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RESENHA DOR

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Diretor e redator do Resenha DOR: Leonardo Avila | Tradução livre e


comentários: Leonardo Avila

Resenha DOR: Resenhas de artigos científicos sobre dor.

Título Original do artigo: Education can ‘change the world’: Can clinical education
change the trajectory of individuals with back pain?

Revista científica publicada: Br J Sports Med

Ano de publicação do view point: 2019

Título da resenha – “A educação pode "mudar o mundo": a


educação clínica pode mudar a trajetória de indivíduos com dor
A educação pode "mudar o nas
mundo": A educação clínica pode mudar
costas?”
a trajetória de indivíduos com dor nas costas?
Nota do tradutor - Leonardo Avila:

A seguir trago um view point (ponto de vista) publicado em 2019 (esse ano) que
sintetiza com maestria quatro etapas-chave sobre como usar as evidências da
educação (informação) para abordar pessoas com dores nas costas. Divirtam-se!

Att., Leonardo Avila - @dorecoluna

Considerações: 1) Primeiramente, as traduções dos artigos científicos são


livres e no decorrer do processo comentários e/ou adequações do texto são realizados.
2) Além disso, comentários explícitos constam ao longo do texto na cor vermelha e/ou
posterior ao texto “nota do tradutor”.

Declaração de conflito de interesse:

Sou fã incondicional e estudioso, em parte autodidata, do assunto neurociência


e dor.

2
Introdução

Este quarto e último editorial do BJSM destacando a Low Back Pain Series (nota

do tradutor: série subdividida em 4 partes publicada no periódico The Lancet em 2018

sobre dor lombar) concentra-se em quatro maneiras pelas quais os médicos (nota do

tradutor: clínicos) podem oferecer aos pacientes uma educação (geralmente opto pelo

termo informação) inestimável como tratamento. Este editorial exclui (The Lancet -

2018) a educação pública via mídias de alto impacto (massas), como já foi abordado

anteriormente.

Para iniciar, esse view point traz uma frase magistral de Nelson Mandela onde

ele afirma que "A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar

o mundo" e a educação é reconhecida como o tratamento de primeira linha para

indivíduos com dor lombar (low back pain – LBP).1 2 A educação é uma intervenção de

baixo risco e baixo custo para LBP. Ao mesmo tempo, o tamanho do efeito moderado

da educação significa que não é uma panaceia, isto é, um “remédio que vá curar tudo

e todos” para a condição. Neste editorial, pretendemos fornecer aos leitores do BJSM

um resumo rápido e conciso de quatro etapas sobre como usar as evidências da

educação para tratar indivíduos com dores nas costas.

3
1- Escute e conecte-se:

Etapa número um (escutar e se conectar). O treinamento clínico tradicional

(arcaico) nos prepara para perguntar às pessoas com LBP uma série de

questionamentos para ajudar a identificar a "fonte" (patoanatômica, somente – da

graduação à pós-graduação) da dor visando orientar o gerenciamento. No entanto,

geralmente somos incapazes de identificar qualquer fonte ou potenciais geradores de

dor, ao invés disso a LBP envolve uma interação complexa de múltiplos fatores

(multidimensional).4 Portanto, reunir informações mais amplas sobre a experiência de

dor individual da pessoa pode fornecer melhores insights ao clínico.4 Fornecer a cada

pessoa um espaço (tempo e escuta ativa) para contar sua história de dor em detalhes

pode facilitar a educação (informação) de uma maneira pessoalmente mais relevante.5

As estratégias educacionais que apenas "dizem" às pessoas o que fazer falharam em

modificar o comportamento. É preciso empoderar os pacientes, oferecer subsídios que

promovam a auto eficácia (auto-gestão do seu caso).

De fato, a escuta e a coleta dos dados têm se mostrado tão eficazes quanto uma

intervenção baseada somente em informações passivas e/ou impositivas que apenas

“dizem” às pessoas o que fazer tanto para lombalgia aguda ou episódios recorrentes

de dor lombar.6

4
2- Conforte:

Etapa número dois (dê conforto). Embora haja debate sobre o que constitui

soluções eficazes para LBP, há mais certeza em torno da natureza da dor, sua história

natural, recorrência e drivers de deficiência. A garantia cognitiva (por exemplo,

informação, educação) parece reduzir os medos e preocupações sobre a LBP mais do

que a garantia afetiva (por exemplo, empatia) a longo prazo.7 É importante enfatizar a

natureza sem risco de vida da maioria dos casos de LBP, e a importância de se

envolver com segurança no trabalho e exercício físico. A tão citada desconstrução de

crenças baseadas em informações duvidosas e inadequadas.

