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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

ANDREA CRUZ DE OLIVEIRA PINHEIRO


FERNANDA SILVA MAGALHÃES
GABRIEL RODRIGUES NEVES
GEOVANA KELLYTA PINHEIRO DE OLIVEIRA
GUSTAVO DA SILVA
MICHELI OLIVEIRA MORENO
MATEUS FARIA GOMES
SUZI ALVES FERNANDES

Traumatismo raquimedular - TRM

GOIÂNIA
2023
INTRODUÇÃO
A lesão raquimedular ocorre quando uma força externa, tal como uma fratura
de uma vértebra ou a penetração de algum objeto, causa estiramento, contusão,
laceração ou compressão na medula espinal, ocorre em cerca de 15 a 20% das
fraturas da coluna vertebral, preferencialmente, no sexo masculino. Esse tipo de lesão
trás mudanças radicais na vida da pessoa impossibilitando-a de realizar atividades da
maneira como já realizou outrora. Isto os leva a adotar outro estilo de vida para se
adequar à nova situação em que esse paciente se encontra. Torna-se evidente a
importância do papel da fisioterapia no processo de reabilitação, recuperação da
qualidade de vida e reinserção à participação na sociedade.
PATOANATOMIA
A medula espinhal, nos adultos, possui cerca de 45 cm e estende-se desde a
altura do atlas (C1) até a primeira ou segunda vértebra lombar, possui formato
cilíndrico se trata de uma extensão do encéfalo. A medula é um grande condutor de
impulsos nervosos sensitivos e motores entre o cérebro e as demais regiões do corpo,
é protegida por vários ossos que predominam a região anterior do corpo (coluna
vertebral) compostos por 7 vertebral cervicais, 12 torácica, 5 lombares e 5 sacrais e
coccix, possui 4 curvaturas anatômicas naturais lordoses cervical, cifose torácica,
lordose lombar e cifose sacral, a junção de todos os ossos formama-se a coluna
vertebral. A anatomia básica das vértebras possui corpo, canal vertebral e processos
vertebrais. Entre as vértebras temos uma estrutura cartilaginosa chamada de disco
intervertebral. Os discos são estruturas cartilaginosas de pouca vascularização
(circulação sanguínea) variando de tamanho de espessura formato, ou seja, suas
características variam de acordo com o seguimento vertebral.
PATOANATOMIA DAS LESÕES RAQUIMEDULAR
O trauma Raquimedular (TRM) consiste em um trauma da coluna espinhal que
compromete de forma completa ou incompleta a medula espinhal sendo que a medula
é um prolongamento do encéfalo e compondo uma parte muito importante onde
residem todos os neurônios motores que enervam os músculos nos quais recebem e
transmitem toda a sensibilidade do corpo e alguns da cabeça e fazem o
processamento inicial da informação de todos estes impulsos (neurônios sensitivos).
A medula espinhal é uma massa cilindrada de tecido nervoso situada dentro do canal
vertebral, mede por volta de 45 cm e costuma ser menor na mulher. Seu segmente
inicia no nível do forame magno indo até a L2/L3.
CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES MEDULARES

COMPLETAS - Em uma lesão completa, há ausência total da função sensorial


e motora no segmento sacral mais inferior (S4-S5). Lesões completas frequentemente
danificam a raiz nervosa no forame. Há paralisia, perda de toda a sensibilidade tátil,
dolorosa, para a temperatura, pressão e localização espacial da parte do corpo abaixo
da lesão e alteração do controle esfincteriano (urinário e fecal). Nas lesões cervicais
altas é determinado tetraplegia (paralisia de quatro membros). Nesses casos
insuficiência respiratória é frequente pela paralisia do nervo que controla a contração
do diafragma. Nas lesões cervicais baixas, a paralisia é dos membros inferiores e
mão.

