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OS RISCOS DE INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA NA POPULAÇÃO IDOSA

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Monaliza Tamaris Viana Lazaro ; Janine de Farias da Silva
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Discente do curso de Farmácia da UNINASSAU
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Doscente do curso de Farmácia da UNINASSAU
E-mail para correspondência: monarisviana@gmail.com

RESUMO
Introdução: O envelhecimento populacional tem implicações significativas na saúde. Neste estudo,
exploramos as interações medicamentosas em idosos, reconhecendo a importância desse tema
emergente. Objetivo: Investigamos as alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas associadas
ao envelhecimento e seu impacto nas interações medicamentosas. Método: Realizamos uma revisão
abrangente da literatura, enfocando estudos nacionais que abordam as particularidades da população
idosa. Resultados Principais: Identificamos a alta prevalência de polifarmácia e as complexas
alterações fisiológicas que potencializam as interações medicamentosas em idosos. Profissionais de
saúde especializados desempenham um papel fundamental na prevenção e manejo dessas
interações. Conclusão: Este estudo ressalta a necessidade de abordagens multidisciplinares e
educação do paciente para otimizar a terapia medicamentosa em idosos, minimizando riscos e
promovendo uma abordagem mais segura e individualizada.

Palavras-chave: envelhecimento, interações medicamentosas, polifarmácia, profissionais de saúde


especializados, terapia medicamentosa.

ABSTRACT

Introduction: Population aging has significant health implications. In this study, we explore drug
interactions in the elderly, acknowledging the relevance of this emerging issue. Objective: We
investigated pharmacokinetic and pharmacodynamic changes associated with aging and their impact
on drug interactions. Method: We conducted a comprehensive literature review, focusing on national
studies that address the specificities of the elderly population. Main Results: We identified the high
prevalence of polypharmacy and the complex physiological changes that potentiate drug interactions
in the elderly. Specialized healthcare professionals play a crucial role in the prevention and
management of these interactions. Conclusion: This study highlights the need for multidisciplinary
approaches and patient education to optimize drug therapy in the elderly, minimizing risks and
promoting a safer and more individualized approach.

Keywords: aging, drug interactions, polypharmacy, specialized healthcare professionals, drug


therapy.
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1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento da população é uma realidade global que traz consigo


uma série de desafios para a área da saúde. Com o aumento da expectativa de vida
e a melhoria dos cuidados médicos, a população idosa tem crescido de forma
significativa nas últimas décadas (OMS, 2020). À medida que ocorre esse aumento,
surgem questões complexas que requerem abordagens inovadoras e coordenadas
para garantir o bem-estar e a qualidade de vida desse público.
Além disso, o envelhecimento também está associado a um aumento na
prevalência de doenças crônicas e complexas - tais como a hipertensão e a diabetes
- as quais, muitas vezes, demandam a utilização de múltiplos medicamentos
(TINETTI, 2012). Nesse contexto, a ocorrência de interações medicamentosas torna-
se uma preocupação constante para profissionais de saúde e pacientes (HOLT,
2007).
Nesse sentido, as interações medicamentosas referem-se às alterações nos
efeitos de um fármaco quando coadministrado com outro fármaco, alimento ou
substância, podendo resultar em efeitos indesejados, redução da eficácia
terapêutica ou potencialização dos efeitos adversos (FLOCKHART, 2007). Na
população idosa, que frequentemente consome diversos medicamentos
concomitantemente para gerenciar suas condições de saúde - o que chamamos de
polifarmácia - o risco de interações medicamentosas é elevado e pode ter
implicações graves para a segurança e qualidade de vida desses indivíduos
(FIALOVÁ, 2012). Diante disso, este artigo buscou analisar os principais riscos aos
quais essa população está exposta devido a tais práticas, além de destacar
possíveis meios de preveni-los.
O processo de envelhecimento está associado a alterações fisiológicas que
influenciam a farmacocinética e a farmacodinâmica dos medicamentos. Mudanças
na função renal, hepática e outros sistemas orgânicos podem afetar a absorção,
distribuição, metabolismo e eliminação de fármacos, resultando em níveis
plasmáticos imprevisíveis e respostas clínicas variáveis (MANGONI, 2004).
Ademais, a população idosa tende a apresentar maior sensibilidade a determinados
medicamentos, o que aumenta a probabilidade de reações adversas (TURNHEIM,
2003).
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Diante disso, a perda gradual da capacidade funcional pode levar a


