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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE-SER

Curso de Direito

SANÇÕES A BIOPIRATARIA NA AMAZÔNIA

Francisca Adriana Monteiro Carneiro1


Thaís Regina Soares de Almeida2
Luiz Claudio Pires Costa 3

Resumo
A proposta deste trabalho é verificar e analisar ao longo da história, a proteção jurídica e as
respectivas sanções aplicadas, a prática de Crimes contra os recursos naturais da Amazônia,
berço de grande riqueza ecológica e abastecimento natural e econômico para o Brasil será feita
uma comparação entre a legislação do passado com a atual, para examinar a evolução ao longo
do tempo desta proteção, o impacto do tema no âmbito nacional e internacional, bem como
mencionar alguns prejuízos decorrentes da ausência de legislação protetiva de maneira isolada
ou implantadas nas Constituições Federais e Estaduais, buscando um panorama da aplicação
efetiva destas normas e se elas tivessem sido implantadas no passado, quanto em recurso
financeiro o País não teria perdido, quer para reparação ou como lucro pela prática de crimes
ambientais. A escolha da Amazônia para analisar crimes cometidos nesta região contra o
Patrimônio Ecológico Brasileiro, se deu pela verificação de grande prejuízo econômico para o
Estado do Amazonas e para o Brasil, a época do extravio das sementes da seringueira pelo Inglês
Henry Wickham, para que fossem cultivadas em Seringais da Malásia, tirando assim a
exclusividade do Brasil na produção de borracha que abastecia o mundo todo.
Palavras-chave: Amazônia; Sanções; Crimes; Recursos naturais; Seringueira.

1. Introdução
A Amazônia, vasto e intricado ecossistema, desempenha um papel crucial na
sustentabilidade global, abrigando uma biodiversidade inestimável e desempenhando um
papel essencial na regulação climática do planeta. Contudo, esse tesouro natural enfrenta uma
ameaça crescente proveniente da biopirataria, prática que envolve a exploração não
autorizada de recursos genéticos e conhecimentos tradicionais presentes na região. Diante
desse desafio, a imposição de sanções contra a biopirataria emerge como uma ferramenta
essencial para salvaguardar não apenas os interesses locais, mas também o equilíbrio
ambiental global tradicional das comunidades indígenas que há séculos coexistem
harmoniosamente com a natureza. As sanções, portanto, assumem um papel fundamental na
promoção da justiça ambiental, visando desencorajar práticas predatórias e assegurar que a
exploração dos recursos amazônicos seja conduzida de maneira ética e sustentável.
1
Graduanda em Direito pelo Centro Universitário do Norte-Uninorte, Gestora de equipe Patrimonial.
2
Graduanda no 10 período de Direito pelo Centro Universitário do Norte-Uninorte, Estagiária da Defensoria
pública do estado do Amazonas.
3
Doutorando em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do
Amazonas - UFAM, Mestre em Direito Ambiental pela Universidade do Estado do Amazonas - UEA,
Especialista em Direito Eleitoral pela Universidade do Estado do Amazonas - UEA e em Direito Público pelo
Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas - CIESA, Bacharel em Direito pela Universidade
Federal do Pará - UFPA, Docente do Centro Universitário do Norte - UNINORTE e Advogado
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A exploração ilegal de recursos biológicos amazônicos não apenas compromete a


diversidade única da região, mas também representa um desrespeito aos conhecimentos
No âmbito global, a Amazônia desempenha um papel vital na mitigação das mudanças
climáticas, absorvendo grandes quantidades de dióxido de carbono. A biopirataria, ao
comprometer a integridade desse ecossistema, tem impactos que ultrapassam fronteiras,
contribuindo para a aceleração do aquecimento global. Nesse contexto, as sanções não se
limitam a uma resposta localizada, mas representam um instrumento crucial na defesa da
estabilidade climática e na promoção da responsabilidade compartilhada na preservação
ambiental.
Em suma, a imposição de sanções contra a biopirataria na Amazônia não é apenas uma
necessidade local, mas uma exigência global para a proteção do meio ambiente. Essas
medidas não apenas defendem a biodiversidade única da região, mas também fortalecem o
compromisso comum com a preservação da natureza, reconhecendo a interconexão
fundamental entre a Amazônia e a saúde do planeta como um todo.

2. Meio Ambiente
O meio ambiente é um conceito amplo que engloba todos os elementos físicos,
químicos, biológicos, sociais e culturais que cercam os seres vivos. Ele desempenha um papel
crucial na manutenção da vida no planeta, fornecendo recursos essenciais e criando condições
propícias para a existência de uma diversidade de formas de vida. Nesse contexto, é vital
compreender os aspectos relacionados ao meio ambiente, tanto em termos de sua influência
sobre as atividades humanas quanto na necessidade de preservação para garantir um futuro
sustentável.

