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ESPELHO
PORTARIA - No. 230 - Assinatura: 07/03/2023 - Diário Oficial da União: 46 - Publicação: 08/03/2023
Ementa:
Institui o Programa Nacional de Equidade de Gênero, Raça e Valorização das Trabalhadoras no Sistema
Único de Saúde - SUS.
Assunto(s):
1. 088.POLÍTICAS_PROGRAMAS_REDES
Órgão(s) Publicador(es):
1. GABINETE DO MINISTRO (GM)
Legislação(ões) Referenciada(s):
Este documento pode ser verificado no endereço eletrônico 107 Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001,
http://www.in.gov.br/autenticidade.html, pelo código 05152023030800107 que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.
Seção 1 ISSN 1677-7042 Nº 46, quarta-feira, 8 de março de 2023
passados 12 meses da sua ocorrência. A idade média de ocorrência da menopausa é 50 c) Estimular projetos e programas de atenção à saúde das trabalhadoras no
anos; período de climatério e menopausa, articulando as práticas integrativas e complementares
V - Cogestão - expressa tanto a inclusão de novos sujeitos nos processos de no SUS- PICS e atividades físicas laborais;
análise e decisão quanto a ampliação das tarefas da gestão - que se transforma também
em espaço de realização de análise dos contextos, da política em geral e da saúde em V - Saúde Mental e Gênero
particular, em lugar de formulação e de pactuação de tarefas e de aprendizado coletivo a) Desenvolver, em conjunto com as gestoras e os gestores municipais e
(Brasil, 2013); estaduais, programas de valorização, segurança e saúde da trabalhadora garantindo ações
VI - Gênero - o gênero é um dos princípios de organização social: organiza de promoção e reabilitação a saúde mental considerando as interseccionalidades;
identidades e autoconceitos (ex: autopercepção de saúde); estrutura interações sociais b) Estimular o acolhimento e construção de fluxos de acionamento à rede
(ex: discriminação, práticas de cuidado); organiza estruturas sociais e embasa a
distribuição de poder e recursos (ex: controle sobre o trabalho) (Wharton, 2009). Refere- intersetorial para providencias cabíveis às trabalhadoras da saúde que apresentem
se a comportamentos, performatividades e papéis que uma dada sociedade, em um dado vivenciar situação de violência doméstica, garantindo a confidencialidade;
momento, considera coerente para homens e mulheres. Esses papéis são socialmente c) Promover práticas integrativas e complementares para minimizar estressores
construídos, e, hegemonicamente sustentados por uma perspectiva biológica. Pode-se proveniente do trabalho na saúde;
dizer que gênero é o modo "como os sexos [mulher ou homem] são pensados e como as
qualidades sexuais vêm a ser aplicadas a outras formulações" (Strathern, 2014); d) Elaborar programas e projetos de promoção à saúde mental nos serviços de
VII - Identidade de Gênero - identidade de gênero se refere ao posicionamento saúde considerando a equidade de gênero e raça em conjunto com as gestoras e os
de uma pessoa frente a questões socioculturais e políticas referentes à gênero. A gestores municipais e estaduais;
identificação de uma pessoa parte, exclusivamente, de sua declaração frente ao gênero, e) Estimular a orientação e medidas institucionais para evitar a Síndrome de
existindo uma gama de identidades conhecidas. Elas podem ser declaradas de diferentes Burnout e outros sofrimentos psíquicos entre as trabalhadoras da saúde;
formas. Entende-se que uma pessoa cisgênero é aquela que se identifica com o gênero
que lhe foi atribuído ao nascer, enquanto a pessoa transgênero é aquela que se identifica VI - Formação e educação permanente na saúde considerando as
com o gênero oposto ao atribuído no nascimento. Esse é o caso, por exemplo, de uma interseccionalidades no trabalho na saúde:
mulher transgênero, a quem foi atribuída a identidade masculina, porém, que se identifica a) Transversalizar a temática de gênero, raça e classe nos processos de
como mulher; educação permanente e formação no SUS;
VIII - Interseccionalidade - é uma categoria analítica usada para se entender o b) Inclusão da temática da orientação sexual e identidade de gênero nos
imbricamento entre diferentes sistemas discriminatórios como, por exemplo, o racismo,
sexismo e a opressão de classe. Tais estruturas operam de formas específicas interligando processos de educação permanente desenvolvidos pelo SUS;
diferentes marcadores sociais da diferença, tais como: gênero, raça, etnia, classe, idade, c) Promover processos formativos para alta gestão em saúde a fim de
escolaridade, deficiência, orientação sexual, entre outros. A intersecção entre eles produz qualificar a força de trabalho feminina no SUS;
formas específicas de discriminação e por isso precisam ser consideradas na análise de d) Transversalizar a política nacional de humanização para o desenvolvimento
gênero. Por exemplo, a taxa de desemprego é muito diferente entre mulheres brancas e
negras, variando de acordo com o grau de escolaridade e país onde vivem. Ou seja, ter de dispositivos ao processo de promoção a equidade de gênero no trabalho na saúde;
uma perspectiva interseccional de gênero é pensar nas múltiplas dimensões que e) Reflexão sobre as desigualdades de gênero e raça no interior das
compõem uma experiência e considerá-las para entender as especificidades das organizações; e
desigualdades (Crenshaw, 2002, p.177); f) Propiciar processo de educação permanente para enfrentamento a diversas
IX - Discriminação de Gênero e Sexualidade - manifestada por meio da formas de violência de gênero, raça, sexualidade, classe e outras interseccionalidades.
