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DOR NAS COSTAS

10MxR
Fisioterapeuta,
você já teve, tem ou está tendo
dor lombar nesse momento?

Você já atendeu ou conhece


alguém que sofre com esse
sintoma há mais de 3 meses?

Sabia que dor lombar é um sintoma


extremamente comum e vivenciado por
pessoas de todas as idades, embora tenha
o seu pico na meia-idade e seja mais
comum em mulheres do que em homens?

Uma em cada cinco pessoas vive com dor


lombar e muitas delas também vivem com
medo por causa da informação que lhes
foi passada sobre a dor [1].
O grande problema é que o medo gera
um ciclo vicioso de ansiedade – tensão
– dor – estresse – mais dor – ansiedade
– tensão ..., que por sua vez pode levar
ao aumento dos níveis de dor de forma
permanente.

Ansiedade

CICLO VICIOSO
Mais Dor Tensão
DA DOR LOMBAR

Estresse Dor

Guiotti G, e-book dor nas costas 10MxR, 2022.


Se os seus pacientes forem ensinados que
a dor não significa necessariamente que
há lesão [2], então se torna mais fácil para
eles viverem a vida como desejam.

Existem várias crenças


relacionadas a esse
sintoma e que se tornam
grandes obstáculos para
a melhora dos pacientes.

O primeiro passo para você ajudar seus


pacientes com dor lombar é quebrar essas
crenças, e para isso é necessário identificar
os maiores mitos da dor nas costas.
Mito 1
A dor lombar geralmente é uma patologia
médica séria [1,2]

Realidade 1
A maioria dos episódios de lombalgia se
resolve em algumas semanas.

A dor lombar quase nunca é grave.

Se houver sinais de alerta, e somente


nesses casos, uma investigação médica é
necessária [1,4].
Mito 2
Se você tiver episódios de lombalgia, eles
irão piorar com o tempo e você acabará
em uma cadeira de rodas [3].

Realidade 2
As crenças negativas das pessoas sobre
a lombalgia, muitas vezes baseadas nos
mitos compartilhados aqui, podem prever
resultados ruins.

Muitas crenças são prejudiciais à


recuperação [14] e, infelizmente, são
difundidas pelos próprios profissionais
da saúde.
Mito 3
Os exames de imagem mostrarão a causa
da sua dor lombar [1,4].

Realidade 3
As imagens raramente mostram a causa
da dor lombar. O que elas mostram é
a degeneração normal que todo mundo
tem. Esses exames não preveem episódios
futuros de lombalgia,[1] ou seja, eles não
servem como referência para passar o
prognóstico para o paciente. Apesar das
evidências e conteúdos educativos, a taxa
de exames de imagem aumentou muito
nos últimos 21 anos [8].

Muitas pessoas são assintomáticas,


mas seus exames mostram a mesma
degeneração daqueles que são
sintomáticos [9].
Mito 4
A lombalgia é causada por ficar em pé,
levantar-se ou se sentar incorretamente
[1].

Realidade 4
Estudo mostra correlações ruins, e muitas
vezes nenhuma correlação, entre
postura e lombalgia [10].
Mito 5
A dor lombar é causada devido fraqueza
dos músculos do core [1].

Realidade 5
Não há evidências para apoiar a afirmação
de que a lombalgia é causada por
fraqueza dos músculos do core [1,11].
Mito 6
Se você tiver uma crise de dor lombar,
precisa ficar de repouso para se recuperar
porque “machucou” algo [1,2].

Realidade 6
As crises de lombalgia são mais prováveis
de ocorrer se houver mudanças na
atividade e/ou estresse extra.

O exercício supervisionado é a melhor


abordagem, juntamente com a
autogestão [4,5,6,7].
Mito 7
Os tratamentos eficazes para a lombalgia
incluem injeções, medicamentos fortes
e cirurgia [1].

Realidade 7
A educação centrada no paciente, que
promove uma mentalidade positiva e
encoraja as pessoas para otimizarem
sua saúde física e mental (como praticar
atividade física e exercício, atividades
sociais, hábitos saudáveis de sono e
peso corporal) [1], são as estratégias mais
eficazes à longo prazo.
Mito 8
“Se nenhuma causa específica for
encontrada, minha dor lombar deve ser
psicológica, não é?”

Realidade 8
Toda dor é real. Fatores psicológicos
e comportamentais como estresse,
ansiedade e medo-evitação podem
exacerbar os sintomas. Intervenções
psicológicas muitas vezes podem
ajudar na recuperação [12].
Mito 9
A dor nas costas que persiste
está sempre relacionada a
lesão nos tecidos.

Realidade 9
A dor nas costas é mais complexa do que
apenas uma “lesão nos tecidos”.

Muitas coisas contribuem para a


lombalgia, incluindo emoções, habilidades
de enfrentamento e fatores socioculturais.

Fatores como medo-evitação, mentalidade


negativa e habilidades não eficazes para
lidar com a dor são mais propensos a gerar
dor lombar do que alguma lesão tecidual
[1,2].
Mito 10
A coluna é uma estrutura fraca e delicada.

Realidade 10
A coluna é uma estrutura muito forte
e robusta [1].

A linguagem que você usa


para falar sobre dor nas
costas com seus pacientes
é de vital importância.
Muitos pacientes recebem informações
sobre suas colunas em uma linguagem
muito inútil, muitas vezes sem base de
evidências, como:
“Você tem uma compressão da raiz nervosa”.
“Você tem um protusão discal”.
“Você tem uma ruptura ligamentar”.
“Você já não tem mais cartilagem”.
“Já está osso no osso”.
“Você tem uma hérnia de disco grande”.
“Você tem a coluna de uma idosa de 80 anos”.

Essas informações e outras semelhantes,


não ajudam os pacientes a se recuperar de
um episódio de dor lombar ou a controlar
a dor lombar crônica e persistente.

Algumas informações mais úteis podem incluir:


“Você tem o grau de degeneração que seria esperado
para uma pessoa da sua idade, [14]
logo você não deve ter medo de se movimentar.”
“A sua coluna é muito forte e os seus discos não
deslizam ou se movem” [1].
“A maioria das dores nas costas desaparece em
algumas semanas, [1,4] e eu creio que não
será diferente com você.”
Referências
[1] O’Sullivan PB, Caneiro JP, O’Sullivan K, Lin I, Bunzli S, Wernli
K, O’Keeffe M. Br J Sports Med 2020;54(12):698-699. doi: 10.1136/
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[2] Moseley GL. Teaching people about pain: why do we keep


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[3] Grøn S, Jensen RK, Jensen TS, Kongsted A. Back beliefs in


patients with low back pain: a primary care cohort study. BMC
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[4] Hutting N, Oswald W, Staal JB, Heerkens YF, Self-


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[5] Fernandez M, Hartvigsen J, Ferreira ML, Refshauge KM,


Machado AF, Lemes IR, Maher CG, Ferreira PH. Advice to Stay
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[6] Koes B. Moderate quality evidence that compared to


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Referências
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Underwood M, Goergen S, Maher CG. How common is imaging
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[9] Boden SD, Davis DO, Dina TS, Patronas NJ, Wiesel SW.
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[10] Lederman E. The fall of the postural-structural-


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[11] Lederman E. The Myth of Core Stability. J Bodyw Mov Ther.


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[12] Ho E, Ferreira M, Chen L, Simic M, Ashton-James C,


Comachio J, Hayden J, Ferreira P. Psychological interventions
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[13] Brinjikji W, Luetmer P, Comstock B, Bresnahan B, Chen


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[14] Caneiro JP, Bunzli S, O’Sullivan P. Beliefs about the


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