INCOMPLETAS - há a preservação parcial da função sensorial ou motora


abaixo do nível neurológico e no segmento sacral mais inferior. Qualquer sensação
na junção muco cutânea anal ou sensação anal profunda indica que a lesão é
incompleta. São classificadas em: síndrome medular anterior, posterior, centro
medular, radicular, cauda equina e síndrome de Brown-Sequard;

MECANISMOS DE LESÃO:

• Hiperextensão - movimento com cabeça para trás e para baixo. A


medula é esticada e torcida.
• Hiperflexão - causada por desaceleração súbita do movimento.
• Ferimentos penetrantes - Lesão por PAF ou armas brancas que
penetram na medula;
• Carga axial - carga cervical oriundo de um mergulho em uma
superfície rígida, causando uma lesão por esmagamento e lesão medular.

EPIDEMIOLOGIA

No Brasil estima-se a ocorrência de cerca de 40 novos casos por milhão de


habitantes somando de 6 a 8 mil casos por ano com custo elevado ao sistema da
saúde. Sendo que 80% das vítimas são homens e 60 % são indivíduos que se
encontram entre 10 e 30 anos de idade.

Estudos em centros de reabilitação revelam a causa mais comum do TRM


sendo acidentes automobilísticos e como segunda causa mais comum ferimentos por
arma de fogo. Já em levantamentos de centros de referência de traumatologia, a
causa mais comum está relacionada a quedas, especificamente de lajes com aumento
nos casos de acidente de motocicletas. O mergulho em águas rasas representa
importante causa de TRM, com predomínio dessa lesão em pessoas jovens do sexo
masculino, principalmente no verão.

A localização anatômica da lesão está diretamente relacionada ao mecanismo


do trauma, e cerca de dois terços das lesões medulares estão localizados no
segmento cervical. Lesões da medula na região torácica ocorrem em 10% das fraturas
desse segmento e em 4% das fraturas da coluna toracolombar.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

As manifestações clínicas da lesão se diferenciam pois depende da extensão


e localização do dano à medula espinal, podendo manifestar sinais e sintomas como
dor intensa ou nas graves síndromes neurológicas ocasionando alterações sensitivas,
da motricidade e distúrbios do sistema autonômico, fomentando negativamente a
qualidade de vida deste paciente.

Constam que as lesões traumáticas podem prejudicar as funções motoras,


respiratórias, musculoesqueléticas, psicológicas, circulatórios, disfunção dos
intestinos e bexiga. Os indicativos da lesão medular abrangem tanto plegias de
membros inferiores e/ou inferiores, hipoestesia ou anestesia, hiperreflexia ou
espasmos.

Os pacientes com fratura da coluna vertebral sem lesão neurológica


apresentam dor local, que pode irradiar-se para os membros, e incapacidade
funcional, acompanhada de espasmo da musculatura adjacente. Nos pacientes com
lesão medular, podem ser observadas respiração diafragmática, perda da resposta ao
estímulo doloroso, incapacidade de realizar movimentos voluntários nos membros,
alterações do controle dos esfíncteres e presença de reflexos patológicos (Babinski,
Oppenheim), indicando lesão do neurônio motor superior. Destaca- se também, a
presença da queda da pressão arterial, acompanhada de bradicardia, que caracteriza
o denominado choque neurogênico. Nesses pacientes, a lesão das vias eferentes do
sistema nervoso simpático medular e vasodilatação dos vasos viscerais e das
extremidades, associadas à perda do tônus simpático cardíaco, não permitem que o
paciente consiga elevar a frequência cardíaca. Essa situação deve ser reconhecida e
diferenciada do choque hipovolêmico, no qual a pressão arterial está diminuída e
acompanhada de taquicardia.

O mecanismo dessas lesões é a fratura e/ou luxação, muito comum na coluna


cervical, um sexto na região torácica e um terço na região lombossacra.

