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PREVALÊNCIA DE LOMBALGIA PÓS-PANDEMIA EM ACADÊMICOS DO

CURSO DE FISIOTERAPIA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR


PRIVADA

SILVA, Anna Luiza1, SILVA, Thalita Monteiro1, BOAVENTURA, Cristina de


Matos2, GUIMARÃES, Élcio Alves3.

1 Acadêmicas do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Una-


Uberlândia / MG, Brasil, (anna-luizas@hotmail.com),
(thalitamonteirof@gmail.com).
2 Orientadora Mestre e Professora do curso de Fisioterapia do Centro
Una-Uberlândia / MG, Brasil, (cristina.boaventura@prof.una.br).
3 Coorientador, Doutor e Professor do curso de Fisioterapia do Centro
Una-Uberlândia / MG, Brasil, (elcio.guimaraes@prof.una.br).

RESUMO
A dor lombar é a sensação de dor ou desconforto na região lombar,
que cobre a área abaixo da caixa torácica e acima da pelve. Ela pode ser
dividida pela duração da dor em aguda (até 3-4 semanas), subaguda (3-4 a 12
semanas) e crônica (mais de 12 semanas). Após a cefaleia, a lombalgia é o
segundo sintoma mais frequente nas consultas médicas, sendo responsável
por inúmeros casos de internação e intervenções cirúrgicas (ABDUHALLI et
al., 2020). Pessoas com dor crônica apresentam declínio na qualidade de vida
devido a problemas musculoesqueléticos ou depressão e alterações
comportamentais. A Organização Mundial da Saúde (OMS), na Classificação
Internacional de Deficiências, Deficiências e Handicaps, relata que a lombalgia
decorre de fatores psicológicos, fisiológicos e anatômicos, combinados ou
isolados (ZANATELLI et al., 2021). O presente estudo teve como objetivo
avaliar a dor lombar em acadêmicos do curso de Fisioterapia pós-período de
pandemia em uma instituição de ensino superior privada do município de
Uberlândia-MG. Foram avaliados 57 voluntários, sendo acadêmicos do curso
de Fisioterapia, por meio de um questionário de intensidade de dor lombar em
atividades diárias - Questionário Roland-Morris. Resultados: Não foram
encontradas correlações significativas para as variáveis: sexo, idade, período,
e escore do questionário e não foram verificadas diferenças significativas
quando comparado à dor em relação aos sexos e idade dos voluntários
avaliados. Conclusão: Conclui-se que os acadêmicos avaliados
apresentaram baixo risco para dor lombar (lombalgia) e, portanto, para o
desenvolvimento de incapacidade física.
Palavras-chave: Dor lombar. Acadêmicos. Questionário Roland-
Morris. Lombalgia.

ASSESSMENT OF THE PREVALENCE OF POST-PANDEMIC


LUMBALGIA IN ACADEMICS OF THE PHYSIOTHERAPY COURSE OF A
PRIVATE HIGHER EDUCATION INSTITUTION

Low back pain is the feeling of pain or discomfort in the lower back, which
covers the area below the rib cage and above the pelvis. It can be divided by the
duration of pain into acute (up to 3-4 weeks), subacute (3-4 to 12 weeks) and
chronic (more than 12 weeks). After headache, low back pain is the second most
frequent symptom in medical consultations, being responsible for numerous
cases of hospitalization and surgical interventions (ABDUHALI et al., 2020).
People with chronic pain experience a decline in quality of life due to
musculoskeletal problems or depression and behavioral changes. The World
Health Organization (WHO), in the International Classification of Disabilities,
Disabilities and Handicaps, reports that low back pain results from psychological,
physiological and anatomical factors, combined or isolated (ZANATELLI et al.,
2021). The present study aimed to evaluate low back pain in post-pandemic
physiotherapy students in a private higher education institution in the city of
Uberlândia-MG. Fifty-seven volunteers were evaluated, being Physiotherapy
students, through a questionnaire on the intensity of low back pain in daily
activities - Roland-Morris Questionnaire. No significant correlations were found
for the variables: sex, age, period, and questionnaire score, and no significant
differences were found when compared to pain in relation to the sexes and age
of the evaluated volunteers. It is concluded that the evaluated students had a low
risk for low back pain (low back pain) and, therefore, for the development of
physical disability.
Results: No significant correlations were found for the variables: sex, age,
period, and questionnaire score, and no significant differences were found when
compared to pain in relation to the sexes and age of the evaluated volunteers.
Conclusion: It is concluded that the evaluated students had a low risk for low
back pain (low back pain) and, therefore, for the development of physical
disability.
Keywords: Low back pain. Academics. Roland-Morris Questionnaire.

