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Guia Completo de

Acompanhamento
Farmacoterapêutico
Por Luciana Pires
Sobre a Autora
Meu nome é Luciana Pires, tenho 9 anos de
experiência na área hospitalar, neste tempo
adquiri vasta bagagem nas diversas
modalidades de atuação do farmacêutico
dentro do hospital.

Ministrei treinamentos internos para


equipes de enfermagem, para médicos
e para farmacêuticos. Atuei na revisão
de protocolos junto de equipes
multidisciplinares e participei do
processo de conquista de selos de
qualidade importantes para o hospital.

Hoje tenho como objetivo passar para


os meus alunos e seguidores os
aprendizados da realidade de um
FARMACÊUTICO HOSPITALAR e
FARMACÊUTICO CLÍNICO.
Sumário
A importância do Acompanhamento Farmacoterapêutico
Selecionando os pacientes que serão acompanhados
1- Por setor
2- Por escore de risco
3- Comorbidades
4- Medicamentos em uso
5- Fatores de Risco e Situações especiais
6- Pedido Médico

Montando a linha de raciocínio para o seu


acompanhamento farmacoterapêutico

1- Plano de cuidados farmacêuticos


2- Coleta de Dados
3- Análise do Tratamento
4- Implementação do plano
5- Condutas
6- Evolução

Conclusão

Dicas

Material de apoio

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A Importância do

Acompanhamento Farmacoterapêutico

para Ambiente Hospitalar

No ambiente hospitalar, o acompanhamento

farmacoterapêutico é ainda mais crucial, uma vez que os

pacientes estão em situações mais complexas e

vulneráveis, com maior possibilidade de interações

medicamentosas e outros problemas relacionados à

farmacoterapia. O acompanhamento adequado dos

medicamentos prescritos é fundamental para prevenir a

ocorrência de erros que possam causar danos aos

pacientes, além de contribuir para a redução de custos

com o tratamento e a melhora mais efetiva do paciente.

É importante destacar, no entanto, que o

acompanhamento farmacoterapêutico pode ser

adaptado para outras áreas da saúde, como

consultórios e farmácias comunitárias, por exemplo.

As informações e conhecimentos apresentados

neste ebook podem ser aplicados em diferentes

cenários, para garantir a segurança e efetividade

dos medicamentos em qualquer ambiente de saúde.

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Neste ebook, vou abordar o acompanhamento
farmacoterapêutico no ambiente hospitalar,
trazendo informações essenciais sobre a
prática e suas principais aplicações nesse
contexto. Meu objetivo é oferecer um material
completo e de qualidade para profissionais
farmacêuticos que desejam se aprofundar no
tema e começar a entender melhor como
usamos o acompanhamento
farmacoterapêutico no dia a dia.

Espero que este material possa servir para


ampliar seus conhecimentos sobre o
acompanhamento farmacoterapêutico no
ambiente hospitalar, contribuindo para a
melhoria da qualidade de vida dos pacientes e
para o avanço da sua prática clínica, tanto no
hospital quanto em outros cenários.

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Selecionando os pacientes
que serão acompanhados

A farmácia clínica no Brasil ainda tem um longo


caminho a percorrer para alcançar sua idealização,
mas isso não significa que não possamos melhorar
continuamente os serviços que prestamos. Um dos
principais desafios enfrentados é a escassez de
profissionais para executar os serviços clínicos nas
instituições. Em muitos casos, o farmacêutico precisa
lidar com atividades assistenciais, como dispensação
de medicamentos, atividades administrativas,
gerenciamento de estoque e gestão de pessoas, e
ainda realizar atividades de clínica. Embora longe do
ideal, em muitos serviços, essa é a forma encontrada
para dar início à farmácia clínica. Como queremos
que a farmácia clínica seja cada vez mais difundida,
acabamos abraçando esse formato.

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Existem também serviços que já fizeram a separação
da farmácia clínica e assistencial, mesmo assim, a
demanda é muito grande para o número de
profissionais disponíveis dentro das instituições e você
vai perceber ao decorrer do ebook, que o
acompanhamento farmacoterapêutico exige uma
atenção e cuidado do profissional. Se você se encaixa
em um desses exemplos acima, deve ter percebido
que é importante definir prioridades. No caso dos
serviços clínicos, não seria diferente, precisamos ter
uma ordem de prioridades dos pacientes que serão
contemplados com os serviços clínicos.