2.1 Meio Ambiente e seus Aspectos


O meio ambiente, em sua complexidade intrínseca, constitui um cenário onde a
interconexão entre elementos físicos, químicos, biológicos, sociais e culturais é vital para
sustentar a vida. O entendimento aprofundado desses diferentes aspectos é crucial para
formar uma visão holística que oriente as ações humanas em direção a práticas sustentáveis e
à preservação da diversidade ecológica.
Dentro desse espectro multifacetado, os aspectos físicos, como ar, água, solo e clima,
desempenham papéis fundamentais na criação de condições propícias à existência de vida. Os
aspectos químicos, por sua vez, revelam as intrincadas reações que ocorrem nesses
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componentes, influenciando diretamente a qualidade ambiental. A biodiversidade e os


ecossistemas, representando os aspectos biológicos, conferem estabilidade e resiliência ao
meio ambiente, destacando a interdependência entre todas as formas de vida.
Não menos importante, os aspectos sociais e culturais entrelaçam a sociedade com o
ambiente que a circunda. As atividades humanas, muitas vezes moldadas por valores
culturais, têm impactos significativos, influenciando desde a gestão de recursos naturais até a
resposta a desafios ambientais. Portanto, a abordagem integrada desses aspectos é essencial
para moldar práticas que não apenas atendam às necessidades presentes, mas também
preservem o equilíbrio ecológico para as gerações futuras.
Ao considerarmos o meio ambiente natural, nos deparamos com áreas intocadas pelas
atividades humanas, como parques nacionais e reservas naturais. Esses refúgios
desempenham um papel crucial na conservação da biodiversidade e na manutenção de
ecossistemas saudáveis. Preservar esses ambientes naturais não é apenas uma escolha ética,
mas uma necessidade para assegurar a estabilidade dos serviços ecossistêmicos, como a
regulação do clima e a manutenção da qualidade da água.
Contudo, diante dos desafios contemporâneos, como a urbanização desenfreada e as
mudanças climáticas, a preservação do meio ambiente torna-se uma tarefa premente. A
responsabilidade coletiva surge como um imperativo, demandando ações coordenadas entre
governos, setor privado e sociedade civil. A implementação de políticas ambientais eficazes,
a promoção da inovação sustentável e a educação ambiental são peças-chave para construir
um futuro onde a harmonia entre a sociedade e o meio ambiente seja preservada.
Em última análise, a reflexão e a ação consciente em relação ao meio ambiente são
cruciais para garantir a resiliência do planeta e a qualidade de vida das gerações presentes e
futuras. Essa tarefa não é apenas uma incumbência, mas uma oportunidade para promover um
equilíbrio duradouro entre as atividades humanas e os delicados sistemas naturais que
sustentam toda a vida na Terra.

2.2 O Meio Ambiente Natural


O meio ambiente natural representa a faceta intocada e não adulterada pela intervenção
direta das atividades humanas. É um reino de vital importância para a manutenção da
biodiversidade, o equilíbrio ecológico e a preservação dos processos naturais que sustentam a
vida no planeta. Nesse contexto, áreas preservadas, como parques nacionais, reservas naturais
e ecossistemas intocados, emergem como refúgios essenciais para a conservação dos recursos
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naturais e a promoção da saúde dos ecossistemas.


A biodiversidade, elemento distintivo do meio ambiente natural, compreende uma
variedade de formas de vida, desde microorganismos até organismos complexos,
contribuindo para a estabilidade e resiliência dos ecossistemas. Essa diversidade biológica
não apenas oferece um espetáculo de formas e cores, mas desempenha papéis cruciais nos
processos ecológicos, como polinização, controle de pragas e manutenção do equilíbrio
biológico.
A preservação do meio ambiente natural transcende a mera contemplação estética;
trata-se de salvaguardar serviços ecossistêmicos essenciais para a sobrevivência humana. A
regulação do clima, a purificação da água, a fertilização do solo e a polinização de culturas
agrícolas são apenas alguns exemplos tangíveis dos benefícios derivados de ecossistemas
naturais íntegros. A integridade desses serviços é vital para garantir uma qualidade de vida
sustentável.
Contudo, o meio ambiente natural enfrenta ameaças crescentes devido às atividades
humanas, como a expansão urbana, a exploração desenfreada de recursos e as mudanças
climáticas. Esses desafios exigem um compromisso renovado com a conservação, incluindo a
implementação de políticas eficazes, práticas de gestão sustentável e a promoção da
conscientização ambiental.
A responsabilidade coletiva em relação ao meio ambiente natural é um imperativo ético
e pragmático. A sociedade, juntamente com governos e organizações, desempenha um papel
crucial na criação e implementação de estratégias que conciliem o desenvolvimento humano
com a preservação ambiental. Além disso, a educação ambiental desempenha um papel vital
na formação de uma consciência coletiva sobre a importância da preservação do meio
ambiente natural.
Em síntese, o meio ambiente natural não é apenas um cenário pitoresco, mas uma fonte
vital de recursos e serviços essenciais para a existência humana. Preservar sua integridade
requer esforços concertados, políticas bem elaboradas e uma mudança cultural em direção a
práticas mais sustentáveis. Ao fazê-lo, não apenas garantimos um legado ambiental para as
futuras gerações, mas também reconhecemos nossa interdependência com o meio ambiente e
a necessidade premente de proteger essa preciosidade que é a base de nossa existência.