dificuldades de mobilidade, autocuidado e independência. A atenção aos aspectos
de reabilitação e adaptação se torna crucial para manter a qualidade de vida dos
idosos. Com a redução de suas capacidades, o risco da automedicação torna-se
potencialmente grave.
Nesse contexto, compreender as interações medicamentosas é essencial
para garantir a eficácia e segurança dos regimes terapêuticos em pacientes dessa
faixa etária. A literatura científica tem evidenciado que a falta de conhecimento sobre
as potenciais interações medicamentosas pode resultar em complicações clínicas
graves, como hospitalizações, piora do estado de saúde e aumento dos custos
médicos (MASNOON, 2017). Portanto, a pesquisa e a conscientização sobre esse
tema são fundamentais para orientar a prática clínica e promover uma abordagem
mais segura e eficaz na terapia medicamentosa.
Diante desse cenário, este trabalho teve o objetivo de realizar uma revisão
bibliográfica abrangente das principais interações medicamentosas potenciais para a
população idosa, respondendo as seguintes perguntas: quais os agravantes de
possíveis interações medicamentosas potenciais na população idosa e como
combate-los? Nesse sentido, foram explorados os mecanismos subjacentes a essas
interações, os fatores de risco associados e as estratégias de prevenção e manejo
recomendadas. Ao compreendermos melhor esse complexo aspecto da terapia
medicamentosa na terceira idade, estaremos contribuindo para a promoção de uma
abordagem mais informada e segura no cuidado aos idosos.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Como evitar uma Interação Medicamentosa Potencial (IMP)

As interações medicamentosas potenciais (IMP), como destacado por Holt e


Schmiedl (2007), representam um desafio significativo na terapia farmacológica
contemporânea, pois podem afetar a eficácia e a segurança do tratamento em
diversos grupos de pacientes. Uma IMP ocorre quando a administração
concomitante de dois ou mais medicamentos pode resultar em efeitos indesejados,
interferir na ação terapêutica esperada ou aumentar o risco de toxicidade.
As IMP podem ocorrer devido a mecanismos farmacocinéticos e
farmacodinâmicos, conforme discutido por Tinetti, Fried e Boyd (2012). Mecanismos
farmacocinéticos incluem alterações na absorção, distribuição, metabolismo e
excreção de medicamentos. Por exemplo, a competição por enzimas metabólicas
pode resultar em concentrações aumentadas de um fármaco, levando a efeitos
colaterais indesejados.
No entanto, é importante ressaltar que as IMP não estão limitadas a
interações entre fármacos prescritos. Produtos naturais, suplementos alimentares e
medicamentos de venda livre também podem interagir com medicamentos
prescritos, aumentando potencialmente os riscos de IMP.
Para mitigar os riscos de uma complicação, é fundamental que os
profissionais de saúde estejam atentos às interações conhecidas, principalmente
entre medicamentos. Ferramentas como bancos de dados de interações
medicamentosas e sistemas de suporte à decisão clínica podem auxiliar na
identificação e prevenção de IMP.
A comunicação aberta entre o paciente e o profissional de saúde, conforme
apontado por Holt e Schmiedl (2007), é um componente determinante na prevenção
desse problema. Os pacientes devem ser incentivados a informar todos os
medicamentos que estão usando, incluindo produtos de venda livre e suplementos
alimentares. Isso permite uma avaliação mais completa das possíveis interações.
Assim, as interações medicamentosas potenciais são um aspecto complexo
da terapia farmacológica. A compreensão dos mecanismos subjacentes, a utilização
de ferramentas de suporte à decisão clínica e a comunicação eficaz entre
profissionais de saúde e pacientes, conforme enfatizado por Tinetti et al. (2012) e
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Holt e Schmiedl (2007), são elementos importantes para minimizar os riscos e


garantir uma terapia farmacológica segura e eficaz.

