Você está na página 1de 18

Brazilian Journal of Health Review 1127

ISSN: 2595-6825

A acupuntura tem efeito no tratamento da lombalgia?

Does acupuncture have an effect on the treatment of low back pain?

DOI:10.34119/bjhrv5n1-097

Recebimento dos originais: 08/12/2021


Aceitação para publicação: 18/01/2022

Juliana Pinesso Huang


Instituição de atuação: Faculdade São Leopoldo Mandic
Endereço: Rua Doutor Emílio Ribas, 315, Campinas
E-mail: julianapinesso@icloud.com

RESUMO
A dor lombar (DL) ou lombalgia, definida como um distúrbio doloroso que afeta a parte inferior
da coluna, é caracterizada com dor persistindo por mais de 12 semanas de duração. A etiologia
em 70% dos casos, é devida a causas idiopáticas, mecânicas e não é específica. O tratamento
convencional inclui opções farmacológicas e não farmacológicas. A terapia farmacológica de
primeira linha envolve o uso principalmente de anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs),
opioides, relaxantes do músculo esquelético e antiepilépticos. No entanto, a maioria desses
tratamentos farmacológicos produz alívio limitado da dor e aproximadamente 25 a 30% dos
pacientes desenvolvem efeitos colaterais graves. Portanto, abordagens complementares estão
sendo integradas aos programas de reabilitação. Muitos estudos mostram resultados
promissores para a acupuntura como um tratamento para a lombalgia. Desta forma, tivemos
como objetivo neste trabalho avaliar o papel e aplicação da acupuntura no tratamento da dor
lombar em pacientes através da revisão bibliográfica e análise de artigos científicos publicados
recentemente em periódicos.

Palavras-chave: lombalgia, dor lombar crônica, acupuntura, medicina chinesa.

ABSTRACT
Low back pain (LBP) or lumbago, defined as a painful disorder affecting the lower back, is
characterized with pain persisting for more than 12 weeks in duration. The etiology in 70% of
cases, is due to idiopathic, mechanical causes and is non-specific. Conventional treatment
includes pharmacological and non-pharmacological options. First-line pharmacological therapy
involves the use of mainly non-steroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs), opioids, skeletal
muscle relaxants, and antiepileptics. However, most of these pharmacological treatments
produce limited pain relief and approximately 25 to 30 percent of patients develop severe side
effects. Therefore, complementary approaches are being integrated into rehabilitation
programs. Many studies show promising results for acupuncture as a treatment for low back
pain. Thus, we aimed in this paper to evaluate the role and application of acupuncture in the
treatment of low back pain in patients through literature review and analysis of scientific articles
recently published in journals.

Keywords: low back pain, chronic low back pain, acupuncture, Chinese medicine.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1128
ISSN: 2595-6825

1 INTRODUÇÃO
A lombalgia ou dor lombar (sigla DL) é um dos distúrbios musculoesqueléticos mais
frequentemente encontrados na sociedade nos dias de hoje. Tecnicamente é definida como dor
e desconforto muscular localizado entre a margem costal e as pregas glúteas inferiores, com ou
sem dor referida nas pernas. Esta condição clínica interfere nas atividades da vida diária, no
desempenho laboral e é um dos principais motivos para as pessoas procurarem auxílio médico.
Os sintomas da dor lombar geralmente melhoram espontaneamente dentro de algumas semanas
desde o seu início, com 40–90% dos indivíduos se recuperando em seis semanas. Dessa forma,
a doença pode ser categorizada de acordo com a duração da dor e sintomas, como aguda (menos
de 6 semanas), subaguda (entre 6 e 12 semanas) ou crônica (mais de 12 semanas). A DL pode
ainda ser classificada pela causa subjacente, como mecânica, não mecânica ou dor referida.
A dor lombar é muito comum apesar de ser é um distúrbio multifatorial muito complexo
com etiologia muito às vezes obscura. Muitas vezes é difícil identificar a origem da lombalgia
e 85-95% do total de casos de problemas nas costas não estão associados a um padrão específico
com origem anatômica, ou atribuído a quaisquer padrões de patologia reconhecíveis. Na
maioria dos casos acredita-se que seja o resultado de problemas musculares ou esqueléticos não
graves, como entorses ou distensões. Outras causas associadas a um risco aumentado de
lombalgia incluem obesidade, ganho de peso durante a gravidez, estresse, má condição física,
má postura e má postura para dormir. As causas físicas podem incluir osteoartrite, degeneração
dos discos entre as vértebras ou hérnia de disco espinhal, vértebra quebrada, com osteoporose,
ou, raramente, infecção ou tumor na coluna. A DL resulta também de fatores ergonômicos
ocupacionais relacionados ao trabalho físico pesado e ações repetitivas; bem como atividades
esportivas ou lesões relacionadas a esportes; estilo de vida sedentário ou inatividade; pós-
operatório ou induzido pela cirurgia; secundária a outras condições médicas; controle de tronco
deficiente e comprometimento postural; fatores psicossociais e relacionados ao hábito do
tabaco, abuso de álcool, depressão e estresse; envelhecimento, entre outros.
Todavia, a DL resulta em altos custos para a sociedade devido ao aumento das demandas
no sistema de saúde e afastamento do trabalho. Da mesma forma, contribui para um fardo
substancial para os indivíduos, empregadores e sociedade em geral. Só nos EUA, por exemplo,
estimou-se que a dor lombar custou entre 100–200 bilhões de dólares anuais (LIM et al., 2018).
Este montante mais do que duplicou entre 1991 e 2016. No mundo aproximadamente 9–12%
das pessoas (632 milhões) têm lombalgia em qualquer momento, e quase 25% relatam tê-la em
algum ponto durante o período de um mês. Cerca de 40% das pessoas têm lombalgia em algum
momento de suas vidas, com estimativas de até 80% entre as pessoas no mundo desenvolvido.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1129
ISSN: 2595-6825

