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CORRENTES DE MÉDIA FREQUÊNCIA

Russa e Aussie
CONCEITOS

 As correntes excitomotoras trabalham com a estimulação elétrica neuromuscular, tanto para a área de
reabilitação quanto estética (MAFFIULETTI et al., 2018).
 Na estética corporal, essa técnica pode ser utilizada para hipertrofia muscular, diástase do reto abdominal e,
também, pode ser utilizada como coadjuvante para o tratamento de gordura localizada (AGNE, 2013).
PARÂMETROS

Inicialmente, iremos identificar os parâmetros presentes nos aparelhos eletroterápicos :


• Pulso – é o tempo em que a corrente permanece na pele , ou seja, é a duração de um pulso elétrico – intervalo
de tempo que separa o início e o fim de um pulso. Neste parâmetro, o que se regula é a sua largura pois esta
implicará na corrente ser ou não confortável. Quanto maior a largura de pulso menor o conforto da corrente no
paciente.
• Freqüência – simbolizado através da letra “f ” é o número de pulsos por segundo, expresso em hertz (Hz).
• Modulações – é a variação dos parâmetros de pulsos unidirecionais ou bidirecionais – modulação de duração de
pulso, modulação de amplitude modulação de freqüência.
• Intensidade – quantidade de estímulo elétrico aplicado, representado pela letra ” i “. o estímulo ideal é o mínimo
capaz de produzir uma contração muscular.
CARACTERÍSTICAS DO ESTIMULO ELÉTRICO

O estímulo elétrico capaz de promover a contração muscular deve apresentar as seguintes características :
• Tempo de subida – é o tempo necessário para que o estímulo passe de zero ao seu valor funcional. Este tempo
terá que ser menor do que 10ms.
• Intensidade limiar – será aquela em que a célula se despolarize completamente.
• Tempo de duração – é o tempo em que o estímulo está atuando e este deve ser o suficiente para que a célula se
despolarize por completo.
• Tempo de relaxamento – tempo necessário para que a célula se repolarize novamente.
O local onde será colocado os eletrodos deve ser nos chamados pontos motores onde a quantidade de feixes
nervosos são maiores porém, o mesmo deve ser livre de tecidos impedantes como gordura e ossos.
 Essa terapia pode ser utilizada apenas como coadjuvante para gordura corporal, pois as correntes não conseguem
causar a apoptose do adipócito ou o esvaziamento do mesmo, elas apenas estimulam o músculo a utilizar os
ácidos graxos liberados dos adipócitos como fonte de energia.
 Diversos tratamentos estéticos causam mobilização de gordura por via lipolítica, estimulam o esvaziamento dos
adipócitos e consequentemente, a liberação de ácidos graxos e glicerol. Esse ácido graxo liberado deve ser
oxidado pelo organismo, e os músculos podem fazer isso (AGNE, 2013).
CARACTERÍSTICAS DO ESTIMULO ELÉTRICO

 O músculo esquelético é um órgão especializado na transformação da energia química em mecânica (movimento).


 Os músculos são formados por células alongadas, as fibras musculares, e cada fibra muscular possui proteínas
contráteis, que são a actina e a miosina.
 A contração muscular é definida como a ativação das fibras musculares, com a tendência dessas se encurtarem.
 A contração ocorre quando o cálcio presente no citosol aumenta, fazendo com que uma série de eventos
moleculares ativem a interação entre miosina e actina, ocorrendo o deslizamento dessa última sobre os
filamentos grossos e encurtamento dos sarcômeros em série (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2000).
FIBRAS MUSCULARES

As correntes excitomotoras trabalham com a contração muscular.


