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1

FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU


BACHARELADO EM ODONTOLOGIA

THIAGO NASCIMENTO LIMA


CLARA REGINA COELHO DE SOUZA

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA MORTALIDADE POR CÂNCER DE BOCA NO


BRASIL NO PERÍODO DE 2010 A 2019

TERESINA
2022
2

THIAGO NASCIMENTO LIMA


CLARA REGINA COELHO DE SOUZA

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA MORTALIDADE POR CÂNCER DE BOCA NO


BRASIL NO PERÍODO DE 2010 A 2019

Artigo apresentado ao curso de Bacharelado em


Odontologia da Faculdade Maurício de Nassau
como requisito para obtenção do título de bacharel
em Odontologia.
Orientador (a): Prof. Me. Guilherme Bandeira
Santana
Coorientador (a): Prof. Drª. Ivna Albano Lopes

TERESINA
2022
3

THIAGO NASCIMENTO LIMA


CLARA REGINA COELHO DE SOUZA

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA MORTALIDADE POR CÂNCER DE NOCA NO


BRASIL NO PERÍODO DE 2010 A 2019

Artigo apresentado ao curso de Bacharelado em


Odontologia da Faculdade Maurício de Nassau
como requisito para obtenção do título de bacharel
em Odontologia.
Orientador (a): Prof. Me. Guilherme Bandeira
Santana
Coorientador (a): Prof. Drª. Ivna Albano Lopes

Aprovado em: ___ / ___ / ______

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________
Presidente da banca
Prof. Me. Guilherme Bandeira Santana

___________________________________________________
Examinador 1
Prof. Xxxxxxxxxx

____________________________________________________
Examinador 2
Prof. Xxxxxxxxxx
4

SUMÁRIO Comentado [GBS1]: Remover numeração da página no


1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6 sumário. Só aparece a partir da introdução.

2 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................7


2.1 Caracterização do estudo ...................................................................................7
2.2 Cenário do estudo ...............................................................................................8
2.3 População ............................................................................................................8
2.4 Instrumentos e procedimentos para coleta de dados...................................... 9
2.5 Análise dos dados ...............................................................................................9
2.6 Aspectos éticos e legais .....................................................................................9
3 RESULTADOS ......................................................................................................... 9
4. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 13
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 16
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 16
5

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA MORTALIDADE POR CÂNCER DE BOCA NO


BRASIL NO PERÍODO DE 2010 A 20191

EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF MORTALITY FROM ORAL CANCER IN


BRAZIL FROM 2010 TO 2019

Thiago Nascimento Lima2


Clara Regina Coelho de Souza3
Guilherme Bandeira Santana4
Ivna Albano Lopes5

RESUMO

Este artigo teve como objetivo analisar o perfil epidemiológico da mortalidade por
câncer de boca no Brasil no período de 2010 a 2019. Para o desenvolvimento desta
pesquisa, adotou-se como método estudo epidemiológico descritivo e retrospectivo
do tipo ecológico. Foi realizado com abrangência nacional, dos casos notificados no
Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM) via Departamento de Informática do
Sistema Único de Saúde (DATASUS) sobre os casos de óbito por neoplasias bucais
ocorridos no Brasil entre 2010 e 2019 adotando as variáveis sexo, raça/cor,
escolaridade, estado civil e utilizou-se categorias da Classificação Internacional de
Doenças (CID-10). A análise dos dados ocorreu mediante estatística descritiva
simples (frequência e porcentagem) com base nos dados informados pelo SIM, no
DATASUS. Como principais resultados observou-se que morreram por câncer de
boca 43.866 pessoas, com média de óbitos por estas neoplasias no recorte temporal
estabelecido foram de 4.386,6 pessoas, destas, em sua maioria residiam na região
sudeste do país. O perfil de pessoas que morreram pela doença foi de homens, da
cor branca, casados, com um a três anos de estudo e com média de idade entre 60 a
69 anos. Os resultados apontados por esta pesquisa apresentam implicações
relevantes acerca do perfil epidemiológico da mortalidade por câncer de boca no brasil
no período de 2010 a 2019, sobretudo por demonstrado uma tendência crescente dos
casos de óbito no país, o que ainda se torna importante considerar que os dados aqui
apresentados possuem forte indícios de serem maiores, mediante as subnotificações
existentes.

Palavras-chave: Perfil Epidemiológico. Mortalidade. Neoplasias Bucais.

