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de Trauma Abdominal 0
Trauma Abdominal
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Resumo de Trauma Abdominal 1
1. Introdução
O abdome pode ser fonte de sangramento importante que não é rapidamente
identificado, popularmente denominado sangramento "oculto". Diferentemente do
sangramento externo, aquele que ocorre nas cavidades do corpo não é visualizado e,
em suas fases iniciais, pode não apresentar sinais e sintomas evidentes, como a irritação
peritoneal e dor. A demora no diagnóstico da lesão abdominal é a maior vilã visto que
20 a 50% das mortes relacionadas ao trauma abdominal poderiam ser evitadas com um
diagnóstico rápido e preciso.
2. Anatomia do Abdome
Para o diagnóstico e tratamento do trauma abdominal, é de fundamental
importância que se valorizem os aspectos anatômicos desse segmento corpóreo.
A maioria dos autores divide a parede externa do abdome nas regiões anterior,
lateral (flanco) e posterior (dorso).
O flanco tem seus limites nas linhas axilares anterior e posterior bilateralmente,
desde o sexto espaço intercostal até as cristas ilíacas. Os flancos e a parede posterior
são progressivamente mais espessos e, portanto, menos vulneráveis aos ferimentos
penetrantes do que a parede anterior.
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O dorso está localizado na região posterior e tem como limites as linhas axilares
posteriores, as pontas das escápulas e as cristas ilíacas.
3. Mecanismos de Trauma
O traumatismo do abdome pode ser fechado (contusão abdominal), ocasionado
por forças de desaceleração/ transmissão de choque pela parede abdominal, ou aberto
(penetrante ou ferida abdominal), geralmente ocasionado por lesões por Projéteis de
Arma de Fogo (PAF) ou arma branca.
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4. Avaliação
História: No paciente instável hemodinamicamente, o ponto mais importante da
avaliação é verificar se existem evidências de sangramento abdominal que exija
intervenção cirúrgica imediata. Se esse for o caso, o doente deverá ser operado o mais
rápido possível. Nos pacientes hemodinamicamente estáveis ou que responderam bem
à reposição volêmica inicial, pode-se fazer um exame mais detalhado do abdome, que
se inicia com história clínica, principalmente em relação ao conhecimento do
mecanismo de trauma, e exame físico. Em relação ao trauma penetrante é importante
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saber qual foi o tipo de arma usado para causar a lesão: se era arma branca ou de fogo.
O tamanho da arma branca pode indicar a provável extensão da lesão, o tipo de arma
de fogo fornece dados sobre a velocidade e o tamanho do projétil, que se relacionam à
extensão do ferimento. A distância entre o agressor e a vítima também vai influenciar
na gravidade da lesão.
Exame físico
- Inspeção: O exame físico deve iniciar-se pela inspeção do abdome, todas as suas
faces devem ser examinadas: a anterior, as laterais, a posterior, o períneo e
também o gradil costal à procura de sinais de trauma da região abdominal
intratorácica. Sinais sugestivos de trauma abdominal são escoriações, abrasões,
lacerações e ferimentos penetrantes. Outros sinais são hematomas, equimoses,
abaulamentos, retrações e evisceração.
- Percussão: Pode produzir reação dolorosa caso haja irritação peritoneal. Quando
a percussão for timpânica, ela é capaz de revelar a presença de gás que pode
estar no peritônio ou em distensão do estômago ou do cólon. Quando o
peritônio estiver repleto de líquido, a percussão pode ser maciça.
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Fluxograma 2: Manejo do ferimento por arma branca em trauma abdominal penetrante.
Pneumoperitônio ou
pneumorretroperitônio
Peritonite
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6. Diagnósticos Específicos
Lesões diafragmáticas: As lesões de diafragma representam cerca ele 3% ele todas as
lesões abdominais. Podem ocorrer igualmente nos dois lados, no entanto, nos serviços
de emergência existe incidência maior de lesões no lado esquerdo. Em geral, as lesões
por ferimentos penetrantes são pequenas e raramente provocam herniação logo após
a lesão. Na maioria das vezes, são encontradas durante a laparotomia exploradora. Já
as lesões resultantes de trauma fechado são maiores, variando de 5 a 10 cm. Ocorrem
mais frequentemente na região póstero-lateral do lado esquerdo e produzem herniação
mais facilmente, a qual pode ser identificada na radiografia de tórax. Os achados da
radiografia são: elevação ou borramento do hemidiafragma, apagamento do contorno
do diafragma, sombra gasosa e sombra gástrica na projeção torácica. Caso não exista a
hérnia, a radiografia de tórax pode ser considerada normal. O tratamento da lesão
diafragmática deve ser feito por laparotomia e sutura da lesão com pontos separados
em "U''. Caso haja necessidade, pode-se drenar a cavidade pleural com dreno de tórax
tubular multiperfurado sob selo d’água do lado da lesão. A lesão diafragmática também
pode ser tratada por videolaparoscopia, em casos selecionados. As complicações
agudas mais comuns da lesão diafragmática traumática são: deiscência de sutura,
paralisia do hemidiafragma devido à lesão traumática ou iatrogênica do nervo frênico,
insuficiência respiratória, empiema ou abscesso subfrênico. Complicações mais tardias
são: a hérnia estrangulada e perfurada de vísceras abdominais e a obstrução intestinal
recorrente.
