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ISSN: 2525-8761
RESUMO
O Brasil apresentou aumentos significativos nas taxas de parto cesárea. Ao todo, 57,6%
dos nascimentos registrados no país de janeiro a outubro de 2022 foram por cesariana, de
acordo com o Ministério da Saúde. O dado preliminar indica que é a maior taxa da
história, muito acima dos 15%, índice recomendado pela Organização Mundial da
Saúde.Este estudo é uma revisão bibliográfica, foi realizada uma busca dos artigos
utilizando as bases de dados eletrônicas PubMed/MEDLINE e Scielo. Além disso, foram
utilizados os DeCS (Health Sciences Descriptors) “Cesaria”, e “Desnecessárias” estes
foram associados através do operador booleano AND e por fim, foram selecionados 11
artigos. Nesse viés, por se tratar de uma cirurgia, a cesariana apresenta riscos para a mãe
como embolia pulmonar, hemorragias, infecções, trombose, risco de internação em UTI,
aderência de alças intestinais e bexiga no útero, lesões na bexiga , redução da fertilidade,
sangramento uterino anormal e dor pélvica crônica, além de maiores riscos de gravidez
em cicatriz de cesariana, rotura uterina e acretismo placentário.Além disso, entre os
possíveis dos conceptos nascidos, citam-se alterações no microbioma intestinal, maiores
taxas de disfunções imunológicas e desordens metabólicas (como obesidade e asma) e
cognitivas (como hiperatividade). Logo, faz-se necessária a promoção de medidas
governamentais que visem diminuir os índices da cesaria.
ABSTRACT
Brazil showed significant increases in cesarean delivery rates. In all, 57.6% of births
registered in the country from January to October 2022 were by cesarean section,
according to the Ministry of Health. Preliminary data indicate that this is the highest rate
in history, well above the 15% rate recommended by the World Health Organization. This
study is a bibliographic review, a search of articles was carried out using the
PubMed/MEDLINE and Scielo electronic databases. In addition, the DeCS (Health
Sciences Descriptors) “Cesarean section” and “Unnecessary” were used, these were
associated through the Boolean operator AND and finally, 11 articles were selected. In
this regard, because it is a surgery, the cesarean section presents risks for the mother, such
as pulmonary embolism, hemorrhages, hemorrhages, thrombosis, risk of hospitalization
in the ICU, adhesion of intestinal loops and bladder in the uterus, bladder injuries, reduced
fertility, abnormal uterine bleeding and chronic pelvic pain, in addition to greater risks of
pregnancy in cesarean section healing, uterine rupture and placental accretion. metabolic
(such as obesity and asthma) and cognitive (such as hyperactivity). Therefore, it is
necessary to promote government measures aimed at reducing cesarean rates.
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, as taxas de cesariana aumentaram substancialmente em
todas as regiões do mundo, representando 21,1% de todos os nascidos vivos. Dessa forma,
esse aumento foi motivado, principalmente, pelo aumento de cesarianas desnecessárias
em diversos países de média e alta renda. Dentre os países da América Latina, o Brasil se
destaca com a segunda maior taxa de cesariana do mundo, alcançando 56,3% de todos os
nascimentos em 2019. Além disso, é possível observar grande desigualdade na
distribuição das taxas de cesariana no país, sendo maiores em regiões mais desenvolvidas,
em mulheres com idade maior ou igual a 35 anos, de cor da pele branca e com maior nível
de escolaridade. (1)
Nesse viés, a cesariana é uma cirurgia salvadora de vidas, representando grande
avanço na prática obstétrica e na proteção integral do binômio materno -perinatal, sua
realização empoderada está associada a riscos imediatos e futuros relevantes. Entre os
riscos maternos imediatos da cesariana, podem-se citar o aumento do sangramento
intraparto e da hemorragia pós-parto, a elevação dos riscos de infecção/sepse materna,
quadros tromboembólicos e lesões de órgãos pélvicos, especialmente na cirurgia de
urgência. No que se refere aos riscos fetais imediatos, destacam-se a prematuridade
iatrogênica (por nascimento no termo precoce) e o aumento das taxas de taquipneia
transitória do recém-nascido. Deve-se ressaltar ainda que o tocotraumatismo também
pode ocorrer durante a cesariana. (2)
2 METODOLOGIA
Este estudo é uma revisão bibliográfica, a qual busca elucidar os conhecimentos
disponíveis até o momento sobre o impacto das cesarianas desnecessárias no Brasil. Para
a busca dos artigos, foram utilizadas as bases de dados eletrônicas PubMed/MEDLINE e
Scielo. Além disso, foram utilizados os DeCS (Health Sciences Descriptors) “Cesaria”, e
“Desecessárias” estes foram associados através do operador booleano AND. Ademais, os
critérios de exclusão aplicados foram: os artigos que se encontravam duplicados e sem a
temática procurada no título e no abstract. Nesse sentido, todos os artigos originais
indexados e com embasamento científico foram selecionados. Dessa forma, do material
pesquisado e encontrado, foram selecionados 11 artigos, entre os anos de 2010 a 2022, os
quais trouxeram conteúdos condizentes para o cumprimento dos objetivos buscados, da
relevância e da atualidade do presente estudo. Logo, ao aplicar a metodologia proposta, a
revisão bibliográfica foi realizada, a qual tem por objetivo esclarecer acerca do tema
apresentado.