Antes de falar sobre as estratégias de implantação, é


importante esclarecer que a farmácia clínica não é
uma atividade única. Na verdade, ela é um conjunto
de atividades clínicas que visam o paciente de forma
individualizada. E dentre essas atividades clínicas,
temos o acompanhamento farmacoterapêutico.

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Pode acontecer na instituição que você trabalha de
serem realizadas algumas atividades clínicas de forma
isolada, como avaliação técnica da prescrição e
reconciliação medicamentosa. No acompanhamento
farmacoterapêutico, todas essas atividades clínicas são
centralizadas em um paciente, adicionando o
acompanhamento desse paciente desde a seleção dele
para o serviço até atingirmos o objetivo desejado, que
pode ser a alta hospitalar, desaparecimento de um
sintoma específico ou alta do setor em que o
acompanhamento é feito. Podemos continuar a fazer
avaliações técnicas de prescrição de todas as
prescrições ou qualquer outra atividade clínica que já
seja desenvolvida e incluir o acompanhamento
farmacoterapêutico em pacientes específicos ou em
todos os pacientes, dependendo da disponibilidade, já
que é um trabalho minucioso.

Compreendendo esses pontos, que não temos muito


tempo ou profissionais e que o acompanhamento
farmacoterapêutico é uma junção mais detalhada e
individualizada das atividades da farmácia clínica,
percebemos que não iremos conseguir sempre
contemplar todos os pacientes, então em muitos
momentos vamos precisar usar estratégias para
selecionar os pacientes

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Vamos falar sobre algumas
sugestões para a seleção
desses pacientes.

1- Por Setor
Dependendo do tamanho e perfil da sua instituição, uma
forma de decidir os pacientes que serão contemplados
com o acompanhamento farmacoterapêutico é definir
por setor, normalmente o setor de primeira escolha é a
UTI, seja ela adulta ou pediátrica, pois sabemos que ali é
onde temos os pacientes mais graves

Porém, isso não precisa ser uma regra, às vezes você


percebe que, por mais que o paciente da UTI seja um
paciente grave, ele é um paciente bem assistido pela
equipe, e ao mesmo tempo você acaba percebendo que
algum setor de internação está prejudicado e que você
acompanhando de perto pode trazer algum benefício,
como acelerar a alta desse paciente ou evitar que esse
paciente tenha uma piora e acabe sendo um novo
paciente de UTI.

Conheça bem a instituição que você trabalha e


entenda as necessidades dela, isso vai facilitar o
desenvolvimento do seu projeto.

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2- Escore de Risco

Mesmo que você decida um setor para fazer o

acompanhamento, esse setor pode ter muitos leitos e

você percebe que não consegue acompanhar todos os

pacientes internados. Podemos, nesses casos, usar uma

ferramenta conhecida como escore de risco, seu objetivo

é ajudar na seleção de pacientes que precisam de um

acompanhamento mais detalhado. Ele consiste em uma

pontuação que é atribuída a cada paciente com base em

fatores como idade, número de medicamentos em uso,

presença de comorbidades e outras variáveis que podem

indicar um maior risco de complicações na terapia

medicamentosa.

Podemos usar também de forma geral no hospital,

caso você não tenha selecionado um setor específico,

porém não é o ideal, pois é necessário atenção na

hora de pontuar seus pacientes, então exige tempo do

profissional, muitas vezes também é preciso uma

adaptação do escore dependendo do perfil de

paciente, além disso, é importante refazer os escore

com alguma frequência durante do tempo de

internação do paciente, afinal um paciente pode

melhor ou piorar.

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3- Comorbidade
Outra maneira de fazer a seleção dos pacientes é priorizar
doenças crônicas, todos os pacientes com diabetes
mellitus ou hipertensão arterial, dentre outras,
dependendo do perfil do atendimento da instituição que
você trabalha. De acordo com tempo e profissionais
disponíveis, é possível explorar mais de uma doença.

4- Medicamentos em Uso
Aqui existe uma vasta gama de possibilidades, a seleção
pode partir dos medicamentos que os pacientes iniciaram
uso dentro do hospital ou até mesmo medicamentos que o
paciente já faz uso, porém existe uma grande possibilidade de
o uso não estar sendo feito adequadamente, como paciente
insulinodependente. Mas o mais comum é selecionar
pacientes que iniciaram o uso de medicamentos dentro do
hospital.

