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Patologia Clínica Cirúrgica

Cirurgia do Sistema Auditivo

01-Oto-hematoma
Definição

É uma afecção comum do aparelho auditivo, onde ocorre formação de uma


coleção de sangue, com uma contusão de segundo grau principalmente na face interna
do pavilhão auricular.

Causas

-Otite (devido ao balanço da cabeça);

* As otites externas têm sido apontadas, de uma forma geral, como o principal fator
etiológico envolvido na patogênese dos otohematomas, porém nem sempre ela está
presente.

-Traumatismo;

-Mosca;

-Rompimento de vasos;

-Enfermidades que alterem os fatores de coagulação;

Tratamento

-Punção: em 99% dos casos não funciona;

-Cirúrgico: consiste em retirada de uma porção da pele, deixando-a aberta.

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Tratamento Cirúrgico

-Deve-se tratar primeiramente e principalmente a causa primária, para se retirar


o incômodo do animal e assim evitar balanços de cabeça com recidivas;

-Não necessita a colocação de dreno, existem técnicas que utilizam;

-Deve-se fazer suturas transfixantes que passam por toda orelha, para evitar que
o ferimento feche rapidamente;

Figura 1. Incisão em „S‟ na parte interna da orelha para resolução de otohematoma.

02-Ablação Total do Conduto Auditivo


Sempre colocar dreno por 7 dias

Cirurgia de Tórax

03-Toracotomia
-Não apresenta riscos maiores que cirurgias abdominais;

-Cuidados: ventilação mecânica ou manual (assistida) e reestabelecimento da


pressão negativa;

-Animais com pneumopatia ou traumatismo subjacentes estão em risco


aumentado de desenvolver infecções pulmonares. Esses pacientes devem ser
monitorados cuidadosamente, administrando-se antibióticos profiláticos ou iniciando-se
antibióticos terapêuticos junto com o primeiro sinal de infecção (leucocitose e/ou febre).

-Carnívoros apresentam 13 pares de costelas;

-O lobo pulmonar esquerdo é dividido em lobo cranial (cranial e caudal) e lobo


caudal, enquanto o lobo pulmonar direito (maior) é dividido em lobo cranial, médio,
caudal e acessório.

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-Cães conseguem sobreviver a uma perda aguda de até 50% de seu volume
pulmonar, no entanto, podem ocorrer acidose respiratória transitória e intolerância a
exercícios.

Indicações

-Cirurgias exploratórias

-Cirurgias cardiovasculares (pericárdio, válvulas, septos, grandes vasos,


persistência de ducto arterioso e presença de 4º arco aórtico);

-Cirurgias em brônquios;

-Cirurgia de timo;

-Cirurgia de redução de hérnias (hérnias crônicas – sempre com colocação de


drenos);

-Cirurgia pulmonar (lobectomia);

Localização

-Cirurgias cardíacas: 5º EIC;

-Cirurgias em diafragma e cardia: entre 8º e 9º EIC;

-Cirurgias pulmonares (lobectomia): entre 4º e 5º EIC tem-se acesso a todos os


hilos.

Tipos

-Intercostal direita ou esquerda;

-Esternotomia mediana;

-Transesternal;

03.1-Toracotomia Intercostal
Tópicos

-Pode-se acessar entre 3º e 10º EIC, podendo acessar porção anterior do


abdômen;

-Deve-se utilizar afastadores autoestáticos como o afastador de Finochieto;

-Em lobectomia total deve-se ligar em separado artéria, veia e brônquio;

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03.2-Emergência
Etapas

1º: faz-se o acesso à cavidade torácica;

2º: pericardiectomia;

3º: massagem cardíaca;

4º: deve-se instituir acesso venoso de alto calibre (cateter calibre 16 ou 18) em
veia jugular de preferência;

5º: pode-se fazer o clampeamento da aorta (fazendo com que o sangue seja mais
redirecionado para a cabeça do paciente);

03.3-Toracatomia com Ressecção de Costela


Tópicos

-Tem-se maior exposição;

-Utilizada quando necessita-se maior incisão/acesso;

-Constitui em retirada de um segmento da costela;

-Incisa-se em cima da costela, disseca-se o periósteo e serra-se a costela com


serra fina (para não haver problemas com a posterior redução);

-Deve-se ter cuidado com nervo e artéria intercostal que percorrem parte caudal
da costela;

03.4-Esternotomia Mediana
Tópicos

-Única técnica que permite acesso a toda cavidade torácica;

-Utilizada para toracotomia exploratória;

-Deve-se manter intacto o manúbrio ou xifoide devido a estabilidade posterior


(estabilidade também minimiza dor pós-operatória);

-Deve-se utilizar fio de aço de diâmetro 0,8 mm a 1 mm;

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-É preferível a utilização de eletrocautério, pois há grande sangramento local;

-Para incisão do esterno é recomendado a utilização de serra oscilatória;

-No momento da redução da incisão, deve-se ter cuidado com a artéria torácica
interna.

