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Brazilian Journal of Health Review 9488

ISSN: 2595-6825

Produção científica brasileira sobre Sepse: o estado da arte na


perspectiva da enfermagem

Brazilian scientific production about Sepsis: the state of art in nursing


perspective

DOI:10.34119/bjhrv4n2-442

Recebimento dos originais: 04/03/2021


Aceitação para publicação: 28/04/2021

Khrislaynne de Melo Vieira


Bacharel em enfermagem pelo Centro Universitário do Vale do Ipojuca – UNIFAVIP /
WYDEN
Rua Álvaro Lins, 615, Caiucá, Caruaru- PE, Cep: 55034-580 Brasil
E-mail: khrismelo3@gmail.com

Gidelson Gabriel Gomes


Mestre em Ensino na Saúde. Hospital Regional do Agreste
Nova Caruaru, Caruaru-PE, Cep: 55014-644
E-mail: gidelsongabrielgomes@gmail.com

Katia Cilene da Costa Silva


Enfermeira: Secretaria Municipal de Saúde de Pesqueira
Rua Joaquim Fernandes, n 29, bairro cajazeiras – Sanharó
E-mail: Katia.brendah@hotmail.com

Gabrielly Emanuela de Oliveira da Costa


Enfermeira - Coordenadora do PNI. Secretaria de saúde de Jurema/PE
Rua Boaventura Vieira de Araújo, 84, dona dom, Santa Cruz do Capibaribe, 55192-584
E-mail: gabsocosta@gmail.com

Hayka Hiane Dantas Ferreira de Souza


Bacharel em enfermagem pelo Centro Universitário do vale do Ipojuca, UNIFAVIP/
Wyden. Divinópolis, Caruaru-PE, Cep: 55010-340
E-mail: hayka.hianne12@outlook.com

Sheila Cristiane Evangelista Creoncio


Enfermeira. Mestre em Ciências da Saúde. Hospital Regional do Agreste- Caruaru/PE
Avenida Piedade, n. 478, Nova Caruaru- Caruaru/PE
E-mail: sheilaevangelista2@gmail.com

Raianne Monteiro Soares


Enfermeira. Especialista em Unidade de Terapia Intensiva
Hospital Regional do Agreste - Caruaru/PE
Rua Dom Pedro II, n.51, Prado - Pesqueira/PE
E-mail: raianneee@hotmail.com

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Karla Fabiana Alves dos Santos


Enfermeira. Especialista em Unidade de Terapia Intensiva
Hospital Regional do Agreste - Caruaru/PE
Rua São Roque 261 Nossa senhora das Dores Caruaru/PE, 55004390
E-mail:Karlafabiana1@outlook.com

RESUMO
A sepse é a principal causa de morte na UTI com mortalidade chegando a 60% dos casos
no país e seu tratamento gera custos altíssimos. O enfermeiro tem papel importante no
combate a Sepse, tanto no seu cuidado assistencial, quanto no seu papel pesquisador. Este
trabalho tem por objetivo identificar na literatura brasileira o estado da arte sobre sepse
na perspectiva da Enfermagem no recorte temporal correspondente aos últimos cinco
anos. Trata-se de uma pesquisa descritiva, do tipo revisão integrativa da literatura.
Conclusão: Percebe-se que a enfermagem tem contribuído cada vez mais com a
comunidade científica com suas pesquisas. Todos os achados destas pesquisas são
importantes para que sejam revistas as práticas dos profissionais de enfermagem. Foi
observado que a enfermagem também está empenhada em ofertar a melhor assistência.

Palavras chave: Sepse, Enfermagem e Choque séptico.

ABSTRACT
Sepsis is the main cause of death in the ICU with mortality reaching 60% of cases in the
country and its treatment generates very high costs. Nurses have an important role in
combating sepsis, both in their care care and in their research role. This work aims to:
Identify in the Brazilian literature the state of the art on sepsis from the perspective of
Nursing in the time frame corresponding to the last five years. This is a descriptive,
integrative literature review. Conclusion: It is clear that nursing has increasingly
contributed to the scientific community with its research. All the findings of these studies
are important to review the practices of nursing professionals. It was observed that
nursing is also committed to offering the best care.

Keywords: Sepsis. Nursing. Septic Shock

1 INTRODUÇÃO
A sepse é a resposta sistêmica com várias manifestações clinicas a uma infecção,
considerada um grave problema de saúde pública, sendo incluída pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) como uma das prioridades de saúde mundial (ILAS, 2017). A
etimologia da palavra sepse, ou seja, sua origem vem do grego septikós, sendo referida
por Hipócrates, (460 a 377 a.C.) como apodrecer, o que causa putrefação (VIANA;
MACHADO; SOUSA, 2017).

