e relação I:E:
Exemplo 2: Paciente ventilado mecanicamente na modalidade VCV controlada
com VC ideal de 500 mL, Fluxo de 50 L/min e FR de 15 irpm. Determine o Ti,
o Te e a relação I:E para este paciente:
Para encontrar o Ti, basta aplicar na fórmula:
VC
Ti = V ins
0,50
Ti = 50
T i = 0, 01min × 60 = 0, 6s
Agora, o próximo passo é encontrar o Te. O Te é o tempo suficiente para o
esvaziamento dos pulmões até a Capacidade Residual Funcional (CRF), sem
autoPEEP. Para encontrar o Te, é preciso aplicar a seguinte fórmula:
T ciclo = T i + T e
Porém, qual é o Tciclo? Para esta fórmula, só temos o valor do Ti. Então, para
descobrir qual é o Tciclo, é preciso aplicar primeiro, a seguinte fórmula:
60
T ciclo = FR
60
T ciclo = 15
Tciclo = 4s
Agora, é aplicar na fórmula e encontrar o Te:
T ciclo = T i + T e
4 = 0, 6 + T e
Te = 3,4 s
O próximo passo é encontrar a relação I:E. A relação I:E é a razão entre o
tempo gasto na inspiração versus o tempo gasto na expiração.
4.1. VENTILAÇÃO MANDATÓRIA CONTÍNUA 36
Te
I:E =1:( ) (4.5)
Ti
3,4
I : E = 1 : ( 0,6 )
I:E= 1:5.6
Isso significa dizer que o Te é 5,6 vezes maior que o Ti.
– Quadrada
– Decrescente trapezoidal
– Decrescente triangular (desacelerada)
4.1. VENTILAÇÃO MANDATÓRIA CONTÍNUA 37
VC
T i = f orma da onda × (4.6)
F luxo
No SDVM, pode-se usar esses valores para o cálculo do Ti nas três formas
da onda de fluxo inspiratório disponíveis. Porém, é importante entender o
porquê das ondas decrescentes terem um Ti maior que a onda quadrada.
Isso ocorre, porque na onda quadrada, o fluxo pré-ajustado atinge o valor na
fase inspiratória e esse valor é mantido até o fim da fase inspiratória, para
gerar o VC predeterminado. Mas, na onda decrescente, há um pico de fluxo
inspiratório e depois, à medida que o ar vai entrando, a velocidade de oferta
desse ar vai caindo (fluxo decrescente). Como a pressão vai aumentando com
4.1. VENTILAÇÃO MANDATÓRIA CONTÍNUA 38
V C = F luxo × T i (4.7)
• PEEP: A PEEP é uma variável que deverá ser ajustada em todas as modali-
dades ventilatórias, conforme a mecânica e troca gasosa do paciente, ou seja,
o operador do ventilador mecânico deve ajustar o valor de PEEP, a fim de
manter as unidades alveolares ao final da expiração, mantendo uma oxigena-
ção adequada. Normalmente, a PEEP é ajustada inicialmente, em 5 cmH2 O,
no mínimo [32]. Para saber mais detalhes sobre a PEEP, leia a página 26.
Figura 4.4: Modalidade PCV - modo controlado com alteração do tempo inspiratório
Na Figura 4.4, foi alterado somente os valores do Ti. Da esquerda para a direita,
o Ti do 1º ciclo foi ajustado em 0,6s, o 2º ciclo em 0,8s e o 3º ciclo ventilatório em 1,0s.
A pressão inspiratória se manteve nos três ciclos com valor de 13 cmH2 O, uma vez
que, não houve alteração nem do delta pressórico nem da PEEP e o fluxo inspiratório
também manteve o mesmo valor de 120 L/min nos três ciclos ventilatórios. Mas, ao
alterar o Ti, houve aumento significativo do VC entre o 1º ciclo e o 2º ciclo, saindo
de 539 mL para 560 mL. No 3º ciclo, o VC é de 563 mL, sendo um aumento pouco
significativo em relação ao 2º ciclo ventilatório.
Atenção!
Em PCV, o ventilador desacelera o fluxo inspiratório quando a meta pressórica
é atingida, sendo a forma da onda de fluxo decrescente (ou desacelerada) [17]. Por
4.1. VENTILAÇÃO MANDATÓRIA CONTÍNUA 41
Figura 4.5: Modalidade PCV - modo controlado com alteração do delta pressórico
isso, há um pico de fluxo inspiratório que após ser atingido, esse fluxo tende a zero.
Por causa disso, diferentemente do que ocorre em VCV, o Ti não influencia o fluxo
inspiratório.
Observe na Figura 4.5 foi alterado somente o delta pressórico para os três
ciclos ventilatórios representados da esquerda para a direita, sendo de 6 cmH2 O,
8 cmH2 O e 10 cmH2 O, respectivamente. Note que, houve o aumento da pressão
inspiratória, sendo de 11 cmH2 O, 13 cmH2 O e 15 cmH2 O, em cada ciclo ventilatório.
