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Conhecendo o Meio Ambiente de Pernambuco

GEOLOGIA E RECURSOS MINERAIS

Lucivânio Jatobá

A Geologia é a ciência que estuda o planeta Terra, no que se refere à sua


estrutura, evolução, composição, processos internos e externos. Ao estudar a
estrutura interna do planeta, a Geologia analisa as diversas características das
geoesferas: litosfera, manto e núcleo. Dessas camadas, recebe especial atenção,
por parte da Geologia, a litosfera, pois é na parte superficial desta que estão
instaladas as sociedades humanas e é nela onde aparecem os principais recursos
minerais utilizados pelo homem.
A Geologia analisa, também, a gênese e a evolução dos corpos rochosos.
Três grandes grupos de rochas são encontrados na crosta terrestre: ígneas,
sedimentares e metamórficas. As rochas ígneas resultam do resfriamento e
consolidação do magma. Esse resfriamento pode ocorrer em áreas superficiais
ou em áreas profundas da crosta terrestre. No primeiro caso, formam-se as
rochas ígneas extrusivas ou vulcânicas, como também são designadas: riolito,
traquito, basalto etc. No segundo caso, originam-se as rochas ígneas intrusivas,
a exemplo do granito, sienito, diorito, pegmatito etc. As rochas sedimentares são
aquelas que têm origem a partir da desagregação de outras rochas, do material
resultante de atividades químicas ou de ações biológicas. As rochas
sedimentares estão dispostas em antigos ambientes de sedimentação ou bacias
sedimentares. São exemplos de rochas sedimentares: arenito, calcário, marga,
dolomito, siltito, folhelho etc. As rochas metamórficas são originadas em
decorrência de grandes transformações verificadas em outras rochas (ígneas ou
sedimentares). Tais transformações decorrem das elevadas temperaturas e
pressões, presença de materiais voláteis e fortes atritos. Eis alguns exemplos de
rochas metamórficas: quartzito, mármore, gnaisse, micaxisto, filito, ardósia etc.
A Geologia investiga ainda os fenômenos tectônicos responsáveis pela
formação de falhas e dobras. As falhas ocorrem quando a rocha sofre uma fratura e
se desloca. As dobras resultam de compressões intensas exercidas sobre as rochas
possuidoras de uma certa plasticidade, que estavam dispostas horizontalmente.
Algumas falhas são muito extensas e apresentam um deslocamento
horizontal. Essas falhas são conhecidas como “falhas de rejeito direcional”. Outras
falhas são verticais e formam, em algumas ocasiões, paredões íngremes, chamados
escarpas de falhas.
No Brasil, particularmente em Pernambuco, grande parte das antigas
estruturas dobradas foi arrasada por prolongadas fases de erosão que aconteceram
no país.
Uma parte da Geologia dedica-se ao estudo das reservas de minerais e
rochas que apresentam destaque econômico; é a Geologia Econômica. Esse estudo
é de suma importância, pois permite que se conheça melhor a potencialidade dos
recursos minerais de uma região e a possibilidade de explorá-los economicamente.
Os conhecimentos geológicos têm uma importância enorme para a sociedade,
pois ajudam a decifrar a história da Terra e a localizar os recursos minerais. Esses
recursos minerais, juntamente com certos tipos de rochas, são úteias para a
construção de imóveis, a produção de arames, vergalhões, tijolos, ajulejos e
cerâmicas. As instalações elétricas de uma cidade, por exemplo, dependem de fios
e cabos que são produzidos a partir da utilização de cobre e do alumínio.

Principais Aspectos da Geologia do Estado de Pernambuco

A maior parte do Estado de Pernambuco é ocupada por rochas cristalinas e


metamórficas do embasamento Pré-Cambriano. Fazem parte desses terrenos,
dentre outros, os seguintes tipos de rochas: gnaisses, migmatitos, granitos,
quartzitos, sienitos, calcários cristalinos e filitos. São rochas muito antigas, tendo
algumas delas mais de 1 bilhão de anos. Apresentam-se, em vários trechos do
Estado, bastante falhadas e dobradas, revelando, assim, um passado geológico
bastante conturbado, do ponto de vista tectônico (Mapa 13).

