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Brazilian Journal of Development


Consultas de puericultura: avaliação de instrumento para sistematização
da assistência de enfermagem

Child care consultations: evaluation of instrument to systematize


nursing care

DOI:10.34117/bjdv6n5-634

Recebimento dos originais:26/04/2020


Aceitação para publicação:30/05/2020

Daiany Maria Castro Nogueira


Acadêmica de Enfermagem da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-
Brasileira.
Endereço: Rua Miguel Alves, 300, Centro, Maracanaú-Ceará.
E-mail: daiany.nogeuira@hotmail.com

Emilia Soares Chaves Rouberte


Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela UFC. Professora Associada do Instituto de
Ciências da Saúde da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-
Brasileira.
Endereço: Rua Luis Oriá, 1100, casa 09, bairro José de Alencar, Fortaleza-Ceará.
E-mail: emilia@unilab.edu.br

Francisca Kessiana Freitas Leal


Enfermeira. Especialista em Saúde da Família. Enfermeira do Município de Itapiúna, Ceará.
Endereço: Rua Ana Almeida, 16, Centro, Itapiúna-Ceará.
E-mail: kessianeleal@gmail.com

Cristianne Soares Chaves


Enfermeira. Doutora em Saúde Pública pela UCES. Enfermeira do município de Limoeiro
do Norte, Ceará e da Superitendência Litoral Leste Jaguaribe do Estado do Ceará.
Endereço: Rua Joaquim Evaristo Gadelha, 2062, Bairro João XXIII, Limoeiro do Norte-
Ceará.
E-mail: cristiannechaves@gmail.com

Ana Débora Assis Moura


Enfermeira. Doutora em Saúde Pública pela UCES. Enfermeira do município de Fortaleza,
Ceará e da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará. Professora do Centro Universitário
Christus.
Endereço: Rua Costa Sousa, 100, torre 1, apto 2003, Bairro Benfica, Fortaleza-Ceará.
E-mail: anadeboraam@gmail.com

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Livia Mara Bezerra Pinto
Enfermeira plantonista do Instituto Dr. José Frota. Especialista em Enfermagem Obstétrica e
em Nefrologia. Mestranda em Enfermagem pela Universidade da Integração Internacional da
Lusofonia Afro-Brasileira.
Endereço: Rua Oeste, s/n, loteamento Residencial Iparana, Iparana, Caucaia-Ceará.
E-mail: liviamarabezerra@yahoo.com.br

RESUMO
É indispensável que o enfermeiro estabeleça um método para guiar a realização da consulta
de enfermagem, pois se trata de uma ferramenta importante que permite o relacionamento
eficaz e eficiente com a clientela. A consulta de enfermagem, ao ser desenvolvida por meio
do processo de enfermagem, proporciona ao profissional maior visibilidade de seu paciente,
além de individualizar o cuidado prestado. Assim, este trabalho teve como objetivo realizar a
avaliação de um instrumento para a sistematização da assistência de enfermagem ao lactente
em consultas de puericultura. Fizeram parte do estudo enfermeiros das equipes da Estratégia
Saúde da Família do município de Redenção, Ceará, Brasil. Esses profissionais utilizaram por
um período de quatro meses o instrumento de Sistematização da Assistência de Enfermagem
para lactentes em consultas de Puericultura elaborado pelas pesquisadoras. Após esse período,
preencheram um formulário de avaliação sobre o instrumento de sistematização. Os
enfermeiros consideraram que o instrumento de Sistematização da Assistência de Enfermagem
para lactentes em consultas de Puericultura é muito prático e útil, por proporcionar uma
listagem dos dados que guia a consulta de puericultura, orientando o enfermeiro em relação às
prioridades na avaliação, e direcionando a necessidade real dos pacientes. Assim, o estudo
possibilitou levar para o serviço uma forma de melhoria da assistência de enfermagem ao
lactente, melhora nos registros, linguagem padronizada e possivelmente favorecerá o melhor
desenvolvimento das consultas de enfermagem no sentido de elevar a qualidade no
atendimento ao lactente.

Palavras-Chave: lactente, assistência, sistematização, enfermagem.

