Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/262725171
CITATIONS READS
0 5,730
6 authors, including:
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Themis Moura Cardinot on 10 March 2015.
RESUMO
A hipertensão arterial sistêmica é uma síndrome multifatorial cuja prevalência no Brasil atinge
de 22% a 44% da população urbana adulta, sendo por isso considerada um dos grandes problemas de
saúde pública. O objetivo deste trabalho foi estudar a eficácia dos exercícios dinâmicos baseados no
conceito neuroevolutivo de Bobath como método de tratamento da hipertensão arterial sistêmica. Foram
avaliadas sete mulheres hipertensas, sem disfunção neurológica, com idade entre 44 e 67 anos. Foram
medidas a pressão arterial sistólica e a pressão arterial diastólica, antes e após cada sessão de treinamento
que consistia em uma série de exercícios dinâmicos, realizados de forma ativa livre, com duração de uma
hora, frequência de três vezes por semana, durante quatro meses. A análise estatística foi feita utilizando
testes não paramétricos de Wilcoxon. O treinamento físico com exercícios dinâmicos baseados no conceito
neuroevolutivo de Bobath foi eficaz em reduzir a pressão arterial em mulheres hipertensas sem disfunção
neurológica em um período de quatro meses. Estudos futuros podem verificar a eficácia do método no
tratamento do paciente neurológico hipertenso.
Palavras-chave: Exercício. Hipertensão. Neurológico.
ABSTRACT
Hypertension is a multifactorial syndrome considered one of the major public health issues in Brazil,
reaching from 22% to 44% of the Brazilian adult urban population. The objective of this research was to
study the effectiveness of dynamic exercises based on the Bobath neuroevolutive concept as a method of
treating hypertension. We studied seven hypertensive women aged between 44 and 67 years old without
neurological disorders. The systolic blood pressure and diastolic blood pressure were measured before and
after each training session, which consisted of a series of free dynamic exercises for sixty minutes, three
days a week, during four months. The statistical analysis was calculated using Wilcoxon tests. The dynamic
exercises physical training based on the Bobath neuroevolutive concept were effective in reducing blood
pressure in hypertensive women without neurological disorders in a period of four months. Future studies
can verify the effectiveness of this method in the treatment of hypertensive neurological patients.
Keywords: Exercise. Hypertension. Neurologic.
METODOLOGIA
A casuística foi constituída por sete mulheres hipertensas, sem disfunção neurológica, com idade
entre 44 e 67 anos, selecionadas de uma amostra de pacientes da Clínica Escola de Fisioterapia. Todos os
indivíduos receberam informação prévia sobre os objetivos e procedimentos do estudo, leram e assinaram
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) autorizando a utilização das informações obtidas na
RESULTADOS
As Tabelas 1 e 2 apresentam estatísticas descritivas de tendência central (média e mediana), dispersão
e posição (intervalo de confiança de 95% para a média, desvio padrão, percentis 25 e 75, valor mínimo e
máximo) da PAS e PAD no início e ao final do estudo, antes e após a sessão de treinamento.
Tabela 1. Estatística descritiva da pressão arterial sistólica antes e após a primeira sessão de treinamento
(inicial); e, antes e após a última sessão de treinamento (final).
PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA
INICIAL FINAL
ANTES APÓS ANTES APÓS
n 7 7 7 7
Média 144,3 130,0 124,3 125,7
IC95% (132,5;156,1) (115,9;144,1) (110,3;138,3) (114,0;137,5)
Mediana 150,0 130,0 120,0 120,0
DP 12,7 15,3 15,1 12,7
Per 25 140,0 120,0 120,0 120,0
Per 75 150,0 150,0 130,0 130,0
Min 120,0 110,0 100,0 110,0
Max 160,0 150,0 150,0 150,0
Legenda: n – número de pacientes; IC95% – Intervalo de Confiança de 95% para a média;
DP – Desvio Padrão; Per25 e Per75 – Percentis 25 e 75; Min – valor Mínimo; Max – valor
Máximo. Fonte: Dados da pesquisa.
Testes não paramétricos de Wilcoxon foram aplicados para as comparações de PAS e PAD no
início e ao final do estudo, antes e após a sessão de treinamento. Os valores de p (nível descritivo dos testes)
estão apresentados na Tabela 3.
