Você está na página 1de 18

LEGISLAÇÃO APLICADA E

DIREITO DO CONSUMIDOR
AULA 3

Prof. João Alfredo Lopes Nyegray


CONVERSA INICIAL

Você já ouviu falar nos contratos celebrados “no fio do bigode”? Ou nos
chamados “contratos de gaveta”? Práticas relativamente comuns no passado,
esses hábitos consistiam em celebrar negócios sem necessariamente redigir um
contrato e assiná-lo por meios oficiais. Na imensa maioria dos casos, os acordos
celebrados sem testemunha ou provas eram integralmente cumpridos.
Por esse motivo, muitas pessoas – em especial aquelas com mais idade
– dizem que no passado as coisas eram mais corretas e os indivíduos cumpriam
com sua palavra. É o famoso “no meu tempo não tinha isso”. O que ocorre é que,
naquela época, as comunidades eram certamente menores. Se alguém
prometesse algo e acabasse não cumprindo, a notícia se alastrava com relativa
facilidade e o caloteiro acabava sem credibilidade.
Hoje quase não é mais possível celebrar um acordo sem um contrato ou
prova escrita. Os contratos, sejam eles quais forem, e questões relativas a
personalidade e nome, formas e modalidades de pagamento, negócios,
questões de família, condomínio, indenizações e danos são todos tema de uma
área do Direito chamada Direito Civil, que estudaremos no decorrer dessa aula.
O atual Código Civil (CC) – grande instrumento normativo desse ramo do
Direito – foi instituído pela Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, tendo entrado
em vigor um ano após sua publicação. Antes desse Código, vigorava no Brasil
outro Código Civil, mas de 1916 (Lei n. 3.071, de 1 de janeiro de 1916).
Certamente que a sociedade de 2002 pouco se parecia com a de 1916. Por isso,
a necessária atualização do CC/2002.
Outro ponto de grande importância do CC/2002 é que ele revogou não
apenas o Código de 1916, mas também metade do Código Comercial de 1850
(isso mesmo, do século XIX!). As questões relativas à abertura de empresas,
sociedades empresariais, contrato social, exclusão de sócios, mudança de
capital social entre outras são também abordadas pelo CC/2002.
Esses são apenas alguns, dentre os vários temas, que estudaremos
nessa e na próxima aula! Vamos lá?

CONTEXTUALIZANDO

Imagine que você precisa muito adquirir um veículo. Seu trabalho está
prosperando, você está sendo reconhecido por seu chefe e superiores, e chegou

2
a tão sonhada hora de tornar-se motorizado. Depois de muito procurar, você
encontra o automóvel que sempre quis num preço que cabe em seu bolso:
moderno, seminovo e muito bonito, seu carro está sempre limpo, encerado e
polido, prontinho para te levar a qualquer lugar.
Porém, nem tudo são flores, e o que era para ser sonho torna-se
pesadelo. Um dia, o carro não liga. Depois de muito insistir, ele liga, mas você
ouve um grande estouro. Além do susto, um cheiro de queimado começa a tomar
conta de sua garagem. Na oficina, você descobre que o carro foi vendido a você
com um problema que o antigo dono certamente sabia. O mecânico lhe
demonstra que uma manutenção barata havia sido feita para mascarar um
problema grave no motor. Se você estivesse em uma rodovia, possivelmente o
defeito poderia causar um grave acidente.
Para reparar o motor, será necessária uma pequena fortuna; e agora, o
que fazer? Você deve arcar com o prejuízo? Você deve acionar o vendedor do
automóvel na Justiça, ou no Procon? Lembre-se de que o Procon só deve ser
acionado quando o lado vendedor é uma pessoa jurídica (empresa), e não uma
pessoa física. Como, então, resolver esse caso? Esse é um dos vários temas
que abordaremos nessa aula.

