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RINOMODELAÇÃO E

PREENCHIMENTO LABIAL
RHINOMODELATION AND LIP FILLING

Janice Oliveira Martins1


Paula Stéffani de Aguiar Duarte2
Weider de Oliveira Silva3

1
Esp. em Ortodontia – IBPG, Esp. em Implantodontia – IBPG.
2
Esp. em Dentística – ABO Taguatinga, Esp. em Prótese Dentária – ABO Taguatinga.
3
Me. em Implantodontia - SL Mandic/DF, Esp. em Implantodontia – ABO/DF, Esp. em Dentística – Faciplac/ DF, Esp. em Prótese
– ABO – Taguatinga/DF, Prof. de Especialização em Implante – ABO/DF, Prof. de Especialização em Dentística e Prótese – ABO
– Taguatinga/DF.

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RELATO DE CASO
RESUMO

A harmonização orofacial com o emprego de ácido hialurônico em Odontologia tem se tornado


cada vez mais comum e tem sido alvo de grande procura por parte dos pacientes. Dessa forma,
atualmente uma larga variedade de técnicas, tendo os preenchedores como coadjuvantes, podem
ser utilizadas para a melhoria da estética. Dentre elas sobreveio a rinomodelação e o preenchi-
mento labial, com resultados satisfatórios imediatos, porém, não isentos de riscos e complicações.
Com isso, faz-se necessário o preciso conhecimento aprofundado prévio acerca das estruturas
anatômicas e vasculares da área a ser manipulada. Apresentamos ao longo do trabalho o caso de
uma jovem que foi submetida aos preenchimentos de lábios e nariz, com o objetivo de corrigir
pequenas imperfeições.

Descritores: Harmonização orofacial, rinomodelação, preenchimento labial.

ABSTRACT

Orofacial harmonization with the use of hyaluronic acid in Dentistry has become increasingly
common and has a high demand from patients. Thus, currently there’s a wide variety of techniques
with fillers as coadjuvant that can be used for improving aesthetics. Among them there are rhi-
nomodeling and lip filling, with immediate satisfactory results; however, the risk of complications
still exists. Thereby, prior knowledge of the anatomical and vascular structures of the area to be
manipulated is required. This article aims to present the case of a young woman who underwent
lip and nose fillings to correct minor imperfections.

Descriptors: orofacial harmonization, rhinomodeling, lip fill.

Simmetria Orofacial Harmonization in Science. 2020; 1(2):12-20.


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INTRODUÇÃO
Martins JO, Duarte PSA, Silva WO.

Com o advento da harmonização orofacial na Odontologia, houve uma busca ainda maior
pela beleza, agora dentro dos consultórios odontológicos. Essa mudança permite que os
princípios estéticos estejam em plena evidência e em constante evolução, fazendo assim
com que a procura pelo equilíbrio, harmonia e naturalidade sejam objetivos em quaisquer
tratamentos estéticos. Porém, é importante elucidar que o “belo” não significa necessaria-
mente ter as proporções consideradas ideais, logo o que se deve ter em mente é que uma face
harmoniosa precisa ter equilíbrio integral com as partes que a compõem, além do entendimento
de que a beleza é bastante subjetiva. Sendo assim, é imprescindível que o profissional saiba a
importância de individualizar cada planejamento a ser realizado em cada paciente.
Pelo desejo individual ou visando se enquadrar no padrão de beleza contemporâneo, os
pacientes têm buscado cada vez mais por tratamentos que atendam às exigências estéticas e
funcionais. Esses tratamentos ficam cada vez mais presentes na Odontologia, se tornando os
de maior demanda nas clínicas especializadas1.
Dentre os procedimentos mais procurados por pacientes destacam-se os tratamentos com
preenchedores faciais reabsorvíveis, sendo o ácido hialurônico (AH) o mais utilizado, devido à
facilidade de aplicação, eficácia previsível, segurança e a rápida recuperação do paciente. Uma
das principais indicações do AH é a rinomodelação e o preenchimento labial, considerados dois
dos tratamentos estéticos odontológicos mais requisitados pelos pacientes.
De acordo com Torres2 (2015), na última década a bioplastia nasal vem ocupando lugar
de enfoque, mesmo com a rinoplastia cirúrgica sendo ainda considerada padrão ouro entre os
procedimentos de correção nasal.
É de fundamental importância que o profissional tenha conhecimento aprofundado
de toda topografia anatômica da face para realizar qualquer procedimento estético ou
terapêutico com uso de preenchedores, para assim minimizar os riscos do tratamento em questão.
Complicações graves de preenchimentos são raras, mas potencialmente devastadoras para
pacientes e profissionais, sendo a necrose tecidual da região nasal uma das intercorrências
mais comuns, uma vez que essa região apresenta baixa vascularização.
De acordo com Sattler3 (2018), durante a avaliação inicial e o planejamento vários fatores
devem ser observados, como, por exemplo, se o paciente já se submeteu à rinoplastia cirúrgica,
pois após essa ocorre a diminuição da vascularização e, consequentemente, há aumento do
risco de necrose pós-procedimento, seja por edema, compressão do material ou até mesmo
pela própria embolização. Essa última é responsável pela amaurose permanente irreversível
(cegueira). O mesmo autor relata também outras implicações, como infecções e, em casos
raríssimos, embolização cerebral, que devem ser monitoradas e tratadas o mais precoce
possível, para o restabelecimento total do quadro.
O objetivo deste estudo foi mediante uma pesquisa exploratória e relato de caso
clinico apresentar técnicas, resultados e informações acerca do uso de ácido hialurônico como
preenchedor nasal e labial4.