ABSTRACT
It is essential that nurses establish a method to guide the performance of the nursing
consultation, as it is an important tool that allows an effective and efficient relationship with
the clientele. The nursing consultation, when developed through the nursing process, provides
the professional with greater visibility of his patient, in addition to individualizing the care
provided. Thus, this study aimed to evaluate an instrument for the systematization of nursing
care for infants in childcare consultations. The nurses from the Family Health Strategy teams
in the municipality of Redenção, Ceará, Brazil, took part in the study. These professionals
used the Nursing Assistance Systematization instrument for infants in childcare consultations
prepared by the researchers for a period of four months. After this period, they completed an
evaluation form on the systematization instrument. Nurses considered that the Nursing Care
Systematization instrument for infants in Childcare consultations is very practical and useful,
as it provides a listing of the data that guides the childcare consultation, guiding the nurse in
relation to the priorities in the evaluation, and directing the real need of patients. Thus, the
study made it possible to take to the service a way of improving nursing care for infants,

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improving records, standardized language and possibly favoring the better development of
nursing consultations in order to raise the quality of care for infants.

Keywords: infant, assistance, systematization, nursing.

1 INTRODUÇÃO
O enfermeiro, como parte integrante da equipe de saúde, é um profissional fundamental
nas ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde, sendo um dos responsáveis pela
criação do vínculo entre mães de lactentes e os serviços. Dessa forma, é imprescindível que
ela se integre às questões assistenciais com competência e capacidade, realizando um
atendimento mais eficaz, integral e resolutivo (MARQUES e NÓBREGA, 2012).
A enfermagem brasileira tem avançado nas pesquisas em relação à sistematização da
assistência de enfermagem (SAE) tanto no ensino quanto na implementação e aplicabilidade.
Entretanto, muitas instituições de saúde ainda não adotaram esse método de assistência,
principalmente na atenção primária à saúde, já que o conhecimento teórico-prático dos
enfermeiros sobre o mesmo tem se mostrado deficiente.
A operacionalização dos sistemas de linguagem, seja de diagnóstico, de intervenções
ou de resultados, pode colaborar na construção de um raciocínio clínico mais acurado, além
de oferecer contribuição ao crescimento científico da enfermagem e consequentemente, à
promoção da melhoria do cuidado ao paciente. Nesse sentido, ter um instrumento para
sistematizar a assistência do cuidado à lactentes é importante para o desenvolvimento da
prática comunitária, e deve ser entendida como uma relevante meta para a enfermagem, uma
vez que a produção de conhecimento que fundamenta o processo de cuidar fornece, ao
enfermeiro, subsídios importantes à sua ação com segurança (BRASIL, 2006).
Acredita-se que a investigação de diagnósticos de enfermagem e características
definidoras em populações específicas, como a constituída por lactentes(crianças com idades
entre zero e 12 meses), pode contribuir com a construção de saberes específicos dentro da
avaliação clínica destes indivíduos. Além disso, o estabelecimento das intervenções de
enfermagem pode contribuir para a qualidade de vida desta população.
Além da identificação dos diagnósticos de enfermagem, é indispensável que o
enfermeiro estabeleça um método para guiar a realização da consulta de enfermagem, pois se
trata de uma ferramenta importante que lhe permite relacionar-se diretamente com a clientela.
A consulta de enfermagem, ao ser desenvolvida com a utilização de uma teoria e aplicada por

