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Brazilian Journal of of Health Review 1620

ISSN: 2525-8761

Segurança do paciente no contexto da hemodiálise: uma revisão


integrativa

Patient safety in the context of hemodialysis: an integrative review

DOI:10.34119/bjhrv4n1-135

Recebimento dos originais: 05/12/2020


Aceitação para publicação: 19/01/2021

Michely Dayane Campos Brito Penariol


Mestre em Enfermagem pela Unesp de Botucatu, Instituto de Nefrologia de Bauru
Instituição: Unesp de Botucatu, Instituto de Nefrologia de Bauru
Endereço: José Cândido Carneiro, 91, Pongaí – SP
E-mail: michelybrito@yahoo.com.br

Ágata Bruna Neto Maia Pimentel


Graduanda em Enfermagem
Instituição: Centro Universitário da Fundação Hermínio Ometto – FHO
Endereço: Avenida Dr. Maximiliano Baruto, 500. Jardim Universitário, Araras – SP, Brasil
E-mail: agatabmaia@outlook.com

Érica Tatiane Santos Silva Faria


Graduanda em Enfermagem
Instituição: Centro Universitário da Fundação Hermínio Ometto – FHO
Endereço: Avenida Dr. Maximiliano Baruto, 500. Jardim Universitário, Araras – SP, Brasil
E-mail: etatianemp@gmail.com

Aline Scharr Rodrigues


Doutoranda em Nefrologia (FMRP/USP)
Instituição: Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto,
Departamento de Clínica Médica.
Endereço: Avenida dos Bandeirantes, 3900 - Departamento de Clínica Médica, Monte Alegre
14048-900 - Ribeirão Preto – SP
E-mail: aline_scharr@hotmail.com

Clarice Santana Milagres


Dra. em Saúde Coletiva (FOP/UNICAMP)
Instituição: Centro Universitário da Fundação Hermínio Ometto – FHO
Endereço: Av. Dr. Maximiliano Baruto, 500 - Jardim Universitário, Araras - SP, 13607-339
E-mail: claricemilagres01@gmail.com

RESUMO
A cultura da Segurança do Paciente tem passado por inúmeras transformações nas ultimas
décadas. No âmbito da nefrologia, medidas que gerem melhoria de qualidade e segurança
ao serviço, aos profissionais e aos pacientes, tem sido pouco exploradas. O presente

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estudo teve como objetivo verificar na literatura da área, as referências utilizadas para
planejar a implantação das práticas de Segurança do Paciente em unidades de
hemodiálise, bem como demonstrar sua importância nesses serviços especializados e que
oferecem alta complexidade tecnológica e atendimento ao paciente renal em tratamento
hemodialítico. Uma revisão integrativa, dos artigos publicados entre 2007 e 2017, foi
realizada nas bases de dados eletrônicas PubMed, Medline, Scielo e Science Direct.
Também foram utilizados os descritores pré-determinados em inglês e português,
abrangendo artigos que utilizavam "segurança do paciente", "hemodiálise", "qualidade"
e seus respectivos descritores em português, utilizados em combinação. As referências
bibliográficas dos trabalhos identificados pela pesquisa eletrônica foram revisadas para
identificar estudos adicionais. Resultados obtidos: foram identificados artigos referentes
aos processos de implantação de práticas de Segurança do Paciente em unidades de
hemodiálise, adaptado de outras áreas, contudo este processo de edificação está em
construção. Conclusão: para que as políticas de Segurança do Paciente sejam aplicadas e
implementadas, é necessário reestruturar os serviços com foco na formação de
profissionais, na segurança e em uma política administrativa que esteja disposta a
modificar os padrões usuais, pensando na melhoria contínua dos serviços oferecidos. Para
isso, além dos profissionais envolvidos, é necessário incluir pacientes e familiares nessa
prática.

Palavras chaves: Cultura de segurança, Checklist, Hemodiálise.

ABSTRACT
The culture of Patient Safety has undergone countless transformations in recent decades.
In the field of nephrology, measures that generate improvement in quality and safety at
work, for professionals and patients, have been little explored. This study aimed to verify
in the literature of the area, the references used to plan the implementation of the practices
of Patient Safety in hemodialysis units, as well as demonstrate their importance in these
specialized services that offer high technological complexity and care to the renal patient
in hemodialysis treatment. An integrative review, of the articles published between 2007
and 2017, was performed in the electronic databases PubMed, Medline, Scielo and
Science Direct. The pre-determined descriptors in English and Portuguese were also used,
covering articles that used "patient safety", "hemodialysis", "quality" and their respective
descriptors in Portuguese, used in combination. The bibliographical references of the
works identified by the electronic survey were revised to identify additional studies.
Results obtained: articles referring to the implementation of practices of Patient Safety in
hemodialysis units, adapted from other areas, were identified, however this building
process is under construction. Conclusion: for the Patient Safety policies to be applied
and implemented, it is necessary to restructure the services focusing on professional
training, safety and an administrative policy that is willing to modify the usual standards,
thinking about the continuous improvement of the services offered. For this, besides the
professionals involved, it is necessary to include patients and relatives in this practice.