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De acordo com o terceiro consenso internacional para sepse e choque séptico, tal
patologia, foi definida como “disfunção orgânica com risco de vida causada por uma
resposta desregulada do hospedeiro à infecção” (SINGER, et al., 2016, p. 804).
Nos países em desenvolvimento como o Brasil, a sepse demonstra um número maior da
taxa de letalidade. Segundo o levantamento feito pelo estudo PROGRESS, a média global
de letalidade é de 49,6%. O Brasil tem um número muito maior de óbitos por sepse em
comparação a outros países, constituindo um percentual de 67,4% (ILAS, 2015). No país,
foram registrados 19.604 óbitos por sepse no período de 2018, segundo dados colhidos
sobre a mortalidade no país a partir do banco de dados do Departamento de Informática
do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2018).
A rápida identificação dos sinais da sepse e início de tratamento precoce são
cruciais para sucesso terapêutico (ILAS, 2015). O Instituto Latino Americano da Sepse
(ILAS) se baseia nas diretrizes da Campanha de Sobrevivência a Sepse (Surviving Sepsis
Campaign) e utiliza suas definições de nomenclatura. Os termos descritos atualmente são:
infecção, sepse e choque séptico. Atualmente o diagnóstico não está mais associado à
Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS), mas neste ponto o ILAS não entra
em concordância com as diretrizes do Sepsis-3, considerando a SIRS importante para
triagem de pacientes suspeitos (ILAS, 2018).
No entanto não foram adotados os critérios clínicos para definição de disfunção
orgânica do Sepsis-3. As principais disfunções orgânicas para diagnóstico da sepse
independente da presença de sinais de SRIS são: Hipotensão (PAS < 90 mmHg ou PAM
< 65 mmHg ou queda de PA > 40mmHg), oligúria (≤0,5mL/Kg/h) ou elevação da
creatinina (>2mg/dL), relação PaO2/FiO2 < 300 ou necessidade de O2 para manter SpO2
> 90%, contagem de plaquetas < 100.000/mm³ ou redução de 50% no número de
plaquetas em relação ao maior valor registrado nos últimos três dias, lactato acima do
valor de referência, rebaixamento do nível de consciência, agitação, delirium, aumento
significativo de bilirrubinas (>2X o valor de referência) (ILAS, 2018). “Quanto ao
critério para o choque séptico, determinou-se a sepse que evoluiu com hipotensão não
corrigida com reposição volêmica (PAM ≤65 mmHg)” (ILAS, 2018, p.4).
Apesar das controvérsias, no que se diz respeito ao manejo de pacientes sépticos,
é universal que o diagnóstico precoce e intervenção imediata são extremamente
necessários para sucesso do tratamento e redução da mortalidade. Os objetivos iniciais
devem focar na melhoria da perfusão com ressuscitação volêmica e administração
precoce de antibióticos (SCHUBERT et al., 2019).

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A sepse é uma doença grave que tem elevada incidência nas Unidades de Terapia
Intensiva, e acaba por levar à morte muitos pacientes (VERAS et al., 2019). O diagnóstico
precoce pode minimizar as piores consequências dos quadros de sepse e a enfermagem
tem papel fundamental. Para Schubert et al. (2019, p.10): “O treinamento das equipes de
enfermagem é importante para identificar a sepse precocemente”.
De acordo com Viana, Machado e Sousa (2017), a importância da equipe de
enfermagem no combate a sepse se dá pelo fato de que esses profissionais estão sempre
mais próximos dos pacientes, atentos a quaisquer mudanças do quadro de saúde deles,
manifestações clínicas, e alterações hemodinâmicas. O enfermeiro deve conhecer todos
os parâmetros que envolvem a sepse, trabalhar em conjunto com a equipe
multiprofissional, utilizar protocolos e check lists.
A enfermagem tem um papel importante como ciência, e tem muito a enriquecer
com suas concepções e práticas, como explica Sousa et al., (2019, p. 840): “Sabe-se que
a Enfermagem é detentora de saberes próprios, como profissão e prática”.
Com o intuito de garantir a melhor assistência aos pacientes, precisam-se buscar
melhores táticas quanto as melhores evidências científicas disponíveis na área de
enfermagem sobre a sepse, pois, como foi dito por Sousa et al., (2019, p. 840): “a ciência
da enfermagem diz respeito às condições necessárias e suficientes para a promoção,
manutenção, e restauração da saúde em seres humanos”. Acrescenta-se que, identificar
na literatura os temas, as abordagens, as dificuldades, os avanços e tudo que a
enfermagem tem produzido, torna-se relevante diante da magnitude da temática.
Deste modo este estudo tem por objetivo: Identificar na literatura brasileira o
estado da arte sobre sepse na perspectiva da Enfermagem no recorte temporal
correspondente aos últimos cinco anos. A importância de saber a produção de pesquisas
produzidas pela enfermagem sobre a sepse é por esta classe ser grande aliada na luta
contra a sepse (VIANA; MACHADO; SOUSA, 2017).

2 METODO UTILIZADO
Este estudo trata-se de uma pesquisa descritiva, do tipo revisão integrativa da
literatura. De acordo com Gil (2008), na pesquisa descritiva através de revisão da
literatura, descrever-se-á as características de um fenômeno, com base em artigos
científicos. Segundo Souza, Silva e Carvalho (2010), “a revisão integrativa é um método
que proporciona a síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de
resultados de estudos significativos na prática”.

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A elaboração desta revisão integrativa tem por objetivo responder a seguinte


questão norteadora: Qual o estado da arte da produção científica brasileira sobre sepse na
perspectiva da enfermagem no período de 2015 a 2020?
A pesquisa foi realizada no período de julho a outubro de 2020. Foram utilizados
artigos disponibilizados na língua portuguesa, com texto completo, publicação
correspondente aos últimos cinco anos (2015 -2020), indexados na Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS), cuja forma de busca se deu a partir dos Descritores das Ciências da Saúde
(DECs): Sepse, Enfermagem e Choque séptico, com uso do operador Booleano AND.
Artigos em outras línguas, com textos incompletos e publicação em mais de uma revista,
sendo considerado apenas uma, foram descartados, configurando-se estes os critérios de
exclusão.
Foram encontrados 40 artigos a princípio, sendo estes analisados a partir dos
títulos e resumos. Os artigos que não completavam os critérios de inclusão e não
respondiam à questão norteadora da temática foram excluídos, restando 15 que compõem
esta revisão.
Os achados do estudo foram apresentados em quadros, utilizando-se dos recursos
do programa Microsoft Word ® Plus Versão 2016, os quais foram dispostos em ordem
cronológica de publicação e representados sequencialmente pela letra (A) e numeração
correspondente. Posteriormente, os achados foram discutidos à luz da literatura relativa à
temática.

