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FACULDADE EVANGÉLICA DE GOIANÉSIA


CURSO DE DIREITO

A ATIVIDADE SUCROALCOOLEIRA EM GOIANÉSIA E OS ASPECTOS


JURÍDICOS RELACIONADOS AOS SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS

MARCIANO LUÍS DA SILVA

Goianésia-GO
2016
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MARCIANO LUÍS DA SILVA

A ATIVIDADE SUCROALCOOLEIRA EM GOIANÉSIA E OS ASPECTOS


JURÍDICOS RELACIONADOS AOS SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS

Projeto de pesquisa apresentado à


Faculdade Evangélica de Goianésia, como
requisito parcial para aprovação na disciplina
de Monografia Jurídica I.

Orientação: Profa. Dra. Maísa França


Teixeira

Goianésia-GO
2016
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Introdução

Para abordar-se sobre os aspectos jurídicos relacionados aos Impactos


Ambientais na cidade de Goianésia, e seus problemas recorrentes, é importante
ressaltar breve histórico sobre o tratamento de nosso ambiente pelas sociedades em
geral.
A exploração humana em face da natureza se deu a partir do século XV,
ocasião em que o homem deixa de ver a natureza como um elemento significante no
ritmo de vida da população, vez que dependente das condições que esta lhe oferece,
e passa a vê-la como um recurso, o que efetivou-se no século XVIII, com a
Revolução Industrial (PINTO, 2006).
Nesse ínterim, é possível verificar que a transformação da natureza tem
sido ditada de acordo com as necessidades e ensejos financeiros da sociedade,
uma vez que o capitalismo de forma predatória tem agredido a natureza em todas as
partes do mundo muitas vezes extinguindo espécies animais e vegetais e alterando
substancialmente a riqueza da nossa biodiversidade.
E trazendo esta situação para o Estado de Goiás, especificamente na
cidade de Goianésia, objeto de estudo, verifica-se que não é diferente, uma vez que
a cidade hoje engloba 03 (três) grandes Usinas Sucroalcooleiras, sem contar as
demais instituídas no ramo agropecuário.
Assim, embora a Constituição Federal dispõe em seu artigo 225, caput,
que:
todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as
presentes e futuras gerações.

A mídia, juntamente com opiniões públicas expostas em sites e jornais,


demonstram que o meio ambiente têm sido destruído em razão da contaminação
causada pelas industrias sucroalcooleiras.
Nesse contexto, serão analisados os aspectos jurídicos relacionados aos
impactos ambientais em razão da atividade sucroalcooleira em Goianésia, o qual tem
por objetivo averiguar se este fator é relevante para promover a degradação
ambiental no município, uma vez que o meio ambiente tem clamado por socorro
mesmo diante das afirmativas dos empresários em adotar políticas sustentáveis.
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Portanto, com a finalidade de delimitar este trabalho, todo contexto será


explanado em três capítulos, voltado à atuação da atividade sucroalcooleira, os
aspectos jurídicos e os danos ambientais em razão de sua atividade diária de forma
direta ou indireta degradar o meio ambiente, onde serão utilizados métodos
bibliográficos, estatísticos, normativos e jurisprudenciais.
No primeiro capítulo relata sobre os princípios do Direito Ambiental, sendo
destacados: Princípio do desenvolvimento Sustentável, poluidor pagador, da
participação e da prevenção.
O Segundo capítulo abordará a origem da cana de açúcar e sua
introdução ao Brasil, com intuito de averiguar sua expansão a cidade de Goianésia,
o que deu início as industrias sucroalcooleiras, bem como será elencado a
importância da Constituição Federal de 1988 no que se refere a tutela do Meio
Ambiente, uma vez que elevou o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado à categoria de direito fundamental e essencial à sadia qualidade de vida.
No terceiro capítulo, com intuito de averiguar a degradação ambiental no
município de Goianésia, serão explanados os impactos ocasionados pelas
queimadas da cana de açúcar, bem como os mecanismos de controle de impactos
realizados pelas indústrias à luz da lei municipal de 2.422, de 11 de julho de 2006, e
na sequencia serão expostas imagens comparativas de áreas degradadas.
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Problematização:

Atualmente o meio ambiente, diante do tema sustentabilidade, tem sido


um dos assuntos mais abordados em todo o mundo, visto as consequências trágicas
que tem sofrido o que, consequentemente, tem alterado o nosso ecossistema
(FONSECA, 2015).