TEMA 1 – INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL

O Direito Civil é um ramo do Direito Privado. Há, por excelência, dois


grandes lados no Direito. O Direito Público, que envolve questões da
Administração Pública, do Direito Constitucional e do Direito Tributário, por
exemplo; e o Direito Privado. Segundo Venosa (2017, p. 59), o direito privado “é
compartimento ou setor jurídico que, tradicionalmente, regula o ordenamento
dos interesses de particulares, sendo o Direito Civil o ramo do direito privado por
excelência”.
O Direito Civil brasileiro, como vimos, tem como uma de suas fontes
principais o Código Civil (CC/2002). Além deste Código, o costume, os princípios
gerais de Direito e os julgados dos tribunais são, também, fontes muito
relevantes. Afirma Venosa (2017, p. 59) que o Direito Civil “trata do conjunto de
normas reguladoras das relações jurídicas dos particulares. O interesse de suas
regras é eminentemente individual. Nele estão os princípios da personalidade, o
conjunto de atributos que situam o homem na sociedade”. Por essa razão, essa
área abrange tantos temas como as questões relativas à personalidade e nome,
3
formas e modalidades de pagamento, negócios, questões de família, de
condomínio, danos e indenizações, entre outras questões.
Antes de abordarmos o Direito Civil em si, há uma outra norma bastante
relevante: a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, o Decreto-Lei n.
4.657, de 4 de setembro de 1942, que trata de temas bastante relevantes para
o Direito no geral. Por exemplo, quando uma lei entra em vigor? Diz o Decreto-
Lei: “Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país
quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”.
Esse período entre a publicação da lei e sua entrada em vigor é o que se
chama de vacatio legis, e pode variar de acordo com a complexidade do tema
abrangido pela lei. O CC/2002, por exemplo, entrou em vigor um ano após sua
publicação. O Código Brasileiro de Trânsito, por sua vez, levou 120 dias para
vigorar.
Outro ponto bastante importante abordado pelo Decreto-Lei n. 4.657/1942
refere-se à duração das leis: “Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a
lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”. Vejamos o caso do Direito
Civil, tema dessa aula. O Código Civil de 1916 estendeu-se até 2002, ainda que
tenha sofrido uma série de modificações no decorrer do século XX. Uma vez que
não se tratava de uma lei temporária, sua vigência estendeu-se até um novo
Código (o de 2002), que revogou por completo a lei anterior.
Outro ponto bastante importante sobre o Direito é que nem sempre temos
leis que atendam a todas as situações. O atual CC, como sabemos, é de 2002.
Em 2002, muitas coisas que hoje são comuns – smartphones, internet,
aplicativos, drones e e-commerce – não existiam. Nesse caso, como os juízes
devem decidir? E se, por exemplo, um drone causa um dano? Ou então – para
complicar um pouco mais – se uma empresa de e-commerce que entrega seus
produtos por drone acaba despejando por engano a entrega na cabeça de
alguém? Como resolver um caso como esse, já que não temos uma lei que tutele
a entrega de produtos por drone?
Nesse caso, recorremos à Lei de Introdução às normas do Direito
Brasileiro, que diz: “Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”. Ou seja,
quando não houver uma lei específica, pode-se efetuar a aplicação de uma
norma semelhante, ou seja, por analogia. A esse respeito, exemplifica Tartuce
(2021, p. 46):

4
exemplo de aplicação da analogia era a incidência do Decreto-lei
2.681/1912, antes do Código Civil de 2002. Previa esse decreto a
responsabilidade civil objetiva das empresas de estradas de ferro. Por
ausência de lei específica, esse dispositivo legal passou a ser aplicado
a todos os tipos de contrato de transporte terrestre. Por uma questão
lógica, e pela presença de lacuna normativa, tal comando legal passou
a incidir em ocorrências envolvendo bondes, ônibus, caminhões,
automóveis, motos e outros meios de transporte terrestre.

Obviamente que, com o atual Código Civil, os transportes são


disciplinados. A situação acima exemplifica o que seria uma analogia entre as
leis. Outro ponto relevante são os costumes. Na aula anterior, falamos sobre
Direito do Trabalho. O 13º salário, atualmente um direito de todos os
trabalhadores, nasceu de um costume dos empresários em presentear seus
funcionários no final do ano. O que era um costume, tornou-se uma lei. Tartuce
(2021, p. 47) explica que os costumes “podem ser conceituados como as práticas
e usos reiterados com conteúdo lícito e relevância jurídica”.
Por fim, essa é a forma de suprir eventuais lacunas da lei, ou seja, os
chamados princípios gerais de Direito. O professor Tartuce (2021, p. 54) ensina
que “os princípios gerais são regramentos básicos aplicáveis a um determinado
instituto ou ramo jurídico, para auxiliar o aplicador do direito na busca da justiça
e da pacificação social”. O objetivo maior do Direito é, justamente, criar um
estado de coisas nas quais se possa viver em paz e de forma correta. Sabendo
disso, Tartuce (2021, p. 54) elenca como princípios do Direito a eticidade,
socialidade e a operabilidade.
Agora que conhecemos o significado do Direito Civil e o básico da Lei de
Introdução às normas do Direito Brasileiro, estudaremos um dos pontos mais
importantes do Direito Civil como um todo, mas em especial para a área de
negócios: a capacidade.

