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10/03/2016
Paciente de traumatismo
Emergência é o paciente em risco eminente de morte. A urgência já dispõe de algum tempo para
estabilizar, para se fazer algo. Não precisa de uma atenção tão imediata.
Uma equipe de emergência deve ter uma abordagem sistematizada, com treinamento da equipe
de emergência. Na emergência não há a anamnese habitual, portanto criou-se a anamnese CAPUM:
cena do traumatismo, alergia, passado (traumas passados, se há algum calo ósseo, lesão cirúrgica,
algo que possa ser confundido com a lesão atual) , última refeição, medicação em uso.
A avaliação clínica se dá pelo ABCDE do trauma: airways, breathing, circulation, disability e
exposure.
Vias aéreas
Deve-se saber se há alguma obstrução, primeiramente. De qualquer maneira, deve-se
estabelecer uma via aérea patente. Devemos abrir a boca, conferindo se há coágulos ou algo do
gênero. Faz-se a entubação para manter o acesso, podendo ser necessário uma traqueostomia, por
exemplo, em caso de edema de glote ou demais complicações.
*Se tem ar no subcutâneo, enfisema, indica lesão de traqueia.
Boa ventilação
Nesse tópico, o ar chega aos pulmões, mas o animal não respira. Pode ocorrer no caso de
pneumotórax, edema pulmonar, etc. Ou seja, por lesões pulmonares (ruptura, congestão), lesões na
parede costal (tórax instável por fratura de costela), e lesões no diafragma (acabam com a pressão
negativa).
O pneumotórax pode ocorrer por ruptura de pumão, no qual o ar inspirado “vaza” para o tórax,
anulando a pressão negativa. É mais grave. O pneumotórax aberto é quando há perfuração na parede,
e é menos grave.
Outra lesão que pode atrapalhar a ventilação é a hérnia diafragmática. A respiração fica rápida e
curta pela dificuldade de expansão pulmonar.
A ventilação é avaliada por alguns parâmetros como a coloração das mucosas. Pode-se
observar a mucosa gengival, a conjuntival ou até a peniana para identificar cianose. É também
importante inspecionar o auscultar o tórax.
Constatada a dificuldade respiratória, é importante fornecer oxigênio da maneira que for possível:
máscara facial, cateter nasal (com lidocaína na ponta), gaiolas de oxigenação, tenda de oxigênio, etc.
Se o animal não estiver respirando, é necessário entubar e fazer a respiração por ele, manual ou
automática.
No caso de pneumotórax é preciso fazer a drenagem de ar. Com uma compressa empapada de
solução fisiológica se pressiona a ferida para vedar a entrada de mais ar, enquanto se encaminha o
animal para cirurgia. Então se faz uma toracocentese. Pode-se usar a torneira de três vias, por
exemplo. Entre o 6º-8º espaço intercostal se faz a incisão, então se deita a seringa para evitar o
pulmão. Há a possibilidade de colocar o dreno de tórax, que é muito vantajoso em pneumotórax
fechado. Há ainda sanfona coletora e o selo d’água.
No caso de tórax instável, há duas possibilidades. A primeira dela é imobilização externa,
quando há dificuldade de fazer a cirurgia (descompensação, etc). Há alguns coletes que possam ser
utilizados, mas precisam ser adquiridos para tamanhos específicos. Pode-se também usar acrílico,
fazendo como uma chapa do tamanho do animal, passando fios por baixo das costelas e então por fora
atando-os a essa chapa, permitindo a estabilização dos ossos. A segunda opção é a estabilização
interna, que requer cirurgia aberta e osteossíntese, que pode ser difícil em virtude da largura das
costelas.
No caso de hérnia diafragmática é necessário fazer cirurgia, não há outro tratamento.
Lembrando, sempre, de reestabelecer a pressão negativa após a cirurgia.
Circulação
Avaliar frequência cardíaca e ritmo cardíaco. Procurar por sopros ou qualquer alterações, de
preferência palpando o pulso simultaneamente, para saber se o batimento gera um pulso. O pulso
arterial também é importante para avaliar a pressão arterial. Também devemos avaliar a mucosa para
aferir a irrigação.
Deve-se atentar para a volemia, de modo a evitar choques hipovolêmicos por hemorragias
externas ou internas. As externas têm a vantagem se serem visíveis, ao passo que as internas são de
mais difícil detecção. A hemorragia interna pode ser detectada através de punções torácicas e
abdominais (em quadrantes, evitando o caudal esquerdo pois é a localização do baço).