2.2 A População Idosa e as Interações Medicamentosas

O envelhecimento da população é uma realidade global que traz consigo


desafios significativos para a saúde pública. A polifarmácia, caracterizada pelo uso
de múltiplos medicamentos por um único indivíduo, é frequentemente observada na
população idosa, devido à prevalência de doenças crônicas e condições médicas.
Diante desse cenário complexo também aumenta o risco de interações
medicamentosas potenciais, que podem comprometer a eficácia e segurança do
tratamento farmacológico nessa faixa etária.
As interações medicamentosas potenciais ocorrem quando a combinação de
dois ou mais medicamentos pode resultar em efeitos indesejados, como diminuição
da eficácia terapêutica, aumento de efeitos colaterais ou toxicidade. Idiossincrasias
fisiológicas relacionadas ao envelhecimento, como alterações na farmacocinética e
farmacodinâmica, aumentam a vulnerabilidade dos idosos a essas interações
(Tinetti, Fried & Boyd, 2012).
Alterações na absorção, distribuição, metabolismo e eliminação de
medicamentos podem levar a variações na concentração plasmática e nos efeitos
farmacológicos, potencializando interações medicamentosas. Além disso, o declínio
da função renal e hepática afeta o metabolismo e a eliminação de muitos fármacos,
aumentando o risco de acumulação e toxicidade (Holt & Schmiedl, 2007).
É imperativo reconhecer que as interações medicamentosas potenciais
podem ter consequências graves, especialmente na população idosa, que muitas
vezes possui uma condição de saúde frágil. Portanto, é essencial que os
profissionais de saúde estejam cientes dos riscos associados à polifarmácia e
capacitados para avaliar e gerenciar essas interações.
A abordagem multidisciplinar é fundamental para mitigar os efeitos de
interações medicamentosas potenciais. A comunicação efetiva entre médicos,
farmacêuticos e outros profissionais de saúde é essencial para garantir a segurança
dos idosos em tratamento. Além disso, a educação do paciente desempenha um
papel fundamental, capacitando-os a comunicar seus medicamentos a todos os
profissionais de saúde envolvidos em seu cuidado. O uso de ferramentas clínicas,
como listas de verificação de medicamentos e sistemas eletrônicos de prescrição
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também são ferramentas importantes. A integração dessas práticas pode aumentar


a consciência e a capacidade de prevenção de uma possível IMP.
Desse modo, os riscos de complicações na população idosa são uma
preocupação significativa devido à prevalência de polifarmácia e às alterações
fisiológicas relacionadas ao envelhecimento. A abordagem multidisciplinar, a
educação do paciente e o uso de ferramentas clínicas são estratégias essenciais
para minimizar esses riscos e garantir a segurança e eficácia do tratamento em
nesse público.
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3 METODOLOGIA
Este estudo foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica. A qual teve
como fonte: livros, artigos científicos, documentos governamentais e outros materiais
relevantes para o tema do estudo. Os dados coletados foram analisados de forma
qualitativa.
Posteriormente os estudos foram selecionados com base em critérios de
inclusão e exclusão. O primeiro envolveu estudos publicados em periódicos
científicos, livros e teses relevantes que abordam a relação entre o envelhecimento e
as interações medicamentosas perigosas. Foram excluídos estudos duplicados,
irrelevantes para o tema ou de baixa qualidade científica.
Assim, os estudos selecionados foram analisados e sintetizados. Foram
identificados os principais conceitos, teorias, modelos explicativos e resultados
encontrados nos estudos, relacionando-os ao tema. Ademais, o material coletado foi
organizado de forma lógica e estruturada, de modo a criar uma narrativa coerente e
abrangente. Os principais temas e subtemas foram identificados e utilizados para
estruturar o conteúdo.
A partir da análise e síntese dos estudos, foram realizadas discussões e
interpretações dos resultados encontrados. Foram destacadas as principais
conclusões, tendências, lacunas e desafios encontrados na literatura. Além disso,
foram feitas sugestões de ações que podem evitar ou mitigar os riscos de interações
medicamentosas.
Desse modo, com base nas etapas anteriores, foi elaborada a pesquisa
bibliográfica desse trabalho, apresentando de forma clara e estruturada os principais
achados e conclusões. Assim, permitiu-se uma abordagem sistemática e abrangente
do tema. Ao selecionar, analisar e sintetizar estudos relevantes, buscou-se fornecer
subsídios teóricos e evidências que contribuam para o entendimento dos riscos da
automedicação e das polifarmácias na população idosa.
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4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo Geral

Investigar as interações medicamentosas na população idosa,


compreendendo seus mecanismos subjacentes, fatores de risco associados e
impacto clínico, a fim de fornecer subsídios para uma prática clínica mais segura e
eficaz no manejo terapêutico dessa faixa etária.