TEMA 2 – CAPACIDADE CIVIL

Quando se fala genericamente no termo capacidade, temos em mente a


ideia de ser ou não apto a fazer alguma coisa. Alguns de nós somos motoristas
capazes de grandes façanhas. Outros, capazes de realizar incríveis feitos
culinários. Para o Direito, no entanto, a capacidade não é um dote, ou habilidade
de se fazer alguma coisa.
Em sua imensa maioria, os cursos de Direito Civil iniciam tratando dos
Direitos da Personalidade e da Personalidade Jurídica. O Código Civil também
o faz. A personalidade jurídica, como ensinam Gagliano e Pamplona Filho (2020,
5
p. 95) é “a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações, ou, em
outras palavras, é o atributo para ser sujeito de direito”. E o que isso significa?
Significa que apenas aquele que tem personalidade jurídica tem direitos
e pode contrair obrigações. Para ter essa personalidade, é necessário o registro
em algum órgão? Essa resposta nos é dada pelo próprio CC/2002: “Art. 2º A
personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Ou seja, ao nascer, a pessoa
tem personalidade jurídica. Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 96) afirmam
que a “pessoa natural, para o direito, é o ser humano, enquanto
sujeito/destinatário de direitos e obrigações”. Para esses autores, no momento
em que respira e o coração segue a bater “o recém-nascido adquire
personalidade jurídica, tornando-se sujeito de direito”. Obviamente que isso não
quer dizer que um recém-nascido possa sair contratando coisas por aí. Além de
ter personalidade jurídica, é necessário – para os atos da vida civil – que a
pessoa tenha capacidade para tanto.
Ensina Tartuce (2021) que a capacidade é a legitimação para que a
pessoa possa praticar certos atos jurídicos, como comprar e vender imóvel, abrir
empresas e atos afins. A esse respeito, diz o Código Civil:

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos


da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
[...]
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a
pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. (Brasil,
2002)

Ou seja, é a partir dos 18 anos que a pessoa adquire a capacidade civil


plena para os atos da vida. Entre 16 e 18 anos a pessoa é relativamente capaz,
ou seja, pode fazer algumas coisas (como votar e casar, se houver autorização
dos pais ou responsáveis), mas não pode fazer outras (como dirigir). Os menores
de 16 anos, por outro lado, não podem exercer ou praticar certos atos da vida
civil, devendo ser representados pelos seus pais ou responsáveis.
A distinção de capacidade ou incapacidade é importante pois, se, por
exemplo, um incapaz se passar por capaz e celebrar um contrato, esse acordo
é nulo ou anulável. A personalidade e seus direitos são muito importantes pois,
como ensina Venosa (2017, p. 179),

Para a satisfação de suas necessidades, o homem posiciona-se em


um dos polos da relação jurídica: compra, empresta, vende, contrai
matrimônio, faz testamento etc. Desse modo, em tomo de sua pessoa,
o ser humano cria um conjunto de direitos e obrigações que
6
denominamos patrimônio, que é a projeção econômica da
personalidade.

Só podem celebrar todos esses atos aqueles que estejam em pleno gozo
de sua personalidade. Os direitos da personalidade, adquiridos com o
nascimento e legitimados com a maioridade, são intransmissíveis e inalienáveis,
o que significa que não podemos jamais renunciar a eles. Dentre os mais
importantes direitos da personalidade está o nome. Como diz o CC/2002: “Art.
16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o
sobrenome”.
Aqueles que têm ofensas feitas ao seu nome – sejam pessoas físicas ou
jurídicas – podem e devem receber as devidas reparações. Novamente,
estabelece o CC/2002: “Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por
outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo
público, ainda quando não haja intenção difamatória”. Essa proteção também se
aplica à imagem.
Venosa (2017, p. 187) informa ainda que “a imagem da pessoa é uma das
principais projeções de nossa personalidade e atributo fundamental dos direitos
ditos personalíssimos. O uso indevido da imagem traz, de fato, situações de
prejuízo e constrangimento”. É o caso de, por exemplo, um programa televisivo
veicular a imagem e nome de alguém como procurado pela justiça, sendo que a
pessoa nada deve à lei.
Nesse caso, a pessoa cujo nome e imagem foi veiculada, certamente terá
direito a uma indenização por dano moral. O mesmo se aplica a empresas: por
exemplo: quando alguém ofende uma empresa na internet, dizendo ter sido
enganado ou prejudicado, o ofensor pode ser condenado a indenizar o ofendido
caso suas palavras sejam provadas falsas e caluniosas. Comenta Venosa (2017,
p. 187) que “para fins de indenização, deve ser avaliado se a divulgação atingiu
a honra, a boa fama ou a respeitabilidade da pessoa envolvida. Se a
manifestação teve finalidades comerciais, aflora diretamente o dever de
indenizar”.
Em termos de imagem e vida privada, diz o CC/2002: “Art. 21. A vida
privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado,
adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário
a esta norma”. Aqui protege-se a intimidade das pessoas. Em tempos de redes
sociais, vazamentos de vídeos ou imagens comprometedoras tornaram-se,

7
infelizmente, comuns. Além desses direitos – questões relativas à capacidade,
exercício e gozo de atos da vida civil, nome e imagem – a personalidade abrange
ainda diversos outros temas, como a sucessão e a morte, que não serão objeto
de nossa discussão aqui.
Trataremos, no tema a seguir, do negócio jurídico, que tem na capacidade
uma importante condição de validade.

