Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AULA 1
CONTEXTUALIZANDO
2
3,2 bilhões de pessoas, o que significa 42% em todo o mundo (Webshoppers,
2018).
Você acredita que, no Brasil, desde 2007, vendem-se mais computadores
do que TVs? Lembrando que o Brasil é o “país das novelas” – momento de
descontração – o canal SBT tem, além de uma novela inédita com capítulos que
transmitidos todas as noites, duas mexicanas e uma reprise na faixa da tarde; a
Globo tem uma reprise, “Malhação” e outras quatro depois das 18 horas, e a
Record, uma inédita e três reprises. Acho que ficou claro o quanto este número
é significativo para mostrar o crescimento da internet, não?
O Brasil é o terceiro país que mais fica on-line: são, em média, 9h14min
de conexão todos os dias. A Tailândia lidera o ranking com uma média de
9h38min, seguida das Filipinas, com 9h24min (Webshoppers, 2018).
O mundo digital tem gerado mudanças, muitas vezes profundas e
significativas, ao mercado e obrigado todos os profissionais a se readaptarem
rapidamente diante dessa nova realidade. E quais são essas mudanças e como
se adaptar a elas? Prepare-se, pois é isto que começaremos a descobrir nesta
aula.
Saiba mais
Antes, assista ao vídeo “Loja sem filas? Sem funcionários? Amazon Go -
A disruptura do varejo”, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-
L4x_AIYM88>, e pense em como você se sente sendo um consumidor neste
novo mundo.
Para entender o que é varejo digital você precisa, antes de mais nada,
entender o que é o varejo e como ele surgiu.
A venda de bens aos consumidores começou há muito tempo, muito
antes, inclusive, do surgimento da moeda. Antigamente, as pessoas trocavam
mercadorias, e esse excedente (a “sobra” do que produziam), ficou conhecido
como escambo. Hoje em dia, a troca do excedente é chamada de comércio
(Centa; Junior, 2014; Hilmann, 2013).
A partir de então, foram surgindo os intermediários e a moeda como
facilitadores desse processo de troca até que, finalmente, teve origem a atividade
varejista, que é, basicamente, a comercialização destinada a consumidores
3
finais. Este varejista tem como principais funções comprar mercadorias, vender
e financiar (Las Casas, 2013).
Mas o que são os varejistas? De forma bastante simples, toda instituição
quem tem como atividade principal a venda de produtos e serviços para o
consumidor final é considerada uma varejista (Centa; Junior, 2014).
É provável que, diante das exposições, a importância do Varejo no mundo
tenha ficado clara, mas é sempre bom reforçar que as empresas varejistas
comercializam produtos e serviços diretamente ao consumidor, transacionam
milhões de reais diariamente, criam empregos e giram a economia (Las Casas,
2013).
O varejo digital, ou varejo eletrônico, nada mais é que outra forma de
varejo, envolvendo venda por meios eletrônicos como a internet (Centa; Junior,
2014).
E novamente estamos falando da internet. É porque este novo varejo
digital surge como consequência da internet, já que o cenário tecnológico faz
com que o varejo viva um momento de profunda mutação, em decorrência do
ambiente digital, das tecnologias e do comportamento dos consumidores. Para
acompanhar este novo cenário e atender a este novo consumidor, o varejista
precisa oferecer a este consumidor totalmente digital a experiência que ele
deseja, combinando soluções digitais de forma integrada (Fernandes, 2016).
A importância do meio eletrônico para o varejo começou há bastante
tempo, no início da década de 1980, quando as corporações já realizavam
transações por meios eletrônicos utilizando tecnologias como Electronic Data
Interchange (EDI – “troca eletrônica de documentos”) e Electronic Funds
Transfer (EFT – “transferência eletrônica de fundos”), com foco nas operações
logísticas (por exemplo, para envio de documentos) (Turchi, 2012).
Alguns dos termos mais utilizados para este varejo digital são: loja virtual,
comércio eletrônico, e-commerce e varejo on-line, e seu uso se refere tanto à
compra e venda pela internet quanto a transações entre empresa e consumidor
(B2C) ou transações entre pessoas físicas por meio de sites de vendas. Destaco,
porém, que para um varejista ser considerado digital não significa que ele
necessite vender por um site, e sim estar presente na internet (de forma
institucional ou promocional) (Las Casas, 2013).
A força desse varejo é cada vez mais presente no mundo em que vivemos,
já que as fronteiras, antes consideradas barreiras para a comercialização de
4
produtos, entre diferentes países não existe mais, e, por isso, a internet e o
comércio eletrônico estão revolucionando o varejo (Rolon, 2018).