Keywords: Safety culture, Checklist, Hemodialysis.

1 INTRODUÇÃO

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A incidência e prevalência da Doença Renal Crônica em Estágio Terminal


(DRCET) tem aumentado progressivamente, a cada ano no Brasil e no mundo. A
Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) estima, que no Brasil, no ano de 2018, 786
centros de diálise mantêm programas ativos de diálise crônica, dos quais, 70% são
unidades privadas. Estima-se que 133.464 mil pacientes estejam em tratamento dialítico,
com uma taxa de ocupação de 85% dos centros de diálise em funcionamento atualmente.
A taxa de prevalência do tratamento dialítico em 2018 foi de 676 pacientes por
milhão da população, no estado de São Paulo, sendo este valor o mais significativo na
região Sudeste. Estima-se que 42.546 mil pacientes iniciaram o tratamento no ano
referido. Quanto ao sexo, 58% são do sexo masculino e 42% do feminino, e a faixa etária
com maior concentração de pacientes compreende idades de 20 a 64 anos. Do total de
pacientes em tratamento dialítico, 29.545 mil, ou seja, 22,1%, estão inscritos na fila de
espera para transplante, uma vez que esta modalidade de tratamento oferece maior
sobrevida aos portadores de DRC. Vê-se que, por o transplante renal ser contraindicado
para pacientes com comorbidades associadas, como neoplasias e idade avançada, muitos
dos pacientes em Terapia Renal Substitutiva (TRS) não são elegíveis para o mesmo 1.
A prática de Segurança do Paciente, é um importante indicador de qualidade nas
unidades de saúde, e tem sido associada aos principais resultados para os pacientes nos
hospitais e ambientes clínico-ambulatoriais, como na diálise (2,3). No entanto, mesmo com
a ascensão dos Programas de Segurança do Paciente, se há escassez de informações
referentes as práticas no ambiente da nefrologia.
A partir da análise de fatos, Garrick 2012, por meio de uma revisão, pontuou
situações estratégicas para melhorar a segurança no serviço de diálise, sendo verificados
situações de segurança das instalações, erros da equipe de saúde, falta de comunicação e
falha na aplicação de protocolos. Através da aplicação de um questionário com pacientes
e funcionários encontrou-se que mais da metade dos pacientes indicaram que temem que
alguém cometa algum erro médico durante o tratamento de diálise, percebendo assim a
necessidade de boas práticas de segurança no setor. Os autores reforçam que a equipe de
enfermagem precisa: avaliar rotineiramente e contribuir positivamente para a cultura de
segurança do paciente em seus ambientes de prática; e liderar e se engajar em esforços
para garantir que os pacientes estejam seguros 4.

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A maneira de se construir cuidado vem se reestruturando ao longo de décadas.


Observa-se uma crescente mudança nos modos de produzir saúde, a partir da percepção
de que os modelos estão em completa falência. Abordar estas modificações é uma tarefa
complexa, pois existem dificuldades no processo de trabalho em saúde. Cabe a reflexão
pelos profissionais, sujeitos ativos deste processo, para que mudanças ocorram, tendo
como foco as necessidades do sujeito, família e comunidade 5. Estruturar um serviço que
vise contemplar a segurança do paciente é uma tarefa árdua, uma vez que é necessário
reestruturar ações e modos de pensar em saúde.
Neste cenário, pensando sob a ótica de Segurança do Paciente, é necessário
implantar intervenções nos ambientes organizacionais. Tendo em vista a complexidade
do serviço de saúde, se faz necessário realizar mudanças no processo de trabalho que
gerem mudanças nas direções. Assim, este trabalho teve como objetivo, através de uma
revisão de literatura, averiguar as bases utilizadas na construção do planejamento e
implantação de práticas de Segurança do Paciente no setor de hemodiálise, ressaltando
sua importância nesse setor.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Através da análise de artigos originais, publicados entre os anos de 2007 e 2017,
foi desenvolvido este estudo pelo método de revisão integrativa. A opção por pesquisas
dos últimos anos, se deu pela busca por novas informações sobre o tema em questão e sua
análise atual. Esta modalidade de revisão busca através de métodos de pesquisa
criteriosos, explanar o tema em questão de maneira sistemática, ordenada e abrangente.
Assim, tende a fornecer melhores conhecimentos produzidos sobre o tema proposto, uma
vez que devem ser avaliados criticamente por profissionais com habilidades clínicas, a
fim de que, posteriormente, este conhecimento possa ser incorporado na prática
assistencial 6.
Utilizou-se a bases de dados eletrônicos Medline, Cinahl, Lilacs, Cochrane e
SciSearch. Quanto a seleção dos descritores foi utilizada o processo de revisão mediante
consulta ao Medical Subject Headings (MESH) e aos Descritores em Ciências da Saúde
(DECs). A utilização pré-determinada dos descritores em inglês, abrangeram artigos que
utilizaram “Patient safety”, “hemodialysis”, “quality” em combinação. Esses estudos
reportaram temáticas em relação à segurança do paciente no âmbito da hemodiálise em
estudos transversais e de coorte em países desenvolvidos e em desenvolvimento.