Os sintomas geralmente começam entre 20 e 40 anos de idade, sendo mais comum entre pessoas
com idade entre 40 e 80 anos, com previsão de aumento do número geral de indivíduos afetados
com o envelhecimento da população.
De acordo com um relatório publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em
2013, a lombalgia, juntamente com a cervicalgia, foi a segunda maior causa entre os 20
principais resultados de agravos à saúde não fatais do ano de 2000 a 2011. A prevalência global
estimada da população afetada pela lombalgia foi de 9,2% de acordo com a OMS em 2010. No
entanto, Hoy e colaboradores (2012) estimaram que as faixas de prevalência de lombalgia
pontual, em 1 mês, 1 ano e ao longo da vida foram 18,3%, 30,8%, 38,0% e 38,9%,
respectivamente. No estudo de 2016 sobre a Carga Global de Doenças (GBD, do inglês Global
Burden of Disease), estimou-se que a prevalência de DL para o ano de 2016 foi de mais de 511
milhões da população mundial, um aumento de 18,0%, em comparação a última década.
Na maioria dos episódios de dor lombar, uma causa subjacente específica não é
identificada ou mesmo procurada, com a dor que se acredita ser devida a problemas mecânicos,
como tensão muscular ou articular. Se a dor não desaparecer com o tratamento conservador ou
se for acompanhada por "sinais de alerta", como perda de peso inexplicada, febre ou problemas
significativos de sensibilidade ou movimento, podem ser necessários mais testes para procurar
um problema subjacente mais sério. Na maioria dos casos, os exames de imagem, como a
tomografia computadorizada de raios-X, não são úteis e apresentam seus próprios riscos.
Apesar disso, o uso de exames de imagem na lombalgia aumentou. Algumas dores lombares
são causadas por discos intervertebrais danificados, e o teste de elevação da perna estendida é
útil para identificar essa causa. Em pessoas com dor crônica, o sistema de processamento da
dor pode funcionar mal, causando grandes quantidades de dor em resposta a eventos não graves.
Atualmente, a DL é tratada farmacologicamente. A maioria das diretrizes internacionais
atuais recomenda o manejo farmacológico para o alívio da dor da dor lombar, incluindo
paracetamol, anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), relaxante muscular, analgésicos
opioides, esteroide epidural, anticonvulsivantes, antidepressivos e corticosteroides, entre
outros. No entanto, a maioria desses tratamentos farmacológicos produz alívio limitado da dor
e aproximadamente 25 a 30% dos pacientes desenvolvem efeitos colaterais graves, como
sonolência, tontura, vício, respostas alérgicas, redução reversível da função hepática e impactos
negativos nas funções gastrointestinais. Além disso, a cirurgia da coluna frequentemente não
resulta em uma melhora significativa no alívio da dor. A mesma pode ser benéfica para pessoas
com dor crônica relacionada ao disco e deficiência ou estenose espinhal, mas nenhum benefício

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1130
ISSN: 2595-6825

claro foi encontrado para outros casos de dor lombar inespecífica. Portanto, abordagens
complementares estão sendo integradas aos programas de reabilitação, isso inclui a acupuntura.
A acupuntura é bem aceita por muitos pacientes em todo o mundo. Sua aplicação para
lombalgia é uma das alternativas não farmacológicas de alívio da dor mais comumente usadas.
Esta ferramenta terapêutica faz parte do sistema de cura da medicina tradicional chinesa e é
legalmente reconhecida por muitos países da Ásia, Austrália, América do Norte e algumas
partes da Europa e América Latina. De acordo com as diretrizes de 2016 do CDC (Centro de
Controle de Doenças) para prescrição de opioides para dor crônica e as diretrizes de prática
clínica da American College of Physicians em 2017 para dor crônica, as intervenções não
farmacológicas podem ser um tratamento de primeira linha para pacientes que sofrem de dor
lombar crônica. Desta forma, tivemos como objetivo neste trabalho avaliar o papel e aplicação
da acupuntura no tratamento da dor lombar crônica em pacientes através de análise de artigos
científicos publicados recentemente em periódicos, tendo como ênfase os seus benefícios e
possibilidade de implementação como terapia funcional de baixo-custo.

2 METODOLOGIA
Este trabalho de revisão foi produto de análise e investigação bibliográfica realizada na
base de dados MEDLINE (PubMed), na última década, principalmente entre 2019 e 2021,
dando ênfase ao conhecimento teórico e aplicação da acupuntura no tratamento da dor lombar.
A busca foi realizada no período de junho à setembro de 2021, sendo utilizados, isoladamente
e em combinação, os seguintes descritores: “low back pain”, “acupunture” e “Chinese
medicine”. Do material pesquisado encontrado, foram selecionadas as referências que melhor
contribuíram para o cumprimento do objetivo deste trabalho, ou seja, análise da aplicação da
acupuntura no tratamento da lombalgia. Os artigos científicos selecionados foram submetidos
à avaliação e análise crítica em relação aos seguintes critérios: clareza, objetividade, lógica,
relevância e pertinência ao tema. Foram escolhidos aqueles com informações de maior
interesse, novidade e utilidade para a presente revisão. Neste trabalho, estão apresentados
apenas dados agregados, sem identificação de sujeitos, publicados e disponíveis livremente para
a consulta. Por essas características, não foi necessária a avaliação pelo sistema Comitê de Ética
em Pesquisa.

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O mecanismo de percepção da dor é um processo bastante complexo, devido ao
envolvimento de múltiplas camadas do circuito neural, desde a estimulação dos receptores até

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1131
ISSN: 2595-6825

a reação química no sistema nervoso central (SNC). A dor pode ser classificada como
nociceptiva (causada pela excitação dos nociceptores por estímulos externos), inflamatória
(intervinda por mediadores inflamatórios liberados por um tecido inflamado) ou neuropática
(induzida por lesões do sistema nervoso central ou periférico). Esta percepção da dor é chamada
de nocicepção e é iniciada por nociceptores presentes nas terminações nervosas livres. Os
nociceptores, parte da arquitetura dos circuitos neurais, estão espalhados por todo o corpo,
desde as camadas superficiais da pele até os tecidos mais profundos e órgãos internos.
A lesão do tecido é detectada pelos nociceptores e esta informação é transmitida como
impulsos nervosos elétricos, ou potenciais de ação, através das fibras nervosas, chamados
neurônios aferentes primários, para os gânglios da raiz dorsal. Vários tipos diferentes de fibras
nervosas realizam a transmissão do sinal elétrico da célula transdutora para o corno posterior
da medula espinhal, daí para o tronco cerebral e, em seguida, do tronco cerebral para as várias
partes do cérebro, como o tálamo e o sistema límbico. No tálamo, ocorre uma sinapse e o
impulso nervoso é transmitido pelo trato tálamo-cortical ao córtex cerebral. Esse processo nos
diz a localização exata da dor. Por meio da modulação, o cérebro pode modificar o envio de
impulsos nervosos adicionais, diminuindo ou aumentando a liberação de neurotransmissores.
Os nociceptores permitem que os humanos reconheçam os estímulos de dor e, portanto,
respondam de acordo, como afastar a mão de um fogo ou objeto pontiagudo.
Em contraste com a perspectiva anatômica e científica, as teorias do mecanismo de ação
da medicina chinesa diferem significativamente daquelas da farmacologia moderna. Esta
filosofia afirma que a dor é causada por desarmonia interna entre Yin e Yang, desequilíbrio
entre Qi e sangue e disparidade dentro dos Cinco Elementos. Acredita-se que o Qi, a essência
da vida, circula dentro de condutos especiais no corpo denominados meridianos e colaterais que
conectam todas as partes do corpo, incluindo a conexão dos sistemas orgânicos uns com os
outros e seus órgãos dos sentidos relacionados. Quando há insuficiência de Qi, ou quando os
meridianos estão bloqueados, há um desequilíbrio entre Yin e Yang, o que perturba os
meridianos, impede o fluxo suave de Qi e resulta na estagnação de Qi e sangue, causando dor
e doença. Desta forma, a descoberta do nociceptor deu origem a muitos estudos modernos sobre
o manejo da dor, como o bloqueio do nervo e o efeito analgésico relacionado com a acupuntura.
Em particular, a acupuntura é um método terapêutico originado pela Medicina
Tradicional Chinesa há mais de 3 mil anos. Consiste na inserção de agulhas metálicas finas em
pontos cutâneos precisos ao longo de sítios anatômicos específicos (chamado por meridianos)
para tratar uma variedade de condições ou provocar efeito anestésico. A estimulação destes
pontos tem a propriedade de regular o fluxo energético que, segundo a visão da Medicina

