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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA


DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
GEOLOGIA DO BRASIL – (GEO0021)

Faixa Rio Preto

Dicente: Renato de Lima Cardoso Junior

Docente: Dr. Fernando César Alves da silva


Sumário

1 - INTRODUÇÃO

2 - GEOLOGIA ESTRUTURAL DA FAIXA RIO PRETO

3 - GEOLOGIA REGIONAL

4 - EVOLUÇÃO TECTÔNICA

5 - RECURSOS MINERAIS

6 - REFERÊNCIAS
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1.
INTRODUÇÃO
Introdução
▰ A Faixa Rio Preto trata-se de um cinturão de
dobramentos brasiliano que bordeja o Cráton do
São Francisco, mais precisamente na margem
noroeste.

▰ Está localizada no Norte-Noroeste do Estado da


Bahia e Sul do estado do Piauí.

▰ Esse cinturão de dobramento junto com as Faixas


Pontal e Sergipana estão inclusos em um sistema
orogênico que representam mais de 1000 km de
extensão, que se desenvolveu nas margens norte do
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Cráton São Francisco.
2.
GEOLOGIA ESTRUTURAL
DA FAIXA RIO PRETO
GEOLOGIA ESTRUTURAL DA
FAIXA RIO PRETO

▰ A primeira unidade é conhecida como Unidade Lito estrutural 1 ou Domínio


Cratônico, é caracterizada pelas camadas mais horizontalizadas, e por uma
ausência de metamorfismo (Egydio-Silva, 1987).

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Seção geológica NNW-SSE na Faixa Rio Preto, entre São Desidério (BA) e Cristalândia do Piauí (PI), segundo Egydio-Silva (1987). Modificado de Egydio-Silva (1987)
GEOLOGIA ESTRUTURAL DA
FAIXA RIO PRETO

▰ A Unidade Lito-estrutural 2 ou Domínio Pericratrônico é caracterizado é a unidade


de maior extensão (aproximadamente 10 Km), são rochas metamorfizadas por um
grau incipiente a fraco, e apresentam apenas uma fase de deformação. Esta unidade
é evidenciada por diferentes Formações do grupo Bambuí(Egydio-Silva, 1987).

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Seção geológica NNW-SSE na Faixa Rio Preto, entre São Desidério (BA) e Cristalândia do Piauí (PI), segundo Egydio-Silva (1987). Modificado de Egydio-Silva (1987)
GEOLOGIA ESTRUTURAL DA
FAIXA RIO PRETO

▰ A Unidade Lito-estrutural 3 ou Domínio Distal de Vergência Centrifuga, é


caracterizado pelo metamorfismo de grau fraco a médio e uma estruturação
complexa, com três fases de deformação e dupla vergência (Egydio-Silva, 1987).

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Seção geológica NNW-SSE na Faixa Rio Preto, entre São Desidério (BA) e Cristalândia do Piauí (PI), segundo Egydio-Silva (1987). Modificado de Egydio-Silva (1987)
GEOLOGIA ESTRUTURAL DA
FAIXA RIO PRETO

▰ A Unidade Lito-estrutural 4 ou Domínio Interno apresenta uma associação


metassedimentar psamo-pelítica com intercalações de metabásicas, com aspetos
metamórficos e estruturais semelhante a unidade 3, com vergência para norte
(Egydio-Silva, 1987).

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Seção geológica NNW-SSE na Faixa Rio Preto, entre São Desidério (BA) e Cristalândia do Piauí (PI), segundo Egydio-Silva (1987). Modificado de Egydio-Silva (1987)
GEOLOGIA ESTRUTURAL DA
FAIXA RIO PRETO

▰ A Unidade Lito-estrutural 5 ou Domínio do Embasamento é representada por


rochas metamorfizadas em grau médio a forte, com estruturação complexa,
apresentando até quatro fase de deformação (Egydio-Silva, 1987).

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Seção geológica NNW-SSE na Faixa Rio Preto, entre São Desidério (BA) e Cristalândia do Piauí (PI), segundo Egydio-Silva (1987). Modificado de Egydio-Silva (1987)
GEOLOGIA ESTRUTURAL DA
FAIXA RIO PRETO

▰ A Faixa Rio Preto apresenta evolução estrutural polifásica, com o desenvolvimento de


três foliações durante a Orogênese Brasiliana. S2 é uma foliação de crenulação
apertada penetrativa, plano axial de dobras fechadas. Quando há espaçamento
milimétrico entre seus planos, pode ser observada uma foliação remanescente nos
micrólitons, S1, paralela a S0. S3 é uma clivagem de crenulação ou de fratura espaçada
decimetricamente, plano axial de dobras abertas da foliação S2.