É notório que o ser humano está condicionado aos elementos


indispensáveis a sua subsistência, o que verifica-se a ligação entre o meio ambiente
e a vida humana, além, de notarmos o quanto necessitamos do meio ambiente para
a nossa sobrevivência.

Entretanto, este patrimônio que deveria ser preservado para os presentes,


bem como para as futuras gerações têm sido destruído, sem qualquer remorso por
indústrias sucroalcooleiras, as quais, embora aleguem adotar políticas ambientais e
sustentáveis, é possível verificar que na realidade funcionam de forma diferente.

Ora, basta olhar ao nosso redor e nos deparamos com a poluição


atmosférica causada pela substituição do cerrado nativo pela exploração do solo, a
contaminação do ar e da água, por meio das queimadas e vinhaça lançada nas
fontes, além da redução da biodiversidade causada pelo desmatamento.

Assim, especificamente na cidade de Goianésia, objeto de estudo,


percebe-se que a poluição causada pela atividade sucroalcooleira reflete nas
alterações climáticas da cidade, o que antes, era agradável de viver, hoje, mal sabe
quando choverá, além, de que, o tempo está cada vez mais seco em virtude das
queimadas da cana-de-açúcar.

Desta forma, provavelmente o meio ambiente não ira suportar a


degradação que está sofrendo, incessantemente, e, para alcançar o
desenvolvimento sustentável, é necessário provocar, na sociedade, a importância da
conscientização sobre o meio ambiente, a qual, segundo dispõe a Lei n 9.795, de 27
de abril de 1999, em seus artigos 9º e 10º, inicia-se nos primeiros dias de vida.
Vejamos:

(…)
Art. 9º – Entende-se por educação ambiental na educação escolar a
desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e
privadas, englobando:
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I - educação básica:
a) educação infantil;
b) ensino fundamental e
c) ensino médio;
II - educação superior;
III - educação especial;
IV - educação profissional;
V - educação de jovens e adultos.
Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática
educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e
modalidades do ensino formal. (...)

Como vimos à própria legislação dispõe dos meios de educação


ambiental, porém, nosso sistema educativo é falho, uma vez que não disponibiliza
tal ensino as crianças. Contudo, tal questionamento trata-se de outro tema, o que
não é o foco no momento.

Continuando neste mesmo desiderato, o artigo 1º, da Resolução


CONAMA nº 01/1986, define impacto ambiental como sendo:

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio


ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a
segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e
econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio
ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais.

Diante do exposto, tem-se como questionamento central da pesquisa: A


atividade sucroalcooleira em Goianésia é um dos fatores que promove a degradação
ambiental no município? Será que a Lei nº 2.422, de 11 de julho de 2006, que institui
o código municipal ambiental está sendo aplicada?

Tais questionamentos serão expostos e apresentados em momento


oportuno.
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Justificativa

Diante de diversos projetos para preservação do meio ambiente, bem


como iniciativas do Ministério do Meio Ambiente, é possível verificar que o uso do
fogo nas práticas agrícolas, especialmente na monocultura da cana de açúcar tem
causado preocupação nas autoridades competentes, vez que as queimadas afetam
extremamente de forma negativa o meio ambiente e a saúde pública.

Segundo Leff, o enfoque mercadológico é resultado da globalização


econômica que está gerando uma retotalização do mundo sob o valor unidimensional
do mercado, superexplorando a natureza, homogeneizando culturas, subjugando
saberes e degradando a qualidade de vida das maiorias (2001, p. 40).

Os estudos e pesquisas relacionados com o tema da atividade


sucroalcooleira em Goianésia e os aspectos jurídicos relacionados aos seus impactos
ambientais têm como fim analisar a origem da cana de açúcar e sua expansão na
cidade de Goianésia, bem como verificar se as empresas sucroalcooleiras da cidade
estão preocupadas com a degradação em que tem causado no meio ambiente, e se
trabalham segundo os princípios estabelecidos no Direito Ambiental.

