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Resumo
O traumatismo raquimedular é uma lesão que ocorre nos elementos neurais do canal
medular de forma traumática e abrupta que resulta em déficits neurológicos. Acomete a via
de estímulos sensitivos e motores entre a medula e o encéfalo. É uma lesão que as literaturas
definem como completa, quando atinge vias motoras e sensitivas, e incompleta quando
compromete somente algumas vias motoras ou sensitivas. Possui etiologias dentre as
principais estão: acidentes automobilísticos, ferimentos por arma de fogo, mergulho em água
rasa e quedas de alturas. Predomina em jovens do sexo masculino no qual as literaturas
denominam como produtivos, tornando-se assim um grande problema de saúde pública
mundial. O objetivo deste estudo foi mostrar, a partir de revisão da literatura, de qual forma
a fisioterapia pode contribuir com recursos fisioterapêuticos para uma melhor qualidade de
vida e funcionalidade. Para elaboração da pesquisa, foram analisados estudos que
demonstrasse as condutas fisioterapêuticas e os recursos mais utilizados bem como estudos
que comprovassem a importância da fisioterapia nas pessoas que sofreram traumatismo
raquimedular. As pesquisas foram obtidas nos bancos de dados: Scielo, Bireme, Lilacs ,
Revistas Científicas e livros na língua portuguesa. Para isso foram utilizados 20 artigos e 06
livros que demonstraram que a fisioterapia tem grande importância nos cuidados aplicados
em um lesionado medular, executando condutas que auxiliam no alívio de sinais e sintomas,
melhorando a funcionalidade e buscando melhor qualidade de vida.
Palavras-chave: Trauma raquimedular; Fisioterapia; Medula espinhal.
1. Introdução
A medula espinhal é via de ligação entre o encéfalo e o corpo. Ela promove a condução de
sinais de saída (eferentes), para o controle das funções corporais, e de entrada (aferentes), para
informar ao cérebro o que está ocorrendo no corpo (ABRAHAMS, 2009).
A lesão medular é definida pela American Spinal Injury Associantion (ASIA), como sendo
uma diminuição ou perda da função motora e/ou anatômica, por trauma dos elementos
neuronais dentro do canal vertebral, podendo ser total ou parcial (DINIZ et al. 2009).
O trauma raquimedular (TRM) é uma lesão neurológica incapacitante, com grande impacto na
sociedade, representando um problema de saúde pública (FERREIRA, 2012).
A lesão ocorre, preferencialmente, no sexo masculino, na proporção de 4:1, na faixa etária
entre 15 a 40 anos. Acidentes automobilísticos, queda de altura, acidente por mergulho em
água rasa e ferimentos por arma de fogo têm sido as principais causas de traumatismo
raquimedular (TRM) (DEFINO, 1999).
A fisioterapia precoce, ainda no período hospitalar, por meio de diferentes técnicas
cinesioterapêuticas, é eficaz em todas as fases da doença, previne deformidades, proporciona
maior independência funcional e melhora a qualidade de vida (CAVENAGHI, 2005).
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Pós-graduando em Fisioterapia Neurofuncional
² Orientadora:Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestre em Bioética e Saúde.
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Apesar de existirem poucos estudos da fisioterapia na área do TRM, a mesma tem grande
importância no tratamento contínuo e prolongado buscando sempre a independência funcional
e evitando possíveis complicações que possam interferir na qualidade de vida de pessoas
acometidas de traumatismo raquimedular. Este estudo bibliográfico tem por objetivo sintetizar
os principais tratamentos fisioterapêuticos e mostrar a importância da fisioterapia na busca de
uma melhor qualidade de vida em decorrência do trauma raquimedular.
2. A Medula Espinhal
Segundo Abrahams, 2009:
Uma lesão medular ocorre segundo COELHO et al. (2000) apud SANCHES (2012), devido a
morte dos neurônios e a quebra de comunicação entre os axônios oriundos do cérebro e suas
conexões com os neurônios da medula interrompendo a comunicação entre o cérebro e todas
as partes do corpo que ficam abaixo da lesão.
A lesão da medula espinhal é uma das mais graves complicações que causam incapacidade no
ser humano, pois provoca falência de uma série de funções vitais como: locomoção,
sensibilidade, sexualidade, sistema urinário e intestinal e do sistema nervoso autônomo
(NEVES, 2007).