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1132
ISSN: 2595-6825

Tradicional Chinesa, é responsável pela fisiologia do corpo humano. O número de agulhas


usadas pode variar entre os pacientes com base na avaliação do acupunturista. As agulhas são
deixadas no local por 10–20 minutos; durante esse período, o paciente pode sentir algum
desconforto, dormência ou radiculopatia leves. As agulhas também podem ser manipuladas
mecanicamente ou eletricamente estimuladas para efeitos adicionais.
Ainda de acordo com a filosofia chinesa, a acupuntura é baseada na teoria dos canais,
simplesmente chamados de meridianos e colaterais, que são os ramos dos meridianos. Existem
300 pontos de acupuntura ao longo de 14 meridianos principais, e cada um consiste em uma via
interna que corre dentro do corpo e se conecta a uma via externa onde os pontos de acupuntura
estão localizados. O Qi flui por essas vias de meridianos que se interconectam e está ligado a
órgãos internos específicos, também chamados de órgãos Zangfu. A estimulação de pontos
específicos de acupuntura por agulhas permite o desbloqueio dos meridianos, promovendo
assim um fluxo suave de Qi.
Provavelmente, uma das melhores maneiras possíveis de explicar a natureza do Qi de
maneira científica é relacioná-lo com a teoria da sinalização extracelular e intracelular. Pode-
se considerar que Qi deriva de processos de sinalização no corpo, que incluem cascatas de
fosforilação e sinalização de proteínas de ligação a receptores de proteína G envolvendo
produção e degradação de monofosfato de adenosina cíclica (cAMP) ou liberação e sequestro
de cálcio. O equilíbrio entre Yin e Yang que constitui o Qi pode refletir as atividades celulares,
que equilibram as ações dos agonistas e antagonistas endógenos e dos sistemas nervosos
simpático e parassimpático.
Além disso, a manipulação da agulha durante a acupuntura resulta na deformação dos
tecidos conjuntivos e, portanto, altera a estrutura dos fibroblastos locais. Essa micro-lesão
causada pela punção da agulha na pele resulta na liberação de ATP, que por sua vez é então
dividido em adenosina e outras purinas. Essas moléculas atuam como agentes antinocicepção,
bloqueando a dor por meio de receptores purinérgicos. Além de ser uma molécula central dos
ácidos nucléicos, a adenosina também forma um elo único entre a fonte energética nas células
e a excitabilidade neuronal. Como neurotransmissor, regula a transmissão da dor na medula
espinhal e na periferia. Também atua como um agente anti-inflamatório endógeno e, como tal,
desempenha um papel importante como uma molécula sinalizadora na imunidade e na
inflamação. Consequentemente, esta molécula está envolvida em quase todos os aspectos da
função celular. Goldman et al. (2010) mostrou que a adenosina foi identificada como um
mediador de propriedades antinociceptivas em experimentos de acupuntura em camundongos.
Em outro estudo conduzido pelos mesmos pesquisadores em seres humanos foi mostrado que

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1133
ISSN: 2595-6825

há o aumento da liberação de adenosina, monofosfato de adenosina (AMP), difosfato de


adenosina (ADP) e ATP em pontos de acupuntura estimulados. Ambos os estudos mostram que
a concentração de purinas intersticiais foi aumentada pela estimulação mecânica da agulha de
acupuntura. Em contraste, camundongos sem expressão dos receptores de adenosina A1 não
mostram qualquer sinal de redução da dor.
Similarmente, em 2009, Burnstock propôs que a estimulação do tecido com agulha de
acupuntura, calor ou corrente elétrica desencadeia a liberação de uma grande quantidade de
ATP pelos queratinócitos, fibroblastos e outras células da pele. O ATP ativa os receptores do
canal 3 de íons controlados por ligante P2X (P2X3), que estão localizados nos nervos sensoriais.
Os sinais resultantes modulam as vias que levam ao SNC responsável pela percepção consciente
da dor. Paralelamente, há uma maior densidade de fibras nervosas sensitivas e simpáticas
aderidas aos vasos sanguíneos nos segmentos distais do que proximais. Tal arranjo anatômico
é responsável pelas respostas autônomas relativamente mais fortes associadas aos pontos distais
de acupuntura, especialmente aqueles nas extremidades dos canais próximos à penetração da
agulha.
Estudos sobre a acupuntura no tratamento da dor e seus efeitos analgésicos recebe cada
vez mais destaque na literatura científica (conforme revisado por ZURRON et al., 2020). A
teoria do controle da dor, que foi proposta por Melzack e Wall em 1965, e mais tarde por
Melzack (1976), sugeriu que a estimulação pela agulha de acupuntura ativa o sistema inibitório
do tronco cerebral e, portanto, bloqueia os sinais de dor. A liberação de opioides endógenos e
ATP desencadeada por uma agulha de acupuntura foi bem documentada por muitos outros
estudos. Isso sugere uma ligação entre a acupuntura e a sinalização mediada por
neurotransmissores. As endorfinas estão entre os neurotransmissores mais estudados neste
ramo. Eles são mais poderosos no alívio da dor do que a morfina exógena. Um estudo recente
conduzido por Grissa e colaboradores (2016) comparou a eficácia da acupuntura versus morfina
no tratamento da dor aguda no departamento de emergência. Uma redução da dor de 92% foi
observada em pacientes tratados com acupuntura, enquanto os pacientes tratados com morfina
experimentaram apenas 78% de redução. Além disso, os pacientes tratados com acupuntura
tiveram um tempo de recuperação da dor muito mais rápido (uma média de 16 minutos em
comparação com 28 minutos no grupo de controle com morfina).
Diversos outros estudos clínicos com animais e humanos também avaliam a aplicação
da acupuntura e da medicina chinesa tradicional como ferramenta terapêutica para o tratamento
da dor lombar inespecífica. Lee et al. (2013) fez uma investigação com base em 53 estudos
clínicos e apresentou um resumo dos pontos de acupuntura usados com mais frequência para o