Algumas áreas falhadas no Estado de Pernambuco. As linhas escuras indicam os


falhamentos principais.
(Fonte:http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/pe/index.htm)

Na porção leste do Estado existem grandes áreas de rochas graníticas, como


por exemplo nos municípios de Jaboatão, Moreno, Rio Formoso e Barreiros, e
extensos trechos ocupados por migmatitos e gnaisses.
De Parnamirim até Salgueiro há uma ampla área de rochas metamórficas,
representadas por xistos, biotita-xistos e quartzitos. Além dessas rochas, estão
ainda presentes, nesse trecho, calcários cristalinos, dispostos em camadas.
Na porção norte-oriental de Pernambuco, nos municípios de Vertentes, Riacho
das Almas, Surubim, Macaparana e Aliança surgem gnaisses, xistos e calcários
cristalinos.
Em Garanhuns aparece uma ampla área onde despontam quartzitos. Essa
manifestação de rochas desse tipo compõe o que os geólogos denominaram
“Unidade Quartzítica da Região de Garanhuns”. Os afloramentos dessas rochas
metamórficas podem ser verificados ao longo das rodovias que unem as cidades de
Garanhuns, Paranatama, Iati e Angelim, no Agreste Meridional do Estado.
Ainda, com relação aos terrenos do Pré-Cambriano existentes em
Pernambuco, é preciso ressaltar a presença de sienitos. Grandes afloramentos
dessas rochas ígneas podem ser identificados nos municípios de Triunfo, Serra
Talhada e Salgueiro. Esses corpos rochosos definem um tipo de relevo conhecido
como “maciço residual”, que será abordado mais adiante.
Os terrenos sedimentares verificados em Pernambuco dispõem-se nas bacias
sedimentares interiores e nas bacias costeiras. As bacias interiores englobam as
seguintes bacias: do Jatobá, do Araripe e de Mirandiba. As bacias costeiras estão
representadas pelas bacias Pernambuco-Paraíba e Sergipe-Alagoas.
Os terrenos sedimentares verificados no Estado de Pernambuco têm idades
que vão do Paleozóico ao Cenozóico. As rochas sedimentares mais antigas são
encontradas na bacia do Jatobá. Elas têm a idade siluro-devoniana (Era
Paleozoica), o que significa dizer que se formaram há mais de 400 milhões de anos.
A bacia do Jatobá é uma das bacias sedimentares interiores situada na
porção centro-sul de Pernambuco, abrangendo uma área de aproximadamente
6.200 km2. Engloba os municípios de Inajá, Buíque, Ibimirim etc. É composta por
rochas sedimentares do tipo arenitos, siltitos, argilitos e folhelhos. Além de terrenos
paleozoicos, encontram-se nessa bacia terrenos mesozoicos.
A bacia do Araripe ocupa áreas dos Estados de Pernambuco, Ceará e Piauí.
Nela estão presentes, de forma predominante, rochas sedimentares de idades
jurássica e cretácica. As rochas sedimentares verificadas na bacia do Araripe são:
arenitos, folhelhos, siltitos, margas e gipsita.
A bacia de Mirandiba situa-se no município homônimo. Possui rochas
sedimentares que têm a idade siluro-devoniana, jurássica e cretácica. Ocorrem
nessa unidade geológica as seguintes rochas sedimentares: arenitos, siltitos e
folhelhos.
As bacias costeiras possuem rochas e sedimentos do Mesozoico e Cenozoico,
bem como rochas vulcânicas do Cretáceo. Arenitos, calcários, margas e sedimentos
argilosos e arenosos, além de riolitos, traquitos e basaltos são encontrados nas
bacias referidas.
Nas bacias costeiras de Pernambuco, duas faixas de terrenos merecem
destaque: os terrenos vulcânicos e os terrenos sedimentares do Grupo Barreiras.
Ao sul do Recife, nos municípios de Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, é
possível encontrar inúmeras evidências de atividades vulcânicas ocorridas durante o
Cretáceo. São vistos diques e marcas de derrames de rochas vulcânicas do tipo
riolito, basalto etc. No município de Ipojuca se observam restos de uma antiga
chaminé vulcânica, com quase 30 metros de altura. A própria ilha de Santo Aleixo,
em Sirinhaém, é de natureza vulcânica.
Ao norte do Recife, verificam-se sedimentos argilosos e arenosos que foram
depositados no final do Terciário (Plioceno) e início do Quaternário (Pleistoceno).
Esses sedimentos compõem o que se chama de Grupo Barreiras. Tais sedimentos
possuem características que sugerem a predominância de climas secos, quando
houve a deposição. O relevo que se desenvolveu sobre os terrenos sedimentares do
Grupo Barreiras é representado pelos tabuleiros costeiros, analisados adiante.
Os terrenos sedimentares mais recentes, encontrados em Pernambuco,
correspondem aos sedimentos incoerentes dispostos na área costeira, que são as
areias de praia. Além destes, são identificadas as aluviões ao longo dos vales de
alguns rios. Todos esses sedimentos são de idade quaternária. As mais
significativas áreas de aluviões quaternárias são observadas nos vales dos rios São
Francisco, Pajeú, Riacho do Navio e Moxotó.