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meio do processo de enfermagem, proporciona a esse profissional maior visibilidade de seu
paciente, além de individualizar o cuidado prestado, uma vez que ele atende inúmeros
pacientes com diferentes patologias e nas diferentes fases do desenvolvimento, desde o
neonato até o idoso (MARQUES e NÓBREGA, 2012).
O enfermeiro é fundamental na realização da puericultura, pois esta envolve uma
sequência de etapas que direcionam as ações de modo que haja um atendimento eficaz às
necessidades da saúde da criança e aos anseios da família. Não se trata apenas de aferir as
medidas antropométricas, mas sim avaliar a criança na sua integralidade, observando
crescimento e desenvolvimento, com ênfase nas orientações de cuidado (ASSIS, 2011 e
VASCONCELOS, 2012). Desta forma, a sistematização da assistência de enfermagem seria
uma ferramenta importante para que esta consulta acontecesse de forma mais efetiva e eficaz.
O presente estudo teve como objetivo realizar a avaliação de um instrumento para a
sistematização da assistência de enfermagem ao lactente em consultas de puericultura.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido no município de Redenção, Ceará, Brasil, em seis Unidades
de Atenção Primária à Saúde, localizadas nas zonas urbana e rural do município. Atualmente,
tem-se 11 equipes da Estratégia Saúde da Família distribuída no referido município.
Participaram do estudo os enfermeiros das equipes da Estratégia Saúde da Família do
município de Redenção, Ceará, que realizam consultas de puericultura às crianças com idades
entre zero a 12 meses de idade (lactentes).
Inicialmente,um instrumento para a Sistematização da assistência de enfermagem foi
finalizado para que pudesse ser utilizado por enfermeiros durante consultas de puericultura.
Para a construção do instrumento, foi realizado um levantamento de pesquisas publicadas em
periódicos indexados nas bases de dados da LILACS (Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde), utilizando como descritores: lactente, cuidados de enfermagem,
instrumento, processo de enfermagem. Os estudos encontrados, juntamente com livros na área
de pediatria, subsidiaram a construção do instrumento de sistematização da assistência para
lactentes com base em indicadores/referenciais clínicos identificados, que constituem suas
características de normalidade ou anormalidade. Este instrumento contém todas as fases do
processo de enfermagem.
Em seguida, foi realizada uma visita a Secretaria de Saúde do Município de Redenção
para realizar convite aos enfermeiros para que os mesmos pudessem participar do estudo. Os
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enfermeiros foram convidados a participar do estudo e foi apresentado o projeto e o
instrumento a ser utilizado durante as consultas para entrevista e exame físico dos lactentes.
Alguns enfermeiros passaram a utilizar em suas consultas de puericultura um
instrumento adaptado do estudo de Monteiro (2013), o qual contempla a anamnese e o exame
físico da criança. Além desse instrumento, os enfermeiros passaram a utilizar para sistematizar
as informações coletadas, o instrumento de Sistematização da Assistência de Enfermagem
para lactentes (SAE-lactentes), que foi construído pelos pesquisadores deste estudo (anexo A).
O instrumento foi validado previamente em seu conteúdo e aparência pelos 06
enfermeiros, utilizando como ponto de corte o índice de concordância > 0,8 (PASQUALI,
2003).
Os enfermeiros foram orientados a utilizar por um período de quatro meses os
instrumentos propostos, para que os apliquem na prática clínica, em suas consultas de
puericultura e verifiquem sua aplicabilidade; verificar também se as expectativas serão
atendidas; e se é possível dar continuidade ao processo de enfermagem de forma sistematizada,
para que este permaneça atendendo às necessidades da clientela e facilite a sistematização da
assistência de enfermagem ao lactente em consultas de puericultura.
Desta forma, após o período de quatro meses de utilização, a SAE-lactente foi realizada
a aplicação de um questionário de avaliação do instrumento de sistematização da assistência
de enfermagem para lactentes em consultas de puericultura com os enfermeiros para
verificação da aplicabilidade, expectativas e possibilidade de continuidade do processo.
Os procedimentos foram realizados pela coordenadora da pesquisa, em conjunto coma
acadêmica de enfermagem.
O projeto de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILAB,
procurando atender aos aspectos contidos na resolução 466/12 sobre pesquisa com seres
humanos do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde (BRASIL, 2012), recebendo
parecer favorável à sua execução sob número de protocolo 1.363.872.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram do estudo seis enfermeiros das equipes da Estratégia Saúde da Família do
município de Redenção, Ceará, que realizam consultas de puericultura às crianças com idades
entre zero a 12 meses de idade. Total equivalente a 54,5% do total de enfermeiros que atuam
nas equipes de Estratégia de Saúde da Família do município de Redenção, Ceará, Brasil.
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Durante a coleta dos dados, observou-se as dificuldades dos enfermeiros relacionadas
ao uso do instrumento SAE, bem como a dificuldade de compreensão relacionadas aos
diagnósticos de enfermagem contidos. Todavia, afirmavam que o instrumento SAE era de fácil
compreensão. Os espaços abertos para complementação de dados, como aprazamento, foram
preenchidos de forma inadequada na maioria, bem como as características que evidenciavam
a presença dos diagnósticos de enfermagem, o que levou a perceber a deficiência dos
participantes do estudo nessa área de conhecimento.
Foi realizada a avaliação qualitativa do instrumento, que serviria de ferramenta para
auxiliar os enfermeiros nas consultas de puericultura. Um achado foi unânime: as enfermeiras
julgaram o instrumento muito longo; elas referiram que o cliente se cansava durante o
preenchimento. Outras enfermeiras afirmaram que os dados seriam ruins devido à falta de
esclarecimento dos pais dos lactentes e em razão da baixa demanda de lactentes. No entanto,
sabe-se que o preenchimento adequado depende unicamente do profissional de enfermagem,
que deve comunicar-se com os pacientes de forma adequada independente dos determinantes
sociais como escolaridade, classe social ou outros.
Alguns instrumentos SAE foram descartados do estudo, pois as enfermeiras utilizaram
para crianças fora da faixa etária estabelecida no estudo. Desta forma, pôde-se inferir que não
fica claro para os profissionais a faixa etária estabelecida para lactentes.
O instrumento construído continha sete diagnósticos de enfermagem, resultados
esperados e intervenções de enfermagem para cada diagnóstico (anexo A). Os diagnósticos de
enfermagem foram estabelecidos em estudo anterior (LEAL e ROUBERTE, 2016). Parte dos
enfermeiros preencheram adequadamente e afirmaram que foi de grande valia para utilização
como ferramenta de trabalho.
Na segunda parte do estudo, foi encaminhado um questionário de avaliação do
instrumento SAE para que os profissionais que o utilizaram pudessem avaliá-lo quanto alguns
itens. O instrumento para a avaliação da SAE era do tipo likert e continha 15 itens a serem
avaliados. Para cada item, o enfermeiro deveria marcar discordo totalmente, discordo, nem
concordo nem discordo, concordo ou concordo totalmente. A consolidação das respostas para
cada item, está apresentada no quadro a seguir.
Houve diálogo sobre a forma de apresentação dos itens do questionário de avaliação.
As enfermeiras discutiram os aspectos positivos e negativos das formas de levantamento de
dados.

