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PSICOLOGIA E MEDICINA LEGAL – PROF.

BASSAM SAAD ABOU MOURAD

1. INTRODUÇÃO1:

A medicina legal não é somente utilizada para o direito criminal. Ela atua em
diversos ramos direito, como o previdenciário; civil; trabalhista. *nasce com a
necessidade da ciência do direito.
Exemplos: (i) o Delegado de Polícia no instante de lavrar o boletim de
ocorrência de lesão corporal dolosa, onde ele analisa o hematoma
contundente, antes de encaminhar para perícia do Instituto Criminal; (ii) o
advogado na hora de elaborar quesitos ao perito, bem como interpretar
essa perícia; (iii) o Promotor de Justiça precisa conhecer medicina legal para
promover a justiça; (iv) do mesmo modo, o Juiz (perito dos peritos) precisa
conhecer medicina legal.

O perito é organizada/feita por um médico. Nem todo médico pode fazer


pericias. *especialização. **às vezes ele pode precisar de ajuda de outros
profissionais, como dentistas, técnicos de balísticas, engenheiros,
datiloscopia, pois ele não é obrigado a conhecer todas as áreas.

A perícia médico-legal é uma circunstância onde o perito deve se ater a ver


e escrever tudo aquilo que visualiza, ele não deve sofrer pressões por fora.
*sempre se ater aquilo que ele vê.

Bibliografia: Genival Veloso de França (Medicina Legal)*; Delton Croce


(Medicina Legal); Hélio Gomes (Medicina Legal).

2. PERÍCIA MÉDICO-LEGAL:

2.1. Definição: é o conjunto de procedimentos médicos e técnicos que tem


como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da justiça, ligado
à vida ou à saúde do homem.

2.2. Finalidade: produzir a prova, ou seja, o elemento demonstrativo do fato,


dando ao magistrado a oportunidade de se aperceber da verdade e de
formar sua convicção. *a base da disciplina não se altera, o que muda são
os meios de se obter o resultado. Exemplo: digitais, que hoje são mais fáceis
de analisar. **fico mais simples ao Juiz dar sua sentença.
_podem ser realizados nos vivos, cadáveres, esqueletos, animais (até pouco
tempo não era importante perícia em animais; hoje se torna importante,
como no caso da Elisa e o Goleiro Bruno, contaminação de alimentos, pelos
de animais em cena de crime) e demais objetos (hipoteticamente uma
câmera fotográfica subtraída por um determinado sujeito).

1 1ª Aula (06 de fevereiro de 2.015).


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2.3. Peritos: médicos ou profissionais liberais da área da saúde.

2.4. Interesse: foro criminal, interesses cíveis, trabalhistas, previdenciários, e


outros.

2.5. Vivos:
 Diagnostico de lesões corporais: com ou sem morte;
 Determinação de idade e sexo: muitas vezes a idade causa dúvida ao
Juiz e é preciso saber a idade verdadeira de uma determinada
pessoa, ou mesmo o sexo real. Exemplo: casos em casamento (idade);
troca de sexo (transgenitalização); pseudo-hermafroditas (podem dar
origem a outro individuo sem ter parceiro sexual);
 Diagnostico de gravidez, parto e puerpério (tempo que ocorre desde
o nascimento da criança e a expulsão da placenta até a volta do
organismo ao estado normal; útil em caso de infanticídio): “maternity
blues” (cientificamente não existe doença pós-parto, podem existir
diversos motivos, como: econômicos/financeiros, defesa da honra ou
“honoris causa”, possível psicopatia); *depressão ≠ estado depressivo.
 Diagnostico de conjunção carnal ou ato libidinoso em casos de crimes
sexuais;
 Determinação de paternidade e maternidade;
 Comprovação de doenças venéreas ou moléstias graves: em doenças
do trabalho;
 Doenças ou perturbações graves que interessam no estudo do
casamento, da separação e do divórcio;
 Determinação do aborto.

3. ANTROPOLOGIA MÉDICO-LEGAL2:

Estuda a identificação do ser humano. Estuda: *existem diversas formas


elementares de identificação, antigamente bastava o nome (principalmente
em cidades/comunidades pequenas). **o sobrenome nasceu nos povos
anglo-saxões com a ampliação/aumento da sociedade (exemplo: John
XXX, filho de XXX). ***hoje o nome não é a única forma de identificação do
ser humano, visto que é possível fraudar.
_identificação (determinação da identicidade) é a forma de mostrar que
você é você, e mais ninguém (individualização). *individualização de uma
pessoa ou coisa, conforme um conjunto de características especificas.
Visando principalmente às questões relativas à identidade médico-legal e à
identidade judiciária ou policial3.
a) Ossos, dentes: como no caso de um corpo carbonizado.

2 2ª Aula (13 de fevereiro de 2.015).


3 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 7ª Edição, 2010.
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b) Sangue: uma simples mancha de sangue é o suficiente. *primeiro
questionamento é se o líquido achado é sangue ou não? Após, se é
de humano ou animal. **sempre será analisado em laboratório.
c) Sexo: existem pessoas que deixam dúvida sobre seu sexo. *gônada são
órgãos genitais masculinos (pênis e testículos) ou femininos (ovários).
**podem existem pessoas dúbias (identificação cromossômica; XY =
masculino e XX = feminino).
d) Idade e estatura (altura total do individuo): a estatura deve ser vista
com cautela, haja vista as alterações frequentes.
e) Tatuagem e cicatrizes: usadas para verificação documental.
*cicatrizes (forma muito antiga para distinguir criminosos, que eram
marcados com ferrete; bem como amputações e colares com
símbolos).
f) Fotografia: ótimo método de identificação documental, contudo a
fotografia não acompanha o desenvolvimento humano.
*representativa daquele momento.
g) Retrato falado: representa a impressão de uma testemunha sobre
alguém (momentânea).
É obtido pela descrição analítica dos caracteres antropológicos, morfológicos
e cromáticos da face, em assinalamento sucinto de frente e perfil direito da
fronte, nariz e orelha, supercílios, cabelos, barba, bigode, rugas, tatuagens,
cicatrizes, nevos, verrugas, pálpebras, órbitas, olhos e sua cor, tudo codificado
em expressões convencionais: pequeno, médio e grande4.
h) Sistema Datiloscópico de Vucetich: é o mais importante método de
identificação (compete com o DNA, que é passível de erro), ele é cem
por cento a prova de erros. *Impressão digital (é impossível encontrar
duas ou mais pessoas com a mesma impressão digital).
*os itens “f”, “g” e “h” tratam de identificação policial.

O método de identificação ideal deve ter: unicidade (ser único, qualidade


única, não ter outro igual), imutabilidade (não mudar; exemplo: a fotografia
é mutável), praticabilidade e classificabilidade.
_retina? Não existem duas iguais. Contudo, ela é mutável com a idade e
com doenças (diabetes, hipertensão arterial, alcoolismo, toxoplasmose,
glaucoma); ainda, não é pratico, porque dependem de equipamentos
específicos. *do mesmo vale para identificação do palato (céu da boca).

A título de curiosidade: a identificação sofreu valoração em 1989, quando


na França, para ser perito, era preciso passar em um concurso público
(periciais superficiais). Nesse ano, em Lions, descobriram um cadáver em
elevado grau de decomposição, sendo que um médico (La Casane) foi
incumbido de realizar a perícia (descobriu que: era do sexo masculino, pela
próstata; pelos dentes estabeleceu a idade; uma das pernas era mais fina

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CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 7ª Edição, 2010.
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do que a outra, com base nas peles finas; que ele era manco com base no
peso dos ossos das pernas). *o perito deve ver e repetir.

3.1. Sistema Datiloscópico (decadactilar) de Vucetich: argentino e


trabalhava em uma delegacia de polícia, sendo que nas horas vagas
percebeu os desenhos nos dedos. Juan Vucetich (1891).
Elementos do desenho digital (poupa de cada dedo): desenho digital ≠
impressão digital (reverso do desenho digital; geralmente é o que fica na
cena do crime).
a) Sistemas Lineares: três figuras de linhas.
 Nuclear: central.
 Marginal: linhas superiores.
 Basilar: na base da impressão digital.
b) Delta: triangulo formado pelo encontro dos três sistemas de linhas (ângulos
obtusos envolvendo o núcleo central da impressão digital). São quatro tipos
fundamentais de impressões digitais:
a) Dois deltas em
uma mesma
impressão digital
(verticilo);
b) Presilha externa
(à esquerda do
observador);
c) Presilha interna
(o delta situa-se a
direita do
observador), e
d) Arco (quando não existe delta, apenas linhas marginais e basilares).

_não existem dois iguais na natureza, pois apesar de possuírem quatro tipos,
os pontos característicos se diferenciam com base no sistema linear.
_são necessários doze pontos característicos para dar como positivo o
encontra de duas ou mais digitais.
_não existem duas digitais iguais mesmo sendo de uma mesma pessoa5.

4. SISTEMA DATILOSCÓPICO DE VUCETICH:

4.1. Nomenclatura:
_verticilio: olho de um furacão.
_prisilha: Vucetich colocou esse nome ao observar os cadarços de seu tênis.

4.2. Vucetich classificou os dedos como:


P = polegar: V (verticilio), E (externo), I (interna) e A (arco). *o polegar é o
dedo mais importante, pois com ele é possível pegar objetos. **ele deu

5 3ª Aula (27 de fevereiro de 2015).


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nome com letras devido a sua importância. ***na formula datiloscópica é
representada sempre com letras maiúsculas para os polegares.
D = dedos: com números = 4 (verticilio), 3 (externa), 2 (interna) e 1 (arco).
Basicamente: se forem indicadas por letras, tratar-se-á de polegares, se em
números, tratar-se-á do restante dos dedos.

4.3. Identificação: Vucetich criou


uma formula datiloscópica.
Exemplo de fórmula: *polegar,
indicador, médio, alenar e mínimo.
Mão direita: V-4213
Mão esquerda: A-2131

4.3.1. Cicatriz? Tem que ter uma indicação simbólica = “X” (quando impede
a identificação da impressão digital). **o X representa uma cicatriz que
impede a identificação de uma determinada impressão digital. ***qualquer
alteração é representada por X, sendo ela queimadura, incerto, corte.
Exemplo: V-X134.
Quando o desenho papilar for impossível de classificação, deformado por cicatrizes
e nas malformações, escreve-se X6.

4.3.2. Ausência de dedo? Representado pelo número “0”. Exemplo: V-1340.


*nem sempre 0 representa a ausência total do dedo, ele apenas representa
a extremidade digital. **falta parcial ou total do dedo.

4.4. Albodactilograma: albo(branco)dactilo(dedos)grama(esquema). *não


é impossível de se identificar a impressão digital, existem algumas
alterações. Exemplo: em determinadas profissões, como o caso dos
pedreiros, com o passar dos anos a digital fica com algumas alterações.
**pequenas lesões que podem alterar a impressão digital.
É o estudo da presença de linhas brancas de forma, direção e tamanhos variados
nas impressões digitais. É muito importante, pois 70% dessas linhas são permanentes,
fornecendo um resultado seguro. Apoia-se no estudo no estudo das figuras
fundamentais do Sistema de Vucetich7.

*hoje em dia é possível colher impressões digitais em superfícies rugosas ou


até em tecidos. Do mesmo modo é possível colher impressões inclusive do
cotovelo8.

5. TRAUMATOLOGIA MÉDICO-LEGAL:

6 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2011.
7 Site DireitoNet. Acesso em Fevereiro de 2015. Disponível em
<http://www.direitonet.com.br/ resumos/exibir/78/Identidade>.
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5.1. Introdução: estuda todos os meios utilizados para causar lesões,
mediante violência sobre o corpo humano.
Se estudam as lesões corporais resultantes de traumatismos de ordem material ou
moral, danosos ao corpo ou à saúde física ou mental9.

5.2. Energias causadoras de danos pessoais: estudo das energias que


causam o dano.

5.2.1. Energia de Ordem Mecânica: o instrumento nem sempre estará


presente.
São as energias que, atuando mecanicamente sobre o corpo, modificam,
completa ou parcialmente, o seu estado de repouso ou de movimento10.
 Instrumentos perfurantes: são as lesões causadas por instrumentos
longos (finos, cilíndricos ou cilindrocônicos) e pontiagudos. O
instrumento possuía uma única aptidão, ou seja, perfurar pela sua
ponta aguda, sendo que seu diâmetro é menor do que o seu
cumprimento (longo com pequeno diâmetro, nem sempre
comprido). *não é necessária a imposição de força para produzir a
lesão. **interpretar a lesão primeiramente. ***agem por pressão ou
percussão.
Os instrumentos perfurantes propriamente ditos determinam lesões em forma
de ponto na pele, chamadas feridas punctórias, quase imperceptíveis,
quando o instrumento for muito fino, com diminuto orifício de entrada, raro
sangramento e um trajeto que, geralmente, termina em fundo de saco11.
Lesão: puntiforme ou punctória (exemplo: produzidas por estilete,
florete, prego e agulha). *florete? Espada de esgrima. **estilete:
instrumento de ponta bem aguda (não é aquele objeto usado em
escritório). *forma circular.
OBS: lesão naturalmente, pois não é necessário impor grande força.
_se preciso usar muita força, não será perfurante (como por exemplo:
um espeto de churrasco; esse será pérfuro-contundente).
Linhas de força na pele12? Tração nas linhas de força que altera a
lesão (observar as extremidades da lesão).
a) Primeira Lei de Filhos: quando um instrumento perfurante de
médio calibre provoca uma lesão, esta terá a aparência de
uma casa de botão ou de uma lesão provocada por um
instrumento pérfuro-cortante de dois gumes.