Tabela 3. Resultado dos testes de comparação das médias de PAS e PAD de 7 pacientes, antes e após a
sessão de treinamento no início do estudo (inicial) e ao final de 4 meses (final).
INICIAL FINAL
n Média p
Antes Após Antes Após
7 PAS 144,3 130,0 0,041
7 PAS 124,3 125,7 0,317
7 PAS 144,3 124,3 0,023
7 PAS 130,0 125,7 0,438
7 PAD 84,3 82,9 0,655
7 PAD 78,6 77,1 0,317
7 PAD 84,3 78,6 0,102
7 PAD 82,9 77,1 0,102
* Testes de Wilcoxon. Legenda: n – número de pacientes; PAS – pressão arterial sistólica;
PAD – pressão arterial diastólica. Fonte: Dados da pesquisa.
A PAS medida antes da sessão de treinamento foi significativamente menor no final do estudo do
que no início do estudo (p=0,023). Em mediana foram, respectivamente, 120 e 150 mm Hg. A PAS no início
do estudo diminuiu significativamente após a primeira sessão de treinamento (p=0,041). Em mediana, o
que antes era 150 mm Hg, diminuiu para 130 mm Hg, após a primeira sessão treinamento.
Gráfico 2. Mediana e intervalo interquartílico (IIQ) da pressão arterial diastólica (PAD) medida no início
do estudo (inicial) e ao final de quatro meses (final), antes e após sessão de treinamento.
Em relação à PAD, não foram encontradas diferenças significativas ao longo do tempo. A PAD no
início do estudo se manteve igual até o final do estudo, 80 mm Hg. Também não foi observada diferença
na PAD após sessão de treinamento em comparação com a PAD medida antes da sessão de treinamento,
tanto no início quanto ao final do estudo, apresentando valores de 80 mm Hg.
DISCUSSÃO
Nossos resultados mostraram que a PAS medida antes da sessão de treinamento foi significativamente
menor no final do estudo do que no início do estudo (p=0,023) e a PAS no início do estudo diminuiu
significativamente após a primeira sessão de treinamento (p=0,041). É possível explicar esses resultados pelos
efeitos fisiológicos do exercício físico. Eles podem ser de dois tipos: agudos (imediatos ou tardios) e crônicos.
Os efeitos agudos imediatos ocorrem nos períodos pré e pós-imediato ao exercício; e os agudos tardios, por
sua vez, são observados ao longo das primeiras 24h após o exercício e podem ser identificados na discreta
redução dos níveis tensionais, especialmente nos hipertensos. Já os efeitos crônicos, chamados também de
adaptações, são aqueles que resultam da exposição frequente e regular às sessões de exercício, o que se
caracteriza como condicionamento físico (LATERZA, RONDON e NEGRÃO, 2007, BRUM et al., 2004).
CONCLUSÃO
O treinamento físico com exercícios dinâmicos baseados no conceito neuroevolutivo de Bobath
reduziu os níveis de pressão arterial em mulheres hipertensas sem disfunção neurológica em um período
REFERÊNCIAS
AYRES, J.E. Prevalence of arterial hypertension in Piracicaba City. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São
Paulo, v. 57, n. 1, p. 33-36, 1991.
BEGNOCHE, D.M.; PITETTI, K.H. Effects of traditional treatment and partial body weight treadmill training on
the motor skills of children with spastic cerebral palsy. A pilot study. Pediatric physical therapy, Baltimore,
v. 19, n. 1, p. 11-19, 2007.
BERMUDES, A.M.; VASSALLO, D.V.; VASQUEZ, E.C.; LIMA, E.G. Ambulatory blood pressure monitoring
in normotensive individuals undergoing two single exercise sessions: resistive exercise training and aerobic
exercise training. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 82, n. 1, p. 65-71, 57-64, 2004.
BRUM, P.C.; FORJAZ, C.L.M.; TINUCCI, T.; NEGRÃO, C.E. Adaptações agudas e crônicas do exercício
físico no sistema cardiovascular. Revista Paulista de Educação Física, v. 18, p. 21-31, 2004.