• INTRODUÇÃO

As vértebras lombares têm os maiores corpos de toda a coluna e


aumentam de tamanho no sentido crânio-caudal. Este aumento acentuado no
tamanho reflete a responsabilidade da coluna lombar para sustentar toda a
parte superior do corpo. Devido ao tamanho dos discos intervertebrais em
relação ao tamanho do corpo vertebral e ao tamanho e direção horizontal dos
processos espinhosos, a coluna lombar tem o maior grau de extensão da
coluna vertebral (WAXENBAUM et al., 2021).
A dor lombar é a sensação de dor ou desconforto na região lombar,
que cobre a área abaixo da caixa torácica e acima da pelve. Ela pode ser
dividida pela duração da dor em aguda (até 3-4 semanas), subaguda (3-4 a
12 semanas) e crônica (mais de 12 semanas). Após a cefaleia, a lombalgia é
o segundo sintoma mais frequente nas consultas médicas, sendo responsável
por inúmeros casos de internação e intervenções cirúrgicas (ABDUHALLI et
al., 2020).
Pessoas com dor crônica apresentam declínio na qualidade de vida
devido a problemas musculoesqueléticos ou depressão e alterações
comportamentais. A Organização Mundial da Saúde (OMS), na Classificação
Internacional de Deficiências, Deficiências e Handicaps, relata que a lombalgia
decorre de fatores psicológicos, fisiológicos e anatômicos, combinados ou
isolados (ZANATELLI et al., 2021).
A pandemia trouxe inumeráveis desafios para a saúde pública, para a
política, economia e relações pessoais em todo o mundo. A Covid-19 provocou
grandes impactos. Muitos pacientes com doenças crônicas foram destituídos
de sua rotina, e do acesso seguro e fácil ao seu tratamento de saúde. Durante
o período da pandemia global, os riscos de morbidade da dor, e até mesmo
mortalidade, podem ser drasticamente amplificados. Segundo a OMS, as
pandemias anteriores geraram um número maior de pacientes com
diagnóstico de dor osteomuscular crônica associada ao transtorno de estresse
pós-traumático. (SANTANA, 2020).
Estudos apontam que a adoção de uma vida ativa se constitui em fator
de proteção para uma vida saudável, sendo que quanto mais ativo um
indivíduo for, menor será o número de enfermidades. Esses autores entendem
que a atividade física é um fator de proteção funcional para a vida humana, e
por isso necessária, em todas as faixas etárias (SILVA et al., 2017).
No período de isolamento social durante a pandemia alunos e
professores foram submetidos à atividades online e ao trabalho em home
Office, reduzindo dessa forma, as atividades físicas diárias e de lazer, e
aumentando o horário em frente à telas, como televisão ou computadores,
onde muitas vezes as pessoas adotaram posturas inadequadas. Vimos que ao
longo da pandemia que as questões emocionais também foram bastante
afetadas por questões de isolamento social ou, em muitos casos, por perdas
de familiares. Levando em consideração todas as questões citadas pode-se
dizer que “Carregamos a pandemia nas costas” e hoje temos a consequência
disso.
Diante da maior vulnerabilidade que os estudantes foram submetidos
durante a pandemia da Covid-19, o presente estudo teve como objetivo avaliar
a dor lombar em acadêmicos do curso de Fisioterapia pós-período de
pandemia em uma instituição de ensino superior privada do município de
Uberlândia-MG.