Prova disso são as vendas on-line de bens de consumo crescendo cerca
de 5 vezes mais rápido do que as vendas offline. Ainda, acredita-se que até 2020
o e-commerce global de bens de consumo de alto giro valerá mais de US$ 400
bilhões, abrangendo de 10% a 12% da fatia de mercado global (Nielsen, 2018).
Outro dado bastante impactante é a estimativa de que, até o ano 2026, o
número de objetos conectados à internet no mundo seja superior à população
mundial atual em aproximadamente 14 vezes, o que representa mais de 100
bilhões de relógios, televisões, geladeiras, casas, carros e afins (Nielsen, 2018).
E já que estamos trazendo alguns dados, como você imagina que sejam
os números no cenário brasileiro? Esse setor vem crescendo ano após ano, mas
apenas 3,2% das vendas do varejo acontecem on-line e 42% das 300 maiores
empresas contam com e-commerce estruturado. Ou seja, ainda temos um longo
caminho a percorrer para aprimorar os conhecimentos sobre o assunto (Nielsen,
2018).
Saiba mais
Leia o Capítulo 14 – “Marketing de varejo on-line” (Las Casas, 2013) e
siga o conselho do próprio autor de, para ser bem-sucedido no varejo digital, ler
bons textos a respeito do assunto.
5
Porém, mesmo neste mundo tecnológico em que vivemos, os
especialistas do assunto não acreditam que o varejo físico deixará de existir, pois
a demanda crescente pelo reabastecimento automático tende a continuar sendo
atendida pelos canais offline. No entanto, com as novas necessidades dos
consumidores, precisarão se readaptar, bem como as lojas físicas, que
precisarão, também, adotar novas tecnologias para atender a estes
consumidores cada dia com menos tempo (conforme detalharemos futuramente)
(Nielsen, 2018).
Quais são as principais diferenças entre o varejo físico e o digital? Pois
bem, os mercados digitais, além de serem mais flexíveis e eficientes, também
envolvem custos menores, por exemplo, os processos logísticos e o menor
número de intermediários envolvidos. Ainda, o varejo digital tem uma dinâmica
maior, podendo se adequar com mais agilidade ao mercado (Fernandes, 2016).
Destacam-se também como diferenciais importantes entre estes dois
mercados o mix de produtos oferecidos, já que resultados de pesquisas apontam
que as lojas virtuais tendem a ter um mix 91% superior as lojas físicas, além de
apresentarem produtos diferentes entre os dois modelos de lojas; a precificação,
que, nas lojas virtuais, tende a ser –13% abaixo das lojas físicas; o prazo de
pagamento, que também tende a ser melhor nas lojas virtuais em comparação
às físicas; e os canais de atendimento, que, enquanto nas lojas físicas tendem a
ser entre 5 e 6 canais de atendimento para o clientes, nas virtuais, variam entre
3 e 4 (Machado; Crispin, 2015).
Temos como exemplo uma distribuidora de médio porte de grandes
marcas de esportes internacionais. A política de preços estabelecida é a mesma
para todos os varejistas, com um limite de desconto, porém, como é de se
esperar, os lojistas físicos não conseguem dar o mesmo desconto que os
virtuais, o que, por um lado, muitas vezes gera uma guerra de preços e, por
outro, estando ambos na política comercial, é uma competição benéfica para o
cliente, que pode escolher se quer realizar a compra na loja física ou na digital
(Machado; Crispin, 2015).
A web pode funcionar como veículo principal de acesso e venda de
determinados produtos, ou como canal complementar de redes tradicionais
(Turchi, 2012).
Para ilustrar essa tendência irreversível do varejo digital, destacamos que,
das dez empresas de varejo mais premiadas em serviços na famosa feira NRF-
6
2009 (National Retail Federation), que ocorre todos os anos em Nova York, oito
delas são do varejo “não loja”, sendo quatro totalmente virtuais, e as duas redes
do mundo real que estão nessa lista são as pioneiras no varejo on-line (Totvs,
2018).
O varejo físico ainda é muito importante e merece destaque nos estudos
de pesquisadores e gerentes da área, porém, sem dúvida, precisa passar por
mudanças para se adequar a esta nova realidade, conforme foi dito pelo
economista chefe do Google, Hal Varian, em um estudo feito pela empresa
Nielsen (Nielsen, 2017):
“Vimos como a tecnologia pode tornar as compras on-line mais eficientes,
com menores preços, mais opções e maior conveniência. Estamos prestes a ver
o mesmo acontecer com as compras off-line”.
Saiba mais
Leia a reportagem “Loja física e virtual: entenda quais são as diferenças
na gestão”, de Guimarães, V., escrita para a Escola de E-commerce, em 2017,
que destaca algumas das principais diferenças, na opinião do autor, entre os
dois tipos de varejo abordados neste tópico. Disponível em:
<https://www.escoladeecommerce.com/artigos/loja-fisica-e-virtual-diferencas/>.