03.5-Lobectomia Parcial
Pode-se realizar uma lobectomia parcial para remover uma lesão focal que
envolva metade a dois terços periféricos do lobo pulmonar ou para biópsia. A
lobectomia parcial pode ser realizada por toracotomia no quarto ou quinto espaços
intercostais laterais ou esternotomia mediana.

Também pode-se realizar uma lobectomia parcial com grampeadores


(grampeador toracoabdominal).

03.6-Lobectomia Completa
É realizada melhor por toracotomia lateral.

Se o pulmão contiver uma quantidade grande de material purulento, evite que


uma quantidade excessiva de fluido drene para os brônquios e traquéia por meio de
pinçamento do brônquio próximo ao hilo, antes de manipular o lobo.

Lobos pulmonares torcidos devem ser removidos sem destorcer.

03.7-Toracotomia Transesternal
Tópicos

-Aumenta a exposição intercostal bilateral;

-Indicado quando necessita-se exposição ampla do tórax;

-A artéria torácica interna irá ser seccionada e deve ser ligada antes;

03.8-Outros Procedimentos
-Tetralogia de Fallot: faz-se ponte entre a artéria aorta e artéria pulmonar para
melhoria da oxigenação.

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-Perda de parede torácica: pode-se utilizar parede de polipropileno (o mesmo
que é utilizado para redução de hérnias abdominais).

Cirurgia de Coluna Vertebral


Introdução

Primeiramente deve-se fazer um completo exame neurológico para se ter


conhecimento do local, extensão e gravidade da lesão

Exame Neurológico

01-Exame da Cabeça
-Estado mental (hiperexcitado, normal-alerta, apático, semicomatoso e
comatoso)

-Comportamento (sistema límbico e córtex): andar em círculos, pressionar a


cabeça contra obstáculos, agressividade, vocalização, balançar compulsivo da cabeça.

-Postura e coordenação da cabeça: desvio lateral da cabeça (head tilt), giro


ortotônico do pescoço, tremores intencionais e opistótomo.

-Nervos cranianos: olfatório (I), óptico (II), oculomotor (III), troclear (IV),
trigêmio (V), abducente (VI), facial (VII), vestibulococlear (VIII), glossofaríngeo (IX),
vago (X), acessório (XI) e hipoglosso (XII).

02-Andar e Postura:
Avaliar: tronco cerebral, córtex cerebral, cerebelo, medula espinhal, nervos
periféricos e sistema muscular

-Alterações:

-Fraqueza ou paresia: arrastar das patas e tremores.

-Ataxia: déficit proprioceptivo geral (cruzar os membros e pisar nos


membros).

-Hipermetria: aumento do arco do passo (alteração cerebelar).

-Hipometria: membro espástico, sem flexão do carpo ou do tarso.

03-Exame Medular e Membros:


-NMS: é responsável pelo inicio dos movimentos voluntários, manutenção do
tônus muscular e regulação da postura. Tem seu corpo celular na substância cinzenta e
percorre toda a medula. O NMS exerce uma função inibitória sobre o NMI, e por isso,

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quando lesado, ocorre aumento do tônus muscular e dos reflexos, demonstrando a
hiperatividade do NMI.

-NMI: tem seu corpo celular localizado na substância cinzenta da medula


espinhal e suas raízes emergem no plexo braquial (C6 – T2) e no plexo lombossacral
(L4 – S3).

03.1-Reflexo Medular: testam a integridade dos componentes sensoriais e


motores do arco reflexo e determinam se a lesão está localizada no NMI ou no NMS.
Há 3 tipos de respostas esperadas: (1) ausência ou depressão de reflexos (NMI), (2)
reflexos normais e (3) reflexos exagerados (NMS).

-Lesões no NMI: perda da atividade motora voluntária, perda dos


reflexos medulares, perda do tônus muscular e atrofia muscular por denervação
(paralisia tipo flácida).

