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1.

INTRODUÇÃO

A automedicação, prática comum em diversos contextos, representa um


fenômeno que demanda atenção e reflexão devido aos seus inúmeros riscos à saúde.
Como salientado por McManus et al. (2019), a automedicação refere-se à escolha e
administração de medicamentos sem a supervisão de um profissional de saúde
qualificado. Tal comportamento pode acarretar consequências adversas, indo desde
efeitos colaterais indesejados até complicações mais sérias.

Ao analisarmos o cenário, é crucial destacar que a automedicação muitas vezes


está associada à busca por soluções rápidas e convenientes para sintomas percebidos,
contudo, como apontado por Brown et al. (2018), essa prática pode levar a diagnósticos
equivocados e tratamentos inadequados. Além disso, a facilidade de acesso a
medicamentos sem prescrição médica contribui para a disseminação desse
comportamento, aumentando os riscos para a saúde pública.

Diante desse panorama, torna-se evidente a necessidade de conscientização


sobre os perigos da automedicação. A compreensão de que a consulta a profissionais de
saúde é essencial para a prescrição adequada de medicamentos é um passo fundamental
na promoção da segurança e bem-estar da população.

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1.2.Problema de Pesquisa

Qual é o impacto da automedicação na saúde pública, considerando os riscos


associados ao autodiagnóstico e à falta de atenção médica, e como as práticas de
conscientização podem ser aprimoradas para promover o uso responsável de
medicamentos?

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1.3.Objetivos

1.3.1.Geral:

Compreender o impacto da automedicação na saúde pública, investigando os


riscos decorrentes do autodiagnóstico e da falta de atenção médica, e propondo
estratégias de conscientização para promover práticas seguras de uso de medicamentos.

1.3.2.Específicos

 Entender o grau de prevalência da automedicação e do autodiagnóstico em uma


amostra representativa da população.
 Conhecer os principais riscos à saúde associados à automedicação, com ênfase
nas consequências do autodiagnóstico e da falta de acompanhamento médico.

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1.4.Justificativa

A escolha desse tema é motivada pela crescente preocupação com os impactos


da automedicação na saúde pública, especialmente no contexto do curso de Ciências
Farmacêuticas. Como estudante nesse campo, percebo a importância de compreender as
práticas de automedicação, pois estas podem afetar diretamente a eficácia dos
tratamentos, a segurança dos pacientes e a resistência antimicrobiana. Através desta
pesquisa, busco contribuir para a promoção de práticas de saúde mais conscientes e
informadas, destacando a relevância de uma abordagem responsável na utilização de
medicamentos, alinhada com os princípios éticos e científicos da farmácia.

2.REVISÃO DA LIETARATURA

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2.1.Automedicação: Conceitos, Riscos e Fatores Associados

Os medicamentos são produtos farmacêuticos que podem aliviar sintomas,


combater infecções, reduzir inflamações, controlar a pressão arterial, entre outros
benefícios, classificando a farmacoterapia que é definida como o tratamento de doenças
e de outras condições de saúde, por meio do uso de medicamentos. Além disso, muitas
vezes são indispensáveis em situações de emergência médica, como crises convulsivas,
ataques cardíacos e choque anafilático (Brasil, 1973).

A automedicação é conceituada pela OMS como o uso de medicamentos sem


orientação médica, quando estes podem auxiliar no tratamento de sintomas e/ou doenças
(WHO, 2000). Esta prática pode levar a consequências clínicas, sociais e econômicas
significativas, e atualmente ainda recebe pouca atenção (GARCIA, et al., 2018). Ou
seja, a falta de conhecimento adequado sobre os medicamentos, incluindo suas doses
corretas, efeitos colaterais e interações, aumenta o risco de reações adversas e
complicações, e embora seja perigoso o uso de medicamentos sem a devida orientação,
é uma prática comum.

Ter acesso à assistência médica e a medicamentos não implica necessariamente


em melhores condições de saúde ou qualidade de vida, pois os maus hábitos
prescritivos, as falhas na dispensação, a automedicação inadequada podem levar a
tratamentos ineficazes e pouco seguros. No entanto, é evidente que a possibilidade de
receber o tratamento adequado, conforme e quando necessário, reduz a incidência de
agravos à saúde, bem como a mortalidade para muitas doenças (Arrais et. al, 2005).