Acesso em> 4 mar. 2019.
7
transformou seu programa de fidelidade em um programa de recompensas da
Whole Foods (Suarez, 2018).
A importância desse tema é tão grande que o SXSW, o maior evento de
inovação, comportamento, tecnologia e cultura do mundo, teve como uma de
suas pautas “qual o futuro da loja física?”. Foram discutidas neste evento as
mudanças de padrões que caracterizam o varejo físico, assim como os novos
canais para experiência. E esta palavra, “experiência”, é o tema central dessa
discussão, já que as pessoas não precisam mais ir às lojas para consumir, mas
sim, para buscar experiências. O que, então, o consumidor está buscando neste
“novo” varejo físico? (Meir, 2018).
O consumidor de hoje busca tempo, recurso cada dia mais escasso,
aliado a um entretenimento e a uma experiência pessoal diferenciada. É o caso,
por exemplo, da loja americana Under Armour, que oferece em seus espaços
verdadeiros centros de entretenimento, com shows, aulas e quase tudo que o
consumidor imaginar (Meir, 2018).
O consumidor busca, em síntese, conectar-se emocionalmente com este
novo varejo, seja ele físico ou digital.
As lojas físicas funcionam, hoje, como uma vitrine do mundo virtual, em
que o consumidor – em especial, o brasileiro – ainda quer ver o produto de perto,
para senti-lo e experimentá-lo antes de realizar a compra (Suarez, 2018).
As lojas físicas precisam aliar a tecnologia à experiência de compra dos
consumidores, assim otimizando seu tempo, utilizando, por exemplo, scanners
portáteis, caixas de autoatendimento, facilidades para pagamento automatizado
e quaisquer outras ferramentas ou processos que gerem mais conveniência para
o consumidor e que melhorem sua experiência de compra, como o “Atrito Zero”,
que será detalhado ainda nesta disciplina (Nielsen, 2017).
Esta melhoria na experiência de compra pode ser gerada também por
mudanças nos próprios processos das lojas físicas, por exemplo, melhorando a
entrega dos produtos e dos serviços oferecidos, assim como do atendimento
(Nielsen, 2017).
Apresentamos, então, algumas das diversas tecnologias que surgiram
buscando integrar o varejo físico e o digital, bem como gerar mais conveniência
e satisfação para o cliente escolher que canal utilizar ou, ainda, utilizar ambos
em paralelo (Nielsen, 2017).
8
• Sistemas de gestão: fundamentais para o controle logístico e financeiro
entre as lojas físicas e virtuais, permitindo aos dois canais que, mesmo
pertencendo à mesma empresa, tenham diferentes administrações.
• Análise de dados: saber conseguir e utilizar as informações é um dos
grandes diferenciais desse mercado, por isso é fundamental o uso de
soluções como o Big Data (será melhor explicado posteriormente), no
auxílio a esta coleta de dados relevantes, que pode acontecer tanto na
loja física quanto na digital, auxiliando no entendimento do consumidor e,
com isso, na sua satisfação.
• Blockchain: tecnologia que permite ao varejista, nas lojas físicas e
virtuais, evitar fraudes por meio de uma cadeira de transações distribuída
por máquinas de uma rede.
9
indicadores em significativo crescimento. Segundo Relatório da União
Internacional de Telecomunicações (UIT), 2 bilhões de pessoas acessam a rede,
o que corresponde a mais de 30% da população mundial. Ainda, calcula-se que
mais de um milhão de novos adeptos engrossam esse contingente todos os dias
– como também em possibilidades no que se refere à obtenção e oferta de
entretenimento, cultura e informação, ampliação de relacionamentos e,
principalmente, realização de negócios (Turchi, 2012).
O mundo corporativo, em particular, foi e continua sendo bastante
impactado pelo crescimento rápido e continuo da internet. No Brasil, o
crescimento da internet tem sido impressionante, pois alcançou um acesso
digital de 66% de uma população atual de 210 milhões de pessoas, considerando
que 85% dos usuários acessam a internet diariamente (Turchi, 2012).
Investir em tecnologia passa, consequentemente, a ser prioridade nas
empresas de todos os portes. 35% delas pretendem investir em algum tipo de
tecnologia para aumentar suas vendas, 60% enxerga como potencial de
aumento nas vendas, 45% como melhoria no atendimento e 42% que possibilita
um cliente mais satisfeito (Zebra Technologies, 2017).