-Lesões no NMS: perda da atividade motora voluntária, reflexos


exagerados, hiperativos, aumento do tônus muscular, atrofia muscular por desuso e
aparecimento de reflexos espinhais anormais (paralisia tipo espástica).

Reflexos de Membro Pélvico


03.1.1-Reflexo Patelar: constitui no reflexo de membro pélvico mais confiável.

Normal: extensão rápida e única.

Alterado: a ausência ou depressão do reflexo (reflexo hipopatelar) e a


diminuição do tônus muscular (flacidez) indica lesão de NMI (entre L4 e L6). A perda
unilateral sugere lesão no nervo femoral. Reflexos exagerados (reflexo hiperpatelar) e
aumento do tônus muscular (espasticidade) sugerem uma lesão cranial ao segmento L4
(NMS).

03.1.2-Reflexo de Retirada: deve-se aplicar o menor estímulo doloroso possível ao pé.

Normal: flexão do membro.

Alterado: ausência ou depressão do reflexo indicam lesão em L6 a S1 (NMI) e o


reflexo exagerado indica lesão cranial ao segmento L6 (NMS).

Reflexos em Membro Torácico


03.1.3-Reflexo Tricepital: o tendão tricepital deve ser golpeado com um martelo bem
próximo ao olecrano.

Normal: extensão ligeira do cotovelo (difícil de disparar em animais normais,


logo reflexos ausentes ou deprimidos podem não indicar anormalidade);

Alterado: reflexo exagerado indica lesão cranial a C7 (NMS).

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03.1.4-Reflexo Bicepital:

Normal: flexão ligeira do cotovelo.

Alterado: reflexos ausentes ou deprimidos sugerem lesão de segmentos entre C6


e T8 (NMI) e reflexos exagerados indicam lesão cranial ao segmento C6 (NMS).

Outros Reflexos
03.1.5-Reflexo Esfinctérico Anal: estimulação perineal suave com agulha ou pinça.

Normal: contração do músculo esfinctérico anal.

Alterado: ausência ou depressão do reflexo indica lesão no cordão espinhal


sacral (S1 a S3) ou no nervo pudendo (NMI).

03.1.6-Reflexo Panicular: disparado por estímulo de alfinetada na pele da região dorsal


do animal (costas), começando da região da 5ª vertebra lombar e continuando
cranialmente.

Normal: crispação dos músculos do tronco cutâneo em ambos os lados.

Alterado: ausência de crispação e ocorre em um ou dois segmentos caudais à


lesão.

03.1.7-Dor Profunda: importante para se determinar o grau da lesão e se é valido entrar


para cirurgia ou não, avalia-se o prognóstico. As fibras de dor profunda são as mais
internas e resistentes na medula. Se perder dor profunda 50% da medula está
comprimida (grau 5).

Figura 2. Corte esquemático da medula espinhal

Fonte: SLATTER, 2007.

03.2-Reações Posturais: são respostas complexas, que mantêm a posição


ereta normal de um animal. As reações posturais anormais não fornecem informações
precisas de localização, mas podem indicar doenças neurológicas.

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03.2.1-Posicionamento Proprioceptivo: deve ser realizado flexionando-se a pata de
maneira que a sua superfície dorsal fique no chão.

Normal: animal retorna a pata imediatamente à posição normal.

Alterado: animal demora ou não volta a posição normal da pata.

03.2.2-Carrinho-de-mão: deve ser realizado fazendo o animal sustentar seu peso nos
membros torácicos, enquanto é sustentado pela parte de baixo do abdômen.

Normal: animais caminham para frente com movimentos coordenados de ambos


membros torácicos.

Alterado: iniciação lenta de movimentos (lesões no cordão espinhal cervical,


tronco cerebral ou córtex cerebral) e movimentos exagerados (dismetria) podem indicar
anormalidades no cordão espinhal cervical, tronco cerebral inferior ou cerebelar.

03.2.3-Saltitamento:

Normal: sustenta seu peso normalmente e consegue acompanhar os movimentos.

Alterado: iniciação fraca (déficit proprioceptivo) e movimentos fracos (déficit


motor).

03.2.4-Prova da Resistência Extensora: deve-se pressionar a região da cernelha e da


garupa, verificando-se a resistência do animal e simetria da extensão dos membros em
resposta a pressão para baixo.

03.2.5-Hemicaminhada: deve ser realizada levantando-se os membros torácico e


pélvicos de um lado, se maneira que todo o peso do animal seja sustentado pelos
membros opostos. A avaliação é a mesma que no caso do carrinho de mão.

