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ISSN: 2595-6825
RESUMO
Introdução: A psoríase é uma doença dermatológica, de caráter inflamatório da pele, não
contagiosa e crônica, é representada por uma placa eritêmato-escamosa, saliente em relação à
superfície da pele. Dentre um dos principais contribuintes tanto para o aparecimento dessas
lesões quanto para a exacerbação da patologia é o estresse. Objetivo: Neste contexto, o presente
artigo tem como objetivo analisar a etilogia, os aspectos clínicos e psicossociais da Psoríase.
Metodologia: Foi realizada uma revisão de literatura dos artigos publicados entre os anos de
2007 e 2022, nas bases de dados do Google Scholar, Scientific Eletronic Library of Medicine
(Pubmed MEDLINE), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), EBSCO Information Services e
Scientific Eletronic Library Online (Scielo). Resultados: A Psoríase é uma doença autoimune
mediada por células T com ativação anormal do sistema imunológico e diferenciação celular
alterada e proliferação exacerbada da epiderme e dos queratinócitos. Os aspectos psicológicos
e o stress podem colaborar para o surgimento, recidiva ou piora do quadro clínico. Conclusão:
Diante do exposto, é de suma importância a compreensão dos aspectos etiológicos e clínicos
que refletem diretamente na qualidade de vida, bem-estar e autoimagem do portador da
Psoríase, pois esses fatores estão relacionados ao desencadeamento e exacerbação da doença.
ABSTRACT
Introduction: Psoriasis is a non-contagious and chronic dermatological disease of an
inflammatory nature of the skin, it is represented by an erythematous-scaly plaque, protruding
from the surface of the skin. One of the main contributors to both the appearance of these lesions
and the exacerbation of the pathology is stress. Objective: In this context, this article aims to
analyze the etiology, clinical and psychosocial aspects of Psoriasis. Methodology: A literature
review of articles published between 2007 and 2022 was carried out in the Google Scholar,
Scientific Electronic Library of Medicine (Pubmed MEDLINE), Virtual Health Library (BVS),
EBSCO Information Services and Scientific databases. Electronic Library Online (Scielo).
1 INTRODUÇÃO
A psoríase é uma doença dermatológica, de caráter inflamatório da pele, não contagiosa
e crônica, é representada por uma placa eritêmato-escamosa, saliente em relação à superfície
da pele. Se propaga para regiões do couro cabeludo e pelas superfícies e extensão dos joelhos
e cotovelos, porém qualquer área cutânea pode propiciar a essa lesão, inclusive traumatismos
que atingem a pele do paciente, podem produzir o aparecimento de novas lesões na área
traumatizada. A generalização por toda a pele denomina-se forma eritrodérmica (Inay et al.,
2014). Segundo Moscardi (2017), a pele possui um conjunto de fatores que promovem a
proteção do corpo contra fatores exógenos, mas a ativação constante desses fatores, como por
exemplo, os mediadores celulares, podem resultar em um prejuízo inflamatório da derme e
iniciar processos patológicos como a psoríase.
De acordo com Vilefort et al., (2022), a patogênese da doença inclui fatores de riscos
ambientais e modificáveis como o tabagismo, uso crônico de bebida alcoólica e a obesidade.
Além disso, dentre um dos principais contribuintes tanto para o aparecimento dessas lesões
quanto para a exacerbação da patologia é o estresse. Tal fator pode comprometer o psicológico
e o físico dos pacientes portadores. Por isso, conforme apresentado por Armelin et al., (2016),
é de suma importância que além do tratamento com os medicamentos específicos, seja realizado
intervenções mais abrangentes que englobassem o âmbito psiquico e social dos pacientes.
Os portadores da psoríase temem ser isolados, rejeitados e apresentam fantasias de
abandono, exclusão no sentido de aceitação de sua identidade que os coloca em uma condição
inferior; sentem-se possuidores de uma identidade repugnante e sofrem frente a uma sociedade
que estabelece padrões de beleza e adequação. Devido à aparência física da doença e a auto-
imagem prejudicada, o indivíduo pode ficar vulnerável ao stress que está intimamente
vinculada a piora ou a melhora da doença (Silva, 2007). Com isso, o estresse abordado por
Moreira et al., (2016) tem sua influência em doenças psicodermatosas e atua diretamete no
processo patológico ao interferir no processo inflamatório e proliferativo dessa comorbidade.