4.2 Objetivos Específicos

1. Realizar uma revisão sistemática da literatura para identificar e analisar os


principais estudos e evidências sobre interações medicamentosas em
idosos;
2. Descrever as alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas que ocorrem
no processo de envelhecimento e seu impacto na ocorrência de interações
medicamentosas;
3. Investigar os principais fatores de risco que tornam os idosos mais
propensos a interações medicamentosas, considerando características
individuais, polifarmácia e comorbidades;
4. Avaliar o impacto clínico das interações medicamentosas na população
idosa, incluindo a manifestação de efeitos adversos, piora das condições de
saúde subjacentes e hospitalizações;
5. Identificar estratégias de prevenção e manejo de interações
medicamentosas específicas para a população idosa, considerando
abordagens multidisciplinares, educação do paciente e uso de ferramentas
clínicas;
6. Propor recomendações práticas para profissionais de saúde visando
aperfeiçoar a terapia medicamentosa em idosos, minimizando o risco de
interações e promovendo uma abordagem mais individualizada e segura.
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5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A análise aprofundada da literatura científica permitiu a identificação de uma


série de achados relevantes sobre as interações medicamentosas na população
idosa. Esses resultados fornecem dados valiosos para a compreensão dos
mecanismos subjacentes, dos fatores de risco, do impacto clínico e das estratégias
de prevenção e manejo dessas interações.

5.1 Farmacocinética e Farmacodinâmica na População Idosa

O processo de envelhecimento acarreta alterações fisiológicas que podem


influenciar significativamente a farmacocinética e a farmacodinâmica dos
medicamentos em pacientes idosos. As mudanças nos sistemas orgânicos, como a
diminuição da função renal e hepática, bem como a redução do fluxo sanguíneo e da
massa muscular, podem afetar a maneira como os medicamentos são absorvidos,
distribuídos, metabolizados e eliminados pelo organismo (Mangoni e Jackson, 2004).
Essas alterações podem resultar em níveis plasmáticos mais elevados ou
prolongados dos medicamentos, aumentando o risco de efeitos adversos (Turnheim,
2003).
Além disso, as respostas farmacodinâmicas também podem ser modificadas
com o envelhecimento. Os receptores podem tornar-se mais sensíveis ou menos
sensíveis aos medicamentos devido a alterações na expressão genética, na
densidade dos receptores e na eficácia da transdução de sinal. Isso pode resultar
em respostas terapêuticas ou adversas mais pronunciadas em relação aos
medicamentos, mesmo em doses padrão (Mangoni e Jackson, 2004).

5.2 Polifarmácia e Risco de Interações Medicamentosas

A polifarmácia, definida como o uso concomitante de múltiplos


medicamentos, é comum na população idosa devido à prevalência de doenças
crônicas e complexas (Masnoon et al., 2017). Nesse aspecto, é notório que tal
prática aumenta o risco de interações medicamentosas, pois a probabilidade de dois
ou mais medicamentos interagirem é maior quando vários são utilizados
simultaneamente. Além disso, a própria polifarmácia pode contribuir para a
complexidade da terapia, dificultando o monitoramento e a identificação de
interações (Fialová et al., 2012).
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5.3 Impacto Clínico das Interações Medicamentosas em Idosos

As interações medicamentosas têm o potencial de desencadear uma ampla


gama de desfechos clínicos adversos em indivíduos idosos. Holt e Schmiedl (2007)
relatam que reações alérgicas, toxicidade medicamentosa e eventos
cardiovasculares são alguns dos efeitos adversos mais frequentemente observados.
Além disso, as interações podem afetar negativamente a eficácia terapêutica,
comprometendo a gestão das condições médicas subjacentes (Flockhart, 2007). O
aumento da morbidade e da mortalidade relacionadas a interações medicamentosas
ressalta a importância de estratégias preventivas e de monitoramento adequado.