• MATERIAL E MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa empírica aplicada em campo, de caráter


descritivo e abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada em uma fase, por
meio de: 1) Esclarecimentos sobre a pesquisa, os procedimentos de coleta de
dados, bem como explicação de todos os fatores associados à participação no
presente estudo; 2) Aplicação do questionário, individualmente, em todos os
acadêmicos matriculados no curso de fisioterapia.
A população alvo foi composta por 85 acadêmicos que estavam
matriculados no curso de Fisioterapia no primeiro semestre de 2022. O intuito do
presente trabalho foi avaliar os acadêmicos de ambos os sexos, portanto após
aplicação do cálculo para tamanho da amostra com nível de confiança de 95%
e margem de erro de 5% dos 85 acadêmicos, deveriam ser avaliados 70
voluntários, sendo amostra mínima considerada pelos pesquisadores de 43
voluntários.
Os critérios de inclusão foram acadêmicos do curso de Fisioterapia, de
ambos os sexos, maiores que 18 anos, que assinarem o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE; e os critérios de exclusão englobam
acadêmicos dos demais cursos da área da saúde, que se recusaram a assinar
o TCLE, questionários respondidos de forma incompletos e acadêmicos que não
estavam em sala no momento da coleta de dados.
Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) número
5.360.116, foi aplicado ao participante o (TCLE).
A aplicação do teste ocorreu no período de Maio de 2022. Os
acadêmicos foram instruídos a responder um questionário com informações
sobre o sexo, idade, carga horária de trabalho; e o questionário Roland-Morris
para lombalgia proposto por NUSBAUM et al., 2001, que se trata de uma
ferramenta importante não só para a investigação, como também para
verificação da eficácia do tratamento para lombalgia. O questionário é de fácil
aplicação, sendo preenchido pelo próprio paciente (MONTEIRO et al., 2010). O
questionário é formado por uma tabela contendo vinte e quatro questões. As
perguntas são objetivas e simples, dando-se uma pontuação de “1” para cada
questão cuja afirmação o paciente concorde e a pontuação “0” para cada
questão cuja afirmação o paciente não concorde. O escore é a somatória dos
valores, podendo-se obter uma pontuação mínima de “0” e uma pontuação
máxima de “24”. Quanto mais próximo à pontuação “24” maior a incapacidade
do indivíduo com dor lombar crônica. Este questionário tem como ponto de corte
o escore “14”, ou seja, os indivíduos avaliados com um escorem maior que 14
apresentam incapacidade.
• RESULTADOS

Foram avaliados 57 acadêmicos do curso de Fisioterapia de uma


Instituição de Ensino Superior Privada, sendo 09 (15,7%) do sexo masculino e
48 (84,2%) do sexo feminino. A média de idade do grupo foi de 25± 6,41 anos.
Dos 57 acadêmicos, 100% relataram que trabalham com média de
carga horária de 07± 2h e 49 minutos.
Em relação ao período que estão cursando, 8,77% se encontram no
primeiro período, 12,28% no segundo, 14,05% no terceiro, 24,56% no quinto,
5,26% no sexto, 17,54% no sétimo e 17,54% no nono período.
Para a análise das respostas ao questionário com 24 perguntas,
considerou-se a assiduidade dos sintomas distribuídos em uma escala com
escore de uma pontuação mínima de “0” (sugerindo nenhuma incapacidade) e
uma pontuação máxima de “24” (incapacidade grave). Quanto mais próximo à
pontuação “24” maior a incapacidade e dor lombar. O questionário tem como
ponto de corte o escore “14”, ou seja, os indivíduos avaliados com escore maior
que 14 apresentam incapacidade.
Na presente pesquisa a média de escore da população obtida pelo
grupo foi de 1,89±2,35% de pontuação, ou seja, 100% dos voluntários
apresentaram escore menor que 14 pontos.
Com o objetivo de verificar a existência de diferença entre a dor lombar
nos sexos masculino e feminino foi aplicado o teste T independente que avalia a
diferença entre os dois grupos. O nível de significância foi estabelecido em 0,05
em um teste bilateral. Os resultados estão demonstrados na tabela 1.