ABSTRACT

1
Artigo apresentado à Faculdade Maurício de Nassau, como parte dos requisitos para a obtenção do Título de
Bacharel em Odontologia, em 2022.
2
Graduando em Odontologia pela Faculdade Maurício de Nassau – E-mail: thiagocarter78@outlook.com
3
Graduanda em Odontologia pela Faculdade Maurício de Nassau – E-mail: clararegina_coelho05@hotmail.com
4
Professor-Orientador. Mestre em Odontologia pela Universidade Federal do Piauí. Docente da Faculdade
Maurício de Nassau – E-mail: guilhermesantanaodonto@gmail.com
5
Professora Coorientadora. Doutora em Ciências Odontológicas Aplicadas pela Faculdade de Odontologia de
Bauru – USP. E-mail: ivnalbano@hotmail.com
6

This article aimed to analyze the epidemiological profile of mortality from oral cancer
in Brazil from 2010 to 2019. For the development of this research, a descriptive and
retrospective epidemiological study of the ecological type was adopted. It was carried
out with national coverage, of the cases reported in the Mortality Information System
(SIM) via the Department of Informatics of the Unified Health System (DATASUS) on
cases of death from oral neoplasms that occurred in Brazil between 2009 and 2010,
adopting the variables sex, race/color, schooling, marital status, and categories from
the International Classification of Diseases (ICD-10) were used. Data analysis was
performed using simple descriptive statistics (frequency and percentage) based on
data reported by SIM, in DATASUS. As main results, it was observed that the average
number of deaths from oral cancer in the established time frame was 4.386,6 people,
most of whom resided in the southeastern region of the country. The profile of people
who died from the disease was male, white, married, with one to three years of
schooling and with an average age between 60 and 69 years. The results pointed out
by this research have relevant implications about the epidemiological profile of
mortality from oral cancer in Brazil in the period from 2010 to 2019, especially as it
demonstrates a growing trend in death cases in the country, which is still important to
consider that the data presented here have strong indications of being higher, due to
the existing underreporting.

Keywords: Epidemiological Profile. Mortality. Oral Neoplasms.

1 INTRODUÇÃO

As neoplasias bucais são consideradas um grave problema de saúde pública,


na qual encontra-se entre os tipos de cânceres mais prevalentes no mundo, tendo
apenas no ano de 2020 mais 470.000 casos novos e 240.000 óbitos por essa doença,
em que cerca de dois terços deles aconteceram em países em desenvolvimento
(ULINSKI et al., 2021).
Pela estimativa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) para cada
ano do triênio 2020/2022, no Brasil, haverá 15.190 novos casos de câncer de boca e
orofaringe, sendo cerca de 11.180 pessoas do sexo masculino e 4.010 em pessoas
do sexo feminino (RIBEIRO et al., 2019).
O câncer bucal pode atingir uma infinidade de estruturas anatômicas como a
gengiva, palato, lábios, bochechas, língua e assoalho, no entanto inexiste um
consenso na literatura sobre quais áreas constituem sua definição, referindo-se a
neoplasia bucal aquelas manifestações ocorrentes na cavidade oral, glândulas
salivares, orofaringe e boca (CUNHA; PRASS; HUGO,2020).
Esta patologia tem etiologia multifatorial, e a predominância dos casos está
relacionada a fatores de risco de ordem físicos, ambientais, biológicos e químicos, nos
quais estão relacionados ao estilo de vida, como a nutrição, tabagismo, etilismo e
exposição solar. Estes fatores indicam maior propensão a neoplasias malignas na
7

