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ESTUDO INTERPLANETÁRIO DA PROVENIÊNCIA DE REGOLITOS

DESÉRTICOS

APRESENTAÇÃO DE CONCEITO

2020
RESUMO

Um dos mecanismos importantes e determinantes em estudos geológicos,

hidrológicos, geográficos e climáticos, do presente e do passado, é o de derivação

de produtos do intemperismo e suas respectivas assinaturas geoquímicas e

mineralógicas em relação à rocha fonte. Analisando a evolução geológica

sedimentar do Grupo Bauru e Caiuá no sul, sudeste e centro-oeste brasileiro,

conclui-se que se trata do desenvolvimento de um ambiente desértico gradualmente

se umedecendo. Situação similar ocorre com o estudo da região Margaritifer Sinus

em Marte, quadrângulo geográfico M-19 da USGS, onde um aumento do nível do

lençol freático, em conjunto com inundações episódicas e fluxos constantes, faz

subir o nível de água em um contexto primariamente desértico. Dada a

correspondência geológica, propõe-se estudar a derivação de solos locais e distais

das rochas do Grupo Bauru e Caiuá e compará-las com as análogas em Marte,

estabelecendo critérios interplanetários da evolução de regolitos desérticos.


INTRODUÇÃO

O percurso de uma rocha passa por vários agentes como vento, gelo e água,

além de controles como pressão, temperatura, composição química, mineralógica e

estrutural, até chegar a sua deposição final. Essas etapas no ciclo sedimentar

podem deixar assinaturas características de sua presença nos sedimentos, de forma

que o seu estudo e classificação permitem o processo reverso, ou seja, a análise

dos sedimentos e dedução de sua rocha fonte.

Dentre os métodos de estudo talvez um dos mais precisos seja a análise

geoquímica, através da qual se categorizam os padrões químicos que se mantêm e

os que se alteram, bem como a assinatura deixada pela alteração, de forma a gerar

um argumento numérico de derivação sedimentar.

Com a devida permissão de prosseguimento, o presente trabalho pretende dar

um passo a mais com este método ao estudar a proveniência de sedimentos

terrígenos e compará-los com rochas e grãos soltos em Marte, de forma a analisar

tanto a derivação, como os agentes e suas respectivas intensidades, envolvidos nas

transformações geológicas em planetas rochosos.

Geologia local:

O mapa da parte oriental da Bacia Bauru compreende área de cerca de

180.000 km2, situada entre as coordenadas 18º e 25º S, e 47º e 55º W. Corresponde

à porção centro-ocidental do Estado de São Paulo, noroeste do Paraná, leste de

Mato Grosso do Sul e do Triângulo Mineiro. A Bacia Bauru formou-se no início do

Neocretáceo, após a ruptura do continente gondwânico, no centro-sul da Plataforma


Sul-Americana. Constitui uma bacia do tipo interior, desenvolvida por compensação

isostática, decorrente do acúmulo de lavas basálticas em decorrência do

magmatismo Serra Geral (Fernandes, 2000).

A sequência suprabasáltica neocretácea é formada pelos grupos Bauru e

Caiuá. Grupo Caiuá é composto pelas formações Rio Paraná, Goio Erê e Santo

Anastácio. A Formação Rio Paraná comumente exibe notável estratificação cruzada

de médio a grande porte. É constituída por arenitos finos a muito finos e quartzosos.

Mineralogicamente são supermaduros. Os arenitos são bem selecionados por

lâmina ou estrato, com grãos bem arredondados nas frações mais grossas, pouca

matriz silto-argilosa (Fernandes et al. 1994).

A Formação Goio Erê é composta por camadas tabulares com estratificação

cruzada, alternadas com outras de aspecto maciço, climbing ripples eólicos e

pequenas dobras convolutas, todas descontínuas e mal definidas. É constituída por

arenitos quartzosos, finos a muito finos, subarcoseanos, mineralogicamente

maduros e texturalmente submaduros. O seu contexto deposicional compreende

depósitos de áreas periféricas de sand sea, sujeitas a oscilações do nível freático

raso. Dunas eólicas de porte moderado, de cristas sinuosas, e interdunas tímidas ou

aquosas (Fernandes, 2000).

