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ISSN: 2595-6825
Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.5, p. 22531-22542 sep./oct. 2021
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RESUMO
A dor abdominal é um problema recorrente na população pediátrica sendo motivação para
inúmeras consultas nas unidades de pronto atendimento, sobretudo por ser uma causa de
angústia não só para a criança, mas também para seus pais e responsáveis. O objetivo do
presente artigo é fazer uma revisão da literatura sobre as possíveis e principais etiologias
da dor abdominal em crianças, para que dentre seus diversos diagnósticos diferenciais,
seja possível reconhecê-las com maior facilidade e rapidez, com o propósito de realizar o
diagnóstico correto. Portanto, é necessário proceder com uma avaliação clínica
minuciosa, com anamnese e exame físico completos a fim de distinguir se esse sintoma
se deve a alguma desordem funcional ou orgânica. Sendo que quando forem encontrados
determinados sinais de alarme, é necessário relacionar essa dor, particularmente, a alguma
patologia orgânica, como apendicite aguda, intussuscepção, constipação intestinal e
trauma abdominal. Entretanto, quando esses sinais estiverem ausentes, é mais possível
que a causa dessa dor seja devido a dor abdominal funcional. Dessa forma, é imperativo
que se saiba reconhecer as principais etiologias dessa queixa para ter propriedade ao
fechar o diagnóstico dessas crianças.
ABSTRACT
Abdominal pain is a recurrent problem in the pediatric population and is the motivation
for numerous consultations in emergency care units, especially because it is a cause of
distress not only for the child, but also for their parents and guardians. The aim of this
article is to review the literature on the possible and main etiologies of abdominal pain in
children, so that among the various differential diagnoses, it is possible to recognize them
more easily and quickly in order to make the correct diagnosis. Therefore, it is necessary
to proceed with a thorough clinical evaluation, with complete anamnesis and physical
examination in order to distinguish whether this symptom is due to some functional or
organic disorder. When certain alarm signs are found, it is necessary to relate this pain,
particularly to some organic pathology, such as acute appendicitis, intussusception,
constipation, and abdominal trauma. However, when these signs are absent, it is more
possible that the cause of this pain is due to functional abdominal pain. Thus, it is
imperative that one knows how to recognize the main etiologies of this complaint in order
to have property when closing the diagnosis of these children.
1 INTRODUÇÃO
No contexto da medicina atual e da antiguidade, uma das queixas mais recorrentes
em unidades de pronto atendimento na população pediátrica consiste na dor abdominal.
Essa se caracteriza como um desafio para os médicos e para todos os profissionais da
saúde envolvidos, seja em contexto de diagnóstico ou de manejo. Um desses desafios
consiste na distinção de pacientes com sintomas possivelmente fatais e que necessitam de
abordagem imediata de outros cuja abordagem possa ser mais conservadora. Embora a
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 DOR ABDOMINAL FUNCIONAL
A dor abdominal crônica é uma das principais queixas clínicas em crianças e
adolescentes. É definida pela ocorrência de três ou mais episódios de dor abdominal, de
intensidade suficiente para interromper as atividades habituais, durante um período de ao
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menos 3 meses (BRUSAFERRO, et al, 2018). Geralmente, não está associada a uma
causa orgânica, sendo classificada como dor abdominal funcional (DAF), a qual possui
uma prevalência mundial de 13,5% (ZEEVENHOOVEN et al., 2019).
De acordo com os critérios de ROMA IV, as desordens gastrointestinais
funcionais (DGIFs) incluem as seguintes doenças: dispepsia funcional, síndrome do
intestino irritável, enxaqueca abdominal e dor abdominal funcional sem outra
especificação (ZEEVENHOOVEN et al., 2019).
Os mecanismos fisiopatológicos da DAF ainda não foram totalmente esclarecidos,
mas envolvem uma interação complexa de fatores em diferentes aspectos do indivíduo,
entre eles a genética, fatores psicossociais e fisiológicos (ZEEVENHOOVEN et al.,
2019).
As DGIFs são definidas quando, após avaliação médica apropriada, os sintomas
não possam ser atribuídos a outra condição clínica. Logo, no processo de investigação é
essencial que seja feito o diagnóstico diferencial dos quadros de etiologia funcional
daqueles orgânicos, porém deve-se atentar ao fato de que ambos quadros podem coexistir
(BRUSAFERRO et al., 2018).
A avaliação deve ser iniciada com anamnese e exame físico detalhados, incluindo
a descrição do início da dor, duração, frequência, local, características, fatores
desencadeantes ou de alívio e sintomas associados (BRUSAFERRO et al., 2018). A dor
funcional geralmente é localizada na região periumbilical e não é associada a náuseas,
vômitos ou febre. O exame físico revela-se sem alterações (IYER; NALLASAMY, 2018).
Os exames complementares devem ser solicitados de acordo com o julgamento
clínico e hipótese diagnóstica. Exames laboratoriais básicos como hemograma e urinálise
podem ser realizados, ao passo que exames de imagem não são mandatórios. (ZEITER,
2017).
A dor abdominal funcional é real e promove ansiedade e preocupações na criança
afetada e em toda a família (BRUSAFERRO et al., 2018). O manejo desse distúrbio é
desafiador e os ensaios clínicos acerca dos tratamentos disponíveis são muitas vezes
inconclusivos (ZEEVENHOOVEN et al., 2019).
O plano terapêutico deve ser desenvolvido através de um processo individualizado
e direcionado aos aspectos particulares que envolvem o quadro de cada criança. O
tratamento pode incluir: abordagens dietéticas, terapia farmacológica, suporte
psicossocial e terapias suplementares (ZEITER, 2017).
2.2 APENDICITE AGUDA
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2.3 INTUSSUSCEPÇÃO
A invaginação intestinal ou intussuscepção, caracterizada pela telescopagem de
uma porção do intestino dentro de um segmento adjacente, é uma condição idiopática em
90% dos casos e geralmente ocorre em menores de 2 anos de idade (REUST;
WILLIAMS, 2016). Constitui-se na principal causa de obstrução gastrointestinal e a
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abdominal decorrente de trauma tem, portanto, seu manejo e sua resolução apenas após o
tratamento adequado da lesão causada pelo trauma. (LYNCH; KILGAR; SHIBLI, 2018).
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nas referências literárias estudadas, pode-se corroborar que existe uma
alta prevalência de dor abdominal em crianças consultadas no pronto atendimento. Posto
que, as etiologias para essa queixa são diversas, é necessário proceder com um exame
clínico adequado e direcionado para os principais sinais e sintomas apresentados pela
criança. Além disso, quando necessário, é possível utilizar de exames complementares
com o objetivo de favorecer a identificação de qual a condição específica admite-se maior
suspeita, diante dos possíveis diagnósticos diferenciais.
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REFERÊNCIAS
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Pediatrics, v. 85, n. 1, p. 71-76, 2018.
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ZEITER, D. K. Abdominal pain in children: from the eternal city to the examination
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