9 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2011.
10 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2011.
11 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2011.
12 5ª Aula (13 de março de 2015).
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b) Segunda Lei de Filhos: se múltiplas lesões puntiformes forem
provocadas numa região de linhas de forças iguais, todas
terão o mesmo sentido.
c) Lei de Langer: (existem regiões que possuem vários tipos de
linhas de força, como as costas que possuem quatro tipos, a
lei de langer é a atração no centro, onde ligam essas linhas
de força) quando uma lesão provocada por um instrumento
perfurante de médio calibre se localizar num encontro de
regiões de diferentes linhas de força, ela poderá assumir a
forma de um triângulo, um quadrado, um retângulo, e
outros.
Recapitulação: o perito ao analisar a lesão, desvendará qual foi à arma do
crime, haja vista que nem sempre ela estará presente. Por esse motivo se
torna importante o estudo da traumatologia.
 Instrumentos cortantes: gume afiado (cortante) que desliza sobre o
tecido.
São os que, agindo por um gume afiado, por pressão e deslizamento, linear
ou obliquamente sobre a pele e os órgãos, produzem soluções de
continuidade chamadas feridas incisas.
Não existem feridas cortantes; cortantes são os instrumentos que as produzem.
A despeito de impropriedade semântica, reserva-se na prática o nome
incisão ou abscisão à ferida provocada por médico em ato operatório13.
Lesão: incisa ou ferida incisa ou ferimento inciso ou ainda incisão
(exemplo: navalha e bisturi). *instrumentos, bordas e lesões regulares,
não possuem gumes defeituosos. **instrumento que somente corta.
***a lesão não é cortante.
Características:
a) Fundo regular:
b) Hemorragia abundante: seccionar (cortar) vasos
sanguíneos.
c) Comprimento > profundidade: geralmente o comprimento
da lesão é maior do que a profundidade.
d) Cauda de escoriação na extremidade: onde terminou a
ação do instrumento. *risco na pele que ajudará o perito a
deduzir por onde entrou o instrumento (a abertura maior
será o ponto de entrada do instrumento).
_movimentos naturais (reações): não se planeja, visa
instintivamente o melhor resultado, objetivo. *analisar se a
lesão foi feita por um destro ou canhoto.
Lesão incisa feita sobre outra14: a segunda lesão não segue a linha
reta da qual foi produzida (Sinal de Chavigni). A primeira incisão já
tinha sido separada.

13 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
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 Instrumentos contundentes: agem com uma superfície. Ao contrário
dos outros instrumentos, pode provocar diversas formas de lesões,
levando em consideração a forma do instrumento e seu peso, a
força do agente. Exemplo: notebook, tijolo, apagador, entre outros.
É todo agente mecânico, líquido, gasoso ou sólido, rombo, que, atuando
violentamente por pressão, explosão, flexão, torção, sucção, precursão,
distensão, compressão, descompressão, arrastamento, deslizamento,
contragolpe, ou de formas mista, traumatiza o organismo15.
Lesão: contusa (variações). *Quanto mais clara a pele, mais fácil será
o trabalho do perito. Tipos de lesão:
1. Eritema (ou rubefação): congestão de vasos sanguíneos.
*Avermelhamento do local atingido.
2. Escoriação: ação tangencial (arranca a epiderme) “restitutio ad
integrum”. *arrancamento da pele, popularmente conhecido
como ralado. **regeneração integral do tecido, ou seja, no
processo são criadas novas células.
3. Equimose: infiltração sanguínea nas malhas do tecido (ruptura
capilar). *advém de um traumatismo contundente que provoca
pequena hemorragia sanguínea. **é fruto de rompimento de
vasos de menor calibre, que dá vasamente de pouca quantidade
de sangue.
_edema traumático? Inchaço na lesão com água.
_hiposfagma? Hemorragia subconjuntival (em baixo da
conjuntiva).
_equimose-víbices (forma especial de equimose): são provocadas
por um instrumento cilíndrico, que romper os vasos sanguíneos que
infiltram as literais de onde o instrumento atingiu.
“Espectro Equimótico de Legram de Saulle”:
Degradação da Hemoglobina: depende de alguns fatores,
como a quantidade (volume) de sangue que vasou no
ferimento e se infiltrou no tecido adjacente (não é preciso, são
apenas diretrizes).
a) Vermelha: primeiro dia.
b) Violácea (violeta): segundo e terceiro dias.
c) Azul: quarto e quinto dias.
d) Verde: sexto ou oitavo dias.
e) Amarela: decimo dias.
f) Desaparece: entre 12 e 15 dias.

14 6ª Aula (20 de março de 2015).


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CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
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4. Hematoma: ruptura de vaso calibroso – coleção sanguínea que
afasta os tecidos. O hematoma tem rompimento maior de
sangue, que tinge os tecidos adjacentes e não tendo mais tecido,
cria-se uma área para se acomodar (sangue que não esta
embebido no tecido e se acuma empurrando o tecido), a
coloração é mais forte.
5. Bossa Sanguínea: apresenta-se sobre um plano ósseo. É o
armazenamento de sangue entre o osso e o tecido. Exemplo:
“galo” entre o osso e o couro cabeludo. *usar compressa com
gelo ou faca (vaso constrição). **vinagre e sal? O vinagre “entra
de alegre”, não tem utilidade. O Sal é muito útil, pois retira a água.
6. Feridas Contusas: feridas abertas. Características: bordas
irregulares, fundo irregular, pouco sangrantes, presença de pontes
de tecido íntegro, vaso e nervos íntegros no fundo. Características:
 Bordas irregulares:
 Fundo Irregular:
 Pouco Sangrantes:
 Presença de pontes de tecido íntegro:
 Vasos e nervos íntegros no fundo:
7. Fraturas16: “são soluções de continuidade, parcial ou total, dos ossos
submetidos à ação de instrumentos contundentes (...) São produzidas
quando a força vulnerante vence a resistência e elasticidade do osso,
por compreensão, distensão, flexão, torção e contragolpe17”.
_fratura fechada: osso não aparece;
_fratura simples:
_fratura cominutiva: se fragmenta em múltiplos pedaços;
_fratura exposta: o osso se expõe, perfurando a pele.
_fratura não exposta: não houve a transfixação do osso através da
pelo.
_fratura em galho verde: criança/bebe, como não está
calcificado, o osso se quebra, mas não se separa.
8. Luxações: são lesões que acontecem em articulações (entre
ossos, ocorre a perda da relação anatômica entre os ossos). É a
perda da relação anatômica entre as estruturas de uma
articulação.
É o afastamento repentino e duradouro de uma das extremidades ósseas
da articulação, através de ruptura capsular18.

16 7ª Aula (27 de março de 2015).


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CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
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CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
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*diferente de entorses, desligamentos temporários na articulação
(tratamento mais rápido).
9. Rupturas de vísceras: rompimento de uma víscera (órgãos) por um
impacto contundente, da qual depende do estado de repleção
(estado em que a víscera pode estar vazia ou cheia). Exemplo:
chute na barriga. *a víscera cheia pode romper mais facilmente
(pressão de contraponto; delgacimento, afinamento de sua
paredes).
*sugilação: grupo de equimoses agrupadas.
 Instrumentos pérfuro-cortantes:
O contato desses instrumentos é feito por um ponto que atua
simultaneamente por percussão ou pressão, afastando fibras e, por corte,
seccionando-as19.
Lesão: pérfuro-incisa = gume e ponta (canivete, faca de ponta, etc).
Feita por um instrumento de dupla aptidão, pois perfura e corta ao
mesmo tempo (houve o uso das duas aptidões do instrumento, sendo
que o perito deve descrever a lesão).
O instrumento pode somente cortar, mas quando for pérfuro-inciso,
significa que cortou e perfurou ao mesmo tempo.
 Instrumentos pérfuro-contundentes: perfura pela sua força
contundente.
Lesão: pérfuro-contusa, como por exemplo, no caso de projéteis de
arma de fogo. Perfura pela força empregada, diferente de uma
agulha.
Exemplo: lança, flecha, baioneta, espeto de churrasco. *porém
devemos levar em consideração os laudos periciais, pois estes objetos
são raríssimos. Raramente aparecem em uma perícia, por isso,
devemos estudar as munições simples, como as armas de fogo.
Quando o perito avalia a lesão por arma de fogo, verifica o orifício
de entrada (avaliar, por exemplo, a distância).
Orifício de entrada: “a título de curiosidade”: a bala é o conjunto da
coisa, onde temos a carcaça, a pólvora e o projétil. A bala em si é
um instrumento contundente, o que é contundente é o projétil
acionado por uma arma de fogo. A expressão “o sujeito foi morto
com 03 balas” está errado, seria morto por 03 projéteis. O projétil sai
com muita força e velocidade, pois cria uma grande quantidade de
gases em pouco espaço, milímetros, com a queima da pólvora,
lançando violentamente o projétil.

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CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
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1- Tiro encostado: significa que a boca da arma foi encostado e
tudo o que sai, entra no corpo. É uma coisa imprevisível, irregular.
O perito sente as microbolhas e a pele que fica queimada com a
pólvora. *Crepitação gasosa – estourar (como se fosse plástico
bolha). Características:
a) Orifício irregular, denteado ou com entalhes (gás descola e
dilaceram os tecidos): não é previsível em decorrência da
pressão e explosão dos gases.
b) Crepitação Gasosa do tecido celular subcutâneo (por
infiltração dos gases) nas bordas das lesões.
c) Halo de Tatuagem: que desenha a boca e a mira da arma
na pele: queima a pele e a marca.
2- Tiro a curta distância (queima roupa): é assim conhecido, pois
queima a roupa em razão da curta distância, ou até mesmo
queima a pele. Características:
a) Ferida redonda ou oval: se encontra no orifício, e depende
da ovulação do projetil, ou seja, obliquidade.
b) Orla de Escoriação (arrancamento da epiderme pelo
movimento rotatório do projétil): os projéteis saem girando,
portanto, entra girando, arrancando a pele.
c) Bordas invertidas: inverte na entrada e everte na saída.
d) Halo de Enxugo: impurezas que vieram com projétil. Quando
o projétil penetra no corpo da vítima, pode trazer
fragmentos da roupa, um papel que esta na frente do
corpo, etc.
e) Zona de Queimadura: pela chama da pólvora - por isso que
se chama "à queima roupa".
f) Orla ou Zona de Esfumaçamento: a fumaça tinge também o
corpo da vítima em razão da aproximação.
g) Halo de Tatuagem: incrustação de grãos de pólvora
incombusta (não queimaram), vão se acostar na região do
ferimento (aquela pólvora que não queimou).
3- Tiro à distância: quando nenhum produto do disparo a não ser o
projétil foi encontrado na lesão. Características:
a) Ferida redonda ou oval.
b) Orla de Escoriação.
c) Bordas Invertidas.
d) Halo de Enxugo.
Orifício de saída: o projétil que entra não é o mesmo que sai, pois
pode sofrer variações (é bastante diferente daquele que entra).
Pode entrar bem formado e sair mal formado. Tudo depende do
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encontro do projétil com ossos e cartilagem quem o desvia, isso
quando sai (sofre alterações no seu ângulo de ataque e sua
anatomia).
a) Forma irregular: depende do que encontrar dentro do corpo
humano, como por exemplo, ossos e cartilagem.
b) Bordas evertidas: porque saem de dentro pra fora.
c) Sangramento maior: em decorrência daquilo que perfurou.
d) Não tem orla de escoriação.
e) Não tem halo de enxugo: pois as substâncias ficaram somente
na entrada (orifício de entrada).
f) Diâmetro maior do que o orifício de entrada: em razão da
alteração da anatomia.
Trajetória: muito variável (pela resistência dos tecidos) indo parar num
outro lugar, inesperado. Há situações em que o projétil entra na
corrente sanguínea, que viajam pelo corpo, indo parar num lugar
onde a veia seja menor.
 Instrumentos corto-contundentes20: corta pelo seu gume e contunde
pelo peso e/ou força ativa (exemplo: facão de cortar cana,
machado, dentes, etc). *lesiona mais pelo peso/força do que pelo
gume. **produz lesões graves.
_dentes: incisivos (corto-contundente), caninos (perfuro-contundente)
e pré-molares e molares (contundentes).
_foice? Pela ponta poderá ser perfurante ou perfuro-cortante e se for
pelo gume, será corto-contundente.
São os instrumentos que, agindo sobre a pele, músculos, tendões, órgãos ou
esqueleto, por pressão, percussão e desligamento, mais pelo próprio peso e
intensidade de manejo do que pelo gume de que são dotados, produzem
lesões chamadas feridas corto-contusas21.
Lesão: corto-contusa (lesões incisas com feridas contusas devido a
força e o peso).
Características de lesão incisa e de lesão contusa: são, geralmente,
graves e profundas.

5.2.2. Energias de Ordem Física:


 Temperatura: frio, calor ou temperatura oscilante.
1- Frio: não há lesão típica do frio. A ação local do frio é conhecida
como “geladura”. *pode causar lesões internas ou externas,

20 8ª Aula (17 de abril de 2015). 2º Bimestre.