A avaliação clínica dos pacientes determina o nível de lesão neurológica, que


é considerada como sendo o segmento mais caudal da medula espinhal que
apresenta as funções sensitivas e motoras normais de ambos os lados. Quando o
termo nível sensitivo é utilizado, refere-se ao nível mais caudal da medula espinhal,
que apresenta sensibilidade normal, podendo, do mesmo modo, ser definido o nível
motor. O nível esquelético da lesão é determinado por meio de radiografias e
corresponde à vértebra lesionada. A lesão medular é denominada completa, quando
existe ausência de sensibilidade e função motora nos segmentos sacrais baixos da
medula espinhal, e incompleta nas situações em que é observada preservação parcial
das funções motoras abaixo do nível neurológico e inclui os segmentos sacrais baixos
da medula espinhal.

SÍNDROMES MEDULARES

Algumas síndromes medulares têm sido descritas e elas apresentam quadro


neurológico característico, dependendo da localização da lesão no interior da medula
espinhal. O conhecimento referente a elas pode ser útil à equipe do paciente para
elaborar o programa de reabilitação.

1.Síndrome centro-medular – Lesão que ocorre principalmente na região


cervical, permitindo que a sensibilidade sacra e maior debilidade dos membros
superiores fiquem intactas, mas comprometendo mais acentuado nos membros
superiores que dos membros inferiores,

2.Síndrome de Brown-Sequard – Esta lesão é caracterizada por perda ipslateral


da função motora e propriocepção e perda contralateral da sensibilidade para dor e
temperatura.

3.Síndrome de transecção da medular – Abaixo do nível da lesão, o paciente


perde a motricidade, a sensibilidade e os reflexos autonômicos.

4.Síndrome anterior medular – Lesão que produz perda variável da função


motora e da sensibilidade a dor e a temperatura, preservando a propriocepção.
5. Síndrome do cone medular - E uma lesão na porção sacral da medula e das
raízes lombares, usualmente resulta em arreflexia de bexiga, incontinência fecal,
vesical e alteração da função sexual. O reflexo bulbo cavernoso encontra-se ausente.

6.Síndrome da cauda equina – Lesão das raízes nervosas lombossacras dentro


do canal neural, ocasionando em uma lesão neuromotora inferior, que geralmente é
uma lesão incompleta.

7.Síndrome da medula posterior - A função motora, sensibilidade à dor e tato


estão preservados, enquanto que a propriocepção está alterada.

TERMOS COMUNS USADOS NA MEDULA ESPINAL

Na propedêutica, conceituamos plegia como a ausência de movimento


voluntário e paresia como a presença de contração muscular voluntária com
diminuição da força. No entanto, a ASIA recomenda que nos casos de lesão medular
sempre se classifique como tetraplegia ou paraplegia.

Tetraplegia – refere-se à perda da função motora e ou sensitiva nos segmentos


cervicais da medula espinhal devido à lesão dos elementos neuronais no interior do
canal vertebral. Ocorre a diminuição da função dos membros superiores, tronco,
membros inferiores e órgãos pélvicos.

Paraplegia – Diminuição ou perda da função motora e/ou sensitiva dos


segmentos torácicos lombares ou sacrais, danos dos elementos neurais dentro do
canal vertebral. Secundária à lesão dos elementos neurais no interior do canal
vertebral. Esse termo pode ser utilizado para definir as lesões da cauda equina e cone
medular, mas não para as lesões do plexo lombossacro e lesões dos nervos
periféricos, localizadas fora do canal vertebral. Deixando integro os membros
superiores, podendo incluir tronco, membros inferiores e órgãos pélvicos.

DISFUNÇÕES DO TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR

Choque medular - pode ser definido como um estado de completa arreflexia da


medula, que ocorre após traumatismo grave na medula. Durante o choque medular,
que pode ocorrer imediatamente após o traumatismo da medula espinhal, mesmo que
a lesão medular não seja completa e permanente, o paciente apresenta ausência total
da sensibilidade, dos movimentos e dos reflexos, que está presente em condições
normais. O retorno do reflexo indica o término do choque medular, permitindo então a
determinação da lesão neurológica causada pelo trauma.