região de cabeça e pescoço, com maior ocorrência em homens, brancos e na faixa


etária de 50 anos de idade (SOARES et al., 2019).
Anualmente, o câncer de boca afeta cerca de 14.000 pessoas no Brasil e,
dentre os cânceres de boca mais prevalentes, o Carcinoma Epidermoide Bucal (CEB)
corresponde a 90% das neoplasias malignas bucais. Embora haja um esforço para a
prevenção destes casos, as taxas de mortalidade mantem-se altas ao longo de muitos
anos, com um índice de sobrevida de 55% após cinco anos (CORRÊA et al. 2021).
Apesar de ser o quinto tipo de câncer no Brasil com maior frequência em
pessoas do sexo masculino, o diagnóstico tardio das neoplasias bucais progride
sendo a predominante causa de prognóstico desfavorável, mostrando a necessidade
de intervenções para prevenção e controle, com ênfase no diagnóstico precoce,
intervindo no tratamento e nos fatores de risco (BANDEIRA, et al., 2017).
A Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) tem como prioridade o diagnóstico
precoce das neoplasias bucais e sua prevenção, tanto que desde sua implementação,
em 2004, o Brasil vem sofrendo uma profunda mudança estrutural relacionada a oferta
de serviços odontológicos públicos (BRASIL, 2016).
Mediante o conhecimento do perfil epidemiológico acerca do câncer de boca e
de mortalidade relacionada, torna-se possível compreender a realidade regional e
traçar um projeto voltado para o desenvolvimento de ações no enfrentamento ao
câncer bucal ampliando o acesso aos serviços de preventivos e de diagnóstico
precoce em âmbito regional (SARODE et al., 2020).
Deste modo, este estudo objetivou analisar o perfil epidemiológico da
mortalidade por câncer de boca no Brasil no período de 2010 a 2019. Dar visibilidade
a um agravo de saúde potencialmente letal que repercute em múltiplas dimensões da
vida humana, podendo afetar, primariamente, a qualidade de vida do indivíduo.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Caracterização do estudo

Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo e retrospectivo do tipo


ecológico.
Em estudos ecológicos, realiza-se a comparação entre o acontecimento da
patologia ou condição quando exposta aos interesses de populações, sejam elas de
8

países, municípios ou regiões, com vistas a conferir se há relação entre elas. Nesta
tipologia de estudo, não é conferida informações individuais acerca da doença e
exposição do indivíduo, mas da coletividade da população como um todo. Tal
característica torna-se singularmente importante quando se observa que a ocorrência
coletiva de um fenômeno pode influenciar na somatória dos extratos do mesmo caso
(LIMA-COSTA; BARRETO, 2003).

2.2 Cenário do estudo

O estudo foi realizado com abrangência nacional, dos casos notificados no


Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM) via Departamento de Informática do
Sistema Único de Saúde (DATASUS) sobre os casos de óbito por neoplasias bucais
ocorridos no Brasil entre 2009 e 2010.

2.3 População

Os participantes do estudo foram compostos por todos os indivíduos residentes


de todas as regiões do Brasil. Desta população foram incluídas como amostra todos
os casos registrados como óbitos por neoplasias bucais de pessoas com domicílio em
todas as regiões brasileiras, no período de 2009 a 2010, disponibilizados pelo banco
de dados do SIM, no DATASUS.
Conforme o DATASUS, o SIM é um sistema proficiente para obtenção de dados
acerca da mortalidade, de forma holista, auxiliando e subsidiando informações
importantes para diversos extratos da gestão e organização da saúde pública.
Foram adotadas as seguintes categorias da Classificação Internacional de
Doenças (CID-10): C00 Neoplasia maligna de lábio, C01 Neoplasia maligna da base
de língua, C02 Neoplasia maligna de ouras partes e de partes não especificadas da
língua, C03 Neoplasia maligna da gengiva, C04 Neoplasia maligna do assoalho da
boca, C05 Neoplasia maligna do palato, C06 Neoplasia maligna de outras partes e de
partes não especificadas da boca e C14 Neoplasia maligna de outras localizações e
de localizações mal definida, do lábio, cavidade oral e faringe.
9

2.4 Instrumentos e procedimentos para coleta de dados

A coleta dos dados foi realizada por meio de roteiro, que foram reunidos por
medidas de frequência relacionada às variáveis como sexo, escolaridade, faixa etária,
raça/ cor região de domicílio, local de ocorrência e região anatômica.

2.5 Análise dos dados

A análise dos dados ocorreu mediante estatística descritiva simples (frequência


e porcentagem) com base nos dados informados pelo SIM, no DATASUS. Os
resultados foram demostrados por meio de tabelas e gráficos criados pelo Microsoft
Office Excel, versão 2016. Depois, foi realizada a análise estatística dos dados e foram
discutidos mediante literatura científica disponível acerca da temática abordada.

2.6 Aspectos éticos e legais

Em razão de se utilizar de dados secundários e de domínio público informados


pelo SIM e divulgados via DATASUS, não houve a identificação de nenhum indivíduo,
assegurando o anonimato dos casos notificados no sistema. Não foi necessária a
submissão da proposta de pesquisa ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) em razão
de tratar-se de dados de domínio público, mediante indicação técnica disposta pelo
próprio sistema do DATASUS e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
(CONEP).