Recursos Minerais

O Estado de Pernambuco possui uma grande variedade de bens minerais


dispostos tanto nos terrenos pré-cambrianos quanto nos depósitos sedimentares
(Mapa 14).
As atividades extrativas minerais mais intensas se verificam na bacia do
Araripe e nas bacias costeiras do Estado. Essas atividades são, contudo, pouco
expressivas quando comparadas com as que ocorrem em outros estados.
Os principais recursos minerais explorados em Pernambuco são: argila,
caulim, calcários, ferro, gipsita, areias quartzosas e ouro.
Os depósitos mais explorados de argila são encontrados na faixa costeira do
Estado, principalmente ao longo dos vales dos rios Ipojuca, Capibaribe, Pirapama e
Sirinhaém, e também na bacia sedimentar do Jatobá, particularmente nos
municípios de Buíque e Tupanatinga.
Os maiores depósitos de caulim situam-se no município do Cabo de Santo
Agostinho. Tais depósitos estão inseridos nos sedimentos do Grupo Barreiras.
Ocorrências desse recurso mineral podem ser encontradas nos municípios de
Caruaru e Panelas, no Agreste do Estado.
Existem dois tipos de calcários extraídos em Pernambuco: sedimentares e
metamórficos. Os depósitos calcários sedimentares localizam-se na faixa costeira,
particularmente nos municípios de Goiana e Paulista. Os calcários metamórficos
estão inseridos nos terrenos pré-cambrianos. As principais ocorrências dessa
modalidade de calcário estão nos municípios de Iguaraci, Sertânia, Mirandiba,
Floresta, Flores, Gravatá e Itambé.
Os calcários sedimentares são empregados como matéria-prima na indústria
de cimento. Já os calcários metamórficos são usados com finalidades ornamentais,
para a produção de cal e como corretivo de solos, diminuindo a acidez destes.
Os depósitos de feldspatos são verificados nos municípios de Caruaru e
Altinho.
O ferro também está presente no território pernambucano. A principal jazida
desse minério localiza-se em São José do Belmonte. Existem, ainda, outras
ocorrências de ferro nos municípios de Mirandiba, Altinho, Sertânia e Custódia, mas
sem importância econômica.
A gipsita localiza-se na bacia do Araripe. As maiores reservas desses mineral
no país localizam-se exatamente nessa bacia. Em Ouricuri, Araripina, Ipubi, Bodocó
e Exu estão os mais significativos depósitos de gipsita em Pernambuco. A gipsita é
utilizada comercialmente para a produção de gesso.
As areias quartzosas são empregadas na fabricação do vidro. São extraídas
dos depósitos sedimentares do Grupo Barreiras, nos municípios do Recife, Jaboatão
dos Guararapes e Goiana.
O ouro é encontrado nos municípios de São José do Egito e Itapetim, em
lentes e filões encaixados em xistos e gnaisses pré-cambrianos.