▰ Caxito (2010) dividiu a Faixa Rio Preto em três compartimentos, Sul (CS) e Norte
(CN) apresentam direção geral dos lineamentos NE-SW, enquanto o Compartimento
Central
Seção geológica (CC)naapresenta
NNW-SSE orientação
Faixa Rio Preto, entre ENE-WSW.
São Desidério (BA) e Cristalândia do Piauí (PI), segundo Egydio-Silva (1987). Modificado de Egydio-Silva (1987)

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3.
GEOLOGIA REGIONAL
COMPLEXO CRISTALÂNDIA

▰ O complexo é a unidade litoestratigráfica mais antiga da região (Arqueano/Paleoproterozoica),


apresenta estruturação geral NE-SW. Suas faixas de ocorrência se entendem desde a Serra do
Estreito, no extremo nordeste até a s imediações da cidade de Cristalândia do Piauí.

● Ortognaisse Vereda - Souza et al. (2017) interpretou essa unidade como um mega-enclave
xenolítico, por apresentar foliação discordante e idade muito superior às demais rochas da
região. Apresenta idades neoarqueanas para essa unidade, pelo método U-Pb, definindo uma
idade de cristalização de 2,52 Ga e um evento metamórfico em 2,21 Ga.

● Ortognaisses e Migmatitos - Essa unidade é representada por gnaisses ortoderivados,


geralmente augen-gnaisses milonitizados de composição sieno a monzogranítica. Sousa et al.
(2017) dataram um meta-granodioritos da localidade Pitombas pelo método U-Pb e obtiveram
as idades de 2222 ± 11 Ma e 1998 ± 8 Ma, sendo relacionadas, respectivamente, à idade de
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cristalização da unidade e a um evento tectonometamórfico Orosiriano.
COMPLEXO CRISTALÂNDIA

● Metatonalitos e Orto-Anfibolitos - Os litotipos predominantes dessa unidade são gnaisses de


composição tonalítica a granodiorítica associados a rochas metabásicas, principalmente
anfibolitos . Souza et al., (2017) datou essars rochas pelo método U-Pb, que indicaram idade de
cristalização de 2000 Ma, alocando essa unidade no Orosiriano

● Ortognaisse Caraíbas - São gnaisses de composição predominantemente monzo a


granodiorítica. A idade concórdia com 06 pontos apresentou o valor de 2093 ± 6 Ma,
interpretado como da idade de cristalização ígnea desta rocha que corresponderia à orogênese
riaciana-orosiriana (Takenaka & Rodrigues, 2017).
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COMPLEXO CRISTALÂNDIA

● Paragnaisses - interpretado como da idade de cristalização ígnea desta rocha que


corresponderia à orogênese riaciana-orosiriana (Takenaka & Rodrigues, 2017). Sousa et al.
(2017) realizaram a datação em paragnaisses dessa unidade pelo método U-Pb e obtiveram
idade de 2,12 Ga

● Ultramafitos - Os ultramafitos estão representados por talco xistos, talco tremolititos,


tremolita serpentinitos, por vezes associados a formações ferríferas.

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16 Mapa simplificado das unidades do projeto (Carvalho et al. 2019)
FORMAÇÃO FORMOSA

Caxito (2010) definiu para uma sequência sedimentar


metamorfizada em fácies xisto verde a anfibolito,
composta por granada- -mica xistos, quartzitos
micáceos, metarritimitos, metagrauvacas e metacherts
ferromagnesianos, localmente com intercalações de
metamáficas formadas por xistos verdes e
ortoanfibolitos, que ocorrem paralelizadas à foliação
dos metassedimentos.

Caxito et al. (2015), baseados em dados geoquímicos e


isotópicos, interpretaram os anfibolitos da unidade
como parte de uma crosta máfica orosiriana (1,96 Ga),
provavelmente gerada em um ambiente relacionado à
subducção, em uma bacia de retro-arco.
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FORMAÇÃO CANABRAVINHA

É composta por quartzito maciço


litítico, conglomerado, feldspático,
carbonático ou micáceo com estratificação
graduada, plana ou cruzada; metagrauvaca,
filito carbonoso e xisto de mica;
metarritimitos arenoso; 37 metadiamictitos,
e metamargas, de idade neoproterozoica
(600-450 Ma). (Egydio-Silva et al., 1989;
Ulhein et al., 2011; Caxito et al.. 2012a, 2014).

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GRUPO BAMBUÍ

O Grupo Bambuí segundo Caxito (2013)


constitui a cobertura neoproterozoica de maior
distribuição no Cráton São Francisco. Ele é
constituído por Calcários cinza escuro com
intercalções de margas e siltitos da Formação
São Desidério; metacarbonato e meta pelitos
com grau metamórfico incipiente a baixo; e por
fim litologia consiste em arenitos, arcóseos,
folhehos, siltitos, calcários e diamictitos e
conglomerados, metaarcoses e metagrauvacas
de granulometria mais grossa da Formação
Riachão das Neves.
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COBERTURA FANEROZÓICA

Acima das unidades pré-cambrianas da região,


encontra-se o Grupo Urucuia sobre uma
discordância erosiva e angular, que é
constituída por arenitos e conglomerados
fluviais / eólicos do período Cretáceo. Todas as
unidades são cobertas por depósitos
sedimentares não consolidados do período
Cenozóico, principalmente areia e argila,
muitas vezes lateritizados (Caxito, 2013).