exclusão, restrição ou preferência de algum/a colaborador/a com base em seu gênero
e/ou orientação sexual. Diferença de tratamento ou anulação ou limitação do exercício de SECRETARIA DE ATENÇÃO ESPECIALIZADA À SAÚDE
direitos humanos e liberdades fundamentais. O/a acusado/a também pode pertencer a
qualquer instituição vinculada ao ambiente de trabalho; e
X - Rede Colaborativa - as redes são consideradas mecanismos que permitem AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA
o intercâmbio de informação e experiências, valorizando do processo de comunicação e DIRETORIA COLEGIADA
permitindo constante troca de conhecimentos entre os atores envolvidos. Neste sentido,
a rede é um instrumento importante para apoiar as atividades e concretizar ações efetivas RESOLUÇÃO - RDC Nº 778, DE 1° DE MARÇO DE 2023
de saúde pública, ratificando processos colaborativos de trabalho na saúde (OPAS/OMS
Brasil). Dispõe sobre os princípios gerais, as funções
3. Diretrizes tecnológicas e as condições de uso de aditivos
I - Promover a política de equidade de gênero e raça no SUS buscando alimentares e coadjuvantes de tecnologia em
modificar as estruturas machista e racista que operam na divisão do trabalho na alimentos.
saúde:
a) Estimular a construção de políticas públicas e propostas de trabalho A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso das
protegido, digno e seguro, considerando as desigualdades de gênero e raça; competências que lhe conferem os arts. 7º, inciso III, e 15, incisos III e IV, da Lei nº 9.782,
b) Transversalizar os princípios do Programa Nacional de Equidade de Gênero de 26 de janeiro de 1999, e considerando o disposto no art. 187, inciso VI e §§ 1º e 3º,
e Raça e Valorização da trabalhadora no SUS para que que estejam presentes nas demais do Regimento Interno aprovado pela Resolução de Diretoria Colegiada - RDC nº 585, de
políticas públicas; 10 de dezembro de 2021, resolve adotar a seguinte Resolução de Diretoria Colegiada,
c) Adotar linguagem que promova equidade, evitando termos machistas e conforme deliberado em reunião realizada em 1º de março de 2023, e eu, Diretor-
patriarcais, no cotidiano institucional e nas produções das políticas, programa e projeto no Presidente, determino a sua publicação.
âmbito do SUS; CAPÍTULO I
d) Articular junto às Secretarias de Saúde estaduais e municipais a definição de DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
estratégias de equidade de gênero e raça no trabalho na saúde; Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre os princípios gerais, as funções
e) Incentivar práticas de gestão do trabalho e de cultura organizacional que tecnológicas e as condições de uso de aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia
promovam a igualdade de oportunidades entre mulheres e homens dentro das em alimentos.
organizações do SUS; §1º Esta Resolução não se aplica aos amidos modificados quimicamente, que
f) Articular intersetorialmente com órgãos da segurança, educação, política deverão obedecer às especificações pelo Código de Produtos Químicos Alimentares (Food
para mulheres e assistência social elaboração de estratégias conjunta de equidade de Chemicals Codex - FCC).
Gênero e enfrentamento a violência contra mulher no ambiente de trabalho; e §2º Esta Resolução incorpora ao ordenamento jurídico nacional:
g) Reconhecer e disseminar publicamente o compromisso com a equidade de I - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 31, de 2 de outubro de 1992;
gênero e raça valorizando da diversidade no mundo do trabalho na saúde; II - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 18, de 30 de junho de 1993;
II - Enfrentamento às diversas formas de violências relacionadas ao trabalho na III - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 83, de 14 de janeiro de 1994;
saúde: IV - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 84, de 14 de janeiro de 1994;
a) Garantir um ambiente institucional seguro e contribuir para o V - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 105, de 15 de dezembro de 1994;
enfrentamento do machismo cultural, das formas de misoginia, sexismo discriminação VI - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 106, de 15 de dezembro de 1994;
étnico-racial, religiosa, geracional, orientação sexual e identidade de gênero ou quaisquer VII - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 107, de 15 de dezembro de 1994;
outras formas de preconceito; VIII - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 50, de 13 de dezembro de 1997;
b) Fomentar programas de prevenção e combate ao assédio moral e sexual no IX - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 53, de 8 de dezembro de 1998;
trabalho compreendendo a dimensão de gênero e raça; X - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 54, de 8 de dezembro de 1998;
c) A inclusão dos quesitos raça/cor e identidade de gênero no cadastro das XI - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 16, de 28 de junho de 2000;
trabalhadoras da saúde; XII - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 51, de 29 de setembro de 2000;
d) Promover o respeito aos direitos humanos atuando na eliminação do XIII - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 15, de 9 de junho de 2005;
preconceito e da discriminação das mulheres transexuais, travestis no âmbito do trabalho XIV - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 7, de 22 de junho de 2006;
na saúde; XV - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 8, de 22 de junho de 2006;
e) Estimular a criação de espaços de denúncia e fluxos de providências para XVI - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 9, de 22 de junho de 2006;
vítimas de assédio moral e sexual no trabalho; XVII - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 9, de 21 de junho de 2007;
f) Fomentar o uso de comunicação não-violenta e práticas humanizadas na XVIII - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 34, de 11 de dezembro de 2007;
relação do trabalho na saúde; XIX - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 2, de 16 de abril de 2008;
g) Promover o debate, a perspectiva e o olhar de gênero e raça no âmbito das XX - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 34, de 15 de junho de 2010;
relações de trabalho; XXI - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 35, de 15 de junho de 2010;
h) Desenvolver relações humanizadas no trabalho na saúde, promovendo XXII - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 28, de 5 de setembro de 2018; e
ruptura com sistemas de opressão e forma de violências relacionadas ao trabalho; XXIII - a Resolução GMC/MERCOSUL nº 63, de 16 de dezembro de 2018.