03.2.6-Teste da Folha de Jornal: consiste em fazer o animal pisar com um dos membros
em uma folha, e esta folha quando puxada arrasta a pata do animal junto.

Normal: retirar a pata e voltar a posição normal.

Alterado: manter a pata em cima da folha não voltando a posição normal.

Radiografia

-Qualidade

-Anestesia geral ou sedação: animal deve estar relaxado

-Posicionamento correto.

-Evitar sombras.

-Deve-se ter uma suspeita do local para melhor incidência do raio

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*Na radiografia cervical deve-se utilizar uma espuma para alinhar a coluna.

Mielografia

-Consiste em injeção subaracnóidea para delinear o cordão espinhal. Pode-se


puncionar na cisterna magna, entre L5 e L6 (melhor) e entre L6 e L7.

-Introduz-se 0,25 a 0,45mL/kg de iopamidol (Iopamiron®) 1% de morte em


50min o contraste é todo eliminado.

-Na radiografia cervical contrasdtada é normal no inicio dos segmentos ter uma
pequena elevação.

*O contraste pode provocar convulsão devido o aumento da PIC.

Indicações Contraste

-Quando o exame neurológico evidencia lesão que não é vista pela radiografia
de triagem;

-Para determinar múltiplas lesões;

-Embasar a decisão cirúrgica e tipo de procedimento;

*Todos os graus de compressão devem ser operados;

Material Necessário para Cirurgia

-Afastadores autoestáticos (Ex.: Gelpi);

-Pinças;

-Cera óssea;

-Broca;

01-Subluxação/Luxação Atlanto-Axial
Definição

É uma condição congênita e/ou adquirida por traumatismo, que acomete


principalmente cães da raça toy, caracterizando-se por diferentes graus de neuropatias
motoras e ainda por quadros intensos de dor cervical.

*A forma traumática pode ocorrer em qualquer idade, em qualquer tamanho ou raça de


cão.

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Etiologia

Existem vários processos patológicos que podem levar a subluxação atlanto-


axial: ausência congênita ou hipoplasia do dente, fratura ou separação do dente e ruptura
ou ausência dos ligamentos (alares, apicais e transversos).

Figura 3. Desenho esquemático anatômico do occipital, atlas e axis.

Sinais Clínicos

Os sinais clínicos de dor cervical e disfunção motora nos membros se devem à


pressão na medula espinhal.

Traumas severos de cordão espinhal causam vários graus de déficits em todos os


quatro membros.

*Excessiva manipulação cervical, particularmente a flexão, está contra indicada nestes


cães para evitar a lesão espinhal iatrogênica.

A dor cervical pode ser intensificada pela flexão do pescoço, seguida por
quedas, paresia e paralisias. Também verifica-se ataxia de membros, tetraparesia ou
tetraplegia.

Surgimento agudo progressivo ou intermitente.

Diagnóstico

-Anamnese e História Clínica;

-Sinais Clínicos;

-Exames Complementares:

-Radiografia: projeção latero-lateral revelará a presença de subluxação


pelo aumento da distância entre atlas e axis, com corpo do axis deslocado dorsalmente e
cranialmente e projeção ventro-dorsal para verificar processo odontóide.

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Tratamento

-Não cirúrgico: restrição de movimentos em gaiolas (4 semanas), aplicação de


um colete no pescoço (por 1 a 2 meses) e o uso de medicações anti-inflamatórias podem
levar a uma melhora do paciente, entretanto isto é normalmente transitória.

-Cirúrgico: redução e estabilização da articulação atlanto-axial, eliminando a


compressão e prevenindo o movimento vertebral. Existem técnicas de estabilização
dorsal e ventral, usando o ligamento nucal, fixação por banda de tensão, fio ortopédico,
polimetilmetacrilato, fixação com parafuso, placas e pinos. Há técnicas em que se
propõe a artrodese local entre atlas e axis.

*Animal deve ficar em repouso e com atadura (colar cervical) por 1 mês.

02-Espondilopatia Cervical (Síndrome de Wobbler)


Definição

É um distúrbio neurológico por compressão medular identificado mais


comumente nas raças Dobermann, Dinamarquês e outras raças grandes.

Etiologia

Ainda não bem esclarecida mas suspeita-se de fundo genético e nutricional


(excesso de cálcio).