3 RESULTADOS/DISCUÇÕES
A amostra final foi constituída de 15 artigos, os quais apresentaram os critérios
que atendem a proposta do estudo, conforme disposto no quadro 1.

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Quadro 1: Síntese dos artigos científicos que compõem a pesquisa, de acordo com a sequência de
identificação, base de dados, autor, ano de publicação e título.
SEQUÊNCIA DE BASE DE AUTOR ANO TÍTULO
IDENTIFICAÇÃO DO DADOS
ARTIGO
A1 BVS GARRIDO et al. 2017 Ações do enfermeiro na
identificação precoce de
alterações sistêmicas causadas
pela sepse grave
A2 BVS PEDROSA; 2018 Validação de protocolo
OLIVEIRA; assistencial ao paciente séptico na
MACHADO. Unidade de Terapia Intensiva
A3 BVS SOUZA et al. 2018 Conhecimento do Enfermeiro
Sobre o Choque Séptico
A4 BVS MELLO; 2018 SEPSISCARE: Avaliação de
ERDMANN; Aplicativo Móvel no Cuidado de
MAGALHÃES Enfermagem ao Paciente com
Sepse
A5 BVS CORRÊA et al. 2019 Perfil de termorregulação e
desfecho clínico em pacientes
críticos com sepse
BVS VERAS et al. 2019 Avaliação de um protocolo clínico
A6 por enfermeiros no tratamento da
sepse
A7 BVS OLIVEIRA et al. 2019 O Enfermeiro na Detecção dos
Sinais e Sintomas que Antecedem
Sepse em Pacientes na Enfermaria
A8 BVS SOBRINHO et al. 2019 Carga de Trabalho da
Enfermagem e a Mortalidade de
Pacientes nas Unidades de Terapia
Intensiva
A9 BVS DUARTE et al. 2019 Associação dos fatores
demográficos, clínicos e do
manejo terapêutico no desfecho de
pacientes sépticos atendidos em
uma emergência hospitalar
A10 BVS VOLPÁTI; PRADO; 2019 Perfil Epidemiológico dos
MAGGI Pacientes com Sepse de Foco
Abdominal
A11 BVS MIRANDA; SILVA; 2019 O conhecimento do Enfermeiro
DUARTE frente ao protocolo da Sepse em
um Serviço de Emergência de um
Hospital Público de Grande Porte.
BVS LIMA et al. 2020 Sepse e choque séptico:
A12 compreensão de enfermeiros de
um hospital escola de grande porte
A13 BVS ALVIM et al. 2020 Conhecimento da equipe de
enfermagem em Relação aos
Sinais e Sintomas da Sepse
A14 BVS SOUSA et al. 2020 Conhecimento de enfermeiros
sobre sepse e choque séptico em
um hospital escola
A15 BVS LEITE et al. 2020 Sistematização da Assistência de
Enfermagem Aplicada ao Idoso
com Sepse
Fonte: Dados da pesquisa, 2020.

Dos 15 artigos encontrados, observou-se que um (1) foi publicado em 2017; três
(3) no ano de 2018; sete (7) em 2019 e quatro (4) no ano de 2020.
Conforme a abordagem metodológica constatou-se diferenciadas metodologias,
sendo seis (6) dos artigos especificaram que se tratava de estudos quantitativos (incluindo

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quantitativos descritivos, transversais, exploratórios), três (3) de abordagem qualitativa,


um (1) Estudo de validação metodológica, um (1) estudo do tipo processo de
desenvolvimento de produto, um (1) retrospectivo, descritivo e exploratório, um (1)
estudo de coorte, um (1) pesquisa documental e um (1) estudo transversal e descritivo.
Dentre os artigos publicados, identificou-se as seguintes revistas/periódicos:
Revista Brasileira de Enfermagem, Cienc Cuid Saude, Cogitare enfermagem, AV.
enferm. , Revi. Pesqui. (Univ. Fed. Estado Rio J.,Online), Rev. enferm. UFSM, Rev.
enferm. UFPE online, Nursing (Säo Paulo), Enferm. foco (Brasília).
Quanto à metodologia e principais resultados/aspectos abordados, observa-se o
disposto no quadro 2.