A formação Santo Anastácio se caracteriza por estratos arenosos tabulares, de

aspecto maciço típico, e raras intercalações de estratos de lamitos e argilitos.

Constitui-se de arenitos quartzosos subarcoseanos, quase sempre maciços, finos a

muito finos, pobremente selecionados, com a fração silte subordinada, e pequena

quantidade de matriz silto-argilosa. Os grãos são subangulosos a subarredondados,

foscos, encobertos por uma película de óxido de ferro. O contexto deposicional

consiste de depósitos de lençóis de areia, essencialmente secos, acumulados em


extensas e monótonas planícies desérticas, marginais dos grandes complexos de

dunas do sand sea (Deserto Caiuá). Mais raramente, depósitos de enxurradas de

chuvas torrenciais esporádicas (wadis) (Fernandes, 2000).

Figura 1 - Mapa litoestratigráfico da parte oriental da Bacia Bauru. Fonte: Fernandes,

2004.
Já o Grupo Bauru é composto pelas formações Uberaba, Vale do Rio do Peixe,

Araçatuba, São José do Rio Preto, Presidente Prudente e Marília. A formação

Uberaba ocorre em estratos com intercalações subordinadas de lamitos. Exibem

estrutura maciça, estratificação cruzada tabular/acanalada ou laminação plano-

paralela. A unidade apresenta, ainda, intercalações menos expressivas de argilitos,

arenitos conglomeráticos e conglomerados de matriz arenosa. Essa unidade

corresponde a depósitos de sistema fluvial entrelaçado, com predomínio de

macroformas de acreção a jusante e formas de crescimento lateral restritas,

transporte por fluxos laminares (Fernandes, 2000).

A Formação Vale do Rio do Peixe é composta por arenitos, intercalados com

siltitos ou lamitos arenosos. Os arenitos são muito finos a finos, de seleção

moderada a boa. Têm aspecto maciço ou estratificação cruzada tabular e acanalada

de médio a pequeno porte. Nos estratos “maciços”, podem ocorrer zonas de

estratificação/laminação plano-paralela grosseira, formadas por: a) superfícies

onduladas, às vezes com laminação interna (climbings eólicos); b) ondulações de

adesão; ou c) planos bem definidos, com lineação de partição. Localmente

apresenta cimentação intensa por CaCO3. As intercalações de estratos siltosos são

mais frequentes na parte ocidental e Norte da área. (Fernandes, 2004).

A Formação Araçatuba caracteriza-se por sucessões de estratos tabulares

silto-arenosos de aspecto maciço interno. É composta por siltitos e arenitos muito

finos, apresenta frequente cimentação carbonática, que pode formar crostas

tabulares horizontais, paralelas à estratificação. Nas bordas da área ocorrem corpos

com contatos e/ou estratificação interna sigmoidal de baixa inclinação e/ou

estratificação contorcida mal definida (deslizamentos subaquosos). Indica que se

acumulou em ambiente paludal, de águas salinas rasas e pouco agitadas, sujeitas a


períodos de exposição. Nas prováveis bordas do antigo pantanal, hoje são

encontrados depósitos de pequenos lobos deltáicos amalgamados e/ou de dunas

eólicas baixas (Fernandes, 2004).

A Formação Marília é composta por três membros: Serra da Galga, Ponte Alta

e Echaporã, que afloram principalmente no Triângulo Mineiro. Sua litologia é

composta de arenitos imaturos, grossos a finos, frequentemente conglomeráticos,

lamitos e calcários impuros, variando em calcário arenoso de aspecto maciço,

calcário conglomerático de matriz arenosa e calcário fino fragmentado; todas

sugerem deposição em sistema de leques aluviais (Fernandes, 2004). Dado sua

raridade no estado de São Paulo e sua litologia pouco diferenciada das demais do

estudo, sugere-se que esta unidade seja negligenciada.

Figura 2 - Carta litoestratigráfica da Bacia Bauru. Fonte: Fernandes, 2004.

A Formação São José do Rio Preto é composta por arenitos com estratificação

cruzada acanalada a tabular tangencial na base, às vezes, com intercalações


subordinadas de camadas de arenitos a siltitos com estratificação plano-paralela e

lamitos argilosos maciços. A unidade corresponde a depósitos essencialmente

arenosos, pouco maduros, frequentemente conglomeráticos, acumulados em barras

e planícies fluviais de sistemas de canais entrelaçados, amplos e rasos (Fernandes,

2004).