3 RESULTADOS

Ao analisar a distribuição dos óbitos por câncer de boca n Brasil, no período de


2010 a 2019, apurou-se a ocorrência de 43.866 mortes por neoplasias bucais.
Evidenciou-se que em 2019 ocorreram o maior número de óbitos (n=4.744), sendo em
2010 o ano com menor número de óbitos (n=3.877), como mostra a Figura 1. Houve
uma média de 4.386,6 óbitos por ano sendo notificados no Brasil.

Figura 1. Número de óbitos por câncer de boca notificados, no período de 2010 a 2019, no
Brasil.
10

6.000 4.517 4.553 4.630 4.743 4.744


3.877 4.096 4.106 4.241 4.359
4.000
2.000
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Ano do óbito

Fonte: SIM/DATASUS. Elaboração dos autores (2022).

A região com o maior número de óbitos pela neoplasia pesquisada, foi a


Sudestes (n=20.730), notificando quase que o dobro de óbitos ocorridos no Nordeste
(10.942), sendo seguido do Sul (n= 7.689), Centro-Oeste (n=2.736) e Norte (n=1.769).

Figura 2. Número de óbitos por câncer de boca notificados por região brasileira, no período de
2010 a 2019, no Brasil. Teresina, Piauí, 2022
25.000
20.730
20.000
15.000
10.942
10.000 7.689

5.000 1.769 2.736

0
Nordeste

Sudeste

Centro-Oeste
Norte

Sul

Fonte: SIM/DATASUS. Elaboração dos autores (2022).

Por meio da Tabela 1, foi possível identificar, conforme os dados


sociodemográficos, que o perfil dos óbitos por câncer de boca no Brasil, no período
estudado foram pessoas, predominantemente, do sexo masculino (n=33.958), de 60
a 69 anos de idade (n=11.943), casados (n=17.426), da cor/raça branca (n=23.222),
com escolaridade referente a um a três anos de estudo (n=11.724).
11

Tabela 1. Características demográficas e socioeconômicas dos indivíduos que tiveram morte


decorrente de câncer de boca, no período de 2010 a 2019, no Brasil. Teresina, Piauí, 2022
Características n %
Sexo
Masculino 33.958 77,41%
Feminino 9.906 22,58%
Ignorado 2 0,005%
Raça/cor
Branca 23.222 52,94%
Preta 3.549 8,09%
Amarela 155 0,35%
Parda 15.172 34,59%
Indígena 60 0,14%
Ignorado (em branco) 1.708 3,89%
Escolaridade
Nenhuma 6.706 15,29%
1 a 3 anos de estudo 11.724 26,73%
4 a 7 anos de estudo 9.451 21,55%
8 a 11 anos de estudo 5.434 12,39%
≥ 12 anos de estudo 1.726 3,93%
Ignorado (em branco) 8.825 20,12%
Faixa etária (em anos)
Menor de 1 ano 7 0,016%
1-4 anos 11 0,025%
5-9 anos 10 0,022%
10-14 anos 13 0,03%
15-19 anos 33 0,08%
20-29 193 0,44%
30-39 anos 818 1,86%
40-49 anos 4.565 10,41%
50-59 anos 11.910 27,15%
60-69 anos 11.943 27,23%
70-79 anos 8.169 18,62%
≥ 80 anos 6.177 14,08%
Ignorado 17 0,04%
Estado civil
Solteiro(a) 11.612 26,47%
Casado(a) 17.426 39,73%
Viúvo(a) 6.428 14,65%
Separado(a) judiciamente 4.278 9,75%
Outro 1.208 2,75%
Ignorado (em branco) 2.914 6,64%
Fonte: SIM/DATASUS. Elaboração dos autores (2022).

O local de ocorrência dos óbitos, evidenciou que, predominantemente,


decorreu em leito hospitalar (n=30.804), sendo seguido pela morte ocorrida em
domicílio (n=10.727) (Figura 3).
12

Figura 3. Local de ocorrência dos óbitos por câncer de boca, no período de 2010 a 2019, no Brasil.
Teresina, Piauí, 2022
35.000 30.804
30.000
25.000
20.000
15.000 10.727
10.000
5.000 1.724 100 492 19
0
Domicílio

Ignorado
Via pública

Outros
Hospital

estabelecime
nto de saúde
Outro

Fonte: SIM/DATASUS. Elaboração dos autores (2022).

Acerca da localização anatômica das neoplasias bucais com desfecho óbito


ocorridos no Brasil entre os anos de 2010 a 2019, observou-se que as regiões mais
acometidas foram a Neoplasia maligna de ouras partes e de partes não especificadas
da língua (n=11.387), seguida da Neoplasia maligna de outras partes e de partes não
especificadas da boca (n=11.351) e Neoplasia maligna de outras localizações e de
localizações mal definida, do lábio, cavidade oral e faringe (n=9.645), como mostra a
Figura 4.