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CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
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podendo, de acordo com a gravidade, ocasionar a morte do
sujeito.
Os animais e o corpo humano expostos por períodos prolongados a
temperaturas muito baixas são passíveis de congelação, designando-se
por geladuras as lesões corporais resultantes da mesma22.
Lesões:
a) Palidez: acontece o efeito vasoconstrição, onde fecham os
vasos e não permite a circulação da corrente sanguínea.
b) Aspecto anserino da pele: o pelo arrepia porque os
músculos enrijecem (folículos pioticos).
c) Isquemia: ausência ou falta de irrigação sanguínea.
*acidente vascular isquêmico = derrame cerebral com
entupimento sanguíneo.
d) Necrose: morte da célula e consequentemente do tecido.
*“pés de trincheira”, na segunda guerra mundial, onde os
médicos observavam que os soldados que ficavam nas
trincheiras durante a noite levavam à imputação do
membro ou parte dele por falta de irrigação sanguínea.
**varizes e tromboses: doença profissional onde a veia dilata
por ausência de movimento.
e) Gangrena: necrose do tecido + infecção.
Ação Geral: alteração do sistema nervoso, sonolência (pouca
irrigação; o mesmo ocorre com a indolência pós-predial/após as
refeições, quando a maior concentração de sangue se encontra
no processo de digestão), convulsões, delírios (por lesões no
cérebro e ausência de irrigação sanguínea), perturbações dos
movimentos (o movimento é orientado pelos estímulos elétricos
dos cérebros que atingem os músculos; o próprio frio interfere no
músculo), isquemia das vísceras (órgãos), êxito letal (morte).
OBS: o diagnóstico de morte por frio é muito difícil. *não tem tanta
facilidade, pois não existe lesão característica de frio.
_hipotermia? Situação em decorrência de lesões pelo frio.
2- Calor23: duas formas = atua de forma difusa ou direta. *o calor
causa sintomas e lesões mais específicas.
Difusa: ocorre quando a fonte de energia encontra-se longe da
vítima (como o Sol), sendo que pode ocorrer:
a) Insolação: quando os raios solares atuam diretamente sobre
o organismo. Ocorre, por exemplo, quando o sujeito se

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CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
23 9ª Aula (08 de maio de 2015).
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expõe ao calor sem nenhuma proteção, como no caso de
banho de Sol por excesso ao calor transmitido. Pela
insolação, produzem lesões na pela e consequentemente
desidratação (que é a perda de água no nosso organismo).
A insolação não exige a ação direta dos raios solares, pois pode
desencadear-se em indivíduos abrigados do sol, sujeitos, todavia, à
canícula intensa dos dias de verão, por um quadro clínico subitâneo
de palidez, angústia precordial, cefalalgia, transpiração, polaciúria,
taquisfigmia, taquipneia superficial, perda de consciência e coma24.
b) Intermação: quando a elevação da temperatura é
provocada em espaços confinados ou sem arejamento,
mesmo quando abertos, ou seja, não está diretamente
exposto ao calor, como no caso de um sujeito estar dentro
de um lugar fechado com telhas de Eternit, ou sobre uma
tenda sem ventilação. Outro exemplo clássico acontece
quando uma criança (ou até mesmo adulto) fica presa
dentro de um carro fechado (sendo que o risco é maior com
crianças, pois, perdem maior número de água), local que
ocorre intermação e asfixia posterior (consumo de oxigênio
constante).
A intermação — termonose que se manifesta em espaços
confinados ou abertos, sem o suficiente arejamento, quando há
elevação excessiva do calor radiante — tem interesse médico-legal,
por isso que pode ser acidental ou excepcionalmente criminosa, e
relacionar-se, respectivamente, com a infortunística e com o foro
criminal25.
Direto: podem agir sobre o organismo através de gases, líquidos ou
sólidos superaquecidos, calor irradiante ou ação da própria
chama. Aqui a fonte de energia chega mais próximo da (entra
em contato com a) vítima. Exemplo: queimadura por ponta de
cigarro, ferro e água quente. A fonte/instrumento chega a
encostar no corpo da vítima.
OBS: uma lareira/churrasqueira pode provocar os dois tipos de
calor, o que dependerá na definição do “calor” será a atuação
do sujeito, pois, encostando na chama, será calor direito. O Sol
sempre será calor difuso, mesmo no caso de uma lupa
(transformação de calor por meio de concentração de luz solar).
3- Temperatura oscilante: debilita o organismo e exalta a violência
de germes, causando infecções. O corpo humano trabalha em
uma temperatura quente (em torno de 36º), sendo que em altas

24 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
25 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
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temperaturas faz com que o sistema imunológico fique debilitado.
Ocorre a queda da resistência quando um sujeito exposto a altas
temperaturas entra em contato com algo frio (pela alta
temperatura que cai de forma rápida), gera a proliferação de
germes.
*choque térmico? Atletas e medicina oriental? O risco é muito
grande de ocorrer debilidade no organismo, o intuito é reduzir o
calor para voltar à temperatura normal.
OBS: paralisia de Bell: o choque térmico, que baixa a resistência e
aumenta a violência dos germes e inflama os nervos da face,
paralisando o músculo, sendo que poderá ser reversível,
parcialmente reversível ou irreversível. *o tratamento será com
vitaminas do complexo “B” (predileção por inervação,
aumentando a resistência) + fisioterapia e inflamatórios. **AVC
(acidente vascular cerebral).
Na dependência de fatores predisponentes, da resistência individual e da
falta de necessária aclimatação, as elevações ou diminuições bruscas de
temperatura podem favorecer o organismo à exposição de estados
infecciosos, assestados especialmente no aparelho respiratório, como a
broncopneumonia, a tuberculose, e até a danos mortais26.
Classificação das queimaduras: (quanto a profundidade das
queimaduras) laudos periciais classificam em porcentagem, grau de
partes diferentes, com o intuito de determinar os riscos de vida e
como foi determinado. A gravidade da lesão depende da área
atingida. Exemplo: queimadura de quarto grau em um dedo, e
queimadura de terceiro grau em 50% do corpo, neste caso, é mais
grave a segunda hipótese. *o que influência é a extensão da área
atingida.
a) Primeiro Grau: eritema simples (Sinal de Christinson), apenas a
epiderme é afetada, causa um pequeno edema. *a lesão
apresenta apenas vermelhidão e leve inchaço como edema.
Exemplo: sujeito que faz bronzeamento no Sol, sem passar
protetor solar. **são queimaduras leves.
(...) Uma reação fotodermoide em que somente a pele é atingida por
uma vasodilatação cutânea, com tumefação e diapedese,
mantendo-se íntegra. Simples e fugaz afluxo de sangue à pele,
provocado, comumente, pela exposição ao sol (“coup de soleil”), a
reação local desaparece em poucas horas ou dias27.
b) Secundo Grau: eritemas, bolhas (flictenas). Aparecem bolhas
numa fase mais adiantada das queimaduras, sendo que a

26 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
27 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
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bolha jamais deve ser furada, por dois motivos: (i) porta de
entrada para germes (infecções) e (ii) para não perder água
(reaproveitamento de água pelo organismo).
A pele é o maior órgão do corpo humano, e ela é
impermeável e mantém a água no corpo. *quanto maior a
queimadura, maior será a perda de água (sai pela ex-pele).
OBS: a título de curiosidade, como o suor sai, sendo que a pele
é impermeável? Apenas por meio de glândulas, pois a pele é
impermeável (idem a lareira e fumaça).
Vesicação, em que as flictenas apresentam líquido límpido ou de
colorido amarelo ou citrino em seu interior, originário da liquefação do
corpo mucoso, semelhante ao plasma exsudado, e leucócitos,
albumina e cloreto de sódio (sinal de Chambert). O líquido descola a
epiderme entre a camada córnea e a camada de Malpighi, formando
a bolha. O fundo das bolhas ou flictenas é representado pelos corpos
papilares do derma, onde as formações epidérmicas intradérmicas,
como as glândulas sudoríparas e pilossebáceas, permanecem intactas,
assegurando a reparação rápida e a pronta cicatrização das lesões.
Os tegumentos são úmidos e de coloração rosada que desaparece à
vitropressão28.
c) Terceiro Grau: atinge a derme e planos musculares, produz
necrose tecidual. Atinge camadas mais profundas da pele.
Escarificação, por comprometimento e posterior necrose de todo
o tecido dermoepidérmico e da tela celular subcutânea e
formação de escaras em ferida aberta29.
d) Quarto Grau: são profundas, produzem a total carbonização
de músculos e ossos.
Carbonização, superficial ou profunda, de todos os tecidos, inclusive
ossos, acarretando a morte do indivíduo.
A carbonização representa, então, o grau máximo das queimaduras,
comprometendo, parcial ou totalmente, as partes profundas dos vários
segmentos do corpo, atingindo os próprios ossos e ocasionando êxito
letal30.
Primeiros socorros: o calor continua fazendo efeito, mesmo saindo o
instrumento causado. Exemplo: queimada com ferro, a ferida
continua queimando por um tempo, mesmo após a saída do
instrumento.
I. O ideal é esfriar o local da queimadura com água, jamais
colocar pasta de dente;
II. Objetos presos, como anel e pulseira, devemos retira-los
após a queimadura, pois o edema causado não permite

28 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
29 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
30 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
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que o objeto saia depois. Dependendo do local e do
objeto, poderá prejudicar a circulação sanguínea,
acarretando na necrose do membro;
III. Acidentes domésticos: cabos de panelas devem ser virados
para dentro, do mesmo modo, o ideal é não utilizar água
muito quente no banho.
IV. Notebooks e celulares não podem ser deixados sobre o
corpo, pois, podem queimar partes da derme (geralmente
queimaduras de primeiro grau).
Tabela de porcentagem de queimaduras: de acordo com a extensão
percentual da superfície corpórea lesada, utilizada por meio da
“regras dos nove” de Wallace: assim, segundo a regra dos nove, a
cabeça e o pescoço do adulto representam 9% da superfície corporal,
cada membro superior 9% (9 + 9 = 18%), cada membro inferior 18% (18 + 18
= 36%), o tronco anterior e o tronco posterior, respectivamente, 18%, e o
períneo, 1%31.
 Pressão atmosférica: também é nociva para a saúde nos seus
extremos. A pressão normal é aquela no nível do mar, sendo quem
em grandes altitudes pode ocorrer diminuição de pressão. Precisa-se
de cerca de vinte e um por cento de oxigênio para o ser humano. O
organismo se acostuma fisiologicamente com quantidades menores
de oxigênio, por meio de poliglobulia32 (aumento de glóbulos
vermelhos). Exemplo: aviões que em certa altitude que gera perda
de consciência (mal do aviador, com pressurização da cabine, ou
seja, criar formas de manter a pressão atmosférica ideail), por isso
pressuriza-se as cabines do avião.
1- Diminuição da Pressão: “mal das montanhas” ou “mal dos
aviadores”.
*lugares altos (baixa pressão): tem pouco oxigênio e submetem o
organismo a maiores esforços. **cilindro de oxigênio = ar
comprimido.
Nas cordilheiras, o indivíduo inadaptado pelo ainda não progressivo
estabelecimento de poliglobulia determinada pela rarefação do ar,
consequentemente com diminuição da pressão parcial do oxigênio
alveolar, tem prejudicada a hematose pela hipóxia e diminuída a
quantidade de gás carbônico, excitante indispensável dos centros
respiratórios bulbar e regularizador da frequência cardíaca, cujo quadro
clínico agudo se traduz por náuseas, dispneia, escotomas, vertigens,

31 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
32 Caracterizada pela excessiva quantidade de glóbulos vermelhos (eritrócitos),
resultantes de uma exacerbada síntese dessas células por parte da medula óssea.
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desmaios, epistaxe, otorragia (soroche andino), podendo a morte sobrevir
por hemorragia cerebral33.
Podem ocorrer = taquicardia (aumento da frequência
sanguínea), anóxia (falta de oxigênio), alterações cerebrais e
cardíacas. *risco de vida (forma elíptica de se expressar;
retroalimentação; risco para a vida) e risco de morte (risco para
morrer).
2- Aumento da Pressão34: hiperbolismo. Intoxicação pelo oxigênio
pode levar a depressão do centro respiratório e coma.
OBS: “mal dos caixões” ou “mal dos escafandristas” = resulta da
descompressão brusca que leva a embolias (exemplo:
mergulhadores). *gás que se solta rapidamente do sangue.
**embole gasoso (ar que entope um vaso sanguíneo).
O aumento da pressão atmosférica poderá determinar uma patologia de
compressão, por intoxicação pelo oxigênio, nitrogênio e gás carbônio35.
3- Mal das montanhas para os idosos: os idosos são os mais
prejudicados, pois o organismo demora na produção de glóbulos
vermelhos, além do fato, de que muitos possuem outras doenças,
como no caso de entupimento de veias ou vaso obliterado (por
alimentação precária na juventude, que gera infarto do
miocárdio, ou seja, AVC). *emboles de gordura = quando a placa
de gordura se desloca da parede da veia.
OBS: é possível residir em grandes altitudes, tudo depende do preparo
do corpo humano em relação à poliglobolia. *a saúde não está no
açougue, encontra-se na quitanda.
_câmara hiperbárica: para estudo e tratamento de doenças.
 Eletricidade: pode ocorrer de duas fontes distintas, quais sejam:
1- Natural ou atmosférica: pode provocar lesões corporais
(fulguração = é a perturbação causada no organismo vivo por
descargas elétricas cósmicas ou raios, sem ocorrência de êxito letal 36) e
pode agir de forma letal (fulminação = morte instantânea do
sujeito por descargas elétricas). Na fulminação ocorre inibição do
centro respiratório (provoca parada respiratória), fibrilação
ventricular (o coração perde a função de bombear o sangue, ou
seja, ele fibrila), queimaduras, fraturas (o raio é pesado), etc.
Exemplo: raio. *não é criada pelo ser humano.