TEMA 3 – NEGÓCIO JURÍDICO

Nas relações particulares, ocorrem dezenas de tipos distintos de


transação. Compra e venda, aluguel, prestação de serviços. Por isso, um dos
pontos centrais do Direito Civil para os negócios relaciona-se ao chamado
negócio jurídico. Seria possível, por exemplo, que um contrato celebrado por
uma pessoa intoxicada por bebidas ou alucinógenos fosse plenamente válido?
Seria possível – ou mesmo justo – que um acordo celebrado entre alguém que
tenha sido coagido surtisse efeitos? Certamente que não. É nesse cenário que
discutimos os negócios jurídicos.
Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 232) afirmam que o negócio jurídico
é “a declaração de vontade, emitida em obediência aos seus pressupostos de
existência, validade e eficácia, com o propósito de produzir efeitos admitidos pelo
ordenamento jurídico pretendidos pelo agente”. A questão da vontade, à qual se
referem os autores, existe para deixar claro que nenhum negócio jurídico
celebrado à revelia de uma das partes pode ter validade. Gagliano e Pamplona
Filho (2020, p. 232) confirmam que “a ideia de que a manifestação de vontade é
seu elemento mais importante, muito mais, inclusive, do que a forma como se
materializou”.
Isso significa que, ainda que o contrato contenha erros de português – por
exemplo – ou esteja redigido à mão, em folhas amassadas, o que importa é a
vontade das partes de celebrar determinado acordo, e não necessariamente a
forma da coisa em si. Sobre o negócio jurídico, o Código Civil afirma: “Art. 104.
A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível,
determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei”.
Ou seja: são válidos os negócios jurídicos quando as partes são capazes
(maiores de 18 anos), quando o objeto de fato existe e é determinado ou
determinável, e quando se respeitam as formas prescritas e não proibidas pela
lei. Esses negócios podem ser unilaterais – quando uma só pessoa declara sua
8
vontade – o que ocorre num testamento; bilaterais – quando envolvem duas
partes; ou plurilaterais – quando envolvem mais de duas partes. Da mesma
forma, podem ser gratuitos – como uma doação, ou onerosos, como uma compra
e venda.
O que ocorre, por exemplo, quando um negócio jurídico é celebrado
mediante coação ou erro de uma das partes? Esse tema está dentro do que
chamamos de “vícios ou defeitos do negócio jurídico”, o que torna o ato passível
de anulação. O erro, nos negócios jurídicos é, como explica Tartuce (2021, p.
420) “um engano fático, uma falsa noção, em relação a uma pessoa, ao objeto
do negócio ou a um direito, que acomete a vontade de uma das partes que
celebrou o negócio”. Um possível exemplo é de uma pessoa que achou estar
comprando um automóvel da pessoa A o qual é, na verdade, da pessoa B.
Outro ponto que pode levar à anulação de um negócio jurídico é o
chamado dolo. O dolo, nos dizeres de Tartuce (2021, p. 425) “pode ser
conceituado como o artifício ardiloso empregado para enganar alguém, com
intuito de benefício próprio. O dolo é a arma do estelionatário”. É doloso o
negócio no qual alguém diz que uma caneta é de ouro e prata, buscando vender
algo por um preço muito acima da média. Ocorre dolo toda vez que alguém quer
se aproveitar de outra pessoa. O erro, por outro lado, tem o produto ou o serviço
correto – sem tentar enganar sobre o que a coisa de fato é.
Além dos negócios feitos sob coação, há aqueles realizados em estado
de perigo. Diz o CC/2002: “Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando
alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de
grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente
onerosa”. É o caso da pessoa que – para salvar o filho – aceita doar sua casa,
seu carro e seus bens para quem, supostamente, tem a criança em sua posse.
No âmbito empresarial, algumas pessoas mal-intencionadas celebram
negócio jurídico com a específica intenção de fraudar credores. É o caso da
pessoa que está devendo e doa seu patrimônio aos filhos e/ou familiares para
evitar que os bens sejam utilizados para pagar suas dívidas. Nesses casos, os
credores prejudicados podem anular a doação dos bens do devedor.
O CC/2002 aponta também as situações em que um dado negócio jurídico
é nulo:

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:


I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
9
[...]
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem
cominar sanção.