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A pesquisa realizada nas bases de dados adotou os critérios: 1) título/abstract; 2)


publicado entre 2007 e 2017; 3) texto completo; 4) texto livre completo; 5) escrito em
inglês e português; 6) publicado em periódicos, 7) jornais de artigos e revistas clínicas.
As referências bibliográficas dos trabalhos identificados pela pesquisa eletrônica foram
revisadas para identificação de estudos adicionais.
Os artigos pré-selecionados foram submetidos aos seguintes critérios de exclusão:
1) abordagem de revisões bibliográficas, sistemáticas e editoriais; 2) relatos de caso; 3)
capítulos de livros; 4) realizados com animais; 5) dupla entrada nas bases de dados
eletrônicos.
Por se tratar de uma revisão integrativa com trabalhos previamente publicados,
este trabalho foi apenas submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro
Universitário Hermínio Ometto, sendo aprovado sob protocolo n° 11968/2017.

3 RESULTADOS DA SELEÇÃO

Figura 01 – Composição da amostra da pesquisa.

4 CONTEÚDO DA REVISÃO
A DOENÇA RENAL CRÔNICA E AS TERAPIAS DE SUBSTITUIÇÃO RENAL
A Doença Renal Crônica (DRC) refere-se à perda progressiva da função renal,
podendo comprometer a qualidade de vida do doente, possuindo elevada taxa de
morbimortalidade. As causas mais frequentes são Hipertensão Arterial Sistêmica e
Diabetes, causando Nefroesclerose Hipertensiva e Nefropatia Diabética,
respectivamente7. É avaliada por meio do grau de lesão renal, através da queda da taxa de
filtração glomerular (TFG), sendo estagiada em níveis, no qual o estágio cinco é o mais
grave e corresponde à insuficiência renal terminal, que, por sua vez, pode manifestar

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alterações patológicas na biópsia renal, anormalidades na composição do sangue


(principalmente creatinina e ureia), alterações nos exames de urina - proteinúria ou
alterações no exame de sedimento urinário e ou anormalidades nas técnicas de imagem 8.
As opções terapêuticas para a DRC dependem do seu estágio e das condições
clínicas do doente. Nos estágios iniciais, quando ainda é possível a reversão do quadro
ou a progressão da doença, o tratamento é denominado como conservador. Quando o
paciente se encontra em estágio V, é necessário o início de Terapia Renal Substitutiva
(TRS), que compreende os métodos dialíticos de Hemodiálise (HD), a Diálise Peritoneal
(DP) e o transplante renal 7.
A terapia pelo método de HD é a mais prevalente no país. Tradicionalmente é
realizada em três sessões semanais, com duração média de quatro horas. O paciente
permanece por longos períodos de sua vida dependentes desta terapia, como forma de
garantir sua sobrevivência, tendo que se adaptar às rotinas impostas pelas Instituições de
saúde 9.
O início do tratamento não só afeta a saúde dos indivíduos, mas também tem
impacto emocional, econômico e social. Ao iniciar a terapia renal, ocorrem mudanças na
vida social, alterações na dieta, restrições hídricas, em alguns casos, um tratamento
desgastante e com baixa incidência de transplante. A falta de informação e o
desconhecimento a respeito do procedimento, bem como problemas associados ao
tratamento, podem levar a comportamentos negativos sobre a diálise.10 A maioria dos
clientes portadores de DRC não está adaptada ao tratamento dialítico, relacionado
diretamente as muitas privações impostas.11

CULTURA DE SEGURANÇA
Estruturar um serviço que vise contemplar a segurança do paciente é uma tarefa
árdua, uma vez que é necessário reestruturar ações e modos de pensar em saúde.
A temática voltada para a segurança do paciente em serviços de saúde, não é
recente. Com início em meados dos anos 1950, andando lado a lado com processos que
visavam à qualidade do cuidado nos serviços de saúde, inicialmente com serviços de
12
auditoria médica, normas para licenciamento e normas de práticas clínicas . Avedis
Donabedian, realizou estudos que tiveram um profundo impacto sobre os sistemas de
gestão nas áreas da medicina e seus princípios são considerados de grande importância