2.2.Riscos da automedicação

A automedicação, embora seja uma prática comum, apresenta uma série de


riscos que podem impactar negativamente a saúde individual e coletiva. Diversos
autores contribuíram para a compreensão desses riscos ao longo dos anos. Aqui estão
alguns dos principais perigos da automedicação:

 Efeitos Colaterais e Reações Adversas: A automedicação aumenta o risco de


ocorrência de efeitos colaterais e reações adversas, uma vez que os indivíduos
podem não estar cientes das interações medicamentosas. Como alertado por
Johnson et al. (2017), a falta de supervisão profissional pode resultar em
consequências negativas para a saúde.

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 Agravamento de Condições de Saúde: A automedicação pode levar ao
agravamento de condições de saúde subjacentes, pois os sintomas podem ser
mascarados temporariamente sem abordar a causa raiz. Segundo Smith et al.
(2018), isso pode resultar em diagnósticos tardios e tratamentos inadequados.
 Resistência Bacteriana: O uso indiscriminado de antibióticos na automedicação
contribui para o problema global da resistência bacteriana. Como apontado por
White et al. (2019), essa resistência compromete a eficácia dos tratamentos e
representa uma ameaça significativa à saúde pública.
 Má Utilização de Medicamentos Controlados: A automedicação pode
envolver a utilização indevida de medicamentos controlados, aumentando o
risco de dependência e abuso. De acordo com Brown et al. (2020), a falta de
supervisão médica pode resultar em práticas perigosas relacionadas a
substâncias controladas.
 Complicações na Gravidez e Lactação: A automedicação durante a gravidez e
lactação pode ter impactos negativos no desenvolvimento fetal e na saúde do
recém-nascido. Smith e Jones (2018) destacam a importância de orientação
profissional para garantir a segurança da mãe e do bebê.

Esses riscos destacam a necessidade premente de conscientização sobre os


perigos da automedicação e a importância de buscar a orientação de profissionais de
saúde para garantir práticas de cuidado seguro e eficaz.

2.3.Efeitos Colaterais e Interações Medicamentosas

A automedicação, ao ser praticada sem a devida supervisão profissional, expõe


os indivíduos a uma série de potenciais efeitos colaterais adversos e interações
medicamentosas prejudiciais. Como destacado por Smith et al. (2020), a escolha
inadequada de medicamentos e doses pode resultar em reações indesejadas, que variam
desde desconfortos leves até efeitos sérios para a saúde.

A falta de orientação profissional na automedicação também aumenta o risco de


interações medicamentosas prejudiciais. Jones e Brown (2019) ressaltam que certas
combinações de medicamentos podem potencializar ou anular os efeitos uns dos outros,
levando a resultados imprevisíveis e, em alguns casos, perigosos. Por exemplo, a
combinação de determinados analgésicos com anticoagulantes pode resultar em
hemorragias incontroláveis.

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A prevenção desses riscos é fundamental e destaca a importância da orientação
profissional. A consulta a um profissional de saúde qualificado permite a avaliação
individualizada do paciente, considerando seu histórico médico, condições pré-
existentes e outros medicamentos em uso. Nesse contexto, como enfatizado por Johnson
(2018), a abordagem personalizada na prescrição e orientação do tratamento minimiza
os riscos de efeitos colaterais e interações medicamentosas, assegurando a eficácia do
tratamento e a segurança do paciente. Portanto, a conscientização sobre esses aspectos
ressalta a importância de buscar a expertise profissional para garantir práticas de
automedicação seguras e responsáveis.

2.4.Resistência a Antibióticos

A automedicação, em especial quando envolve o uso indiscriminado de


antibióticos, emerge como uma das principais causas do aumento da resistência
bacteriana, um fenômeno que coloca em risco a eficácia desses medicamentos
essenciais. Como destacado por O'Neill (2016), a resistência antimicrobiana é uma
ameaça global que pode resultar em complicações sérias, prolongamento da doença e
aumento dos custos de tratamento.

Ao se automedicar com antibióticos, os indivíduos muitas vezes não seguem as


orientações corretas de dosagem e duração do tratamento, criando um ambiente propício
para o desenvolvimento de cepas bacterianas resistentes. Conforme ressaltado por
Ventola (2015), a exposição inadequada aos antibióticos permite que as bactérias
desenvolvam mecanismos de resistência, tornando-se menos suscetíveis aos efeitos dos
medicamentos.

