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Publicidade médica

A propaganda ilegal ocupa hoje o quarto lugar no ranking de


processos na Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos
(CODAME), órgão ligado ao Conselho Regional de Medicina de São
Paulo (CREMESP) - corresponde a 4,7% deles. Fica atrás apenas de
negligência, imperícia e imprudência (63%), cobrança indevida
(9,5%) e problemas na relação médico e paciente em terceiro
(5,7%). Mas a publicidade ilegal ainda ganha do exercício ilegal da
profissão (4,2%), condições de funcionamento (2,5%) e assédio
sexual (1,8%).
Fonte: http://www.cremesp.org.br/?
siteAcao=Imprensa&acao=crm_midia&id=212
O que pode e o que não pode ser feito:

Nesse tema, especificamente, os médicos devem ficar atentos às


seguintes resoluções:

● Resolução CFM 1.974/2011;


● Resolução CFM 2.126/2015;
● Resolução CFM 2.133/2015.
A Resolução do CFM nº 1.974/2011 estabelece os critérios norteadores para a
publicidade médica.
• Conceitua anúncios
• Delimita a divulgação de assuntos médicos
• Busca impedir o sensacionalismo e a autopromoção
• De acordo com a resolução, o anúncios médicos devem conter os seguintes
dados:
• Nome do profissional
• Especialidade e/ou área de atuação
• Número da inscrição no CRM
• Número de registro de qualificação de especialista (RQE) se houver.
Além disso, a resolução trata de impedimentos quanto à publicidade dos serviços
médicos. O médico não pode:
Anunciar que trata sistema orgânicos, órgãos ou doenças específicas quando não for
especialista;
Divulgar aparelhos para ganhar autoridade;
Participar de anúncios de empresas ou produtos ligados à Medicina;
Envolver-se com propaganda enganosa;
Envolver-se com anúncios de produtos ou informações sem rigor científico;
Anunciar técnica sem validade científica;
Expor pacientes para divulgar técnicas ou resultados de tratamentos;
Garantir, prometer ou insinuar bons resultados de tratamentos
Essas são limitações básicas à publicidade médica, que são fiscalizados pela
Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos (Codame) dos CRMs.
O QUE É PUBLICIDADE MÉDICA?

Para responder essa pergunta, selecionei um trecho da Resolução CFM


n 1.974/11 do Manual de publicidade médica. Que alias, será utilizado
diversas vezes neste artigo.
“Entende-se por anúncio, publicidade ou propaganda a comunicação
ao público, por qualquer meio de divulgação, de atividade profissional
de iniciativa, participação e/ou anuência do médico.”
Ou seja, desde o outdoor e folder que você divulga até mesmo seu site,
anúncios no Google e redes sociais. Qualquer tipo de comunicação com
o público pode ser considerado.
Publicação de fotos de “Antes X
Depois” e Selfies :