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Quadro 1. Avaliação do instrumento de sistematização da assistência de enfermagem conforme concordância dos
enfermeiros. Redenção. 2017.
Itens avaliados sobre o instrumento SAE Respostas dos enfermeiros
Não Concordo Concordo Concordo
nem discordo totalmente
O instrumento contém linguagem clara e objetiva. 00 03 03
É possível usar o instrumento para auxilio como 00 02 04
roteiro na consulta de Puericultura.
É necessário que o enfermeiro estabeleça um 00 03 03
método para guiar a realização da consulta de
enfermagem.
O instrumento é uma ferramenta importante que 00 03 03
permite o relacionamento direto enfermeiro e
clientela.
É possível preencher o formulário sem 01 02 03
dificuldades ou problemas.
Os diagnósticos de enfermagem e características 00 04 02
definidoras presentes no instrumento podem
contribuir com a construção de saberes específicos
dentro da avaliação clínica destes indivíduos.
O estabelecimento das intervenções de 00 01 05
enfermagem evidenciadas no instrumento pode
contribuir para a qualidade de vida da população.
A consulta de enfermagem desenvolvida com a 00 02 04
utilização de um instrumento proporciona ao
profissional maior visibilidade de seu paciente,
além de individualizar o cuidado prestado.
O uso do instrumento é capaz de orientar e 00 02 04
promover ações de promoção da saúde e de bem-
estar infantil, além de permitir a detecção precoce
de problemas de saúde e oportunizar seu
tratamento em tempo hábil.
A sistematização da assistência de enfermagem 00 04 02
seria uma ferramenta importante para que as
consultas aconteçam de forma mais efetiva e
eficaz.
A construção desse instrumento favoreceu a 00 03 03
Sistematização da Assistência de Enfermagem
(SAE) ao lactente.
É possível dar continuidade ao uso do instrumento 00 04 02
durante o atendimento nas consultas de
puericultura.
A utilização do instrumento nas consultas de 00 03 03
puericultura pode melhorar os registros, otimizar
o serviço, aumentar a taxa de adesão às possíveis
condutas propostas e fomente a promoção da
saúde na comunidade.
O instrumento de comunicação efetivará as 00 03 03
atividades do enfermeiro para assistir a criança,
promovendo subsídios para o planejamento,
coordenação e avaliação das suas ações.
O presente instrumento tem relevância na 00 03 03
melhoria da assistência ao lactente.