33 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
34 10ª Aula (15 de maio de 2015).
35 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
36 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
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A eletricidade atmosférica, representada especialmente pelos raios,
agindo letalmente sobre o homem e animais, chama-se fulminação, e,
quando apenas determina danos corporais, fulguração37.
Sinal de Lichtemberg: lesões arboriformes devidas a fenômenos
vasomotores (vasaparalisia). São fenômenos vasomotores
(paralisia de vasos), que se formam na pele, e produzem marcas
que lembrar as veias (pode acontecer em quer sobrevive/morre,
sendo que pode ou não desaparecer).
2- Artificial ou industrial: sua ação geral é chamada “eletroplessão”
(não fatal; aqueles do dia-a-dia, como defeito de instação, mau
isolamento dos fios, imperícia ou negligência da vítima). Ação
mortal (eletrocussão; exemplo: sentença de morte por cadeira
elétrica). *as lesões variam com a voltagem, a amperagem, a
natureza da corrente e com condições dos próprios indivíduos.
A eletricidade atmosférica é a eletricidade dinâmica sob a forma de
correntes contínuas ou galvânicas e alternadas ou farádicas,
apresentando esta última uma frequência amiúde de 50 períodos por
segundo38.
Marca elétrica de Jellineck: provocada por um condutor elétrico
artificial, produzindo lesões de aspecto escuro, asséptica (tornar
estéreo/esterilizar, ou seja, sem germes, fungos e vírus), dura, de
bordas altas, indolor (anestesia terminações nervosas), leito
deprimido (baixo relevo no local da lesão), pode ter a forma do
condutor de eletricidade (fica a marca do instrumento).
De aspecto circular, elíptica ou em roseta, pode existir. Aderente ao plano
cutâneo subjacente, tem valor médico-legal para indicar a porta de
entrada da corrente elétrica no organismo. Indolor, despida de reações
inflamatórias por asséptica, forma-se rapidamente mostrando grande
tendência à cura39.
 Radioatividade40: é uma energia de ordem física, que interessa
necessariamente à medicina nuclear, com ênfase no tratamento de
doenças, bem como à medicina militar, haja vista a evolução dos
armamentos bélicos que utilizam força nuclear.
Exemplo: terremoto no Japão. Podem causar danos simples ou mais
grave (raiodermite de grau I “vermelhidão/hiperermia”, II “lesões
bolhosas” ou III “ulcerações na pele”), teratogênese (nascimento
deformante pela exposição de grávidas ao ambiente radioativo,
malformações)e momentâneos ou permanentes.

37 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
38 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
39 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
40 11ª Aula (22 de maio de 2015).
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a) Raio X: trabalhadores que devem trabalhar com proteção
(chumbo), sendo que o elemento radioativo poderá escapar.
b) Rádio: utilizados no tratamento de radioterapia.
c) Energia Atômica:
d) Seu estudo compete à infortunística e à Medicina Militar: muito
raro no campo da medicina legal.
 Luz:
a) Níveis muito altos de luz atuam sobre os órgãos da visão: os olhos
são muito sensíveis, sendo que a luz muito intensa pode
desencadear crises convulsivas, principalmente a quem tem
tendência a convulsões (mesmo no caso de luz rítmica).
b) Pode causar astenopia (lacrimejamento, cansaço, vermelhidão),
distúrbios de acomodação (focalização; fica prejudicado, dá a
impressão de que está embasado), catarata (geralmente
aparece em idade mais avançada, sendo que se o sujeito
trabalhar constantemente sobre o sol, facilita o desenvolvimento
da catarata – macula e; pode ser reversível) e até cegueira (por
lesão da mácula): pterígio41? É confundido erroneamente com a
catarata.
A incidência de feixes de luz luminosos de alta intensidade sobre os olhos,
o como no condenável terceiro grau, integrante do conjunto de recursos
bárbaros usados na investigação policial, pode provocar perturbações
neurossensoriais nos globos oculares, como defeitos de refração,
dificuldade ou impossibilidade de mudar a forma do cristalino para
convergir na retina raios luminosos provenientes de objetos que estão a
uma distância grande ou pequena (inacomodação), ou na própria retina
– que é a parte sensível do olho onde ocorre a conversão da imagem
luminosa em impulsos elétricos nervosos, os quais são endereçados ao
cérebro para serem processados – e perda irreparável da visão42.
 Som: sons agudos (alta frequência) com níveis acima de noventa dB
podem provocar lesões do órgão Corti, na cóclea e alterações
psíquicas. *última energia de ordem física que causa lesões no
ouvido, podendo levar à surdez. **abaixo de 90 dB não causa lesões
sonoras.
Onda sonora ou som é uma perturbação ou distúrbio mecânico transmitido

41 O pterígio é uma formação carnosa que avança sobre a córnea, geralmente do


lado nasal. Trata-se de uma resposta do olho a um processo de irritação ocular crônica, em
que a exposição à luz solar e ao vento têm um papel importante. Disponível em
<http://www.ipvisao.com.br/site/Institucional.do?vo.chave=pterigioprotejase&tipo=15>.
42 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
20
através de um meio elástico em que a oscilação é a pressão.
Um onda sonora é produzida por um elemento vibrador do meio gasoso
(cristal, instrumento musical, cordas vocais 43.

5.2.3. Energias de ordem físico-química:


 Asfixias: é a síndrome caracterizada pelos efeitos da ausência de
oxigênio por impedimento mecânico, pois todo ser vivo respira. É a
morte produzida por impedimento mecânico à penetração do ar
atmosférico na árvore respiratória. Basicamente: falta oxigênio no
sistema respiratório de forma proposital.
Duração média de um típico processo de asfixia: sete minutos,
podendo ter morte antes ou sobrevida após esses minutos.
OBS: o coração ainda persiste com batimentos momentos após a
parada respiratória (“ultimum moriens”), o que possibilita uma chance
de salvar-se uma vítima de asfixia. *alguns minutos. **o coração é o
último a morrer no caso de asfixias. **dependendo do tempo, o
corpo humano ficará com sequelas (a partir de três minutos).
Lesões: depende do tipo de asfixia.
1- Lesões externas:
a) Cianose do rosto (estase venosa): principalmente da veia
cava superior nas compressões torácicas. Azulamento de
alguma parte do corpo, neste caso, o rosto, pela estase
venosa (parada do sangue venoso).
A cianose é uma tonalidade azulada as pele e mucosas devido à
carboxiemoglobina patogenicamente aumentada no sangue
capilar44.

b) Ex(fora)oftalmia(olho): olho para fora, protrusão do globo


ocular. *olhos esbugalhados.
c) Hipó(baixo)stases(parada) abundantes e escuras: a cor
varia de acordo com a deficiência de oxigênio no sangue.
Parada do sangue em níveis baixos (são as manchas).
d) Equimoses (pequenas hemorragias) na pele e mucosas: pela
ruptura de capilares (bem finos) quando o sangue desce
pela ação da gravidade aos planos mais baixos do corpo.
São explicadas pelo extravasamento e infiltração do sangue que se
coagula nas malhas dos tecidos, por ruptura dos capilares.
Arredondadas e diminutas, localizam-se na pele das pálpebras,
pescoço, face e tórax, e nas mucosas exteriores das conjuntivas,

43 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
44 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
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dos lábios e, menos comumente, das asas do nariz, formando,
muitas vezes, verdadeiras sufusões sanguíneas45.
2- Lesões internas:
a) Equimoses viscerais: manchas de Tardieu (Tardieu 1847 = foi
o primeiro que as relatou) que aparecem na pleura visceral
(película que envolve os pulmões) e na serosa cardíaca
(capa que envolve o coração).
Têm forma arredondada, puntiforme ou lenticular ou de sufusões
sanguíneas. São explicadas pela fluidez do sangue nos vitimados
por asfixia e especialmente pela ruptura dos capilares produzida
pelo aumento da tensão arterial consequente à excitação dos
centros nervosos bulbares pelo gás carbônico46.
b) Congestão sanguínea das vísceras: alguns órgãos se
enchem/incham de sangue. *no fígado, o nome adotado é
“fígado pretórico” (congestação de sangue no fígado
ocorrida em razão de asfixia).
Classificação das asfixias47:
a) Asfixias puras: ocorrem por anoxemia (falta de oxigênio) e
hipercapnéia (acumulo de gás carbônico): Basicamente: pelo
impedimento do ar na árvore respiratória, sendo que a pessoa
não sente a falta de ar.
i. Asfixias em ambientes por gases irrespiráveis (gás
respirável = ar atmosférico):
 Confinamento: redução de O2 e acúmulo de CO2.
Não é necessariamente uma prisão, nesse local
não existe troca de ar respirável. Exemplo: freezer.
Basicamente: esgotamento de oxigênio e aumento
gradativo de gás carbônico, consequentemente
ocorrerá aumento de temperatura, alterações
químicas e saturação do ambiente por vapores de
água.
 Monóxido de carbono: é o gás que sai do
escapamento de carro (queima do combustível).
*aqueles que respiram essa substância, e
sobreviveram, relatam que é um sono irresistível.
 Outras formas de vícios de ambientes: como no
caso de gases de esgoto e fossas (matéria
orgânica que está apodrecendo, gera gás

45 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
46 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
47 12ª Aula (29 de maio de 2015).
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metano, que é um componente químico
extremamente forte). Exemplo: acidente ocorrido
em chácara na cidade de Bauru, onde dois
indivíduos tentaram desentupir a fossa e faleceram
por asfixia; pessoas/crianças que são esquecidas
dentro de veículos (pode ocorrer desidratação e
asfixia pela ausência de gases respiráveis).
ii. Sufocação direta: existe obstrução mecânica à entrada
do ar. Exemplo: sufocação por meio de travesseiro sobre
a face do sujeito (tapa a boca e o nariz);
engasgamentos no geral; engasgamento por vomito
próprio.
Sufocação direta (obstrução da boca e das narinas pelas mãos
ou das vias aéreas mais inferiores)48. Compreende as seguintes
modalidades:
a) Oclusão dos orifícios externos respiratórios:
desproporção de força entre o agressor e a vítima;
uso de mão ou corpo mole no ofendido (na maioria
das vezes é criminosa);
b) Oclusão das vias respiratórias: aspiração brusca de
corpos/objetos estranhos. Exemplo: chiclete e rolha
de garrafa;
c) Soterramento;
d) Confinamento.
iii. Sufocação indireta (compressão do tórax): o diafragma e
músculos intercostais (embolo = coágulo ou corpo
estranho que provoca a embolia) não permitem a
entrada de ar respirável no organismo de forma
mecânica. Exemplo: abraço muito forte; sujeito que é
enterrado até o pescoço na areia, sendo que o
organismo não consegue trabalhar. Basicamente:
provoca reações como a máscara equimótica de
Morestin (cianose no rosto pela compreensão torastica,
ou seja, azulamento da face = cor violácea intensa de
face, pescoço e superior do tórax), sendo que a
musculatura é impedida de se movimentar.
É ocasionada especialmente pela compressão do tórax ou
eventualmente do tórax e abdome, em grau suficiente para
impedir os movimentos respiratórios e ocasionar a morte por
asfixia49.

48 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
49 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
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iv. Afogamento: o ar é substituído por líquido ou semilíquido,
e ocorre a penetração destas substâncias nas vias
respiratórias, sendo que não é necessário estar submerso.
Exemplo: submersão. *≠ de simulação de afogamento:
quando o sujeito é morto e jogado na água, existe
diferença, pois a causa mortis não é o afogamento.
Lesões e formas de distinção:
 Sinais externos = baixa e aumento de temperatura,
pele arrepiada ou “pele de galinha” (anserina),
retração de algumas áreas do corpo (mamilos,
bolsa testicular e pênis), a epiderme dos dedos se
destaca (como se estivesse de luvas = maceração
epidérmica), cogumelo de espuma (boca
espumada);
 Sinais internos = exame de sangue (se diluído,
respirou água), os pulmões sofrem lesões nos álveos
(enfisema aquoso).
Transformação do meio gasoso em meio líquido (...)
É a modalidade de asfixia mecânica desencadeada pela
penetração de líquidos nas vias respiratórias, por permanência
da vítima totalmente ou apenas com a extremidade anterior do
corpo imersa nos mesmos. Por isso, não se deveria empregar o
conhecidíssimo termo “submersão”, que significa imersão total
do corpo, já que, como permite concluir a definição, para
ocorrer basta a esse tipo de asfixia a introdução dos orifícios
respiratórios e da boca no meio líquido.
O indivíduo pode vir a afogar-se no próprio sangue (afogamento
interno), como no esgorjamento, por introdução hemática no
alveário pulmonar, através de laringe seccionada. Ou pelo
conteúdo estomacal regurgitado, na fase comatosa de
embriaguez50.
v. Afogamento branco de Parrot: é tipo especial de morte
(falso afogamento), sendo que o sujeito morre ao tocar a
água, não em decorrência da água, pois não está
presente nenhuma lesão interna. A morte ocorre por
inibição cardíaca. Exemplo: choque térmico em água
muito fria.
Morte no interior da água sem qualquer sinal de afogamento.
Ausência de vestígios de qualquer outra causa de morte51.