Existem diversas tecnologias que auxiliam na transformação digital no
varejo, como o provador inteligente, que permite ao cliente que simule a
iluminação do ambiente de acordo com a opção de uso do produto, tendo sido
essa tecnologia patenteada pela Amazon, em 2018. Outro exemplo é da loja
Roberta Minkoff, que sugere os produtos que combinam com as peças
levantadas ao provador e mostra como a peça vai ficar sem a necessidade de
provar – imagine que excelente em um dia frio você não precisar experimentar,
por exemplo, um biquíni? Além de facilitar a vida do consumidor, o espelho
inteligente também auxilia no planejamento do lojista, que consegue saber quais
são as peças mais desejadas, mais provadas, aquelas das quais o cliente desiste
e assim por diante (Zebra Technologies, 2017).
Outro exemplo interessante são os mapas de calor, que, por meio de
conexão wi-fi, possibilitam ao varejista identificar tanto os locais nos quais os
clientes mais clicam e acessam – no caso da loja virtual – como os espaços da
loja com maior fluxo, assim possibilitando uma revisão da atratividade do site e
da loja física (Zebra Technologies, 2017).
O vendedor consegue, ainda, saber quem é o cliente que está entrando
na loja antes mesmo de ele entrar, em virtude do registro dos códigos nos
10
smartphones conectados às lojas. Ainda, há sensores e câmeras que
possibilitam a identificação de características físicas e de humor do cliente, de
maneira que o vendedor consegue realizar um atendimento realmente
personalizado e de acordo com o que o cliente está buscando (Zebra
Technologies, 2017).
Existem, também, formas de facilitar a experiência de compra, como o
pagamento direto pelo telefone e o catálogo virtual, que permitem ao consumidor
comprar produtos não disponíveis no estoque, assim reduzindo, inclusive, os
custos de logística do varejo. (Zebra Technologies, 2017).
Outro interessante exemplo foi apresentado na NRF 2018 pela
CaliBurger, rede de quiosques de fast food da Califórnia. Trata-se de um sistema
de reconhecimento facial que, aliado à tecnologia de Inteligência Artificial,
reconhece os clientes, aciona o programa de fidelidade e o autosserviço, e ainda
processa o pagamento. A empresa ganhou, com isso, 10 segundos em cada
pedido, reduzindo os custos e, ao registrar a presença do cliente pelo rosto, o
sistema ainda busca as preferências dele com base em seu histórico de compras
para customizar as ofertas (Totvs, 2018).
No cenário em que vivemos, os varejistas podem se beneficiar de
softwares sofisticados para administrar a relação com os clientes, estoques,
vendas, devoluções e demais atividades na rotina, sendo essa adaptação do
varejo fundamental para que as empresas não fiquem desatualizadas. A
velocidade com que as inovações são colocadas no mercado exige dos
administradores uma constante reciclagem nos avanços de TI (Las Casas,
2013).
O cenário digital está impactando diretamente tanto no varejo digital
quanto no varejo físico, fazendo com que o lojista precise se adaptar a esse novo
cenário de mercado, tendo, pelo menos, uma parte das novas tecnologias
implementadas e sabendo como utilizá-las para gerar uma boa experiência de
compra.
Saiba mais
Aprofunde seus conhecimentos no assunto com a leitura do artigo “A
importância da evolução do varejo no Mundo Digital”, de Dino, publicada em
Mundo do Marketing, em 2017. Disponível em:
11
<https://www.mundodomarketing.com.br/noticias-
corporativas/conteudo/150078/a-importancia-da-evolucao-do-varejo-no-mundo-
digital->. Acesso em: 19 ago. 2022.
TROCANDO IDEIAS
Nesta aula abordamos o que é este novo varejo que vem surgindo cada
dia com mais força e a importância de se adaptar a ele para o sucesso da
empresa.
Agora, pense um pouco mais a respeito dessas novas tecnologias e
comportamentos e avalie se você acha que o Brasil está conseguindo incorporar
e se adequar a este novo cenário.
Caso sua resposta seja sim, que tecnologias e em quais empresas você
identifica essa adequação?
13
Caso acredite que não, quais são as barreiras que você identifica para
essa “não adequação” e como você entende que as empresas brasileiras
poderiam superá-las?
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
14
REFERÊNCIAS
CECILIA, A. O que é uma loja 4.0 e por que é considerada uma reinvenção no
varejo? Capital do Brasil, 9 abr. 2018. Disponível em:
<https://blog.capitaldocbrasil.com.br/o-que-e-uma-loja-4-0-e-por-que-e-
considerada-uma-reinvencao-no-varejo/>. Acesso em: 6 mar. 2019.
HIDEKI, F. Varejo 4.0: a reinvenção do varejo na era digital. Sebrae MS, 2018.
15
MORAIS, A. A transformação digital no varejo. O Negócio do Varejo, 17 jul.
2018. Disponível em: <http://onegociodovarejo.com.br/a-transformacao-digital-
no-varejo/>. Acesso em: 6 mar. 2019.
16