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RELATO DE CASO

RELATO DE CASO
Paciente JMC, de 22 anos, compareceu a clínica particular relatando como queixa principal
o desejo de melhoria de sua forma nasal e labial, evidenciando detalhes do que a incomodava.
De acordo com o relato da paciente foi delineado um plano de tratamento de apenas uma sessão
clínica, onde seriam utilizadas duas seringas de preenchedores de ácido hialurônico de reticulações
e viscosidades diferentes (Hialurox-Ultrafine e Hialurox Ultrafill), indicados respectivamente para
região labial e região nasal.
A rinomodelação foi realizada aplicando 0,2 ml de ácido hialurônico no dorso nasal e também
0,3 ml na espinha nasal, sendo injetados com a utilização de cânula 22G, dando especial atenção
a depressão que deveria ser corrigida no dorso, seguindo sempre a linha média. Na espinha nasal
a técnica utilizada foi em bolus com cânula 22G, que se observou a projeção nasal. Para realçar o
resultado obtido, foi realizada uma complementação com ácido hialurônico região que se estende
da ponta nasal à columela, sendo utilizada uma quantidade mínima de 0,1 ml em retroinjeção. A
técnica realizada foi em concordância com o protocolo descrito na literatura para a região nasal,
uma vez que essa área possui altos índices de complicações devido à baixa vascularização, podendo
ocorrer necrose da derme.
Para uma melhor compreensão do resultado obtido pela paciente perante o tratamento
clínico, destacam-se nas Figuras 1 e 2 a região exata onde foi inserido o preenchedor para se obter
o resultado desejado. Destaca-se ainda a Figura 3, onde podemos observar melhor o resultado do
procedimento após 02 meses.

Figura 1 – Aspecto inicial do nariz.

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Martins JO, Duarte PSA, Silva WO.

Figura 2 – Aspecto do nariz no pós-imediato ao procedimento. Figura 3 – Aspecto do nariz após 02 meses do procedimento.

Na mesma sessão clínica foi realizado preenchimento para a obtenção de volume labial, não
sendo realizada a técnica de contorno, pois a paciente já possuía o contorno bem definido. Entre-
tanto, foi realizada a aplicação do material no filtro nasal, sendo a quantidade utilizada de 0,1 ml
no filtro com a agulha em retroinjeção para projetar o lábio superior; 0,5 ml no lábio superior com
cânula 25G em retroinjeção, sendo 0,3 ml do lado direito da paciente e 0,2 ml do lado esquerdo; no
lábio inferior foi utilizado 0,4 ml, com cânula 25G e a técnica em bolos, sendo 0,2 ml de cada lado do
lábio. Ao final da aplicação do produto nos lábios foi realizada massagem imediata com a pomada
Diprogenta, a qual possui efeito anti-inflamatório e antibiótico, sendo utilizada a cânula de 22G.
As Figuras 5, 6, 7 e 8 evidenciam o tratamento de preenchimento labial realizado na paciente,
assim como destacam o resultado obtido perante o tratamento realizado.

