Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DOI:10.34117/bjdv6n8-658
RESUMO
A tuberculose é uma doença infecciosa de caráter universal considerada como um problema de
saúde pública. Conhecer a situação dessa enfermidade é de grande importância, pois a partir disso
é possível estabelecer ações que visem o seu melhor controle epidemiológico. Nesse sentido, o
presente estudo teve por objetivo conhecer a situação epidemiológica da tuberculose no estado do
Ceará. Para isso, utilizou-se como fonte de dados os boletins epidemiológicos divulgados pela
Secretaria de Saúde. Foram analisados os seguintes indicadores epidemiológicos: casos novos e
incidência de tuberculose; proporção de cura e abandono; taxa de mortalidade e letalidade; taxa de
coinfecção tuberculose-HIV; distribuição segundo sexo, faixa etária e município de ocorrência, no
ABSTRACT
Tuberculosis is an infectious disease of universal character considered as a public health problem.
Knowing the situation of this disease is of great importance, since from this it is possible to establish
actions that aim at its better epidemiological control. In this sense, the present study aimed to
understand the epidemiological situation of tuberculosis in the state of Ceará. For this, the
epidemiological bulletins released by the Department of Health were used as a data source. The
following epidemiological indicators were analyzed: new cases and incidence of tuberculosis;
proportion of cure and abandonment; mortality and lethality rate; tuberculosis-HIV co-infection
rate; distribution according to sex, age group and municipality of occurrence, from 2008 to 2018.
The analysis of all variables was performed using descriptive statistics. Tuberculosis was more
common in adult men living in the cities of Fortaleza, Caucaia, Sobral and Juazeiro do Norte. There
is still a need to improve the rates of the evaluated indicators. In general, with the exception of the
mortality rate, the other parameters evaluated are in accordance with the national trend.
1 INTRODUÇÃO
A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa, causada pelo microrganismo
Mycobacterium tuberculosis, também denominado de bacilo de Koch (BK), que se propaga pelo o
ar, por meio de gotículas contendo os bacilos expelidos por um doente ao tossir, espirrar ou falar
em voz alta; e quando essas gotículas são inaladas por pessoas sadias, provocam a infecção
tuberculosa e o risco de desenvolver a doença (Brasil, 2002).
Anualmente, são notificados cerca de dez milhões de novos casos de tuberculose em todo o
mundo, levando mais de um milhão de pessoas a óbito (Fernandes et al., 2020). No Brasil, a
tuberculose configura-se como um sério problema de saúde pública, somente no ano de 2019 mais
de 60 mil novos casos foram diagnosticados (Brasil, 2020). Conforme Brasil (2010), por ano, cerca
de 70 mil casos de tuberculose são notificados e 4,5 mil mortes são registradas em decorrência da
doença, embora seja uma enfermidade que tem cura e tratamento gratuito oferecido pelo Sistema
Único de Saúde (SUS). No país, é a quarta causa de morte por doenças infecciosas na população
geral e a primeira causa de morte entre pacientes com AIDS (Brasil, 2011).
É uma doença que possui profundas raízes sociais (Fernandes et al., 2020), mantendo,
historicamente, íntima relação com questões sociais de iniquidade, pobreza e subdesenvolvimento
2 MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo de caráter epidemiológico, descritivo e quantitativo dos casos de
tuberculose notificados à Secretaria de Saúde do estado do Ceará, Brasil. Os registros foram obtidos
por meio de boletins epidemiológicos disponibilizados pela Secretaria de Saúde do referido estado.
Foi analisado o período de 1º de janeiro de 2008 a 31 de dezembro de 2018.
De acordo com os dados do último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o estado do Ceará possui uma área territorial de 148.894,441 km², é composto
por 8.452.381 habitantes com densidade populacional de 56,76 hab/km².
Foram analisados os seguintes indicadores epidemiológicos: casos novos e incidência de
tuberculose; proporção de cura e abandono; taxa de mortalidade e letalidade; taxa de coinfecção
tuberculose-HIV; distribuição segundo sexo, faixa etária e município de ocorrência. Para análise e
discussão dos dados, a situação da tuberculose no Ceará foi comparada ao panorama nacional.
