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Síndromes de Amplificação

da dor
Fisioterapia Aplicada a Pediatria – FMRP USP
Adriana H. Nascimento Elias
Adriana Barone
Síndromes dolorosas em membros

Síndromes dolorosas em membros, com


evolução crônica ou recorrente, têm sido
denominadas de reumatismo de partes moles,
reumatismo não articular ou reumatismo
psicogênico.
Síndromes dolorosas em membros

Os critérios utilizados no diagnóstico são


os mesmos para as dores de outras
localizações: pelo menos três episódios de
dor com intensidade suficiente para interferir
nas atividades habituais da criança, por um
período de pelo menos três meses.
Síndromes dolorosas em membros

Causas frequentes de dores recorrentes em


membros sem manifestações sistêmicas:

• Dor de crescimento
• Fibromialgia
• Hipermobilidade articular
• Síndromes dolorosas de superuso
• Alterações estruturais e posturais.
Dor do Crescimento

• A dor de crescimento (DC) é uma queixa


extremamente comum no consultório pediátrico e
ortopédico.

• Correspondendo a 15% das dores nas crianças em


fase de crescimento.
(Duchamp, 1823; Osther, 1972)
Dor do Crescimento - definição
• Descrita desde 1823, é uma entidade que ainda
permanece controvérsia, tanto em relação à definição
como quanto ao diagnóstico.

• Atualmente - síndrome dolorosa musculoesquelética


não inflamatória que compromete de 3% a 37% das
crianças sendo mais frequente do que as outras
doenças inflamatórias na infância.
(Uziel et al., 2010)
• Não há testes clínicos ou de imagem que confirmem o
diagnóstico - alguns autores a definem como dor em
membros inferiores de diagnóstico de exclusão.
(Peterson, 1977; 1986; Evans, 2004)
Dor do Crescimento - características
• Dor profunda, tipo câimbra ou pontada ou facada,
que corre, que passa, intermitente e comumente
bilateral.

• Idade de 4 a 12 anos.

• Duração - minutos ou horas, geralmente no final da


tarde.
Dor do Crescimento

• Incidência 12,5%

• Não há variação de sexo (tendência maior meninas).

• Crescimento e desenvolvimento normais.

• Exame físico e laboratoriais normais.

• Locais mais comuns: coxa, panturrilha e “canela da


perna”.
(OSTER et al.,1972)
Dor do Crescimento

• Pode ser precipitada por exercícios físicos.

• Associação com cefaléia (28%) e dor abdominal (22%).

• Prognóstico: maioria desaparece na adolescência.

• Impacto - noites mal dormidas;


faltas à escola;
diminuição rendimento escolar.
Dor do Crescimento - tratamento
• Caráter benigno, porém deve ser tratada para:
• tranquilizar os familiares
• reduzir a possibilidade da cronificação da dor
• combater a dor e aliviar o sofrimento da criança
acometida.

• Orientação, analgésicos, AINH, incentivo à atividade física


(intensidade moderada) e apoio psicológico quando
necessário.
• Responde a massagem, calor e analgésicos.

• Outros autores propõem o alongamento da musculatura dos


membros inferiores como quadríceps, ísquiotibiais e tríceps
sural.
Fibromialgia Juvenil

• Prevalência de 3 a 6,5% tanto em sua forma adulta como


juvenil e apresenta grande impacto sobre a qualidade de
vida.

• Semelhanças clínicas entre as manifestações da fibromialgia


juvenil e do adulto, porém com maior limiar de dor e menor
número de pontos dolorosos que nos adultos.

• A abordagem terapêutica é multidisciplinar.


Fibromialgia Juvenil • Dor difusa: dor no lado
esquerdo ou direito do
Critério diagnóstico: corpo, dor acima ou abaixo
da cintura. Conjuntamente,
1.Dor músculo- dor do esqueleto axial
esquelética difusa a (coluna cervical ou tórax
pelo menos 3 meses. anterior ou coluna torácica
ou lombar) deve estar
presente.

• Nesta definição, dor no


ombro e nádega é
considerada como dor para
cada lado afetado. Dor
lombar é considerada dor
do segmento inferior.
Critérios diagnóstico – cont.
2. Dor em pelo menos 11 de 18
pontos dolorosos à palpação digital;

• A palpação digital deve ser


realizada com aproximadamente
4kgf (quilogramas-força).