Tabela 1 - Comparação encontrada nas variáveis entre as idades,


período, carga horária e escore
Teste independente simples
Teste para igualdade
Teste de igualdade de meios
de comparações

Dif. No Intervalo da diferença


Sig. (2- Diferença
F Sig. t df padrão de - 95% de confiança
tailed) média
erro
Inferior Superior
Variações
iguais 1,413 0,240 0,065 55 0,948 0,153 2,351 -4,560 4,865
assumidas
IDADE
V. não
assumidas
0,090 17,375 0,929 0,153 1,692 -3,411 3,716
Variações
iguais 0,674 0,415 -1,130 55 0,264 -1,063 0,941 -2,948 0,823
assumidas
PERÍODO
V. não
assumidas
-0,999 10,213 0,341 -1,063 1,064 -3,426 1,301
Variações
iguais 1,273 0,264 -0,588 55 0,559 -0,535 0,910 -2,358 1,289
assumidas
CARGA HORÁRIA
V. não
assumidas
-0,472 9,644 0,648 -0,535 1,134 -3,074 2,004
Variações
iguais 7,391 0,009 -1,557 55 0,125 -1,313 0,843 -3,002 0,377
assumidas
PONTUAÇÃO
V. não
-1,080 9,028 0,308 -1,313 1,215 -4,059 1,434
assumidas

Dif. no padrão de erro= diferença no padrão de erro. T= teste


independente. V. não assumidas = variações não assumidas.
Conforme observado na tabela 1 não houve diferença significativa
entre os sexos para as variáveis idades (p=0,153), período (p=0,264), carga
horária (p=0,559) e escore (p=0,308).
Com o objetivo de avaliar correlação entre dor lombar e idade foi
utilizado o teste de correlação de Pearson (verifica a associação entre duas
variáveis quantitativas). O nível de significância foi estabelecido em 0,05. Os
resultados estão demonstrados na tabela 2.

Tabela 2 - Correlações encontradas nas variáveis entre dor lombar


e idade

Correlações

IDADE PONTUAÇÃO
Correlação de Pearson 1 -0,187
IDADE Sig. (2-tailed) 0,164
N 57 57
Correlação de Pearson -0,187 1
PONTUAÇÃO Sig. (2-tailed) 0,164
N 57 57
N= Número de participantes.

Conforme observado na tabela 2 não há correlação entre dor lombar e


idade dos voluntários estudados (r= -0,187; p=0,164).
Com o interesse de avaliar a correlação entre dor e idade quando
separado por sexo foi também utilizado o teste de correlação de Pearson. O nível
de significância foi estabelecido em 0,05. Os resultados estão demonstrados na
tabela 3.

Tabela 3 - Correlações encontradas nas variáveis entre dor lombar e


idade nos sexos feminino e masculino
Correlações

SEXO PONTUAÇÃO IDADE


Feminino PONTUAÇÃO Correlação de 1 -0,174
Pearson 0,237
N 48 48
IDADE Correlação de -0,174 1
Pearson 0,237
N 48 48
Masculino PONTUAÇÃO Correlação de 1 -0,368
Pearson 0,331
N 9 9
IDADE Correlação de -0,368 1
Pearson 0,331
N 9 9
N= Números de Participantes