Os sinais de hemorragia são mucosas hipocoradas, pulso rápido e fraco e alteração de
consciência. Sendo externa, devemos estancar o sangramento, pinçar vasos, etc. Devemos fazer um
acesso para reestabelecer a volemia (veias cefálica, safena, jugular), e, se necessário, flebotomia. Para
estabilização se usa cristalóide, colóide ou sangue total. No caso de hemorragia interna, a única opção
é a intervenção cirúrgica.
Deambulação
Para tentar avaliar o trauma é importante colocar o animal para caminhar, tentando detectar
fraturas, lesões neurológicas (TCE, danos medulares), luxações, etc. Pode pedir para o proprietário
chamar, tentar dar petiscos e realização de demais testes de reflexos para observar as reações do
animal.
Exposição
É necessário fazer tricotomia para de fato ver o que está acontecendo: lesões cutâneas, fraturas,
avulsões, etc. A tricotomia é imprescindível para estabelecer o quadro real e o comprometimento do
tecido.
É só nesse tópico que se pensa em fazer uma estabilização de fratura, um raio-x. Os outros
aspectos devem ser atendidos antes.
PARADA CARDIORESPIRATÓRIA
Nesse caso é necessário muito preparo e rapidez. É interessante separar bem certinho as
ampolas e manter as doses anotadas em locais de fácil acesso. É importante ter uma sala de
emergência, e minimamente, uma maleta de emergência com cateteres, agulhas, butterflies, atropina,
adrenalina, traqueotubo, ambu e alguns materiais cirúrgicos para possível intervenção emergencial.
Deve estar tudo previamente organizado.
A equipe ideal de emergência é composta de quatro pessoas: alguém para massagear, alguém
responsável pela ventilação, alguém responsável pela anestesia e medicamentos e um volante. Uma
função muito importante para esse volante é aferir o pulso, pois se a massagem cardíaca não gerar
pulso, ela não é eficaz.
A massagem cardíaca externa é em decúbito lateral. Deve ser feita com as mãos cruzadas logo
atrás do cotovelo, com o peso do tronco. Se necessário pode-se colocar o animal no chão, ajoelhando
atrás dele de modo a impedir que o animal escorregue. Na massagem interna se abre o tórax e
comprime o coração com uma mão.
De acordo com a literatura, com mais de uma pessoa para ventilar se faz 1 insuflação pulmonar
a cada 5 massagens. Estando sozinho, se faz 2 insuflações a cada 15 compressões cardíacas.
Todavia, em 2012, um grupo propôs a massagem cardíaca ininterrupta desde o princípio do
atendimento emergencial, inflando o pulmão um pouquinho de acordo com a contagem fisiológica.
Depois de entubar e iniciar a massagem é importante canular alguma veia e conectar eletrodos
do monitor cardíaco.
A adrenalina é usada no caso de parada cardíaca, na dose de 0,2mg/kg, intratraqueal,
intravenosa e intracardíaca, preferencialmente intravenosa. A via intracardíaca é evitada porque, se
erroneamente injetar no miocárdio, causa-se isquemia. Se o coração estiver fraco, quase parando, se
usa atropina 0,02-0,04mg/kg.
O desfibrilador só deve ser usado em caso de fibrilação ventricular. Não adianta usar no caso de
inatividade elétrica do coração, portanto é inútil em paradas. Pode ser feita externamente ou
internamente. Externamente se coloca um eletrodo na base e outro no ápice. Internamente, se abre o
tórax e coloca o eletrodo específico de cada lado do coração.
Depois que o coração voltar a bater se controla com atropina (0,04mg/kg IV) ou infusão contínua
de dopamina (10 ug/kg/min IV). Deve-se ter a certeza de que o coração está batendo por conta antes
de suspender totalmente a medicação.
17/03/2016
Cicatrização óssea e classificação de fraturas
Fratura é uma ferida, uma solução de continuidade em osso. A função óssea é a de sustentação,
de alavanca. O que causa fraturas geralmente são traumas (quedas, atropelamentos, etc), mas também
podem decorrer de doenças metabólicas (fratura em talo verde, por exemplo) e neoplasias
(osteossarcoma, por exemplo).
