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CIÊNCIA E O
SABER
Roberto Machado
Arqueologia
■ Abordagem histórica que procura situar seu espaço através do debate com outros tipos de
história
■ É diferente da história da psiquiatria, mas conversa com ela
– Época clássica: enclausuramento do louco. Loucura x medicina
– Renascimento: balizar e esclarecer a concepção clássica da loucura
– Modernidade: psiquiatria
■ Objetivos: estabelecer as condições históricas de possibilidade dos discursos e das práticas
que dizem do louco um “doente mental”
esta categoria tem apenas pouco mais de
200 anos
História da Loucura
■ A dominação se radicaliza
■ René Descartes (1596-1650): loucura como impossibilidade de pensamento, se alguém
pensa, não pode ser louco, e se é louco, não pode pensar.
– A loucura é impossibilidade do pensamento
■ Na época clássica as instituições que recebiam os loucos não dependiam de uma ciência
médica, mas de uma percepção do indivíduo como ser social
– polícia, justiça, igreja, família, etc.
■ O marco institucional dessa nova etapa do processo de dominação da loucura pela razão
é em 1656, por Luis XIV
Estrutura semijurídica,
entidade assistencial e
administrativa que se situa
entre a policia e a justiça,
como uma ordem terceira de
repressão.
Época Clássica
■ Grande Enclausuramento: Fenômeno atinge toda a Europa e não é só estatal
■ A igreja também organizou estabelecimentos de reclusão, com significado social, econômico, moral e
politico: visão sobre a pobreza
■ Grande Enclausuramento: fenômeno moral, instrumento de poder politico que exclui da sociedade os
que escapam as suas regras, criando homogeneidade.
■ Internamento: positivo, criador de realidade e de saber, organiza um domínio novo de experiência que
tem unidade e coerência.
■ Que população é essa constituída pelas práticas e regras do Grande Enclausuramento?
– Desordens sexuais
– Desordens do coração, da alma, moral ou social
– Libertinagem
– Loucos
Desrazão é o principal critério. O desarrazoado é enclausurado.
Época Clássica
■ Percepção social do louco como um não ser x percepção como objeto de saber
■ A relação de força que se estabelece no internamento atinge o louco, mas não a loucura.
■ “O século XVIII percebe o louco, mas deduz a loucura”
– O que aparece não é a experiência do louco, mas o domínio lógico e natural da
doença
Lugar da loucura na teoria médica
■ Loucura deixa de ser desrazao e é considerada perda da natureza, antes de ser doença
mental, torna-se alienação
■ Loucura é a perda da verdade do homem, se interioriza, e surgem as instituições exclusivas
para loucos, provenientes de fatores políticos, econômicos e sociais
■ Estas são as condições de possibilidade da Psiquiatria
■ O capitalismo tem como imperativo tornar a população força de trabalho produtiva
– Transformação da política assistencial
– Pobre válidos x pobres doentes
■ O resultado dessa transformação não foi a libertação do louco, mas a manutenção de
reclusão específica para eles
Segunda metade do Séc XVIII
■ Medicalização da loucura
■ Transformação da casa de internamento em asilo
– Crítica política da repressão
– Crítica econômica da assistência
– As outras figuras da d
– esrazão foram pouco a pouco libertadas
– A loucura é interrogada pelo olhar possibilitado pela instituição de reclusão
– Loucura alienada pelo estatuto de objeto
Segunda metade do século XVIII
■ O homem, sua loucura e sua verdade substitui a estrutura binária da desrazão clássica
(verdade e erro, mundo e fantasia, ser e não ser)
■ Quais são os procedimentos utilizados no interior do hospício para produzir a cura? (p.
72)
■ “Chegou para o louco, e cada vez mais para todos nós, a era do patológico”
Sobre o discurso científico e a psiquiatria
■ A psiquiatria não é ciência, é um discurso teórico que tem a medicina como parâmetro
■ “Talvez o pertencimento da loucura à patologia deva antes ser considerado um confisco,
espécie de avatar que teria sido preparado pela história da cultura, mas de nenhum modo
determinado pela própria essência da loucura
■ A psiquiatria é uma relação de compromisso entre
– O campo abstrato de uma natureza teórica (analítica médica)
– Espaço concreto de um internamento (percepção asilar)
■ Procura realizar o que o sistema clássico não conseguiu: controle social do louco
O que é a História da Loucura?
■ Evidencia, mediante análises institucionais, que o louco foi patologizado por questões
– Economicas
– Politicas
– Assistenciais
– NÃO por exame médico