Choque neurogênico - pode apresentar, queda da pressão arterial,


acompanhada de bradicardia. Nesses pacientes, a lesão das vias eferentes do
sistema nervoso simpático medular e consequente vasodilatação dos vasos viscerais
e das extremidades, associadas à perda do tônus simpático cardíaco, não permitem
que o paciente consiga elevar a frequência cardíaca. Essa situação deve ser
reconhecida e diferenciada do choque hipovolêmico, no qual a pressão arterial está
diminuída e acompanhada de taquicardia. A reposição de líquidos deve ser evitada no
choque neurogênico, para não sobrecarregar a volemia.

Trombose venosa profunda (TVP) - consiste na vasodilatação e acúmulo de


sangue perifericamente aumentar o risco de trombose venosa profunda,
especialmente nas extremidades inferiores. Até 80% ou mais de pacientes com lesões
completas, foi relatado o desenvolvimento de TVP, apresentando uma incidência
global de 13,6% entre os pacientes internados durante a fase aguda. A incidência de
TVP é maior 7-10 dias após a lesão. É uma complicação comum em pessoas com
trauma raquimedular decorrente da imobilidade. A presença de TVP é avaliada pela
mensuração da circunferência da panturrilha.

Disrreflexia autonômica – ocorre usualmente em pacientes com lesões na


medula cervical acima do fluxo simpático, mas pode também ocorrer pacientes com
lesões torácicas altas acima de T6. É comumente associado à bexiga ou problemas
intestinais, particularmente hiperdistensão. Até o tempo de alta hospitalar, os
pacientes devem estar plenamente conscientes dos sinais e sintomas de disrreflexia
autonômica e ser capaz de direcionar as pessoas para ajudar a encontrar e remover
a causa. Ele pode ocorrer em qualquer altura após o período de choque medular. A
disrreflexia autonômica é uma alteração vasomotora, também conhecida como crise
autonômica hipertensiva, decorrente de uma liberação do sistema nervoso autônomo,
que é desencadeada por um estímulo nociceptivo. Tem como sinais e sintomas:
hipertensão arterial, sudorese profusa, rubor facial, congestão nasal e cefaleia
latejante.

Bexiga neurogênica - depois de uma lesão grave da medula espinhal a bexiga


é inicialmente contraída, e paciente não tratados irão desenvolver retenção aguda.
Diferentes padrões miccionais patológicos muitas vezes persistem na fase crônica,
dependendo do nível de lesão neurológica e grau de recuperação funcional. Os
problemas incluem: incontinência, infecções, urolitíase e danos renais secundários.
Os mais importantes fatores de risco para desenvolvimento de lesão renal são a falta
de coordenação entre os músculos da parede da bexiga.

Intestino neurogênico - a lesão medular provoca mudanças no funcionamento


do corpo e uma delas, de difícil abordagem para muitos de nós, é a função intestinal.
Após uma lesão medular, os movimentos intestinais requerem maior tempo, atenção
e planejamento.

Espasticidade - refere-se ao tônus muscular, a tensão involuntária basal de um


músculo pode ser normal, diminuída ou aumentada. Diminuição do tônus muscular
acompanha paralisia, devido a uma lesão do neurônio motor inferior é também vista
na fase aguda após uma lesão do neurônio motor superior (ou seja, durante choque
espinhal). Aumento do tônus muscular acompanha as fases aguda e crônica na
sequência da lesão do neurônio motor superior. Isto é conhecido como espasticidade
(aumento do tônus muscular espástico) e deve ser distinguido de outros tipos de
hipertonia muscular. Espasticidade, por sua vez é um fenômeno conhecido como a
síndrome do neurônio motor superior.