Quadro 2 apresenta uma síntese dos artigos estudados, contendo a sequência de identificação do artigo, a
metodologia abordada e os principais resultados, bem como os aspectos abordados.
SEQUÊNCIA DE METODOLOGIA PRINCIPAIS
IDENTIFICAÇÃO DO RESULTADOS/ASPECTOS
ARTIGO ABORDADOS
A1 Estudo descritivo, quantitativo com 24 Evidenciou-se que os profissionais têm
enfermeiros. Os dados foram dificuldade em interpretar dados clínicos
coletados por meio de formulário precocemente: alterações
composto de questões estruturadas. hemodinâmicas, neurológicas,
respiratórias, renais e nutricionais e que
conseguem identificar parcialmente os
sinais e sintomas apresentados pelo
paciente séptico. Apresentam também
dificuldade em usar os protocolos.
A2 Estudo de validação metodológica de Inicialmente o protocolo foi composto por
instrumento. Foram seguidas duas 18 itens. O julgamento inicial resultou em
etapas: elaboração do instrumento e uma reformulação e refinamento do
validação de conteúdo segundo a conteúdo do instrumento inicial, sendo
técnica Delphi. Para a validação de formulado outro protocolo restando 15.
conteúdo do instrumento foram Esses itens abrangiam 3 grandes tópicos:
selecionados os avaliadores/juízes por Tópico 1 - Triagem para sepse e
busca avançada na Plataforma Lattes, reconhecimento das manifestações
do site do Conselho Nacional de clínicas; Tópico 2 - Pacote de
Desenvolvimento Científico e ressuscitação inicial (controle das
Tecnológico (CNPq). primeiras seis horas); Tópico 3 -
Tratamento de suporte. A partir da
validação de conteúdo realizada, foi
possível a elaboração do protocolo de
base cientifica com intuito de nortear a
assistência, de forma efetiva, rápida e com
qualidade.
A3 Estudo descritivo, transversal com Identificou-se que os enfermeiros têm
tratamento quantitativo dos dados, dificuldade em reconhecer sinais e
realizado em um hospital público de sintomas iniciais de Choque séptico.
grande porte localizado no sul do Apesar de 80% conhecerem os principais
estado de São Paulo. Um instrumento sintomas, sua fragilidade apresentou-se
contendo as variáveis relativas ao em respostas negativas quanto à
choque séptico foi aplicado para o associação de suspeita de infecção, sobre
atendimento do objetivo. Quarenta e a hiperglicemia, sobre a elevação da
um enfermeiros responderam ao saturação de oxigênio no sangue venoso
instrumento

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misto, que são variáveis relevantes


relativas ao choque séptico.
A4 Estudo descritivo que utilizou o Constatou-se que o aplicativo
Processo de Desenvolvimento de desenvolvido no estudo, pode ajudar
Produtos como método para bastante no reconhecimento do paciente
desenvolvimento do aplicativo. séptico nas UTIs, e pode ser uma
Participaram do estudo seis estratégia a beira leito proveitosa no dia a
enfermeiras da Unidade de Terapia dia. Os enfermeiros participantes
Intensiva de um hospital público de avaliaram positivamente o protótipo e
Santa Catarina. A coleta dos dados fizeram sugestões para aprimoramento do
ocorreu por meio de entrevistas nos aplicativo, como a adição de menus com
meses de setembro de 2016 a janeiro diagnósticos de enfermagem para o
de 2017, e utilizou-se a análise de paciente séptico. Essas e outras mudanças
conteúdo para análise dos dados. foram atendidas e avaliação foi mais
positiva ainda. De acordo com as
enfermeiras contém informações
importantes acerca do tema e da pratica
do enfermeiro. A construção de aplicativo
visa facilitar a identificação, prevenção e
cuidados e contribuirá para a atualização
dos profissionais.
A5 Estudo retrospectivo, descritivo e O estudo demostra que no caso da
exploratório. Incluíram-se pacientes hipotermia ela foi mais presente nos
maiores de 18 anos, diagnosticados pacientes cujo desfecho foi o óbito do que
com sepse grave ou choque séptico no nos que tiveram alta hospitalar.
período de janeiro a dezembro 2012, Correlacionando com a literatura com
atendidos em uma UTI de um hospital maior risco de mortalidade,
púbico. Foram levantadas variáveis imunossupressão e estado hemodinâmico
sociodemográficas, clínicas e o caracterizando o Choque Séptico. Em
desfecho. relação aos casos hipotérmicos, quase
metade ocorreram na ausência de choque
ou desconforto respiratório e a incidência
de hipotermia não aumentou durante
qualquer uma dessas condições. A
frequência de febre em pacientes que
tiveram alta foi maior, indicando que a
temperatura corporal elevada é natural da
resposta inflamatória a infecção, podendo
melhorar o prognóstico do paciente
séptico. Sendo também evidenciado que a
frequência de Hipotermia é maior nos
pacientes idosos.
A6 Estudo do tipo descritivo com Demostrou-se a atuação do enfermeiro no
abordagem qualitativa realizado em uso de protocolos clínicos no tratamento
um hospital de nível terciário com da sepse. Apresentando as dificuldades
enfermeiros da emergência e unidades encontradas no processo, como demora
de terapia intensiva totalizando 14 dos serviços acionados, assistência
participantes, no período de outubro e médica, laboratório, etc., que atrapalham
novembro de 2018. Utilizou-se para a agilidade do cumprimento dos
coleta de dados um gravador e um protocolos e desfecho clinico. Infere que
formulário com perguntas as ações de enfermagem não se
semiestruturadas, avaliadas por meio restringem apenas a realização do
da análise de conteúdo. protocolo, mas que também é necessária a
avaliação do tratamento observando as
respostas do organismo do paciente.
Reforça que o protocolo não é apenas um
documento e sim uma ferramenta
importante para prestar a melhor
assistência de enfermagem com
qualidade.