QUADRO 1
Escala Geológica do Tempo
(Simplificada)

ERA PERÍODO ÉPOCA IDADE (ANOS)

QUATERNÁRIO HOLOCENO 10.000


PLEISTOCENO 1.800.000
PLIOCENO 5.300.000
CENOZOICO
MIOCENO 23.700.000
TERCIÁRIO
OLIGOCENO 36.600.000
EOCENO 57.800.000
66.400.00
CRETÁCEO - 144.000.000
MESOZOICO
JURÁSSICO - 208.000.000
TRIÁSSICO - 245.000.000
PERMIANO - 266.000.000
CARBONÍFERO - 360.000.000
PALEOZOICA DEVONIANO - 408.000.000
SILURIANO - 432.000.000
ORDOVICIANO - 505.000.000
CARBIANO - 570.000.000

PRÉ-CAMBRIANO PROTEROZOICO - 2.500.000.000


ARQUEANO - 3.800.000.000(?)

RELEVO
Lucivânio Jatobá

O conjunto de reentrâncias e saliências verificadas na parte superior da crosta


terrestre é denominado relevo terrestre. Ele é o resultado da interação estabelecida
entre processos internos e externos à crosta terrestre e das rochas. Os diversos tipos
de rochas, que afloram na superfície terrestre, também exercem uma influência sobre
as formas de relevo.
Os processos internos são determinados por forças oriundas do interior do
planeta e acarretam os movimentos tectônicos responsáveis por desnivelamentos das
massas rochosas (falhas, flexuras etc). Os processos externos englobam as ações
naturais que provocam a decomposição química, a desagregação mecânica das rochas
e a posterior erosão da superfície terrestre. Esses processos variaram bastante ao
longo da história geológica.
Existe uma profunda relação entre as condições climáticas e os tipos de relevo
continental. Esse fato pode ser facilmente observado no Estado de Pernambuco. Por
exemplo, na Zona da Mata, onde o clima é dominantemente quente e úmido, o relevo
se caracteriza por apresentar colinas convexas. No entanto, na área semiárida,
sobretudo a partir de Arcoverde, o relevo se mostra com a predominância de superfícies
aplanadas, que recebem a denominação de pediplanos, com relevos residuais, também
conhecidos como inselbergues.
O estudo do relevo permite entender a história das relações dinâmicas que se
verificaram entre as rochas, o tectonismo es variações climáticas ocorridas.
O Mapa 15 apresenta as principais faixas altimétricas e o Mapa 16 localiza os
principais compartimentos de relevo do Estado de Pernambuco.
As diversas formas de relevo com aspectos gerais comuns do modelado terrestre
se agrupam, compondo os compartimentos de relevo. Alguns destes ocupam grandes
áreas. São chamados, neste caso, de compartimentos regionais de relevo.
Em Pernambuco, as principais unidades ou compartimentos regionais de relevo
podem ser observadas na Figura 1.
Os compartimentos de relevo identificados em Pernambuco são:
- Planície Costeira;
- Tabuleiros Costeiros;
- Colinas da Zona da Mata;
- Planalto da Borborema;
- Depressão Sertaneja;
- Planalto da Bacia do Jatobá;
- Maciços Residuais;
- Chapada do Araripe.
Planície Costeira – é uma área plana e baixa que acompanha, grosso modo, a orla
marítima, penetrando, contudo, para o interior do Estado através de alguns vales
fluviais, como os dos rios Goiana, Capibaribe, Beberibe, Sirinhaém, Formoso e Una.
Essa planície foi originada durante o Quaternário por processos de sedimentação
marinha, em alguns trechos, e por deposição fluvial, em outros. Diz-se, portanto, que
a Planície Costeira é formada por planícies marinhas, fluviomarinhas e fluviais. São
encontrados ao longo desse compartimento de relevo: restingas, lagoas, lagunas,
terraços marinhos e terraços fluviais (Figura 2).
Restinga de Maria Farinha, na Planície Costeira de Pernambuco. Visão de leste para
oeste. ( Fonte: Google Earth, acesso em 8 de agosto de 2013)

