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TRAUMA ABDOMINAL

DEFINIÇÕES

O trauma abdominal é o sofrimento resultante de uma ação súbita e violenta por


diversos agentes, ou seja, uma lesão no abdômen. As lesões costumam ser
classificadas pelo tipo de estrutura danificada:

● Parede abdominal
● Órgão sólido (fígado, baço, pâncreas, rins)
● Víscera oca (estômago, intestino delgado, cólon, ureteres, bexiga)
● Vascularidade

CAUSAS
As principais causas de trauma abdominal é ferimentos por arma de fogo (trauma
aberto) e quedas (trauma fechado)

ETIOLOGIA
Traumas abdominais também são tipicamente categorizados pelo mecanismo da
lesão:

● Fechado: Trauma fechado pode estar relacionado com um golpe direto (p.
ex., chute), impacto de algum objeto (p. ex., queda sobre o guidão da
bicicleta) ou desaceleração repentina (p. ex., cair do alto, acidente de
trânsito). O baço é o órgão mais comumente afetado, seguido do fígado e
das vísceras ocas (tipicamente o intestino delgado).

● Penetrante: Lesões penetrantes podem ou não perfurar o peritônio e, se


perfurarem, podem não afetar nenhum órgão. É menos provável que as
lesões por arma branca danifiquem as estruturas intra-abdominais do que
lesões por arma de fogo; nos dois casos, qualquer estrutura pode ser
comprometida. Também deve-se avaliar o trauma penetrante no tórax abaixo
do quarto espaço intercostal (ou linha mamilar) como um potencial ferimento
abdominal por causa da localização dos órgãos abdominais no interior do
tórax durante o ciclo respiratório.

Classificação
Foram criadas escalas de lesão que classificam a gravidade da lesão nos órgãos de
grau 1 (mínima) a grau 5 ou 6 (maciça); a mortalidade e necessidade de correção
cirúrgica aumentam à medida que o grau da lesão aumenta. Há escalas para o
fígado, baço e rins

SINAIS E SINTOMAS
Costuma haver dor abdominal, mas a dor geralmente é leve e, portanto, facilmente
obscurecida por outras lesões mais dolorosas (p. ex., fraturas) e por um sistema
sensorial alterado (p. ex., por causa de ferimentos na cabeça, abuso de
substâncias, choque). A dor da lesão esplênica algumas vezes se irradia para o
ombro esquerdo. A dor de uma pequena perfuração intestinal costuma ser mínima
no início, mas piora de forma constante ao longo das primeiras horas. Pacientes
com lesão renal podem perceber hematúria.

Ao exame, os sinais vitais podem revelar indícios de hipovolemia (taquicardia) ou


choque (p. ex., urina escura, diaforese, alteração sensorial, hipotensão).

Inspeção
Lesões penetrantes, por definição, causam ruptura da pele, mas os médicos devem
se certificar de inspecionar o dorso, região glútea, flanco e parte inferior do tórax
além do abdome, particularmente quando há lesão por arma de fogo ou explosivos.
Lesões cutâneas costumam ser pequenas, com sangramento mínimo, embora
ocasionalmente as lesões sejam extensas, algumas vezes acompanhadas de
evisceração.

Palpação
Muitas vezes há dor abdominal. Esse sinal não é muito fidedigno porque as
contusões na parede abdominal podem ser dolorosas e muitos pacientes com lesão
intra-abdominal apresentam respostas equívocas ao exame se estiverem distraídos
por outras lesões ou tiverem alterações sensoriais, ou ainda se as lesões forem
principalmente retroperitoneais. Embora não muito sensíveis, quando detectados, os
sinais peritoneais (p. ex., defesa, rebote) sugerem fortemente a presença
intraperitoneal de sangue e/ou conteúdo intestinal.

DIAGNÓSTICO

Avaliação clínica muitas vezes, TC ou ultrassonografia. Como para todos os


pacientes com trauma importante, os médicos fazem uma avaliação completa e
organizada do trauma simultâneo à reanimação. Como muitas lesões
intra-abdominais cicatrizam sem nenhum tratamento específico, o principal objetivo
do médico é identificar as lesões que exigem intervenção.
Além disso utiliza procedimentos (exploração da lesão, lavado peritoneal
diagnóstico). pacientes geralmente devem ser submetidos a radiografias para
procurar ar livre sob o diafragma (indicando perfuração de víscera oca) e ver se uma
das cúpulas diafragmáticas encontra-se elevada (sugerido ruptura de diafragma). A
radiografia da pelve é feita nos pacientes com dor pélvica ou desaceleração
importante e um exame clínico duvidoso. Testes laboratoriais são secundários.