Você pode listar os medicamentos com maiores risco RPM,


quem sabe medicamentos com maiores possibilidades de
interação medicamentosa ou paciente em uso de
medicamentos potencialmente perigosos. O meu preferido
são pacientes em uso de antimicrobianos, aqui para que
não fique muito amplo, podemos separar os pacientes que
iniciaram o uso daqueles antimicrobianos que são
acompanhados pelo SCIH, é uma ótima opção

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5- Fatores de Risco e

Situações Especiais

Pacientes idosos, gestantes, oncológicos, são situações

que podem ser usados como seleção de paciente para

o acompanhamento farmacoterapêutico.

6- Pedido Médico:

Essa sugestão exige uma maturidade maior do serviço,

pois funciona melhor quando temos uma equipe

multidisciplinar que já tem conhecimento e queira

introduzir a farmácia clínica na instituição.

Nesse modelo ficaria a cargo da equipe médica solicitar

o acompanhamento farmacoterapêutico para aquele

paciente, da mesma maneira que é solicitado os outros

serviços multidisciplinares. Mas como disse no início, não

acredito que sejam todas as instituições que tenham

maturidade para esse formato, pelo menos não ainda.

Mas fica aberta essa possibilidade. Se alguém tentar esse

formato ou conhecer alguém que faça nesse modelo me

conte que ficarei feliz e saber.

ai s
M
a
ib
Sa

Essas sugestões foram para que você consiga enxergar que

existem várias possibilidades de filtrar os pacientes que irão ser

acompanhados pela farmácia clínica, não tem um certo ou

errado, um melhor ou pior, tem o que vai funcionar para você e

para a sua realidade.

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Montando a linha de raciocínio
para o seu acompanhamento
farmacoterapêutico

Existem algumas ferramentas em literatura que

são usadas para desenvolver a linha de raciocínio do

acompanhamento farmacoterapêutico, uma delas é

o FASTHUG MAIDENS que é muito usado em paciente

em Unidade de Terapia Intensiva. Sugiro sim que você

pesquise mais sobre as ferramentas que existem, mas

melhor do que isso é endente o raciocínio por trás de

qualquer uma delas e você ser capaz de analisar e

montar a sua própria.

Para que você ter uma linha de

raciocino divido o acompanhamento

farmacoterapêutico em 6 etapas:

plano de cuidados farmacêuticos,

coleta de dados, análise do

tratamento, implementação do

plano, avaliação dos resultados e

evolução.

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Plano de cuidados
farmacêuticos

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Essa é a primeira etapa do acompanhamento

farmacoterapêutico, que é onde vamos traçar nossas

estratégias para o paciente, inclusive, existem hospitais

que possuem um documento que pode ser digital ou

manual que se chama plano terapêutico, esse plano é

preenchido por todos da equipe multidisciplinar com

informação de como será conduzido o cuidado com

aquele paciente de acordo com cada especialidade.

Mas mesmo que onde você atue não tenha esse plano

terapêutico para ser preenchido pelo farmacêutico,

essa é uma etapa importante para o alinhamento do

seu acompanhamento farmacoterapêutico, pois é aqui

que você saberá tudo que precisa fazer com esse

paciente.

Para isso você precisa ter um breve conhecimento do

paciente, como idade e principalmente o motivo da

internação e hipótese diagnostica.

Importante ressaltar que esse plano ele pode ser

dinâmico, ou seja, pode sofrer alteração durante a

internação, isso porque a clínica do paciente pode ir se

alterando durante a estadia dele no hospital.

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Vamos a alguns exemplos de pontos que são levados
em consideração na hora de traçar o seu plano de
cuidado:

1 Dependendo do diagnóstico você pode definir qual


será o objetivo para esse paciente, por exemplo, um
paciente com crise asmática, controlar os sintomas,
melhorar a função pulmonar e prevenir futuras crises

2 Você precisa alinhar o que vai precisar fazer e


acompanhar para chegar nesse objetivo, por
exemplo, revisar os medicamentos de uso próprio,
revisar a prescrição atual, verificar como é adesão do
tratamento pelo paciente, se faz uso correto de todos
os medicamentos.