50 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
51 Acesso em maio de 2015. Disponível em
<https://pt.scribd.com/doc/108795115/7/Aula-12>. Página 52
24
vi. Soterramento: tecnicamente o soterramento pode
acontecer por deslizamento. Na verdade é a substituição
do ar respirável por substância pulverulenta (como areia
e terra). Exemplo: enterrado vivo, Maracaí com
soterramento em silo de farinha/soja. *somente nessa
hipótese.
Transformação do meio gasoso em meio sólido (...)
É modalidade de asfixia mecânica resultante da obstrução
direta das vias respiratórias quando a vítima se encontra
mergulhada num meio sólido ou pulverulento52.
b) Asfixias complexas: opera por meio de três mecanismos de morte:
*pode ou não se cumulativo.
Interrupção primária da circulação cerebral, anoxemia, hipercapnéia;
inibição por compressão dos elementos nervosos do pescoço53.
 Impedimento de entrada do ar:
 Impedimento à circulação cerebral: por meio das
árterias caróticas.
 Compressão de nervos do pescoço: outro tipo de
inibição cardíaca.
i. Enforcamento: como no caso de um laço que aperta o
pescoço, que impede a circulação cerebral,
comprimindo os nervos do pescoço, sendo que o laço é
de uma volta só, que é acionado pelo próprio peso do
enforcado. Lesão externa: a marca que fica no pescoço
é chamada de sulco de enforcado (anteroposterior e
ascendente, que é interrompido = ascendente “oblíquo”
com profundidade variável, que desaparece a nível de
nó e é mais profundo no oposto deste).
A situação do sulco no enforcamento completo é na parte mais
alta do pescoço, entre o hioide e a laringe (...) o sulco
habitualmente é descontínuo, interrompendo-se nos pontos
correspondentes à interposição de corpos moles e
especialmente nas proximidades do nó54.
a. Atípica: suspensão incompleta. Exemplo: ajoelhado,
em pé.
b. Típica: suspensão completa. Parte do corpo não
encontra o solo. Exemplo: cadafalso.
É modalidade de asfixia mecânica determinada pela constrição
do pescoço por um laço cuja extremidade se acha fixa a um

52 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
53 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
54 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
25
ponto dado, agindo o próprio peso do individuo como força
viva55.
ii. Estrangulamento: pode ter mais de uma volta no laço.
Lesão externa: o sulco não é interrompido, em
decorrência das laçadas (anteroposterior e oblíquo na
horizontal, sendo que geralmente é circular = sulco
transversal completo contínuo em toda a volta do
pescoço e com a mesma profundidade “única ou
múltipla”, sem a presença de sinal de nó).
O estrangulamento é a asfixia mecânica por contrição do
pescoço por laço tracionado por qualquer que não seja o peso
da própria vítima.
Será também estrangulamento a asfixia mecânica por
constrição do pescoço promovida pelo golpe chamado “chave
de braço” ou “gravata”, pé nele apoiado etc56.
OBS: o sulco em vida pode causar hematomas e o sulco
em morte não apresenta cor; no enforcamento não há
lesões nas cordas vocais, enquanto que no
estrangulamento as cordas vocais são muito lesionadas.
c) Asfixias mistas: por dois mecanismos, que podem ou não ser
cumulativos.
Graus variados dos fenômenos respiratórios, circulatórios e nervosos
(esganadura)57.
 Impedimento de entrada no ar:
 Compressão dos nervos do pescoço:
i. Esganadura: não tem como pegar as quatro artérias
carótidas, que gera falta de ar e inibição cardiaca. Sinais
encontrados no pescoço: marcas unhas (não tem laço).
É a asfixia mecânica por constrição anterolateral do pescoço,
impeditiva da passagem do ar atmosférico pelas vias aéreas,
promovida diretamente pela mão do agente58.
Mecanismo de morte: Inicialmente, pelo mecanismo
vascular que leva à inconsciência de forma rápida, após
o mecanismo respiratório com a obstrução das vias
aéreas.

5.2.4. Energias de ordem biodinâmica59:

55 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
56 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
57 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
58 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
59 13ª Aula (07 de agosto de 2015). 3º Bimestre.
26
 Choque: é o choque dinâmico/circulatório que ocorre por uma
desordem hermodinâmica (circulação). É o estado em que o débito
cardíaco (que é o volume/quantidade de sangue que sai do
coração em um minuto) está tão reduzido, que os tecidos orgânicos
ficam danificados por falta de fluxo sanguíneo (perda de vitalidade).
A síndrome do choque é uma entidade mórbida desencadeada por causas
diversas que promovem a diminuição intensa do débito cardíaco com
consequente crise circulatória, profundas repercussões no metabolismo
celular e fenômenos de exaustão que impossibilitam, precoce, tardia,
temporária ou definitivamente, ao organismo recuperar o equilíbrio rompido
por falta de adaptação, quer por amplitude exagerada da agressão, quer
por deficiência da resposta a mesma, podendo levar o indivíduo à morte60.
Causas fisiológicas do choque: existem várias causas de débito
cardíaco.
i. Fatores que DIMUNUEM A CAPACIDADE CARDÍACA de
bombear sangue: falha do coração, pois tem sangue suficiente
no corpo humano.
a) Infarto grave (infarto do miocárdio61): causa choque
cardiogênico (pelo defeito do coração).
OBS: infarto é a ausência de irrigação sanguínia nas
artérias coronárias por êmbolos ou vasoconstrição, que gera
a necrose do músculo, sendo que a parte necrosada não se
contrai (não funciona).
Resulta da redução súbita do débito cardíaco com acúmulo de
sangue na pequena circulação e vasoconstrição renal, como
resposta compensadora, e redução do fluxo renal. A causa mais
frequente do choque cardiogênico é o infarto do miocárdio62.

CUIDADO: porque o infarto de pessoas “mais jovens”


pode ser mais gravoso do que de pessoas idosas? Pelo
efeito da neovasculização63, ou seja, nos idosos o efeito
vasoconstritor é lento e o organismo cria escapatórias.
ii. Fatores que tendem a DIMINUIR O RETORNO VENOSO: o
coração está em ótimo estado e funcionamento, mas o

60 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
61 Infarto do Miocárdio, também conhecido como ataque cardíaco, é a morte das
células de uma porção do músculo do coração, em decorrência da formação de um
coágulo (trombo) que interrompe, de forma súbita e intensa, o fluxo de sangue no interior
da artéria coronária. Disponível em <http://www.einstein.br/einstein-saude/vida-
saudavel/primeiros-socorros/Paginas/infarto-do-miocardio.aspx >.
62 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
63 É a formação de novos vasos, de paredes mais frágeis, numa área e que se verificou
uma isquemia. Disponível em <http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-
portuguesa/neovas culariza%C3%A7%C3%A3o>.
27
mesmo não recebe o sangue (retorno), gera a morte da celular
(necrose).
Basicamente: o sistema venoso termina no fim do sistema
arterial, que sucessivamente se finaliza no átrio direito (sistema
venoso), que vai ao ventrículo direito, aos pulmões para
oxigeneração e retorno no átrio esquerdo, ao ventrículo
esquerdo até ao sistema arterial.
Na divisa do sistema arterial com o venoso, as células
liberam substâncias na corrente sanguínea (sangue venoso).
OBS: o sistema arterial/venoso se assemelha a distribuição de
água de uma determinada cidade.
b) Choque obstrutivo: ocorre por bloqueio da circulação de retorno ao
coração, como exemplos, no tamponamento cardíaco, tromboses
intracardíacas, tromboses pulmonares, balanço do mediastino,
compressão das veias cavas64.
CUIDADO:
a) Volume sanguíneo diminuído65: como ocorre na
hemorragia e desidratação.
b) Tônus66 muscular do vaso sanguíneo diminuído: por
primeiro, “tônus” é a perda de força (capacidade) de
se voltar ao estado natural. Exemplo: artéria que não
volta ao tamanho natural (reduzir), coágulos no
sangue.
Tipos de choques:
1- Choque hemorrágico (hipovolêmico): hemorragia que
diminui volume sanguíneo (baixo ou pequeno volume
sanguíneo) e consequentemente o retorno do sangue
venoso, que leva ao débito cardíaco = choque. OBS: por
“hemorragia”.
Quando a hemorragia ou a plasmarragia são intensas e a
reposição plasmática insuficiente, prolongando o período de
hipovolemia, ocorre diminuição do retorno venoso e a
consequente redução do débito cardíaco e do fluxo renal e
vasoconstrição compensatória67.
2- Por queimaduras extensas (hipovolêmico): grande perda
de líquido (intercelular) que gera a diminuição do sangue
(assume a função de irrigação da célula pela ausência

64 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
65 14ª Aula (14 de agosto de 2015).
66 Tônus muscular é o estado de tensão elástica (contração ligeira) que apresenta
o músculo em repouso, e que lhe permite iniciar a contração rapidamente após o impulso
dos centros nervosos. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%B3nus_muscular>.
67 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
28
de líquido intercelular) e consequentemente o retorno
venoso, que ocasiona na diminuição do débito cardíaco
(quantidade de sangue bombeado por minuto) =
choque. OBS: função da pele é impedir que a água saia
do organismo, ela é impermeável (retém água do
corpo), sendo que quanto maior a extensão, maior será a
diminuição da água.
3- Por desidratação (hipovolêmico): na diarreia (tratar a
causa) e vômitos graves, bem como na sudorese
excessiva (suar demais). OBS: leva o choque pela
ausência de líquido no organismo.
4- Choque anestésico (neurogênico, é problema
neurológico): anestesia profunda que deprime
(depressão) o centro vasomotor, e consequentemente a
perda de tônus vascular (ausência de pressão que
impede o sangue venoso de se locomover), que diminui
o retorno venoso (a quantidade de sangue é o mesmo) e
o débito cardíaco = choque. Exemplo: anestesia
(intolerância às drogas).
5- Choque anafilático: ocorre quando um antígeno
(substância alergênica) ao qual o indivíduo é sensível
entra na circulação (alergia dos indivíduos, e a ingestão
dos mesmos leva a distúrbios graves, ou seja, o organismo
cria anticorpos para coisas que não deveria criar).
Exemplo: picada de abelha, camarão.
Reação antígeno: anticorpo ocorre ao nível das
paredes vasculares que acarreta em lesão celular e
liberação de HISTAMINA (ingerir anti-histamínico para
impedir o efeito de vasodilatação), com vasodilatação
(impede a circulação de sangue venoso, a pressão cai e
o sangue fixa estagnado nos vasos sanguíneos) que
diminui o retorno venoso e o débito cardíaco = choque.
OBS: o corticoide prova diminuição do edema (caso o
anti-histamínico não surja efeito) e em último recurso a
adrenalina para diminuir dilatação dos vasos sanguíneos.

6. SEXOLOGIA FORENSE68:

68 15ª Aula (28 de agosto de 2015).


29
6.1. Sistema reprodutor feminino:

6.1.1. Ovários: são duas glândulas situadas juntas às tubas uterinas e unidas
ao útero pelo ligamento utero-ovárico. São responsáveis pela produção de
óvulos e secreções endócrinas.

A cada ciclo menstrual é liberado um óvulo à tuba uterina


(imprevisível, não se sabe de quais dos lados acontece à liberação).

6.1.1.1. Óvulo fecundado: ocorre na nidação, ou seja, implantação do


óvulo no colo do útero.

6.1.1.2. Endometriose: processo inflamatório no abdômen quando as células


endometriais não se formam no colo do útero.

6.1.2. Tubas uterinas (trompas de Falópio): são duas que ficam uma de
cada lado do útero. Tem doze centímetros de comprimento, apresentam
uma abertura na extremidade, onde estão as franjas que alcançam a
superfície do ovário.

A tuba uterina é divida em três partes: terço proximal (próximo ao


útero), terço medial e terço distal (mais longe do útero e próximo dos
ovários).

CUIDADO: o óvulo pode ser fecundado pelo espermatozoide até o


terço medial, ou seja, no terço distal não é possível ocorrer fecundação.

6.1.3. Útero: é o órgão da gestação e do parto. É constituído por três


camadas:
a) Serosa: revestimento externo.
b) Muscular: miométrio.
c) Mucosa: endométrio (parte interna).

CUIDADO: colo do útero? Localidade com maior possibilidade de


câncer de útero.

OBS: enquanto não gravídico, o útero possui aproximadamente o


tamanho de um pulso fechado. Enquanto que em estágio agravado de
gravidez o útero possui a espessura de uma película.

30
A cada ciclo ocorre a proliferação do endométrio (células), sendo que
em caso de não fecundação (o óvulo começa a se degenerar, sendo
reabsorvido pelo organismo na tuba uterina) temos a menstruação (fluxo,
eliminação de células endometriais que estão esperando o óvulo).

A título de curiosidade: o DIU não impede a fecundação, ele impede


a implantação no colo do útero. Segundo a nossa cultura o DIU é legal, pois
a gravidez somente começa com a nidação (não fecundação). Assim, não
é meio abortivo.

6.1.4. Vagina: conduto músculo (membranáceo de oito a dez centímetros),


que vai do colo do útero até a vulva. Basicamente: é um tubo formado por
músculos e membranas que possuem a capacidade de se contrair.

6.1.5. Vulga: conjunto dos genitais externos:


 Grandes e pequenos lábios:
 Vestíbulo da vagina:
 Clitóris:

6.2. Órgãos sexuais masculinos69:

6.2.1. Testículos: são órgãos pares, de forma ovalar, que:

a) Após a puberdade produzem os espermatozoides.

b) Estão situados no escroto, onde em geral, o esquerdo está num


nível mais baixo que o direito.

CUIDADO: os espermatozoides são produzidos nos testículos.

6.2.2. Epidídimos: são estruturas em forma de “C” que estão aplicados na


margem posterior dos testículos, e são os armazenadores de
espermatozoides até o momento de serem emitidos. OBS: produz a
capacidade de modividade, ou seja, amadurecimento dos
espermatozoides.

6.2.3. Ducto deferente: é a continuação do ducto do epidídimo e conduz


os espermatozoides do epidídimo para o ducto ejaculatório (o ducto

69 16ª Aula (04 de setembro de 2015).


31
deferente se junta ao ducto da vesícula seminal para formar o ducto
ejaculatório).

É como se fosse um ducto que passa sobre a bexiga e chega na


vesícula seminal.

6.2.4. Vesículas seminais: são duas bolsas que produzem grande parte do
líquido seminal.

Sua extremidade inferior forma um ducto que se junta ao ducto


deferente para formar o ducto ejaculatório.

CUIDADO: a nomenclatura do órgão é, em tese, incorreta. O ideal


seria chamar de “glândula seminal”, pois vesícula são órgãos
armazenadores, e tal órgão também produz parte do sêmen.