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para a excelência hospitalar. Baseou-se nesta linha de pesquisa para descrever este
processo no contexto da hemodiálise.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) tem desenvolvido ações
visando proteger a saúde da população e intervir nos riscos advindos do uso de produtos
e dos serviços, através de práticas de vigilância, controle, regulação e monitoramento
sobre os serviços de saúde e o uso das tecnologias disponíveis para o cuidado 13.A partir
de 2004, a ANVISA incorporou ao seu escopo de atuação as ações previstas na Aliança
Mundial para a Segurança do Paciente, da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Desde então, a Agência vem intensificando suas atividades no campo de serviços
de saúde em parceria com o Ministério da Saúde (MS), a Organização Pan-Americana da
Saúde (OPAS/OMS) e demais entidades do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
(SNVS). Do mesmo modo, práticas de vigilância e monitoramento sobre o uso de sangue,
saneantes, materiais, dispositivos, equipamentos e medicamentos, aliam-se à vigilância e
controle de Eventos Adversos (EAs), incluindo as Infecções Relacionadas à Assistência
à Saúde (IRAS), em busca de uma atenção qualificada à saúde 13.
Inicialmente é preciso definir as nomenclaturas que compreendem os incidentes e
Eventos Adversos. Cabe ressaltar que incidente é um evento ou circunstância que poderia
ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário ao paciente. Estes podem ser oriundos
de atos intencionais ou não intencionais. Os erros são, por definição, não-intencionais, já
o risco é a probabilidade de um incidente ocorrer. Os incidentes podem ser subdividos
em quatro tipos: 1) circunstância notificável: incidente com potencial significativo para o
dano, sem ocorrência de dano ou lesão; 2) Near Miss (quase erro): incidente que não
chegou a atingir o paciente, pois foi detectado antes de ocorrer; 3) incidente sem danos:
é um evento que atingiu o paciente, mas nenhum dano foi observado; 4) incidente com
dano ou eventos adversos propriamente dito: incidente que atinge o paciente e resulta em
lesão ou dano 14.
Eventos Adversos (EA’s) são incidentes que resultam em danos à saúde,
decorrentes de falhas nos processos ou estruturas assistenciais. Entendendo por dano
qualquer comprometimento da estrutura ou função do corpo e/ou qualquer efeito dele
oriundo, incluindo doenças, lesão, sofrimento, morte, incapacidade ou disfunção,
podendo ser físico, social ou psicológico 14.

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O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), instituído no Brasil pela


Portaria MS nº 529, de 1 de abril de 2013, demonstra comprometimento governamental
contribuindo para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de
saúde do território nacional, e promove maior segurança para pacientes, profissionais de
saúde e ambiente de assistência à saúde. Os objetivos do PNSP são:
I- Promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à segurança do
paciente em diferentes áreas da atenção, organização e gestão de serviços de
saúde, por meio da implantação da gestão de risco e de Núcleos de Segurança
do Paciente nos estabelecimentos de saúde;
II- Envolver os pacientes e familiares nas ações de segurança do paciente;
III- Ampliar o acesso da sociedade às informações relativas à segurança do
paciente;
IV- Produzir, sistematizar e difundir conhecimentos sobre segurança do paciente;
e
V- Fomentar a inclusão do tema segurança do paciente no ensino técnico e de
graduação e pós-graduação na área da saúde 15.
Quanto à cultura de segurança do paciente em diálise, esta é um importante
indicador de qualidade nas unidades de saúde e tem sido associada aos principais
resultados para os pacientes nos hospitais e ambientes ambulatórias em que a nefrologia
(2.3)
está inserida . Além disso, cultura de segurança do paciente tem sido estudada em
muitos contextos das práticas de saúde, no entanto, há uma escassez de informações sobre
a cultura de segurança nos contextos das práticas de nefrologia.
Foram encontradas diversas classificações para o trabalho em equipe, ainda sendo
complementadas pela indicação de uma necessidade contínua de educação e atenção
adicionais relacionadas à higiene das mãos, segurança na administração de
medicamentos, comunicação e priorização em ambientes de prática de nefrologia.
Segundo os autores, as enfermeiras em todos os ambientes assistenciais de nefrologia
precisam avaliar rotineiramente; e contribuir positivamente para a cultura de segurança
do paciente em seus ambientes de prática; liderar e se engajar em esforços para garantir
que os pacientes estejam seguros 4.