3 Um ponto que provavelmente constará em todos os


seus planos de cuidados é a avaliação da prescrição
hospitalar, onde você irá conferir e acompanhar os
ajustes das doses e dos medicamentos prescritos,
além de acompanhar e prevenir qualquer problema
relacionado aos medicamentos.

4 Desenvolver um plano de alta para educar o


paciente quanto aos cuidados e os usos corretos dos
medicamentos afins de evitar uma reinternação.

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I m p ort

ant e
Nos exemplos acima, usei uma paciente
com crise asmática, mas poderia ser
qualquer diagnóstico, sempre temos algo
que podemos auxiliar durante a internação.
Talvez não seja algo ligado diretamente
com o paciente como no exemplo que usei,
mas poderia ser, solicitar ou verificar cultura
para confirmação do antimicrobiano
escolhido, rever e criar plano de ação para
medicamentos de uso próprio, monitorar
sintomas, revisar prescrição intra-hospitalar
para otimização da terapia e garantia da
segurança.

Com a prática, e conhecendo o perfil do


hospital que você trabalha e os principais
motivos de interação, isso vai ficando cada
vez mais claro. Lembrando mais uma vez
que isso não precisa ser seguido a risca, é
apenas para te dar um norte de por onde
começar os seus cuidados, mas durante a
internação do paciente e de acordo com
sua evolução, esse plano pode ser alterado.

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2 Coleta

de Dados

18
O objetivo é que você consiga fazer uma
avaliação completa do paciente, então você
deve coletar o máximo de informações que
conseguir, usando as evoluções dos outros
profissionais de saúde ou uma própria
anamnese farmacêutica.

Inclusive, normalmente é aqui que você pode


encaixar a reconciliação medicamentosa,
podendo ser por uma entrevista com o
paciente ou com acompanhante, depende da
idade do paciente ou da situação clínica desse
paciente. Além disso, não se esqueça de
coletar informações que possam ser
relevantes, como vícios, adesão
medicamentosa, alergias, hábitos, se ele
apresenta efeitos colaterais que possam ser
associados ao uso de medicamentos e que
possam estar afetando sua qualidade de vida,
ou seja, qualquer informação que você
acredite que irá fazer diferença para os
próximos passos do seu acompanhamento.

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Nem todas as informações serão importantes
durante a internação do seu paciente, mas
existe informações que podem ser relevantes
uma possível alta farmacêutica, como é o
exemplo de questionar a adesão ao
tratamento, se você já sabe que seu paciente
tem dificuldade, você já sabe que pode atuar
nesse ponto.

Uma sugestão é você montar um checklist de


informações que precisa questionar seu paciente.
Luciana, me disponibiliza um modelo? Não, pois
vai variar do perfil da sua instituição e dos
pacientes que você atende, o que posso te ajudar
é dizendo que comece sem o checklist, apenas
fazendo anotações, com o tempo você começa a
perceber padrões, ou seja, perguntas que você faz
muito frequentemente, perguntas que fizeram
falta depois e você sempre esquece na hora que
está conversando com o paciente ou checando o
prontuário.

Não precisa ter pronto.

Você é capaz de construir o seu.

Te garanto.

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Análise do
Tratamento

21
Nessa etapa usamos a prescrição médica como
norteador, pois normalmente um tratamento vai ter
sido iniciado para o nosso paciente. Então a partir de
agora você vai usar os seus conhecimentos, analisar
aquele tratamento de forma cuidadosa e identificar
(ou não) oportunidades de melhorias.

Irei citar para você os principais pontos de atenção


na análise de prescrição, mas você pode identificar
mais detalhes, o importante é que você tenha o foco
de analisar com cuidado para ver o que ninguém viu,
além de identificar a possibilidade de erros futuros,
por exemplo, algo que foi prescrito de uma forma que
possa induzir ao erro ou algo que você sabe que a
equipe tem dificuldade.

O objetivo aqui não é entrar em detalhe sobre


quadros clínicos, mesmo porque eu nem conseguiria
fazer isso, devido a dimensão de possibilidade que
temos. Esse Ebook tem o objetivo de ser usado para
qualquer perfil de hospital, mas cada perfil tem
detalhes diferentes, então você vai usar para modelar
o seu raciocínio.

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Qualidade
Vou deixar esse item pontuado, pois eu
acho importante, como esse Ebook tem
da Prescrição como objetivo atender os mais diversos
perfis de hospitais, talvez esse seja um
ponto relevante para sua avaliação.