CRIQUI, M.H.; LANGER, R.D.; REED, D.M. Dietary alcohol, calcium, and potassium. Independent and
combined effects on blood pressure. Circulation, v. 80, n. 3, p. 609-614, 1989.
CUNHA, G.A.; RIOS, A.C.S.; MORENO, J.R.; BRAGA, P.L.; CAMPBELL, C.S.G.; SIMÕES, H.G.; DENADAI,
M.L.D.R. Hipotensão pós-exercício em hipertensos submetidos ao exercício aeróbio de intensidades variadas
e exercício de intensidade constante. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 12, n. 6, p.
313-317, 2006.
FONSECA, A.P.C.; JAKAITIS, F.; PAVAN, K.; LOURENÇÃO, M.I.P.; GAL PLM, L.S. Espasticidade: Tratamento
por Meio de Medicina Física. Projeto diretrizes – associação médica brasileira e conselho federal de
medicina, p., 2006.
FORJAZ, C.L.M.; JUNIOR, C.G.C.; ARAÚJO, E.A.; COSTA, L.A.R.; TEIXEIRA, L.; GOMIDES, R.S. Exercício
físico e hipertensão arterial: riscos e benefícios. Hipertensão, v. 9, n. 3, p. 104-112, 2006.
FORJAZ, C.L.M.; SANTAELLA, D.F.; REZENDE, L.O.; BARRETTO, A.C.P.; NEGRÃO, C.E. Exercise duration
determines the magnitude and duration of post-exercise hypotension. Arquivos Brasileiros de Cardiologia,
São Paulo, v. 70, n. 2, p. 99-104, 1998.
FORJAZ, C.L.M.; TINUCCI, T. A medida da pressão arterial no exercício; Blood pressure measurement
during exercise. Revista Brasileira de Hipertensão, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 79-87, 2000.
FREITAS, O.C.; RESENDE DE CARVALHO, F.; MARQUES NEVES, J.; VELUDO, P.K.; SILVA PARREIRA,
R.; MARAFIOTTI GONCALVES, R.; ARENALES DE LIMA, S.; BULGARELLI BESTETTI, R. Prevalence of
hypertension in the urban population of Catanduva, in the State of Sao Paulo, Brazil. Arquivos Brasileiros
de Cardiologia, São Paulo, v. 77, n. 1, p. 9-21, 2001.
FUCHS, F.D.; MOREIRA, L.B.; MORAES, R.S.; BREDEMEIER, M.; CARDOZO, S.C. Prevalence of systemic
arterial hypertension and associated risk factors in the Porto Alegre metropolitan area. Populational-based
study. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 63, n. 6, p. 473-479, 1994.
GRAHAM, J.V.; EUSTACE, C.; BROCK, K.; SWAIN, E.; IRWIN-CARRUTHERS, S. The Bobath concept in
contemporary clinical practice. Topics in Stroke Rehabilitation, Frederick, v. 16, n. 1, p. 57-68, 2009.
HALLIWILL, J.R.; TAYLOR, J.A.; ECKBERG, D.L. Impaired sympathetic vascular regulation in humans after
acute dynamic exercise. Journal of Physiology, v. 495, n. Pt 1, p. 279-288, 1996.
KNOX, V.; EVANS, A.L. Evaluation of the functional effects of a course of Bobath therapy in children with
cerebral palsy: a preliminary study. Developmental Medicine and Child Neurology, Londres, v. 44, n. 7,
p. 447-460, 2002.
LATERZA, M.C.; RONDON, M.U.P.B.; NEGRÃO, C. E. Efeito anti-hipertensivo do exercício. Revista Brasileira
de Hipertensão, Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 104-111, 2007.
LESNIAK, K.T., DUBBERT, P.M. Exercise and hypertension. Current Opinion in Cardiology, Londres, v.
16, n. 6, p. 356-359, 2001.
______________________
1 Centro Universitário - UNIABEU, Belford Roxo.
2 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ, Seropédica.
3 Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, Rio de Janeiro.
AGRADECIMENTOS
Aos pacientes, alunos, professores e funcionários da UNIABEU que direta, ou indiretamente, participaram deste estudo.