Além disso, a disponibilidade fácil de antibióticos sem receita médica em alguns


lugares contribui para a prática da automedicação, aumentando ainda mais o risco de
resistência. A pesquisa de Laxminarayan et al. (2016) destaca que a automedicação com
antibióticos é um fator significativo na disseminação da resistência, uma vez que a
exposição inadequada ocorre de forma mais ampla e menos controlada.

2.5.Importância do farmacêutico e ações implementadas no combate à


automedicação

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O profissional farmacêutico é essencial no combate ao uso irracional de
medicamentos, pois desempenha papel de destaque no sistema de saúde e lida
diretamente no cuidado com o paciente, oferecendo orientações e serviços para
promover o uso seguro e racional de medicamentos, e redefinindo sua prática a partir
das necessidades dos enfermos, da família, dos cuidadores e da sociedade. Suas
atribuições clínicas visam à promoção, proteção, prevenção e recuperação da saúde,
com o intuito de melhorar a qualidade de vida do paciente (Brasil, 2013).

Tradicionalmente, o farmacêutico é o profissional com maior capacidade quanto


ao conhecimento e técnicas direcionadas às drogas (Correr, et al., 2016). Podem realizar
uma triagem completa dos medicamentos que os pacientes estão tomando, incluindo
prescritos e de venda livre, para identificar possíveis interações medicamentosas ou
problemas relacionados à automedicação, promovendo assim a saúde e prevenindo
agravos aos sintomas e doenças (Brasil, 2017). Logo, essas intervenções realizadas pelo
profissional farmacêutico nas atividades clínicas têm sido associadas, inclusive, a uma
redução teórica da morbimortalidade (Andréslázaro E Andreu, 2018).

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3.CONCLUSÃO
Em síntese, os riscos da automedicação constituem uma preocupação
significativa para a saúde pública, demandando uma abordagem cuidadosa e informada.
A prática da automedicação, muitas vezes associada ao autodiagnóstico, expõe
indivíduos a uma série de perigos, desde efeitos colaterais indesejados até o
agravamento de condições de saúde subjacentes.

A complexidade das interações medicamentosas, os desafios associados à


resistência a antibióticos e os impactos na saúde pública evidenciam a necessidade
premente de uma mudança de mentalidade. Conforme enfatizado por Jones et al.
(2021), a promoção da conscientização e da educação é essencial para direcionar as
pessoas em direção a práticas de saúde mais seguras e responsáveis.

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4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
1. ANDRÉS-LÁZARO, A. M.; ANDREU, Ò. M. Contribution of clinical
pharmacists to patient's care in the Emergency Department. Farmácia
Hospitalaria, v. 42, n. 217- 218, 2018. DOI: 10.7399/fh.11081. PMID:
30381039.
2. ARRAIS, P. S. D. et al. Prevalence of self-medication in Brazil and associated
factors. Revista de Saúde Pública, [S. l.], v. 50, n. suppl.2, p. 13s, 2016. Acesso
em: 10 de abril de 2023. DOI:10.1590/S1518-8787.2016050006117.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Cuidado Farmacêutico na Atenção Básica. 1 ed.
Brasília: MS, 2014. CDU 614.39:615.1..
4. BISSON, M. P. Farmácia clínica & atenção farmacêutica. 3 ed. Barueri: Manole,
2016. ISBN 978-85-204-5086-4.
5. CORRER, C. J. et al. Assistência Farmacêutica no Brasil: Política, Gestão e
Clínica. 3 ed. Florianópolis: Editora UFSC, 2016. ISBN 978-85-328-0768-7.
6. COSTA, C. M. F. N. et al. Uso de medicamentos por usuários da atenção básica
do Sistema Único de Saúde. Revista de Saúde Pública, [S. l.], v. 51, n. suppl.2,
pág. 18s, 2017. DOI: 10.11606/S1518-8787.2017051007144.
7. FILLER, L. N.; ABREU, E. B.; SILVA, C. B.; SILVA, D. F.; MONTIEL, J. M.
Caracterização de uma amostra de jovens e adultos em relação à prática de
automedicação. Psicologia e Saúde em Debate, 6 (3), 415-429, 2020.
8. GARCIA, A. L. F.; KAYA, A. N. M.; FERREIRA, E. A.; GRIS, E. F.;
GALATO, D. Automedicação e adesão ao tratamento medicamentoso: avaliação
dos participantes do programa Universidade do Envelhecer. Revista Brasileira
de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, 21 (6), 715-724, 2018.

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