No caso de prescrições manuais


principalmente, é muito importante ser
mais um filtro para a qualidade da
prescrição, desde a legibilidade até a
presença de todas as informações
importantes dentro de uma prescrição
segura. Nas sugestões de leitura, deixarei
materiais para que você embase melhor
sobre prescrição segura.

O diagnóstico do paciente é o
ponto de partida para a Indicação dos
prescrição de medicamentos.

O farmacêutico deve avaliar se a


Medicamentos
prescrição está em consonância
com o diagnóstico do paciente e
se os medicamentos prescritos
são apropriados para tratar a
condição diagnosticada. Por isso é
bem importante que conheça os
protocolos clínicos, além de
conhecer as diretrizes atuais.

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Exemplos de pontos de

melhorias que podemos identificar:

Doses muito altas ou muito baixas para o

1 diagnóstico ou para o momento de cuidado, por

exemplo, nos casos de dose de ataque;

Falta de prescrição de algum medicamento

2 importante, excesso de medicamentos na

prescrição que não condizem com a situação atual

do paciente, lembrando que essa revisão é diária,

então pode acontecer alguns casos de

medicamentos que faziam sentido, mas na clínica

atual já não é mais necessário;

Escolhas econômicas quando for possível, desde

3 que não vá prejudicar o paciente, inclusive, esse

ponto pode ser muito importante quando o

paciente vai precisar continuar usando esse

medicamento na alta hospitalar.

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Dose e A dose e a posologia dos medicamentos
prescritos devem ser avaliadas
Posologia cuidadosamente. É importante verificar se a
dose está adequada para o paciente,
considerando o diagnóstico, peso, idade,
condições clínicas atual.

Minha dica aqui é ter atenção aos protocolos


onde normalmente terá as doses indicadas, mas
também temos as bases de dados como
Micromedex, UpToDate.

Exemplos de pontos de melhorias


que podemos identificar:

Avaliar se os cálculos das doses estão de acordo


com o peso do paciente, ou de acordo com a
indicação daquele medicamento;

Se atentar em casos em que os ajustes de doses


se fazem importantes, como função renal e
hepática;

Observar com atenção os aprazamentos, buscando


sempre o melhor efeito do medicamento, o conforto do
paciente, e melhor atuação da equipe da enfermagem;

Um olhar atento aos dias de tratamento, comum nos


antimicrobianos, corticoides.

25
Via de A via de administração dos

Administração medicamentos prescritos também


devem ser avaliadas pelo farmacêutico.
É importante verificar se a via de
administração escolhida é apropriada
para o medicamento em questão e se é
adequada para o paciente.

Exemplos de pontos de melhorias


que podemos identificar:

Um paciente que está apenas com sonda enteral


e foi prescrito um comprimido revestido, você
pode orientar uma diluição mais segura, ou até
mesma a troca do medicamento, inclusive, a
troca simplesmente da apresentação;

Um medicamento que deve ser feito


exclusivamente por via intramuscular e está
prescrito por via intravenosa;

Um paciente que não está mais com acesso


venoso, mas acabaram prescrevendo o
medicamento por via endovenosa, mas existe a
opção oral e a clínica do paciente suportaria oral.

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É essencial avaliar as possíveis interações
Interações
medicamentosas entre os medicamentos

prescritos ou alimentos que o paciente possa

estar recebendo.

O farmacêutico deve verificar se há riscos de

interações que possam afetar a eficácia ou a

segurança dos medicamentos prescritos.

Lembrando que algumas interações são

propositais, algumas interações são comuns e

podem apenas ser monitoradas.

Exemplos de pontos de melhorias

que podemos identificar:

Existem muitas interações que os médicos não

conhecem, e que estão acostumados a prescrever,

nem sempre o medicamento vai ser suspenso ou

substituído, mas o alerta da interação pode abrir os

olhos para uma monitorização dos efeitos;

Não se esquecer da interação com a dieta do

paciente, seja ela enteral ou oral, pois essa

informação pode interferir nos horários que os

medicamentos deverão ser administrados.

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Incompatibilidade

O farmacêutico deve verificar se há risco de incompatibilidade entre os

medicamentos prescritos e que possa afetar a eficácia ou a segurança

do tratamento. Isso inclui a compatibilidade nos medicamentos

intravenosos com a diluições prescritas.