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1134
ISSN: 2595-6825

tratamento da lombalgia. Em adição, Maciocia (2008) reportou que a seleção adequada dos
pontos locais e distais é baseada na localização e na natureza da dor, e depende da condição, se
é aguda ou crônica. Similarmente, Robinson (2016) notou que os pontos usados pela acupuntura
na lombalgia melhoram a circulação para os tecidos locais, resolvem a disfunção miofascial e
promovem a recuperação do tecido. O ponto BL 25 é estimulado para relaxar a miofáscia e
liberar os nervos que estão presos e irritados. BL 40 pode melhorar a circulação e a saúde dos
nervos, reduzindo a tensão miofascial causada pela compressão neurovascular. O GB 30 fica
na parte superior do nervo ciático e é uma boa escolha para tratar a ciática causada por
síndromes de aprisionamento do piriforme. GB 34, localizado no colo da fíbula, é um ponto de
escolha para tratar a síndrome do nervo fibular comum (fibular). O GV 3, que é fornecido pelo
nervo segmentar espinhal e pelas conexões reflexas somatosomáticas e somatoviscerais, tem
propriedades neuromodulatórias para o tratamento da dor lombar, paraparesia, dor ciática,
condições geniturinárias e distúrbios gastrointestinais inferiores. Diversas são as opções para a
acupuntura da lombalgia, o que descreve a recuperação da homeostase musculoesquelética e
aliviamento da dor lombar crônica.
Um estudo transversal de 7 meses em 2020 com 568 pacientes com dor lombar crônica
descobriu que os pacientes que utilizaram abordagens complementares de saúde, incluindo
acupuntura, tinham menos incapacidade relacionada à dor nas costas e intensidade da dor. No
entanto, esses resultados clínicos positivos dependiam de um alto grau de utilização destas
abordagens complementares. Pacientes mais velhos, com menor escolaridade e afro-americanos
eram pouco ou não utilizadores da técnica e, portanto, demonstraram pouca ou nenhuma
melhora em sua dor lombar crônica. Similarmente, outro estudo de 2020 descobriu que os
pacientes que receberam acupuntura manual (MA) ou eletro-acupuntura (EA) duas vezes por
semana durante 6 semanas tiveram reduções comparáveis na severidade da dor e incapacidade,
bem como um aumento na mobilidade e qualidade de vida em 6 semanas, e novamente, aos 3
meses medidos pelo Roland Morris Disability Questionnaire (RMDQ).
Em um estudo complementar de 2019, 56 pacientes com idade entre 25 e 51 anos com
dor lombar crônica foram tratados com acupuntura real ou acupuntura “fantasma” após
provocar dor lombar por meio de uma extensão lombar. Quarenta e três participantes foram
incluídos nas análises finais. Ambos grupos relataram diminuição da dor usando uma Escala
Visual Analógica (VAS) de 11 pontos após a intervenção, sugerindo uma conexão
neurocognitiva positiva na redução da dor lombar a curto prazo. Embora diferentes partes do
cérebro tenham reagido aos tratamentos “real” ou “fantasma”, eles eram métodos igualmente
válidos de alívio da dor lombar a curto prazo, conforme medido pelo VAS. Em paralelo, uma

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1135
ISSN: 2595-6825

revisão sistemática em grande escala e meta-análise de ensaios randomizados com placebo e


placebo controlado de 2.110 pacientes de 1980 a 2016 foi realizada em 2020 para comparar a
acupuntura, a acupuntura simulada e a acupuntura com placebo. O estudo concluiu que, no
tratamento da dor lombar subaguda e crônica, havia evidências de que a acupuntura é um
método de tratamento de curto prazo moderadamente eficaz para diminuir a intensidade da dor
na dor lombar crônica e subaguda com poucos efeitos adversos.
No entanto, outros estudos randomizados alegam a falta de diferença significativa entre
a acupuntura real e simulada (placebo). A razão por trás desse fenômeno pode ser devido à
estimulação das fibras nervosas aferentes. Essa pressão superficial por meio de intervenção
simulada de agulhas pode ter efeitos significativos no sistema límbico. De fato, estudos também
demonstraram que tanto a estimulação tátil quanto a manipulação de agulhas ativam atividades
neurais e, portanto, podem ter um efeito potencial na modulação da dor. Estudos de imagem
cerebral mostraram que a acupuntura tradicional e a acupuntura simulada diferem em seus
efeitos sobre as estruturas límbicas, enquanto, ao mesmo tempo, mostraram efeitos analgésicos
equivalentes.
Além disso, boa parte dos estudos publicados possuem limitações, como
heterogeneidade e baixa qualidade metodológica. Uma revisão sistemática de 2012 encontrou
algumas evidências de apoio de que a acupuntura foi mais eficaz do que nenhum tratamento
para dor lombar crônica não específica; as evidências eram conflitantes ao comparar a eficácia
com outras abordagens de tratamento. Por outra óptica, um estudo de 2015 a partir de revisões
sistemáticas de qualidade variável mostrou que a acupuntura pode fornecer melhorias de curto
prazo para pessoas com dor lombar crônica desde que usada isoladamente ou em adição à
terapia convencional. Neste sentido, outra revisão sistemática de 2017 encontrou evidências
baixas a moderadas de que a acupuntura foi eficaz para dor lombar crônica e evidências
limitadas de que era eficaz para dor lombar aguda.
Embora os dados publicados sobre a eficácia da acupuntura para dor lombar sejam
limitados, ainda é uma técnica comumente usada. Uma revisão destacando as perspectivas de
oito diferentes médicos foi publicada em 2019 em suas extensas experiências clínicas usando a
acupuntura como um tratamento para dor lombar crônica. A discussão mostrou que, embora as
técnicas de cada indivíduo possam ser diferentes, eles viram um efeito positivo da acupuntura
na dor lombar em pacientes. Muitos estudos expressaram várias teorias sobre o mecanismo da
acupuntura e sua relação com as diferentes regiões anatômicas do corpo humano. A associação
de terminações nervosas de alta densidade resultando em níveis terapêuticos mais elevados foi
demonstrada; no entanto, mais estudos ainda são necessários para compreender a complexidade

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1136
ISSN: 2595-6825

da acupuntura. Curiosamente, com as tecnologias modernas, a acupuntura vem agregando


recursos novos que seguem o mesmo princípio estabelecido pela Medicina Chinesa, como o
moxabustão (aplicação de calor sobre os pontos de acupuntura), eletricidade (eletro-
acupuntura), estimulação com laser, agulhas mais seguras e práticas, cristais “stiper” (do inglês
“Stimulation and Permanency” - estimulação permanente), esferas banhadas a ouro, prata e
novos materiais (substituindo as raras agulhas destes metais) ou estimulação com a sucção de
ventosas de vidro, material plástico ou acrílico com válvulas de pressão ou ventosas de
borracha.