3. Biopirataria no Brasil: um desafio legislativo


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A biopirataria pode ser definida como “a utilização de recursos naturais e conhecimento


tradicional sobre esses recursos sem a autorização do Estado” e é sem dúvida um grande
desafio para a legislação brasileira. Essa afirmativa tem se consolidado ao longo dos anos
com a crescente tentativa de danos patrimoniais ao nosso maior bem e diferencial em relação
ao mundo, que são os recursos naturais, que geram renda e fortaleza econômica.

A Amazônia brasileira, tem sido alvo de uma escalada crescente por seus recursos
naturais, devido a ação dos biopiratas, que se utilizam de vários pretextos para “pesquisar”
nossos recursos, com o objetivo de contrabandear nossas riquezas naturais. A Biodiversidade
Amazônica, continua a ser um desafio para todos que por ela se interessam.

O fato é que existe sim um grande interesse mundial em se apropriar de diversas


maneiras dos recursos que são exclusivos de uma rica fauna e flora, com uma imensidão de
oportunidades de exploração por diversos ramos como pesca, aquicultura, agricultura, etc.
Vivemos em um Oásis, que está na mira de grandes economias mundiais e o mais importante
é que não existe uma proporcionalidade de proteção para as ações intentadas. O Brasil precisa
combater diretamente a biopirataria e cobrar sanções a nível mundial junto a organizações
internacionais.
Não existem sanções rígidas e a fiscalização embora seja presente de maneira efetiva na
legislação atual, na prática é precária, em vista das grandes tecnologias que os países
possuem e disponibilizam para extraviar os recursos naturais. Existe um grande patrocínio da
Indústria, para que a biopirataria ocorra, o que também nos coloca na posição de precisar de
uma legislação rígida, no tocante à repressão de tais práticas que minam a nossa economia.
Eurípedes Ferreira Lins, em sua obra denominada “O Amazonas e seus problemas”
(2006), expõe uma preocupação quanto à nova lei de concessão de florestas públicas que, em
nome do desenvolvimento sustentável, está autorizando a exploração da Amazônia por um
praza de 40 (quarenta anos), inclusive por empresas estrangeiras, o que deixa um espaço para
o incremento da biopirataria na região. O autor chama, então, o Amazonas de “um Estado de
todos”, e vai além:

Afora o aculturamento e uma população indígena, que vem tendo


uma penetração de brancos, estrangeiros, se dizendo missionários, e
que na verdade são verdadeiros espiões das chamadas ONGs, na
busca de nossa flora medicinal e das riquezas minerais, como o ouro,
o diamante, a cassiterita, etc. Como um humilde caboclo, autêntico
brasileiro, estou achando que essas tais Organizações Internacionais –
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ONGs – têm o poder quase absoluto nas terras que lhes são cedidas
pelo Governo da União (LINS, 2006, p. 138-139).

As leis que regulamentam o desenvolvimento da biotecnologia não são claras e


deixam “brechas” para a biopirataria.
É importante ressaltar que a Convenção de Diversidade Biológica assinada durante a
ECO-92 reconheceu que os recursos genéticos não devem ser vistos como patrimônio comum
da humanidade, como querem os países interessados em dominar os recursos dos países mais
pobres e como o mundo entendeu na época em que a borracha foi extraviada da Amazônia,
tendo em vista o valor econômico agregado a estes recursos na atualidade, pois cada nação é
soberana sobre seus próprios recursos genéticos. Esta Convenção, com base neste critério,
estabelecem três mecanismos de exploração sustentável, por parte de cada país: 1. Participar
da pesquisa sobre os recursos; 2. Dividir os benefícios financeiros obtidos da exploração
comercial desses recursos; e 3. Partilhar os benefícios tecnológicos obtidos desses recursos.
Outro grande fator que gera uma barreira para a proteção jurídica, foi a legalização das
chamadas, patentes. O que faz com que o avanço da biotecnologia e a facilidade de se
registrar marcas e patentes em âmbito internacional, provoque um aumento na biopirataria
mundial.
As patentes são concedidas para invenções por um período de 20 anos. A Convenção da
Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) define como patente:

(...) um título de propriedade temporário outorgado pelo Estado, por


força de lei, ao inventor/autor ou pessoas cujos direitos derivem do
mesmo, para que esta ou estas excluam terceiros, sem sua prévia
autorização, de atos relativos à matéria protegida, tais como
fabricação, comercialização, importação, uso, venda, etc.
(fonte:www.inpi.gov.br)
O Tratado sobre Direitos de Propriedade Intelectual da OMC – TRIPS, de 1995,
estabeleceu o direito das empresas terem respeitadas as patentes em todos os países membros
da OMC, o que permite que estas empresas, geralmente de países industrializados que detém
uma maior capacitação tecnológica e econômica, utilizem estes direitos para piratear o
conhecimento indígena e a biodiversidade dos países mais pobres do mundo que detém esta
imensa fonte de riquezas, mas pouco recurso financeiro e baixa capacitação humana para
investir em pesquisas. A Lei de Patentes precisa ser revista. Para Flávio Montiel:
(...) Novos acordos devem proibir o patenteamento de organismos
sem especificação de origem e forma de obtenção, e garantir
propriedade intelectual às populações que geraram o conhecimento.
Seria bemvindo também o acréscimo de artigos à legislação de crimes
ambientais, como forma de dar efetividade ao trabalho de
fiscalização. É preciso tipificar melhor as penalidades em relação ao
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tráfico de animais e à biopirataria. Hoje, a falta de objetividade põe


no mesmo banco de réus um traficante internacional e uma idosa que
possua um papagaio há duas décadas. (fonte: Correio Braziliense de
29 de outubro de 2005).
Há uma lacuna no âmbito da legislação no combate à biopirataria, internacionalmente,
existe a premissa de se respeitar a soberania interna de cada país, mas até onde esse respeito
não invade e fere os princípios de proteção dos recursos tão necessários e necessitados de
proteção? A legislação internacional é escusa, vaga e não tem uma aplicação preventiva no
combate à biopirataria, que gera malefícios que ocasionam prejuízos exorbitantes para a
economia nacional.

4. Proteção Jurídica aos Recursos Naturais


Os doutrinadores de maneira inteligente assim dividiram a evolução histórica do
Direito Ambiental Brasileiro, a saber:

4.1 Primeira Fase: Tutela econômica do meio ambiente


A primeira fase que corresponde a tutela econômica do meio ambiente, originou-se no
Brasil Colônia e no Brasil Império, poucas leis formaram esse período, o objetivo era
proteger a natureza como recurso a ser utilizado pelo homem visando o aspecto econômico da
mesma.

4.2 Segunda Fase: A tutela sanitária do meio ambiente


Nessa fase houve a criação do Código Florestal de 1934 e de um Decreto que protege o
patrimônio histórico e artístico e vigora até os dias atuais.

4.3 Terceira Fase: A tutela autônoma do meio ambiente e o surgimento do direito


ambiental
A partir dessa fase, foi inserido um valor mínimo de proteção ao meio-ambiente e
apartir desse entendimento foi criada a lei nº6.938, que versa sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente.

5.0 Constituições Brasileiras e a Proteção Jurídica Ambiental


A Constituição de 1824, não fez qualquer referência à questão ambiental, já
a Constituição de 1891, em seu artigo 34, atribuía à União a competência legislativa sobre
suas terras e minas. A carta de 1934 trouxe a previsão de proteção às belezas naturais, ao
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patrimônio histórico, artístico e cultural (artigos 10, III, e 148) e atribuiu à União
competência em questões de riquezas do subsolo, mineração, águas, florestas, caça, pesca e
sua exploração (artigo 5º, XIX, j).
A Constituição de 1937 manteve as previsões da carta de 1934 (artigos 16, XIV, 18, a e
e, 134), bem como tratou da proteção de plantas e rebanhos contra doenças e agentes nocivos.
A Constituição de 1946, manteve a defesa do patrimônio histórico, cultural e
paisagístico, bem como a competência da União acerca de normas de defesa da saúde,
subsolo, águas, florestas, caça e pesca. O texto da Constituição de 1967 manteve as mesmas
disposições da carta de 1946.
A Carta Magna de 1988, foi a Primeira a trazer explicitamente em seu texto de forma
direta a proteção ambiental, dedicando-lhe um capítulo próprio que, definitivamente,
institucionalizou o direito ao ambiente sadio como um direito fundamental do indivíduo,
reconhecendo o meio-ambiente como “direito público subjetivo”, ao proclamá-lo como: ”
bem de uso comum do povo”.
Vejamos o inteiro teor do artigo 225, da Constituição Federal:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º
Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a
diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar
as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços
territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos,
sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei,
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos
atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei,
para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a
comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII -
proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de
espécies ou submetam os animais a crueldade. § 2º Aquele que
explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º A
Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional,
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e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que


assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso
dos recursos naturais. § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou
arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à
proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operem com
reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem
o que não poderão ser instaladas.