Conforme observado no trabalho não foi encontrado correlação entre


dor lombar e idade no sexo feminino (r= -0,174; p=0,237) e nem no sexo
masculino (r= -0,368; p=0,331).
Com o objetivo de avaliar a diferença no escore de dor lombar
encontrado no Questionário Roland-Morris quando separado os indivíduos em
dois grupos por idade, sendo o grupo 1 com idade até 24 anos e o grupo 2 com
idades acima de 24 anos foi aplicado o teste T independente. O nível de
significância foi estabelecido em 0,05.
Na tabela 4 está média e desvio padrão das variáveis de acordo com
os dois grupos.
Tabela 4 - Comparação encontradas nas variáveis entre dois
grupos por idade

Classe N MÉDIA Dif. Desvio Dif. Erro médio


1 35 2,34 2,6 0,44
PONTUAÇÃO
2 22 2,18 1,708 0,364
N= Número de participantes. Dif. Desvio= Diferença de desvio. Dif. Erro médio=
Diferença de erro médio.

Conforme observado não houve diferença significativa entre os dois


grupos quando comparamos o variável escore. Porém observa-se a média de
escore de dor lombar superior do grupo 1 (média=2,34) para (p=0,069), fato esse
interessante uma vez que é o grupo mais jovem.

• DISCUSSÃO

A dor lombar é definida como desconforto na região inferior da coluna


vertebral, é um distúrbio musculoesquelético e pode se apresentar por uma
combinação de fatores mecânicos, circulatórios, hormonais, psicossociais
(Carvalho et al., 2017), tipos de ocupação, alterações comportamentais,
sedentarismo, sobrepeso (Bréder, 2018), estilo de vida, e a permanência
prolongada em certas posições (MARTINS e LONGEN., 2017).
Por ser a região do corpo que apresenta alta mobilidade a lombar está
propensa a maior ocorrência de distúrbios que estão relacionados à inatividade
física, apresentando características ligadas ao surgimento de dores que afetam
devidamente essa extensão, prejudicando a execução dos movimentos e
influenciando uma cascata de eventos que levam danos até nas características
fisiológicas, pelas modificações mecânicas decorrentes a estas desordens
(MIRANDA, 2007).
A literatura tem mostrado que a incapacidade pode ser parcialmente
explicada por fatores não relacionados à doença em si. Fatores psicossociais e
ocupacionais tais como medo e dificuldades no ambiente de trabalho são
considerados determinantes possíveis da incapacidade. No entanto, não há
consenso quanto aos principais fatores relacionados à incapacidade em
pacientes com dor lombar crônica (SALVETTI et al., 2012).
De acordo com a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF),
a funcionalidade e a incapacidade podem ser descritas em três domínios de
saúde, denominados estrutura e função do corpo, atividade e participação. O
domínio de estrutura e da função do corpo se caracteriza pelas funções
fisiológicas e/ou psicológicas dos sistemas corporais e por suas partes
anatômicas. No caso da lombalgia, é comum verificar algumas alterações nesse
domínio, como dor, fraqueza e desequilíbrios musculares, espasmo muscular,
diminuição da flexibilidade muscular, diminuição da mobilidade articular dentre
outros. O domínio relacionado à atividade descreve a habilidade de um indivíduo
em executar uma tarefa ou ação de sua rotina diária . Pacientes com lombalgia
frequentemente apresentam dificuldades em pegar objetos no chão, subir e
descer escadas, dificuldade de deambulação. Além disso, essa condição de
saúde apresenta manifestações também no domínio que envolve as interações
do indivíduo em seu meio sociocultural, denominado participação. Nesses casos,
é comum observar uma diminuição no nível das atividades esportivas, dias
perdidos no trabalho e diminuição da vida social (OCARINO et al., 2009).
Foi utilizado na presente pesquisa o questionário Roland-Morris,
específico para medir a incapacidade funcional de pacientes com lombalgia, que
é composto de 24 questões relacionadas às atividades de vida diária, dor e