4 CONCLUSÃO
Neste trabalho vimos que a acupuntura pode ser um tratamento de primeira linha para
pacientes que sofrem de dor lombar, pois os estudos de acupuntura têm mostrado resultados
promissores. Atualmente, não existem métodos padronizados para a acupuntura, com diversas
variações na técnica, duração, pontos anatômicos e várias outras variáveis. Contudo, muitos
estudos produzem resultados conflitantes relacionados à eficácia da acupuntura na lombalgia
provavelmente devido ao número amostral, falta de controles de qualidade e de ferramentas
para a avaliação metodológica. Além disso, as expectativas dos pacientes podem desempenhar
um papel crucial na determinação do resultado de um ensaio de acupuntura. O mesmo acontece
com a tendência de forte viés dos pesquisadores a favor ou contra a eficácia da acupuntura, o
que pode afetar o resultado geral de um ensaio. A combinação da acupuntura com outras
terapias produz melhores resultados do que somente as terapias convencionais. Portanto, uma
abordagem holística para integrar a acupuntura com outros tipos de tratamentos devem ser
realizada para o benefício dos pacientes.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1137
ISSN: 2595-6825

REFERÊNCIAS

Abbracchio, M.P.; Burnstock, G.; Verkhratsky, A.; Zimmermann, H. Purinergic signalling in


the nervous system: An overview. Trends Neurosci. 2009, 32, 19–29.

Adams, J.; Lien, E. Traditional Chinese Medicine: Scientific Basis for Its Use; Royal Society
of Chemistry: Cambridge, UK, 2013; Chapter 1

Basbaum, A.I.; Bautista, D.M.; Scherrer, G.; Julius, D. Cellular and molecular mechanisms of
pain. Cell 2009, 139, 267–284.

Berman BM, Langevin HM, Witt CM, Dubner R. Acupuncture for chronic low back pain. N
Engl J Med. 2010 Jul 29;363(5):454-61.

Billy, G.G.; Lemieux, S.K.; Chow, M.X. Lumbar disc changes associated with prolonged
sitting. PM R 2014, 6, 790–795

Bours, M.J.; Swennen, E.L.; Di Virgilio, F.; Cronstein, B.N.; Dagnelie, P.C. Adenosine 50 -
triphosphate and adenosine as endogenous signaling molecules in immunity and inflammation.
Pharmacol. Ther. 2006, 112, 358–404.

Brinkhaus, B.; Witt, C.M.; Jena, S.; Linde, K.; Streng, A.; Wagenpfeil, S.; Irnich, D.; Walther,
H.-U.; Melchart, D.; Willich, S.N. Acupuncture in patients with chronic low back pain: A
randomized controlled trial. Arch. Intern Med. 2006, 166, 450–457.

Burnstock, G. Acupuncture: A novel hypothesis for the involvement of purinergic signalling.


Med. Hypotheses 2009, 73, 470–472.

Cherkin, D.C.; Sherman, K.J.; Avins, A.L.; Erro, J.H.; Ichikawa, L.; Barlow, W.E.; Delney, K.;
Hawkes, R.; Hamilton, L.; Pressman, A.; et al. A randomized trial comparing acupuncture,
simulated acupuncture, and usual care for chronic low back pain. Arch. Intern Med. 2009, 169,
858–866.

Chou R, Baisden J, Carragee EJ, Resnick DK, Shaffer WO, Loeser JD. Surgery for low back
pain: a review of the evidence for an American Pain Society Clinical Practice Guideline. Spine
(Phila Pa 1976). 2009 May 1;34(10):1094-109.

Chou R, Deyo R, Friedly J, Skelly A, Hashimoto R, Weimer M, Fu R, Dana T, Kraegel P,


Griffin J, Grusing S, Brodt ED. Nonpharmacologic Therapies for Low Back Pain: A Systematic
Review for an American College of Physicians Clinical Practice Guideline. Ann Intern Med.
2017 Apr 4;166(7):493-505.

Chou R, Fu R, Carrino JA, Deyo RA. Imaging strategies for low-back pain: systematic review
and meta-analysis. Lancet. 2009 Feb 7;373(9662):463-72.

Comachio J, Oliveira CC, Silva IFR, Magalhães MO, Marques AP. Effectiveness of manual
and electrical acupuncture for chronic nonspecific low back pain: A randomized controlled trial.
J Acupunct Meridian Stud. 2020;13(3):87–93.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1138
ISSN: 2595-6825

Comachio J, Oliveira CC, Silva IFR, Magalhães MO, Marques AP. Effectiveness of Manual
and Electrical Acupuncture for Chronic Non-specific Low Back Pain: A Randomized
Controlled Trial. J Acupunct Meridian Stud. 2020 Jun;13(3):87-93.

Dellon, A.L.; Höke, A.; Williams, E.H.; Williams, C.G.; Zhang, Z.; Rosson, G.D. The
sympathetic innervation of the human foot. Plast. Reconstr. Surg. 2012, 129, 905–909.

Deyo RA, Mirza SK, Turner JA, Martin BI. Overtreating chronic back pain: time to back off?
J Am Board Fam Med. 2009 Jan-Feb;22(1):62-8.

Driscoll, T.; Jacklyn, G.; Orchard, J.; Passmore, E.; Vos, T.; Freedman, G.; Lim, S.; Punnett,
L. The global burden of occupationally related low back pain: Estimates from the Global
Burden of Disease 2010 study. Ann. Rheum. Dis. 2014, 73, 975–981.

Du, G.H.; Yuan, T.Y.; Du, L.D.; Zhang, Y.X. The potential of traditional Chinese medicine in
the treatment and modulation of pain. Adv. Pharmacol. 2016, 75, 325–361.

Dung, H. Acupuncture: An Anatomical Approach, 2nd ed.; CRC Press: London, UK, 2014;
Chapter 9.