5.1 Diplomas Legais de Proteção ao Meio Ambiente e Recursos Naturais


Existem no ordenamento Brasileiro outros diplomas legais que versam sobre a matéria
ambiental. Dentre eles estão:
- Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989 – cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA;
- Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989 – Lei de Agrotóxicos;
- Lei nº 8.723, de 28 de outubro de 1993 – prevê a redução de emissão de poluentes por
veículos automotores;
- Lei nº 8.746, de 09 de dezembro de 1993 – cria o Ministério do Meio Ambiente;
- Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997 – Política Nacional de Recursos Hídricos;
- Lei nº 9.478, de 06 de agosto de 1997 - dispõe sobre a Política Energética Nacional;
- Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 – prevê sanções penais e administrativas derivadas
de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente;
- Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 – Política Nacional de Educacao Ambiental;
- Lei nº 9.966, de 28 de abril de 2000 – prevenção, controle e fiscalização da poluição
causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob
jurisdição nacional;
- Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000 – criação da Agência Nacional das Águas – ANA;
- Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza – SNUC;
- Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005 – Lei de Biosseguranca;
- Lei nº 11.284, de 02 de março de 2006 – gestão de florestas públicas para a produção
sustentável;
- Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006 – utilização e proteção da vegetação nativa do
Bioma Mata Atlântica;
- Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007 – diretrizes nacionais para o saneamento básico;
- Lei nº 11.794, de 08 de outubro de 2008 – procedimentos para o uso científico de animais;
- Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009 – Política Nacional sobre Mudança Climática –
PNMC;
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- Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos;


- Decreto nº43852 de 11/05/2021.

5.2 Legislação Estadual


No texto Constitucional da Primeira Constituição do Estado do Amazonas, datada de 27
de Junho de 1891, existe omissão total quanto à proteção dos recursos naturais do Estado.
Atualmente, em relação aos recursos naturais, a Legislação Estadual em seu aspecto geral,
dispõe apenas sobre créditos para produção, direitos e deveres obrigacionais entre as partes
das relações de trabalho decorrentes de exploração e tais recursos, bem como a fiscalização
de tais serviços. Óbvio, é o que resta, depois do extravio da semente da seringueira, só restou
proteger as relações de trabalho. Nunca houve em nossa legislação nenhum dispositivo que
sancionasse o extravio de produtos nativos da região Amazônica. A concorrência foi o
motivo de pensar em legislar sobre o assunto, mas nunca protegendo e sim apenas regulando
as relações alí estabelecidas, um descaso que custou muito caro para o Amazonas e para o
Brasil.
5.3 A borracha na economia Amazônica
“ A extração da borracha, a partir de 1850 em escala comercial, foi a maior empresa
extrativa florestal que gerou a fase mais próspera da economia regional, em 1910, com um
registro de 38.547 toneladas de produção, no valor de 25.254.371, equivalente a LE.655 por
tonelada, contra o ano mais negro da crise, em 1932, quando foram produzidas 6.224t,
avaliadas em LE.217.012, equivalente a LE. 34 por toneladas. Entre uma data e outra,
perdemos 97% do nosso produto territorial bruto, medido em termos de borracha. No entanto,
no período de mais de um século de sua prevalência, a empresa seringueira produziu, de 1821
a 1947, 1.550.215 toneladas, no valor de LE. 394.691.503, que, corrigidos monetariamente,
em função da desvalorização da libra estrelinha, representaria hoje um valor equivalente a
cerca de um bilhão de libras estrelinhas.
Esse movimento, da batalha da borracha, sofreu o impacto da produção da Malásia,
Cingapura e outras colônias britânicas, determinando a decadência da econômica local. Esse
período foi responsável pela imigração de cerca de 500.000 nordestinos, que foram atraídos
para a Amazônia e deixou marcos permanentes de sua presença em infra- estrutura, energia
elétrica, saúde, malha urbana e outros. Entre 1821 á 1947 foram gerados na região citada, a
acumulação de capitais e bens que podem ser medidos pelo valor dos 350 milhões de libras
estrelinhas.
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A Borracha foi substancialmente o produto principal que sustentou a economia na


Amazônia, mas nunca houve o cuidado na proteção jurídica a esse insumo. Cosme Ferreira
Filho menciona que:
“Eis porque, firmes, agora como antes, na tradicional convicção de que a borracha
constitui no presente e integrará no futuro a própria substância de nossa vida econômica,
continuaremos a preconizar a ampliação das atividades que se congregam em torno da
mesma, quer com o objetivo de organizar a sua produção racional, quer com o propósito
imediatista do aproveitamento da grande riqueza nacional, por meio da exploração da
formidável massa de seringais silvestres, prontos a responderem, de forma compensadora, aos
esforços de seus repovoadores.”
Mesmo após o extravio da semente da seringueira, e todo o prejuízo que esse ato que na
época não era crime causou, a restauração e restabelecimento econômico sempre foi o
objetivo máximo, em nenhum momento pensou-se em punição ou até mesmo disciplinar
legalmente a proteção jurídica a esse patrimônio natural Brasileiro.
Após a grande crise de 1933, alguns seringalistas fizeram seus próprios estatutos e
regulamentos, sempre direcionados ao trabalho e à convivência social,
Diz o regulamento interno de um seringal: “ Toda a nação tem suas leis para por elas
refere-se, e se estas leis não são obedecidas por seus habitantes será uma nação em completa
desorganização, onde não poderá haver garantias para os que nela vivem, nem para quem
com ela mantiver negócios.”