2 METODOLOGIA
Esse trabalho trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo revisão integrativa da literatura
sobre a etiologia e os aspectos clínicos e psicológicos da Psoríase. Para a elaboração dessa
revisão, foram realizadas pesquisas através do acesso online as bases de dados do Google
Scholar, Scientific Eletronic Library of Medicine (Pubmed MEDLINE), Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS), EBSCO Information Services e Scientific Eletronic Library Online (Scielo), no
mês de novembro de 2022. Para a procura das obras foram utilizadas as palavras-chaves
presentes nos descritores, em inglês: “psoriasis”, “etiology”, “mental health”, “skin disease”
em português: “psoríase”, “etiologia”, “saúde mental”, “dermatopatia” e em espanhol:
“soriasis”, “etiologia”, “salud mental”, “enfermedad de la piel”
Foi realizada uma leitura seletiva dos artigos científicos relevantes encontrados de forma
a definir quais seriam utilizados de acordo com o que foi proposto, excluindo, dessa forma,
artigos repetidos e aqueles que não abordavam sobre o assunto descrito. Assim, totalizaram-se
23 artigos para a revisão integrativa da literatura com os descritores apresentados acima. Foram
considerados estudos publicados no período entre 2007 e 2022.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De posse das informações, a seguir, na tabela 1, apresenta-se autores do estudo, ano de
publicação, título e achados principais das pesquisas das revisões bibliográficas.
Tabela 1 – Etiologia, aspectos clínicos e psicossociais da psoríase encontrados nas publicações do período de
2004 a 2022.
Estudo Título Achados principais
1. SILVA e da Psoríase e sua relação com Os aspectos psicológicos e o stress podem
SILVA, 2007 aspectos psicológicos, colaborar para o surgimento, recidiva ou piora do
stress e eventos da vida quadro clínico. A estigmatização em relação à
aparência física da pessoa com psoríase é vista
como um fator estressante.
9. ARMELIN et al., Psoríase e suas principais Doença autoimune mediada por células T com
2016 características ativação anormal do sistema imunológico e
diferenciação celular alterada e proliferação
exacerbada da epiderme e dos queratinócitos.
possui grande impacto no bem-estar, afetando a
saúde física e psicossocial.
13. ARAÚJO, Qualidade de vida em idosos O maior impacto está na faixa etária acima de 70
VASCONCELOS e com psoríase: revisão anos, o idoso apresenta mais sintomas físicos
PALITOT, 2019 integrativa relacionados a gravidade da doença e as mulheres
apresentam pior qualidade de vida quando
comparada aos homens. O decréscimo na
qualidade de vida está associado com estresse,
quadros ansiosos e depressivos e a estigmatização
que resulta no isolamento social.
21. VILEFORT et Aspectos gerais da psoríase: Afeta 2-5% da população mundial e atinge
al., 2022 revisão narrativa homens e mulheres na faixa etária dos 18-39 anos
e 50-59 anos. É uma inflamação imunomediada
Diante dos estudos analisados é possível identificar que a etiologia da Psoríase está
relacionada com diversos fatores, entre eles o comportamento autoimune do paciente e o
componente genético associado. Além disso, outros aspectos podem ser analisados diante da
doença que é o próprio estresse mediante a apresentação do quadro pelo indivíduo portador.
Por assumir um caráter crônico, levando em consideração os aspectos psicossociais, o paciente
sofre com a incapacidade de autoaceitação e satisfação pessoal sendo alvo constante de
discriminação de preconceito, como cita Silva et al. (2007).
No processo etiológico como descreve Aguiar e De Christo (2017) há importância
significativa das citocinas pró-inflamatórias no desenvolvimento da psoríase, principalmente o
TNF- alfa, que vai mediar adiante a indução de uma cascata de citocinas, dentre elas a IL-2 que
é responsável pela expansão clonal das células T. Tais células são responsáveis por conduzir
uma resposta imune a qual vai se manifestar a doença. Outro fator importante é a genética que
contribui de forma significativa com aparecimento dessa doença, como descreve Pinto et al.
(2021), em que a herdabilidade da psoríase seria cerca de 60-90% e além disso, há múltiplos
genes envolvidos correspondendo a uma variedade de regiões específicas como a PSOR1 a 4,
associado e psoríase gutata e maior envolvimento do tronco. Foram encontrados loci de
suscetibilidade à doença nos cromossomas 1q21, 3q21, 4q32-35, 16q12 e 17q25.