Trata-se de situações que, de uma determinada maneira, reforçam os


temas anteriores. Da mesma forma, negócios ilícitos ou tentativas de burlar a lei
também merecem essa nulidade.
Por fim, há que se retomar à questão colocada no início dessa aula: E se
uma pessoa vende a outra pessoa um bem que sabe ter defeitos? Na situação
que colocamos na seção “Contextualizando”, uma pessoa vende um carro a
outra, sabendo que no motor há um problema grave, cujo conserto custará caro.
Essa situação é chamada, pelo Direito, de “vício redibitório”. Um exemplo
semelhante é colocado por Tartuce (2021, p. 1102):

Concretizando, vejamos um exemplo envolvendo vício redibitório.


Imagine-se que alguém compre um imóvel de um particular, que não é
profissional nessa atividade de venda de imóveis, por R$ 500.000,00,
e este apresente um sério problema de encanamento. Como não há
relação de consumo, o caso envolve um vício redibitório, aplicando-se
o Código Civil. [...] Na esteira da melhor doutrina, não há que se
confundir o vício redibitório com o erro. No caso de vício redibitório o
problema atinge o objeto do contrato, ou seja, a coisa.

O que fazer, então, quando a coisa objeto do contrato vem eivada de vício
redibitório? Resta à pessoa que sofreu o dano lançar mão da chamada “ação
edilícia”. São duas opções: a primeira é a chamada ação redibitória, na qual a
parte lesada pode pedir o desfazimento do negócio jurídico. Nesse caso,
devolve-se o bem ao vendedor que, por sua vez, devolve o dinheiro ao
comprador. Outra opção é a ação estimatória, na qual a parte lesada busca do
vendedor o valor necessário para efetuar a reparação do vício redibitório, ou um
abatimento no preço do total. É o que afirma o CC/2002:

Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser


enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso
a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações
onerosas.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441),
pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá
o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente
restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.

Com isso, encerra-se tudo o que precisamos saber sobre os negócios no


Direito? Não. Por essa razão, a seguir falaremos sobre obrigações.

10
TEMA 4 – OBRIGAÇÕES

Como você certamente está percebendo, o Direito tem termos muito


específicos: “ação edilícia”, “vício redibitório” e “ação estimatória”. Agora,
trataremos das chamadas obrigações. Para alguém que não vem da área
jurídica, uma obrigação pode ser algo que é necessário fazer: pagar as contas
em dia, estudar as aulas cuidadosamente preparadas pelo professor, ou ir ao
trabalho nos horários corretos e chegar sem atraso.
Para o Direito, por outro lado, obrigação é outra coisa. Gagliano e
Pamplona Filho (2020, p. 335) explicam que as obrigações consistem em um
“conjunto de normas (regras e princípios jurídicos) reguladoras das relações
patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a
quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação
de dar, fazer ou não fazer”.
E o que isso significa? Significa que as obrigações tratam de relações
patrimoniais, o que pode ser – por exemplo – uma compra e venda firmada num
contrato. Os contratos, a respeito dos quais falaremos adiante, são fontes
essenciais das obrigações. No entanto, além deles, há outros tipos
obrigacionais, como veremos aqui.
Tartuce (2021, p. 560) coloca que as obrigações e os contratos “assumem
hoje o ponto central do Direito Privado, sendo tido(s) por muitos como os
institutos jurídicos mais importantes de todo o Direito Civil”. A esse respeito, tudo
que aqui falamos sobre a validade do negócio jurídico aplica-se também às
obrigações de forma geral. Fato é que as obrigações possuem pelo menos dois
lados: o sujeito ativo, seu credor e beneficiário; e o sujeito passivo, ou seja, o
devedor.
Há vários tipos distintos de obrigações. O primeiro dos tipos é a chamada
obrigação de dar. Pode ser a obrigação de dar uma coisa certa ou de dar coisa
incerta. Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 364) ensinam que as obrigações
de dar “têm por objeto prestações de coisas, consistem na atividade de dar
(transferindo-se a propriedade da coisa), entregar (transferindo-se a posse ou a
detenção da coisa) ou restituir (quando o credor recupera a posse ou a detenção
da coisa entregue ao devedor)”.