A Formação Presidente Prudente é constituída por arenitos, que são muito

finos a finos (dominantes), e lamitos arenosos em alternância de: 1) lentes arenosas

com estratificação cruzada acanalada, isoladas ou múltiplas; 2) arenitos em corpos

tabulares com estratificação sigmoidal interna; 3) arenitos a siltitos em camadas

tabulares, com estratificação plano-paralela e estruturas de fluxo aquoso de regime

inferior dominante; e 4) lamitos argilosos em geral maciços, em estratos tabulares. A

unidade corresponde a depósitos de sistema fluvial meandrante arenoso fino, de

canais rasos com sinuosidade relativamente baixa. É composta pela alternância de

depósitos de preenchimento de canais amplos e rasos, com depósitos de planícies

de inundação/rompimento de diques marginais (crevasse) (Fernandes, 2004).

Geologia comparada:

O planeta Marte, à primeira vista, aparenta um planeta geologicamente simples,

com sua superfície coberta por crateras e areia, passando a ideia de que nada

significativo jamais ocorreu. Com uma olhada mais profunda, no entanto, podem-se

ver vales e bacias esculpidos por grandes rios e oceanos.

Neste contexto, a região de Margaritifer Sinus, ou quadrângulo M-19 da divisão

geográfica da USGS, é um dos maiores exemplos do passado ativo do planeta dado

que recorda um histórico de transporte, armazenamento e liberação de água do


período Noaquiano tardio até no mínimo o Hesperiano médio. Nesta localidade, dois

sistemas de fluxo hídrico se destacam: O sistema de saída Uzboi-Ladon-Margaritifer

(ULM) e Valles Samara e Valles Parana-Loire. O sistema ULM foi coletivamente

responsável por drenar cerca de 11 x 106 km, ou aproximadamente 9% de Marte. Já

os vales Samara e Paraná cobrem uma área de 540.000km2 ou cerca de 0.5% do

planeta (Grant e Parker, 2002).

Com o objetivo de comparar os produtos de intemperismo com as possíveis

rochas fonte, é necessária a escolha de locais cujas altitudes representem

suficientemente a estratigrafia incipiente, bem como os ambientes de despejo dos

sedimentos. Além disso, os locais precisam ter um número mínimo de estudos já

realizados, dado que um mapeamento geológico iria além do possível

presentemente, e, mais especificamente, da proposta deste trabalho.


Dados os obstáculos financeiros e de engenharia envolvidos no estudo de

outro planeta, trabalhos de campo em Marte são escassos e limitados, de forma que

para a área escolhida não se têm muitos estudos feitos em grandes escalas, o que

implica algumas correções e suposições.

Nessas condições, destacam-se três regiões amostrais principais: Meridiani

Planum, local de pouso do veículo de campo Opportunity da NASA, delta da cratera

Eberswalde e Valles Paraná. O primeiro local foi escolhido pelos mapeamentos

geológicos resultantes da presença do robô (Grotzinger et al., 2005 e 2006; Toscaet

al., 2005; Clark et al., 2005; Hayes et al., 2011). O segundo além de representar

uma feição importante ao estudo, possuí estudos referentes à sua estratificação de

despejo (Mangold et al., (2012); Pondrelli et al., (2008); Pondrelli et al., (2011));Lewis

e Aharonson, (2006); Wu et al., (2017); Irwin III et al., (2015); Rice et al., (2011)). Por

fim, a terceira localidade, apesar de não ter muitas análises com viés diretamente

geológico, possui alta densidade de drenagens sendo o local ideal para cálculos

hídricos resultando em vários estudos hidrográficos (Howard et al., 2005; Bouley et

al., 2010; Grant et al., 2002; Barnhart et al. 2009)

Primeira área

O veículo de campo Opportunity rover, cujo local de pouso foi Meridiani

Planum, região equatorial de albedo escuro a oeste de Terra Meridiani, em seu

período de funcionamento, passou por quatro crateras: Eagle, Endurance, Erebus e

Victoria; que constituem excelentes maneiras de se estudar o histórico geológico de

uma região dada sua forma de expor afloramentos.