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A7 Estudo descritivo com abordagem Foi evidenciado que os enfermeiros


quantitativa, a população foram 10 possuem conhecimento sobre sinais e
Enfermeiros em plantões diurnos na sintomas da sepse, mas não correlacionam
enfermaria da Clínica. A coleta de com o sepsis-1, sepsis-2, e sepsi3.
dados foi um questionário estruturado, Observou-se que os enfermeiros dão mais
abordando identificação dos sinais e atenção aos parâmetros de sinais vitais e
sintomas que antecedem a sepse, tem dificuldade em interpretar exames
englobando as características e laboratoriais. Todos os participantes
particularidades da sepse. afirmaram a inexistência de protocolos
clínicos de sepse e pacotes de cuidados
padronizados no setor estudado. Sobre a
estratégia a beira leito quick SOFA
(Sepsis-3), os enfermeiros apontaram o
nível de consciência e taquipneia como
sintomas da sepse, mas nenhum
identificou o parâmetro da pressão
arterial.
A8 Trata-se de um estudo de coorte A principal causa de morte identificada
realizado no período de setembro de foi a sepse. O estudo também aponta que
2014 a abril de 2015, com 270 a maior carga assistencial eleva o risco de
pacientes, para correlacionar a carga falhas na assistência, como também a
de trabalho da equipe de enfermagem questão do dimensionamento inadequado
com a mortalidade dos pacientes da equipe.
internados na UTI. Utilizou-se o
instrumento NAS e, posteriormente,
foi submetido à análise estatística no
BioEstat 5.3®.
A9 Pesquisa documental retrospectivo, Infere-se que há associação entre o perfil
312 prontuários de pacientes sépticos, demográfico do paciente, suas
realizado análise descritiva, comorbidades, disfunções orgânicas e o
comparações de dados categóricos manejo terapêutico relacionado com a
utilizaram-se os Testes de Qui gravidade da sepse e com o desfecho
quadrado ou Exato de Fisher, com clínico. Sendo identificado também que
correção de Monte Carlo. ainda existem alguns profissionais que
não aderem aos pacotes propostos pela
campanha da Surving Sepsis Campaing.
Não foi possível comprovar que a não
adesão dos pacotes está relacionada com
os casos de óbito, mas pode estar
associado ao agravamento do quadro e
comprometimento orgânico no paciente
por falta dos pacotes que identificam
disfunções orgânicas.
A10 Trata-se de um estudo quantitativo, Identificou-se que a sepse de foco
descritivo, transversal, realizado com abdominal é bastante expressiva na taxa
40 pacientes internados em uma em de mortalidade e morbidade. Associou-se
uma Unidade de Terapia Intensiva. também a maior mortalidade relacionada
Realizou-se a associação com o óbito a faixa etária avançada e incidência e
por meio dos testes de qui-quadrado mortalidade sepse com foco abdominal
de Pearson e exato de Fisher. nos pacientes masculinos. E destacou
Apresentaram-se os resultados em também maior mortalidade em pacientes
forma de tabelas. já com choque séptico. Afirmou-se que
os principais objetivos das intervenções, é
determinar a causa da peritonite, drenar as
coleções de líquidos e controlar a origem
da sepse abdominal.
A11 Trata-se de um estudo analítico, Foi evidenciado que os enfermeiros da
observacional, com corte transversal, instituição conhecem sobre a sepse,
quantitativo. A coleta de dados foi sabem identificá-la e aplicar os cuidados
realizada em um hospital de grande nas primeiras horas. 93,33% afirmam ter

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porte com Emergência Clínica 24h em protocolo na instituição e 66,66% dizem


Recife, no período de fevereiro a ter sido treinado. Apesar de reconhecer os
abril/2018. sinais da sepse os enfermeiros confundem
quanto a sua denominação e classificação.
A12 Trata-se de um estudo descritivo com Evidenciou-se o conhecimento razoável
abordagem qualitativa, desenvolvido por parte dos enfermeiros entrevistados
em um hospital escola, público e de sobre as definições de sepse e choque
grande porte de uma capital brasileira. séptico, sinais e sintomas. Destacando
A coleta de dados ocorreu no período ainda mais dificuldade em identificar o
de julho a agosto de 2017 por meio de paciente em choque séptico. O estudo
entrevistas com 47 enfermeiros com também apontou falhas na formação
roteiro semiestruturado, abrangendo acadêmica como motivo da visão rasa
questões sobre definição, sobre o assunto e sugeriu melhor
classificação de sepse, manifestação capacitação, educação continuada, e
clínica, tratamento e recomendações e implementação de protocolos gerenciados
analise de conteúdo de Bardin. pelos profissionais e instituição.
A13 Estudo descritivo, quantitativo que foi Este artigo verificou o conhecimento da
realizado em um hospital de grande equipe de enfermagem e não apenas do
porte localizado na região leste de enfermeiro em relação aos sinais e
Belo Horizonte, MG, Brasil. A sintomas da sepse. Em relação ao
amostra contemplou 61 participantes conhecimento específico sobre os sinais e
atuantes no setor de internação que sintomas da sepse, foi contatado que eles
responderam um instrumento possuem entendimento adequado. No
estruturado com 25 questões de Entanto foi identificado que os
múltipla escolha. profissionais não têm conhecimento
adequado em relação às disfunções
cardiovasculares. Mostrou que a pesar da
maioria ter recebido treinamento
adequado ainda é necessária estratégia de
educação continuada para sanar as
deficiências em relação os sinais e
sintomas. Além disso, foi relatado que
menos da metade dos participantes
referiram reconhecer o paciente séptico.
A14 Estudo transversal e descritivo, O conhecimento sobre sepse e choque
realizado em hospital escola público séptico foi insatisfatório por parte dos
de uma capital brasileira. A amostra participantes possuindo dificuldades na
foi composta por 47 enfermeiros, que identificação precoce das alterações
realizavam cuidados a pacientes sistêmicas causadas pela sepse. Apesar do
adultos em unidades de internação. A nível de qualificação dos profissionais foi
coleta de dados ocorreu entre julho e evidenciado que grande parte destes não
agosto de 2017. Os resultados foram se sente preparados, qualificados e
apresentados por estatística descritiva. capazes de cuidar de pacientes sépticos.
Verificou-se ainda falta de atualização
dos profissionais e falta de protocolos e
treinamentos na instituição.
A15 Trata-se de um estudo qualitativo, Evidenciou-se a importância do papel da
descritivo tipo estudo de caso, enfermagem pela SAE e o plano de
realizado no setor de clínica médica de cuidado com uso da Teoria de Dorothea
um hospital geral de alta Orem escolhida pela dependência da
complexidade, por cinco discentes do paciente do caso, onde o enfermeiro neste
Curso de Enfermagem, respeitando os caso deve intervir quando não há
aspectos éticos em uma paciente com possiblidade do autocuidado. A Sepse, no
várias enfermidades. Obtiveram-se a caso da paciente estudada, desencadeou-
história clínica e a coleta de outras se pelo agravamento da LPP grau IV,
informações da paciente por meio de sepse de foco cutâneo, com complicações,
busca em prontuário. Aplicou-se, de como taquicardia, dispneia, leucocitose,
modo a melhorar o cuidado prestado à com o aumento do número de bastonetes
paciente por meio da Sistematização e hipoperfusão sistêmica, levando a
da Assistência de Enfermagem, a disfunções cardíaca, pulmonar, renal e