Tabuleiros Costeiros - são feições de relevo de topo plano que se desenvolvem em


terrenos sedimentares. Surgem em Pernambuco, como acontece em outros estados
do Nordeste brasileiro, nas áreas ocupadas pelos sedimentos arenosos e
argiloarenosos do Grupo Barreiras. Os Tabuleiros Costeiros acham-se entalhados
pelos rios que compõem as bacias do Goiana, Botafogo, Igarassu, Paratibe e
Capibaribe (curso terminal). Nos municípios de Paulista, Olinda e Recife, em face de
uma dissecação mais avançada e da composição dos sedimentos (domínio de
sedimentos argiloarenosos), os tabuleiros se exibem sob uma forma suave
ondulada. Retalhos extensos de tabuleiros, com topo plano, são visualizados nos
municípios de Goiana, Igarassu e Itamaracá (Figura 3).

Tabuleiro costeiro em Goiana, PE. Visão de sul para norte. O tabuleiro está indicado
pela seta. ( Fonte: Google Earth, acesso em 7 de agosto de 2013)
Os vales terminais dos rios que atravessam esse compartimento de relevo são
bem encaixados entre os tabuleiros, assumindo, em geral, um perfil transversal do
tipo “vale de fundo chato”.
Os solos que são encontrados nos tabuleiros são arenosos e síltico-arenosos,
onde é cultivada a cana-de-açúcar.
Colinas da Zona da Mata – surgem dominantemente em terrenos cristalinos da
porção oriental de Pernambuco. Foram elaboradas por processos de erosão fluvial
desencadeados sob condições climáticas úmidas. Os topos dessas colinas podem
ser planos ou ligeiramente ondulados. O perfil das vertentes é marcadamente
convexo.

Colinas da Zona da Mata Sul de Pernambuco. Em primeiro plano, observa-se um


terraço fluvial . ( Foto: Natalício Rodrigues, 2012)

As colinas encontram-se mais desenvolvidas no sul da Zona da Mata, sobretudo nos


municípios de Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Ribeirão, Sirinhaém, Palmares,
Rio Formoso e Barreiros, onde os índices de precipitações são elevados. Essas
colinas eram todas revestidas pela Mata Atlântica, quando se instalou, em
Pernambuco, o colonizador português. Na Zona da Mata Seca (Itambé, Timbaúba,
São Vicente Ferrer, Vicência, Bom Jardim etc.), os processos de erosão fluvial
agiram com menor intensidade, daí a presença menos frequente de colinas nesse
setor do Estado de Pernambuco. Diz-se, geomorfologicamente, que a dissecação da
paisagem foi incipiente.
Planalto da Borborema – trata-se de um dos grandes compartimentos regionais do
relevo nordestino. A Borborema é um conjunto de maciços ou blocos falhados e
dobrados que se estende desde o Estado de Alagoas até o Estado do Rio Grande
do Norte, na porção oriental do Nordeste brasileiro. Apresenta, em Pernambuco,
altitudes compreendidas entre 500 a 800 metros. Em algumas áreas, como por
exemplo Garanhuns, são encontrados restos de um antigo relevo, sobre a superfície
aplanada da Borborema, com altitudes que superam 1.000 metros. São as
chamadas superfícies de cimeiras.
Depressão Sertaneja – esse compartimento de relevo, também denominado
“Depressão Semiárida”, é um dos mais extensos do Estado de Pernambuco.
Caracteriza-se por apresentar uma topografia plana, correspondendo a um amplo
pediplano, elaborado, no passado (Plioceno/Pleistoceno) por processos erosivos
desencadeados durante épocas mais secas. Apresenta altitudes que variam entre
400 e 500 metros, aproximadamente. Sobre a Depressão Sertaneja surgem
relevos residuais que recebem as denominações de inselbergues e maciços
residuais. Esse compartimento de relevo apresenta uma série de problemas
ambientais, tais como: chuvas concentradas num curto período do ano, maior
estação seca, elevadas taxas de evaporação, secas periódicas e problemas de
salinização das águas e do solo (Figura 4).

O Planalto da Borborema( 1) e a Depressão Sertaneja (2) em Pernambuco.