Exemplos de pontos de melhorias

que podemos identificar:

Verificar os diluentes que estão prescritos

nos medicamentos endovenosos e suas

compatibilidades;

Se atentar as incompatibilidades de um

medicamento com outros medicamentos

que será feito pela mesma via de

administração, no mesmo horário ou

muito próximos;

Orientar a equipe caso tenha algum

detalhe da manipulação no medicamento,

na hora de reconstituir ou diluir.

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Diluição e tempo de infusão
Um ponto importante a ser avaliado pelo farmacêutico são as diluições,
não somente no âmbito de incompatibilidades, que já citamos
anteriormente, mas também, quanto as concentrações ideais para as
diluições, considerando a forma de administração, a condição clínica do
paciente, a concentração máxima. Além disso, o tempo de infusão
recomendado para cada droga.

Exemplos de pontos de melhorias


que podemos identificar:

Um paciente com restrição hídrica, é


importante que o farmacêutico otimize ao
máximo as diluições dessa prescrição;

Observar se a concentração da diluição é


a mais indicada para a via de
administração que está prescrita;

Um medicamento que não pode ser feito


em bolus ou push e que não está bem
especificado na prescrição;

Identificar os medicamentos que precisam


ser feitos de forma bem lenta, às vezes até
em horas.

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Profilaxia e sintomáticos
Durante a avaliação da prescrição também conseguimos identificar as
profilaxias, que podem variar de acordo com a instituição que você
trabalha e o perfil do paciente que é atendido. Também temos nas
prescrições os medicamentos que chamamos de sintomáticos, e que em
alguns casos são importantes constar na prescrição para evitar que o
paciente não seja atendido de forma imediata quando tiver um sintoma
comum do seu quadro clínico, como dor, ou reações comuns de algum
medicamento que ele esteja fazendo uso.

Exemplos de pontos de melhorias


que podemos identificar:
Profilaxia de úlcera de estresse;
Profilaxia de tromboembolismo venoso;
Paciente em uso de um medicamento
que causa muitas náuseas, deixar um
antiemético prescrito;
Um paciente pós-cirúrgico de cirurgia que
normalmente causa muita dor, prescrito
um medicamento mais potente para dor.

Acima você viu os principais pontos da avaliação da prescrição,


geralmente vamos começar a desenhar nosso
acompanhamento a partir da avaliação da prescrição, ela será o
nortear para os pontos de melhorias para o tratamento do
paciente.
30
Implementação

do Plano

31
Nesse ponto, com todas as informações
que coletamos nas fases anteriores,
vamos descrever o plano de cuidado
para o nosso paciente.

Então tudo que foi observado nos itens


anteriores e que são passíveis de
acompanhamento, melhorias,
informação ou monitoramento vamos
organizar para podermos colocar em
prática nessa fase

32
Alguns exemplos para ficar mais

clara essa etapa:

Qualquer coisa que tenha sido observado na hora da

avaliação na prescrição e precise ser tomado uma

ação sobre aquilo, seja orientar a equipe ou sugerir

modificar para o prescritor.

Ações de educação ao paciente ou acompanhante,

se no seu plano de cuidado você definiu que precisa

visitar o paciente e/ou acompanhante para alguma

orientação, como isso irá funcionar.

Nas suas avaliações você percebeu que precisa ter

acesso algum exame do paciente, seja para

acompanhar a evolução do tratamento, ou para

acompanhar o uso de um medicamento específico,

por exemplo, paciente está em uso de um

medicamento com incidência em diminuir o potássio,

talvez seja interessante acompanhar esse exame.

Algum paciente que você precisa acompanhar a

função renal, função hepática.

33
Essa etapa ela é bem parecida com a

1° etapa – Plano de cuidados farmacêuticos,

porém naquela fase o seu conhecimento sobre

o paciente ainda era mais raso, agora você está

munido de informações.

Eu montei o raciocínio do meu plano nesse

formato por conta das nossas auditorias da

ONA, nós tínhamos que ter um plano inicial para

o paciente, mesmo que isso fosse mudando

com o tempo.

Mas caso você ache mais fácil e você tenha

liberdade de fazer isso, pode fazer o plano já

quando tiver tudo definido, funciona também.