Dada a trajetória em ascensão topográfica, o rover pôde estudar a evolução

estratigráfica da região, sendo esta composta da formação Burns e afloramentos

Payson, Yavapai, Cabo São Vicente, Cabo Corrientes, Cabo Desire, Cabo Santa

Maria, Cabo Verde e Baía Duck (Grotzinger et al., 2005; Hayes et al. 2011; Metz et

al. 2009).

A formação Burns (Crateras Endurance e Eagle) pode ser dividida em Inferior,

Média e Superior. A Inferior contém arenitos de laminação cruzada de grande escala

e são interpretadas como representantes de fácies de dunas eólicas. A unidade

Média é dominada por arenitos de laminação de planar à estratificação cruzada de

baixo ângulo com uma sobreposição de recristalização nodular e é interpretada

como representativa de lençol de areia eólico. A unidade superior contém laminação

planar, estratificação de baixo ângulo e estratificação cruzada de pequeno porte em

sets. Essa unidade é interpretada como de deposição em um misto de ambientes de

lençóis de areia e interduna. De acordo com tal modelo, esta sequência mostra uma

sucessão de aumento de umidade e ilustra um progressivo aumento na influência de


aquíferos e, ultimamente, de água superficial, com deposição e subsequentemente

diagênese. Estratificação cruzada acanalada de escala centimétrica na unidade

superior é indicativa de transporte sedimentar em fluxo subaquoso raso com

velocidades de correntes de algumas dezenas de centímetros por segundo. Esses

fluxos provavelmente resultam da inundação de superfícies interduna-playa

(Grotzinger et al. 2005).

Payson é dividido em diversas fácies, que novamente são divididas em três

grupos: Inferior, Médio e Superior. O Inferior é composto de três fácies: a

Mosqueada com estruturas de recristalização, a Laminação Wavy e a Estratificação

de baixo ângulo. O médio é composto exclusivamente de fácies com acamamento

cruzado acanalado. Por fim a unidade superior é caracterizada por uma fácies de

textura mosqueada, interpretada como resultado de recristalização. Yavapai também

pode ser dividido em três seções. A unidade inferior é de estratificação planar a

estratificada de baixo ângulo. A unidade superior contém duas fácies, a de baixo é

de laminação wavy, a de cima é de acamamento fino com diversas superfícies de

truncamento de baixo ângulo (Metz et al. 2009).

Cabo São Vicente e Cabo Santa Maria são compostos de múltiplos sets de

estratificação cruzada planar sugerindo migração decamétrica de dunas. Cabo

Corrientes, Cabo Desire e Cabo Verde possuem superfícies limitantes, dividindo-os

em duas e três unidades, respectivamente, cuja principal diferença é a direção de

mergulho. A continuidade lateral das camadas fornece evidências para que se

interprete como um complexo de dunas amplamente difundido, composto de grãos

tamanho areia misturados com composição silicosa alterada ou de sulfetos. Neste

contexto, as rochas da cratera de Victoria são muito similares às no começo da

missão do rover, indicando um ambiente seco por vastas distâncias, com fatores de
apenas sedimentação eólica. A falta de evidências de deposição aquosa pode

indicar um ciclo climático completo, dado que ao subir estratigraficamente a geologia

indicou um ambiente seco, depois molhado e seco de novo. Alternativamente, pode

indicar também variação lateral de fácies contemporâneas, ou seja, Victoria pode

representar estratos ao centro de um mar de areia bem desenvolvido, ao passo que

os estratos nas crateras de Eagle e Endurance representam depressões no dito mar

de areia, propícias a emergência de água do lençol freático (Hayes et al. 2011).

Segunda área

A base da sucessão estratigráfica da bacia de Eberswade, seu substrato, é

representada por material de tom claro, brechado ou de textura suave, com cumes

afiados e picos dentados sugerindo comportamento competente. Essa unidade

representa depósitos de ejeção derivados do impacto de Holden, ou seja,

retrabalhamento de sucessões vulcânicas.