III - Acolhimento às trabalhadoras da saúde no processo de maternagem: Art. 2º Para fins desta Resolução, aplicam-se as seguintes definições:
a) Estimular a construção de ambiência adequada e espaço acolhedor para as I - aditivo alimentar: todo ingrediente adicionado intencionalmente aos
mulheres lactantes dentro da instituição de trabalho, destinado às trabalhadoras que alimentos, sem propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas,
retornam da licença-maternidade e desejam continuar amamentando seus filhos; químicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento, preparação,
b) Flexibilizar horários de trabalho garantindo dois descansos especiais, de tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de
meia hora cada um, durante a jornada de trabalho até o 6º mês de vida do bebê, além um alimento;
dos intervalos normais para repouso e alimentação, mesmo tratamento estendido para II - coadjuvante de tecnologia de fabricação: toda substância ou matéria,
casos de adoção (art. 396 da CLT); excluídos equipamentos e utensílios, que não se consome como ingrediente por si só e
c) Sensibilizar as gestoras e os gestores para redução da carga horária e que se utiliza intencionalmente na elaboração de matérias-primas, ingredientes ou
redução metas de trabalho no primeiro mês após o retorno da licença-maternidade, alimentos, para alcançar uma finalidade tecnológica durante seu tratamento ou
visando a readaptação da mulher no trabalho na saúde; elaboração, podendo resultar na presença não intencional, porém inevitável, de resíduos
d) Fomentar estratégias de acolhimento e respeito ás particularidades das ou derivados no produto final;
mulheres que retornam do processo de licença maternidade e necessitam de III - Ingestão Diária Aceitável (IDA): quantidade máxima do aditivo alimentar ou
reorganização do seu processo de trabalho; substância que ingerida diariamente durante toda a vida do indivíduo não oferece risco
e) Promover a reflexão, na rede de serviços de saúde, sobre a relação da aparente ou apreciável a saúde, expressa pela quantidade da substância por quilograma
maternidade com o trabalho na saúde; de peso corpóreo;
f) Evitar constrangimento às trabalhadoras no processo de cuidado de seus IV - ingrediente: toda substância, incluídos os aditivos alimentares, empregada
filhos que exigem reorganização da jornada de trabalho; e na fabricação ou preparo de alimentos e que está presente no produto final em sua forma
g) Incentivar adoção de medidas para acolhimento às trabalhadoras da saúde original ou modificada;
que necessitam cuidar de seus filhos dependentes durante a jornada de trabalho; V - limite máximo: concentração máxima do aditivo alimentar ou coadjuvante
IV - Promover o acolhimento às mulheres considerando seu ciclo de vida no de tecnologia permitida no ou sobre o alimento e em matérias-primas utilizadas em sua
âmbito do trabalho na saúde composição, expressa em miligrama por quilograma de alimento (mg/Kg); e
a) Promover, em conjunto com as gestoras e os gestores municipais e VI - quantum satis (q.s.): concentração mínima do aditivo alimentar ou do
estaduais, ações de cuidado a saúde das trabalhadoras do SUS em todos os ciclos de vida, coadjuvante de tecnologia suficiente para obtenção do efeito desejado.
resguardadas as especificidades das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos CAPÍTULO II
populacionais no âmbito do trabalho na saúde; PRINCÍPIOS GERAIS
b) Ampliar a discussão sobre etarismo buscando evitar formas de discriminação Art. 3º O uso de aditivos alimentares e de coadjuvantes de tecnologia em
sistemática contra as trabalhadoras por sua idade cronológica; alimentos deve observar os seguintes princípios fundamentais:
Este documento pode ser verificado no endereço eletrônico 108 Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001,
http://www.in.gov.br/autenticidade.html, pelo código 05152023030800108 que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.