Úlceras por pressão - a idade avançada, debilitação, o contato prolongado com


umidade proveniente da perspiração da urina, das fezes, o atrito e as forças de
cisalhamento, a diminuição da perfusão tissular, são fatores contribuintes para o
aparecimento de úlcera de pressão, assim como os equipamentos, como aparelho
gessado, tração, contenção. Tipo do leito, colchão, travesseiro e cadeira, também
propiciam a formação de úlceras de pressão.

Pneumonias - continua sendo um importante causa de morte em tetraplegia.


Os pacientes com tetraplegia ou paraplegia alta estão em risco aumentado de
infecção devido à paresia do diafragma e/ou músculos intercostais, o que prejudica a
capacidade de eliminar secreções. Traqueostomia ou intubação endotraqueal
aumenta ainda mais o risco de infecção. O risco de pneumonia por aspiração é
grande, especialmente na fase aguda, com diminuição do nível de consciência,
gastroparesia e íleo paralítico.
Alterações psicológicas - na fase aguda da lesão da medula espinhal o
indivíduo pode experimentar uma gama de emoções, tais como desespero,
dormência, medo, esperança e raiva. Essa turbulência emocional é muitas vezes
caótica e desorganizada. Pode ser ainda mais complicada pelo período obrigatório de
repouso durante o qual um estado de sensorial privação segue. A súbita incapacidade
de continuar desta forma e da necessidade para levar uma vida mais ordenada pode
significar um longo período de tempo de ajustamento.

AVALIAÇÃO DO TRM

A lesão medular pode influenciar a transmissão da sensibilidade e dos impulsos


motores na região da lesão. Por isso, se torna necessário uma cautelosa avaliação do
paciente, que se inicia ainda no local do acidente, para verificar a presença de lesão
e prevenção de lesões adicionais durante o resgate e transporte do paciente ao
hospital. Há casos em que o estado neurológico era normal após o acidente, mas
durante o resgate e o transporte houve lesão das estruturas nervosas. Deve
permanecer imobilizado até que os exames sejam realizados e assim, traçados o
diagnóstico e prognóstico do paciente.

Todo paciente de TRM entra em choque medular, que se caracteriza por um


período em que os reflexos e as funções sensórias e motoras abaixo do nível da lesão
estão ausentes, a delicadeza do estado clínico crítico do paciente na fase de choque
inviabiliza uma intervenção cinesioterapêutica intensa. Os manuseios devem priorizar
as complicações advindas do choque medular e não, ainda, a recuperação
propriamente dita. Não há um consenso de quanto tempo dura exatamente, nem seus
sinais de retorno, mas classicamente, o aparecimento do reflexo bulbo cavernoso e
reflexos osteo-tendíneos, são considerados como o fim do choque medular.

Passado o choque medular, a avaliação fisioterapêutica deve ser realizada e


deve se iniciar por uma anamnese, recurso pelo qual obteremos dados como a história
regressa e atual do trauma, o estado atual de saúde, além de medicações e hábitos
desse paciente, dentre outras informações. A partir disso, faz-se necessário uma boa
avaliação fazendo a análise dos reflexos, das sensibilidades, do tônus e força
muscular, coordenação motora, equilíbrio estático e dinâmico e também da
propriocepção.
ESCALA ASIA

A escala da American Spinal Injury Association – ASIA (que substitui a


classificação de Frankel modificada) estabelece padrões para a classificação
neurológica do TRM, é utilizada internacionalmente pelos grandes centros de
reabilitação e hospitais a fim de universalizar a linguagem referente ao grau
quantitativo da lesão medular do paciente.

ASIA “A” = Lesão Completa: Sem preservação das funções motora e sensitiva
no segmento sacral S4 - S5

ASIA “B” = Lesão Incompleta: Perda da função motora, porém função sensitiva
preservada abaixo do nível neurológico e inclui sensibilidade do segmento sacral S4-
S5.

ASIA “C” = Lesão Incompleta: Função motora preservada abaixo do nível


neurológico, e mais da metade dos músculos-chave abaixo do nível neurológico
possuem grau de força inferior a 3.