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Teoria do Autocuidado de Dorothea neurológica. Tais sinais e sintomas


Orem, que se divide em três teorias resultaram em diagnósticos como (Padrão
inter-relacionadas. Respiratório Ineficaz e Troca de Gazes
prejudicada; Síndrome do idoso frágil;
Débito Cardíaco Diminuído; Volume de
Líquidos Excessivo; Dor aguda e
Mobilidade Física Prejudicada).
Fonte: Dados da pesquisa, 2020.

Ressalta-se que dentre os artigos, observou-se predominância sobre as temáticas


que buscam identificar o conhecimento dos enfermeiros e da equipe de enfermagem sobre
a sepse.

3.1 CONHECIMENTOS DO ENFERMEIRO E DA ENFERMAGEM SOBRE SEPSE


O A1 buscou verificar as ações do enfermeiro para identificar as alterações
sistemas que a sepse causa. Constatou-se que os enfermeiros conhecem parcialmente os
sinais e sintomas dos pacientes com sepse, apresentam deficiência em identificar dados
clínicos de alterações hemodinâmicas, neurológicas, respiratórias, renais e nutricionais e
dificuldade em usar os protocolos. Estas dificuldades sugerem-se estar relacionado com
a falta de treinamento e de protocolos por parte das instituições (GARRIDO et al., 2016).
O A3 objetivou identificar o conhecimento dos enfermeiros, acerca do choque
séptico. Onde foi apontada fragilidades em respostas negativas, quanto á variáveis
relativas ao choque séptico como: infecção, hiperglicemia, e elevação da saturação de
oxigênio no sangue venoso misto. Outras respostas negativas que indicaram o não
conhecimento dos participantes estão relacionadas à hipotermia, ílio paralítico e
hiperbirrubinemia no choque séptico.
No A7 o intuito foi descrever os sinais e sintomas que antecedem a sepse
identificados pelo enfermeiro e analisar como correlaciona os sinais e sintomas com a
Sepsis-1, Sepsis-2 e Sepsis-3. Sendo evidenciado que eles possuem conhecimento a cerca
do tema, os sinais e os sintomas, porém não relaciona com as diretrizes dos Sepsis. Além
de que, também foi observado que se dá mais atenção aos parâmetros vitais e que os
enfermeiros possuem dificuldade de interpretar exames laboratoriais. Outra observação
feita foi que todos os participantes afirmaram a não existência de protocolos clínicos de
sepse e pacotes no setor da instituição que foi realizado o estudo. Sobre a estratégia a
beira leito quick SOFA (Sepsis-3), os enfermeiros apontaram o nível de consciência e
taquipneia como sintomas da sepse, mas nenhum identificou o parâmetro da pressão
arterial.

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Correlacionar o entendimento dos enfermeiros do Sepisis-1, Sepsis-2 e Sepisis-3