Figura 2. Local de ocorrência dos óbitos por câncer de boca, no período de 2010 a 2019, no Brasil.
Teresina, Piauí, 2022
13

12000 11.387 11.351

10000 9.645

8000

6000 5.318

4000
2.868
2.138
2000
678 481
0
0
Neopl malig da gengiva

Neopl malig do palato


Neopl malig do lábio

Neopl malig outr partes e NE da língua

Neopl malig do assoalho da boca


Neopl malig da base da língua

Neopl malig outr partes e partes NE da

Neop mal out loc mal def labio cav oral


boca

far

Fonte: SIM/DATASUS. Elaboração dos autores (2022).

4. DISCUSSÃO

Por se tratar de uma doença com amplo potencial de mortalidade, torna-se mais
que relevante, na verdade, urgente, a produção de pesquisas que abordem o
tratamento, diagnóstico e a epidemiologia das neoplasias malignas. Esta pesquisa
elaborou uma análise epidemiológica da mortalidade câncer de boca no Brasil, e
observou que, os casos continuam em uma crescente no país. Visto isto, será
realizada uma análise comparativa com o que foi publicado na literatura acerca disso.
A tendência global é o aumento dos casos de câncer no mundo, evidenciada
por uma pesquisa realizada pela OMS na qual apontou que até 2040 a incidência da
doença pode aumentar em até 60%. Em 2020, o Observatório Global do Câncer
14

(Globocan) estimou que houve 4 milhões de novos diagnósticos da patologia no


mundo, e vitimou fatalmente 4,2 milhões de pessoas no mundo. 6

Durantes os anos de 200 a 2013, pelo estudo ecológico realizado por Cunha,
Prass e Hugo (2020) evidenciaram que foram notificadas 61.190 mortes por câncer
bucal e de orofaringe no Brasil, com média anual de óbitos de 3,50 a cada 100.000
habitantes, acometendo, predominantemente homens, sendo três vezes mais
incidente neste sexo. Também observaram que a região anatômica mais acometida
pela doença foi a orofaringe, representando 31,72% dos casos, seguido de outras
partes e de partes não especificadas da boca com 21,55% e outras partes e de partes
não especificadas da língua com 18,59%.
Nesta pesquisa, a região que apresentou o maior número de óbitos por câncer
de boca foi a Sudeste, e neste sentido, é importante observar que, no Estado do
Espírito Santo, no período de 2011 a 2016 ocorreram 548 óbitos pela doença,
conferindo um perfil onde a maior incidência foi em pessoas do sexo masculino com
77%, brancos com 49,4% dos casos, casados (37,8%) e idade de 50-59 anos (30,5%).
O local de ocorrência dessas mortes foi o ambiente hospitalar, com 79,6% dos casos.
Ainda sobre os dados da região sudeste, o Estado se São Paulo notificou 240,8
mortes por 100 mil habitantes entre os anos de 2013 a 2015. Neste mesmo período,
a rende de seus habitantes aconteceu uma variação R$ 453,20 a R$ 2.009, e neste
contexto, observou-se a interferência das desigualdades socioeconômicas nas taxas
de mortalidade pelas neoplasias bucais, mesmo tratando-se do Estado brasileiro que
concentra maior riqueza e giro econômico (SAKAMOTO, et al., 2019).
Seguido da região Sudeste, o Nordeste do brasileiro, conferiu a segunda
macrorregião com o maior número de óbitos pela patologia estudada neste artigo, e
segundo um levantamento feito por Ferreira Filho et al., (2021), no período entre 2013
a 2017 observou que 1.793 pessoas convivem com a neoplasia maligna da língua
nesta região, com predominância da doença em homens (72,3%), e sendo a Bahia, o
Estado com o maior número de casos, em seguida Pernambuco e Ceará, com 25,2%
e 12,8%, respectivamente.
Entre 1983 a 2017, a mortalidade câncer de boca no Brasil foi de 142.634
pessoas. Nestes 24 anos analisados, a faixa etária mais acometida pela doença foi a

