Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
civilizações.
Muitos de nós, pesquisadores e cientistas nas ciências bio-
lógicas, provavelmente já detectamos o que acabo de afirmar,
porém os condicionantes sócio-culturais em que vivemos difi-
cultam a expressão e discussão sobre a vida, com seus obje-
tivos e finalidades, que lentamente descobrimos e certamen-
te são assustadoramente triviais. Somos “produzidos” por um
ato sexual imperativo, gerados como parasitos por altruísmo
e criados com o objetivo único de fecharmos o ciclo
continuadamente! É trivial? É. Quem não suporta existir pela
alegria do VIVER tem todo direito de fantasiar! Mas é repelen-
te que assuma também o direito de exigir que todos aderis-
sem, por fé, à mesma fantasia.
Algumas obras de filósofos com títulos como “A perigosa
idéia de Darwin” (DENNETT, 1998) ou “A caixa preta de Darwin”
(BEHE, 1997) são indicativos do problema. Falta-nos a verda-
deira “liberdade individual responsável”, hoje como sempre
mistificada pela massificação de “rebanho social”, com
irresponsabilidade coletiva, “tão ao agrado” do Chefe, dos Pas-
tores, dos Comandantes, dos Governantes e de todos os usu-
frutuários de Poderes usurpados. Vejam por exemplo “Em que
crêem os que não crêem”, em especial Scalfari, p. 117 (in
Eco; Martini, 2002) onde se lê: “Qual o fundamento da moral
na qual nós todos nos podemos reconhecer? Na pertinência
biológica dos humanos a uma espécie. No indivíduo se
defrontam e convivem dois instintos essenciais: sobrevivên-
cia do mesmo e da espécie. O primeiro como um egoísmo
pode e deve ser direcionado e o segundo produz um senti-
mento de moralidade, pelo bem comum”. E conclui “reconhe-
çamos o valor moral do bem comum, não para merecer prê-
mios ou escapar de castigos, mas simplesmente para seguir
um instinto que provém da raiz humana comum e do código
genético comum”.
Acho indispensável também a leitura das obras de Richard
Dawkins, René Dubos, Stephen Jay Gould, Konrad Lorenz,
Desmond Morris para ficar apenas nos mais notórios.
MALACOLOGIA.
A Malacologia é o que?
Uma pergunta que se repete sempre que a gente mencio-
na a palavra, em quase todos os ambientes sociais e ou cultu-
rais. Até mesmo entre “biólogos”! No entanto o verbete acha-
se dicionarizado, inclusive em todos os idiomas, com perfeita
propriedade, ainda que sinteticamente. Como exemplo, po-
demos ler no “AURÉLIO” (um dicionário popular no Brasil), p.
868: “1. tratado acerca dos moluscos; 2. tratado sobre as
partes moles e duras dos moluscos”.
Os moluscos, como aqui todos sabem, constituem um filo
animal, na classificação usualmente aceita e considerado o
segundo maior filo em número de espécies reconhecidas, por-
tanto um agrupamento animal com enorme plasticidade feno- e
genotípica e com distribuição ampla, só não sendo
referenciados para os pólos e áreas de neves permanentes.
Pelo seu número, pela sua massa e pela sua antiguidade,
pois tem registros desde o Cambriano inferior na era Paleozóica,
sempre acompanharam o homem em sua evolução biológica,
pois este é bem mais recente, bem como no seu desenvolvi-
mento civilizatório, sócio-cultural.
Por sua imensa importância, apesar de aparentemente con-
siderados animais “humildes”, são estudados num grande nú-
mero de especialidades, destacando-se a zoologia sistemáti-
ca, a parasitologia, a ecologia, a paleontologia, a geografia e
até a sociologia. Também são de relevância na economia, na
alimentação, na agricultura como pragas; na saúde como
vetores e modelos experimentais; na geologia para a
prospecção do petróleo; na conservação ambiental, como in-
FIGURA 2. Charge publicada no Jornal O Sul de 19/03/2005: “Um caracol lento: Esculapius
aeconomicus sp. n.”.
OS MOLUSCOS NA LATINO-AMÉRICA.
O inventário dos moluscos latino-americanos certamente seria um
trabalho altamente meritório, pois a política de conservação ambiental,
necessariamente deve estar embasada em sólidos conhecimentos so-
bre a Biodiversidade e isto só é factível se a malacofauna estiver arrola-
da, catalogada, classificada e determinada. Não conheço trabalho
abrangente sobre o assunto, apesar de grande número de esforços
isolados e esparsos pelo continente.
O número de espécies de moluscos que ocorrem na América
Latina certamente é altamente significante. A malacofauna mari-
nha tem sido mais abordada do que a límnica e a terrestre. A
maioria dos catálogos, contudo, aborda apenas malacofaunas re-
Conclusões
Haja vista a abrangência e a abundância, a plasticidade, a
distribuição, a utilidade, a nocividade entre outras, que os
moluscos ensejam sobre o conhecimento científico da VIDA,
quero enfatizar que o estudo e a pesquisa científica sobre os
mesmos, certamente deverão cada vez mais contribuir para
que o malacólogo e demais biólogos, possam posicionar-se e
ter voz atuante na proposição de soluções, também nas áreas
das ciências sociais: educacional, política, filosófica e cultural.