Algumas complicações decorrentes de uma lesão medular são: bexiga e intestino
neurogênicos, espasticidade, úlcera de pressão, deformidades ósteoarticulares, trombose
venosa profunda, ossificação heterotópica e síndromes dolorosas (VALL; BRAGA, 2005).
Fonte: DREEBEN, Olga. Mds: Manual de sobrevivência para fisioterapia; Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2010.
Figura 2 – Escala ASIA de Incapacidade
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9. Escala de Ashoworth
Esta escala avalia o tônus muscular do paciente (capacidade ou prontidão do músculo para se
contrair). Essa avaliação torna-se importante à medida que pacientes com lesão medular
podem apresentar uma série de variações do tônus, tais como: flacidez (ausência de tônus),
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Segundo Sá et al. (2011). Tem por função avaliar o grau de autonomia (independência) de um
paciente, levando em conta 10 itens de mobilidade e cuidados com AVDs. Cada atividade
possui um escore com pontuação que variam entre, zero (dependente), cinco (necessidade de
ajuda ou supervisão), dez (parcialmente dependente) e quinze (independente) sendo que o
final somar-se-iam 100 pontos.com a soma da pontuação do teste podemos então classificar o
grau de independência do paciente de acordo com a escala abaixo:
0 -15 = dependência total;
20-35 = dependência grave;
40-55 = dependência moderada;
60-95 = dependência leve;
100 = independente.
O fisioterapeuta atua por meio de técnicas respiratórias, que incluem percussão, vibração,
técnicas de tosse assistida, aspiração, dentre outras, que são eficazes na remoção de muco das
vias aéreas (FERREIRA et al. 2012). Portanto é primordial que a musculatura respiratória
esteja funcionando normalmente, uma vez que o seu comprometimento pode levar à
hipoventilação, redução na tolerância ao exercício e, em casos extremos, á insuficiência
respiratória (SILVA et al. 2011).
11. Cinesioterapia
A fisioterapia evita ou ameniza efeitos deletérios da mobilidade por meio da cinesioterapia,
sendo a mobilização precoce, os exercícios terapêuticos e o treinamento funcional, os
métodos mais simples e efetivos (SISÇÃO et al. 2007).
A resistência aplicada nos músculos mais potentes do membro superior pode produzir
irradiação para os fracos, em outras áreas do corpo. E desse modo, em conformidade com os
resultados obtidos, que podemos sugerir que o uso de padrões funcionais de movimento pode
melhorar a execução de transferências. Programas de treinamento após a lesão medular
espinhal, têm impacto direto na função e qualidade de vida, permitindo, assim, participação
em atividades físicas e da vida diária de pacientes lesados medulares (NUCIATO et al. 2009).
Dessa forma, Cavenagui et al. (2005), em um trabalho de atualização, verificaram a
aplicabilidade e os efeitos da cinesioterapia na reabilitação de pacientes com trauma
raquimedular durante a permanência hospitalar, e concluíram que há necessidade de novas
pesquisas no campo da fisioterapia com foco na reabilitação funcional do paciente lesado
raquimedular e na prevenção das comorbidades às quais eles estão expostos, principalmente
durante a fase hospitalar.
12. Eletroterapia
A terapia com raios laser de baixa potência é uma técnica capaz de acelerar o processo de
reparação de tecidos biológicos traumatizados (ABREU et al. 2011).
A eficácia da EENM em melhorar a força muscular isométrica está fundamentalmente na
literatura. A melhora da força ocorre como resultado do aumento da tensão funcional aplicada
ao músculo e como resultado da reversão do recrutamento do nervo motor (STARKEY,
2001).
Vários sistemas de EENM/ergometria combinados foram desenvolvidos especificamente para
pacientes com LME para determinar se contrações repetidas, de baixo nível, induzidas pela
EENM contra baixas resistências irão produzir respostas cardiopulmonares e adaptação
similares às observadas em população saudáveis (ROBINSON, 2001).
Voltar a caminhar é o objetivo principal tanto dos pacientes que apresentam paraplegia como
dos profissionais (EDELSTEIN, 2006).