5.4 Mecanismos Subjacentes de Interações Medicamentosas em Idosos

A investigação das alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas


associadas ao envelhecimento destaca o papel central desses processos nas
interações medicamentosas. Mudanças na absorção, distribuição, metabolismo e
eliminação dos fármacos são frequentemente observadas em indivíduos idosos.
Mangoni e Jackson (2004) enfatizam que essas alterações podem resultar em
variações significativas nos níveis plasmáticos dos medicamentos, levando a
respostas clínicas imprevisíveis e aumentando o risco de efeitos adversos.

5.5 Fatores de Risco para Interações Medicamentosas em Idosos

A polifarmácia surge como um importante fator de risco para a ocorrência de


interações medicamentosas em idosos. Com a prevalência crescente de doenças
crônicas, é comum que indivíduos idosos estejam sob múltiplos regimes terapêuticos
simultaneamente. Isso aumenta a probabilidade de coadministração de
medicamentos que possam interagir, potencializando os riscos associados. A
revisão sistemática de Masnoon et al. (2017) destaca a necessidade de uma
definição clara de polifarmácia para melhor identificação e avaliação desse fator de
risco.
Ademais, a prática de buscar atendimento com diferentes profissionais de
saúde pode levar a uma abordagem fragmentada da terapia medicamentosa,
resultando em prescrições descoordenadas e falta de compreensão abrangente da
condição do paciente. De acordo com Holt & Schmiedl (2007), esse cenário pode
ampliar o risco de interações medicamentosas potenciais, uma vez que cada
profissional pode não estar ciente de todos os medicamentos em uso.
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Os autores Holt & Schmiedl (2007) destacam ainda que a baixa


alfabetização em saúde entre idosos é um fator crítico que influencia a administração
adequada de medicamentos. A dificuldade em entender as instruções de uso dos
medicamentos pode levar a erros na dosagem, horário ou frequência da
administração, resultando em possíveis IMP com consequências adversas à saúde.
Ademais, a utilização simultânea de medicamentos de venda livre,
suplementos alimentares e produtos à base de ervas, juntamente com
medicamentos prescritos, representa um risco adicional de interações
medicamentosas (Holt & Schmiedl, 2007). Embora muitos idosos optem por esses
produtos sem a necessidade de prescrição médica, a falta de informação sobre pode
resultar em efeitos indesejados.

5.6 Estratégias de Prevenção e Manejo de Interações Medicamentosas em


Idosos
A literatura revisada fornece informações valiosas sobre as estratégias que
podem ser adotadas para minimizar o risco de interações medicamentosas em
idosos. Fialová et al. (2012) propõem a utilização dos critérios APPROPRIATE, uma
abordagem baseada em evidências para otimizar a terapia medicamentosa em
idosos. Ademais, a comunicação interprofissional e a educação do paciente
emergem como ferramentas essenciais para garantir a compreensão dos riscos e
benefícios da terapia medicamentosa, bem como a detecção precoce de possíveis
interações.
Além disso, podemos destacar outras estratégias que podem ser utilizadas
segundo a literatura pesquisada, tais como:
Avaliação Multidisciplinar: A abordagem multidisciplinar, envolvendo
médicos, farmacêuticos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, é essencial
para revisar os regimes medicamentosos dos idosos. A colaboração entre
especialidades ajuda a identificar possíveis interações e ajustar a terapia de acordo
com as necessidades individuais (PAPAIOANNOU et al., 2017).
Revisão Medicamentosa Regular: Uma revisão periódica dos
medicamentos em uso é fundamental. Isso permite que os profissionais de saúde
identifiquem medicamentos desnecessários ou duplicados e ajustem as doses
conforme necessário para minimizar riscos de interações (AMERICAN GERIATRICS
SOCIETY, 2019).
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Uso de Ferramentas Clínicas: A utilização de ferramentas clínicas, como o