Acima vem a formação Eberswade, depósitos sedimentares acamadados e

não acamadados em correspondência a um delta. As regiões com estratificação

afloram próximo ao delta e consistem de estratos de albedo escuro de depósitos de

granulometria fina e bem selecionados sugerindo retrabalhamento por dunas eólicas;

e camadas claras, mais resistentes ao intemperismo e erosão, consistindo-se de três

fácies: 1) Textura média grossa, cujas características texturais permitem supor um

grau irregular de erosão ou a presença de material relativamente grosso imerso em

uma matriz mais fina; 2) Fácies de Brecha é a mais próxima do delta e compõe-se

de pedregulhos em uma matriz mais escura. Onde os clastos são maiores, nota-se

um baixo grau de arredondamento, um formato irregular e baixo grau de seleção,


provavelmente clasto suportado, textura imatura; 3) Fácies de padrão poligonal é a

mais difundida, sendo dominante nas partes distais do delta. Cada limite dos

polígonos é espelhado pelos limites do polígono adjacente, o que implica que esta

unidade não foi depositada como brecha, mas transformada em polígono após a

deposição. Este tipo de estrutura no planeta é associado à contração termal sin-

sedimentar à cimentação pós-deposicional de despejo de areia de gipsita seguida

por contração de desidratação. Estas estruturas, somadas ao delta, indicam corpo

estático de água (Pondrelli et al., 2011).

JUSTIFICATIVA

Com a análise de produtos do intemperismo e erosão em ambientes desérticos

e com sua devida categorização geoquímica e mineralógica além da consecutiva

evolução em geologia e umidade, amplia-se o conhecimento a respeito do

desenvolvimento destas regiões, bem como da interação de duas importantes

esferas planetárias, a rochosa e a atmosférica, cujos ciclos e interações compõem

importantes constituintes na compreensão dos mecanismos crustais como um todo.

Comparando todo este âmbito conceitual com seus respectivos análogos em

Marte, auxiliaria não apenas na ampliação do conhecimento evolutivo de um planeta

vizinho e com um passado próximo ao da Terra, como serviria de guia para um

saber geológico geral em relação à evolução de planetas rochosos.


OBJETIVOS

O objetivo geral é a compreensão da evolução de solos em regiões desérticas

pretéritas e presentes em escala interplanetária, além da melhor compreensão

hídrica e geológica sedimentar do grupo Bauru e Caiuá, na Terra, e da região de

Margaritifer Sinus, em Marte.

O objetivo específico seria uma base para as assinaturas geoquímicas e

mineralógicas de processos intempéricos e erosivos diferenciados e seus

respectivos produtos em relação a sua rocha fonte em ambientes desérticos secos e

umedecidos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Primeiramente seriam necessárias algumas visitas de campo em afloramentos

já catalogados no estado de São Paulo, característicos de formações de interesse,

para sua respectiva análise e amostragem, seguida da confecção de lâminas

delgadas e geoquímica. Em seguida seriam feitas coletas de amostras de solo, tanto

locais como distais em cada afloramento, novamente para a confecção de lâminas

delgadas e da geoquímica.

Terminada a etapa de análises e categorizações terrestres, adentra-se à fase

comparativa, onde se planeja utilizar de dados geoquímicos e mineralógicos

extraídos de duas sondas principais: o MER Opportunity e a sonda de pouso Viking

Lander (Clark et al., 2005; Rieder et al. 2004 e Baird et al., 1982), que apesar de

relativamente distais da área de estudo, fornecem boas bases numéricas

comparativas. E os mesmos tipos de dados, principalmente mineralógicos, com o


uso de equipamentos orbitais como o Mars Odyssey Gamma Ray Spectrometer, o

Thermal Emission Imaging System (THEMIS) ambos a bordo do satélite Mars

Odyssey (Newsom et al., 2007) e o Compact Reconnaissance Imaging Spectrometer

for Mars (CRISM) a bordo do satélite Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) (Wu., et

al 2017).

RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se obter uma base específica que funcione como uma fórmula para a

análise de solos derivados de ambientes desérticos em quesito de evolução rumo a

uma maior taxa de umidade na Terra, em Marte e planetas rochosos em geral com

as devidos controles climáticos e atmosféricos.

Além disto, pretende-se compreender melhor o desenvolvimento de processos

hídricos e sua interação com objetos rochosos e talvez iluminar um pouco mais a

questão da habitabilidade pretérita de Marte e sobre qual o fim dado a todo o volume

de água do planeta, que agora se apresenta seco e inóspito.


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