( Fonte: http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/pe/hth3/pe02_03.htm ) Obs.
colocar: coordenadas geográ ficas e , se possível, a escala grá fica, Fernando.
Planalto da Bacia do Jatobá – é um típico planalto sedimentar, com topo plano e
encostas íngremes e recortadas. Estende-se no sentido sudoeste-nordeste, desde
o rio São Francisco até as proximidades de Arcoverde. Suas altitudes variam de
500 a 800 metros, aproximadamente. Na área ocupada por esse compartimento de
relevo, destaca-se a Serra Negra, no município de Inajá. Na Figura 5 está
representada uma bacia sedimentar.
O planalto referido desenvolve-se na bacia sedimentar do Jatobá que é, na
verdade, um prolongamento de uma bacia mais ampla, designada como bacia do
Recôncavo – Tucano – Jatobá, que se inicia nas proximidades de Salvador (BA),
atingindo até as cercanias de Arcoverde (PE). Restos da bacia sedimentar do Jatobá
são ainda encontrados próximos a Afogados da Ingazeira e Custódia definindo
retalhos de relevo tabular, que se assemelham ao planalto da bacia do Jatobá.
Maciços Residuais – são compartimentos de relevo mais elevados, em geral
desenvolvidos em rochas mais resistentes à erosão, encontrados dispersos sobre
a Depressão Sertaneja. Um dos mais significativos exemplos desse compartimento
é o maciço de Triunfo, na divisa com o Estado da Paraíba, cuja altitude máxima
excede os 1.000 metros. Outros exemplos de maciços residuais, não menos
importantes do que o de Triunfo, são visualizados em Floresta (Serra do Arapuá,
Serra das Flores) e Serra Talhada (Serra Verde). Os Maciços Residuais podem
ser, às vezes, locais parcialmente favoráveis às atividades agrícolas.

Maciço residual em Triunfo e Serra Talhada ( PE)


( Fonte: http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/pe/hth2/pe03_07.htm ) Obs.
colocar: coordenadas geográ ficas e , se possível, a escala grá fica, Fernando.

Chapada do Araripe – é um amplo relevo tabular (chapada) encontrado na bacia


sedimentar do Araripe, que apresenta uma extensão leste-oeste da ordem de 180
km. As altitudes da chapada ficam compreendidas entre 600 e 900 metros,
aproximadamente. Apresenta um topo plano e encostas escarpadas (Figura 6).
Da Chapada do Araripe partem vários afluentes da margem esquerda do rio
São Francisco, como por exemplo o rio Brígida.
Carta: SB-24-Y-D

Chapada do Araripe. ( Fonte: Embrapa) Fernando, desejo que essa imagem fique em
3D, a partir da SRTM.

Clima
Lucivânio Jatobá

O clima de uma região pode ser definido de duas maneiras: 1) “O conjunto


de fenômenos meteorológicos que caracterizam o estado médio da atmosfera em
uma dada localidade” (J. Hann); 2) “O ambiente atmosférico constituído por uma
série de estados da atmosfera que cobre um lugar em sua sucessão habitual”
(Max Sorre).