"Beers Criteria" ou os critérios STOPP/START, auxilia na identificação de
medicamentos potencialmente inapropriados para idosos. Essas ferramentas
fornecem orientações específicas para evitar interações e efeitos adversos em
idosos (BY THE AMERICAN GERIATRICS SOCIETY BEERS CRITERIA® UPDATE
EXPERT PANEL, 2019; O'MAHONY et al., 2015).
Educação do Paciente: O papel ativo do paciente é crucial. Fornecer
educação aos idosos sobre seus medicamentos, seus propósitos, dosagens e
possíveis interações pode aumentar a adesão e a conscientização sobre os riscos
associados (SIREY et al., 2015).
Monitoramento Regular: Monitorar a saúde e os efeitos colaterais dos
idosos ao longo do tempo é essencial para identificar possíveis interações
medicamentosas e ajustar a terapia conforme necessário (AMERICAN GERIATRICS
SOCIETY, 2019).

5.7 A Importância de Profissionais de Saúde Especializados

A demanda por profissionais de saúde especializados em geriatria e


gerontologia aumenta à medida que a população idosa cresce. Autores como Freire
(1996) destacam que a formação desses profissionais e a integração de seus
conhecimentos são essenciais para abordar as necessidades complexas dos idosos.
Destarte, enfrentar esses desafios exige uma abordagem interdisciplinar,
conforme discutido por Noddings (2012), com colaboração entre médicos,
enfermeiros, farmacêuticos, terapeutas e outros profissionais de saúde aptos para
atender essa população e reconhecer suas vulnerabilidades. Também é importante
considerar o papel dos governos, das políticas de saúde pública e das inovações
tecnológicas, como abordado por Goleman (1995), para desenvolver estratégias
eficazes que promovam a capacitação adequada dos servidores.
Os profissionais de saúde especializados têm conhecimento aprofundado
sobre as particularidades do envelhecimento, incluindo as alterações
farmacocinéticas e farmacodinâmicas associadas. Estes estão bem informados
sobre os medicamentos que são mais propensos a causar interações e podem
adaptar as terapias com base nas condições médicas e necessidades individuais de
cada paciente idoso (PEREIRA et al., 2017).
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Além disso, esses profissionais têm a capacidade de realizar avaliações


globais e multidimensionais, considerando não apenas as questões médicas, mas
também os aspectos sociais, psicológicos e funcionais. Isso permite uma abordagem
mais holística e individualizada no manejo da terapia medicamentosa, levando em
conta as preferências e metas do paciente (NUNES et al., 2015).
A comunicação entre profissionais de saúde especializados também é
importante. A colaboração entre geriatras, farmacêuticos e outros membros da
equipe de saúde pode identificar interações medicamentosas potenciais e propor
estratégias para evitar riscos desnecessários. Essa abordagem integrada também
envolve a educação do paciente sobre seus medicamentos, seus possíveis efeitos
adversos e a importância de relatar qualquer sintoma incomum (PEREIRA et al.,
2017).
Portanto, a presença de profissionais de saúde especializados é essencial
para a prevenção de interações medicamentosas em idosos. A expertise desses
profissionais ajuda a otimizar as terapias, minimizar riscos e promover a qualidade
de vida dos idosos, garantindo que os tratamentos sejam adaptados de acordo com
as necessidades individuais e as características do envelhecimento (NUNES et al.,
2015).
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6 DISCUSSÃO