6.2.5. Ducto ejaculatório: após ser formado, penetra na próstata e se


continua com a uretra.

6.2.6. Próstata: contém glândulas cuja secreção confere o odor


característico do sêmen (parte restante que se junta com aquele produzido
na vesícula seminal).

Tem o ph alcalino (que protege o espermatozoide), sendo que


acompanhado da secreção da próstata constitui o volume do líquido
seminal.

OBS: alcalino? Porque o caminho que ele ocorrerá é ácido (vagina,


pela sua proteção) e isso ajuda a proteger o espermatozoide (alcalina
neutraliza o ácido, sendo que alguns morrem no caminho em decorrência
dessa acidez).

6.2.7. Glândulas bulbouretrais: secretam uma substância cuja função é


desconhecida (não se sabe até hoje qual foi ou qual será sua função?).

OBS: alguns estudiosos pensam que ela produz líquido para a função
de lubrificação do ato sexual.

Sabe-se que a glândula bulbouretral é periga, pois ela somente


funciona durante o ato sexual duradouro (muito estímulo sexual). Assim, os

32
atos sexuais rápidos não permitem que as glândulas bulbouretrais
funcionem.

Ela oferece grande perigo para quem não quer engravidar a parceira,
pois as glândulas bulbouretrais permitem a condução de espermatozoides
que estão no ducto deferente após a primeira relação sexual.

CUIDADO: se o indivíduo não ejaculou antes (nas últimas 24 horas), não


há perigo a ser perseguido.

6.2.8. Espermatozoide:

a) Após sua formação nos testículos (constantemente, não


existem estatísticas do número de composição), é
completamente imóvel e não pode fertilizar um óvulo. Só após
permanecer no epidídimo por dezoito horas é que desenvolve o
poder da motilidade e se torna capaz de fertilizar um óvulo.

b) Mantém sua fertilidade por até 42 dias nas vias genitais


masculinas. É por isso, que o aconselhável é esperar 40 dias para
nova relação sexual após a vasectomia (pois os mesmos podem
já estar no ducto deferente).

c) Tempo máximo de vida após a ejaculação: 24 a 72 horas.

Vida média? No órgão genital masculino ele possui vida de


até 42 dias e no órgão genital feminino ele vive de 24 a 72 horas
(nas duas hipóteses em caso de morte do espermatozoide, o
organismo absorve o mesmo).

d) Quantidade: 120.000.000/ml de sêmen (varia de 35 a 200


milhões), sendo que em caso de novas relações sexuais em
seguida, a quantidade de espermatozoides é menor).

OBS: o orgasmo feminino não é requisito para fertilização, sendo que na


ovulação a fêmea está mais propicia pela formação da espécie.

6.2.9. Vasectomia70:

70 A vasectomia ou deferentectomia é um método contraceptivo através da ligadura


dos canais deferentes no homem. É uma pequena cirurgia feita com anestesia local em
33
6.2.9.1. Problemas emocionais: pela imponência, mas a vasectomia apenas
impede a criação de espermatozoides. O sêmen continua sendo produzido
pelo organismo.

6.2.10. Diferença entre esperma, sêmen, líquido espermático e líquido


seminal? É tudo a mesma coisa, são sinônimos. Apenas o espermatozoide é
diferente do sêmen, pois aquele utiliza deste para proteção e trajeto.

6.3. Gravidez – Parto – Puerpério71:

6.3.1. Ciclo menstrual:

a) Início: primeiro dia do fluxo menstrual (não tem dia previsto, nem
sempre começa no início do mês).

b) Término: início do fluxo seguinte (dia imediatamente anterior ao


fluxo seguinte).

c) Duração: 28 dias (média).

CUIDADO: existem pessoas que possuem fluxo irregular, ou seja,


durações maiores. Amenorréia – ausência ou parada do ciclo sanguíneo.
Deve ser verificado se o ciclo é ou não regular. Se irregular, não se pode
dizer que a menstruação não veio com um pequeno atraso. Se for regular,
com atraso ocorre a amenorréia.

6.3.1.1 Fluxo menstrual: representado por material de descamação das vias


genitais femininas, especialmente de procedência uterina. Duração de 3 a
5 dias.

6.3.2. Ciclo gravídico:

a) Início: implantação do óvulo fecundado na parede uterina.

CUIDADO: aborto? Para o direito brasileiro o crime de aborto se


caracteriza com a nidação (embrião fecundado).

cima do escroto e que não é necessário de internação. É uma cirurgia de esterilização


voluntária. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Vasectomia>.
71 17ª Aula (18 de setembro de 2015).
34
b) Término: expulsão do feto e placenta.

c) Duração: 270 a 280 dias (nove meses).

6.3.2.1. Prazo mínimo com feto viável: 196 dias.

6.3.2.2. Prazo máximo usual: 294 dias.

6.3.3. Diagnósticos de gravidez:

6.3.3.1. Sinais presumíveis:

i. Amenorréia: não é qualquer atraso menstrual que significa a


gravidez, como no caso de problemas hormonais.

ii. Náuseas e vômitos (causa desconhecida): não se sabe.

iii. Desejo aumentado por alimentos: fatores hormonais e remoção de


nutrientes do sangue materno pelo feto (em decorrência de
alterações hormonais, bem como que o feto retira nutrientes da
grávida). Exemplo: vitamina “A” gera desejos por cenoura; vitamina
“C” gera desejos por alimentos cítricos; e “ferro” gera desejo por feijão.

iv. “Cloasma gravídico”: os hormônios estimulam a produção de


melanina particularmente em certas áreas (como no rosto da mulher),
com formatos análogos a borboletas.

v. Pigmentação dos mamilos, auréola e linha alba (linha branca do


abdômen até a pélvica): não é sinal de certeza, pois essas áreas
podem se pigmentar sem necessariamente estar grávida.

6.3.3.2. Sinais de probabilidade: o obstetra analisará a probabilidade de


gravidez.

i. Amolecimento do colo uterino: é sinal de probabilidade de gravidez.

ii. Aumento do volume das mamas: no ciclo menstrual a mama


também aumenta, bem como em algumas patologias.

35
CUIDADO: o ideal é utilizar a nomenclatura de mama, pois seios é
uma cavidade (como os “seios da face”). OBS: na verdade o sutiã
seria o “seio”.

iii. Colostro: “pré-leite”; a partir da 16ª semana (aparece naturalmente


em mulheres grávidas, contudo, existe um tumor que produz o mesmo
efeito, ou seja, síndrome de sheehan72).

6.3.3.3. Sinais de certeza: são elementos que de fato comprovam a


gravidez.

i. Movimentos fetais: 16ª semana.

ii. Ausculta dos batimentos cardíacos fetais: 18º semana (ouvir o ruído
produzido pelo feto, ou seja, por meio de batimentos cardíacos).

iii. Raio X: esqueleto é visível a partir do 3º ou 4º mês (deve ser evitado),


salvo o caso de raio X acidental. OBS: evitar em decorrência da
radiação que pode provar anomalias no feto.

iv. Testes biológicos: feitos em laboratório ou farmácia.

CUIDADO: o negativo nem sempre quer dizer que a mulher não


está grávida (falso negativo). Não existe FALSO POSITIVO.

6.3.3.4. Gravidez imaginária ou pseudo gravidez (pseudo ciese): pode


acontecer em mulheres, bem como em animais. Ocorre quando a mulher
tem muita vontade de engravidar, mas não consegue, sendo que ela
começa a “criar” sinais que lembrar a gravidez. OBS: inconscientemente
ela sabe que não está grávida.

72 A síndrome de Sheehan, também denominada síndrome de Simmonds,


hipopituitarismo pós-parto ou necrose pituitária pós-parto, é um hipopituitarismo resultante
da necrose da glândula pituitária em decorrência da intensa perda de sangue e
consequente choque hipovolêmico que ocorre durante ou após o parto.
Trata-se de uma rara complicação ocorrida durante a gestação, ocasionada pela
maciça perda de sangue. O risco de ocorrência dessa hemorragia aumenta em casos de
gestações múltiplas e em problemas com a placenta. Outro fator que aparentemente está
relacionado com o surgimento desta síndrome é a coagulação intravascular disseminada
(CID). Disponível em: < http://www.infoescola.com/doencas/sindrome-de-sheehan/>.

36
a) Suposição de gravidez com ânsia pela maternidade: acontece
quando a mulher tem muita vontade, mas não fica grávida,
interpretando sinais, até certo ponto normais no seu físico.

b) Seios (mamas) crescem, amenorréia (parada da vinda da


menstruação/hemorragia uterina por interferência emocional),
náuseas e vômitos (não existe explicação científica).

CUIDADO: hemorragia uterina pode ser causa de perda da


gravidez.

c) Movimentos intestinais simulam movimentos fetais: gazes.

d) Aparecem dores e contrações de “parto” (pélvicas): é caso de


tratamento de ordem psicológica (psiquiátrica).

Advertência: o ideal é a gestante procurar um médico obstetra para


realizar o pré-natal.

6.3.3.5. Simulação de gravidez: a gestante finge estar grávida, com o intuito


de enganar alguém.

a) A mulher finge-se de grávida:

b) Faltam os sinais de certeza:

6.3.3.6. Dissimulação de gravidez:

a) A mulher esconde a gravidez: quando a gestante pretende


esconder a gravidez de terceiros, como no caso de marido estéreo,
família tradicionais que não permitem gravidez antes do casamento,
omissão para arrumar emprego, filho bastardo, entre outras hipóteses.

6.3.3.7. Diagnóstico de parto anterior: o parto anterior pode ser recente ou


antigo.

6.3.3.7.1. Parto Recente:

 Tumefação da vulva: a vulva fica inchada em decorrência de parto


vaginal.

37
 Episiotomia recente (eventual): incompatibilidade da cabeça do feto
com o canal vaginal, o médico corta um pedaço do canal vaginal
para que o feto passe (episiotomia recente).

 Fluxos genitais (lóquio): mesmo com parte vaginal ou cirúrgico, é uma


secreção eliminada pelo útero após o parto (vasos sanguíneos que se
rompem).

Emos(sangue)tasia(parado): parada do sangue natural, sem


intervenção do médico.

a) Lóquio sanguinolento até o 3º dia:

b) Lóquio branco amarelado até o 15º dia:

 Colo uterino amolecido: suspeita de parto recente.

 Involução uterina (explorado no abdome): até o 12º dia é palpável


acima da sínfise púbica. Em resumo: o corpo do útero se comprime, ou
seja, volta à posição natural (atrás da sínfise púbica).

 Seios volumosos e com secreção láctea (sinal forte de que houve


parto recente), flacidez abdominal (depende da idade).

 Cloasma Gravídico, pigmentação e linha alba e mamilos:

6.3.3.7.2. Parto Antigo:

 Flacidez abdominal (quanto mais jovem, melhor o organismo volta ao


seu estado natural), vulva flácida, entreaberta:

 Pigmentação dos seis e linha alba: podem persistir para sempre e


pode desaparecer.

 Cicatrizes de rotura do períneo (entre o ânus e a vagina que rompem;


sendo que pode cicatrizar), de episiotomia ou cesariana.

 Cicatrizes do orifício externo do colo uterino:

6.3.2.8. Puerpério: é estado fisiológico em que a mulher retorna as condições


anteriores à gravidez, cuja duração é de 6 a 8 semanas.
38
a) Início: fim do parto.

b) Término: involução total do organismo às condições anteriores à


gestação.

6.3.2.8.1. Fatores físicos: representados pela exaustão.

6.2.3.8.2. Fatores químicos: pelas alterações hormonais.

6.2.3.8.3. Fatores psicológicos: oriundos da tensão emocional.

Advertência: esses fatores podem levar a mulher ao estado puerperal.

6.2.3.8.4. Surto ou episódio psicótico: INFANTICÍDIO?

i. Infanticídio (art. 123, CP): “matar, sob a influência do estado


puerperal o próprio filho, durante ou logo após o parto”. Esta doença
não existe, foi um erro de legislação (o legislador não é médico, não é
psiquiatra). Em outros países, o atenuante para o infanticídio seria para
evitar uma situação socioeconômica difícil da mãe, exemplo já com
08 filhos, ou ainda para esconder sua desonra. Se toda grávida
corresse o risco de perder o juízo ao dar a luz, toda mulher teria que
ficar enjaulada para não matar o próprio filho.

Em resumo: o “estado puerperal” não existe como doença, foi um


erro do legislador ao instituir no tipo penal.

CUIDADO: “maternity blues” = estado transitório e emocional que


provoca na mulher, gera uma angustia, ou seja, a mulher não quer
ver/falar com ninguém.

Advertência: doenças psicóticas? Em determinados atos ocorrem


a prática dos crimes em decorrência de problemas psicológicos.
Podem acontecer algumas situações que desencadeia um estado
psicótico em pessoas que já tem problemas anteriores, momento em
que reaparecendo a doença.

ii. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (art. 124,
CP): provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe
provoque.
39
7. PATOLOGIA SEXUAL73:

7.1. Introdução: as patologias sexuais têm interesse jurídico


especificadamente em anulações de casamento, desvios de conduta
sexual, sendo que essas patologias são doenças de cunho
psicológico/psicótico.

Os desvios de conduta sexual (parafilias) ocorrem quando as vias


normais para a sua satisfação não forem atendidas.

Algumas das doenças, que são muitas, são aberrações fantásticas.


Outras são desvios de conduta sexual que tem como paralelo a
normalidade.

7.2. Modalidades parafílicas e modificações no instinto sexual:

7.2.1. Masturbação: excitação manual ou equivalente, dos órgãos genitais,


provocando o orgasmo. É a própria da infância e substituída normalmente
pelo congresso sexual. Não provoca nenhum tipo de dano corporal.