3 RESULTADOS
Para a produção da tabela de resultados, foi realizada uma revisão com 8 artigos,
os quais abordam a temática: O Impacto das Cesarianas Desnecessárias, levando em conta
a sua acurácia, veracidade e conclusões para que fosse viável a sua construção com
integridade.
4 Sonia Lansky Nascer em Belo 2016 Repositóri A amostra foi constituída por puérperas
Horizonte: o da com idade gestacional maior que 22
cesarianas UFMG semanas. Das puérperas classificadas
desnecessárias e por Robson, 31% delas apresentaram
prematuridade parto tipo cesáreo. A ocorrência das
cesáreas desnecessárias foi
evidenciada nas instituições pública e
privada, porém com taxas distintas, de
5% e 36%, respectivamente. Em ambos
os setores as taxas foram mais elevadas
nas mulheres da raça/cor branca, com
idade superior a 32 anos, com menores
idades gestacionais, com
acompanhantes e que possuíam plano
de saúde. Em Belo Horizonte as
elevadas taxas de cesáreas observadas,
especialmente no setor privado, foram
justificadas pela ocorrência de cesáreas
desnecessárias que incrementam
também as taxas de prematuridade. A
classificação de Robson sugere que
para reduzir a ocorrência das cesáreas
desnecessárias em Belo Horizonte é
preciso diminuir o número de cesáreas
em mulheres com cesáreas anteriores e
aguardar o início do trabalho de parto
para decidir a via de nascimento.
5 Míriam Rêgo de Reflexões sobre o 2012 Ciência & Estudos observacionais realizados
Castro Leão, excesso de Saúde sobre preferência da via de parto pelas
Maria Luiza cesarianas no Coletiva mulheres, no Brasil, evidenciam que a
Gonzalez Brasil e a maioria prefere o parto normal. Um dos
Riesco, Camilla autonomia das principais motivos referidos é a
Alexsandra mulheres recuperação mais rápida após o parto.
Schneck Apesar disso, a cesariana é o tipo de
,Margareth parto da maioria das usuárias do setor
Angelo suplementar de saúde, o que põe em
risco a autonomia e a satisfação
feminina com a experiência de parir.
4 DISCUSSÃO
O percentual de partos por cesariana hoje no Brasil é de 56% (mais de 80% desse
total são realizados na rede privada) e está relacionado a desfechos negativos para mães
e bebês, quando tais cirurgias são desnecessárias: aumento da morbimortalidade materna,
da prematuridade, de óbitos fetais e anormalidades placentárias, de problemas na
amamentação e no desenvolvimento do sistema imunológico do recém-nascido. O
percentual de 56% de cesarianas é muito alto, segundo parâmetros da Organização
Mundial da Saúde (OMS) que, desde 1985, estabeleceu que tal proporção não deveria
ultrapassar de 10 e 15% do total de nascimentos. Entretanto, há casos em que a cesárea é
indicada e apresenta desfechos favoráveis para a mãe e o bebê. (5)
Embora seja uma via amplamente utilizada no Brasil, a cesariana ainda pode
causar complicações futuras, tais como redução da fertilidade, sangramento uterino
anormal e dor pélvica crônica, além de maiores riscos de gravidez em cicatriz de
cesariana, rotura uterina e acretismo placentário. Essas complicações obstétricas são
responsáveis por quadros maternos hemorrágicos graves e potencialmente letais, e
associam-se a importante morbimortalidade materna. Entre os possíveis riscos futuros
dos conceptos nascidos por cesariana, citam-se alterações no microbioma intestinal, bem
como maiores taxas de disfunções imunológicas e desordens metabólicas (como
obesidade e asma) e cognitivas (como hiperatividade). (6)
5 CONCLUSÃO
Após a realização do estudo, conclui-se que evidências epidemiológicas
demonstram que o Brasil vive um cenário epidêmico de cesarianas desnecessárias e
indesejadas. Tal cenário corrobora para uma série de complicações no momento do parto
e complicações tardias.
Nesse viés, o National Collaborating Centre for Women’s and Children’s Health,
do National Institute for Clinical Excellence (NICE), recomenda algumas ações na prática
obstétrica que podem ser efetivas na redução da frequência de cesarianas, como : 1.
suporte contínuo às gestantes durante o trabalho de parto ; 2. em gestações não
complicadas, a indução do trabalho de parto pode ser indicada a partir de 41 semanas ; 3.
utilização adequada do partograma; 4. consulta com o obstetra para discussão da via de
parto ; 5. monitorização eletrônica da frequência cardíaca fetal aumenta a taxa de
cesarianas e deve ser evitada na prática clínica diária . Nos casos com monitorização
contínua em que se encontra uma alteração do padrão da frequência cardíaca fetal, a
amostra do sangue fetal pode ser oferecida na tentativa de diminuir a taxa de cesariana.
(11)
Diante do exposto, faz-se necessária medidas públicas que visem diminuir o
número de cesáreas realizadas no país, em vista dos fatores riscos e benefícios
apresentados no presente trabalho.
REFERÊNCIAS
2- Antoine C, Young BK. Cesarean section one hundred years 1920- 2020: The Good,
the Bad and the Ugly. J Perinat Med. 2020;49(1):5-16. doi: 10.1515/jpm-2020-0305
9-Bernardo LS, Simões R, Bernardo WM, Toledo SF, Hazzan MA, Chan HF, et al.
Mother-requested cesarean delivery compared to vaginal delivery: a systematic review.
Rev Assoc Med Bras. 2014;60(4):302-4. https://doi.org/10.1590/1806-9282.60.04.006