6
Dados extraídos do site oficial Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), disponível no endereço
eletrônico https://www.paho.org/pt/noticias/4-2-2022-opas-pede-ampliacao-do-acesso-ao-tratamento-do-
cancer-para-salvar-vidas.
15

de adultos com 25 anos ou mais do sexo masculino representando 81% dos casos.
Estes dados divergem do encontrado nesta pesquisa, e mostram como o perfil destas
pessoas sofreu mudanças com o decorrer do tempo, no entanto, os homens
continuam sendo a maioria esmagadora dos óbitos, com 81% de incidência sobre este
sexo, e ainda se mantem a região sudeste com o maior número de casos segundo o
estudo realizado por Perea, Antunes e Peres (2021).
Pode-se considerar como razão para a maior incidência de óbito no contexto
hospitalar o fato da necessidade de cuidados especializados e regulares dos
pacientes, o que pode, inclusive, estar com quadro metastático, e em relação aos
óbitos ocorridos em domicílio, pode estar associado a ausência de assistência à
saúde, ou ainda estar em cuidados domiciliares por recomendação médica
(MARTINS; SOUSA, 2022).
Neste contexto, corrobora-se tal situação com os altos índices de internações
hospitalares pela doença, como mostra uma pesquisa realizada em um estado do sul
do Brasil, onde foram registradas 20.228 internações por câncer bucal no período de
2008 a 2019, com média de 1.685 internações por ano (BORDI et al., 2022).
Assim, mostra-se relevante abordar que o retardamento à procura por
atendimento especializados em manifestações sintomáticas por grupos populacionais
mais vulneráveis ao acometimento pela doença, consequentemente apresentarão
prognósticos ruins. Nesse sentido, estudos apontam que pessoas do sexo feminino,
de idade mais avançada, de cor parda e com baixa escolaridade de baixa renda,
costumam ser apresentar maiores chances em negligenciar o autocuidado, sobretudo
no campo da saúde (SOUSA et al.,2020).
A importância da educação para o desenvolvimento do capital humano, dos
seus recursos para interação interna e externa na dimensão psicossocial, para o
estabelecimento do seu estilo e condições de vida e alcançar melhores condições de
saúde, mostra-se fundamental que sua escolaridade esteja sempre em ascendência,
pois indivíduos mais escolarizados apresentam maiores chances em compreender e
executar o autocuidado, dando assim possibilidades para o protagonismo e
empoderamento na atenção à saúde (DARIN-MATTSSON; FORS; KÅREHOL, 2017).
O aumento da escolaridade da população não é condição suficiente para
mitigar de forma significativa a incidência e diagnósticos tardios das neoplasias
bucais. Para alcançar bons resultados, faz necessária a expansão, cada vez mais
crescente e capilarizada da Rede de Atenção à Saúde (RAS) do Sistema Único de
16

Saúde (SUS), com enfoque na redução e controle dos óbitos por câncer bucal (LIMA;
THOMAZ, 2020).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados apontados por esta pesquisa apresentam implicações relevantes


acerca do perfil epidemiológico da mortalidade por câncer de boca no brasil no período
de 2010 a 2019, sobretudo por ter demonstrado uma tendência crescente dos casos
de óbito no país, o que ainda se torna importante por considerar que os dados aqui
apresentados possuem forte indícios de serem maiores, mediante as subnotificações
existentes.
Por meio deste estudo, observou-se que o perfil epidemiológico dos óbitos por
neoplasias bucais no Brasil durante o período analisado foi de homens, da cor branca,
casados, com cerca de 1 a 3 anos de estudo e com idade entre 60 a 69 anos. Os
achados da pesquisa convergiram com disposto na literatura acerca da temática,
corroborando com pesquisas feitas em várias regiões e estados brasileiros.
Deste modo, estes achados sugerem que a expansão e consolidação dos
serviços de saúde devem ser cada vez mais capilarizados, com o intuito de atender e
resguardar todos os indivíduos em risco de adoecimento, trabalhando na prevenção
e promoção da saúde, como sobretudo assegurar assistência e terapêutica adequada
e assertiva às pessoas acometidas por alguma neoplasia bucal, o que garantirá a
mitigação da morbimortalidade pela doença, e consequentemente, a diminuição dos
dias e episódios de internação hospitalar.
Outrossim, sempre se mostra relevante a elaboração de políticas públicas que
deem mais ênfase a este agravo de saúde, como a efetivação e melhoramento dos
serviços prestados por meio das políticas já existentes.

REFERÊNCIAS

BANDEIRA, C. M. et al. How to improve the early diagnosis of oral câncer. Brazilian
Dental Journal, v. 20. n. 4, p. 25-31, 2017.

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