Esquirol, Y.; Niezborala, M.; Visentin, M.; Leguevel, A.; Gonzalez, I.; Marquié, J.C.
Contribution of occupational factors to the incidence and persistence of chronic low back pain
among workers: Results from the longitudinal VISAT study. Occup. Environ. Med. 2017, 74,
243–251

Fan AY, Ouyang H, Qian X, Wei H, Wang DD, He D, et al. Discussions on real-world
acupuncture treatments for chronic low-back pain in older adults. J Integr Med. 2019;17(2):71–
6.

Felício DC, Filho JE, de Oliveira TMD, Pereira DS, Rocha VTM, Barbosa JMM, Assis MG,
Malaguti C, Pereira LSM. Risk factors for non-specific low back pain in older people: a
systematic review with meta-analysis. Arch Orthop Trauma Surg. 2021 May 21.

Fisher, T.J.; Osti, O.L. Do bacteria play an important role in the pathogenesis of low back pain?
ANZ J. Surg. 2015, 85, 808–814.

Frymoyer, J.W.; Cats-Baril, W.L. An overview of the incidences and costs of low back pain.
Orthop. Clin. N. Am. 1991, 22, 263–271.

Glazov, G.; Yelland, M.; Emery, J. Low-dose laser acupuncture for non-specific chronic low
back pain: A double-blind randomised controlled trial. Acupunct. Med. 2014, 32, 116–123.

Global, regional, and national disability-adjusted life-years (DALYs) for 333 diseases and
injuries and healthy life expectancy (HALE) for 195 countries and territories, 1990–2016: A
systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2016. Lancet 2017, 390, 1260–
1344.

Goldman, N.; Chen, M.; Fujita, T.; Xu, Q.; Peng, W.; Liu, W.; Jebsebm, T.K.; Pei, Y.; Wang,
F.; Han, X.; et al. Adenosine A1 receptors mediate local anti-nociceptive effects of acupuncture.
Nat. Neurosci. 2010, 13, 883–888.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1139
ISSN: 2595-6825

Gorth, D.J.; Shapiro, I.M.; Risbud, M.V. Discovery of the drivers of inflammation induced
chronic low back pain: From bacteria to diabetes. Discov. Med. 2015, 20, 177–184.

Grissa, M.H.; Baccouche, H.; Boubaker, H.; Beltaief, K.; Bzeouich, N.; Fredj, N.; Msolli, M.A.;
Boukef, R.; Bouida, W.; et al. Acupuncture vs intravenous morphine in the management of
acute pain in the, ED. Am. J. Emerg. Med. 2016, 34, 2112–2116.

Hoy, D.; Bain, C.; Williams, G.; March, L.; Brooks, P.; Blyth, F.; Woolf, A.; Vos, T.;
Buchbinder, R. A systematic review of the global prevalence of low back pain. Arthritis Rheum.
2012, 64, 2028–2037

Hoy, D.; March, L.; Brooks, P.; Blyth, F.; Woolf, A.; Bain, C.; Williams, G.; Smith, E.; Vos,
T.; Barendregt, J.; et al. The global burden of low back pain: Estimates from the Global Burden
of Disease 2010 study. Ann. Rheum. Dis. 2014, 73, 968–974.

Hui, K.K.; Liu, J.; Marina, O.; Napadow, V.; Haselgrove, C.; Kwong, K.K.; Kennedy, D.N.;
Markris, N. The integrated response of the human cerebro-cerebellar and limbic systems to
acupuncture stimulation at ST 36 as evidenced by fMRI. Neuroimage 2005, 27, 479–496.

Hulshof CTJ, Pega F, Neupane S, van der Molen HF, Colosio C, Daams JG, Descatha A, Kc P,
Kuijer PPFM, Mandic-Rajcevic S, Masci F, Morgan RL, Nygård CH, Oakman J, Proper KI,
Solovieva S, Frings-Dresen MHW. The prevalence of occupational exposure to ergonomic risk
factors: A systematic review and meta-analysis from the WHO/ILO Joint Estimates of the
Work-related Burden of Disease and Injury. Environ Int. 2021 Jan; 146:106157.

Hutchinson AJ, Ball S, Andrews JC, Jones GG. The effectiveness of acupuncture in treating
chronic non-specific low back pain: a systematic review of the literature. J Orthop Surg Res.
2012 Oct 30; 7:36.

Jöud, A.; Petersson, I.F.; Englund, M. Low back pain: Epidemiology of consultations. Arthritis
Care Res. 2012, 64, 1084–1088

Kaptan, H.; Kulaksızo ˘glu, H.; Kasımcan, Ö.; Seçkin, B. The association between urinary
incontinence and low back pain and radiculopathy in women. Open Access Maced. J. Med. Sci.
2016, 4, 665–669.

Kissin, I. The development of new analgesics over the past 50 years: A lack of real breakthrough
drugs. Anesth. Analg. 2010, 110, 780–789.

Kuniya, H.; Aota, Y.; Kawai, T.; Kaneko, K.; Konno, T.; Saito, T. Prospective study of superior
cluneal nerve disorder as a potential cause of low back pain and leg symptoms. J. Orthop. Surg.
Res. 2014, 9, 139.

Lam M, Galvin R, Curry P. Effectiveness of acupuncture for nonspecific chronic low back pain:
a systematic review and meta-analysis. Spine (Phila Pa 1976). 2013 Nov 15;38(24):2124-38.

Langevin, H.M.; Bouffard, N.A.; Badger, G.J.; Churchill, D.L.; Howe, A.K. Subcutaneous
tissue fibroblast cytoskeletal remodeling induced by acupuncture: Evidence for a
mechanotransduction-based mechanism. J. Cell Physiol. 2006, 207, 767–774.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1140
ISSN: 2595-6825

Langevin, H.M.; Bouffard, N.A.; Churchill, D.L.; Badger, G.J. Connective tissue fibroblast
response to acupuncture: Dose-dependent effect of bidirectional needle rotation. J. Altern.
Complement. Med. 2007, 13, 355–360.

Lee, I.S.; Lee, S.H.; Kim, S.Y.; Lee, H.J.; Park, H.J.; Chae, Y.Y. Visualization of the meridian
system based on biomedical information about acupuncture treatment. Evid. Based
Complement. Alternat. Med. 2013, 2013, 872142.

Li T, Wang S, Zhang S, Shen X, Song Y, Yang Z, et al. Evaluation of clinical efficacy of silver-
needle warm acupuncture in treating adults with acute low back pain due to lumbosacral disc
herniation: study protocol for a randomized controlled trial. Trials. 2019;20(1): 1–8.