11
A esse respeito, afirma o CC/2002: “Art. 233. A obrigação de dar coisa
certa abrange os acessórios dela, embora não mencionados, salvo se o contrário
resultar do título ou das circunstâncias do caso”.
Quando falamos na obrigação de dar coisa certa, nos referimos a algo
que pode ser individualizado. É o imóvel situado na rua X, número Y, de
matrícula Z. Ou então o automóvel da marca A, modelo B, placa C e chassi D.
Trata-se de um item específico. Quando o art. 233 do CC/2002 afirma que a
obrigação de dar abrange os acessórios, isso significa que aquele que adquire
um automóvel leva junto o rádio nele instalado; aquela pessoa que adquire uma
casa, leva também as benfeitorias nela incluídas.
E o que seriam as obrigações de dar coisa incerta? Como posso saber
algo se é incerto? Explicam Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 370) que essa
obrigação possui prestação que “consiste na entrega de coisa especificada
apenas pela espécie e quantidade. É o que ocorre quando o sujeito se obriga a
dar duas sacas de café, por exemplo, sem determinar a qualidade (tipo A ou B).
Trata-se das chamadas obrigações genéricas”.
Ou seja: aquilo que é incerto indica-se pelo tipo de coisa que é – soja,
café, arroz, feijão. É o que reitera o CC/2002: “Art. 243. A coisa incerta será
indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade”. Os contratos do
agronegócio incluem-se nesse tipo de obrigação.
Outro tipo muito comum de obrigação são as obrigações de fazer. É o que
ocorre na prestação de serviços de forma geral. A esse respeito, Gagliano e
Pamplona Filho (2020, p. 379) discorrem que

nas obrigações de fazer interessa ao credor a própria atividade do


devedor. Em tais casos, a depender da possibilidade ou não de o
serviço ser prestado por terceiro, a prestação do fato poderá ser
fungível ou infungível. A obrigação de fazer será fungível quando não
houver restrição negocial no sentido de que o serviço seja realizado
por outrem. Assim, não obstante eu contrate a reparação do cano da
cozinha com o encanador Caio, nada impede – se as circunstâncias do
negócio não apontarem em sentido contrário – que a execução do
serviço seja feita pelo seu colega Tício. [...] Por outro lado, se ficar
estipulado que apenas o devedor indicado no título da obrigação possa
satisfazê-la, estaremos diante de uma obrigação infungível. Trata-se
das chamadas obrigações personalíssimas (intuitu personae), cujo
adimplemento não poderá ser realizado por qualquer pessoa, em
atenção às qualidades especiais daquele que se contratou. Tal ocorre
quando se contrata um renomado artista para pintar um retrato, ou um
consagrado cantor para apresentar-se em um baile de formatura. Tais
pessoas não poderão, sem prévia anuência do credor, indicar
substitutos, sob pena de descumprirem a obrigação personalíssima
pactuada.

12
Além dos exemplos acima, podemos citar os serviços de consultoria.
Muitos são contratados levando em consideração a reputação e conhecimentos
do consultor, de forma que são obrigações de fazer infungíveis. E o que seriam
as obrigações de não fazer? O não fazer é, antes de mais nada, uma omissão.
Você pactua com alguém que esse alguém não terá determinada conduta.
Novamente, Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 388) explicam que uma
obrigação de não fazer é

o que ocorre quando alguém se obriga a não construir acima de


determinada altura, a não instalar ponto comercial em determinado
local, a não divulgar conhecimento técnico para concorrente de seu ex-
empregador, a não sublocar a coisa etc. Observe-se que, em todas
essas hipóteses, o devedor descumpre a obrigação ao realizar o
comportamento que se obrigara a abster.

Nesses casos, se a pessoa que se obrigou a não praticar determinado ato


acabe praticando-o, essa pessoa pode responder na justiça pelos danos que
causar. Por fim, há as chamadas obrigações solidárias. Trata-se de uma
obrigação solidária toda aquela que tem mais de um credor ou mais de um
devedor. Se eu tenho mais de um credor para minha dívida – imagine que devo
uma determinada quantia para um casal – posso dar por cumprida minha
obrigação quando pagar a qualquer um dos credores.

TEMA 5 – DIREITO DOS CONTRATOS

No âmbito do negócio jurídico, há dezenas de situações específicas que


ensejam vícios de vontade ou de validade. Existem também diferentes tipos de
obrigação às quais cabem diferentes tipos contratuais. Veremos os contratos em
espécie em breve, e por isso é importante que você saiba o que são e quais os
requisitos contratuais desde já.
Inicialmente, a própria definição de contratos assemelha-se à definição de
obrigações de forma geral. Tartuce (2021, p. 970) ensina que um contrato

é um ato jurídico bilateral, dependente de pelo menos duas


declarações de vontade, cujo objetivo é a criação, a alteração ou até
mesmo a extinção de direitos e deveres. Os contratos são, em suma,
todos os tipos de convenções ou estipulações que possam ser criadas
pelo acordo de vontades e por outros fatores acessórios.