ASIA “D” = Lesão Incompleta: Função motora preservada abaixo do nível


neurológico, e mais da metade dos músculos-chave abaixo do nível neurológico
possuem grau de força igual ou superior a 3.

ASIA “E” = Lesão Incompleta: Funções Motora e sensitiva são normais.


AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA

A avaliação neurológica detalhada deve ser realizada após estabilização inicial


(após o retorno do choque) em todos pacientes com TRM, este tem duas etapas e são
separadas em sensitiva e motora. Possui uma etapa para determinar o nível da lesão
neurológica, o nível motor e o nível sensitivo, através dessa avaliação obtêm-se
número que em conjunto fornecem um escore. O exame neurológico tem elementos
para caracterizar o funcionamento e determinar se a lesão é completa ou não.

EXAME SENSITIVO

Realiza-se um exame completo sobre os 28 dermátomos e devem ser


avaliados bilateralmente, em cada um desses pontos é avaliado a sensibilidade
dolorosa (geralmente avalia-se com um alfinete) e tato fino (verificado com algodão)
que são registrados separadamente em uma escala sendo: 0=ausente, 1= alterado,
2= normal.
Além do exame bilateral desses pontos-chaves, o esfíncter anal extemo deve ser
examinado por meio da introdução do dedo do examinador e deve-se classificar a
presença ou ausência de contração, o reflexo bulbo cavernoso realiza a estimulação
do pênis ou clitóris, provocando contração do esfíncter anal, indica o término do
choque medular. Essas informações são usadas para determinar se a lesão é
completa ou incompleta.

EXAME MOTOR

Essa avaliação deve ser realizada de proximal para distal em ambos os lados
do corpo, avaliando todos os músculos chaves e os 10 pares de miótomos referente
a cada um deles, a força muscular é graduada de acordo com a seguinte escala:

Logo abaixo temos um quadro que representa os miótomos e os testes


musculares correspondentes:
É recomendado que para a avaliação da evolução da LM outros músculos
sejam avaliados mesmo que seus resultados não sejam usados para determinar o
índice motor, o nível motor ou se a lesão é completa. Sugere-se sejam avaliados os
seguintes músculos: diafragma; deltóide; bíceps crural (isquiotibiais laterais). Sua
força é catalogada como ausente, fraca ou normal.

MEDIDA DE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL (MIF)

Para descrever plenamente o impacto de uma lesão medular sobre o indivíduo


e monitorar e avaliar o progresso, é necessária uma medida padronizada das
atividades da vida diária, a medida de independência funcional mede aquilo que a
pessoa está realizando exatamente à época da avaliação. A avaliação funcional é
realizada para que se possam avaliar os cuidados pessoais e o desempenho do
indivíduo nas atividades da vida diária, essa avaliação presunçosa é aplicada por um
profissional da saúde previamente treinado, sendo aplicada em dois momentos: na
admissão ou até 72 horas, e por ocasião da alta hospitalar, geralmente 72 horas antes
da saída do paciente. A vantagem da aplicação e emprego da MIF é a possibilidade
de se traçar metas e objetivos no momento de sua admissão da pessoa no programa
de reabilitação e a modificação desses objetivos e metas de acordo com sua evolução
e participação efetiva dentro do programa até o momento de sua alta hospitalar.
Permite o acompanhamento da evolução do paciente em seu processo de
reabilitação, contribuindo para o refinamento das intervenções terapêuticas e a
verificação de ganhos até que se estabeleça uma redução da velocidade de aquisição
de melhorias, permite trabalhar com o desenvolvimento do programa, fazendo com
que se possa estabelecer metas funcionais de acordo com cada pessoa, de modo a
reinseri-la o mais rápido possível, capacitando-a para o convívio familiar e social.
AVALIAÇÃO RADIOLÓGICA

Nessa avaliação são utilizadas as radiografias nos planos anteroposterior e


lateral, para avaliar a assimetria e o alinhamento das vértebras ao longo de toda
coluna vertebral.