O Artigo 13 da Resolução 2.126/2015 veta a publicação de fotos de “Antes


X Depois” como publicidade médica nas redes sociais e em outros meios.
E, mesmo que o paciente autorize, essa prática não pode ser feita, inclusive
para mostrar métodos ou técnicas utilizadas no tratamento. A conduta pode
ser caracterizada como uma tentativa de autopromoção, o que pode levar à
concorrência desleal.
Além disso, podem ser investigadas pelo CRM situações em que paciente ou
terceiros publicam “Antes X Depois” para promover determinado
profissional da Medicina.
Selfies em situações de trabalho e atendimento são proibidas pelas regras
de publicidade médica, uma vez que o CFM entende que o ato quebra o
anonimato e a privacidade inerentes às práticas médicas.
Resolução CFM nº 1.974/11
Artigo 13 da Resolução CFM nº 1.974/11:
Art. 13 As mídias sociais dos médicos e dos estabelecimentos assistenciais em Medicina deverão
obedecer à lei, às resoluções normativas e ao Manual da Comissão de Divulgação de Assuntos
Médicos (Codame). §1º Para efeitos de aplicação desta Resolução, são consideradas mídias
sociais: sites, blogs, Facebook, Twiter, Instagram, YouTube, WhatsApp e similares.
(...)
§2º É vedada a publicação nas mídias sociais de autorretrato (selfie), imagens e/ou áudios que
caracterizem sensacionalismo, autopromoção ou concorrência desleal.
§ 3º É vedado ao médico e aos estabelecimentos de assistência médica a publicação de imagens
do “antes e depois” de procedimentos, conforme previsto na alínea “g” do artigo 3º da Resolução
CFM nº 1.974/11.
§4º A publicação por pacientes ou terceiros, de modo reiterado e/ou sistemático, de imagens
mostrando o “antes e depois” ou de elogios a técnicas e resultados de procedimentos nas mídias
sociais deve ser investigada pelos Conselhos Regionais de Medicina.
Consulta por direct ou comentário
Ainda que a telemedicina esteja em constante debate na comunidade médica, os médicos
não estão autorizados a realizar consultas por meio das redes sociais. Alguns seguidores
pedem orientações nos comentários, enquanto outros enviam mensagens diretas, via
chat, por exemplo.

Mas não importa qual seja o canal. O Anexo I da Resolução 1.974/2011 afirma ser vedado
ao profissional “consultar, diagnosticar ou prescrever por qualquer meio de comunicação
de massa ou a distância”. É vedado ao médico, na relação com a imprensa, na participação
em eventos e em matéria jornalística nas redes sociais: (...) n) consultar, diagnosticar ou
prescrever por qualquer meio de comunicação de massa ou a distância;

As pessoas podem insistir para ouvir do profissional algum diagnóstico, com base no que
relatam. Para isso, porém, o médico precisa ter conhecimento do histórico do paciente,
bem como fazer a avaliação clínica e outros exames. Assim, o profissional deve incentivar
que os usuários das redes procurem atendimento especializado.
Divulgação de preços e descontos:
O Código de Ética Médica é bastante claro ao afirmar que “a medicina
não pode, em nenhuma circunstância ou forma, ser exercida como
comércio”. Portanto, a divulgação de preços e descontos nas redes
sociais do profissional foge das boas práticas. O médico que faz isso
talvez esteja em busca de atrair pacientes por diferenciais nos custos
de seu atendimento. Isso é caracterizado como concorrência desleal.
Nas regras de publicidade médica, ficam proibidos os seguintes pontos:
● “Divulgar preços de procedimentos, modalidades de
pagamento/parcelamento ou eventuais concessões de descontos como
forma de estabelecer diferencial na qualidade dos serviços”;
● “Ofertar serviços por meio de consórcios ou similares, bem como
de formas de pagamento ou de uso de cartões/cupons de desconto”.
Vantagens para prescrição de determinado medicamento:

- O Código de Ética Médica e a Resolução CFM nº 1.595/00 proíbem aos


médicos a comercialização da medicina e a submissão a outros interesses
que não o benefício do paciente. Também é proibida a vinculação da
prescrição médica ao recebimento de vantagens materiais. A RDC 102/00
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a indústria
farmacêutica de oferecer prêmios ou vantagens aos profissionais de
saúde envolvidos com a prescrição ou dispensação de medicamentos.
- A indústria farmacêutica, por meio de empresas terceirizadas, realiza
uma “pesquisa” chamada close-up para espionar o receituário dos
médicos. O controle de nossa fidelidade seria feito por farmácias e
drogarias que, em troca de favores, repassam aos laboratórios as cópias
das receitas aviadas – afrontando a confidencialidade e o sigilo
profissional.
Quais as consequências da publicidade indevida para o
profissional da medicina?

O descumprimento das normas da Publicidade Médica pode


resultar em processos éticos e levar à condenação por
violação do código de ética, podendo variar de advertências à
cassação, conforme previsto na Lei 3.268/57.
Tribunal Regional
Federal da 1ª Região
TRF-1 - AGRAVO
DE
INSTRUMENTO
(AI): AI 0006344-
70.2016.4.01.0000

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