OBS.: é conduta sexual normal (na infância, adolescência e em


algumas circunstâncias isoladas). A masturbação é anormal quando o
sujeito abre mão da relação sexual para praticar tal ato. Assim, a
masturbação eventual não é considera como patologia sexual.

Em resumo: a masturbação contumaz pode ser causa de parafília, pois


o intercurso sexual (relação sexual) não pode ser substituído pela
masturbação.

CUIDADO: a masturbação não gera nenhuma patologia física, assim,


não é causadora de doenças, sendo que o único problema é a ansiedade
por achar que está praticando algo proibido/errado.

7.2.2. Anafrodisia: diminuição do instinto sexual no homem, devido a uma


doença nervosa. Tem importância médico-legal nas anulações de
casamento (defeito físico irremediável).

73 18ª Aula (02 de outubro de 2015). 4º Bimestre.


40
Basicamente: é um defeito físico (neurológico definido, não
incapacidade temporária), o homem possui impotência “coeundi” (não se
consegue ereção, ou seja, não consegue gerar filhos).

OBS.: toda impotência “coeundi74” é impotência “generandi75” e nem


toda impotência “generandi” é impotência “coeundi”.

7.2.3. Frigidez: diminuição do apetite sexual na mulher devido a vaginismo


(incapacidade da mulher de relaxar a vagina, sendo que a penetração fica
bem dolorida e a cada relação sexual a mulher sofre constantes dores) e
doenças psíquicas (quando ela não quer praticar ato sexual, podendo
contrair o vaginismo). Em muitas situações o homem não procura levar a
mulher ao orgasmo, tornando-as frígidas.

OBS.: pode acontecer por traumas na infância, onde a mulher pode ter
presenciado a mãe sendo violentada pelo pai, ou ainda se a mãe for
prostituta (assim, pode ser físico ou emocional).

7.2.4. Narcisismo: é a admiração pelo próprio corpo ou o culto exagerado


de sua própria personalidade. Entre os débeis mentais encontram-se muitos
narcisistas. É a mais comum entre as mulheres (bloqueia a aproximação do
narcisista em relação as outras pessoas).

CUIDADO: gera falha de relacionamento, pois nenhuma pessoa é bom


o bastante em relação ao narcisista. Aqui, o narcisista se acha melhor que
qualquer pessoa, por isso não consegue se relacionar sexualmente.

Advertência: vaidade é diferente de narcismo, pois aquela é utilizada


para autoestima.

7.2.5. Autoerotismo: é a aberração na qual o gozo sexual dispensa a


presença do sexo oposto. É o coito sem parceiro, apenas com a
contemplação de um retrato, de uma escultura ou a presença de uma

74 Impotência Coeundi: é a incapacidade para a prática sexual, tanto do homem,


quanto da mulher, INCAPACIDADE DA CONJUNÇÃO CARNAL. Disponível em
<http://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/66/Sexologia-forense>.
75 Impotência Generandi: é a incapacidade do homem para gerar filhos (procriar).

A causa pode estar sediada na glândula reprodutora ou nas vias de tramitação de


sêmen. Pode haver falta de testículos por agenesia ou por extirpação de variadas
causas (terapêutica, acidental, criminosa, mística). Disponível em
<http://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/66/Sexologia-forense>.
41
pessoa amada (não precisa de contato físico para chegar ao orgasmo),
sendo que não é masturbação.

CUIDADO: pensamento erótico? Chegar ao orgasmo.

Em resumo: é a doença onde a vítima não precisa do contato físico


para ter o prazer sexual, o orgasmo. Basta a visão da pessoa, sua presença,
o pensamento erótico para ter orgasmo.

7.2.6. Exibicionismo: é a obsessão impulsiva de mostrar os órgãos sexuais, sem


convite para a cópula; apenas por um estranho prazer incontrolável. É quase
que exclusivo do sexo masculino.

Diz respeito ao atentado ao pudor, sendo que o exibicionista não se


mostra para pessoas fortes (geralmente é com pessoas idosas e crianças).

7.2.7. Mixoscopia: é o prazer sem presenciar atos sexuais de terceiros.

É diferente de assistir filmes e novelas (mesmo os pornográficos), o


patológico é o sujeito sentir prazer apenas ao presenciar atos sexuais de
terceiros (esporádico não é patologia).

7.2.8. Fetichismo: esta perversão se apresenta por uma absorção completa


do amor em uma determinada parte do corpo humano ou em objetos
pertencentes à pessoa amada. As belezas do corpo e do espírito não tem
nenhum valor, e a admiração se impõe a uma parte singular.

É diferente de fetiche normal, pois nesse caso a relação sexual


acontece normalmente. O anormal é quando o fetiche influencia na prática
da relação.

7.2.9. Pluralismo76: se manifesta pela prática sexual onde participam 3 ou


mais pessoas. As ações se manifestam desde a cópula vaginal até as últimas
perversões sexuais. Na frança é chamado de “ménage a trois” (encontro a
três).

76 19ª Aula (09 de outubro de 2015).


42
O indivíduo só consegue ter prazer sexual em orgias sexuais (sexo
grupal).

7.2.10. Cromo inversão77: é a propensão erótica de certas pessoas por outras


de cor diferente.

Aqui o indivíduo só obtêm prazer na prática sexual com sujeitos de cor


distinta. Exemplo: negro com branca. Essa patologia só é atestada por meio
de psiquiatras, pois pode estar presente uma “educação” racial.

OBS.: etno inversão78? Não é parafilia, diz respeito às etnias diferentes.


Nesse caso o indivíduo só consegue praticar atos sexuais com pessoas de
outras nacionalidades.

7.2.11. Riparofilia: atração por mulheres sujas, de baixa condição higiênica.


Alguns homens preferem relações sexuais na época da menstruação (na
verdade a menstruação não é suja, ou seja, o sangue é limpo).

A doença é mais predominante no gênero masculino. A riparofilia em


mulheres é raridade.

CUIDADO: sujeira diz respeito à falta de banho, desodorante, entre


outros aspectos.

7.2.12. Urolagnia: é o prazer sexual pela excitação de ver alguém no ato da


micção ou apenas ouvir o ruído da urina.

Presença do contato direto ou indireto de micção (urinar). Muitas vezes


o sujeito pede ao parceiro(a) para urinar em si.

O simples fato de imaginar algo ao ouvir ruídos de micção não é caso


de parafilia. Na urolagnia é o sentir prazer.

7.2.13. Coprofilia: é a perversão em que o ato sexual se prende à defecação


ou pelo contato com as fezes.

77 Cromo inversão: Atração sexual forte para pessoas de cor diferente. Disponível
em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/1181460/medicina-legal-orientada/26>.
78 Etno inversão: Acentuada preferência sexual por pessoas de raça diferente.

Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/1181460/medicina-legal-


orientada/26>.
43
7.2.14. Coprolalia: consiste na necessidade de dizer ou ouvir palavras
obscenas a fim de excitá-lo.

O indivíduo só consegue sentir prazer sexual se ouvir/falar palavras


obscenas (não são palavras “picantes” ditas na hora da relação). OBS.:
senão ditas/faladas o sujeito não consegue a prática do ato sexual.

7.2.15. Edipismo: é o impulso ao ato sexual com parentes próximos


(somente). Seja pai com filha, filho com mãe, primo com prima.

Advertência: é mais abrangente do que o incesto (filho com os pais).

OBS.: Complexo de Édipo (na psicologia é o desejo pela mãe e ódio


pelo pai, ódio este inconsciente) ou Complexo de Electra.

7.2.16. Bestialismo ou zoofilia: é a satisfação sexual com animais domésticos.


É frequente no campo entre pastores e vaqueiros. Na Bolívia é conhecido o
ciúme das mulheres pelas Ilhamas (prática sexual de homens com ilhamas),
animais dos pastores montanheses.

Existem duas formas: a circunstancial (é aquela comum na zona rural,


em que os jovens inicial sua vida sexual com animais, sendo circunstância
passageira) e a patológica (para obtenção do prazer sexual). O sujeito só
sente prazer sexual pela prática com animais. Advertência: na maioria das
vezes a zoofilia circunstancial está diretamente relacionada com atos
criminosos, pois a patologia é doença de ordem psicológica.

OBS.: algumas doenças venéreas não são provenientes dos humanos,


como a “gonorreia” que era própria dos cachorros, bem como a Aids que
era proveniente dos “macacos verdes” (o africano têm o habito de praticar
relação sexual com os macacos e se alimentar de sua carne; sendo que a
carne crua pode transmitir a doença).

7.2.17. Necrofilia: se caracteriza pela obsessão e impulsão de praticar atos


sexuais com cadáveres.

O indivíduo somente têm prazer sexual com cadáveres. É predominante


no sexo masculino!

44
A título de curiosidade o indivíduo que possui essa parafilia costuma
procurar trabalhar em locais de fácil acesso à cadáveres.

7.2.18. Sadismo: é o desejo e a satisfação sexual realizado com o sofrimento


da pessoa amada.

Marquês de Sade praticou todas as variações de torturas e crueldades


para obter satisfação sexual.

7.2.19. Masoquismo79: é o prazer sexual através do sofrimento físico ou moral.


É mais comum em mulheres.

Sofrimento próprio. O termo “masoquismo80” vem de Masoch que


obrigava a mulher a praticar atos nele (dor física ou moral).

É parecido com o Sadismo. Existem locais em que o sujeito arca


financeiramente para sofrência pessoal.

7.2.20. Pigmalianismo: é o amor anormal pelas estátuas.

O indivíduo tem atração sexual com estátuas. É comum em praças


(relatos de faxineiros).

OBS.: doolismo? É variante da palavra “doll” (boneca), sendo a relação


afetiva com bonecas que simulam um ser humano, como no caso de
bonecas infláveis.

É desvio quando o indivíduo não consegue se relacionar com outros


seres humanos.

7.2.21. Pedofilia: é a predileção erótica por crianças (atração física). É


considerado como crime (vide art. 217-A, CP).

7.2.22. Erotismo (“desejo sexual hiperativo”): é o exagero do interesse sexual.


É um indivíduo que só pensa em sexo, é insaciável, sendo doença
psiquiátrica tratável. Exemplo: Michael Douglas.

79 20ª Aula (16 de outubro de 2015).


80O termo deriva de seu nome graças ao seu romance A Vênus de Peles (1870)
onde um dos personagens atinge o gozo após ser surrado pelo amante da sua
esposa. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Leopold_von_Sacher-Masoch>.
45
7.2.22.1. Homem: SATIRÍASE.

7.2.22.2. Mulher: NINFOMANIA.

Pode ser acompanhado de múltiplos orgasmos, mas nem sempre. As


duas têm fundamento patológico, doentio.

OBS.: período refratário = estágio de tempo entre um orgasmo e outro


do homem ou da mulher. No homem o período refratário é maior (mais
longo, cerca de quinze a vinte minutos entre dois orgasmos), enquanto que
a mulher poder ter múltiplos orgasmos em sequência.

7.2.23. Homossexualismo: tendência à prática sexual com indivíduos do


mesmo sexo. Até 1985 era considerado como parafilia (quando foi retirado
do Código Internacional de Doenças), sendo que hoje é orientação sexual.

Será parafilia quando o homossexualismo ocorrer fora dos “parâmetros


normais”. A questão é porque o indivíduo é homossexual? Genética (pessoas
da mesma família que são homossexuais, está no gene; não é patologia) ou
casos circunstanciais (aquela conduta sexual em que a circunstância
fornece a opção do homossexualismo, como no caso de presídios/colégios
internos).

Parece ser influído por fatores psicossociais com componentes


genéticos.

Nas mulheres é também chamado de lesbianismo ou safismo (também


tribadismo = esfregação da genitália feminina). OBS.: Safismo? Derivado do
nome de Safi, uma poetisa que viveu seis séculos antes de Cristo que
escreveu sobre o amor entre duas mulheres (nasceu na ilha de Lesbus na
Grécia), sem sofrer as consequências.

Manifesta-se principalmente em presídios, colégios, internatos e


conventos de frades/freiras. Nestes casos ao cessar a causa a parte pode
voltar a ser “heterossexual” (apenas para satisfazer o líbido).

Quando genética o indivíduo não consegue ir contra o


homossexualismo (não é opção do sujeito, ele nasceu dessa forma,
diferentemente do homossexualismo circunstancial).

46
OBS.: homossexualismo (ismo = indica patologia e também profissões,
crenças ou ainda fé) ou homossexualidade (dade = indica característica
pessoal ou doenças)? São a mesma coisa, sendo o primeiro utilizado no
plural e o segundo como característica pessoal.

7.2.23.1. Etiologia possíveis do lesbianismo: decepção com homens


(circunstancial), receio de gravidez (circunstancial), maus tratos de maridos
(circunstancial), solidão (circunstancial), genético (maior causa de
homossexualismo, não compete escolha), entre outros.

Exemplo: criança que sempre ouviu os pais reclamarem sobre o


“casamento”, que ao crescer o inconsciente pode criar o homossexualismo
circunstancial (dificuldade de relacionamento heterossexual).

7.2.23.2. Bissexual: é considerado como homossexual com preferência


também pelo sexo oposto (heterossexual).

O bissexualismo pode ser circunstancial (como no caso na infância ser


heterossexual e ao crescer se descobre homossexual, sendo que precisa se
ocultar para constituir uma sociedade; acontece muito com políticos) ou
genético.

7.2.24. Trans(indica movimento ou mudança)vestismo ou travestismo:


gratificação sexual no uso de trajes do sexo oposto.

É basicamente se vestir com roupas do sexo oposto. Nem sempre o


mesmo é homossexual.

O homossexual que se transverte tem maior tendência pelo sexo oposto


(gene).