REGULAMENTAÇÃO DA SEGURANÇA DO PACIENTE EM HEMODIÁLISE E


NÚCLEO DE SEGURANÇA DO PACIENTE

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A Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 11, de 13 de março de 2014, dispõe


sobre os Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Diálise.
Definindo que o serviço deve constituir um Núcleo de Segurança do Paciente (NSP),
responsável por elaborar e implantar um Plano de Segurança do Paciente conforme
normativa vigente, assim como implantar mecanismos de avaliação da qualidade e
monitoramento dos seus processos por meio de indicadores ou de outras ferramentas 13.
Desta forma, a Segurança do Paciente na diálise, assim como nos demais setores, pode
ser compreendida como redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário
associado à atenção em saúde 15.
O Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) tem como ação promover e apoiar a
implementação das práticas de segurança, assim como fazer a interlocução das diferentes
esferas que trabalham com risco na instituição, considerando o paciente como sujeito
principal de todas as etapas dos processos do cuidado. Assim, o NSP deve articular
diferentes processos de trabalho com elo na comunicação eficaz em todos os aspectos que
estejam direta ou indiretamente ligados a gerenciamento de risco 16. Dentre as principais
atividades e competências do NSP estão:
• A implantação de protocolos de Segurança do paciente e monitoramento
de indicadores;
• Desenvolvimento de ações para integração e a articulação
multiprofissional no serviço de saúde;
• Elaboração, implantação, divulgação e manutenção do PSP;
• Promoção de ações para a gestão do risco no serviço de saúde e
mecanismos para identificar e avaliar a existência de não conformidades
nos processos e procedimentos realizados, incluindo aqueles envolvidos
na utilização de equipamentos, medicamentos e insumos e propor ações
preventivas e corretivas;
• Acompanhamento das ações vinculadas ao PSP;
• Estabelecimento de barreiras para a prevenção de incidentes nos serviços
de saúde;
• Desenvolvimento, implantação e acompanhamento de programas de
capacitação em segurança do paciente e qualidade em serviços de saúde;

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• Análise e avaliação dos dados acerca dos incidentes decorrentes da


prestação do serviço de saúde;
• Compartilhamento e divulgação à direção e aos profissionais do serviço
de saúde os resultados da análise e avaliação dos dados sobre incidentes
relacionados à saúde decorrentes da prestação do serviço de saúde;
• Notificação ao SNVS os EA decorrentes da prestação do serviço de saúde;
acompanhamento dos alertas sanitários e outras comunicações de risco
divulgadas pelas autoridades sanitárias 16.

Para a elaboração do plano de segurança do paciente, que é a etapa inicial, é


necessário a realização do diagnóstico dos riscos e perigos potenciais. A partir de
objetivos e da política de gestão de risco da Instituição, é necessário definir as prioridades
embasadas em evidências científicas 16.
Com a publicação de materiais de apoio que visavam auxiliar os profissionais de
saúde na capacitação às ações voltadas para segurança e qualidade da assistência em
saúde, foram publicados os Protocolo Básico de Segurança do Paciente; as Metas
Internacionais de Segurança do Paciente; e as Práticas de Segurança definidas no Plano
Integrado para Gestão Sanitária da Segurança do Paciente. Fornecendo assim,
minimamente uma orientação quanto aos modelos a serem adotados nos serviços de saúde
17
.
As seis metas internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS) são:
identificar o paciente corretamente, melhorar a comunicação efetiva, melhorar a
segurança dos medicamentos de alta-vigilância, assegurar cirurgias com local de
intervenção correto, procedimento correto e paciente correto, reduzir o risco de infecções
associadas aos cuidados de saúde e reduzir o risco de lesões ao paciente decorrente de
quedas 17.
Os protocolos básicos de Segurança do Paciente são: Identificação do paciente;
Prevenção de úlcera por pressão; Segurança na prescrição, Uso e administração de
medicamentos; Cirurgia Segura; Prática de Higiene das mãos em serviços de saúde;
Prevenção de quedas. Não se aplica no setor de hemodiálise ambulatorial o protocolo de
cirurgia segura 17. São baseados em protocolos sistêmicos, gerenciados que promovem a
melhoria da comunicação e constituem instrumentos para construir uma prática
assistencial segura, além de oportunizar a vivência do trabalho em equipe e construção