É necessário compreender se o referido setor busca controlar os impactos


negativos a atividade sucroalcooleira, e se cumprem o disposto na Lei Municipal nº
2.422/2006., vez que tais impactos são de grande escala, visto que a monocultura da
Cana de Açucar “devoram” tudo que está ao seu redor.

Nesse sentido, explica o doutrinador Castro, em sua obra Geografia da


Fome, lançada em 1946, in verbis:

A monocultura da cana-de-açúcar, explica Castro, se processa em regime


de autofagia, já que a cana devora tudo em torno de si, engolindo terras e
mais terras, consumindo o humo do solo, aniquilando as pequenas culturas
indefesas e o próprio capital humano. Aparentemente, a cana constitui até
um elemento de proteção da terra contra os perigos da erosão, em razão do
recobrimento do solo com o revestimento vegetal de sua abundante
folhagem e a consolidação da estrutura do solo com suas raízes intrincadas.
Contudo, a perda da fertilidade é um fator importante no mecanismo de
erosão e a monocultura da cana esgota rapidamente a fertilidade dos solos,
alterando sua estrutura e diminuindo sua resistência às forças de
desagregação (CASTRO, 2006:98-99).
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Portanto, considerando o contexto atual que vivemos, ou seja, em uma


sociedade que busca a sustentabilidade, torna-se satisfatória a referida pesquisa,
uma vez que depara-se com o slogan sustentabilidade, contudo diversas empresas
tentam camuflar a realidade.

Elucidando essa informação, trago à baila estudo realizado pelo Núcleo


Desert da Universidade Federal do Piauí que constatou que em 71 microrregiões o
empobrecimento generalizado dos recursos da terra já atinge mais de 52 mil
hectares.
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Hipóteses
Atualmente estamos enfrentando situação de crise com o meio ambiente
e é importante considerar que a falta de investimento na educação amparada no
desenvolvimento sustentável pode ser um dos fatores que tem causado a
degradação ambiental.

Além de que, a necessidade de se produzir mais, para auferir maior lucro


pode também ser fator significante aos impactos ambientais.

Como reflexo dessa degradação ambiental Soares e Porto (2007),


ressalta que a ampla expansão da atividade agrícola na região do cerrado brasileiro,
estão associados ao uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes, o que é muito
natural, pois o bioma do cerrado possui um solo não muito fértil para agricultura, o
que intensifica o uso dessa tecnologia para atingir a alta produtividade que vem
sendo obtida nessas áreas de solo mais pobre.

A perda dos solos também é um grave problema. Em todo o mundo,


estimam Helene, Marcondes e Nunes, perdem-se cerca de 24 bilhões de toneladas
de solo superficial de terras agrícolas a cada ano, o que corresponde a 60 milhões
de toneladas de hectares com 2,5 centímetros de profundidade, área equivalente à
metade de toda a terra agricultável da China (1997, p. 22).
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OBJETIVOS

Gerais

Elucidar as consequências dos impactos ambientais oriundo da produção


de cana-de-açúcar em Goianésia, sob a perspectiva do Direito Ambiental brasileiro.

Específicos

Expor os princípios fundamentais do Direito Ambiental;

Explorar a origem histórica da cana-de-açúcar, sua introdução no Brasil e


consequentemente sua expansão no Município de Goianésia;

Realizar um estudo dos danos ambientais causados pelo setor


sucroalcooleiro na cidade de Goianésia, sob a ótica da Lei Municipal de nº 2.422, de
11 de julho de 2006.
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Referencial Teórico
Segundo Lima (2007) a resolução CONAMA aborda alguns pontos de
estrema importância para definir meio ambiente, relatando que “Meio Ambiente é o
conjunto de condições, leis, influencia e interações de ordem física, química,
biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas
as suas formas”.
Ainda, descreve Lima que:
a sociedade como um todo é responsável pela preservação do meio
ambiente, então, é preciso agir da melhor maneira possível para não
modificá-lo de forma negativa, pois isso terá consequências para a
qualidade de vida da atual e das futuras gerações (EMÍDIO apud LIMA,
2007:127)

No Artigo 225 da Carta Magna existe a seguinte abordagem:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
qualidade de vida impondo-se ao Poder público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).