34
Condutas
35
Aqui é o ponto onde iremos definir as condutas tomadas, seja por
você farmacêutico ou pelos outros profissionais envolvidos do seu
plano de cuidado a partir das suas considerações feitas durantes a
coleta de dados e avaliação da farmacoterapia, ou seja, são as ações
que você precisa finalizar para colocar o seu plano de cuidado em
prática. Depois que você finaliza essas ações isso tem um resultado,
seja negativo ou positivo, é nessa etapa que isso será descrito.

Alguns exemplos para ficar


mais clara essa etapa:

Prescritor alterou a prescrição de acordo com a sua sugestão.

Prescritor não acatou minha sugestão com a justificativa de ...

Enfermeira do setor orientada a fazer o medicamento A


sempre no período da noite. Acompanhar próximas
prescrições.

Checado o resultado do PCR e será mantido


antimicrobiano. Será discutido caso com infectologista
na próxima visita multidisciplinar.

Ao realizar orientações para a paciente sobre o


medicamento ela pediu se poderia fazer um lembrete
por escrito, como é uma paciente vulnerável, confirmei
a possibilidade e irei entregar no dia da alta.

Aqui são somente exemplos aleatórios para que você consiga


enxergar a lista de possibilidade do que pode ser uma conduta.

36
6
Evolução

37
Chegou o momento de registrar as informações. Antes disso quero que
você saiba que registrar no prontuário seu trabalho é muito
importante, esse é o documento mais importante de dentro do
hospital, pois é ali que temos todas as informações sobre o paciente.

Registrar em prontuário é essencial para que você tenha um ponto de


comunicação com a equipe multidisciplinar e entre a própria equipe
de farmácia clínica e o mais importante, o prontuário é o respaldo
para as atividades do profissional na saúde. Se não registrou, você
não fez. Seja suas intervenções acatadas ou não, elas devem estar no
prontuário.

Não existe uma regra para como fazer uma


evolução farmacêutica, inclusive, você pode e
deve verificar se a instituição que você trabalha
possui algum padrão próprio

O modelo que eu trouxe aqui para você é a estrutura mais usada


pelos profissionais da saúde para registrar e organizar as
informações sobre a evolução do paciente.

É o método S.O.A.P que é um acrônimo onde as letras significam:

S - Subjetivo
A - Avaliação

O - Objetivo P - Plano

Cada uma das letras refere-se a um tipo de informação.

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S - Subjetivo
Informação de acordo com a experiência do paciente,
acompanhante ou até mesmo por algum outro profissional da
saúde. Então aqui vamos colocar informações como: sintomas,
queixas, histórico medicamentoso, alergias, hábitos de vida.

Aqui você vai usar muito das informações que você


obteve na etapa 1 do acompanhamento
farmacoterapêutico

Exemplo: Paciente relata complicação renal prévia

O - Objetivo
Informações objetivas são aquelas que você pode obter
através exames, avaliações clínicas, sinais vitais,
medicamento de uso intra-hospitalar, dispositivos.

São principalmente as informações da Etapa 1 e 2 do


acompanhamento farmacoterapêutico. Cuidado, pois, na
etapa (coleta de dados) você pode ter informações
subjetivas e objetivas

Exemplo: 4º dia de internação para tratamento de uma


infecção MRSA (S. aureus resistente a meticilina), em uso de
vancomicina D4 1g de 6/6 horas.

Creatinina D1 0,9 mg/dL e em D4 1,3mg/dL.

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A- Avaliação
Aqui será a avaliação do farmacêutico a partir de todas as

informações que ele colocou, os problemas relacionados a

medicamento (PRM), observações sobre a prescrição com

intuito de melhorar a terapia, o que você irá monitorar durante o

tratamento.

São os pontos abordados em todas as etapas do

acompanhamento farmacoterapêutico, pois todas as etapas

são necessárias para que você faça a sua avaliação, mas

principalmente a etapa do plano de cuidado, essa é a que você

mais vai usar nessa parte da sua evolução.

Exemplo: Observado aumento da creatinina sérica do dia 1 de

tratamento para o dia 4

P - Plano

Apesar do P desse modelo de evolução ser de plano, aqui

vamos registrar nossas condutas, ou seja, todas as ações

que serão tomadas a partir da avaliação realizada. Aqui

também é importante que mencione os pontos de

monitoramento, normalmente, é a partir das condutas

que será dado continuidade ao acompanhamento nos

próximos dias

Exemplo: Monitorar os níveis de creatinina, sugerido ao

plantonista nova coleta para verificação de vancocinemia,

o mesmo irá solicitar o mais breve possível (acompanhar)

40
O exemplo que eu trouxe para cada letra

foi apenas para exemplificar, mas no dia

a dia essa evolução tende a ficar mais

extensa dependendo do paciente e da

sua clínica atual.