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As enfermeiras consideraram que o instrumento é muito prático e útil por proporcionar
uma listagem dos dados que, de certa forma, guia a consulta de puericultura, orientando ao
enfermeiro (a) as prioridades na avaliação, e direcionando a necessidade real dos pacientes.
Para quase a totalidade dos itens de avaliação do instrumento, os enfermeiros
concordaram que seria um instrumento claro, objetivo, que seria ajudaria nas consultas de
enfermagem à crianças, que melhoraria os registros, a comunicação e a assistência prestada.
Nenhum dos enfermeiros marcou os itens discordo totalmente ou discordo para os itens
avaliados.
A avaliação de um instrumento, para ser utilizado na prática, dá subsídios ao enfermeiro
para atuar de forma sistematizada e enfocando as reais necessidades do público estudado. Por
meio dos diagnósticos identificados são traçados os resultados esperados e as intervenções de
enfermagem.
Para a nomeação dos diagnósticos de enfermagem, foi utilizada como referência a
Taxonomia II da NANDA-I (HERDMAN, 2015). E para a classificação dos resultados e
intervenções de Enfermagem utilizou-se a Nursing Outcomes Classification (NOC) e Nursing
Interventions Classification (NIC), respectivamente.
A validação de um instrumento, para ser utilizado na prática, dá subsídios ao
enfermeiro para atuar de forma sistematizada e enfocando as reais necessidades do público
estudado. Por meio dos diagnósticos identificados são traçados os resultados esperados e as
intervenções de enfermagem.
A elaboração de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem é uma
ferramenta relevante para a qualidade da sistematização da assistência, uma vez que o
diagnóstico, quando utilizado corretamente, possibilita direcionar as ações por meio das
intervenções a serem implementadas pela equipe de enfermagem. Além disso, possibilita a
utilização de uma linguagem específica da área, garantindo uma comunicação clara, precisa e
objetiva entre todos que compõem a equipe de enfermagem (NÓBREGA et al., 2011).
Assim, torna-se relevante a sua utilização em todas as fases da vida. Os primeiros
meses de vida constituem uma das fases mais importantes para a saúde da criança, é neste
período que ocorrem processos vitais no crescimento e desenvolvimento. Desta forma, a saúde
da criança dependerá de um acompanhamento cauteloso, visando prevenir ou atenuar
possíveis agravos à sua saúde (RODRIGUES et al.,2015).
A partir dos diagnósticos identificados é possível perceber quais os problemas que
merecem ser levados em consideração e prioritários, e ser traçadas medidas de prevenção e
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cuidado à saúde. Este é o caso, por exemplo, dos diagnósticos de enfermagem risco de
sobrepeso, risco de infecção e risco de desenvolvimento atrasado.
O risco de sobrepeso pode estar associado a diversos fatores, alguns estudos apontam
que o uso do leite de vaca como forma de alimentação nos dois primeiros anos está associado
ao ganho excessivo de peso, atribuído à composição inadequada e à maneira inapropriada de
administração do leite (CORDEIRO et al., 2013). Deste modo, durante a avalidação do
instrumento pelos profissionais, foi possível identificar se os resultados esperados e
intervenções se aplicavam na prática clínica.
Sabe-se que a identificação dos diagnósticos não é uma tarefa simples e tem-se uma
baixa adesão por parte dos profissionais. Identifica-se ainda uma dificuldade na implantação
do acompanhamento sistematizado à criança na Estratégia Saúde da Família, principalmente
no que concerne a implantação da sistematização da assistência de enfermagem, o que poderia
potencializar a atuação do enfermeiro na prevenção de doenças e promoção da saúde das
crianças atendidas (OLIVEIRA et al., 2013).
A partir do exposto foi perceptível a necessidade do enfermeiro traçar estratégias de
modo a atender a clientela especifica em todas suas dimensões. A construção de um
instrumento pode estar sendo uma ferramenta que venha a qualificar a assistência prestada.
Com a utilização de outro recurso para implementação da SAE, pode haver um caminho que
traga uma melhoria de mão dupla, tanto para os enfermeiros por aprimorar seus
conhecimentos, quanto para o cliente por ter a oportunidade de ser atendido de forma holística.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para a realização do estudo, os pesquisadores tiveram algumas dificuldades, como
contatar os enfermeiros devido ao difícil acesso às localidades na qual eles desenvolviam suas
atividades, por serem muito distantes e geralmente em localizações como serras, afastadas do
centro da cidade de Redenção. Também foi uma coleta de dados difícil devido à resistência
apresentada por estes enfermeiros a engajar-se nas pesquisas desenvolvidas no município à
época.
A partir dos dados obtidos, foi perceptível a necessidade do enfermeiro traçar
estratégias de modo a atender a clientela especifica em todas suas dimensões. A construção de
um instrumento pode estar sendo uma ferramenta que venha a qualificar a assistência prestada.
Com a utilização de outro recurso para implementação da sistematização da assistência de
enfermagem, pode haver um caminho que traga uma melhoria de mão dupla, tanto para os
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enfermeiros por aprimorar seus conhecimentos e organizar seu cuidado e assistência, quanto
para o cliente por ter a oportunidade de ser atendido de forma holística.
Todavia, nota-se a necessidade de incluir uma capacitação para os enfermeiros sobre a
temática “Diagnósticos de enfermagem” para que possam dar seguimento as consultas de
puericultura de forma mais eficiente e garantindo a observação e prestação do cuidado de
forma integral na assistência de enfermagem ao lactente, a fim de identificar rapidamente
alterações clínicas importantes, para resolução rápida e eficaz das necessidades apresentadas.
Desta forma, o estudo possibilitou levar para o serviço uma forma de melhoria da
assistência de enfermagem ao lactente, melhora nos registros, linguagem padronizada e
possivelmente favorecerá o melhor desenvolvimento das consultas de enfermagem no sentido
de elevar a qualidade no atendimento ao lactente.