TRATAMENTO

Às vezes, laparotomia para controle da hemorragia, reparo do órgão, ou ambos


Raramente embolização arterial. Os pacientes recebem reanimação volêmica
intravenosa conforme necessário, tipicamente com cristaloides, ou seja, soro
fisiológico a 0,9% ou solução de Ringer-lactato. Mas os pacientes que parecem
estar em choque hemorrágico devem receber reposição volêmica para controlar os
danos até a hemorragia ser controlada. A reanimação para controle de danos usa
hemoderivados em uma proporção aproximada de 1:1:1 de plasma, plaquetas e
eritrócitos concentrados para minimizar a utilização de soluções cristaloides (1).
Alguns pacientes hemodinamicamente instáveis requerem laparotomia exploratória
imediata conforme descrito anteriormente. Para a maioria dos pacientes que não
exige cirurgia imediata, mas nos quais foram identificadas lesões intra-abdominais
durante o exame de imagem, as opções terapêuticas são a observação, a
embolização angiográfica e, com menos frequência, a intervenção cirúrgica.
Antibióticos profiláticos não são indicados quando os pacientes recebem tratamento
não cirúrgico. Entretanto, os antibióticos costumam ser administrados antes da
exploração cirúrgica quando os pacientes tiverem indicação de cirurgia.

TRAUMA TORÁCICO
DEFINIÇÕES
Os traumas torácicos são lesões no peito que podem ser resultantes de traumas
fechados ou penetrantes. As lesões torácicas, podem levar risco de óbito iminente
para as vítimas, como: Pneumotórax hipertensivo, hemotórax maciço e tórax
instável.

● Pneumotórax hipertensivo: ocorre quando há entrada de ar maciça entre


o espaço pleural, devido a traumas da parede torácica, evolução de um
pneumotórax simples ou traumas que acometem as o parênquima pulmonar.
O ar entra para a cavidade pleural sem possibilidade de sair, colapsando
completamente o pulmão. O mediastino é deslocado para o lado oposto,
diminuindo o retorno venoso e comprimindo o pulmão contralateral. O choque
decorrente dessa situação é consequente à acentuada diminuição do retorno
venoso, determinando uma queda do débito cardíaco, e é denominado
choque obstrutivo.
● Hemotórax maciço: O hemotórax maciço resulta do rápido acúmulo de 1.
500 ml de sangue ou de um terço ou mais do volume de sangue do doente
na cavidade torácica. Esse tipo de lesão é mais comum por lesões
perfurantes no tórax, mas também podem ocorrer por lesões contusas. A
grande perda de sangue para o espaço entre as pleuras, pode levar a choque
hipovolêmico do paciente.

● Tórax Instável: O tórax instável (retalho costal móvel) ocorre quando um


segmento da parede torácica não tem mais continuidade óssea com a caixa
torácica. É decorrente de traumas que afetam a caixa torácica, fraturando
dois ou mais arcos costais em diferentes lugares. A presença de um
segmento torácico instável resulta em grave prejuízo dos movimentos
normais da parede torácica.

CAUSAS
O problema pode ser causado por traumas contusos, como acidentes de carro,
quedas e impactos em geral, lesões penetrantes (por arma de fogo ou arma branca)
ou pela união de vários fatores, por exemplo, acidente automobilístico com contusão
e lesão penetrante associadas.

QUADRO CLÍNICO

● Pneumotórax hipertensivo: Dor torácica, Dispneia, Desconforto


respiratório, Taquicardia, Hipotensão, Desvio de traquéia, Ausência unilateral
de murmúrio, Distensão de veias do pescoço, Cianose.

● Tórax instável: Movimento paradoxal, Crepitação, Dor torácica intensa.

● Hemotórax maciço: Dispneia, desconforto respiratório, hipotensão, veias


do pescoço colabadas, desvio de traquéia, macicez a percussão torácica.

DIAGNÓSTICO
● Pneumotórax hipertensivo: Diagnóstico clínico. Pela ausculta de
murmúrios vesiculares, observação de desvio de traquéia, percussão
pulmonar.
● Tórax instável: Diagnóstico clínico (crepitação, dor, movimento paradoxal
da caixa torácica) e em alguns casos necessita-se de uma radiografia de
tórax.

● Hemotórax maciço: Diagnóstico clínico. Pela ausculta de murmúrios


vesiculares, observação de desvio de traquéia, percussão pulmonar, sinais
de choque hipovolêmico.

TRATAMENTO

● Pneumotórax hipertensivo: Para alívio da compressão, pode-se realizar


uma toracocentese de alívio, fazendo uma punção entre as linhas axilar
anterior e média, no quinto espaço intercostal. Mas, o tratamento definitivo
consiste na drenagem em selo D'água.

● Tórax instável: Analgesia + Reposição volêmica + Oxigênio suplementar

● Hemotórax maciço: Drenagem torácica em selo d 'água, reposição


volêmica com cristaloides e, se necessário, transfusão de concentrado de
hemácias. E, em muitos casos, necessita-se de uma toracotomia.

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