Pode ser utilizada a tomografia computadorizada para avaliar a morfologia da


fratura, a estabilidade do segmento lesado e a compressão do canal vertebral pelos
fragmentos da vertebra lesada.

A ressonância magnética é de grande importância no diagnóstico do TRM e é


frequentemente utilizada na fase primária do diagnóstico pois permite uma análise
detalhada das partes moles, com melhor visualização de contusões medulares,
hematomas, lesões ligamentares, hérnias discais e coleções líquidas.

TRATAMENTO CIRÚRGICO

As indicações do tratamento cirúrgico têm sido baseadas na presença de


instabilidade no segmento vertebral mais ainda há grandes controvérsias com relação
a esse método. Não existe até o dado momento nenhum tratamento cirúrgico capaz
de restaurar a função da medula espinal que foi lesionada a cirurgia é capaz de
somente de promover o realinhamento do segmento vertebral lesado e dessa maneira
trazendo estabilidade daquele segmento e evitando possíveis lesões adicionais
favorecendo uma melhor recuperação. As cirurgias que podem ser realizadas são as
seguintes: artrodese anterior e posterior, laminectomia descompressiva e
corpectomia.

OBJETIVO DA INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA

Os objetivos da fisioterapia consistem em fortalecer os músculos com o controle


voluntário, intervir na prevenção de deformidades e manutenção da amplitude de
movimento, orientação quanto ao uso de dispositivos de adaptação e órteses. Ensinar
estratégias compensatórias de movimento para que seja possível a realização de
atividades diárias como: se vestir, ficar de pé, movimentar-se na cama e deambular
com órteses e dispositivos de assistência. A continuidade do tratamento pode se dividir
em gerenciamento médico agudo, reabilitação inicial, reabilitação do paciente
internado e reabilitação do paciente ambulatorial/ reintegração na comunidade
.
CADEIRA DE RODAS E DISPOSITIVOS DE ADAPTAÇÃO
O fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional são os dois membros da equipe
responsável pela seleção e prescrição da maioria dos dispositivos de adaptação. As
necessidades de equipamentos/dispositivos são prescritas de acordo com a
necessidade de cada paciente.
CADEIRA DE RODAS: A cadeira de rodas que maximizam a funcionalidade por
meio de estabilidade, alinhamento e conforto na postura sentada permitindo aos
indivíduos completarem tarefas diárias com maior independência e acessar ambientes
como a escola, o trabalho e a comunidade. A decisão do uso de cadeira de rodas deve
ser analisada de forma que fique apropriada para atender a necessidade de cada
lesão, quesitos como: idade do paciente, força nos MMSS, atividades profissionais e
escolares, condições de vida financeira devem ser levados em consideração.
DISPOSITIVOS DE ADAPTAÇÃO: Dispositivos de adaptação incluem
almofada, apoio na borda da banheira, vaso sanitário elevado, banco alto no interior
do boxe e equipamentos que facilitem a funcionalidade. A almofada deve favorecer
uma melhor distribuição de peso e dá melhor sustentação e estabilidade à posição
sentada.
ÚLCERAS DE PRESSÃO E COMPROMETIMENTO DA PELE
As úlceras por pressão também chamadas de úlceras de decúbito se
desenvolvem nas áreas de sustentação do corpo, sobre as proeminências ósseas,
que gera necrose isquêmica nos tecidos. A compressão dos vasos sanguíneos diminui
o fluxo sanguíneo e o suprimento de oxigênio para os tecidos com isso os tecidos
vascularizados por esses vasos morrem e ocorre a ulceração. A laser terapia é o
recurso mais utilizado nesse tipo de lesão pela sua eficácia na cicatrização rápida e
organizada da ferida, diminuindo o processo inflamatório, além de agir na melhora da
dor e de edemas.
PREVININDO E GERENCIANDO AS CONTRATURAS DA ARTICULAÇÃO
O desenvolvimento de uma contratura pode resultar em um mau alinhamento