 Existem três tipos de fibras musculares: as tônicas ou de contração lenta, as intermediárias e as rápidas.
 A quantidade de cada fibra no ser humano irá variar de acordo com cada indivíduo e seus estilos de vida.
 Por exemplo, um adulto saudável pode ter, aproximadamente, 40% de fibras tônicas (lentas), 50% de
intermediárias e 10% do tipo rápidas.
 Um indivíduo que faz treinos com velocidade poderá ter 40% das fibras lentas, 20% de fibras intermediárias e 40%
das fibras rápidas.
 Já um adulto que faz treinos aeróbicos terá, aproximadamente, 55% de fibras lentas, 40% de fibras intermediárias e
5% de fibras rápidas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2000).
FIBRAS MUSCULARES

 Para utilizar essa terapia é necessário avaliar a condição inicial do paciente para tratá-lo, pois cada fibra também
possui um comportamento diferente: a fibra vermelha apresenta um neurônio mais fino, que é estimulado com
uma frequência menor; já a fibra muscular branca é inervada por um neurônio mais espesso e necessita de uma
frequência maior para ser estimulada.
 Além disso, a fibra vermelha é mais lenta do que a branca. A fibra vermelha é utilizada no dia a dia, nos
movimentos posturais e movimentos diários. A fibra branca atua em movimentos rápidos e bruscos (LIMA;
RODRIGUES, 2012).
CORRENTE RUSSA

 A corrente russa foi divulgada na década de 1970 por um pesquisador soviético chamado Yakov Kots, mostrando
que uma corrente interrompida de média frequência (2500 Hz) foi utilizada para aumento de força muscular na
contração voluntária máxima (CVM) dos atletas de elite soviéticos em até 40%.
CORRENTE AUSSIE

 A corrente aussie foi desenvolvida pelo pesquisador Alex Ward, da Universidade de La Trobe, em Melbourne -
Austrália. Trata-se de uma corrente elétrica terapêutica alternada com frequência portadora na faixa de kHz e
modulação em baixa frequência. Normalmente, apresenta frequência de 1000 Hz e um ciclo de trabalho de 20%
(CITTADIN et al., 2020).
INDICAÇÃO DA TÉCNICA

 As duas correntes têm o mesmo objetivo: tônus muscular.


 O tônus é o estado de semicontração muscular.
 A contração dos músculos esqueléticos comprime as veias, fazendo com que o sangue das veias seja movido em
direção ao coração, pois as válvulas unidirecionais impedem o refluxo sanguíneo.
 Quando o músculo relaxa, o sangue se impulsiona para frente pelas contrações musculares e, em algumas regiões
do corpo, pela gravidade (CITTADIN et al., 2020).
INDICAÇÃO DA TÉCNICA

 Melhorando a condição circulatória, pode-se ter benefícios no tratamento de celulite, por exemplo.
 Há um gasto calórico para a contração muscular.
 Uma das vantagens da eletroestimulação é a ativação predominante das fibras de contração rápida no início do
esforço, já que em contrações voluntárias sem eletroestimulação temos a ativação predominante das fibras de
contração lenta.
 Isso ocorre devido aos motoneurônios das unidades motoras rápidas apresentarem menor resistência à passagem
da corrente elétrica.
(LOPES; BRONGHOLI, 2009).
INDICAÇÃO DA TÉCNICA

 A eletroestimulação causa contração muscular de forma involuntária, ou seja, não ocorre por comando do
sistema nervoso central.
 Por isso, ocorre inibição da fadiga do sistema nervoso central, o que pode causar um aumento na capacidade de
resistir a um esforço muscular, permitindo a realização de um maior número de repetições ou maior duração do
esforço (FRANCO et al., 2017).
INDICAÇÃO DA TÉCNICA

 A contração muscular se desencadeia pela eletroestimulação da seguinte forma: inicialmente tem-se o estímulo
pelo eletrodo, após, ocorre um potencial de ação no axônio, e há um estímulo da liberação de acetilcolina, que
causa a abertura dos canais proteicos. Com isso, ocorre um influxo de sódio para dentro da fibra muscular e a
propagação do potencial por toda a região, e aprofundamento do potencial, liberando o cálcio pelo retículo
sarcoplasmático. Há estímulo de interação de actina e miosina pelo cálcio (LIMA; RODRIGUES, 2012).
 Para isso, é necessário um paciente saudável, que não tenha lesão muscular. Um sistema íntegro fará com que as
respostas sejam semelhantes à contração muscular voluntária (FRANCO et al., 2017).
EFEITOS FISIOLÓGICOS

