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ELETROTERMOFOTOTERAPIA Prof Carmindo Carlos

Aula 10

ELETROTERAPIA
ELETROESTIMULAÇÃO FUNCIONAL (FES) ---------------------------------------------------------
A FES (Functional Electrical Stimulation), faz parte das correntes elétricas de baixa
frequência, a fim de promover contração muscular induzida. O nome FES é basicamente comercial,
na verdade o termo mais correto é a Estimulação Elétrica Neuro Muscular (NMES ou EENM). Nos
pacientes imobilizados, a FES pode ajudar a retardar e tratar as hipotrofias por desuso, a manter ou
ganhar a amplitude de movimento articular e combater as contraturas, reduzindo assim o tempo
de recuperação funcional do indivíduo. Nos hemiplégicos e lesados medulares, um programa de
estimulação elétrica neuromuscular diário, pode ajudar a minimizar a degeneração neuronal e
muscular, contribuindo com a facilitação neuromuscular ou auxiliando no controle da espasticidade.
Portanto, a FES é uma técnica destinada a produzir contrações musculares mediante trens
de pulsos em grupos musculares que desencadearão movimentos e atividades da vida diária no
momento e forma que o paciente desejar. Também pode ser definida como uma ativação nervosa
controlada, por meio da aplicação de uma corrente de baixa frequência.
É interessante diferenciar FES e NMES, pelo menos das suas origens e objetivos:
- Estimulação Elétrica Neuro Muscular: estimulação do músculo através de seu nervo
periférico intacto, que não apresenta distúrbios de excitabilidade elétrica, com o objetivo de
restaurar, manter ou melhorar sua capacidade funcional (ex: corrente russa).
- Estimulação Elétrica Funcional: é uma forma de eletroterapia capaz de produzir contrações
musculares com objetivos funcionais. Trata-se de uma estimulação de músculos desprovidos de
controle motor ou com insuficiência contrátil, com o objetivo de produzir um movimento funcional.

Bases da Excitabilidade:
Para que se consiga uma contração próxima a fisiológica e que possa gerar movimentos, são
necessárias algumas condições para os parâmetros específicos de estimulação:

- Tempo ou Rampa de Subida (RIZE) e Descida (DECAY): é o tempo que a corrente


elétrica leva para estabelecer e cessar a contração muscular. Geralmente este tempo varia de 0,5 a
3 segundos; estes tempos são recomendados pelas seguintes vantagens:
# Tornar o início da contração mais confortável;
# Fazer o recrutamento gradual das fibras nervosas e musculares;
# Favorecer uma contração muscular mais “natural” .

- Tempo de Sustentação (Platô ou Ciclo ON): é o tempo de contração efetiva. Se a


sustentação for muito grande, pode levar à fadiga muscular precoce
- Repouso (Ciclo OFF): período entre dois trens de pulso e deve ser realizado para evitar a
fadiga muscular.

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Colocação os Eletrodos:
O tipo de eletrodo utilizado é o de silicone impregnado de carbono. O tamanho do eletrodo
vai depender do tamanho do músculo a ser estimulado e da intensidade da contração a ser
promovida. Eletrodos pequenos são utilizados na estimulação de pequenos músculos de forma
isolada. Eletrodos maiores, são usados para músculos maiores ou grupos musculares. Será sempre
necessário a utilização do gel condutor. Lembrando sempre que na utilização de eletrodos menores
a concentração de energia é maior.

Atenção !
Os pulsos elétricos utilizados pelo FES são na ordem de décimos de milissegundos, que
apenas conseguem produzir contração muscular por intermédio do estímulo do nervo periférico.
Assim, as enfermidades que acometem o neurônio motor inferior e aquelas que acometem a placa
motora, não respondem adequadamente com FES. As lesões cerebrais e medulares altas tem
capacidade de resposta pelos estímulos do FES.

Graduação da Espasticidade (Escala de Ashworth):


A avaliação da espasticidade e funcionalidade é um fator imprescindível tanto antes de
iniciar a estimulação como no transcorrer do tratamento. A Escala de Ashworth é um instrumento
amplamente utilizado na avaliação da espasticidade, sua aceitação deve-se a confiabilidade e
reprodutibilidade; é realizada pela movimentação passiva da extremidade através do arco do
movimento para movimentar determinados grupos musculares, quantificando sua resistência ao
movimento de forma rápida nas diversas articulações.
0 = sem aumento do tônus muscular
1 = leve aumento do tônus, manifestado por uma tensão momentânea mínima no final do
movimento passivo

1+ = leve aumento do tônus, manifestado por tensão abrupta, seguida de resistência mínima
na metade da ADM restante
2 = aumento do tônus manifestado por uma resistência em todo o movimento passivo
3 = considerável aumento do tônus, com dificuldade de realizar o movimento passivo
4 = parte afetada rígida em flexão, extensão ou adução

Indicações:

 Facilitação neuromuscular
 Controle da espasticidade
 Hipotrofia por desuso
 Fortalecimento muscular
 Plegias e paresias
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 Ganhar ou manter amplitude de movimento articular


 Controle de contraturas
 Subluxação de ombro
 Escoliose idiopática
 Substituição ortótica