Figura 4 – Foto inicial dos lábios. Figura 5 – Aspecto dos lábios no pós-imediato.

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RELATO DE CASO
Figura 6 – Vista lateral dos lábios antes do procedimento. Figura 7 – Pós-imediato dos lábios.

Observando as Figuras 9, 10 e 11, verificam-se os resultados obtidos na paciente depois de


realizados os procedimentos estéticos propostos, percebendo-se o impacto positivo na face da
mesma. Os tratamentos realizados buscaram dar a mesma uma satisfação ao observar sua face e,
consequentemente, valorizar ainda mais sua autoestima.

Figura 8 – Aspecto dos lábios após 02 meses do procedimento. Figura 9 – Vista lateral direita da face após 02 meses do procedimento.

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Martins JO, Duarte PSA, Silva WO.

Figura 10 – Vista lateral esquerda da face após 02 meses do Figura 11 – Vista frontal após 02 meses.
procedimento.

DISCUSSÃO

A Odontologia estética facial nunca esteve tão em evidência como nos tempos atuais, especial-
mente pelo grande número de profissionais que divulgam seus trabalhos nos mais variados meios
de comunicação, inclusive em mídias sociais, os quais utilizam o impacto que um sorriso bonito,
aliado a uma face harmônica, pode causar na vida dos pacientes.
Dentre as técnicas mais relevantes na harmonização orofacial, destacam-se a aplicação de to-
xina botulínica e preenchedores faciais reabsorvíeis, sendo que estas técnicas possuem indicações
não apenas estéticas, mas também funcionais5.
Segundo Coimbra5 (2015), o ácido hialurônico é um polissacarídeo linear – glicosaminogli-
cano de alto peso molecular que representa o principal componente da matriz extracelular. Esse
é composto de unidades alternadas e repetidas de ácido D-glicurônico e N-acetil-D-glicosamina
unidas por ligações beta e possui propriedades hidrofílicas, o que proporciona a volumização ou o
aumento do tecido injetado, pois na presença de água forma um gel viscoso com biocompatibili-
dade e reversibilidade.
Pretel6 (2016) descreveu que a produção do AH comercial é obtida atualmente por dois pro-
cessos: o animal, geralmente a partir de crista de galos, e o fermentativo bacteriano, a partir de
cepas específicas e atenuadas de streptococcus e/ou Bacillus subtilis geneticamente modificado.
A produção do AH dessa origem fermentativa apresenta a vantagem de se obter um produto mais
puro, eliminando praticamente agregantes como toxinas e hialuronidase, o que previne a degra-
dação precoce do AH sintetizado e reduz seus possíveis efeitos colaterais.

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Existem inúmeras marcas comerciais de ácido hialurônico, assim torna-se necessário saber

RELATO DE CASO
selecionar qual o tipo de ácido hialurônico mais indicado para o tratamento a ser realizado, levando
em consideração a reticulação, viscosidade e durabilidade do produto, onde em suma os produtos
que apresentam menor viscosidade são indicados apenas para a hidratação da pele, já os produtos
que apresentam maior viscosidade são indicados não apenas para dar volume, mas também para
dar sustentação aos tecidos ptosados.
A utilização do ácido hialurônico no nariz deve ser realizada com bastante cautela, sendo o
mesmo indicado para pacientes que procuram por melhora na região e não querem passar por
procedimento cirúrgico. De acordo com Torres2 (2015), os riscos e benefícios devem ser conside-
rados e sempre discutidos, pois possíveis complicações devem ser prevenidas e caso ocorra deve
ser tratada o mais precoce. As principais complicações com o uso de preenchimento com ácido
hialurônico podem ocorrer não somente na rinomodelação, mas em qualquer outra região da face,
inclusive nos lábios. Esses efeitos adversos podem ser divididos em precoce e tardio; e variam de
hematomas a necrose tecidual, assim se faz necessário o conhecimento anatômico da região a ser
tratada, incluindo a localização de vasos e artérias.
Faz saber que a rinomodelação consiste em uma técnica injetável que visa o preenchimento
e a modelação do nariz, no qual o preenchedor de ácido hialurônico é atualmente o mais utilizado
devido à facilidade de aplicação, à eficácia previsível, ao bom perfil de segurança e à rápida recu-
peração do paciente7.
Outra área que requer atenção na harmonia da face são os lábios, pois suas definições e di-
mensões fornecem conotações de juventude e beleza. Existem inúmeras abordagens estéticas para
a melhoria dos lábios, sendo a técnica de preenchimento com ácido hialurônico a mais comum. Os
lábios podem ser preenchidos levando em consideração a proporção áurea, onde os lábios inferiores
apresentam-se levemente maiores que os lábios superiores quando vistos frontalmente.
Por outro lado, é importante observar o aumento do volume labial por uma vista lateralmente
e respeitar a proporção entre mento e lábios, onde eles devem estar equivalentes para a obtenção
de uma harmonia adequada.