Benefícios fisiológicos com a utilização da eletroestimulação (FRANCO et al., 2017):

 Aumento do metabolismo basal local;


 Aumento da demanda de oxigênio;
 Aumento da liberação de catabólitos;
 Dilatação de arteríolas e capilares;
 Aumento considerável do fluxo de sangue.
Há constatações que a composição das fibras musculares se modificam ao serem expostas a um período prolongado de
excitação produzida por correntes elétricas. Esta modificação pode depender principalmente da frequência com que se
despolariza o nervo motor por meio de corrente elétrica. Nas fibras há um ponto motor, que é o local onde o eletrodo
tem menor resistência à passagem da corrente. Quanto menor a resistência, maior será o estímulo no neurônio motor e
melhor será a resposta de contração muscular (LOW, 2001).
PARÂMETROS

 No equipamento, é necessário definir os parâmetros de tempo, frequência e intensidade.


 A frequência varia de acordo com o tipo de fibra.
 A intensidade de acordo com a sensibilidade do paciente.
 Quanto maior o tempo um músculo é recrutado, melhor a resposta de tônus.
 Normalmente utiliza-se 6 segundos de contração e 6 segundos de repouso, e nas rampas, 2 segundos.
 O total de tratamento varia de 10 a 20 minutos (AGNE, 2013).
PARÂMETROS

 A intensidade é definida em mA.


 Para eletroestimulação é recomendada a utilização da intensidade máxima tolerável pelo paciente, pois há uma
dependência da intensidade da contração eliciada eletricamente com ganho de força muscular.
 A frequência varia conforme o estímulo: a corrente russa 2500 Hz, e a aussie 1000 Hz.
 A frequência de 20-30 Hz para fibras vermelhas e 50 a 150 Hz para fibras brancas.
 Com frequências acima de 4000 Hz perde-se o efeito de resposta motora, e começa-se a ter efeito analgésico.
 Até 2500 Hz, há resposta motora adequada e tônus muscular (AGNE, 2013)
PARÂMETROS

 A emissão das correntes pelos equipamentos pode ser de três maneiras: contínua, recíproca ou sincronizada.
 O modo contínuo é para analgesia, o recíproco, para grupos isolados ou não, e o modo sincronizado para agonista
e antagonista ao mesmo tempo (CITTADIN et al., 2020).
 Os eletrodos utilizados na técnica podem ser de silicone ou autoadesivos, e podem ter tamanhos variáveis.
 Em relação ao tamanho, quanto mais largo o eletrodo, menor a intensidade da corrente por unidade de área, e
aumentando o tamanho dos eletrodos, diminui-se a densidade. Isso será definido pela área anatômica que será
trabalhada (CAMARGO, 2011).
PARÂMETROS

 A disposição do eletrodo obviamente determina o caminho em que a corrente transita no tecido; respeita-se a
ideia de origem e inserção muscular.
 Eletrodo coloca-se na origem e, no mesmo sentido, coloca-se o eletrodo na inserção muscular.
 O ponto de colocação deve ser nos pontos motores.
 O material de condução entre o eletrodo e o paciente é o gel.
 Os pares de eletrodos sempre irão trabalhar fechando os campos entre eles e precisam estar todos em contato
com o tecido.
(CAMARGO, 2011)
CONTRAINDICAÇÕES

São contraindicações da técnica (AGNE, 2013):


 Traumas musculares;
 Infecções agudas;
 Membros com fraturas ou em fases de consolidação;
 Espasticidade;
 Gravidez;
 Marca-passo;
 Distúrbios vasculares;
 Neoplasias.

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