postural e impedir a função potencial. O posicionamento correto, exercícios passivos
para ADM e o uso de órteses podem prevenir a perda de mobilidade em articulações
distais. A prevenção de contraturas inclui imobilizações para o alinhamento adequado
da articulação, técnicas como sustentação de peso e exercícios funcionais. Em
pacientes que sofreram lesões cervicais os ombros estão vulneráveis à limitação da
ADM e à dor associada. Atenção a ADM em rotação lateral do ombro e abdução, há
técnicas para redução da dor. A aplicação de calor, frio ou TENS, podem ser utilizados
para prevenir um ciclo desagradável de dor.
FORTALECIMENTO DOS MUSCULOS ENFRAQUECIDOS
Os músculos que possuem a inervação abaixo do local da lesão perderão sua
função ou estarão enfraquecidos. Os músculos remanescentes devem ser fortalecidos
com exercícios de resistência progressiva para fornecer o máximo de força possível
para realização de atividades funcionais.
PROGRAMA DE EXERCÍCIOS RESPIRATÓRIOS
Os pacientes que sofrem lesão em nível torácico apresentam escores
respiratórios baixos, a função respiratória é ideal para a realização do treinamento de
MMSS. O programa de exercícios respiratórios para pacientes com lesão em nível
cervical visa desenvolver a força e a resistência dos músculos respiratórios. A adesão
completa a um programa estruturado de treinamento com o isso de resistência para o
músculo diafragma ou treinamento da musculatura inspiratória por um tempo de 15 a
30 min por dia durante 8 semanas trouxe bons resultados aumentando o escore de
alguns pacientes e melhorando também a capacidade vital.
MARCHA
O treino da marcha é uma parte importante do treinamento funcional de
pacientes que apresentam recuperação da função motora suficiente dos MMII,
especialmente aqueles que sofreram lesão incompleta. O treino locomotor com
suporte de peso corporal tem sido proposto como uma alternativa para a reabilitação
de pessoas com TRM com o objetivo de desenvolver a marcha e proporcionar a
reintegração na convivência familiar, profissional e social.
ORTOSTATISMO
A prancha ortostática é indicada para readaptar os pacientes à posição vertical
quando o mesmo é incapaz de manter essa postura com segurança sozinho ou até
mesmo com considerável assistência. O uso da prancha ortostática é um
procedimento seguro e viável, importante por apresentar resultados favoráveis na
prevenção de comorbidades generalizada adquirida pelo paciente crítico, reduzindo o
tempo na ventilação mecânica e prevenindo limitações funcionais decorrentes do
imobilismo.
FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA (FNP)
A Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) utiliza padrões em diagonais
para promover e acelerar as respostas dos mecanismos neuromusculares através da
estimulação do sistema nervoso. Utiliza posturas e movimentos funcionais para
aprendizagem ou reaprendizagem quando tais movimentos ou posturas estão
alterados. Pode ser utilizado para o aumento da estabilidade do tronco e
fortalecimento muscular, ganho de equilíbrio, aumento da ADM, melhora do tônus
muscular, manutenção de trofismo, sincronismo de movimentos e inibição de
movimentos anormais, entre outros benefícios.
CONCLUSÃO
A reabilitação deve incluir a prevenção de deformidades e complicações,
maximização da função muscular remanescente e da função respiratória, treino de
transferências e trocas de posturas, manuseio da cadeira de rodas, treino de
equilíbrio, aquisição de ortostatismo e possível retorno da marcha com uso ou não de
dispositivos ortóticos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Lesões medulares clínicas e experimentais Copyright ©️ 2016 by Francisco de Assis


Aquino Gondim, Florian P. Thomas, José Ronaldo Vasconcelos da Graça

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