são importantes, pois, por exemplo: no caso do Sepsis-1 a pesar de estarem
desatualizados, os sinais de SIRS descritos nele deve ser utilizado ainda hoje para triagem
de paciente com risco de sepse, sendo uma importante ferramenta na identificação
precoce da sepse, servindo de alerta clinico (OLIVEIRA et al., 2019).
O A11 buscou descrever o conhecimento dos enfermeiros quanto à identificação
precoce da Sepse. Nesta pesquisa foi evidenciado que os enfermeiros da instituição
conhecem sobre a sepse, sabem identificá-la e aplicar os cuidados nas primeiras horas.
De ponto a melhorar, evidenciou-se uma confusão em relação à denominação da sepse,
que teve uma ultima atualização no Sepsis-3. Dos participantes, 93,33% afirmam ter
protocolo na instituição e 66,66% dizem ter sido treinado.
Este melhor resultado em relação ao melhor conhecimento por parte dos
enfermeiros pode ser explicado pela existência de protocolos na instituição e pelos
treinamentos. (MIRANDA; SILVA; DUARTE, 2019). Apesar de reconhecer os sinais da
sepse os enfermeiros confundem quanto a sua denominação e classificação, problema
comum evidenciado também no A7 e A12.
No A12 objetivou-se identificar a compreensão dos enfermeiros a respeito da
sepse e choque séptico. Sendo observado um conhecimento razoável sobre as definições
de sepse e choque séptico, os sinais e os sintomas. E o destaque foi a maior dificuldade
em identificar o paciente em choque séptico. O estudo também apontou falhas na
formação acadêmica como motivo da visão rasa sobre o assunto e sugeriu melhor
capacitação, educação continuada, e implementação de protocolos gerenciados pelos
profissionais e instituição.
O A13 verificou o conhecimento dos profissionais de enfermagem em relação aos
sinais e sintomas da sepse. Sobre os sinais e sintomas constatou-se que possuem
conhecimento adequado, no entanto em relação às disfunções cardiovasculares possuem
dificuldades em identificar hipovolemia, vasodilatação periférica, depressão miocárdica,
aumento da permeabilidade endotelial e hipermetabolismo. Neste artigo assim como no
A11, os participantes afirmaram ter sidos treinados. Mesmo assim, como ainda foram
encontradas dificuldades em reconhecer algumas alterações, foi indicada estratégias de
educação continuada. Principalmente, pois um pouco menos da metade dos participantes
informaram não reconhecer o paciente séptico (ALVIM et al., 2020).
No A14 o objetivo também foi identificar o conhecimento de enfermeiros sobre
sepse e choque séptico. Sendo evidenciado conhecimento insatisfatório na identificação

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precoce das alterações sistêmicas causadas pela sepse. Grande parte dos participantes
também referiu não se sentirem preparados, qualificados e capazes de cuidar deste tipo
de paciente. Sendo identificada falta de atualização dos profissionais e falta de protocolos
e treinamento na instituição (SOUSA et al., 2020).

3.2 PROTOCOLOS DE SEPSE


No A2 o objetivo foi elaborar e validar um protocolo para assistência do
enfermeiro ao paciente séptico em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). A partir da
validação de conteúdo realizada, foi possível a elaboração do protocolo de base cientifica
com intuito de nortear a assistência, de forma efetiva, rápida e com qualidade.
Segundo CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO
(2017) no guia para construção de protocolos assistenciais de enfermagem, a criação
destes protocolos tem varias vantagens, dentre tantas se destaca a maior segurança aos
usuários e profissionais por realizarem a prática baseada em evidências. Os protocolos
são um guia para conduzir os profissionais, capaz de melhorar a assistência e reduzir as
taxas de erros, bem como no caso da sepse, ajuda a salvar vidas.
O A6 avaliou o uso de protocolo por enfermeiros no tratamento da sepse. O
trabalho foi elaborado por categorias assim intituladas: capacitação dos profissionais para
manejo do protocolo; conhecimento acerca do protocolo sepse; desafios do enfermeiro
no uso do protocolo; experiências exitosas: desfecho do paciente pós-protocolo. Em
relação à capacitação para o manejo do protocolo, os participantes relataram não ter sidos
treinados, que seguiam os check lists e desenvolviam as habilidades no dia-a-dia. Sobre
o conhecimento a cerca do protocolo sepse, os funcionários reconheceram a função e
importância dos protocolos, mas em relação à doença, tinham pouco conhecimento e não
souberam caracterizar a sepse. Fator este que também corroboram com os achados de
outros autores. No caso das experiências exitosas os enfermeiros relataram perceber um
melhor prognóstico com a utilização dos protocolos pelo inicio mais rápido das ações. Já
sobre os desafios do enfermeiro no uso do protocolo, apontaram a demora dos serviços,
acionados, laboratório, farmácia, cirurgião bem como a restrição da equipe de
enfermagem em iniciar o pacote das 3 horas, dificuldade em iniciar o antibiótico pela
demora da prescrição, ou pela demora do envio da medicação pela farmácia e também
demora do diagnóstico de sepse (VERAS ET al., 2019).
Ambos os estudos falam sobre os protocolos de sepse, no primeiro foi realizada a
elaboração de um protocolo com embasamento cientifico e validado por profissionais

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renomados. O segundo avalia o uso dos protocolos e fatores que dificultam a utilização
dos mesmos no dia-a-dia dos profissionais. Demostrou-se a preocupação dos enfermeiros
em ter uma ferramenta eficaz, já que sabem da importância do uso dos protocolos e
também a importância de ser uma ferramenta validada e compatível com a realidade de
onde será empregada, pois o protocolo não é apenas um documento e sim uma ferramenta
importante para prestar a melhor assistência de enfermagem (VERAS et al., 2019).