A necessidades da cadeira de rodas incrementa o arsenal simbólico da condição da deficiência
que a pessoa, acometida pela LME, enfrenta. Expressa as características de incapacidades
funcionais e as desvantagens que as pessoas podem apresentar diante dos aspectos físicos,
sensoriais e psicossociais, reforçando a segregação e sentimentos discriminatórios ante a
sociedade (COSTA et al. 2010).
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A realização das funções de alcance dos membros superiores para as pessoas que utilizam
cadeiras de rodas representam a possibilidade de maior interação com o ambiente, e maior
independência para as atividades de vida diária, lazer e atividade laborais (MEDOLA et al.
2009).
A prescrição ortótica para pacientes com paraplegia é influenciada primariamente pelo nível
da lesão da medula espinhal. As órteses projetadas para postura de pé aplicam sobre o usuário
um sistema de forças de quatro pontos, a saber, forças direcionadas posteriormente, a partir da
porção média do tórax e da porção média do tórax e da porção média da perna, e
anteriormente, a partir da região dorso-lombar e dos pés (EDELSTEIN, 2006).
Fonte: EDELSTEIN, Joan E. Órteses: abordagem clínica / Joan E. Edelstein e Jan Bruckner; Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006.
Figura 3 – Sistema de forças de quatro pontos necessários para manter-se de pé com auxílio ortótico
14. Metodologia
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O presente estudo foi realizado por meio de revisão da literatura, incluindo neste estudo
artigos e livros em português, publicados no período de 1999 à 2012.
Com abordagem de assuntos sobre a lesão medular, traumatismo raquimedular, tratamento
fisioterapêutico e reabilitação.
Foram excluídos artigos e livros que estavam fora da abordagem do tema e com periódicos
que estivessem com o ano fora do tempo estipulado para a pesquisa.
Para a atualização da literatura e discussão, foram realizados consultas nas bases de dados
Scielo, Bireme, Lilacs, Revistas Científicas como: Revista Neurociências, Revista
Coluna/Columna.
Por meio das seguintes palavras-chave: lesão medular, trauma raquimedular, reabilitação e
fisioterapia. Através do levantamento foram utilizados 20 artigos e 06 livros para enriquecer a
fundamentação teórica do trabalho em pesquisa.
16. Conclusão
O traumatismo raquimedular é uma das lesões neurológicas consideradas mais graves e
dependendo do nível de lesão como a mais incapacitante que um indivíduo pode ser
acometido, ocasionando uma paraplegia ou até mesmo uma tetraplegia.
Atualmente constitui um problema gravíssimo de saúde pública no mundo todo, pois sua
devastadora incapacitação torna o tratamento prolongado e pode levar o ser humano a sérios
danos nas funções e locomoção. As principais etiologias conforme as literaturas são: os
acidentes automobilísticos, ferimentos por arma de fogo, quedas de grandes alturas e
mergulhos em água rasa. Sendo que a etiologia dependerá sempre do local ocorrido e das
características do envolvido nesse trauma. Sua prevenção dependerá do mesmo fator.
A fisioterapia tem uma extrema importância na busca da funcionalidade e na melhoria da
qualidade de vida de pessoas que são acometidas por trauma raquimedular. Através de
condutas como a cinesioterapia que favorece a manutenção de amplitude de movimento, evita
complicações circulatórias devido a imobilização de membros por períodos extensos e
promove correção de possíveis patologias respiratórias decorrentes ao trauma. A eletroterapia
que possui recursos como a Estimulação Elétrica Neuromuscular (EENM) que é uma técnica
terapêutica que ativa o músculo esquelético, controlando a atrofia por desnervação. Para tanto,
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um indivíduo que deseja caminhar novamente já pode se beneficiar com recursos também
muito utilizados que são as cadeiras de rodas e órteses de vários modelos, que com o passar
dos tempos o avanço tecnológico busca uma perfeição e melhor adequação ao lesionado
medular.
O estudo permitiu a elaboração de material para uma melhor abordagem clínica, avaliação e
até padrões de tratamentos em um lesado medular, além de identificar fatores de prevenção
que possam ajudar a minimizar as ocorrências desse trauma que afeta o mundo inteiro.
Referências
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