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17
do gerenciamento de risco . A gestão de riscos compreende a aplicação sistêmica e
contínua de políticas, procedimentos, condutas e recursos na identificação, análise,
avaliação, comunicação e controle de riscos e eventos adversos que afetam a segurança,
a saúde humana, a integridade profissional, o meio ambiente e a imagem institucional 17
Para implantar um projeto de melhoria da qualidade usando a ideia de mudança e
as ferramentas de melhoria da qualidade na prática clínica, é necessário diagnosticar
soluções dos problemas encontrados nos processos, escolher os indicadores de processo
e de resultado a serem trabalhados no ambiente clínico18. Logo, a melhoria de qualidade
envolve um esforço coordenado entre profissionais de saúde e outras partes interessadas
para diagnosticar e tratar problemas no sistema de saúde.
No entanto, os profissionais de saúde muitas vezes não têm treinamento em
métodos de melhoria de qualidade, o que dificulta sua participação em iniciativas de
melhoria. Inicialmente busca-se formar uma equipe engajada em processo de mudança
para melhoria, e após, com a utilização de algumas metodologias e ferramentas, organiza-
se as ações de segurança. Os projetos podem ser adaptados de outras áreas e adequados
para os profissionais de saúde na área da nefrologia poderem usar para iniciar seus
próprios projetos de melhoria de qualidade 19.
Para atingir mudanças sustentáveis, as iniciativas de melhoria de qualidade devem
se tornar uma nova forma de trabalhar, em vez de algo que é apenas acrescentado ao
cuidado clínico de rotina. Contudo, a maioria das mudanças organizacionais não se
sustentam. As ameaças à sustentabilidade podem ser identificadas tanto no início de um
projeto como quando ele está pronto para a implementação. Ferramentas que ajudam a
sustentar a melhoria incluem painéis de controle de processos, painéis de desempenho,
padrões de trabalho e reuniões rápidas de melhoria.
Muitas dessas ferramentas baseiam-se nos princípios da gestão, que são sistemas
transparentes e simples que permitem a cada profissional distinguir rapidamente as
condições de trabalho normais das anormais. Mesmo quando os métodos de melhoria de
qualidade são aplicados adequadamente, o êxito de um projeto ainda depende de fatores
contextuais 19. Observa-se que existe um movimento internacional por apelo a mudanças
culturais para a Segurança do Paciente na saúde. Porém, as mudanças não têm sido
suficientes até o momento, pois apresentam “manifestações superficiais” que ainda não

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conseguiram modificar as crenças profundamente enraizados que sustentam a prática


clínica 20.
Após mais de 25 anos de implantação de culturas de Segurança do Paciente na
Inglaterra, ainda foram identificados oito temas principais que necessitam ser trabalhado,
as barreiras dos processos de trabalho. São eles: cultura organizacional, número de
profissionais capacitados, pressão no trabalho, cultura de gestão de risco, comunicação,
recursos, finanças/orçamento e complexidade do paciente. São desafios que impedem a
prestação de cuidados eficazes, de alta qualidade e seguros.
Visto que em países onde foram implantadas políticas de segurança a mais de
duas décadas, estes ainda têm apresentando barreiras e dificuldades para garantir uma
assistência segura, se entende que países como Brasil, que apresenta implantação tardia
das medidas, ainda estejam em fase de construir os processos, políticas e diretrizes para
incorporar a cultura da assistência à saúde de forma segura17. Para propor caminhos mais
seguros, é preciso aprender com outras especialidades, que têm a Segurança embasada de
forma sólida. É necessário ainda, que haja uma discussão sobre os princípios da
integração de fatores humanos nos cuidados de saúde, para abordar os desafios da cultura
organizacional, como a pressão no trabalho (carga de trabalho), gerenciamento de riscos,
comunicação e recursos, utilizando ferramentas de gestão 21.

ETIOLOGIA DOS PRINCIPAIS ADVERSOS POTENCIALMENTE REVERSÍVEIS


A OMS estima que todos os anos dezenas de milhares de pessoas sofram danos
desnecessários causados por serviços de saúde inseguros 22. As consequências acarretam
prejuízos nos resultados clínicos e funcionais dos pacientes, custos desnecessários e
insatisfação do usuário. Pacientes com doença renal apresentam alto risco de erros
médicos, devido: à frequência do tratamento complexo, às comorbidades, à polifarmácia
e às consequências patológicas da doença renal terminal 23. Diante disso, e auxiliado pelas
metas internacionais de segurança, assim como pelos protocolos básicos para implantação
da prática segura nos serviços de diálise, o desenvolvimento de todas estas ferramentas
de gestão do processo de trabalho são necessárias para caminhar em direção a uma
assistência segura ao portador de DRC em tratamento 23.
Os erros durante o tratamento hemodialítico nas unidades de nefrologia são
comuns, e os pacientes frequentemente se preocupam com a possibilidade de ocorrer
algum erro durante a sessão de tratamento 4. Observar as Metas Internacionais de