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3.
Evolução tectônica
EVOLUÇÃO TECTÔNICA

Caxito (2010) com suas interpretações, construiu um


modelo de evolução tectônica para a Faixa Rio Preto
com quatro estágio.

1 – ~2,7 Ga – Acresção crustal do Complexo Cristalândia do


Piauí na fronteira entre o Arqueano e o Paleoproterozóico,
com o possível densenvolvimento de rochas de arco de ilha,
cujos fragmentos foram preservados como fatias tectônicas
na região da Fazenda Angico.
2 – ~2,1-1,8 Ga – Metamorfismo dessa porção crustal,
durante o Paleoproterozóico. Evidências de uma Orogênese
Paleoproterozóica de aproximadamente 2,0 Ga são
encontradas em toda parte no embasamento do Cráton do
São Francisco, sendo referida por vezes como “Orogênese
Transamazônica” (Carneiro et al. 1998, Silva et al. 2002).
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EVOLUÇÃO TECTÔNICA

3 – ~0,9-0,75 Ga – Abertura de uma bacia do tipo rift


preenchida pelo Grupo Rio Preto, com a intrusão de
diques básicos ao sul, no Cráton do São Francisco
(Figura 67a). A bacia abriu na direção norte-sul, com o
desenvolvimento de uma borda falhada a sul e de uma
possível borda flexural a norte.

4 - ~0,6-0,55 Ga – Inversão da bacia rift Rio Preto, com


deformação e metamorfismo das rochas durante a
Orogênese Brasiliana . Rochas do embasamento foram
intercaladas tectonicamente entre as rochas da
Formação Formosa, com superposicionamento de
metamorfismo retrógrado de fácies xisto verde sob as
rochas previamente metamorfisadas no
25Paleoproterozóico.

Figura 3: Modelo de evolução tectonica para
Faixa Rio Preto a) Abertura do rifit; b)
inversão da estrutura aulacogênica com
estruturaçãoem dupla vergencia. Modificado
de: a) Schobbenhaus (1996); b) Egydio-Silva
(1987). Fonte: Caxito, 2010

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5.
Recursos Minerais
Recursos Minerais

● Apesar de possuir um grande número de ocorrências de substâncias minerais, a área


estudada não possui participação expressiva no setor mineral. Apenas existe uma mina
ativa na região, além de algumas extrações garimpeiras que abastecem o comércio
local.

● Foram registradas substâncias minerais metálicas (manganês, cobre, ferro e titânio),


industriais (grafita, amianto, talco e calcário dolomítico) e de uso na construção civil
(quartzito, seixo, granito, cascalho, argila e areia).

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6.
Referências
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAXITO, F. A. Evolução tectônica da Faixa Rio Preto, Noroeste da Bahia / sul do Piauí. 2010. Dissertação (Mestrado) -
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.
CAXITO, F. A. Geotectônica e evolução crustal das Faixas Rio Preto e Riacho do Pontal, Estados da Bahia, Pernambuco e
Piauí. 2013. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Minas, 2013.
CAXITO, F. A. et al. Geochemical, detrital zircon (UPb) and Sm-Nd isotopic insights into the sedimentary provenance of the
Rio Preto Fold Belt, Northeastern Brazil. In: INTERNATIONAL GONDWANA SYMPOSIUM, 3., 2011, Rio de Janeiro. Abstracts…
Rio de Janeiro, v. 14, 2011.
CAXITO, F. A. et al. Depositional systems and stratigraphic review proposal of the Rio Preto fold belt, northwestern Bahia/southern
Piauí. Revista Brasileira de Geociências, v. 42, n. 3, p. 523–538, 2012a.
CAXITO, F. A. et al. Detrital zircon (U–Pb) and Sm–Nd isotope studies of the provenance and tectonic setting of basins related to
collisional orogens: The case of the Rio Preto fold belt on the northwest São Francisco craton margin, NE Brazil. Gondwana
Research, 26, Rio de Janeiro, v. 2, p. 741- 754, 2014.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAXITO, F. A. et al. Orosirian (ca. 1.96 Ga) mafic crust of the northwestern São Francisco Craton margin: Petrography,
geochemistry and geochronology of amphibolites from the Rio Preto fold belt basement, NE Brazil. Journal of South
American Earth Sciences, v. 59, p. 95-11, 2015.
EGYDIO-SILVA, M. O sistema de dobramentos Rio Preto e suas relações com o Cráton São Francisco. 1987. Tese
(Doutorado) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 1987.
EGYDIO-SILVA, M.; KARMANN, I.; TROMPETTE, R. R. Litoestratigrafia do Supergrupo Espinhaço e Grupo Bambuí no
noroeste do estado da Bahia. Revista Brasileira de Geociências, v. 19, n. 2, p. 101-112, 1989.
UHLEIN, A. et al. Glaciação neoproterozóica sobre o cráton do São Francisco e faixas dobradas adjacentes. In:
MANTESSO-NETO, V. et al. (Ed.). Geologia do Continente Sul-Americano: evolução da obra de Fernando Flávio Marques de
Almeida. São Paulo: Beca, 2004. p. 539-553.

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