Os ossos mais fraturados são os ossos longos (onde o parachoque bate), então fêmur, tíbia,
úmero, rádio e ulna, e também a pelve (geralmente quando o carro passa por cima). Atropelamentos
são as principais causas de fratura.
Anatomia do osso
Um osso longo tem duas epífises (proximal e distal) e uma diáfise, que é a parte do meio do
osso. As metáfises são as zonas de transição entre as epífises e a diáfise (é meio imaginária). A epífise
é a parte do osso esponjoso, e a diáfise é a parte do osso cortical, duro. Em volta do osso existe uma
membrana, o periósteo, com vasos sanguíneos e terminações nervosas. Influencia muito na
cicatrização. Por dentro é o endósteo que reveste o osso.
Dentro do osso existe uma artéria principal, a nutriente principal. Em fraturas ela é rompida. Há
também artérias metafisárias, epifisárias e periosteal. Por isso se interfere o mínimo possível no foco da
fratura, para não comprometer a vascularização.
O que faz consolidar a fratura é o calo ósseo, um aglomerado de tecido conjuntivo, temporário,
com essa função. É reabsorvido com o tempo.
Princípios
Suprimento e estabilização. Ou seja, a mínima destruição de vasos sanguíneos com a máxima
estabilização. Faltando uma dessas coisas não irá consolidar.
30% das células são diferenciadas pelo periósteo e 70% pelo endósteo, então temos que tomar
cuidado com o que colocar no canal medular.
União óssea
Há a consolidação direta (primária e secundária) e indireta. A consolidação direta primária não
existe, é utópica, consistindo em aproximar as duas partes impecavelmente. No dia a dia, acontece a
consolidação direta secundária, colocando o osso frente a frente, mas havendo uma lacuna, linha de
fratura, ainda que minúscula. Há formação de calo ósseo.
A indireta é típica de estabilizações externas, havendo possível deformação interfragmentar,
comprometimento da irrigação e possibilidade de lacuna muito larga para aproximação. Também há
formação de calo ósseo.
*Na fratura de avulsão se coloca dois pinos e uma bandagem em “8” com fio de aço. Em animais ocorre
geralmente em quedas.
Tratamento
Feita a estabilização do animal, devemos pensar no tratamento da fratura propriamente dita. É
necessário fazer tricotomia ampla e lavar bem a região, tirando bem a sujeira grosseira (pode ser com
água mesmo). Se faz uma limpeza com solução fisiológica para só então pensar no que fazer. No caso
de fraturas expostas, é importante cobrir esse osso até a cirurgia (pode ser com compressa umedecida,
ou arrastando o subcutâneo para cima).
Deve ser feita uma imobilização temporária, um acesso, analgesia, antibióticos (se necessário,
sempre é em fraturas expostas), e proteção da porta de entrada na fratura exposta, até o momento da
cirurgia.
Antibiótico deve ser usado em pacientes com trauma grave em tecidos moles ou duros, com
fraturas múltiplas, no caso de procedimentos traumáticos e fraturas expostas. Todas essas fraturas têm
maior possibilidade de contaminação pós-operatória, e portanto requerem antibioticoterapia
pós-cirurgia.
Os microorganismos existentes em feridas cirúrgicas são Staphylococcus e E. coli, geralmente. É
sempre bom pedir cultura e antibiograma, mas, quando não for feito, geralmente se inicia com
Cefazolina (22mg/kg a cada 8 horas, de 7-10 dias).
Imobilização externa
Imobilizações externas são recomendadas para fraturas simples e transversas (estáveis), e
quando se consegue imobilizar uma articulação abaixo e acima do foco da fratura. Em fêmur e úmero,
por exemplo, não conseguimos fazer, pois não se pode estabilizar a articulação acima. Ou seja,
funciona para tratamentos do joelho e cotovelo para baixo.
Tem a vantagem de ser mais simples, não exigir muito conhecimento e apenas certa habilidade.
A desvantagem é que o animal precisa ser bem monitorado pelo proprietário (sem estripulias).
O princípio da imobilização externa é a rigidez articular, 30 dias com o membro parado.
Para o procedimento, o animal deve estar anestesiado, as articulações adjacentes devem ser
imobilizadas, 50% do osso deve estar em contato, deve-se acolchoar em volta e se colocar uma
atadura. Pode ser temporária ou definitiva, dependendo da qualidade da imobilização.