6. Prejuízos decorrentes da Biopirataria praticada contra o Brasil no Ciclo da Borracha

Para ilustrar o grande prejuízo de situação irremediável que o Amazonas enfrentou,


quando a Inglaterra extraviou as sementes da seringueira para cultivar na Malásia, vale
apresentar dados equiparativos de três décadas consecutivas, de consumo e produção
Brasileira e Asiática, a saber:

CONSUMO MUNDIAL DE BORRACHA


ANO-1908
De procedência amazônica............................ 30.565 tons
De procedência asiática................................. 1.800 tons
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TOTAL ............................................. 32.365 TONS


Contribuição percentual da Amazonia ..... 94,4%

ANO-1918
De procedência amazônica............................ 31.496 tons
De procedência asiática................................. 255.950 tons

TOTAL ............................................. 287.446 TONS


Contribuição percentual da Amazonia ..... 10,9%

ANO-1928
De procedência amazônica............................ 15.061 tons
De procedência asiática................................. 650.910 tons

TOTAL ............................................. 665.971 TONS


Contribuição percentual da Amazonia ..... 2,3%

ANO-1937

De procedência amazônica............................ 15.680 tons


De procedência asiática................................. 1.105.680 tons

TOTAL ............................................. 1.121.540 TONS

Contribuição percentual da Amazônia ..... 1,4%


Sabiamente, Cosme Ferreira Filho assevera que:
“Decorridos mais de vinte anos, reassentada a economia nacional em
bases diversas, mantida ao café e transferido ao algodão, às frutas, ao
mate e a outros fatores menos expressivos de nossa exportação, a
responsabilidade de fazer os medíocre saldos de comércio exterior do
Brasil, nem por isso deixou a borracha de constituir um problema
nacional com prevalência sobre os restantes. Se àquela época, essa
matéria prima representava apenas detalhe da exportação, no presente
momento e sem prejuízo dessa característica fundamental, a borracha
passa a ser, simultaneamente, um elemento necessário de utilização
interna, capítulo marcante na indústria brasileira, o argumento de uma
autarquia de consumo, nacional e continental, e a promessa de uma
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hegemonia de produção, em cuja conquista todas as circunstâncias


cooperam”

Mas a borracha não representa apenas um problema amazônico, porque dele depende a
restauração das finanças públicas e particular da região, não apenas um interesse brasileiro,
para apontamento dos índices de exportação do país, suprimento de seu consumo interno e
povoamento de vastíssima linha de fronteiras, não exclusivamente um problema sul-
americano, com a participação das nações limítrofes produtoras de “látex”, mas é sobretudo,
um problema continental, uma tese americana de produção e consumo, atingindo de perto, a
maior nação maquinofatura de artigos elásticos: os Estados Unidos.

E continua:
“ Eis porque nos permitimos agitar de novo, tal qualmente o fizemos
em 1928, o caso da borracha, cujo equacionamento ontem se impôs,
como agora se impõe e futuramente se imporá a todos o0s homens de
Estado, que pretendam reabilitar, financeiramente esta maravilhosa
porção do território pátrio. ” (Porque Perdemos a batalha da borracha
- Cosme ferreira filho- Edição Governo do Estado do Amazonas).