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Segurança do Paciente é relevante, pois a população espera dos serviços de saúde


promoção de saúde, prevenção de doenças, cura e reabilitação, evitando danos resultantes
da assistência prestada, como contração de infecções por meio das práticas negligentes
24
. Logo, as unidades de diálise necessitam: desenvolver estratégias que minimizem os
riscos à segurança dos pacientes em relação à identificação, medicamentos de alta
vigilância e procedimentos invasivos; implementar protocolos; e capacitar toda a equipe
de saúde para atuar com base em práticas seguras, seguindo normas e padrões
internacionais de segurança 24.
A montagem de uma lista de verificação (checklist) é uma estratégia de Segurança
do Paciente útil que pode melhorar e otimizar o atendimento em várias condutas
realizadas antes, durante e após o tratamento hemodialítico realizado. McQuillian et.al
201618 e Silvert et.al 201619, propuseram a implantação de um plano, Plan-Do-Study-Act
(PSDA), o qual através de vários ciclos visou atingir a meta, nesse caso de aumentar a
taxa de diálise independente (diálise domiciliar ou diálise peritoneal). Esse modelo criou
meios de medir e verificar dados do sistema, assim como predizer melhorias e sustentar
a continuação das medidas de segurança e qualidade.
Através do Modelo de Sustentabilidade do Serviço Nacional de Segurança e sua
aplicação ao cenário clínico da diálise domiciliar, os autores propuseram modelos, em
formato de listas, checklist, adaptando-as para o cenário da nefrologia. Este modelo, foi
considerado como um dos primeiros na verificação de Segurança do Paciente, criada
especificamente para o procedimento de hemodiálise, usando uma técnica comprovada
para o desenvolvimento de medidas de qualidade e segurança do paciente nos serviços de
saúde 19. Vale ressaltar que a Segurança do Paciente é um campo emergente, e há muitas
oportunidades em Nefrologia para melhoria. A representação multidisciplinar fornece
forte validade frente os parâmetros de Segurança do Paciente incluídos nesta lista de
verificação.
O Hemo Pause Checklist, desenvolvido em um Hospital Canadense, foi elaborado
a fim de fornecer as Instituições de diálise um roteiro para produzir ferramentas de
25
segurança do paciente e prover esforços locais de melhoria da qualidade . Este visa
melhorar a saúde e a segurança dos pacientes em diálise, podendo assim, reduzir eventos
19
adversos e fortalecer a cultura de segurança nas unidades de hemodiálise . Sobre este
instrumento, puderam ser identificados 31 itens de segurança identificados, dos quais 17

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itens foram sintetizados para a verificação e aplicação nas sessões de hemodiálise. Desta
forma, podem ter aplicação diária e contínua, enquanto os demais itens devem ser
verificados individualmente e a parte 26.
O Home Pause Cheklist ficou dividido em 3 etapas sendo itens a verificar-se antes
27
de iniciar a sessão, ao iniciar a sessão e ao término da sessão . Os itens a serem
identificados antes de iniciar a sessão foram:
• Identificação confirmada;
• Dialisador e dialisato corretos;
• Mudanças nas orientações e prescrição;
• Exames laboratoriais;
• Prescrição de medicamentos;
• Alergias;
• Dificuldades com acesso venoso;
• Fluxo sanguíneo adequado.

Já os itens verificados ao iniciar a sessão foram:


• Avaliação do paciente (mudanças recentes, novos medicamentos, outras
queixas);
• Fazer a dupla checagem com o paciente ou outro profissional;
• Confirmação do acesso vascular.

A terceira etapa do checklist, ao término da sessão contemplava os itens:


• Avaliação quanto a complicações do acesso;
• Revisão do planto de eventos, ou complicações.
• Avaliar eventos com o acesso durante a sessão,
• Registros de pressão arterial;
• Registros dos pesos;
• Revisão dos planejamentos propostos com o paciente, quando necessário

Outra iniciativa a apresentar estratégias como metas para segurança é a Renal


Physicians Association (RPA). Esta estabelece seis metas, voltadas para hemodiálise,
sendo elas: 1) Higiene das Mãos; 2) Dialisador e Solução de diálise corretas; 3) Segurança

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na medicação; 4) Seguimento de protocolos de normas e rotinas; 5) Prevenção de Quedas;