A evolução farmacêutica é um ponto de

comunicação muito importante entre os

farmacêuticos, principalmente se você

trabalha em esquema de plantão e

outro profissional vai dar continuidade

ao seu trabalho, a evolução é

importante para o colega saber o que já

foi feito e quais os próximos passos.

41
Conclusão
Como você deve ter percebido fazer um
acompanhamento farmacoterapêutico exige
um trabalho cuidadoso do farmacêutico, por
isso eu comecei esse ebook falando sobre a
seleção dos pacientes que irá fazer parte do
seu programa de acompanhamento
farmacoterapêutico, sendo importante criar
métodos para selecionar os pacientes que
mais irão se beneficiar

Não se desespere, eu sei que é muita


informação, mas quando ir colocando em
prática tudo vai se clareando e você vai
lapidando o método em um formato que
funcione melhor para você e para a
instituição que você trabalha.

Não existe regra, esse Ebook é para


nortear a sua estruturação.

42
Outro ponto importante é sobre o seu conhecimento
técnico para a intervenções, comece pequeno,
comece simples, foque em pontos que você pode até
considerar simples demais, como orientar sobre
diluição, reconciliação medicamentosa, mas que no
final faz toda uma diferença para o paciente e para
equipe que está atuando com você. Qualquer ajuda
para mandar o paciente logo e bem para casa é
bem-vinda. Aos poucos você vai ser aprimorando,
aprendendo no dia a dia, então seja curioso,
pergunte.

Você deve ter percebido que em muitos pontos eu


não entrei em detalhes com exemplos de
medicamentos e exemplos clínicos, esse Ebook
viraria uma bíblia para que eu pudesse atender
isso. A beleza da clínica está nisso, cada paciente é
único, e muitas vezes você vai se pegar estudando
para entender o que está acontecendo com
aquele paciente, porque está prescrito aqueles
medicamentos para eles. Porque cada paciente é
único. E aí que você evoluir. Alguns padrões vão se
repetir e você vai conseguir usar o que estudou
para um próximo paciente.

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Dicas

Caso você já trabalhe em hospital, faça uma lista dos principais

motivos de internação, e comece a estudar essas doenças,

lendo protocolos, diretrizes, artigos.

Estudar é diferente ler, quando você estuda você precisa pegar

pontos que você pode aprofundar, e buscar mais informações.

Leia as referências usadas para fazer um artigo, um manual, um

livro.

Mesmo que você ainda não esteja atuando como clínico, ou

ainda não tenha como implantar nada da farmácia clínica,

aproveite o ambiente, pegue as prescrições para estudar, leia

as evoluções dos pacientes. Mesmo que vá fazer isso depois do

trabalho. É uma maneira de estar sempre estudando e

evoluindo

Faça o mesmo com os pontos desse Ebook que você acha que

precisa se aprofundar, por exemplo, eu falei muito brevemente

sobre interações medicamentosa, mas se você sente que sabe

pouco sobre o assunto para conseguir encaixar nas suas

avaliações, aprofunde sobre o assunto por conta própria

Espero que esse Ebook consiga te ajudar a estruturar ou caso já

exista esse serviço onde você trabalha que você tenha

encontrado alguma dica para melhorar cada dia mais o seu

acompanhamento farmacoterapêutico

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Materiais de Apoio

Prescrição Segura

Vídeos Webinar Proqualis


Medicação sem danos: Como melhorar
a prescrição e a administração

Sobre FASTHUG-MAIDENS:

Guia Farmacêutico

Manual Farmacêutico Albert Einstein

Protocolos Clínicos

Sites Comissão Nacional de Incorporação de


Tecnologias no Sistema Único de Saúde

Sociedade Brasileira de Cardiologia

Sociedade Brasileira de Diabetes

Sociedade Brasileira de Pediatria

Livros

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Espero que esse Ebook consiga

ajudar a você estrutura ou caso

já exista esse serviço onde você

trabalha que você tenha

encontrado alguma dica para

melhorar cada dia mais o seu

acompanhamento

farmacoterapêutico!

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