Desta forma, entende-se que o ser humano não sobrevive sem água
potável, ar puro, solo fértil e sem um clima ameno. Contudo, por meio das atitudes
de alguns seres humanos, observa-se que ainda há pessoas que ainda não
compreendem isso, vez que desenvolvem suas atividades socioeconômicas,
destroem de maneira irracional as suas próprias bases de sustentação, vivendo
como se fossem a última geração desta terra.
Regulamenta, também, a área de preservação permanente e a reserva
legal a Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, em seu artigo § 2º, que:

II - área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2 o


e 3o desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental
de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o
bem-estar das populações humanas; (Incluído pela Medida Provisória nº
2.166-67, de 2001)
III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse
rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso
sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos
processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e
proteção de fauna e flora nativas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-
67, de 2001)
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Da mesma forma, criou-se a legislação federal que instituiu a Política


Nacional de Educação Ambiental onde ressalta educação ambiental como “os
processos por meio dos quais o individuo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação
do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida
e sua sustentabilidade”.
“A educação ambiental representa um passo preliminar importância para
a implantação da Política Ambiental da organização, que se materializará por seu
Sistema de Gestão Ambiental”. (VALLE, 2002:35).
Assim, surgiram por meio de um consenso internacional, os seguintes
objetivos da educação ambiental, citados pela UNESCO apud REIGOTA que são:

1 - Consciência: Ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem uma


consciência e uma sensibilidade acerca do meio ambiente e dos problemas
a ele associados.
2 - Conhecimento: Ajudar os grupos sociais e os indivíduos a ganharem
uma grande variedade de experiências.
3 - Atividades: Ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem um
conjunto de valores e sentimentos de preocupação com o ambiente e
motivação para participarem ativamente na sua proteção e melhoramento.
4 - Competência: Ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem
competências para resolver problemas ambientais.
5 - Participação: Propiciar aos grupos sociais e aos indivíduos uma
oportunidade de se envolverem ativamente, em todos os níveis, na
resolução de problemas relacionados com o ambiente. (UNESCO apud
REIGOTA, 2009).

Conforme visto, diversos meios foram criados para proteção do meio


ambiente, contudo, diante da visão econômica, as pessoas tem esquecido de
preservá-lo para as futuras gerações, bem como para obter qualidade de vida.
Nesse desiderato, verifica-se que especificamente a plantação de cana de
açúcar, gerou-se uma possível degradação ambiental, em razão dos insumos
lançados ao solo, queimas da palha da cana de açúcar, entre outros procedimentos
utilizados pelas empresas sucroalcooleiras.
Segundo o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) (IPCC,
1995), “os resíduos da cana-de-açúcar representam cerca de 11% da produção
mundial de resíduos agrícolas, e a queima desses resíduos é responsável por uma
liberação substancial de gases de efeito estufa (GEEs)”.
No Brasil, um levantamento realizado por Lima comprovou que:
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a cana-de-açúcar é responsável por cerca de 98% das emissões de gases


provenientes da queima de resíduos agrícolas. A queimada do canavial
libera para a atmosfera grandes concentrações de gases como dióxido de
carbono (CO2), óxido nitroso (N2O) e metano (CH4), o que aumenta o efeito
estufa e constitui um dos principais problemas ambientais atuais. A
liberação de CO2 durante a queima das folhas da cana para colheita não é
considerada pelos especialistas como uma emissão líquida, pois o carbono
emitido foi previamente sequestrado pela planta durante seu crescimento
(LIMA, 2010:25).