6) Prevenção de deslocamento de agulhas de punção de fístula 28.
A associação americana, RPA, estabeleceu o plano de melhoria da segurança do
paciente. Um guia básico destinado a auxiliar os profissionais na tarefa de criar ou
redesenhar um Programa de Segurança do Paciente em suas instalações de diálise. Tendo
como objetivo que as instalações de diálise desenvolvam, implementem, mantenham e
avaliem um programa eficaz de avaliação de qualidade e melhoria de desempenho
baseado em dados, com a participação dos profissionais da equipe interdisciplinar,
visando a melhora dos resultados clínicos do paciente 28.
O programa deve ser contínuo que alcance uma melhoria mensurável nos
resultados de saúde e redução de erros médicos, usando indicadores de desempenho e
medidas associadas a melhores resultados de saúde e identificação e redução de erros
médicos. Além disso, a instalação de diálise deve medir, rastrear e analisar, indicadores
de qualidade ou outros aspectos de desempenho de boas práticas adotada pelas
organizações para avaliar instalações e processos de atendimento, com envolvimento dos
funcionários para criar uma cultura de segurança.
Para que o sucesso seja uma meta passível de ser alcançada, vários itens devem
ser contemplados. Foco em equipe, investimento em treinamento e tecnologia, são
necessários. O planejamento bem-sucedido da segurança do paciente depende de uma
abordagem dirigida a equipe e supervisionado por um Núcleo de Segurança do Paciente;
deve ter tempo para colocar as verificações de segurança do paciente no lugar. Isso inclui
fornecer treinamento para implementação do plano e monitoramento do progresso. Novos
ou ampliados sistemas de segurança do paciente podem exigir atualizações do sistema de
tecnologia e isso pode envolver tempo e custos para atualizações, bem como treinamento
de pessoal 28.
Uma cultura de segurança é necessária para fornecer um cuidado ideal. Essa
cultura se torna realidade através de melhorias de práticas, procedimentos e processos.
Uma instalação com uma cultura de segurança é caracterizada por vários elementos:
cuidados centrados no paciente; comunicação aberta; ambiente sem culpa e
responsabilidade compartilhada pela segurança 28.
Reuniões de equipe, reuniões com pacientes, treinamento de equipe, boletins
informativos e indicadores descrevendo metas centradas no paciente em uma área de fácil

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acesso, são necessários. É importante divulgar a visão de segurança, através da criação


de fórum permanente para solicitar e compartilhar informações sobre erros, quase erros e
ideias para melhoria 28.
A Instituição deve concentrar-se em estar ciente do erro, para treinar a equipe e
educar os pacientes para estarem cientes de que quando algo no sistema não está
funcionando corretamente, isso permitirá com que a equipe antecipe a probabilidade de
29
erro e possa trabalhar para a prevenção de um novo evento no futuro . Para isso, é
necessário a notificação e acompanhamento dos eventos, através de sistema de
rastreamento de dados, com análise de causa raiz, para determinar fatores contribuintes,
incluindo revisão dos sistemas que estavam em vigor e determinando se os processos
foram seguidos. Se não foram seguidos, deve-se concentrar no treinamento da equipe para
prevenir eventos adversos similares. Entretanto, se os processos foram seguidos, mas não
garantiram a segurança do paciente, o processo deve ser reformulado para criar soluções
para evitar futuros eventos adversos 28.
Como tendências e perspectivas 30 deve-se: concentrar no que funciona bem, além
de aprender com os erros; avançar para um maior pró atividade; criar sistemas para
aprender com a aprendizagem; ser humilde, e criar a confiança e transparência;
coproduzir a segurança com os pacientes e famílias; reconhecer que a segurança é mais
que a ausência de danos físicos, mas sim a busca pela dignidade e equidade.
Observa-se um empenho para que o cenário da assistência seja modificado e a
cultura da segurança seja implantada culturalmente nos profissionais da área da saúde e
estes possam trazer de áreas onde o processo já ocorre de forma rotineira. Para que esta
conquista ocorra é preciso de acesso às capacitações na área de segurança, envolvimento
do paciente no seu programa de tratamento e Instituições empenhadas em investir na
gestão da segurança.

5 CONCLUSÃO
A segurança do paciente está sendo abordada há mais de duas décadas através de
uma aliança internacional para modificar os modos de cuidar e garantir uma assistência
segura, através da utilização de ferramentas de avaliação do processo de cuidar.

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A construção deste processo é bastante complexa, haja vista que mesmo em países
pioneiros da prática, os profissionais ainda encontram diversas barreiras. Especificamente
no campo da nefrologia, é ainda um tema pouco abordado nacionalmente e precisa de um
empenho maior dos profissionais, para que sejam construídas ferramentas de gestão
individualizadas para esta especialidade, e possa tratar os eventos de maneira a identificar
suas causas, construir barreiras e garantir uma assistência segura e de qualidade.
Para que as políticas de Segurança do Paciente sejam aplicadas e implementadas,
é necessário reestruturar os serviços com foco na formação de profissionais, na segurança
e em uma política administrativa que esteja disposta a modificar os padrões usuais,
pensando na melhoria contínua dos serviços oferecidos. Para isso, além dos profissionais
envolvidos, é necessário incluir pacientes e familiares nessa prática.

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