DAS LESÕES CORPORAIS

LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA (§ 4º)

Só cabe nos casos de crime doloso! A pena será diminuída de um sexto a um

terço quando o crime for praticado por motivo de relevante valor moral ou
social, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação do ofendido. O juiz tem o dever de reduzir a pena, pois se trata de
direito subjetivo do réu.

LESÃO CORPORAL CULPOSA (§ 6º)

O código não distingue a gravidade da lesão, basta que seja culposa. OBS: Aqui
se aplicam os estudos sobre o homicídio culposo.

Lesão corporal culposa praticada na direção de veículo automotor

Vide comentários sobre o homicídio praticado na direção de veículo automotor.

SUBSTITUIÇÃO DA PENA (§ 5º)

Não sendo grave a lesão, o juiz pode substituir a pena de detenção pela de
multa quando a lesão for privilegiada (§4º) ou quando for recíproca.

*E se o outro agressor não tiver sido incluído na denúncia ou tiver sido

absolvido pela excludente da legítima defesa? Posições jurisprudenciais:

1) Ambos se ferem, e um age em legítima defesa: um é condenado com o

privilégio da substituição por multa e o outro é absolvido.

2) Ambos se feriram e alegam legítima defesa: se não houver elementos que

comprovem as versões, deve-se absolver os dois.

3) Ambos se feriram, mas nenhum em legítima defesa: condena‐se os dois, com

aplicação da multa.

LESÃO CORPORAL CULPOSA E AUMENTO DE PENA (§ 7º)

Aumenta-se em 1/3 a pena nas hipóteses dos §4º e 6º do art. 121 (homicídio),
portanto as anotações referentes a essas hipóteses no homicídio valem para a
lesão.

PERDÃO JUDICIAL (§ 8º)

Ocorre na mesma hipótese do perdão judicial para o homicídio.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (§ 9º, 10 e 11)

Se a lesão for leve e praticada contra: ascendente, descendente, irmão, cônjuge
ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade.

Relações domésticas: são as criadas entre os membros de uma família, existindo

ou não parentesco (ex: patrão e babá de seu filho).

Coabitação: moradia sob o mesmo teto.

Hospitalidade: é a recepção de uma pessoa que fica temporariamente na

residência.

Se o agente se vale de uma desses 3 tipos de relação, não importa se o crime

ocorre dentro ou fora do âmbito doméstico, mas a relação deve existir ao tempo
do crime.

Se a lesão corporal for grave, gravíssima ou seguida de morte, aumentar-se-á de

1/3 a pena (§ 10).

§ 11. A pena será aumentada de 1/3 se o crime for cometido contra pessoa
portadora de deficiência.

*Esses § não diferenciam a vítima, que pode ser homem ou mulher. Porém, se a
vítima for mulher, incidirão os efeitos da lei 11.340 (Lei Maria da Penha). Essa
lei visa proteger a mulher em situações de violência doméstica ou familiar.

Ver arts. 5º e 7º da lei Maria da Penha. Os principais efeitos da incidência dessa

lei são a não incidência da Lei dos Juizados Especiais Criminais e que a ação
penal relativa a esse crime é pública incondicionada (Súmula 542 STJ).

LESÃO CORPORAL CONTRA INTEGRANTES DOS ÓRGÃOS DE

SEGURANÇA PÚBLICA (§12)

Aumenta-se a pena de 1/3 a 2/3 quando o crime é praticado contra autoridade

ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da CF, integrantes do sistema prisional e
da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição. Não abrange a modalidade culposa.
Vide anotações sobre o art. 121, §2º, VII.

DIFERENÇA DAS VIAS DE FATO (CONTRAVENÇÃO PENAL)

O dolo do agente irá distinguir: na lesão, a finalidade do agente é ofender,

efetivamente, a integridade corporal ou a saúde da vítima. Já nas vias de fato, a
conduta não tem a magnitude da primeira (ex: empurrão).

DIFERENÇA DO CRIME DE TORTURA

Se for praticado conforme o art. 1º da lei de tortura, será tortura o crime.

AÇÃO PENAL

Lesão leve ou culposa: pública condicionada à representação do ofendido.

Demais lesões: pública incondicionada

COMPETÊNCIA

Lesão leve, culposa ou na forma majorada destas (§ 7º): Jecrim (Juizados

especiais criminais).