No transvestismo o prazer se resume em se vestir como pelo sexo oposto,


não é requisito a relação sexual.

7.2.25. Transexualismo: é a não aceitação da própria identidade sexual.

O transexual busca através de hormônios e manobras cirúrgicas,


alcançar a harmonia entre o sexo idealizado psicossocialmente e a
morfofisiologia sexual desejada.

47
É mais grave em relação ao homossexualismo, pois ele se aceita. No
transexualismo o sujeito interpreta que a natureza agiu erroneamente em
relação a si (é mais sofrível).

OBS.: é muito frequente a tentativa de suicídio, bem como a troca de


sexo (genitais).

7.3. Considerações finais81:

O fetiche é sempre ligado ao sexo (como no caso de sujeito que tem


fetiche com pé na hora do sexo), totalmente diferente da compulsão
(compras ligadas ao emocional/dia a dia).

Ademais, o exibicionismo é o prazer sexual em mostrar a genitália,


sendo que o sujeito prática o ato sem correr risco, como quando ele se exibe
para crianças e idosos. OBS.: existe o exibicionista que anda com um
“macacão” da cabeça aos pés, ou seja, que tem prazer por “se exibir” (de
forma segura), sem ser conhecido e nem mostrar determinadas coisas.

8. OLIGOFRENIAS:

8.1. Introdução: oligofrenias são as deficiências na inteligência.

8.2. Inteligência: ainda não se sabe como dar uma definição mais correta,
existem diversas definições para a nomenclatura.

a) É a “função mental que permite aprender as conexões entre os


fatos”.

b) É “adaptar a situações novas através de variações da conduta”;

c) “É o conjunto dos elementos: compreensão, invenção, direção e


censura”;

d) “É a criatividade que permite o pensar abstrato (não é concreto, o


sujeito imagina) e a criatividade”.

OBS.: inteligência é muito mais amplo do que essas quatro acepções.

81 21ª Aula (30 de outubro de 2015).


48
Exemplo: queimadura por cigarro, sendo que uma pessoa que já se
queimou evita que o fato ocorra novamente (pela experiência e inteligência
impede que um fato dolosos ocorra novamente). Assim, não é necessário
que o ato ocorra novamente.

CUIDADO: a inteligência é automática, ou seja, ela usa experiências


antigas para se adaptar (reforma) a situações do cotidiano.

Advertência: a experiência não precisa ser sua, o sujeito pode ter lido
ou apreendido por terceiras pessoas. Exemplo: filho, não pode colocar o
dedo na tomada, pois você pode levar um choque.

8.3. Oligofrenias = é a deficiência mental, ou seja,

a) “É o desenvolvimento mental abaixo da média”: a média é


estatística, ou seja, calculada por meio do QI de todos os seres
humanos.

b) “É o estado em que a capacidade intelectual não atinge o nível


comum, sendo que em tais casos a inteligência não atinge seu fim
prático, que é a adaptação à vida social”: para a própria subsistência.
Assim, na oligofrenias existe uma dependência para com terceiros
pessoas.

c) “Oligo” = pouco e “Phreno” = espírito. OBS.: antigos relatam que os


deficientes mentais são pobres de espírito.
É termo introduzido na Psiquiatria por Kraepelin querendo significar um grupo
mórbido caracterizado por desenvolvimento mental incompleto, de natureza
congênita ou sobrevindo por causas patológicas no primeiro período da vida
extrauterina, antes do término da evolução das faculdades psicointelectivas, com
acentuado deficit da inteligência82.

8.4. Etiologia:

8.4.1. Endógena: hereditária, ou seja, o retardo mental é passado de


geração para geração.

82 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
49
8.4.2. Exógena: traumas precoces – traumas cerebrais, endocrinopatias
(como tireoide).
Refere-se, por conseguintes, a vários estados de parada do desenvolvimento
mental, seja este de natureza inata, ou consequente a causas patológicas, que
obraram nos primeiros anos da vida, mas antes que se desse o desenvolvimento
progressivo das faculdades psíquicas. É por isso que, nos oligofrênicos, a inteligência
é, desde o início de sua vida, extrauterina, manifestamente inferior à dos demais
indivíduos de sua mesma idade83.

8.5. Sintomas: existe basicamente três sintomas analisados pelos profissionais.

8.5.1. Psíquicos: diminuição da inteligência, debilidade do juízo crítico (o


sujeito não consegue criticar), falta de sentido ético (a ética faz parte do
comportamento normal da sociedade), egoísmo desenfreado (quanto mais
profundo for, mas egoísta o deficiente mental será), alteração da linguagem
(quanto mais profundo for).

8.5.2. Corporais: displasias constitucionais acentuadas (nanismo,


macrocefalia, microcefalia, macroglossia).

8.5.3. Neurológicos: paralisias (de quaisquer membros), convulsões,


sialo(saliva)rreia(corrimento), surdez, cegueira.

8.6. Quociente de inteligência (QI): não existe método seguro.

QI = idade mental x 100


idade cronológica

OBS.: para o caso do indivíduo de mais de 14 anos de idade


cronológica, adotar-se-á como divisor constante a idade de 14 anos.

8.7. Classificação dos Oligofrênicos - “Brisish Mental Deficiency Report”84:


existem diversas formas de medir a inteligência, uma delas é pelo QI.

Oligofrênicos Idade Mental (não importa QI


idade cronológica)
Idiotas 0 a 3 anos 0 a 20
Imbecis 3 a 6 anos 20 a 40
Débeis mentais 6 a 9 anos 40 a 65

83 CROCE, Delton; CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, 2012.
84 22ª Aula (06 de novembro de 2015).
50
O problema nessa classificação é em relação a idade mental de 10 a
14, por isso é insatisfatória, ou seja, fornece apenas uma ideia.

8.7.1. Classificação de Mira e López:

QI Oligofrênicos
80 a 90 Pouca inteligência
70 a 80 Debilidade mental leve (nem sempre é
perceptível)
50 a 70 Debilidade mental grave
10 a 50 Imbecilidade
0 a 10 Idiota

Classificação mais abrangente e chega mais próxima do ideal. OBS.:


todos nessa classificação são oligofrênicos.

8.8. Quanto à conduta social: são adaptados a vida social, com algumas
restrições.

8.8.1. Idiota (0 a 3 anos de idade mental): é o oligofrênico que não pode


cuidar de si mesmo de forma adequada e nem proteger-se dos perigos
físicos usuais.

Em resumo: não consegue viver por si só (é como se fosse um bebê).

8.8.2. Imbecil: é o que só dificilmente aprende a ler e escrever, e na vida


social só consegue desempenhar tarefas muito rudimentares. Exemplo:
conseguem praticar atividades essenciais do dia a dia, como no caso de
serviços domésticos e atender um telefone/campainha.

8.8.3. Débil mental: pode aprender a leitura, a escrita e o cálculo elementar;


dá conta de tarefas elementares quando orientado, mas não consegue
competir com indivíduos normais, nem dirigir seus negócios. OBS.: pode
inclusive fazer faculdade.

8.9. Inteligência e crime - “W. P. Root, Pensilvânia, EUA”: estudo norte-


americano sobre oligofrenias e infrações criminais.

Natureza da Infração QI

51
Homicídios 70
Arrombadores 81
Ladrões (violência contra a pessoa) 84
Falsários 103

A oligofrenia é considerada o mais importante manancial de


prostituição feminina.

9. DOENÇAS DA PERSONALIDADE:

9.1. Introdução: envolvem os grupos: neurótico, psicoses e esquizofrenias do


sujeito

Vem de “persona”, ou seja, máscaras que eram utilizadas nos teatros


(artistas desenvolviam diversas personalidades).

9.2. Neuroses85:

a) Caracterizam-se pela presença de angústia (característica em


comum, pode se manifestar em diversos graus);

Angústia: é a sensação de “aperto no peito” sem motivo


específico (explicação), sendo que existem mecanismos que disparam
a angústia (como experiências ruins na infância).

b) Ausência de patologia orgânica (física) ou de deficiência mental:


não é débil mental, a inteligência deve ser normal.

c) Contato com o mundo: é perfeitamente normal.

d) Senso de realidade intacto (apenas deformado): a realidade é


deformado, o sujeito interpreta corretamente, mas discorda em parte.

e) Indivíduo normal: mecanismo de emergência (defesa) normal das


pessoas = medo e cansaço (interpreta-se dor).

9.2.1. Tipos de neuroses:

85 23ª Aula (13 de novembro de 2015).


52
9.2.1.1. Neurose de angústia: angústia e medo sem causa aparente (defesa).

É a angústia excessiva sem causa aparente, podendo ou não


desaparecer rapidamente.

Tratamento: psicoterapia ou psicanálise, bem como tranquilizantes


(prescritos por médicos).

9.2.1.2. Neurastenia: cansaço sem causa aparente (cansaço exagerado que


não ocorreria em outras pessoas); fraquezas generalizadas, dores de
cabeça, perda de ambição; geralmente são hipocondríacos.

É tipo de neurose que aparece como cansaço físico, da qual se


manifesta inicialmente na infância.

9.2.1.3. Neurose fóbica: fobias injustificadas; medo exagerado de alturas,


trens, cobras, multidão, etc.

OBS.: são pequenas fobias que não interferem com o ajustamento total
à vida, são consideradas normais.

Advertência: o medo é natural ao ser humano, no caso o medo é


exagerado (desconfortável) e se manifesta de forma injustificada.

9.2.1.4. Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC):

 Pensamentos futuros hostis se intrometem na mente, contra a


vontade = deslocamento;

 Compulsões, contra a vontade = anulação do pensamento


hostil.

Exemplo: amarrar e desamarrar os sapatos várias vezes; lavar as mãos


durante horas; pisar só nas rachas da calçada, etc.

OBS.: alguns sintomas são normas em todas as neuroses, até certo limite,
sendo que quando passa a ser desconfortável, interferindo no dia a dia do
ser humano, passa a ser considerada como doenças da personalidade.

Advertência: a compulsão anula o pensamento hostil. Exemplo: lavar as


mãos durante horas.
53
A compulsão deve ser segura para anular o pensamento e deve ser
seguro para que ninguém tome conhecimento (disfarçadamente), no caso
do TOC, a compulsão não é segura.

Geralmente o portador de TOC tem a compulsão relacionada com o


n.º 3 (número cabalístico do TOC), ou seja, ele pratica a compulsão contra a
vontade três vezes para se sentir seguro de fato. Exemplo: três tapinhas; três
voltas no quarteirão para confirmar que não atropelará uma determinada
criança (é desconforto grande).

9.2.1.5. Neurose Histérica: “ganho secundário”. É tipo de neurose que


objetiva se livrar de alguma tarefa.

 Sintomas somáticos para atrair a atenção ou para se livrar de


alguma tarefa.

 “Paralisia de braço” e “tentativas de suicídio”.

Exemplo: soldado que se cura de um ferimento mas continua com os


sintomas da lesão; secretária infeliz com o trabalho que “contrai” doenças
como dores de cabeça, vômitos. OBS.: não é fingimento.

“Belle indifférence86” com relação aos sintomas.

9.3. Esquizofrenias: “demência precoce” que ocorre em jovens (são doenças


graves). Geralmente desenvolve a partir dos 14/15 anos.

86 "La Belle Indiférance" é uma expressão francesa que se refere à típica ausência
de preocupação em relação a sintomas incapacitantes, proeminente e
característica nos Transtornos Dissociativos e Conversivos (histéricos). Um exemplo
disso é a pessoa que acaba de ficar cega emocionalmente (cegueira histérica),
paralítica ou muda, e reage ou esboça emotividade a essa brutal incapacidade
com naturalidade.
La Belle Indifférence deve ser diferenciada da anosognosia, que é uma negação
de doença baseada numa distorção da imagem corporal, geralmente resultante
de uma lesão no lobo parietal. Na Belle Indifférence, a doença não é negada, a
pessoa se sabe incapacitada, a imagem corporal não está perturbada, mas o
indivíduo parece despreocupado com o grau em que os sintomas interferem com o
seu funcionamento. Como se fosse sua sina suportar o infortúnio. Disponível em
<http://www.psiqweb.med.br/site/DefaultLimpo.aspx?area=ES/VerDicionario
&idZDicionario=132>.
54
É crônico e incurável, mas existe a possibilidade de tratar-se os sintomas.

9.3.1. Tipos:

9.3.1.1. Catatônica: excitação extrema, dá pontapés, gritos, evacua, urina


(para chutar o mundo para longe e negar o que “julga errado”).

Podem morrer de tanto comer, ou por não comer ou ainda por


autoagressão (bater a cabeça).

Às vezes “flexibilidade de cera”.

OBS.: o catatônico quer negar o mundo, julga que muitas coisas estão
erradas no mundo.

9.3.1.2. Paranoide: tem aspecto de mania de perseguição (FBI, comunistas,


entre outros que o perseguem).

Às vezes podem ser ricos, poderosos, como Napoleão, César ou Deus.

Em resumo: o paranoico se julga muito importante, considera-se como


figura histórica ou que sofre perseguições.

OBS.: filme Mente Brilhante (convivia como uma criança imaginária que
nunca crescia).

9.3.1.3. Hebefrênica: regressão para uma época segura. É basicamente o


agir como se criança eternamente fosse.

Agem como crianças, com atitudes infantis.

Hebe = infantil/juventude (grego) e phrén = espírito/alma (grego).

9.3.1.4. Simples: personalidade “vagabunda”, perambulam pela sociedade,


como no caso de pedintes (esquizofrênicos simples parecem mendigos).

Não tem objetivo ou ambição na vida (movimento hippie? A quem


diga que o movimento hippie começou com alguns esquizofrênicos simples).

55

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