6.1 Impacto social decorrente da biopirataria na Amazônia


O extravio da semente da seringueira foi sem dúvidas um dos maiores crimes de
biopirataria já praticados no Brasil, gerando grandes impactos além de econômicos, sociais.
Samuel Benchimol sobre o tema diz:
“ O vento oriental, que partiu dos seringais de plantação da Malásia, destruiu os tempos
das vacas gordas e das espigas formosas, e passou a açoitar a Amazônia com a fome e a
pobreza, como estava escrito, pois ninguém seguiu o conselho de José para plantar, produzir
e guardar.”
O termo “guardar" descrito por Samuel, obviamente refer-se ás sementes, mas
analisando o contexto, esse termo também poderia ser direcionado, como guarda e proteção
do recurso que era a base de sustentabilidade da economia local a referida época, grande
negligência legislativa e desleixo á proteção jurídica e tutela omitida a um produto oriundo
tipicamente da região Amazônica e que era protagonista para a subsistência do Estado.
Segundo aponta o citado autor, o preço mais alto alcançado pela borracha foi no ano de
1910, quando cotada em 655 LE a tonelada, o que gerou um valor bruto de 25.254.371 LE,
para uma exportação de 38.547 toneladas, o preço mais baixo, no fundo da crise, em 1932,
desceu para 34 LE, por tonelada, produzindo um valor de 217.012 LE. Para uma exportação
de apenas 6.224 toneladas. Entre uma data e outra, em termos de borracha, a Amazônia havia
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perdido 92% do seu produto Regional Bruto em libras estrelinhas, e 97% e, termos de
imóveis.
Quando a Malásia assumiu o monopólio da borracha cultivada, e o Amazonas passou a
sofrer a duras penas a perca da condição que ostentara frente ao mundo todo, Marechal
Hermes da Fonseca, então Presidente da República, tentou remediar sob o ponto de vista
econômico a situação e apresentou o primeiro plano integrado de desenvolvimento
econômico e social da Amazônia, que abrangia cafeicultura, imigração, saúde, transporte,
produção agrícola alimentar, pesca, incentivos fiscais e subsídios. O plano foi convertido na
Lei 2.542-A, de 5/1/1912, e regulamentado pelo Decreto 9.521, de 17/4/1912. Leis criadas
para a recuperação econômica, mas sem instituição de punições para controle e combate
preventivo á biopirataria, ainda que esse termo não existisse na época o direito a ser protegido
sempre existiu e com certeza seria muito mais urgente do que a exploração em sí do produto.
Na década dos anos 30, os seringais ficaram despovoados, apenas alguns resistiram à
crise, permanecendo fiéis ao seu destino. Os seringalistas arruinados foram promovidos pelos
políticos a “Coronéis de Barranco" e os seringueiros miseráveis passaram a ser os “soldados
da borracha”, tentaram eles encontrar a sua sobrevivência e de seus homens na castanha, na
corda, na madeira, em outros produtos regionais, assim como na roça e na fazenda.
Os chamados Coronéis de Barranco chegaram a fazer um manifesto que dentre outras
coisas dizia:
“ Exmo. Ser. Dr. Getúlio Vargas
D.D Presidente da República.
Proprietários de terras e comerciantes dos rios Tarauacá e Embira, no Acre Federal,
temos a honra de vir a presença de V. Excia. com o presente memorial, no qual procuramos
em termos breves e concretos demonstrar a V. Excia, a situação premente daquela região
brasileira e pedir corretivo a males que dia a dia mais se agravam... Depois a crise da
borracha veio alcançar, fundamente, a economia da região, limitando a produção e trazendo
miséria.”
6.2 A esperança do caminho a ser trilhado no Amazonas

Em meio a tantos problemas referentes a proteção jurídica relativa a


assuntos ambientais, é natural que o Amazonas e seus juristas estejam imbuídos do propósito
de evoluir a legislação ambiental do referido Estado, principalmente por ser tão
visado mundialmente nesse âmbito. Não alheios, portanto a essa realidade, surgem a
todo momento novas adequações legislativas, decorrentes das necessidades detectadas
em cada caso.
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Ozório J.M. sobre o tema assevera que:


“Farto será, portanto, o aparelhamento legal nesse estado do ponto de
vista ambiental, o que certamente impulsionará um maior número de
profissionais do direito da região para esse fervilhante braço do
direito brasileiro. A esse incentivo se soma a iniciativa de
Universidade do Amazonas em conduzir cursos de especialização na
área do direito ambiental, o que capacitará aqueles profissionais
formados que não contactaram com a matéria à nível de graduação.
Entende-se já haver também, no estado do Amazonas, por iniciativa
de membro destacado da Associação do Magistrados do Amazonas,
a criação de uma vara especializada em questões ambientais. O que
seria algo inédito em termos de Brasil. Percebe-se, facilmente, que a
comunidade jurídica amazonense, em interação coma camada
política, pretende dotar o vasto território amazônico de uma infra-
estrutura legal, visando coibir os abusos outrora praticados, um total
benefício da população que aqui habita e convive diuturnamente com
o drama da relação homem natureza.”

No âmbito Municipal, a cidade de Manaus possui um código ambiental onde


são instituídos segundo seu artigo 4º, os seguintes princípios:
ART. 4º. A Política Municipal de Meio Ambiente é orientada pelos
seguintes princípios gerais:
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,
considerando o meio ambiente como um bem de uso comum do povo
a ser necessariamente assegurado e protegido;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III - planejamento e fiscalização do uso bens ambientais;
IV - controle e redução da poluição ambiental;
V - ação interinstitucional integrada, horizontalizada com os órgãos
municipais e verticalizada com os níveis estadual e federal;
VI - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas
representativas;
VII - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente
poluidoras;
VIII - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas
para o uso racional e a proteção dos bens ambientais;
IX - recuperação das áreas degradadas;
X - ampliação da cobertura vegetal;
XI - manutenção e melhoria da qualidade dos bens hídricos;
XII - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
XIII - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a
educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação
ativa na defesa do meio ambiente.

