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Hospital Santa Casa de Alegrete

Residência Médica em Psiquiatria

Fibromialgia

R2 Psiquiatria Martina Becker


A fibromialgia (FM) é uma síndrome álgica musculoesquelética
crônica, de duração superior a 3 meses, generalizada, na qual
existe um distúrbio do processamento dos centros sensitivos
aferentes, causando dor.
Epidemiologia
• Prevalência global de aproximadamente 2-4%;
• Problema comum: 5% dos pacientes em ambulatórios de
Clínica Médica e 10-15% dos pacientes de
reumatologistas;
• De cada 10 pacientes, 7-9 são mulheres;
• Idade de aparecimento entre 30 e 60 anos;
• Brasil: até 2,5% da população.

• Gera grande impacto na qualidade de vida e na capacidade de trabalho.


Etiologia
• De natureza NÃO autoimune e NÃO inflamatória, sua etiologia permanence

desconhecida.

• Gênese em mecanismos centrais de modulação e amplificação da dor.

• Distúrbio primário: disfunção de neurotransmissores  alteração em

mecanismo central de controle da dor.


 Deficiência de NT inibitórios (serotonina, encefalina, norepinefrina)

 Hiperatividade de NT excitatórios (substância P, glutamato, bradicinina e outros)

• Disfunções geneticamente determinadas e desencadeadas por estresse não

específico (infecção viral, estresse psicológico, trauma físico).


Comorbidades
• Sobreposição com TDM (30-50%), pânico, TAG, TEPT,

Síndrome do Intestino Irritável (60%).

• Comorbidade costuma ocorrer > 1 ano antes.

• Não há comprovação para a hipótese de que a fibromialgia

possa ser uma variante da doença depressiva.


Depressão X Fibromialgia

• Ideia antiga: “depressão mascarada”.

• A dor é real: não está “somatizando”

• Sempre avaliar depressão em fibromiálgicos.


 Depressão piora sono, aumenta fadiga, diminui disposição para o exercício e aumenta

sensibilidade do corpo.

• Alterações de memória e de atenção: a dor é um alerta  cérebro dedica energia à

dor e outras tarefas ficam prejudicadas.


Comorbidades
• Comum comorbidade com problemas reumatológicos (AR, lúpus

sistêmico e outros).

• A sintomatologia da fibromialgia não se correlaciona com atividade de

doença das condições reumatológicas.


Quadro Clínico
• Sintomas são mais amplos do que somente dor.

• Quadro Clínico
• Bilateral
 Dor difusa crônica; • Acima e abaixo de tronco + esqueleto axial
• Duração > 3 meses
 Fadiga;

 Distúrbios do sono;

 Sintomas de depressão, ansiedade, desatenção, cefaleia,

vertigens, parestesias, sensibilidade para sons e odores.


Diagnóstico
• O diagnóstico é clínico.

• Exames complementares somente excluem outras possíveis causas de dor.

• American College of Rheumatology – 1990


 Dor difusa (bilateral, acima e abaixo do tronco, acometendo esqueleto axial, por no mínimo 3 meses);

 Detecção de onze pontos dolorosos à palpação (dentre 18), os chamados tender points.
Diagnóstico
• American College of Rheumatology – 2010
 Baseado no número de regiões dolorosas e na presença e gravidade da
fadiga, sono não reparador e dificuldade cognitiva.

 Exclusão da palpação dos pontos dolorosos.

 As três condições devem ser satisfeitas:


o Índice de dor generalizada (Widespread Pain Index – WPI) maior ou igual a 7 e pontuação da
escala de severidade dos sintomas (Symptom Severity – SS) maior ou igual a 5 OU WPI entre 3
a 6 e pontuação da escala de SS maior ou igual a 9;
o Sintomas presentes em um nível similar por no mínimo 3 meses;
o Paciente não deve ter outra condição de saúde que explicaria a dor.
Diagnóstico
Diagnóstico
Tratamento
• Multidisciplinar
 Atividade Física
•  serotonina e outros NT inibitórios;

•  GH e IGF1;

• Regula eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e sistema nervoso autônomo;

•  densidade capilar;

•  mioglobina;

•  atividade mitocondrial.

 Terapia Cognitivo Comportamental


• Compreender a natureza do distúrbio e ajudar a identificar e lidar com estressores psicossociais.

 Fisioterapia

 Farmacoterapia
Tratamento
• Sintomas Leves-Moderados
 Analgésicos + Ciclobenzaprina 5-10mg (máximo 10mg 8/8h)

• Refratários
 Analgésicos + Modulador Central da Dor

• Casos graves: injeções de anestésico em área afetada.

• Injeções de esteroides costumam ser contraindicadas.


Tratamento
• Analgésicos: dipirona, paracetamol, tramadol.

• Moduladores Centrais da Dor


 Pregabalina 150mg 8/8 horas (máximo 600mg/dia)

 Duloxetina 30-60mg/dia

 Venlafaxina 37,5-75mg/dia

 Desvenlafaxina 50-200mg/dia

 Gabapentina 300mg 8/8 horas (máximo 2400mg/dia)


Obrigada

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