A compressão medular origina-se da estenose do canal vertebral (por falha do


desenvolvimento), instabilidade vertebral ou, com menor frequência, ocorre
secundariamente a anormalidades dos tecidos moles.

Sinais Clínicos

Ataxia branda de membros pélvicos até tetraplegia e presença de dor cervical.

Diagnóstico

-Anamnese e História Clínica;

-Sinais Clínicos;

-Exames Complementares:

-Radiografia simples: imprecisas;

-Mielografia: verifica-se compressão ventral da medula espinhal devido a


protrusão dorsal do disco intervertebral.

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Tratamento

-Não cirúrgico (não muito efetivo): atividade restringida, analgésicos, relaxantes


musculares, glicocorticoides (curto prazo e doses anti-inflamatórias) e uso de coletes
cervicais.

-Cirúrgico: descompressão direta (fenda ventral ou laminectomia dorsal),


descompressão indireta (distração-estabilização vertebral), estabilização vertebral sem
distração ou fenestração do disco intervertebral.

03-Discopatia Toracolombar
Introdução

As lesões toracolombares representam 85% dos problemas de disco


intervertebral em cães, causando déficits neurológicos graves, que refletem na qualidade
de vida dos animais.

Os discos intervertebrais formam coxins entre as partes ósseas de vértebras


adjacentes a partir de C2 - C3 até as vértebras coccígeas.

Figura 4. Desenho esquemático da vertebra espinhal com seus componentes.

Fonte: SLATTER, 2007.

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Definição

É a degeneração condróide do núcleo pulposo dos discos intervertebrais, seguida


da extrusão do material, o que ocasiona compressão de cordão espinhal e
aprisionamento de raiz nervosa. Os locais mais comuns de extrusão discal são os
espaços intervertebrais entre T11 - T12.

Ocorrência

Tanto as extrusões, quanto as protrusões estão mais comumente relacionadas às


raças condrodistróficas; Teckel, Beagle, Pequinês, Lhasa Apso e Shih-tzu, bem como
nas raças com tendências condrodistróficas; Poodle “Toys” e Cocker Spaniel. Raças de
grande porte, também podem apresentar qualquer uma das degenerações.

Sinais Clínicos

Dificuldade de locomoção, dor abdominal ou dorsal aparente, paralisia dos


membros, podendo chegar a perda de percepção da dor profunda e incontinência
urinária e fecal.

Diagnóstico

-Anamnese e História e Clínica;

-Sinais Clínicos;

-Exames Complementares:

-Radiografia simples: projeção latero-lateral sempre posicionando bem a


coluna vertebral com espumas.

-Mielografia;

-Análise do LCR;

Diagnóstico Diferencial

Embolia fibrocartilaginosa, fraturadeslocamento espinhal, mielopatia


degenerativa, discospondilite, síndrome da cauda equina, moléstia neoplásica, e
meningite; estas afecções são descartadas por meio das avaliações físicas,
microbiológicas, clinicopatológicas e radiográficas apropriadas.

Tratamento

-Clínico: é recomendado para animais com dor aparente e com déficits


neurológicos discretos. Os princípios do tratamento são cuidados auxiliares, restrição da
atividade física e o uso de medicamentos antiinflamatórios ou miorrelaxantes para o
controle da dor e da hiperestesia.

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*O tratamento clínico voltado para diminuir o edema da ME por meio de
corticosteróides está indicado apenas para os animais com déficits neurológicos de
início agudo examinados no decorrer das primeiras 8 horas após a lesão. O
corticosteroides mais indicado para estes casos são o metilpredinisolona (Solumedrol®)
30mg/Kg EV inicial com 15mg/Kg em 2 a 6 horas posteriores.

-Cirúrgico: as indicações gerais para a intervenção cirúrgica em animais com


moléstia do DIV são as seguintes: sintomas clínicos não reativos ao tratamento clínico,
sintomas clínicos recidivantes ou progressivos, paresia ou paralisia com preservação de
sensação dolorosa profunda e paralisia e ausência de dor profunda com duração inferior
a 48 horas.

O tratamento cirúrgico das discopatias pode ser subdividido nos procedimentos


profiláticos e terapêuticos. A profilaxia envolve a fenestração para a remoção de
material nuclear do próprio disco.