Perceba como, novamente, a questão da vontade aparece como algo de


muita importância: lembre-se de que um negócio jurídico celebrado sob coação,
ameaça ou perigo de vida não pode ser exigível. Os contratos servem, antes de

13
tudo, para que as pessoas criem direitos e obrigações entre si: “Você me dá uma
quantia em dinheiro, e eu presto consultoria na empresa em que você trabalha”.
O contrato é o documento que estipula os detalhes dessa relação: a forma
de pagamento, o prazo, a data de entrega e todos os dados sobre o que
combinamos estarão ali escritos. Contratos podem ser gratuitos, quando
somente uma das partes se obriga a alguma coisa, como numa doação; ou
onerosos, quando envolve vantagens patrimoniais para ambas as partes.
E quando um contrato se forma? Antes mesmo da assinatura de um dado
documento, um contrato se forma quando as vontades se encontram, como
afirmam Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 661):

Caio (parte 1), por exemplo, manifestando o seu sério propósito de


contratar, apresenta uma proposta ou oferta a Tício (parte 2), que, após
analisá-la, aquiesce ou não com ela. Caso haja aceitação, as
manifestações de vontade fazem surgir o consentimento, consistente
no núcleo volitivo contratual.
Note-se, entretanto, que até a formação do contrato (por meio do
consentimento firmado) os interesses dos contraentes são contrários.
Tome-se o exemplo de um contrato de compra e venda. O vendedor
quer vender pelo preço mais alto, e o comprador quer comprar pelo
preço mais baixo. Nessa linha, superada a fase das tratativas
preliminares, formula-se uma proposta interessante também para o
comprador, que, aquiescendo, culmina por fechar o negócio.

Como vimos, para o negócio jurídico, a declaração de vontade é


essencial, e aqui não vale a velha máxima de que “quem cala, consente”. O
aceite e o consentimento precisam ser expressos, ou você não conseguirá
cobrar a parte devedora. É aqui que costuma surgir uma dúvida: as tratativas
obrigam as partes? Normalmente não, a não ser que uma das partes tenha
levado a outra a acreditar que o contrato seria efetivamente celebrado.
Gagliano e Pamplona Filho (2020, p. 663) comentam que, no caso das
tratativas, “podemos pensar na ideia de reparação dos prejuízos da parte que
efetivou gastos na certeza da celebração do negócio, se todos os indícios da
negociação iam nesse sentido”.
Outro ponto bastante relevante é a proposta. Muitas vezes, empresas ou
vendedores, sabendo da iminência de perder um bom contrato, enviam uma
proposta bastante atrativa a seus potenciais clientes para afastar os
concorrentes de um possível acordo. Uma vez que o potencial cliente dispensa
o concorrente, essas pessoas alteram as propostas. O CC/2002 afirma: “Art. 427.
A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos
termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso”.

14
É justamente por isso que indicamos que toda proposta comercial seja
acompanhada de um prazo: “a presente proposta terá validade de X dias”. Do
contrário, pode-se ter dores de cabeça com exigências incabíveis de nossa
clientela.

TROCANDO IDEIAS

Infelizmente, tem sido comum que as pessoas recebam produtos muito


diferentes daquilo que compraram, especialmente quando a compra se dá via e-
commerce, como tapetes que são mousepads ou cadeiras que são repousos
para smartphones. Para evitar esses dissabores, a melhor dica possível é
desconfiar de preços extremamente atrativos ou muito mais baixos do que o
normal. Isso certamente o protegerá desse tipo de fraude. Ainda no e-commerce,
abundam as histórias de crianças que pegam os telefones dos pais e acabam
efetuando grandes compras. Em 2020, por exemplo, uma criança pegou o
telefone da mãe e abriu um aplicativo de delivery. A criança encomendou cerca
de R$ 400,00 em lanches de uma famosa marca de fast food. Como o cartão da
mãe estava cadastrado no aplicativo, a compra ocorreu sem maiores problemas.
Tendo sido realizada por um menor de idade plenamente incapaz para os atos
da vida civil, você acha que essa compra é válida? A mãe deveria arcar com o
valor do lanche, ou a lanchonete deveria reembolsar a cliente? Comente a
respeito e observe se algum colega tem uma história semelhante. O que você
faria se a criança em questão fosse com um(a) filho(a) seu(sua)?