A relação da realidade defendida pelos movimentos ambientalistas, em


relação ao potencial ambiental está diretamente ligada com a degradação que é
mantida pelo paradigma da sustentabilidade. Com esta rotulagem ambiental, tem-se
a relação dos componentes da natureza atingindo em impactos sociais, além do
pensamento inverso, onde o meio social trás, movido pelo capital, a alteração dos
componentes da natureza, inclusive os que nela vive (LEFF, 2000).
No caso do setor sucroalcooleiro um dos seus problemas está ligado à
problemática da monocultura que em detrimento da sua extencionalidade territorial,
para satisfazer as demandas de mercado, tem uma magnitude de impactos que
caracteriza em passivos ambientais na flora, na fauna e no meio antrópico.
Para LEFF “a monocultura baseada em uma produção que atende ao
mercado externo elimina as práticas agrícolas tradicionais” (LEFF, 2000:24).
Este aspecto alicerça, além das perdas e da reinvenção cultural, da uma
nova modelagem aos métodos produtivos, difundindo até no êxito rural. Nesta
epistemologia, as condições de monocultura produzem consequências para a
produção natural dos solos, afetando as condições de subsistências das populações
rurais (LEFF, 2004).
Pela expansão produtiva do Etanol, direcionada para o estado de Goiás
(WWF, 2008) denota uma preocupação de uma série de impactos ambientais, nos
quais estão envolvidos.
Nas diferentes etapas da produção, que vai desde o plantio, até a
moagem, passando pelos tratos culturais, pela colheita, pelo transporte e pela
gestão dos resíduos gerados, é notório o potencial poluidor e degradador da
agroindústria Sucroalcooleira.
A monocultura além de atingir ao ambiente antrópico, leva consequências
para a pluralidade genética e da biota passa por uma redução, uma vez que a
monocultura canavieira tende a reduzir a quantidade de alimento de várias espécies,
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transformando antigas zonas florestais em “florestas de cana-de-açúcar”


impossibilitando a permanência da fauna silvestre. Nesta perspectiva, LEFF retrata
que “a diminuição da diversidade biótica dos ecossistemas a partir da uniformização
dos cultivos, mais tarde das suas variedades genéticas, foi degradando
progressivamente a produtividade ecológica” (LEFF, 2000, p. 27).
Por outro lado, o setor sucroalcooleiro no Brasil é taxado dentro dos
moldes do desenvolvimento sustentável, ignorando os impactos ambientais e sociais
envolvidos no processo produtivo.
Conforme Goes; Marra (2002), o cultivo e expansão do setor
sucroalcooleiro é difamado por movimentos ambientalistas e que a sustentabilidade
no setor é um fator real. Segundo eles:

Entre as várias evidências que podem ser apresentadas para derrubar essa
falácia criada por fortes lobbies internacionais sobre os pseudos malefícios
atribuídos à produção dos biocombustíveis (tendo como foco o etanol
brasileiro) e da expansão da cultura da cana-de-açúcar destacamos as
seguintes: dados do IBGE sobre a disponibilidade e ocupação de terras
agricultáveis com as várias culturas e inclusive com cana-de-açúcar,
mostram que existe área disponível para aumentar 30 vezes a área atual
plantada com cana-de-açúcar sem prejuízos ambientais ou substituição de
áreas destinadas à produção de alimentos; de acordo com a estimativa mais
recente do IBGE o Brasil vai colher em 2008 144,3 milhões de toneladas de
grãos (a maior safra até hoje colhida ); a elevação do preço das
commodities no mercado internacional, é uma consequência direta da
elevação exagerada do preço do petróleo, que em pouco tempo saltou de
30 para 130 dólares o barril continuando a sua escalada de preço, já
chegando praticamente a 140 dólares; a baixa verificada nos estoques
mundiais de alimentos deve-se ao aumento da renda e portanto do
consumo em alguns países, com China e Índia e perdas de safra em virtude
de problemas climáticos ocorridos na Austrália e na Europa Central . Mas, o
ponto fundamental a ser considerado é a sustentabilidade interna da cana-
de-açúcar. O melhoramento genético é a grande ferramenta para garantir a
sustentabilidade da cultura da cana. Ele reduz custos, traz eficiência e
aumenta a produtividade. O equilíbrio entre a sustentabilidade e
produtividade da cana acontece por meio de novas variedades de plantas
adaptáveis às condições de cada região”. (GOES; MARRA, 2002:2).