Contra Indicações:

 Osteoporose severa
 Calcificações para-articulares ativas
 Limitações articulares (quadril >15º, joelho <10º)
 Alterações cardiorrespiratórias e circulatórias
 Lesões tróficas
 Obesidade
 Alterações visuais
 Instabilidade emocional
 Intolerância ao estimulador elétrico
 Espasticidade muito severa (4 na Escala de Asworth)
 Idade abaixo de 15 anos ou superior a 50 anos
 Epilepsia
 Marcapasso
 Sobre o seio carotídeo
 Sobre área cardíaca
 Lesão nervosa periférica

Dosimetria:
Facilitação neuromuscular:
Objetivo – aumentar o movimento e facilitar a reaprendizagem motora.
Intensidade – suficiente para produzir um estímulo para auxiliar o início do movimento ou
para completar seu arco total, amplificando o esforço voluntário do paciente.
Tempo de ON – variável em forma de gatilho. Pode ser disparado manualmente pelo
Fisioterapeuta ou paciente, de forma a se conseguir iniciar ou completar o movimento.
Tempo de OFF – suficientemente grande para permitir uma nova participação ativa do
paciente.
Duração da sessão – curta, várias vezes ao dia (máximo de 15 minutos cada sessão).
Colocação dos eletrodos – nos músculos par éticos agonistas do movimento que se quer
facilitar.
Indicações – pacientes hemiplégicos, pacientes com traumatismo craniano, pacientes com
traumas raqui-medulares incompletos, pacientes com lesões nervosas periféricas sem reação de
degeneração, pacientes ortopédicos que tiveram sua musculatura submetida a desuso prolongado.
O paciente deve visualizar a ação muscular, pois sua cooperação ativa é obrigatória e determinante
no tratamento.

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Amplitude de Movimento e Contraturas:


Objetivo – permitir que uma articulação seja mobilizada em toda sua amplitude disponível.
Intensidade – suficiente para produzir uma contração ampla e uniforme do músculo, que
movimente a articulação em todo seu arco disponível
Frequência – maior que 20 Hz
Tempo de ON - + / - 6 segundos
Tempo de OFF - + / - 12 segundos
Relação ON/OFF – 1 para 2 (ON=6 / OFF=12)
Duração da sessão – para manter a ADM: 30 a 60 minutos; para ganhar ADM: 1-2 horas,
realizadas em sessões curtas, durante o dia (15 a 30 minutos)
Colocação dos eletrodos – nos músculos agonistas ao movimento limitado
Indicações – limitações e contraturas articulares e qualquer natureza
Cuidados – evitar produzir contração excessiva, nos limites funcionais da articulação. Pode
provocar inflamação, edema e dor articular. A técnica não necessita da cooperação ativa do
paciente e as articulações que melhor respondem a esta técnica são o cotovelo e o joelho.

Fortalecimento Muscular:
Objetivo – fortalecer um músculo ou grupo muscular debilitado por desuso.
Intensidade – suficiente para vencer uma carga (resistência)
Frequência – entre 20 e 50 Hz
Tempo de ON – 4 a 6 segundos
Tempo de OFF – 12 a 18 segundos
Relação ON/OFF – 1 para 3
Duração da sessão – 30 a 60 minutos, duas vezes ao dia
Colocação dos eletrodos – próximo aos pontos motores dos músculos
Indicações – atrofias por desuso causadas por problemas ortopédicos, incluindo artrites e
lesões medulares incompletas
Cuidados – evitar fadiga muscular. Resultados aparecem em 2-10 semanas, dependendo da
causa e importância da atrofia. A cooperação ativa do paciente pode ser mínima. Pode-se intercalar
30 minutos de eletroestimulação com 30 minutos de cinesioterapia ativa; aumentando-se este
tempo até 60 minutos se não houver sinais de fadiga. Na sequência do tratamento, o ciclo ON pode
ser alterado para até 16 segundos e o ciclo OFF para 4 segundos, estabelecendo uma relação
ON/OFF de 4/1.

Controle da Espasticidade:
Objetivo – controlar a espasticidade, ainda que temporariamente, permitindo a realização
de programas de treinamento funcional, facilitação e fortalecimento muscular.
Intensidade – moderada.
Tempo ON – 10 a 15 segundos
Tempo OFF – 40 a 60 segundos, para evitar a fadiga
Relação aproximada ON/OFF – 1/5
Duração da sessão – 30 minutos, 3x dia durante um mês

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Indicações – pacientes hemiplégicos espásticos

TEXTO COMPLEMENTAR - VALE A PENA LER !

FES – Frequências mais utilizadas:

1 a 5 Hz – contratura muscular
5 a 10 Hz – estimula a circulação sanguínea e favorece a diminuição do ácido láctico
10 a 20 Hz – estimulação de fibras lentas, aumenta a resistência aeróbica
20 a 30 Hz – melhora a fadiga muscular
30 a 50 Hz – fibras intermediárias
50 a 75 Hz – força muscular: fibras IIb
75 a 120 Hz – força explosiva
↓0 a 1 Hz – recuperação muscular após exercícios intensos

Pontos Motores:

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