Para colocar o osso no lugar, se anestesia o animal, perdura o membro numa haste de soro e
deixa a distensão muscular ocorrer naturalmente. Há várias outra técnicas também.
Gesso não se usa em pequenos animais, é muito pesado e não pode ser molhado. Podemos
usar bandagens de Robert Jones (algodão ortopédico e atadura), muletas de Thomas, tipoias de
Ehmer, bandagens de Velpeau, talas e canaletas.
Tipoia de Ehmer é para imobilizar a articulação coxofemoral. A de Velpeau é para imobilização
escapular. Talas existem comerciais, de PVC, etc.
Aqui se usa bastante as canaletas de alumínio. Deixa 7 dias e retorna, ela não pode molhar
senão pode haver necrose. É vantajosa por ser bem levinha. Também funciona para problemas de
má-formação em bebês. Tem o revés de causar dermatites, sempre. Tem que alertar o proprietário.
24/03/2016
Introdução
Inspeção visual
● Pelagem longa (dificulta observação);
● Postura em estação;
● Desvio do peso;
● Posição da cabeça e pescoço, arqueamento do dorso (significa ou dor, ou que o animal está
compensando o peso).
● Ex: contratura do músculo quadríceps (por isquemia, por vezes iatrogênico, o músculo
praticamente seca, ficando como um tendão, e a perna fica dura, esticada; não tem tratamento).
Simetria musculoesquelética
● Aumentos de volume ou tumefação;
● Atrofia muscular;
● Desvios angulares;
● Dedos do pé sadios;
● Unhas.
Avaliação da marcha
● Locomoção normal: movimento controlado e deliberado do centro de massa do animal de um
ponto a outro.
● Interferência da locomoção normal: claudicação.
● Sinal clínico: indica dor, enfraquecimento, deformidade ou outro impedimento do sistema
musculoesquelético.
● Classificação: distúrbio de sustentação de peso ou da não sustentação do peso.
Classificação da claudicação
I - Não há uso nem apoio do membro.
II - Não há suporte de peso em estação, mas claudica ao caminhar, elevando-o ao correr;
III - Não há suporte em estação. Uso normal ao caminhar, às vezes claudica ao correr.
IV - Uso e apoio normal em estação e ao caminhar, as vezes claudica ao correr.
V - Normal.
Palpação
● Palpação sem medicamento;
● Sedação ou anestesia (animal de porte grande, possível relação dolorosa, relaxamento
muscular) após palpação sem medicamento;
● Estruturas;
● Posição: estação ou decúbito;
● Iniciar por membro sadio;
● Comparar lado anormal e sadio;
● Superficial e profunda;
● Palpação de articulações;
● Atrofia muscular: dor ou paresia (aguda, severa e localizada).
Luxação escápulo-umeral
● Palpar acrômio em relação ao tubérculo maior do úmero;
● Comparar com membro sadio;
● Não é frequente e é de difícil correção.
Membro torácico
● Úmero. Exame neurológico:
○ teste de propriocepção;
○ reflexo de retirada;
○ atrofia muscular.
● Luxação de cotovelo.
● Examinar falanges, coxins e espaços interdigitais individualmente.
Membro pélvico
● Dor, crepitação, instabilidade, sons anormais e alterações na amplitude de movimento;
● Delimitação triângulo: tuberosidade isquiática, crista ilíaca e trocânter maior do fêmur (o normal é
estarem em triângulo, não em linha).
Articulação coxofemural
Avaliação do comprimento dos membros (se luxar para cima, a perna fica mais curta, se luxar
para baixo, mais comprida em relação a outra).
Joelho
● Conformação de membros (valgus, varus).
● Teste do sentar;
● Joelho e jarrete;
● Sadio: completa flexão do joelho, calcâneo se aproxima do ísquio.
Coluna vertebral
● Parte do exame neurológico;
● Claudicação.
Distúrbios musculares
● Pesquisar;
● Lesões traumáticas;
● Contraturas;
● Flacidez;
● Rigidez;
● Atrofia;
● Hipertrofia.
05/07/2016
Luxações
Diagnóstico diferencial
Luxação e entorse.
Luxação é deslocamento permanente de uma articulação. Para tal tem que haver ruptura do
ligamento e laceração e ruptura da cápsula. Há bastante edema, dor, e alteração de eixo. As
articulações não mais ficam em contato.