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objetos pesados sobre o epigástrio também podem provocar estas lesões. A lesão
isolada do duodeno pode provocar poucos sintomas na fase inicial. Essa lesão pode
sangrar e cair na cavidade gástrica, exteriorizando-se pela sonda gástrica. A radiografia
simples de abdome ou a TC também podem mostrar ar no retroperitônio, levantando a
suspeita de lesão de duodeno. O diagnóstico de certeza pode ser feito com radiografia
contrastada do tubo digestivo ou TC com contraste oral e endovenoso. O segredo para
o tratamento das lesões duodenais está na exposição adequada desse segmento de
intestino, que é conseguida com dissecção cuidadosa e ampla. A lesão particular do
duodeno que deve ser comentada é o hematoma duodenal. Embora possa ocorrer em
adultos, ele é mais frequente em crianças e resulta da compressão súbita sobre o
epigástrio. A instalação do quadro ocorre aproximadamente 48 horas após o trauma. O
doente queixa-se de dificuldade para comer e de vômitos associados a dor no epigástrio.
O tratamento do hematoma duodenal sem lesões associadas é um procedimento em
que se coloca sonda gástrica e aplica-se nutrição parenteral total. Habitualmente o
hematoma é reabsorvido entre 5 e 7 dias. Caso isso não ocorra, pode-se esperar até 15
dias para indicar cirurgia com objetivo de esvaziar o hematoma.
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pequenas, sem lesão do ducto principal, compreendem mais da metade das lesões
pancreáticas. O tratamento delas deve ser feito com hemostasia e drenagem. Caso
ocorra fístula pancreática, ela fecha em média em torno de trinta dias, somente com a
drenagem. As lesões pancreáticas distais, proximais e de cabeça de pâncreas associadas
a lesões de duodeno, via biliar e papila devem ser tratadas cirurgicamente. Para doentes
hemodinamicamente instáveis, pode-se fazer essa cirurgia em duas etapas. Na primeira,
realizam-se hemostasia e ressecção e na segunda executa-se a reconstrução. Nos
doentes estáveis hemodinamicamente, é possível operar em um só tempo, porém,
como se trata ele cirurgia de emergência, pode ser útil realizar o procedimento com
duas equipes, uma para ressecção e outra para reconstrução.
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- Reto: As lesões ele reto são por ferimentos penetrantes por projétil de arma de
fogo (80%), trauma fechado (10%) e o restante por via anal. Realiza-se a suspeita
ou o diagnóstico desta lesão em vítimas de ferimentos penetrantes de abdome
inferior, nádega e períneo. O exame mais simples é o toque retal, que pode
mostrar a presença de sangue, porém deve-se lembrar que o exame negativo
não exclui a lesão. A retossigmoidoscopia é o exame que pode mostrar o local e
a extensão da lesão. Em doentes hemodinamicamente normais, o exame pode
ser feito como parte da avaliação inicial. Em doentes hemodinamicamente
instáveis, a prioridade é o controle do sangramento com cirurgia, e em seguida
realiza-se o exame com o retossigmoidoscópio. O tratamento das lesões de reto
depende do mecanismo de trauma e da extensão e localização da lesão. Para as
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- Baço: Dentre os órgãos abdominais, o baço é o órgão mais lesado por trauma
abdominal contuso. Atualmente, existe uma tendência à preservação do baço
sempre que possível. Os que apresentam lesão esplênica associada a lesão de
vísceras ocas ou a lesões de outros órgãos que necessitam de tratamento
cirúrgico devem ser operados imediatamente. Os doentes que apresentam lesão
esplênica isolada ou lesão esplênica associada a outras lesões de órgãos
parenquimatosos que não necessitam de tratamento cirúrgico podem ser
candidatos a tratamento não-operatório. Caso durante a cirurgia exista lesão
esplênica importante com sangramento ativo em doente instável
hemodinamicamente realiza-se a esplenectomia o mais rápido possível para
controlar o sangramento. Além do estado hemodinâmico, outros fatores devem
ser considerados, tais como a idade, o estado clínico do doente, seu nível de
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Referências bibliográficas
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