• Para um ponto ser considerado


positivo, o paciente deve referir
que a palpação foi “dolorosa”.
“Sensível” ou “desconfortável” não
devem ser considerados como
“dolorosa”.
Fibromialgia Juvenil - fatores associados
 Tensão crônica ou ansiedade
 Fadiga

 Sono não restaurador


 Cefaléia

Síndrome do cólon irritável


 Edema subjetivo de partes moles
 Parestesias

 Modulação da dor por atividades físicas, por


fatores climáticos e/ou por ansiedade ou estresse
Fibromialgia Juvenil

Tratamento • Antidepressivos
amitriptilina
• tranquilizar os familiares Ciclobenzaprina
• exercícios aeróbicos
• alongamento
• calor/TEENS/ (gelo)
• massagem • Antinflamatórios não
• relaxamento hormonais
• acupuntura ibuprofeno + alprazolan
amitriptilina + naproxeno
Síndrome de Hipermobilidade
Articular Benigna

• Acomete crianças maiores de cinco anos de


idade e se caracteriza pela presença de
hipermobilidade articular generalizada,
associada a dores musculoesqueléticas, com
características semelhantes às das dores de
crescimento.
Síndrome de Hipermobilidade

• Hiperextensão do 5o dedo > 90o ou


• Hiperextensão dos dedos, ficando paralelos ao
antebraço.
Síndrome de Hipermobilidade

• Aposição do polegar à face ventral do antebraço.


Síndrome de Hipermobilidade
• Hiperextensão dos cotovelos > 10o
• Hiperextensão dos joelhos > 10o
Síndrome de Hipermobilidade

• Flexão da coluna, com


os joelhos estendidos,
até encostar as palmas
das mãos no chão.
Síndrome de Hipermobilidade

Diagnóstico: presença de 5 ou mais pontos


hipermóveis associados à dores articulares ou
musculares difusas.
• As dores costumam ser difusas, mas podem
manifestar-se como periarticulares ou como artralgia
(1 ou 2 articulações).
• Articulações mais acometidas são a dos quadris,
joelhos, cotovelos e tornozelos.
Síndromes dolorosas de superuso
• A sobrecarga de determinadas estruturas
anatômicas, por esforço repetitivo, pode levar a
microtraumatismos, causando inflamação e
consequente dor, edema e incapacidade
funcional.
• Pode levar também a fraturas de estresse.
Síndromes dolorosas
de superuso

• Início recente de uma atividade esportiva ou


intensificação de treinamento algumas semanas
antes da sintomatologia dolorosa.
• Início - dor piora aos esforços e melhora com o
repouso.
• Evolutivamente - dor persiste mesmo em
repouso, com exacerbação durante a atividade
física.
Síndromes dolorosas de superuso

• Excesso de computadores e
games - várias horas por dia -
dores musculoesqueléticas
localizadas ou difusas em
vários pontos.

• Além disso, essa situação


afasta a criança de outras
atividades físicas e facilita a
ocorrência de obesidade,
ansiedade, dor torácica,
cefaléia e fadiga.
Alterações estruturais/posturais
• Comuns em crianças com queixa de dores
recorrentes em membros.
• pés planos
• genu varum/valgum
• anteversão dos colos femorais.
Orientações gerais

Práticas esportivas
Baixo impacto - principalmente hipermobilidade.
Evitar ballet, ginástica olímpica
Tratamento em geral

1. Orientações para tranquilizar pais e familiares


2. Esclarecer da importância do tratamento
multidisciplinar no atendimento desses pacientes
3. Orientar massagens e calor local nas episódios de
dores agudas
4. Estimular atividades físicas
5. Orientações específicas para cada doença (postura,
adequação atividade física)
6. Tratamento medicamentoso
7. Acompanhamento
Fisioterapia

• Medidas analgésicas
Turbilhão de água morna (15min)
Fisioterapia

• Medidas analgésicas:

Compressas mornas

Massagem: creme ou óleo deslizante

TENS
Fisioterapia
Fortalecimento muscular
Fisioterapia
Alongamento muscular
Fisioterapia
REFERÊNCIAS

• Rosana F. Puccini, Ana Maria B. Bresolin. Dores recorrentes na


infância e adolescência. Jornal de Pediatria; Supl.1/S65, 2003.

• José Eduardo Nogueira Forni, Wahi Jalikhian. Dor do crescimento.


Rev Dor. São Paulo; jul-set;12(3):261-4, 2011.

• Breno Álvares de Faria Pereira. Seria a fibromialgia juvenil a solução


definitiva para o complexo diagnóstico das síndromes dolorosas em
crianças? Rev Bras Reumatol – Vol. 38 – Nº 1 – Jan/Fev, 1998.

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