O entorce é semelhante, mas temporário. Há edema e reação inflamatória. Após alguns dias a
inflamação regride.
Tipos de luxação
● Luxação: sem contato articular.
● Subluxação: luxa uma parte, mas não totalmente, havendo ainda um certo contato entre
articulações.
09/06/2016
Eletroterapia
Fibras musculares
● Tipo I:
○ Vermelhas, oxidativas, contração lenta;
○ Predomina nos músculos posturais;
○ Resistentes à fadiga;
○ Atividade de longa duração (aeróbica);
○ Estimuladas de forma voluntária.
○ São as mais afetadas por degeneração pois são as fibras de sustentação.
● Tipo II:
○ Brancas, contração rápida e potente;
○ Menos resistentes à fadiga;
○ Atividades de curta duração (anaeróbica);
○ Pode ser estimulada por eletroterapia.
● Tipo IIA (intermediárias):
○ Sistema glicolítico (anaeróbico);
○ Sistema oxidativo.
● Tipo IIDog:
○ Predomina sistema glicolítico.
○ Enzimas mitocondriais reduzidas.
Contração isométrica é quando o músculo contrai para produzir tensão, sem alteração do seu
comprimento, em movimento de articulação. A contração isotônica é mais comum. Na isotônica
concêntrica o músculo diminui em comprimento. Na excêntrica o contrário.
Os parâmetros incluem frequência (numero de pulso por segundo), duração do pulso (tempo em
que o fluxo de carga desloca para ambos os sentidos), on/off (quantidade de tempo em que o
estimulador libera da corrente elétrica), e amplitude (quantidade de corrente)
Sequência de estimulação
1. Nervos sensoriais (mais superficiais).
2. Nervos motores (maior diâmetro) - contração muscular.
3. Fibras dolorosas (caso o animal sentir dor devemos recuar a carga).
4. Fibras musculares.
Os eletrodos podem ser de silicones ou auto adesivos. É importante tirar sujidades e cortar o
pelo, pois oferecem resistência a corrente elétrica. Não é mandatório fazer tricotomia, sendo possível
cortar em animais de pelo longo, mas é imperativa a limpeza.
Colocação de eletrodos
● Estimulação local (TENS): eletrodo diretamente sobre a área da dor, ou longitudinal ou
transversal. Alta frequência e baixa intensidade.
● Estimulação do nervo periférico: coloca o eletrodo acima do local da dor (como se faz com
bloqueios).
● Estimulação elétrica: ponto motor, onde o nervo penetra na musculatura.
Hidroterapia
Muito utilzada para lesões ortopédicas e neurológicas. Tem a vantagem de que podemos usar
água quente, que ajuda a melhorar o fluxo sanguíneo. Há duas formas básicas de ser feita: pela esteira
aquática (controle do nível de água e peso que o animai terá sobre o membro) ou na piscina.
A água tem flutuabilidade, efeito hidrostático (empurra o paciente) e viscosidade (promove
resistência, logo ganho de força muscular).
A água não pode ser muito quente, ajudando a melhorar o fluxo e ?? sensorial. Também pode
aliviar dor, como visto na questão de duchas.
A esteira tende a ser mais vantajosa, sendo possível tê-la.
A piscina pode ser usada para condições cardiovasculares, pra perder de peso e exercícios de
resistência. Para animais após cirurgia devemos iniciar a terapia após remoção de suturas. Não tem
trauma articular, alguns animais gostam, fortalece vários grupos muculares, etc. Tem a desvantagem de
ser onerosa, precisa de manutenção, necessita secadores, funcionários, controle da água, etc. A
profundidade deve ser 1-1,2 metros.
Já a esteira aquática permite avaliação da marcha pelo vidro, controla-se o nível de água, o peso
que o animal terá sobre a pata.
O tratamento não pode exceder 4 sessões semanais, sendo 2 o ideal. Deve ser um treinamento
de cerca de 3-5 minutos, inicialmente, e entre 10-20 no máximo em sessões posteriores, e o aumento é
de acordo com a capacidade do paciente.
Não colocar cães que tem medo de água abruptamente na hidroterapia.
Se o animal está com dor, geralmente o nível da água deve estar acima do local doloroso. Com a
água no nível do maléolo lateral, o animal suporta 91% de seu peso e a água 9%, sendo para animais
que já estão conseguindo apoiar. E na altura do epicôndilo lateral, o animal suporta 81% de seu peso.