Licciardone JC, Pandya V. Use of complementary health approaches for chronic low-back pain:
a pain research registrybased study. J Altern Complement Med. 2020;26(5):369–75 Seven-
month observational cross-sectional study of 568 patients with chronic low-back pain (96 of
whom received acupuncture) defined as ≥ 3 months everyday over the preceding 6- month
period.

Lim T-K, Ma Y, Berger F, Litscher G. Acupuncture and neural mechanism in the management
of low back pain—an Update. Medicines. 2018;5(3):63

Lim TK, Ma Y, Berger F, Litscher G. Acupuncture and Neural Mechanism in the Management
of Low Back Pain-An Update. Medicines (Basel). 2018 Jun 25;5(3):63.

Liu L, Skinner M, McDonough S, Mabire L, Baxter GD. Acupuncture for low back pain: an
overview of systematic reviews. Evid Based Complement Alternat Med. 2015; 2015:328196.
Loeser, J.D.; Treede, R.D. The Kyoto protocol of IASP basic pain terminology. Pain 2008, 137,
473–477

Lozano, F. Basic Theories of Traditional Chinese Medicine. In Acupuncture for Pain


Management; Lin, Y., Hsu, E.S., Eds.; Springer: Heidelberg, Germany, 2014; Chapter 2.

Luo Y, Yang M, Liu T, Zhong X, Tang W, Guo M, et al. Effect of hand-ear acupuncture on
chronic low-back pain: a randomized controlled trial. J Tradit Chin Med. 2019;39(4):587–98
Randomizedcontrolled trial of 152 non-medicated participants aged 18–50 y/o with a history of
chronic low-back pain for ≥ 3 months. Patients 54 received hand-ear acupuncture, 50 received
standard acupuncture, 48 received usual care along with massage and physical therapy at each
visit, 18 treatments over 7 weeks.

Maciocia, G. The Practice of Chinese Medicine: The Treatment of Diseases with Acupuncture
and Chinese Herbs, 2nd ed.; Churchill Livingstone: Edinburg, UK, 2008; Chapter 39.
Maher, C.; Underwood, M.; Buchbinder, R. Non-specific low back pain. Lancet 2017, 389,
736–747.

Manchikanti, L.; Manchikanti, K.N.; Gharibo, C.G.; Kaye, A.D. Efficacy of percutaneous
adhesiolysis in the treatment of lumbar post-surgery syndrome. Anesthesiol. Pain Med. 2016,
6, E26172.

Manusov EG. Evaluation and diagnosis of low back pain. Prim Care. 2012 Sep;39(3):471-9.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1141
ISSN: 2595-6825

Manusov EG. Surgical treatment of low back pain. Prim Care. 2012 Sep;39(3):525-31.

Masino, S.; Boison, D. Adenosine: A Key Link between Metabolism and Brain Activity;
Springer: Heidelberg, Germany, 2013.

Matesan, M.; Behnia, F.; Bermo, M.; Vesselle, H. SPECT/CT bone scintigraphy to evaluate
low back pain in young athletes: Common and uncommon etiologies. J. Orthop. Surg. Res.
2016, 11, 76.

Maulik, S.; Iqbal, R.; De, A.; Chandra, A.M. Evaluation of the working posture and prevalence
of musculoskeletal symptoms among medical laboratory technicians. J. Back Musculoskelet.
Rehabilit. 2014, 27, 453–461.

Melzack, R. Akupunktur und Schmerzbeeinflussung. Anaesthesist 1976, 25, 204–207.

Melzack, R.; Wall, P.D. Pain mechanisms: A new theory. Science 1965, 150, 971–979.

Mu J, Furlan AD, Lam WY, Hsu MY, Ning Z, Lao L. Acupuncture for chronic nonspecific low
back pain. Cochrane Database Syst Rev. 2020 Dec 11;12(12):CD013814.

Nascimento PRC d, Costa LOP, Araujo AC, Poitras S, Bilodeau M. Effectiveness of


interventions for non-specific low back pain in older adults. A systematic review and meta-
analysis. Physiotherapy. Elsevier Ltd. 2019;105:147–62.

Newberg, A.B.; Lee, B.Y.; LaRiccia, P.J. Acupuncture in theory and practice part I: Theoretical
basis and physiologic effects. Hosp. Physician 2004, 40, 11–18

Norbye, A.D.; Omdal, A.V.; Nygaard, M.E.; Romild, U.; Eldøen, G.; Midgard, R. Do patients
with chronic low back pain benefit from early intervention regarding absence from work? Spine
2016, 41, E1257–E1264.

Pariente, J.; White, P.; Frackowiak, R.S.; Lewith, G. Expectancy and belief modulate the
neuronal substrates of pain treated by acupuncture. Neuroimage 2005, 25, 1161–1167.

Peck J, Urits I, Peoples S, Foster L, Malla A, Berger AA, Cornett EM, Kassem H, Herman J,
Kaye AD, Viswanath O. A Comprehensive Review of Over-the-Counter Treatment for Chronic
Low Back Pain. Pain Ther. 2021 Jun;10(1):69-80.

Purves, D.; Augustine, G.J.; Fitzpatrick, D.; Hall, W.C.; LaMantia, A.S.; McNamara, J.O.;
Williams, S.M. Neuroscience, 3rd ed.; Sinauer Associates, Inc.: Sunderland, MA, USA, 2004;
Chapter 9.

Qaseem, A.; Wilt, T.J.; McLean, R.M.; Forciea, M.A. Clinical Guidelines Committee of the
American College of Physicians. Noninvasive treatments for acute, subacute, and chronic low
back pain: A clinical practice guideline from the American College of Physicians. Ann. Intern
Med. 2017, 166, 514–530.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1142
ISSN: 2595-6825

Rahimi, A.; Vazini, H.; Alhani, F.; Anoosheh, M. Relationship between low back pain with
quality of life, depression, anxiety and stress among emergency medical technicians. Trauma
Mon. 2015, 20, E18686.

Ren, W.; Tu, W.Z.; Jiang, S.H.; Cheng, R.D.; Du, Y.P. Electroacupuncture improves
neuropathic pain: Adenosine, adenosine 5’-triphosphate disodium and their receptors perhaps
change simultaneously. Neural Regen Res. 2012, 7, 2618–2623.

Robinson, N.G. Interactive Medical Acupuncture Anatomy; Tenton NewMedia: Jackson, MS,
USA, 2016; Section 3, Channel 1.

