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1.

AGRAVAMENTOS DO TRAUMA CRANIOENCEFALICO

Os agravamentos pós traumatismo cranioencefálico (TCE) ocorrem


quando um trauma repentino danifica e interrompe o funcionamento normal do
cérebro. O TCE pode gerar profundos efeitos físicos, psicológicos, cognitivos,
emocionais e sociais. os agravamentos mais comuns são:
▪ Convulsões: ocorre geralmente após TCE moderado ou grave, podendo
ser gerais ou parciais, as de ausências são incomuns. Sendo
classificadas em:
Crises imediatas ocorrem nas primeiras 24 horas pós trauma.
Convulsões iniciais ocorrem nos primeiros 2 a 7 dias.
Convulsões tardias ocorrem após 7 dias.

▪ Hidrocefalia: ocorre quando a obstrução é no espaço subaracnóide. A


Hidrocefalia Comunicante é a forma mais comum após o TCE, os
pacientes podem apresentar náuseas, vômitos, cefaleia, papiledema,
demência, ataxia e/ou incontinência urinária.
▪ Trombose Venosa Profunda (TVP): apresenta uma incidência de 54%
em pessoas com TCE. Pacientes com TCE associado a imobilidade,
fraturas de membros inferiores, paralisia, interrupção da coagulação e/ou
fibrinólise tornam-se mais suscetíveis a desenvolverem TPV.
Como medidas profiláticas podem prevenir a TVP e deve ser iniciada o
mais breve possível, tais como, meias de compressão elástica,
compressão pneumática intermitente, filtros de veia cava, varfarina,
heparina não fracionada e/ou heparina de baixo peso molecular (HBPM).

▪ Ossificações heterotópicas: é definida como uma formação óssea


ectópica no tecido mole ao redor das articulações, ocasionando dor e
reduz a amplitude do movimento. Sendo mais comuns nos quadris,
joelhos, cotovelos, ombros, mãos e coluna vertebral. Os fatores de risco
relacionados à ossificação heterotópica em pacientes com histórico de
TCE são coma pós-traumático com duração superior a 2 semanas,
espasticidade dos membros e diminuição da mobilidade. O risco é maior
nos 3 a 4 meses após o TCE.

▪ Espasticidade muscular: A espasticidade é mais frequentemente


encontrada em TCE com lesões dos neurônios motores superiores. A
morbidade associada à espasticidade é variável. Em algumas pessoas, a
espasticidade pode auxiliar na extensão da perna para caminhar ou na
flexão do dedo para agarrar.

▪ Complicações gastrointestinais e do trato urinário: são os


agravamentos mais comuns pós TCE. Onde na incapacidade de urinar ou
evacuar completamente, faz-se necessário o uso de cateter intermitente
pode ser necessário durante o período de recuperação aguda.
As complicações gastrointestinais mais encontradas são: úlcera de
estresse, disfagia, incontinência intestinal e níveis elevados em testes de
função hepática. Já as complicações do trato urinário incluem estenoses
uretrais, infecções do trato urinário e incontinência urinária. Uma
avaliação apropriada para avaliar os sintomas do trato urinário e descartar
infecção é indicada. A micção cronometrada (paciente ser levado ao
banheiro a cada 2 horas durante o dia) é uma tentativa para auxiliar a
controlar a incontinência por transbordamento.

▪ Outros agravamentos pós TCE: Deficiências físicas, cognitivas e


comportamentais ao longo prazo são os fatores que mais comumente
limitam a reintegração do paciente à comunidade. Além de insônia,
ansiedade e depressão são complicações presentes em alguns indivíduos
pós TCE, assim como declínio cognitivo, cefaleia e abuso de substâncias.

2. AGRAVAMENTOS DO TRAUMA DE TÓRACICO

Segundo a Sociedade Mineira de Terapia Intensiva, o Trauma torácico é


qualquer lesão física que ocorre no peito (incluindo costelas, coração e os
pulmões) podendo levar à morte. O agravamento se dá quando as lesões
prejudicam a respiração, circulação ou ambas.

▪ Respiração pode ser comprometida tanto por lesão direta nos pulmões
(contusão pulmonar e ruptura traqueobrônquica) ou nas vias respiratórias
(hemotórax, pneumotórax e tórax instável), quanto por mecanismos
alterados da respiração.

▪ Circulação, por sua vez, pode ser prejudicada por: sangramentos que
levam ao choque; diminuição do retorno venoso, prejudicando o
enchimento cardíaco e causando hipotensão; lesão cardíaca direta, que
pode resultar em insuficiência cardíaca e/ou distúrbios de condução.

▪ O trauma pode gerar lesões sobrepostas umas às outras, além de


lesões em outras regiões, como, por exemplo, no abdômen.

Por este motivo, o atendimento à vítima de trauma deve seguir regras e


orientações de maneira que o diagnóstico seja rápido e ordenado, com
tratamento igualmente apropriado.

3. AGRAVAMENTOS DO TRAUMA ABDOMINAL

A natureza e a gravidade das lesões abdominais variam muito de acordo com


o mecanismo e as forças envolvidas, as lesões costumam ser classificadas pelo
tipo de estrutura danificada: parede abdominal, órgão sólido (fígado, baço,
pâncreas, rins), víscera oca (estômago, intestino delgado, cólon, ureteres,
bexiga) e vascularidade. Dentre os agravamentos tardios da Trauma abdominal
temos:
▪ Ruptura de hematoma tipicamente nos primeiros dias após a lesão às
vezes causando hemorragia tardia significativa. Algumas vezes os
hematomas na parede intestinal são perfurados, normalmente em 48 a
72 h após a lesão, liberando conteúdo intestinal e causando peritonite,
mas sem causar hemorragia significativa. Alguns hematomas costumam
reabsorver espontaneamente em dias a meses, dependendo do
tamanho e da localização.
▪ Empiemas epidural e subdural
▪ Obstrução intestinal ou do íleo:
▪ Extravasamento biliar e/ou biloma: é uma complicação rara da lesão
hepática e, ainda menos comumente, da lesão do duto biliar. O
extravasamento de bile pode resultar em dor, resposta inflamatória
sistêmica e/ou hiperbilirrubinemia.

▪ Síndrome compartimental abdominal é análoga à síndrome


compartimental nos membros após lesão ortopédica. Na síndrome
compartimental abdominal ocorre o extravasamento capilar mesentérico
e intestinal provocando edema tecidual intra-abdominal, ou seja, há o
aumento a pressão intra-abdominal causando dor, disfunção e isquemia
nos órgãos.

▪ Abcesso, obstrução intestinal, síndrome compartimental no


abdome e hérnia incisional tardia também podem ser complicações
do pós traumática abdominal.

Referências Bibliográficas

Pangilinan P. Classificação e complicações de lesão cerebral traumática.


Medscape 2020. Disponível em:
https://emedicine.medscape.com/article/326643 Medscape. Acesso em 19 de
março de 2022.
SOMITI. Trauma Torácico: Diagnóstico e Tratamento. Disponível em:
http://blog.somiti.org.br/trauma-toracico/. Acesso em 20 de março de 2022.
MDS. Visão geral do trauma abdominal. Disponível em:
<https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/les%C3%B5es-
intoxica%C3%A7%C3%A3o/trauma-abdominal/vis%C3%A3o-geral-do-trauma-
abdominal>. Acesso em 19 de março de 2022.
Holcomb JB, Tilley BC, Baraniuk S, et al: Transfusion of plasma, platelets,
and red blood cells in a 1:1:1 vs a 1:1:2 ratio and mortality in patients with
severe trauma. JAMA 313(5):471-482, 2015.

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