Quando no nível do trocânter maior, ele suporta 38% de seu peso.
16/06/2016
Massagem e cinesioterapia
Massagem
Manipulação de tecido através de mãos ou equipamentos. Promove aquecimento local (efeitos
circulatórios), permite desfazer aderências, promove relaxamento muscular, diminui espasmos,
promove retorno venoso e fluxo linfático (redução de edemas), e permite neuromodulação da dor.
*A neuromudalção da dor ou regulação ascendente é a teoria das comportas, vista em aula passada.
Trata-se de um controle medular da passagem de dor.
As contraindicações da massagem são locais com inflamação, infecção, dermatites, neoplasia e
hipertermia.
Há alguns tipos de massagem como:
● Deslizamento: pode ser feita com a mão inteira ou só com dedos, de maneira rápida e vigorosa,
geralmente feita antes de alguma modalidade de fisioterapia, aquecendo o local como
preparação para demais técnicas.
● Pregueamento: para desfazer aderências. Pode ser feita após o deslizamento (aquecimento)
para bons resultados.
● Compressão circular: geralmente feita em regiões de linfonodos para liberação de vias linfáticas.
Pode ser sucedidas por massagens de retorno venoso. Também é útil para desfazer aderências.
● Retorno venoso: é uma massagem na qual se comprime deslizando os dedos, sempre em
direção ao coração. Felinos aceitam bem. Ajuda e diminuir edemas.
Cinesioterapia
Propriocepção é a capacidade que o indivíduo tem de reconhecer seu corpo no espaço, sua
posição, orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às
demais, sem utilizar a visão. Os neurônios proprioceptores têm ação muita rápida e estão
constantemente mantendo o equilíbrio postural. Estão localizados nos corpúsculos de Ruffini, no fuso
muscular e no órgão tendinoso de Golgi. Nos coxins também há muitos receptores proprioceptivos.
A fibra muscular vermelha (tipo I) tem irrigação abundante, metabolismo mitocondrial (aeróbico),
velocidade de contração lenta e altamente resistente. A fibra muscular branca (tipo II) tem irrigação
pobre, velocidade de contração rápida, mas é altamente fatigável. A atrofia muscular se inicia com
menos de 72 horas de imobilização ou desuso.
A cinesioterapia também é importante para evitar degeneração articular e perda de líquido
sinovial.
Da mesma forma, há perda irreversível de tecido ósseo após 12 semanas de imobilização ou
desuso.
Em suma, é importante aplicar uma terapia para evitar sequelas de desuso.
Há exercícios passivos e ativos. E também cadeia cinética aberta e fechada (ver slides).
As ações fisiológicas incluem melhora da circulação sanguínea e linfática, evitando edema,
manutenção ou ganho da amplitude articular, alongamento das estruturas (flexibilidade), melhorar
função, despertar a consciência do movimento e reestabelecer o esquema corporal.
Os exercícios de alongamento e movimentação passiva servem para manutenção ou ganho de
flexibilidade, ganho de amplitude articular, prevenir aderências e contraturas, diminuir tensão,
relaxamento, preparar o músculo para exercício ativo e para melhorar a coordenação motora. São
contraindicados em caso de processos inflamatórios ou infecciosos agudos, fraturas instáveis e
neoplasias. Pode ser aplicada nos demais casos.
Para alongamento, faz-se a extensão do membro sem provocar dor, mantendo desta maneira
por cerca de 15-20 segundos. Pode-se fazer inclusive alongamento de coluna na bola ou rolinhos para
pacientes pós cirúrgicos, por exemplo, para correção da postura. Pode-se também fazer flexão e
movimentação passiva de cada articulação, em 15-30 ciclos (cada ciclo é uma extensão e uma flexão),
e movimentação passiva global (movimento de bicicleta). No caso de déficit proprioceptivo, podemos
pinçar o espaço interdigital, fazendo uma certa resistência ao impulso de contração do animal para
estimular a musculatura.
Os exercícios terapêuticos podem ser assistidos ou não. Podemos usar para fortalecimento
muscular, evitar atrofia muscular ou fazer hipertrofia, reeducação muscular e proprioceptiva
(coordenação motora), redução de peso corporal e eliminar claudicação.