A educação sobre a história natural positiva (história natural da doença) e a

natureza benigna da LBP (ao descartar red flags) pode fornecer tranquilidade a longo

prazo, reduzir o sofrimento relacionado à dor e reduzir a utilização de cuidados de

saúde em pacientes com lombalgia aguda e subaguda.8 Nossas habilidades em exame

clínico e tratamento também podem devem ser usadas para tranquilizar as pessoas

com LBP sobre quaisquer medos pessoais (por exemplo, envolver-se em atividades

que priorizem, que deem valor. Sugestão: usar escala funcional específica). Vale a

pena notar e reafirmar que intervenções educacionais de apenas 5 minutos podem

beneficiar pessoas por até 12 meses.8

5
6
3- Desmistificar as crenças:

Etapa número três (seja um demolidor de crenças – respeitando o tempo do

paciente evitando um efeito adverso; back fire effect). Mitos, dogmas, crenças ou

qualquer outro sinônimo inúteis (prejudiciais) a respeito da dor lombar (LBP) persistem

na prática clínica, além de serem disseminados como verdades absolutas desde a

graduação à pós graduação.3 Um papel fundamental da educação informação é

dispersar esses mitos onde encontram-se presentes, pois podem atuar como barreiras

ao autogerenciamento dos pacientes. Estes incluem a presunção de que a imagem é

vital e os achados em exames de imagem sempre se relacionam com a LBP

(causalidade que a ciência já mostrou não existir); que a dor é um indicador preciso do

dano (estado) tecidual (em hipótese alguma!); as atividades provocadoras de dor

devem ser evitadas e a coluna vertebral é vulnerável e deve ser "protegida" durante as

tarefas diárias.3 Fornecer links (evidências) para recursos disponíveis publicamente

sobre essas questões pode adicionar legitimidade a essas discussões (estou tentando

auxiliar nessa divulgação, mesmo que de forma simples).4

7
4- Explorar o movimento é vida:

Etapa número quatro (mexa-se; proponha essa experiência). Quando

pensamos em educação, muitas vezes pensamos nas explicações verbais que

apresentamos (não se engane, o modelo não se restringe “somente” a fala e não é

hands off – quem profere tais falácias desconhece totalmente seus conceitos básicos).

No entanto, os profissionais de saúde também podem facilitar a aprendizagem de

forma poderosa, aproveitando nossa experiência em movimento humano. Obstáculos

à atividade física e hobbies incluem baixa auto-eficácia e evitação (medo). Portanto, a

experimentação comportamental (não hesite e propor uma experiência ao paciente, é

imprescindível para um melhor entendimento do caso) pode ser uma maneira poderosa

de demonstrar às pessoas com dor lombar que o movimento e as atividades podem

ser seguros.4 Isso pode envolver a devolução segura de pessoas a atividades

pessoalmente relevantes que elas temem, evitam ou acham dolorosas.

8
O FIM DO JOGO: COLOCANDO A PESSOA COM DOR NO BANCO DO

CONDUTOR!

Embora haja falta de evidência robusta nessa área, sustentamos que uma

intervenção educacional "bem-sucedida" para a LBP provavelmente será aquela que

fornece às pessoas a informação e o entendimento para autogerenciar a LBP.

Acreditamos que mais pesquisas são necessárias para desvendar exatamente

como a educação deve ser fornecida, em que formato, quando e qual o conteúdo que

deve ser apresentando. Exigimos mais estudos qualitativos com foco em necessidades

percebidas, barreiras, preferências e expectativas entre pessoas com dor e clínicos,

bem como ensaios clínicos nos quais testamos diferentes abordagens para a

educação.

No entanto, o uso desses quatro aspectos (ouvir e conectar-se; confortar;

desmistificar crenças; explorar atividades valorizadas) (figura 1) pode possibilitar a

abordagem positiva da LBP prevista pela série The Lancet; capacidade de adaptação

e autogerenciamento diante de desafios sociais, físicos e emocionais.2 3

Não há verdades absolutas. Seja um contestador nato.

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Atenção: Esse material é de uso exclusivo do assinante do Resenha Dor, por favor,
respeite e valorize o trabalho e tempo dedicados ao processo por parte do tradutor.
Desta forma, não dissemine.

Cordialmente, Leonardo Avila.

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