CONCLUSÃO

Os procedimentos estéticos orofaciais são cada vez mais constantes nos consultórios odon-
tológicos e, para garantir o sucesso do tratamento, é imprescindível entender a importância da
etapa de avaliação estética, que inclui não apenas a queixa principal do paciente, mas também a
observação de fotos e vídeos do mesmo.
Amplas técnicas e diversos materiais estão à disposição do cirurgião-dentista para o aperfei-
çoamento da face, dentre eles destacam-se os preenchedores reabsorvíeis faciais, sendo o ácido
hialurônico o mais utilizado, pois o mesmo é considerado o mais seguro devido as suas proprieda-
des biocompatíveis com o corpo humano. Assim, o ácido hialurônico é considerado o material de
primeira escolha para a realização das harmonizações orofaciais
Contudo, diante do que foi exposto, cabem aos profissionais da Odontologia uma avaliação
criteriosa acerca de cada caso, elaborando um planejamento individual adequado para que se possa
potencializar os resultados e a satisfação do paciente que procura um tratamento para melhorar
a sua aparência.

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REFERÊNCIAS
Martins JO, Duarte PSA, Silva WO.

1. Andrade ER, Souza, E. R. Autoestima como expres- 6. Pretel H, C Ismaes. Harmonização Orofacial- Toxina
são de saúde mental e dispositivo de mudanças botulínica, preenchedores orofaciais, fototerapia.
na cultura organizacional da polícia. Psicol. cliN. São José dos Pinhais, Editora Plena. 1ª edição 2016.
2010; 22(2):179-195.
7. Carruthers J, Cohen S, Joseph H, Narins R, Rubin M.
2. Torres S. Nasal volumetric remodelling with the aid The science and art of dermal fillers for soft-tissue
of a new, stabilised hyaluronic acid dermal filler. augmentation. Journal of Drugs in Dermatology.
EMJ Dermatol 2015; 3(1):98-103. 2009; 8(4):335-350.

3. Sattler S. Ácido hialurônico para o terço médio da 8. Huntley HE. A divina proporção – um ensaio sobre
face – Atualidades em harmonização orofacial, a beleza na matemática. Brasília: UnB; 1985.
capítulo 3-Livraria e Editora tota -1ª edição 2018.
9. Pinheiro M, Figueiredo P. Padrões de Beleza Femi-
4. Tavares MCC. Imagem Corporal: Conceito e Desen- nina e Estresse. Revista Cade. 2005, 11(1):123-140.
volvimento. São Paulo: Manole, 2003.
10. Shmidtt A, Oliveira C, Gallas JC. O mercado da be-
5. Coimbra D Dal´Asta, Oliveira BS, Uribe NC. Pre- leza e suas consequências [periódico na internet],
enchimento nasal com novo ácido hialurônico: 2008. [acesso em 28 ago 2019]. Disponível em:
série de 280 casos. Surg Cosmet Dermatol. 2015; http://siaibib01.univali.br/pdf/Alexandra%20Sh-
7(4):320-67. midtt%20e%20Claudete%20Oliveira.pdf

E-mail do autor: weidersilva@hotmail.com Como citar:


Recebido para publicação: 25/09/2019 Martins JO, Duarte PSA, Silva WO. Rinomodelação e preenchi-
Aprovado para publicação: 12/12/2019 mento labial. Simmetria Orofacial Harmonization in Science.
2020; 1(2):12-20.
DOI: 10.24077/2020;121220

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