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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
FACULDADE DE GEOLOGIA
PRÁTICA DE CAMPO EM GEOLOGIA GERAL
DOCENTE
DR. FRANCISCO DE ASSIS MATOS DE ABREU

DISCENTE
RAFAELA MARITHA ARAÚJO PARAENSE - 201608540013

BACIA DO PARNAÍBA: EVOLUÇÃO PALEOZÓICA

Belém/PA
2017
A bacia do Parnaíba localiza-se na região nordeste do território
brasileiro, abrangendo uma área de 665.888 km2, possuindo 3.500 m de
espessura (Figura 1). É distribuída entre estados do Piauí, Maranhão, Pará,
Tocantins, Bahia e Ceará (Vaz et al, 2007).

O arcabouço estrutural da bacia do Parnaíba foi fortemente controlado


pela estruturação pré-cambriana do seu embasamento. Foram gerados
Grábens, posteriormente preenchido pelo Grupo Jaibaras, como resultado da
atuação de um megassistema de fraturas por toda a bacia, resultando no
abatimento crustal da porção cratônica, marcando as primeiras fases
deposicionais da bacia. Divide-se a Bacia do Parnaíba em três grandes
unidades litoestratigráficas: Grupo Serra-Grande, Grupo Canindé, Grupo
Balsas.

SUPERSEQUÊNCIA SILURIANA (GRUPO SERRA GRANDE)

Representa um ciclo transgressivo-regressivo completo, o primeiro da


bacia (Santos & Carvalho, 2009). De acordo com Caputo & Lima (1984), da
base para o topo, compreende as formações Ipu, Tianguá e Jaicós.

A Formação Ipu é composta por arenitos conglomeráticos,


conglomerados polimíticos, e arenitos de granulometria fina e grossa, de cor
cinza-claro, com estratificação cruzada. Infere-se ambiente deposicional
glaciofluvial e leques glaciais, sendo correlacionável a formações no norte da
África.

A Formação Tianguá, por sua vez, é constituída de folhelhos cinza-


escuros, bioturbados, e arenitos cinza-claro, de granulometria fina a média,
intercalados por siltitos. Foi formado em ambiente de plataforma rasa e
representa superfície de inundação máxima, causada pela deglaciação de
geleiras ao norte da África.

No topo do Grupo Serra-Grande, a Formação Jaicós apresenta arenitos


grossos contendo seixos, de coloração cinza, com tonalidades claras, creme a
amarronzado, possuindo estratificação cruzada ou lenticular, depositados em
sistemas fluviais entrelaçados. A Formação Jaicós evidencia regressão
marinha.
SUPERSEQUÊNCIA MESODEVONIANA-EOCARBONÍFERA (GRUPO
CANINDÉ)

Esse grupo se sobrepõe discordantemente ao Grupo Serra-Grande, e é


sobreposto em contato normal com o Grupo Balsas. Compreende as
formações Itaim, Pimenteiras, Cabeças, Longá e Poti (Santos & Carvalho,
2009).

A Formação Itaim (Eoeifeliano) constitui arenitos finos a médios, bem


selecionados, intercalados com folhelhos bioturbados, depositados em
ambientes deltáicos e plataformais. Seus depósitos representam o limite
inferior do sistema transgressivo na plataforma

A Formação Pimenteiras data do Neoeifeliano e consiste em folhelhos


cinza-escuros, ricos em matéria orgânica, em parte bioturbados, intercalados
por siltitos e arenitos. A deposição ocorreu em plataforma rasa dominada por
tempestades, e representam a ingressão marinha mais importante da bacia
(Vaz et al., 2007).

A Formação Cabeças (Eogivetiano) apresenta arenitos médios a grossos,


com geometria sigmoidal, e ocorrência eventual de diamictitos na porção
superior. A Formação Cabeças é interpretada como depósito de ambiente
nerítico plataformal, com ação de correntes e influência periglacial.

A Formação Longá (Neofameniano) é caracterizada por folhelhos cinza-


escuro a pretos, bem laminados, e siltitos bioturbados, que caracterizam
contato abrupto com os arenitos da Formação Cabeças. Em sua porção media,
apresenta arenitos e siltitos com estratificação cruzada. Interpreta-se como
ambiente plataformal dominado por tempestades (Góes & Feijó, 1994).

A Formação Poti (Mississipiano) pode ser subdividida em dois membros,


segundo Menser & Wooldridge (1964, apud Góes, 1995). Os inferiores
constituem-se de arenito conglomerático, cinza-esbranquiçados, com
intercalações esparsas de folhelho cinza-claro. Quanto aos depósitos
superiores, são representados por arenitos com folhelhos com restos vegetais
intercalados. O sistema inferior é interpretado como ambiente marinho raso,
evidenciado pela presença de marcas onduladas e fósseis característicos
desse tipo de ambiente. A parte superior é interpretada como de ambiente
fluviodeltaico, com possível influencia marinha, uma vez que há presença de
estrutura flaser e acamamento ondulado em algumas regiões (Lima & Leite,
1978 apud Góes 1995).

SUPERSEQUÊNCIA NEOCARBONÍFERA-PERMIANA (GRUPO BALSAS)

É constituídos pelas formações Pauí, Pedra de Fogo e Motuca.

A Formação Piauí é dividida em duas sucessões: a inferior composta por


arenitos médios com estratificação cruzada, intercaladas por folhelho vermelho;
enquanto a superior constitui arenitos finos a médios, de coloração vermelha a
amarelada, intercalada por folhelho vermelho, calcário e fina camada de sílex.
Consiste-se de depósitos de dunas eólicas, em um clima semi-árido desértico,
datada do Pensilvaniano.

A Formação Pedra de Fogo é caracterizada por rochas sílex, calcário, e


eventualmente estomatólitos, intercalados com arenito fino a médio, folhelho e
siltito, anidrita ou dolomito. Depositados em ambientes marinho raso a
litorâneo, sob influência de tempestades.

A Formação Motuca, depositada no Permiano, consiste de folhelhos


vermelhos com níveis de siltito, com arenito branco fino a médio,
representando deposição em ambiente desértico associado a lagos.
Figura 1. Seção Geológica Esquemática da Bacia do Parnaíba. Fonte: Góes et al. (1993).

Figura 2. Evolução Estratigráfica da Bacia do Parnaíba. Fonte: Modificado de Vaz et al. (2007)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPUTO, M.V.; LIMA, E. C., 1984. Estratigrafia, idade e correlação do


grupo Serra Grande, Bacia do Parnaíba. In: Congresso Brasileiro de
Geologia, 33, 1 984, Rio de Janeiro, Anais, Rio de Janeiro: SBG, 1984, v. 2, p.
740 -753.

GÓES, A. M., 1995. A Formação Poti (Carbonífero Inferior) da Bacia do


Parnaíba. Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, Instituto de
Geociências. São Paulo. p. 180.

SANTOS, M. E. de C. M.; CARVALHO, M. S. S. Paleontologia das Bacias do


Parnaíba, Grajaú e São Luís: Reconstituições Paleobiológicas. 2ª ed. Rio
de Janeiro: CPRM, 2004. 194p.

VAZ, P. T. et al. Bacia do Parnaíba. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio


de Janeiro, v.15, n.2, p.253-263, 2007.

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