Podem incluir:
● Caminhada com guia: ótimo exercício para o animal voltar a usar o membro.
● Esteira seca: para o mesmo propósito.
● Trote e corrida: também em caso de recusar em apoiar a pata, para animais que estão apoiando
em caminhada.
● Tipóia corporal: exercício assistido em que se ajuda o paciente a se estabilizar caso ele consiga
fazer o movimento dos membros, mas não consiga se equilibrar sozinho.
● Pista proprioceptiva ou sensorial: pista com vários tipos de solo, que acabam por melhorar essa
propriocepção do paciente. Também para melhorar questões de apoio por exigir que ele use os
membros todos para manter o equilíbrio em solos diferentes.
● Caminhada em colchão: ajuda e melhorar a coordenação do paciente.
● Escova: recomenda-se para o proprietário fazer em casa, para animais que não estão aptos a
caminhar ainda na pista, de modo a estimular os proprioceptores.
● Tábua proprioceptiva: tábua “bamba” que exige que o animal faça contração muscular para
manter seu equilíbrio, estimulando as fibras de tipo I e resposta proprioceptiva.
● Bola: o mesmo princípio da anterior, coloca-se o animal sobre a bola (total ou parcialmente),
rolando-a para estimular contração. Se o animal não estiver apto a fazer o movimento, só de
deixá-lo apoiado na bola já estimula a contração.
● Aclive e declive (rampa): aumenta a dificuldade gradativamente. Subir a rampa desloca o peso
para membros pélvicos, e descer para os membros torácicos. O exercício irá depender da
condição.
● Escada.
● Carrinho de mão ou dança: funciona tal como a bola, estimulando os posteriores.
● Uso de habilidades (sentar, levantar, dar a pata).
● Zigue-zague: para animais com deficiência proprioceptiva, que ainda estão sem equilíbrio.
● Obstáculos: movimentação articular e controle de movimentos.
● Túnel: interessante pois o animal precisa fazer flexão, manter a flexão e caminhar. Exige que
tenha havido tempo de cicatrização dos tecidos.
23/06/2016
Fisioterapia
Ajuda a reduzir o tempo de recuperação. Evidente que temos associar com o manejo em casa e
alimentação.
Deixar o membro em desuso contribui para diversos processos que prejudicam a recuperação:
as fibras de colágeno dos tendões se desorganizam, tornando-o rígido, musculatura fica atrofiada
(principalmente fibras de tipo I), há maior reabsorção óssea (ação aumentada de osteoclastos), dor,
claudicação e desuso do membro. Deixar o animal imobilizado, em gaiola, é um conceito muito antigo.
Para fazer a fisioterapia, temos que saber as alterações que o animal apresenta. escolher as
modalidades de fisioterapia e estabelecer um protocolo baseados nessa alteração e no animal (o que
ele aceita). O protocolo não deve passar de 1 hora ou 1 hora e meia, pois os animais podem ficar sem
paciência (gato menos ainda).
É também importante fazer um protocolo domiciliar de fácil execução para o proprietário, nem
que seja a caminhada na guia.
A avaliação para a fisioterapia depende também da anamnese, incluindo espécie, raça, idade e
peso. Na avaliação clínica também temos que ter cuidado com doenças sistêmicas, não exigindo muito
de cardiopatas ou animais com problemas metabólicos. Também devemos diferenciar problemas
ortopédicos de neurológicos.
*Denervação de cápsula articular.
No caso de luxação coxofemoral, se usarmos pino transversal, não iremos movimentar essa
articulação, pois a função do pino é justamente imobilizar até que a cápsula cicatrize. Já se for feita
colocefalectomia, é importante movimentar o membro para que a aderência de cicatrização não fique
muito abundante, diminuindo a amplitude articular.
Em caso de placas, se a fratura fica estável, podemos fazer algumas movimentações. Então
depende muito da lesão, da cirurgia, da técnica, etc.
Devemos estipular o diagnóstico para fins terapêuticos e os objetivos: se o paciente tem dor,
promover analgesia; se há edema, diminuí-lo; se há diminuição da amplitude articular, aumentá-la, e por
aí vai.
A fisioterapia funciona como adjuvante no tratamento ortopédico e não substitui os métodos
definitivos.
Os casos mais comuns são colocefalectomia, ruptura de ligamento cruzado, fraturas e luxação
de patela.