função (MASCARENHA e SANTOS., 2011). O questionário é utilizado para
determinar com segurança o grau de incapacidade física ocasionada pela dor
lombar.
No presente estudo, a maioria dos voluntários era do sexo feminino,
com média de idade de 25 anos em ambos os sexos, corroborando com o estudo
de Mascarenha, 2011, que observou em seu estudo a incapacidade funcional,
nas variadas faixas etárias, provocada pela lombalgia.
Em relação à incapacidade funcional, a amostra do presente estudo
apresentou um escore médio de 1,89% (+- 2,1%) de pontuação, dessa forma, os
dados levantados neste estudo apontam um escore menor que 14 pontos o que
indica que os voluntários avaliados apresentam-se sem incapacidades, o que
também pode ser observado por Mascarenha, 2011, que apresentou resultados
semelhantes onde 76,5% dos indivíduos da amostra apresentaram incapacidade
segundo o questionário de Rolland-Morris, com média de 9,5±4,4 pontos.
Segundo estudo de BENTO et al., 2009, a dor lombar crônica não específica
raramente incapacita totalmente uma pessoa para exercer as atividades do
cotidiano. Entretanto, pode limitar parcial e temporariamente e, muitas vezes, de
forma recorrente. Esse fato corrobora com os dados encontrados no presente
estudo, no qual a queixa álgica na região lombar não foi vista como fator que
leva os indivíduos à incapacidade, apenas o limita para realização de certas
atividades diárias.
Na presente pesquisa quando se correlacionou as idades dos
voluntários com a dor lombar não foi encontrada diferença significativa, porém o
presente estudo demonstrou que o grupo com maior escore é mais jovem, o que
também pode foi observado por SOUSA, 2018.
Quando comparado à pontuação do questionário entre os sexos, não
foi observada diferença significativa. Em relação ao sexo, SILVA, 2004 mostrou
em seu estudo que as mulheres apresentam risco aumentado para lombalgia
crônica, pois por vezes combinam a realização de tarefas domésticas com o
trabalho fora de casa, que por muitas vezes exigem exposição às cargas
ergonômicas, principalmente repetitividade, posição viciosa e trabalho em
grande velocidade, associados às características anátomo-funcionais típicas do
sexo feminino, podendo colaborar para o surgimento de dores lombares
crônicas. Estas características também foram descritas em outros estudos
(KORELO et al., 2017; STEFANE et al., 2013; MARASHIN, 2010).
Embora o questionário de Roland Morris tenha sido traduzido e
validado para o português, percebeu-se durante os procedimentos que alguns
acadêmicos tiveram dificuldades para entender algumas perguntas, o que pode
ter influenciado na pontuação final dos questionários. Além disso, deve ser
ressaltado que apenas dois acadêmicos da amostra deste estudo apresentaram
escore igual ou superior a 14 no questionário de Roland Morris (ponto de corte
que caracteriza a presença de incapacidade significante decorrente da
lombalgia).
A presença de um baixo grau de comprometimento funcional dos
indivíduos avaliados no presente estudo é um fator que pode ter influenciado a
força da correlação entre as variáveis analisadas.
Levando-se em consideração o resultado obtido no presente estudo e em
outros desenvolvidos nos últimos anos pode-se considerar que o questionário
de Roland Morris é um eficiente recurso para identificar dor lombar crônica e
incapacidade funcional dos indivíduos. Para o fisioterapeuta o questionário
facilita a avaliação do indivíduo ajudando a identificar possíveis incapacidades
para que possa intervir tanto na prevenção e tratamento para evitar possíveis
lesões futuras que leve o indivíduo à piora da dor e a incapacidade geral.

• CONCLUSÃO

Conclui-se que os acadêmicos avaliados apresentaram baixo risco para dor


lombar (lombalgia) e, portanto, para o desenvolvimento de incapacidade física.

• REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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