De acordo com Paraiso et al. (2021), além das manifestações clínicas associadas como
a alta frequência da hipertensão, diabetes, doença cardiovascular e artrite psoriásica, o paciente
sofre problemas psicológicos, como por exemplo a depressão, ansiedade e o estresse. Elas se
manifestam mediante ao comprometimento que a dermatose causa à pele, em que as lesões
visíveis causam grande impacto negativo na imagem do indivíduo, que vivencia a longo prazo
problemas de estigma, interferindo de forma direta no convívio social, na sua autoimagem e
consequentemente na sua qualidade de vida, tornando-se uma pessoa reclusa e estressada o que
corrobora para a piora do quadro clínico.
De maneira análoga, Moreira et al. (2016) discorre que o estresse gerado tem intensa
correlação entre o sistema imune e o sistema nervoso central no desencadeamento da psoríase,
pois estão ligados a imagem do indivíduo frente as lesões e as emoções geradas pelo
descontentamento com a aparência física. Com isso, o estresse físico e emocional atua
diretamente no aparecimento e exacerbação a doença, ao interferir na inflamação e na
proliferação das células de defesa. Mediante a esse problema, temos a somatização como forma
do paciente não suportar a condição em que se encontra demonstrando dificuldade em
demonstrar seus sentimentos colaborando ainda mais com o aparecimento das lesões
psoriásicas. Ademais, pessoas que são acometidas com doenças dermatológicas sofrem
constante discriminação por parte de indivíduos desinformados que acreditam que a psoríase é
uma doença contagiosa, ocorrendo por parte da vítima sentimento de insegurança e medo. Esse
problema gera comportamentos prejudiciais para a saúde do portador, como o uso abusivo de
bebidas alcóolicas e drogas ilícitas que são fatores de risco para o surgimento das lesões.
Os aspectos clínicos relatados por Rodrigues et al. (2009) estão baseados na localização
da lesão e suas características. A psoríase é dividida em diferentes grupos, sendo o tipo vulgar
o mais comum e manifesta-se por placas redondas de cor vermelha, apresentando escamas
secas, aderentes acinzentadas e um anel conhecido como Woronoff cercando as placas. As áreas
mais afetadas por esse tipo incluem couro cabeludo, cotovelos, joelhos, umbigo e região lombo-
sacra. Já a psoríase gutata acomete principalmente crianças e adultos jovens e é representada
por pequenos pontos em forma de gota que podem se estender para o tronco, braços e pernas e
costuma ser desencadeada após uma infecção estreptocócica ou viral das vias aéreas superiores.
A do tipo inversa, como o próprio nome diz, apresenta-se de forma contrária aos outros tipos
comuns de lesões, acometendo virilhas, mamas, locais de dobras, sendo úmidas e inflamadas
não apresentando escamação. A psoríase palmoplantar é demonstrada pelo aparecimento de
placas somente nas mãos e pés, provocando fissuras e dor. Além desses achados, outra forma é
a do tipo ungueal que pode estar em 90% dos casos, podendo envolver unhas e desencadear por
parte do paciente grande estigma da doença. Outros grupos citados foram a pustular,
caracterizada por pústulas estéreis na pele; a artropática que acomete as articulações e pode
causar deformidades.
Em uma análise estatística descritiva realizada por Santos et al. (2013) foram avaliados
50 pacientes, incluindo homens e mulheres com idade entre 18 e 70 anos, portadores de
psoríase. Diante disso, percebeu-se que a maioria dos indivíduos pertencia ao sexo feminino
entre 38 a 48 anos, feiodermas com ensino fundamental incompleto e renda mensal de dois
salários mínimos. Além disso, houve predomínio de lesões distribuídas em membros superiores
e inferiores, mais comumente em forma de placas. Dessa forma, complementando com o que
foi descrito por outros autores já citados, a maioria relatou problemas emocionais e
4 CONCLUSÃO
A presente revisão demonstrou que a psoríase é uma dermatopatia que está diretamente
relacionada com a imunidade alterada do indivíduo portador, em que os processos de
diferenciação e proliferação celular da epiderme estão prejudicadas. A fisiopatologia é
explicada também por fatores de risco relacionados ao estilo de vida do paciente como
tabagismo, uso crônico de bebida alcóolica e a obesidade. Apresenta-se como uma placa
eritêmato-escamosa na superfície da pele de caráter inflamatório, que pode acometer qualquer
área cutânea do corpo.
Além disso, a comorbidade está intimamente ligada a qualidade de vida e bem-estar, já
que afeta a saúde física e mental do paciente. Os portadores da doença estão mais sujeitos as
alterações provocadas pelo estresse, já que, esse comportamento pode colaborar com a gênese
e o agravamento da psoríase, além de gerar depressão e ansiedade, que, a longo prazo, interfere
no convívio social e na autoimagem do indivíduo.
REFERÊNCIAS
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