A análise de todas as variáveis foi realizada por estatística descritiva. Não foram utilizados
dados nominais dos pacientes ou quaisquer outros que possibilitem sua identificação, uma vez que
o estudo foi realizado a partir de um banco de dados secundários. Dessa forma, não foi necessária a
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No estado do Ceará de 2008 a 2018 foram registrados 39.353 casos novos de tuberculose, com
uma média de 3.577 casos por ano. Ao longo do período avaliado houve redução de 6,2% na taxa
de incidência passando de 44,8/100 mil habitantes para 42,0/100 mil habitantes, nesse aspecto o
estado do Ceará tem acompanhado a tendência global na redução da incidência de novos casos de
tuberculose. Para a WHO (2018) a incidência global da doença está diminuindo cerca de 1,4% ao
ano desde 2000. Porém, no estado, a quantidade de casos por 100 mil habitantes ainda está superior
a meta indicada pela WHO que é de menos de 10 casos por 100 mil habitantes, essa meta deve ser
alcançada até o ano de 2035; sendo assim, nos próximos 15 anos o Ceará precisará reduzir ainda
mais a taxa de incidência de tuberculose.
Quanto ao gênero, no período estudado, observou-se prevalência da tuberculose em pessoas
do gênero masculino com 65,2% dos casos. Esse resultado acompanha a tendência nacional e
corrobora com Vital Júnior et al. (2020), Freitas et al. (2016), Barros et al. (2014), Belo et al. (2010)
e Silveira et al. (2007) que também observaram maior incidência da tuberculose no sexo masculino.
De acordo com Brasil (2002) a maior incidência da tuberculose no sexo masculino é justificada pelo
fato do homem não cuidar adequadamente de sua saúde e ainda estar mais exposto aos fatores de
risco para a doença quando comparados às mulheres. Além disso, o consumo de álcool, as formas
de trabalho e a maior procura por parte das mulheres aos serviços de saúde são apontados por alguns
autores como responsáveis pela diferença entre os sexos (Monteiro et al., 2007). A WHO quantifica
a preferência da tuberculose no sexo masculino por meio da relação entre homem/mulher, que varia
de 1,5: 1 a 2,1: 1, respectivamente (Freitas et al., 2016).
A faixa etária mais acometida foi a de 20 a 34 anos com 10.705 casos. Essa é o padrão
encontrado nacionalmente e pode ser justificado pelo fato de por estarem em idade economicamente
produtiva os indivíduos dessa faixa etária estão mais expostos aos fatores de risco. Resultados
semelhantes foram encontrados por Barros et al. (2014) e Silveira et al. (2007). Para Coêlho et al.
(2010) e Hino et al. (2011) o fato da maior incidência da tuberculose na população adulta
economicamente ativa é justificador do possível prejuízo financeiro para o doente e sua família, ao
ser diagnosticado com tuberculose, uma vez que ele fica impossibilitado de trabalhar.
No período de 2008 a 2018, quase todos os municípios cearenses notificaram à Secretaria de
Saúde casos de tuberculose. Entre eles, as cidades de Fortaleza, Itaitinga, Caucaia, Sobral e Juazeiro
4 CONCLUSÕES
No período de 2008 a 2018, no Ceará, a tuberculose acometeu em maior proporção homens,
adultos, residentes nos municípios de Fortaleza, Caucaia, Sobral e Juazeiro do Norte. Embora os
serviços de saúde adotem estratégias para o controle da enfermidade ainda há necessidade de
reduzir as taxas de incidência, mortalidade, coinfecção tuberculose-HIV e abandono. O percentual
de cura apesar de alto precisa ser melhorado para atender o percentual recomendado pela WHO.
Com exceção da taxa de mortalidade, os demais parâmetros avaliados estão de acordo com a
tendência nacional.
BARROS, P. G.; PINTO, M. L.; SILVA, T. C.; SILVA, E. L.; FIGUEIREDO, T. M. R. M. Perfil
epidemiológico dos casos de tuberculose extrapulmonar em um município do estado da Paraíba,
2001–2010. Caderno Saúde Coletiva, v. 22, n. 4, p. 343-350, 2014. http://dx.doi.org/10.1590/1414-
462X201400040007.
BELO, M. T. C. T.; LUIZ, R. R.; HANSON, C.; SELIG, L.; TEIXEIRA, E. G.; CHALFOUN, T.;
TRAJMAN, A. Tuberculose e gênero em um município prioritário no estado do Rio de Janeiro.
Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 36, n. 5, p. 621-625, 2010. https://doi.org/10.1590/S1806-
37132010000500015.
FAÇANHA, M. C. Evolução da mortalidade por Tuberculose em Fortaleza (CE), entre 1980 e 2001.
Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 32, n. 6, p. 553-558, 2006. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-
37132006000600013.
HARLING, G.; CASTRO, M. C. Health & Place: a spatial analysis of social and economic
determinants of tuberculosis in Brazil. Health Place, v. 25, p. 56-57, 2014.
http://dx.doi.org/10.1016/j.healthplace.2013.10.008.
HINO, P.; CUNHA, T. N.; VILLA, T. C. S.; SANTOS, C. B. Perfil dos casos novos de tuberculose
notificados em Ribeirão Preto (SP) no período de 2000 a 2006. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, n.
1, p. 1295-1301, 2011. https://doi.org/10.1590/S1413-81232011000700063.
PIRES NETO, R. J.; GADELHA, R. R. M.; HERZER, T. L.; PERES, D. A.; LEITÃO, T. M. J. S.;
FAÇANHA, M. C.; HOLANDA, C. N.; GIRÃO, E. S.; NOGUEIRA, C. M. O.; ALENCAR, C. H.
Características clínico-epidemiológicas de pacientes com coinfecção HIV/tuberculose
acompanhados nos serviços de referência para HIV/AIDS em Fortaleza, Ceará, entre 2004 e 2008.
Cadernos Saúde Coletiva, v. 20, n. 2, p. 244-249, 2012. Disponível em: <
http://www.cadernos.iesc.ufrj.br/cadernos/images/csc/2012_2/artigos/csc_v20n2_244-249.pdf>
Acesso em: 21 jul. 2020.
SILVEIRA, M. P. T.; ADORNO, R. F. R.; FONTANA, T. Perfil dos pacientes com tuberculose e
avaliação do programanacional de controle da tuberculose em Bagé (RS). Jornal Brasileiro de
Pneumologia, v. 33, n. 2, p. 199-205, 2007. https://doi.org/10.1590/S1806-37132007000200015.
TAVARES, C. M.; CUNHA, A. M. S.; GOMES, N. M. C.; LIMA, A. B. A.; SANTOS, I. M. R.;
ACÁCIO, M. S.; SANTOS, D. M.; SOUZA, C. D. F. Tendência e caracterização epidemiológica
da Tuberculose em Alagoas, 2007-2016. Cadernos Saúde Coletiva, v. 28, n. 1, p. 107-115, 2020.
https://doi.org/10.1590/1414-462x202028010381.
THEME FILHA, M. M.; DAUMAS, R. P.; ALVES, L. C.; LEIMANN, B. C. Q.; ENGSTROM, E.
M. Análise da tuberculose em uma unidade de Atenção Primária a Saúde na cidade do Rio de
Janeiro: perfil clínico, resultado de tratamento e qualidade dos registros. Cadernos Saúde Coletiva,
VITAL JÚNIOR, A. C.; GUEDES, D. R. S.; SOUZA, M. S.; MACEDO, C. A.; MEDEIROS, R.
O.; ALVES, H. B.; DINIZ NETO, H.; SILVA, D. F. Avaliação do perfil epidemiológico da
tuberculose e a sua coinfecção TBHIV nos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte. Brazilian
Journal of Development, v. 6, n. 1, p.441-456, 2020. https://doi.org./10.34117/bjdv6n1-030.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global Tuberculosis Report 2019. Geneva: WHO; 2019.
Disponível em: < https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/329368/9789241565714-
eng.pdf?ua=1> Acesso em: 21 jul. 2020.
_______. Global Tuberculosis Report 2018. Geneva: WHO; 2018. Disponível em:
<http://www.who.int/iris/handle/10665/274453> Acesso em: 23 jul. 2020.
_______. Global tuberculosis control - surveillance, planning, financing. Geneva: WHO; 2006.
Disponível em:
<http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/144567/9241563141_eng.pdf;jsessionid=DCD9A
FE34570A4E7782374462FC8C35B?sequence=1> Acesso em: 30 jul. 2020.