O fluxo inspiratório também sofreu aumento ao alterar o delta pressórico. No 1º
ciclo, o fluxo é de 90 L/min, no 2º, é de 120 L/min e no 3º, é de 150 L/min. O VC
apresentou significativos aumentos nos três ciclos, sendo: 455 mL, 563 mL e 626
mL, respectivamente.
Portanto, os ajustes do Ti e do ∆P exigem que tanto o VC quanto o fluxo inspi-
ratório sejam monitorados, principalmente por meio de ajustes de alarmes.
O tempo de subida deve ser ajustado individualmente, tendo como objetivo atingir
o VC ideal e a sincronia paciente-ventilador nos ciclos assistidos. O tempo de subida
também gera variações significativas no VC [17]. Observe a Figura 4.8 que mostra
as variações ocorridas no VC com as alterações no tempo de subida (0s a 0,3s).
Atenção!
Em alguns ventiladores mecânicos, o ajuste do tempo de subida é realizado
em percentual do tempo de ciclo. Então, se o ciclo ventilatório for de 5s e for
realizado um ajuste de 1%, significa que o tempo para atingir o limite pressórico
será de 0,05s. Caso seja aumentado esse percentual do ajuste para 5%, o tempo
para atingir a pressão inspiratória passará a ser de 0,25s. Portanto, quanto maior o
valor do percentual, maior o tempo de subida e mais inclinada a rampa. Há ainda,
os ventiladores mecânicos que trabalham com % de entrega. Nesse caso, quanto
maior o valor, mais rápido o tempo de subida.
4.1. VENTILAÇÃO MANDATÓRIA CONTÍNUA 44
associada às assincronias. Por isso, é preciso ajustar uma sensibilidade que não
gere o aumento do trabalho do paciente, mas que também não cause a assincronia
de autodisparo.
Neste modo, a FR pode variar, mas o VC e o fluxo, assim como no modo contro-
lado, são variáveis fixas. Portanto, além do VC, do fluxo inspiratório e da FR, neste
modo, é preciso ajustar a sensibilidade inspiratória [3].
Atenção!
As modalidades VCV e PCV têm suas particularidades e por isso, possuem van-
tagens e desvantagens, as quais podem estar relacionadas com a mecânica do
paciente ou com a patologia. Em situações clínicas que é necessário manter o vo-
lume controlado, como é no caso da SDRA (porque o VC é um marcador de lesão
pulmonar), a modalidade VCV pode ser a melhor escolha (isso também se aplica
para a COVID-19 do tipo H).
Além da SDRA, em trauma craniano (lesões cerebrais agudas), em que é preciso
manter o paciente em neuroproteção e é preciso manter a PaC O2 dentro de limites
restritos para a fim de controlar a pressão intracraniana, é melhor ventilar a volume
do que a pressão, porque em pressão, o volume varia e a PaC O2 também.
A modalidade VCV mantém o VC fixo, o que permite avaliar a mecânica respi-
ratória (é possível verificar pela diferença entre Ppico e Pplatô, se o paciente tem
resistência aumentada, assim como é possível monitorar a Pplatô e a pressão de
distensão.
A modalidade PCV é possível ser usada quando o paciente começa a respirar
espontaneamente, porque em PCV, o fluxo é livre e decrescente, o que evita as-
sincronias de fluxo. Basicamente, PCV é uma boa modalidade para transferir o
paciente para as respirações assistidas.
Mas, qual é então, a melhor modalidade ventilatória? De acordo com a Revisão
Sistemática e Metanálise realizada por Rittayamai et al (2015), não foram observa-
das diferenças significativas entre as duas modalidades no que se refere à mecânica
do sistema respiratório (complacência do sistema respiratório), na troca gasosa, nos
parâmetros hemodinâmicos, no trabalho respiratório e na mortalidade [33].
4.2. VENTILAÇÃO ESPONTÂNEA CONTÍNUA 48
Por isso, é preciso reduzir a pressão de suporte, como foi feito na situação
simulada mostrada na Figura 4.16. Agora, a PS é de 10 cmH2 O, a Pplatô
de 15,4 cmH2 O e Ppico de 15 cmH2 O. Ao realizar o cálculo, o PMI é
de 0,4 cmH2 O, o que indica que ainda está ocorrendo sobreassistência
ventilatória para o paciente.
Para o mesmo paciente simulado, a PS foi ajustada para 5 cmH2 O, sendo
obtida uma Pplatô de 12,4 cmH2 O com Ppico de 10 cmH2 O. Ao subtrair
4.2. VENTILAÇÃO ESPONTÂNEA CONTÍNUA 54
∆Pocc = 5 - (-1,6)
∆Pocc = 5 + 1,6
∆Pocc = -6,6 cmH2 O
4.2. VENTILAÇÃO ESPONTÂNEA CONTÍNUA 57
Atenção!
Deve-se realizar a manobra três vezes com intervalo de pelo menos 30
segundos entre elas e encontrar uma média para estimar a Pmus predita
e a driving pressure transpulmonar dinâmica.
Agora, é possível descobrir a pressão muscular predita (Pmus), a partir
da seguinte fórmula [41]:
59
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