NA PRÁTICA

Infelizmente, segue sendo comum que compras e vendas realizadas com


vícios ocultos continuem a parar na Justiça. Conheça a jurisprudência – julgada
abaixo – apresentada por Tartuce (2021, p. 1106):

Compra e Venda. Alegação de vício redibitório. Ação de cobrança de


valor destinado à recomposição do imóvel. Ação ajuizada antes de
completado um ano da data em que a autora tomou conhecimento dos
vícios ocultos. Decadência não configurada. Aplicação do artigo 445, §
1.º, do Código Civil. Imóvel sujeito a infiltrações, somente observadas
quando da temporada de chuvas. Fato que não foi levado ao
conhecimento da adquirente. Danos anteriores mascarados com a
pintura recente do prédio. Valor de recomposição não impugnado.
Sentença de procedência mantida. Agravos retidos da autora que
restam prejudicados em face da decisão dada ao mérito da demanda.
Apelação desprovida” (TJSP, Apelação Cível 617.558.4/4, Acórdão

15
3498071, 2.ª Câmara de Direito Privado, Catanduva, Rel. Des. Morato
de Andrade, j. 03.03.2009, DJESP 26.03.2009).

Trata-se de um caso em que a pessoa comprou um imóvel e, menos de


um ano após tê-lo adquirido, constatou inúmeros problemas que não poderiam
ter sido descobertos anteriormente. Nas inspeções realizadas, muitas coisas
estão realmente ocultas: encanamento, infiltrações, fiação de luz e vários outros
pontos relevantes. Como você pode perceber, a ação acima busca a cobrança
“destinada à recomposição do imóvel”, tratando-se, portanto de uma ação
estimatória, como vimos nessa aula.

FINALIZANDO

No decorrer dessa aula, você aprendeu que o atual Código Civil


(CC/2002) – grande instrumento normativo deste ramo do Direito – foi instituído
pela Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, tendo entrado em vigor um ano
após sua publicação. Antes desse Código, vigorava no Brasil o Código Civil de
1916 (Lei n. 3.071, de 1 de janeiro de 1916).
O Direito Civil é um ramo do chamado Direito Privado, e tem como uma
de suas fontes principais o Código Civil, de 2002. Além do CC/2002, o costume,
os princípios gerais de Direito e os julgados dos Tribunais são, também, fontes
muito relevantes.
Em sua imensa maioria, os cursos de Direito Civil tratam inicialmente dos
Direitos da Personalidade e da Personalidade Jurídica. O Código Civil também
o faz. A personalidade jurídica, como ensinam Gagliano e Pamplona Filho (2020,
p. 95) é “a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações, ou, em
outras palavras, é o atributo para ser sujeito de direito”.
É a partir dos 18 anos que a pessoa adquire a capacidade civil plena para
os atos da vida. Entre os 16 e os 18 anos, a pessoa é relativamente capaz, ou
seja, pode fazer algumas coisas (como votar e casar – se houver autorização
dos pais ou responsáveis), mas não pode fazer outras (como dirigir). Os menores
de 16 anos, por outro lado, não podem exercer ou praticar certos atos da vida
civil, devendo ser representados pelos seus pais ou responsáveis.
Um dos pontos centrais do Direito Civil para os negócios relaciona-se ao
chamado negócio jurídico, que se refere às obrigações e aos contratos. Sobre o
negócio jurídico, o Código Civil afirma: “Art. 104. A validade do negócio jurídico
requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

16
e III - forma prescrita ou não defesa em lei”. Quando um negócio jurídico é
celebrado mediante coação ou erro de uma das partes, esse negócio é nulo ou
anulável.
Você aprendeu também que as obrigações tratam de relações
patrimoniais, o que pode ser – por exemplo – uma compra e venda firmada em
um contrato. Os contratos são fontes essenciais das obrigações. Existem vários
tipos de obrigações: de dar coisa certa, de dar coisa incerta, de fazer, de não
fazer e obrigação solidária, entre outras.
Tanto as obrigações quanto os contratos possuem, nas declarações de
vontade das partes, sua condição de validade. As tratativas não obrigam as
partes, mas você aprendeu que, quando um dos lados é levado a acreditar que
o acordo será celebrado, seus gastos e despesas devem ser indenizados no
caso de não celebração.

17
REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União,


Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso
em: 5 dez. 2021.

GAGLIANO, P. B.; PAMPLONA FILHO, R. Manual de direito civil: volume


único. São Paulo: Saraiva, 2020.

TARTUCE, F. Manual de direito civil: volume único. São Paulo: Saraiva, 2021.

VENOSA, S. de S. Direito civil: obrigações e responsabilidade civil. São Paulo:


GEN, 2017.

VENOSA, S. de S. Introdução ao estudo do direito: primeiras linhas. São


Paulo: GEN, 2017.

18

Você também pode gostar