Salzberg L. The physiology of low back pain. Prim Care. 2012 Sep;39(3):487-98.
Salzberg, L.D.; Manusov, E.G. Management options for patients with chronic back pain without
an etiology. Health Serv. Insights 2013, 6, 33–38

Samini, F.; Gharedaghi, M.; Mahdi Khajavi, M.; Samini, M. The etiologies of low back pain in
patients with lumbar disk herniation. Iran. Red Crescent Med. J. 2014, 16, E15670

Sawynok, J.; Liu, X.J. Adenosine in the spinal cord and periphery: Release and regulation of
pain. Prog. Neurobiol. 2003, 69, 313–340.

Shi, Y.; Liu, Z.; Zhang, S.; Li, Q.; Guo, S.; Yang, J.; Wu, W. Brain network response to
acupuncture stimuli in experimental acute low back pain: An fMRI study. Evid. Based
Complement. Alternat. Med. 2015, 2015, 210120.

Shin, J.Y.; Ku, B.; Kim, J.U.; Lee, Y.J.; Kang, J.H.; Heo, H.; Choi, H.-J.; Lee, J-H. Short-term
effect of laser acupuncture on lower back pain: A randomized, placebo-controlled, double-blind
trial. Evid. Based Complement. Alternat Med. 2015, 2015, 808425.

Snow, C.R.; Gregory, D.E. Perceived risk of low-back injury among four occupations. Hum.
Factors 2016, 58, 586–594.

Takano, T.; Chen, X.; Luo, F.; Goldman, N.; Zhao, Y.; Markman, J.D.; Nedergaard, M.
Traditional acupuncture triggers a local increase in adenosine in human subjects. J. Pain 2012,
13, 1215–1223.

Tang, W.J.; Li, J.; Zhang, J.H.; Yi, T.; Wang, S.W.; Dong, J.C. Acupuncture treatment of
chronic low back pain reverses an abnormal brain default mode network in correlation with
clinical pain relief. Acupunct. Med. 2013, 1–7.

Urits I, Wang JK, Yancey K, Mousa M, Jung JW, Berger AA, Shehata IM, Elhassan A, Kaye
AD, Viswanath O. Acupuncture for the Management of Low Back Pain. Curr Pain Headache
Rep. 2021 Jan 14;25(1):2.

Van Hal M, Dydyk AM, Green MS. Acupuncture. 2020 Oct 24. In: StatPearls [Internet].
Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2021 Jan.

Van Hal M, Dydyk AM, Green MS. Acupuncture. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island
(FL): StatPearls Publishing; 2020.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1143
ISSN: 2595-6825

Van Tulder, M.; Becker, A.; Bekkering, T.; Breen, A.; Hutchinson, A.; Koes, B.; Laerum, E.;
Malmivaara, A. Chapter 3 European guidelines for the management of acute nonspecific lower
back pain in primary care. Eur. Spine J. 2006, 15 (Suppl. 2), S169–S191.

Vlaeyen JWS, Maher CG, Wiech K, Van Zundert J, Meloto CB, Diatchenko L, Battié MC,
Goossens M, Koes B, Linton SJ. Low back pain. Nat Rev Dis Primers. 2018 Dec 13;4(1):52.
Wang, L.; Sikora, J.; Hu, L.; Shen, X.Y.; Grygorczyk, R.; Schwarz, W. ATP release from mast
cells by physical stimulation: A putative early step in activation of acupuncture points. Evid.
Based Complement. Alternat. Med. 2013, 2013, 350949

WHO Methods and Data Sources for Global Burden of Disease Estimates 2000–2011.
Available online:
http://www.who.int/healthinfo/statistics/GlobalDALYmethods_2000_2011.pdf

Xiang Y, He JY, Tian HH, Cao BY, Li R. Evidence of efficacy of acupuncture in the
management of low back pain: a systematic review and meta-analysis of randomised placebo-
or sham-controlled trials. Acupunct Med. 2020 Feb;38(1):15-24.

Yang, H.; Haldeman, S.; Lu, M.L.; Baker, D. Low back pain prevalence and related workplace
psychosocial risk factors: A study using data from the 2010 National Health Interview Survey.
J. Manip. Physiol. Ther. 2016, 39, 459–472

Yeganeh M, Baradaran HR, Qorbani M, Moradi Y, Dastgiri S. The effectiveness of


acupuncture, acupressure and chiropractic interventions on treatment of chronic nonspecific
low back pain in Iran: a systematic review and meta-analysis. Complement Ther Clin Pract.
2017;27:11–8.

Yiengprugsawan, V.; Hoy, D.; Buchbinder, R.; Bain, C.; Seubsman, S.; Sleigh, A.C. Low back
pain and limitations of daily living in Asia: Longitudinal findings in the Thai cohort study.
BMC Musculoskelet. Disord. 2017, 18, 19

Yılmaz E. The Determination of the Efficacy of Neural Therapy in Conservative Treatment-


resistant Patients With Chronic Low Back Pain. Spine (Phila Pa 1976). 2020 Dec 28;

Zhang S, Hu B, Liu W, Wang P, Lv X, Chen S, Shao Z. The role of structure and function
changes of sensory nervous system in intervertebral disc-related low back pain. Osteoarthritis
Cartilage. 2021 Jan;29(1):17-27.

Zhang Y, Wang C. Acupuncture and Chronic Musculoskeletal Pain. Curr Rheumatol Rep. 2020
Sep 25;22(11):80.

Zhang Y, Wang C. Acupuncture and Chronic Musculoskeletal Pain. Curr Rheumatol Rep. 2020
Sep 25;22(11):80.

Zhang YP, Hu RX, Han M, Lai BY, Liang SB, Chen BJ, Robinson N, Chen K, Liu JP. Evidence
Base of Clinical Studies on Qi Gong: A Bibliometric Analysis. Complement Ther Med. 2020
May; 50:102392.

Zhao, Z.Q. Neural mechanism underlying acupuncture analgesia. Prog. Neurobiol. 2008, 85,
355–375.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022
Brazilian Journal of Health Review 1144
ISSN: 2595-6825

Zhu L, Yu C, Zhang X, Yu Z, Zhan F, Yu X, Wang S, He F, Han Y, Zhao H. The treatment of


intervertebral disc degeneration using Traditional Chinese Medicine. J Ethnopharmacol. 2020
Dec 5; 263:113117.

Zirek E, Mustafaoglu R, Yasaci Z, Griffiths MD. A systematic review of musculoskeletal


complaints, symptoms, and pathologies related to mobile phone usage. Musculoskelet Sci Pract.
2020 Oct; 49:102196.

Zurron N, Lanier C, Berna-Renella C. Acupuncture et douleur chronique : guide pratique à


l’usage des médecins généralistes [Acupuncture and chronic pain : practical considerations for
primary care physicians]. Rev Med Suisse. 2020 Jul 15;16(700):1358-1362.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 1127-1144 jan./feb. 2022

Você também pode gostar