3.3 AVANÇOS E DESAFIOS À EQUIPE DE ENFERMAGEM


O A4 veio com uma proposta criativa de criação de um aplicativo móvel para a
prevenção, identificação e cuidados de enfermagem ao paciente séptico. Sendo avaliado
positivamente pelos participantes, onde foi incluído após a avaliação dos enfermeiros,
menus com diagnósticos de enfermagem para estes pacientes. Visou-se facilitar a
identificação, como estratégia a beira leito, servindo para atualização dos profissionais,
contendo informações importantes sobre a sepse e a prática do enfermeiro (MELLO;
ERDMANN; MAGALHÃES, 2018).
No A5 o objetivo foi descrever o perfil da temperatura corporal e o desfecho em
pacientes com sepse. A febre e a hipotermia são sinais comuns na sepse, e pode ocorrer
em todas as suas fases. Neste estudo identificou-se que a hipotermia foi mais presente
cujo desfecho dos pacientes foi o óbito. Correlacionando com a literatura a hipotermia é
um parâmetro com maior risco de mortalidade, imunossupressão e estado hemodinâmico,
caracterizando o choque séptico. Já a frequência de febre em pacientes que tiveram alta
foi maior, indicando ser a elevação da temperatura, um processo natural da resposta
inflamatória a infecção (CORRÊA et al., 2018).
O A8 Analisou a correlação entre a carga de trabalho da equipe de enfermagem e
a dos pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva. Sendo a sepse indicada como
a principal causa de morte na UTI. O estudo apontou que a maior carga assistencial e
dimensionamento inadequado da equipe eleva o risco de falhas na assistência.
O A9 buscou identificar a associação dos aspectos demográficos, clínicos e do
manejo terapêutico no desfecho dos pacientes diagnosticados com sepse. Descobrindo-se
que há associação entre estes fatores com a gravidade da sepse. Sendo identificado
também que alguns profissionais não aderem aos pacotes propostos pela Surving Sepsis
Campaing, não sendo possível comprovar que a não adesão dos pacotes está relacionada
com os casos de óbito. Mas pode estar relacionado com o agravamento do quadro e

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comprometimento orgânico por falta dos pacotes que identificam as disfunções orgânicas
(DUARTE et al., 2019).
No A10 investigou-se o perfil epidemiológico, os fatores associados ao óbito e
buscou-se nortear as intervenções de enfermagem frente aos pacientes com sepse de foco
abdominal. Sendo identificado que a sepse de foco abdominal é expressiva na taxa de
mortalidade. Associou-se a maior taxa de mortalidade relacionada à faixa estaria
avançada, e incidência e mortalidade de sepse com foco abdominal em pacientes do sexo
masculino. Sendo identificada também, a maior taxa de mortalidade em pacientes já com
choque séptico, dado este que entra em acordo com as demais literaturas. Afirmou-se
que os principais objetivos das intervenções, é determinar a causa da peritonite, drenar as
coleções de líquidos e controlar a origem da sepse abdominal.
No A15 o objetivo foi descrever a sistematização da assistência de Enfermagem,
respaldada na teoria do autocuidado de Dorothea Orem, a uma paciente com sepse.
Tratou-se de um estudo de caso onde, evidenciou-se a importância do papel da
enfermagem pela SAE e o plano de cuidado. A Sepse, no caso da paciente estudada,
desencadeou-se pelo agravamento da LPP grau IV, sepse de foco cutâneo, com
complicações, como taquicardia, dispneia, leucocitose, com o aumento do número de
bastonetes e hipoperfusão sistêmica, levando a disfunções cardíaca, pulmonar, renal e
neurológica. A partir destes sinais e sintomas elencaram alguns diagnósticos de
enfermagem como: (Padrão Respiratório Ineficaz e Troca de Gazes prejudicada;
Síndrome do idoso frágil; Débito Cardíaco Diminuído; Volume de Líquidos Excessivo;
Dor aguda e Mobilidade Física Prejudicada).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se que a enfermagem tem contribuído cada vez mais com a comunidade
científica com suas pesquisas. A sepse é um assunto atual que envolve muito a
enfermagem por ser um desafio para esta equipe, principalmente para os que atuam em
UTI. Todos os achados destas pesquisas são importantes para que sejam revistas as
práticas dos profissionais de enfermagem. Para tanto, é importante avaliar os pontos
positivos e também negativos que foram discutidos.
Dentre os artigos analisados, observou-se predominância sobre as temáticas que
buscam identificar o conhecimento dos enfermeiros e da equipe de enfermagem sobre a
sepse. Demostrando ser uma preocupação a questão de averiguar a qualificação dos
enfermeiros em relação à identificação e manejo da sepse. Infelizmente os resultados não

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foram satisfatórios, e é evidente a necessidade de implementação de protocolos


gerenciado nas instituições, bem como atividade de atualização, educação continuada,
educação permanente e encorajamento tanto por parte das instituições quanto por parte
dos próprios profissionais.
Foi observado que a enfermagem também está empenhada em ofertar a melhor
assistência de enfermagem sendo evidenciada pelo interesse de criar ferramentas que
facilitem o trabalho multidisciplinar, com o desenvolvimento de protocolos baseados nas
melhores evidências científicas, criação de aplicativo móvel para atender aos pacientes
sépticos voltado para enfermagem. Também se percebe a preocupação em identificar os
fatores que dificultam uma assistência eficaz ao pacientes com sepse, tanto os fatores
pessoais, institucionais, como por exemplo: a falta de protocolos, treinamentos, os
próprios fatores que dificultam a utilização destas ferramentas, a questão de carga horaria
de trabalho da enfermagem entre outros.
Evidencia-se, portanto que a enfermagem vem ganhando espaço e voz na
comunidade cientifica, demostrando que os enfermeiros têm capacidade de contribuir
para os avanços científicos e superar seus próprios desafios. Este estudo também
descortina para a necessidade de novos estudos associados à temática, tendo em vista sua
importância no âmbito da terapia intensiva.

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