O tratamento da extrusão envolve técnicas descompressivas exploratórias, que


visam à remoção de material discal presente no interior do canal vertebral ou no forame
intervertebral

04-Síndrome da Cauda Equina


Definição

A cauda eqüina é o final da medula espinal que se situa na região lombo sacra,
constituindo a coleção de raízes nervosas que descem pelo canal vertebral, pelas
vértebras L6, L7 e sacro. A medula espinhal termina no interior do canal espinal a altura
das vértebras L6 a L7 no cão e S1 a S2 no gato. Os nervos espinais permanecem no
canal e emergindo após a vértebra de mesmo número, sendo estes denominados de
cauda eqüina, comumente consistindo nos nervos L7, sacral e coccígeo.

É a moléstia neurológica provocada por estenose congênita ou adquirida do


canal vertebral lombossacro.

Etiopatogenia

Congênitas: raras;

Adquiridas: extrusão de disco, estenose do canal devido a espondilose crônica,


fraturas e luxações, que determinam a compressão da região.

A síndrome lombossacral reflete vários graus de envolvimento dos membros


pélvicos, bexiga, esfíncter anal, e cauda. A compressão dos segmentos espinhais L7-S3
(e nervos relacionados) é comumente o resultado das lesões à junção do lombosacral
(segmentos vertebrais L7-S1). Às vezes podem ocorrer combinações de anormalidades
congênitas e adquiridas, estenosando o canal vertebral lombossacro.

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03.1-Espondilose: ocorre devido à formação de pontes ou esporões ósseos laterais ou
ventrais ao corpo vertebral, levando à compressão medular, sem causa inflamatória ou
infecciosa, podendo estar associada com hérnia ventral, ou instabilidade vertebral,
sendo um achado comum em cães de grande porte.

03.2-Fraturas/Luxações: fraturas do corpo vertebral L7 são relativamente comuns,


normalmente como o resultado de um acidente automobilísticos. Quando há ocorrência
de fraturas, a parte caudal da vértebra, tipicamente, é deslocada crânio-ventralmente, e,
embora um deslocamento considerável ocorra freqüentemente, os resultados do
tratamento normalmente são muito bons, com retorno considerável da função.

03.3-Protrusão de Disco L6/L7: As protusões podem ser do tipo I e II, ocorrendo


principalmente em raças de grande porte, em que há a degeneração do disco
intervertebral por metaplasia condróide com alteração na concentração de
glicosaminoglicanos, perda de água e proteoglicanos e aumento na quantidade de
colágeno. O disco, assim, torna-se mais cartilaginoso e seu núcleo perde a capacidade
de absorver choques mecânicos, sendo essa degeneração, geralmente, distrófica.

03.4-Discoespondilite: também denominada de osteomielite intradiscal é uma doença


que envolve um ou mais discos, podendo ser resultado de infecção por fungo ou
bactéria, devido a migração de corpo estranho, anestesia peridural ou até mesmo via
hematógena, sendo o Staphylococcus aureus o microrganismo mais freqüente nestes
casos.

Sinais Clínicos

Verifica-se dor e claudicação dos membros pélvicos, fraqueza, flácidez com


paralisia ou não de membros pélvicos e cauda. Proprietários freqüentemente reclamam
da pouca disposição do animal em saltar e subir escadas ou dificuldade de se levantar.

A bexiga é freqüentemente paralisada, que resulta em retenção de urina e


passivas transbordações, ou seja, incontinência.

Tratamento

Dependente da causa desencadeante.

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Referências Bibliográficas

STAINKI D. R., GARCIA F.S., SILVA N.R. Atlantoaxial Instability in Dog: Brief
Revision and Case Report. Revista da FZVA Uruguaiana, v. 5/6, n.1, p. 136-143.
1998/1999.

SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 3 ed. 1 e 2 vol. Editora


Manole: São Paulo, 2007.

FOSSUM, T. W. Cirurgia de Pequenos Animais. 2 ed. Editora Roca: São Paulo, 2005.

BRASIL F.B., GIORDANO P.P., MARTINS A.W. Síndrome da Cauda Eqüina,


Etiopatologia. Revisão de Literatura (parte I). Bol. Med. vet. – Espírito Santo do
Pinhal, v.2, n.2, p.26-33, jan./dez. 2006.

MARCELO ROSCAMP. Discopatia em Cães. Monografia apresentada para conclusão

do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná, 2007.

FERREIRA M.M.G., AVANTE M.L et al. Discopatia Toracolombar. Revista


Científica Eletônica de Medicina Veterinária – Ano VI – Número 10 – Janeiro de 2008
– Periódicos Semestral.

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