Diante desta análise introdutória sobre os impactos sistêmicos do


processo produtivo das Indústrias Sucroalcooleiras, há a notória quebra do conceito
de sustentabilidade do setor, pois ele está diretamente envolvido com problemas
que tornam a matriz dos biocombustíveis em um elemento alterador da estabilidade
dos ambientes que se encontram ocupados, dando-lhes uma nova configuração
adotada de passivos sobre a natureza e ao meio social.
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Metodologia
A trajetória metodológica consiste em fundamentação teórica, estudo de
caso e uma análise dos resultados obtidos e também sugestões para futuros
trabalhos.
Conforme Beuren (2004) nessa parte do trabalho deve-se determinar as
suas tipologias. Elas serão analisadas quanto: aos objetivos, que podem ser de
pesquisa, descritiva ou explicativa; aos procedimentos, como estudo de caso,
levantamento, pesquisa bibliográfica, pesquisa experimental, pesquisa documental
ou pesquisa participante; à abordagem do problema, deverá ser pesquisa qualitativa
ou quantitativa.
Segundo Bervian e Cervo:

os estudos estão divididos em quatro áreas, quais sejam: o conhecimento


empírico, quando ocorre de modo espontâneo, se adquire sem ter sido
procurado ou estudado; teológico ou mítico é aceito mediante dados da
revelação divina, aceitando a explicação de alguém que já tenha
desvendado o mistério; o filosófico que é constituído de realidades
imediatas, não perceptíveis pelos sentidos, não passíveis de
experimentação e o conhecimento científico que é real por lidar com fatos e
ocorrências, é por meio da experimentação produzida, pela investigação
científica, pela aplicação de métodos sistemáticos de pesquisa que se
conhece a veracidade ou a falsidade desses fatos (BERVIAN e CERVO,
1978:42).

A trajetória metodológica deste trabalho consistirá em fundamentação


teórica: com base em livros, artigos, sites, e análise dos dados estatísticos acerca da
degradação ambiental em razão da monocultura da Cana de Açúcar.
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Cronograma

ATIVIDADES

MAR

MAI
FEV
Definição Problema X

Elaboração do Pré-Projeto X

Elaboração do Projeto X X X

Entrega do Projeto X

Coleta de Fontes X X X X X X X X X

Elaboração Monografia – Entrega 1º


X X
Capítulo

Elaboração Monografia – Entrega 2º


X X
Capítulo

Entrega da Monografia – Entrega 3º


X
Capítulo

Defesa X
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Sumário Provisório
INTRODUÇÃO

Capítulo 1: Princípios do Direito Ambiental

1.1 Princípio do Desenvolvimento Sustentável

1.2 Princípio do Poluidor Pagador

1.3 Princípio da Participação

1.4 Princípio da Prevenção

Capítulo 2: Origem Histórica da Cana de Açúcar e sua expansão ao


Município de Goianésia

2.1 Origem histórica da Cana de Açúcar e sua introdução ao Brasil

2.2 Expansão da atividade Sucroalcooleira em Goianésia

2.3 A Constituição Federal de 1988 e a Tutela Ambiental

Capítulo 3: Impactos ambientais - Queima da Cana de Açúcar e


degradação do Meio Ambiente

3.1 Impactos Ambientais ocasionados pela queima da Cana de Açúcar

3.2 Mecanismos de controle de impactos realizados pelas indústrias à


luz da lei municipal de 2.422, de 11 de julho de 2006

3.5 Resultados / imagens das áreas degradadas

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Referências Bibliográficas
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Referencia Bibliográfica
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São Paulo: Atlas, 2004. 195 p.

BERVIAN, Pedro Alcino; CERVO, Amado Luiz. Metodologia científica. 2. ed. São
Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1978.

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Brasília, DF: Senado, 1988.
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2016.

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http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html> Acessado em: 06 de
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Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: EMBRAPA
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HELENE, MARCONDES e NUNES. Maria Elisam, Beatriz e Edelci: Cenário Mundial,


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LEFF, Enrique. Saber Ambiental: Sustentabilidade, Racionalidade, Complexidade,


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18

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Paulo : Editora Senac São Paulo, 2002.

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