A discussão dos resultados obtidos na pesquisa sobre interações


medicamentosas na população idosa revela a complexidade e a relevância desse
tema para a prática clínica e o cuidado com os idosos. As descobertas desta
pesquisa ressaltam os desafios e a necessidade de abordagens multifacetadas para
minimizar os riscos associados a interações medicamentosas nessa faixa etária.
Uma das principais confirmações deste estudo foi a alta prevalência de
polifarmácia entre os idosos investigados. Esse achado está em consonância com
pesquisas anteriores (NUNES et al., 2015), destacando a natureza comum da
utilização de múltiplos medicamentos por parte dessa população. A polifarmácia,
embora muitas vezes seja necessária para o manejo de múltiplas doenças crônicas,
também aumenta o risco de interações medicamentosas. Essas interações podem
resultar em efeitos adversos, diminuição da eficácia terapêutica e até mesmo
hospitalizações.
Além disso, foi observado que a falta de conhecimento dos pacientes idosos
sobre seus medicamentos e possíveis interações é uma questão preocupante. A
educação do paciente é uma ferramenta crucial para empoderar os idosos no
gerenciamento de sua própria saúde. No entanto, essa educação muitas vezes é
insuficiente ou inacessível. Profissionais de saúde, especialmente farmacêuticos
clínicos, podem desempenhar um papel vital na educação dos pacientes sobre seus
medicamentos, suas doses e possíveis riscos associados.
A colaboração entre profissionais de saúde também emergiu como uma
necessidade evidente. A comunicação entre médicos, farmacêuticos e outros
membros da equipe de saúde é fundamental para identificar e abordar interações
medicamentosas potenciais. A implementação de sistemas eletrônicos de alerta em
registros médicos pode ser uma estratégia eficaz para alertar os profissionais sobre
possíveis interações durante a prescrição.
O estudo também revelou que a personalização do tratamento,
considerando as características individuais dos idosos, é essencial para mitigar os
riscos aos quais esses pacientes são expostos. Profissionais de saúde
especializados e capacitados, como geriatras e farmacêuticos clínicos,
desempenham um papel determinante na adaptação das terapias de acordo com as
condições de saúde específicas e as alterações farmacocinéticas e
farmacodinâmicas associadas ao envelhecimento.
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Em síntese, esta pesquisa destaca a importância de uma abordagem


integrada e multidisciplinar para a prevenção de interações medicamentosas em
idosos. Ações educativas, sistemas de alerta, colaboração entre profissionais de
saúde, capacitações e tratamentos individualizados emergem como estratégias
fundamentais para garantir a segurança e a qualidade da terapia medicamentosa
nessa população vulnerável.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final desse estudo, ficou evidente que as interações medicamentosas na


população idosa são um desafio complexo e multifacetado que demanda atenção
especializada e abordagens integradas. Através da revisão bibliográfica e análise de
estudos e pesquisas, pudemos explorar a importância de reconhecer a influência
das alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas associadas ao envelhecimento
na ocorrência dessas interações, bem como a necessidade de estratégias
preventivas e educativas para minimizar os riscos.
A alta prevalência de polifarmácia entre os idosos investigados reforça a
urgência de medidas que visem à racionalização do uso de medicamentos. A
personalização das terapias, com base nas características individuais de cada
paciente, emerge como uma abordagem promissora para evitar interações
medicamentosas potenciais. Nesse sentido, profissionais de saúde especializados,
como geriatras e farmacêuticos clínicos, desempenham um papel importante na
avaliação abrangente da saúde dos idosos e na adaptação criteriosa das terapias.
A educação do paciente, tanto em relação à importância da adesão ao
tratamento quanto ao reconhecimento de possíveis sinais de interações
medicamentosas, é uma ferramenta valiosa na promoção da segurança e qualidade
de vida dos idosos. A colaboração entre profissionais de saúde, a utilização de
sistemas de alerta eletrônicos e a implementação de estratégias educacionais
direcionadas a pacientes idosos e seus familiares são ações que podem contribuir
significativamente para a redução do risco de interações medicamentosas.
É importante ressaltar que as implicações desse estudo vão além do âmbito
acadêmico. As conclusões aqui apresentadas têm potencial para orientar práticas
clínicas mais seguras e eficazes, contribuindo para uma abordagem mais
individualizada e centrada no paciente. A conscientização sobre a relevância das
interações medicamentosas em idosos deve permear não apenas os profissionais de
saúde, mas também os formuladores de políticas públicas e os sistemas de saúde
em geral.
Por fim, este estudo destaca a necessidade de uma contínua investigação e
abordagem do tema, considerando as particularidades da realidade brasileira. A
pesquisa clínica e epidemiológica deve continuar a lançar luz sobre os mecanismos
subjacentes, os fatores de risco específicos e as melhores estratégias de prevenção,
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com o objetivo de garantir um tratamento mais seguro, eficaz e individualizado para


o paciente idoso no Brasil.
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