REFERÊNCIAS

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Publicado no Diário da República n.º 110 de 7 de Junho, 2006.

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introdução precoce do leite de vaca com o desenvolvimento da obesidade em lactentes.
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PASQUALI, L. Psicometria: teoria dos testes na psicologia e na educação. 2a ed. Petrópolis:


Vozes; 2003.

RODRIGUES, P.F; REICHERT, A.P.S; COLLET, N; ALBUQUERQUE, N.C.T .M.


Formação de Vínculo na Consulta de Enfermagem à Criança Menor de Dois Anos.
Investigação Qualitativaem Saúde, v.1, 2015.

VASCONCELOS, V.M.; FROTA, M.A.; MARTINS, M.C.; MACHADO, M.M.T.


Puericultura em Enfermagem eeducação em saúde: percepção das mães na Estratégia Saúde
da Família. Esc Anna Nery RevEnferm. 2012,16(2):326-31.

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ANEXO A

Sistematização da Assistência de
Enfermagem ao Lactente

Nome da Criança______________________________________________Data:___________________
Nº do prontuário_________ Data de nascimento:__________ Local de nascimento:________________
Nome do responsável legal:______________________________________________________________
Nome do cuidador:_____________________________________________________________________
Doenças previas:______________________________________________________________________
Endereço:____________________________________________________________________________
DIAGNÓSTICOS DE RESULTADOS ESPERADOS INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM (NIC) Aprazamento
ENFERMAGEM (NOC)
( ) Disposição para ( ) Manutenção da amamentação. ( ) Orientar os pais/ cuidador a alimentar somente com leite
amamentação ( ) Manutenção da amamentação. materno, ou fórmula para o primeiro ano (nenhum sólido antes
melhorada evidenciado ( )vínculo pais-bebê. de quatro meses).
por ( ) Estabelecimento da ( ) Dar materiais escritos aos pais adequados às necessidades de
__________________ amamentação. Mãe/bebê. conhecimento identificadas.
________________ ( ) Orientar os pais/cuidador a sempre segurar o bebê ao oferecer
a mamadeira, jamais apoiar a mamadeira ou dá-la na cama.
( ) Risco de ( ) Comportamento de aceitação: ( ) Pesar o paciente a intervalos específicos.
sobrepeso evidenciado Dieta Prescrita . ( ) monitorar as interações pais/ filhos durante as refeições,
por________________ ( ) Estado nutricional: ingestão de conforme apropriado.
__________________ alimentos e líquidos. ( ) Monitorar o crescimento e desenvolvimento.
__________________ ( ) Controle de riscos. ( ) Monitorar ingestão calórica e nutricional.
_____________ ( )Conhecimento: Controle do peso. ( ) Iniciar consulta nutricional, conforme apropriado.
( ) integridade da pele ( ) Respostas alérgicas: Localizada. ( ) Trocar fraldas, conforme apropriado.
prejudicada ( ) controle de riscos: Processo ( ) Assegurar o emprego da técnica adequada no cuidado de
Relacionado a infeccioso. feridas.
__________________ ( ) autocuidado: higiene. ( ) Remover perigos ambientais.
________________ ( ) Gravidade da infecção: Recém- ( ) Aplicar curativo adequado ao tipo de lesão.
evidenciado nascido. ( ) Orientar a família sobre sinais e sintomas de infecção.
por________________ ( ) Termorregulação: Recém- ( ) Orientar á família sobre procedimentos e cuidados com a
__________________ nascido. lesão.
______________ ( ) Integridade Tissular: Pele e ( ) Monitorar temperatura do recém-nascido até estabilizar.
Mucosas.
( )amamentação ( ) conhecimento: amamentação. ( ) Alimentar o bebê com alimentos apropriados para cada fase