No âmbito Estadual, existe a lei nº 1.532, de 6 de julho de 1982 de 6 de julho de 1982,


que disciplina a política Estadual da prevenção e controle da poluição, melhoria e
recuperação do meio ambiente e de proteção aos recursos naturais, e dá outras providências,
definindo como aplicação de sanções em seu artigo 24 que:
Art. 24 Para imposição e gradação das sanções, a autoridade
competente observará:
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas
conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;
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II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação


de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

Em análise a proteção legislativa tanto Estadual como Municipal, podemos observar


que existe sim uma preocupação em fiscalizar recursos e práticas relacionadas a extração
destes produtos oriundos da natureza, bem como o meio-ambiente como um todo, no entanto,
em nossa opinião as sanções são muito leves e irrelevantes, afinal, qual seria o melhor modo
de proteger nossas riquezas naturais senão aplicando sanções severas que pese no bolso e na
liberdade de quem contra elas atentar?
Existe um cuidado muito grande em relação a prevenção e fiscalização preventiva,
mas sanções propriamente ditas, para crimes já praticados ainda é muito fraca e genérica, o
que é inaceitável em um Estado que é considerado o mais rico em termos de recursos naturais
e sofreu sim um grande rombo à época do extravio das sementes da seringueira, o que
inclusive naquela época deveria ter sido observado que ao lidar com um recurso tão próspero
e visado, seria imprescindível uma proteção mínima jurídica, mas uma vez não tendo sido
observada tal situação, deveria ter servido de marco para uma efetiva repressão e controle
legislativo no quesito ambiental.
A esperança dos homens dessa terra no passado, que sofreram prejuízos com a falta
de proteção jurídica, seria que hoje ela fosse consistente e a nossa esperança presente para
as gerações futuras, é que ela possa ser severamente construída e fortalecida a cada fato novo
ou necessidade. Infelizmente isso talvez seja um sonho, mas vamos fazer a nossa parte
para concretiza-lo.

Conclusão
Proteger os recursos naturais e evitar a biopirataria no Brasil, embora desafiador, uma
vez que o País é alvo de pesquisas e especulações quanto ao vasto e rico conteúdo de suas
biodiversidades, é totalmente possível conceder ao menos sanções em relação a crimes
ambientais. Mas ainda existe um conteúdo ameno em relação a sanções nos textos
legislativos de proteção ao meio-ambiente. Se o extravio da semente da seringueira fosse
hoje, possivelmente a mesma impunidade que levou o Estado do Amazonas, a amargurar a
pior crise econômica de sua história, se repetiria, e sendo mais especificas, de acordo com
acordo com a legislação atual, o contrabandista que roubou a semente da seringueira
Brasileira seria punido de com detenção de seis meses a um ano, e multa.
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A solução verificada não se restringe apenas a práticas de fiscalização das pesquisas


aqui realizadas como o que ocorre atualmente, é preciso sanções severas, aplicação de multas
equiparadas ao dano patrimonial gerado ao Brasil pela prática de tais Crimes.
A impunidade existe e está diante de nossos olhos, prova disso é que o extravio dos
recursos naturais Brasileiros estão sendo facilitados pela própria omissão legislativa do
referido País.

Referências

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Legislativa, 1996.

AMAZONAS. Constituição do Estado do Amazonas. Manaus: Paço do Congresso


Constituinte, 1891

ANTÔNIO. Adalberto Carim. A evolução e maturidade do direito ambiental brasileiro,


Grafima, 1992.

ANTUNES, Paulo de Bessa. Comentários ao novo Código Florestal. 2. ed. atual. São
Paulo: Atlas, 2014.

ANTUNES, Carlos (org.). Ecossocialismo: Uma alternativa verde para a Europa. Lisboa:
Divergência, 1990.

BRASIL. Senado Federal. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Política Nacional do Meio
Ambiente. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Brasília, DF:
Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. Acesso em: nov.2023.

BRASIL. Senado Federal. Lei n°. 9.605 de 1998: Dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de leis de crimes ambientais, conduta e atividades lesivas ao meio
ambiente (Lei de Crimes Ambientais), 1998. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm Acessado em: nov. 2023.

Lei nº 7.653, de 12 de fevereiro de 1988. Altera a redação dos arts. 18, 27, 33 e 34 da Lei nº
5197,de 03 de janeiro de 1967, que dispõe sobre a proteção à fauna, e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: nov. 2023.

BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000.Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III
e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de 69 Conservação da
Natureza e dá outras providências.Disponível em:
˂http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=322˃. Acesso em: nov. 2023.
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BRASIL. Senado Federal. Lei nº 6.902,de 27 de abril de 1981. Área de proteção ambiental .
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6902.htm#:~:text=LEI%20No
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DE MELLO. Thiago. Manaus, amor e memória. Valer. 2020

FERREIRA, Heline Sivini, LEITE, José Rubens Morato (Org.). Estado de Direito
Ambiental: Tendências e aspectos constitucionais e diagnósticos. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2004.

FONSECA. Ozório. Amazonidades,IPRAM.

LOSIVARO, Danilo. Biopirataria na Amazônia, Juruá,2010

BENCHIMOL, Samuel, O romanceiro da batalha da borracha, Imprensa Oficial do Estado


do Amazonas, 1992.

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