interrompida ( ) manutenção da amamentação. de desenvolvimento.
relacionada a ( ) vinculo pais-bebê. ( ) Oferecer aos pais materiais escritos adequados às
__________________ ( ) Estado de saúde pessoal. necessidades identificadas de conhecimento.
__________________ ( ) Resposta à medicação. ( ) Promover a autoeficácia no desempenho do papel de
_____evidenciado ( ) Gravidade da infecção. pai/mãe.
por________________ ( ) Orientar os pais/ cuidador a alimentar somente com leite
__________________ materno, ou fórmula para o primeiro ano( nenhum sólido antes
__________________ de quatro messes).
_________ ( ) orientar os pais/ cuidador a descartar as sobras de fórmulas e
a limpar a mamadeira após cada refeição.
( )Informar sobre o retorno precoce da ovulação.
( ) mucosa oral ( ) Higiene Oral. ( ) Orientar e demonstrar aos pais técnicas de higiene oral
prejudicada relacionada ( ) Controle de riscos: Processo apropriadas à dentição do bebê para serem usadas após cada
a infeccioso. refeição.
__________________ ( ) Estado de deglutição. ( )Estabelecer uma rotina de cuidados orais.
__________________ ( ) Estado Imunológico. ( ) Orientar a família sobre sinais e sintomas de infecção e
____ evidenciada ( ) Estado nutricional: Ingestão de sobre o momento de relatá-los ao profissional de saúde.
por________________ alimentos e líquidos. ( ) Ensinar ao pai/mãe as imunizações recomendadas e
__________________ ( ) Gravidade da infecção: Recém- necessárias aos filho, via de administração dos medicamentos,
______________ nascido. razões e os benefícios do uso, reações adversas.
( ) Resposta alérgica: Localizada. ( ) Controlar a ingestão de líquidos, ajustando a maciez do bico,
o tamanho do orifício e o tamanho da mamadeira.
( ) Informar sobre o surgimento dos dentes e a higiene oral no
primeiro ano de vida.
( ) Orientar os pais sobre a suplementação adequada de flúor.
( ) notificar os cuidados e os provedores de atendimento de saúde
sobre alergias conhecidas.
( ) risco de infecção ( ) Estado imunológico. ( ) Monitorar a vulnerabilidade a infecções.
evidenciado ( ) Comportamento de tratamento: ( ) Providenciar cuidados adequados à pele em áreas
por________________ Doença ou lesão. edemaciadas.
_______________ ( ) Conhecimento: controle de ( ) Monitorar as mudanças no nível de energia/ mal-estar
Infecção. ( ) Promover ingestão nutricional adequada.
( ) Controle de riscos. ( ) Examinar todas as visitas quanto à presença de doenças
transmissíveis.

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.5, p.32619-32631 may. 2020. ISSN 2525-8761


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Brazilian Journal of Development
( ) Controle de riscos comunitários:
Doenças contagiosas.
( ) Gravidade da infecção: recém-
nascido.
( ) risco de ( )Conhecimento: cuidados com o ( ) Oferecer informações precisas sobre a condição, o tratamento
desenvolvimento bebê. e as necessidades do bebê.
atrasado evidenciado ( ) controle de risco. ( ) Auxiliara os pais a planejar cuidados em resposta aos
por________________ ( ) Criação dos filhos: desempenho indicadores e estados do bebê.
__________________ dos pais. ( ) Elaborar um plano individualizado de desenvolvimento para
______________ ( ) Peso: massa corpórea. cada bebê, e atualizá-lo com regularidade.
() Detecção de risco. ( ) Criar uma relação terapêutica e de apoio com os pais.
( ) Desenvolvimento infantil.

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.5, p.32619-32631 may. 2020. ISSN 2525-8761

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