O estudo do clima pressupõe a análise de fatores geográficos estáticos e de


fatores dinâmicos. Esses fatores influenciam consideravelmente os elementos do
clima. Os fatores geográficos estáticos principais são: relevo (altitude), latitude,
distância do mar e correntes marinhas. Os fatores dinâmicos estão relacionados à
circulação atmosférica, ou seja, os avanços de massas de ar e de frentes sobre
uma determinada área.
Os fatores geográficos modificam consideravelmente os elementos climáticos
(temperatura do ar, pressão atmosférica, precipitações etc.). Por exemplo, o relevo
mais elevado provoca a diminuição da temperatura ou pode acarretar uma maior
pluviosidade.
Os fatores dinâmicos alteram bastante o tempo meteorológico de uma
localidade. Exemplifica esse fato mencionado o avanço de uma frente fria, que
pode acarretar a diminuição das temperaturas e o aumento das precipitações.
Existem diversas classificações empregadas no estudo dos climas. Neste
Atlas, foi utilizada a classificação de Köppen, que emprega letras e símbolos para
denominar as zonas e os tipos climáticos.
Em Pernambuco, existem climas de três zonas, a saber: A, B e C. A zona A
corresponde aos climas tropicais chuvosos, das Florestas. A zona B relaciona-se
aos climas quentes e secos, das Caatingas (estepes). A zona C engloba os climas
mesotérmicos úmidos.
Köppen estabeleceu, ainda, vários subtipos climáticos, adicionando letras
minúsculas e símbolos a cada letra maiúscula que indica a zona climática
considerada. Desta forma, existem no Estado de Pernambuco os seguintes tipos de
clima:
As’ onde A = clima quente e úmido; s’ = com chuvas de outono-inverno.
BSh onde B = clima seco: S = de estepe, h = de baixas latitudes.
Associados ao BSh estão os subtipos:
BShs’, BShw e BShw’ onde s’ significa chuvas de outono e inverno; w e w’
indicam, respectivamente, chuvas de verão e chuvas de verão retardadas para
outono.
Cs’a onde C = clima mesotérmico; s’= chuvas de outono-inverno e a= verões
quentes;
Cw’a onde C = clima mesotérmico; w’= chuvas de verão retardadas para outono e
a= verões quentes.
Na descrição e análise das condições climáticas do Estado de Pernambuco,
serão consideradas, de forma sumária, as influências do relevo, da latitude e dos
sistemas atmosféricos.

O Quadro Térmico

O Estado de Pernambuco situa-se inteiramente numa faixa de baixas


latitudes, onde são elevadas, durante o ano inteiro, as taxas de insolação. A
insolação anual, em número médio de horas em que o Sol brilha, fica compreendida
entre 2.200 e 2.800 horas. A energia produzida pelo Sol é essencial para os
processos que se verificam na superfície do Estado , como por exemplo a
fotossíntese, as chuvas, o aquecimento do ar, entre outros.
Não são verificadas, no Estado, altitudes muito superiores a 1.000 m, capazes
de reduzir consideravelmente os efeitos térmicos da tropicalidade. Assim, em face
da conjugação da latitude e da altitude, predominam as temperaturas médias anuais
elevadas, que definem o domínio dos climas quentes em Pernambuco. As médias
térmicas anuais variam de 20º a 26º C. Na parte leste, mais especificamente na
Zona da Mata, a temperatura anual fica em torno de 24º C. Esse mesmo valor é
encontrado na Chapada do Araripe e no Sertão do Moxotó. As médias térmicas
anuais mais elevadas estão ao longo do vale do Pajeú e no vale do São Francisco.
As médias térmicas anuais mais baixas verificam-se nas superfícies de cimeira, ou
seja, Garanhuns, Taquaritinga do Norte, Poção, Triunfo etc. (Mapa 17).

Os Regimes de Chuvas
Os regimes de chuvas compreendem os índixes pluviométricos médios e a
epoca chuvosa. Os regimes de chuvas ocorridos em Pernambuco são determinados
pela atuação de diversos sistemas atmosféricos, um dos quais de origem
extratropical.
São identificados no território pernambucano três regimes de chuvas, aqui
designados por letras estabelecidas pelo climatologista W. Köppen: 1) regime de
chuvas de verão (w); 2) regime de chuvas de verão-outono (w’) e 3) regime de
chuvas de outono-inverno (s’), conforme foi anteriormente mencionado.
1) O regime de chuvas de verão (w) é determinado pela ação de uma massa de ar
quente e úmido oriunda da região Amazônica. Essa massa de ar, chamada
Equatorial Continental (mEC), expande-se sobre grande parte do Brasil tropical,
durante o verão, determinando chuvas convectivas. Esse regime caracteriza uma
ampla área que se estende desde o oeste de Pernambuco até,
excepcionalmente, as proximidades do município de Arcoverde.
2) O regime de chuvas de verão-outono (w’) é uma decorrência de um sistema
atmosférico denominado Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). É um
sistema de ar quente e úmido que se forma nas zonas de baixas pressões
equatoriais. Ele acarreta, a exemplo da mEC, chuvas convectivas. Em
Pernambuco, as chuvas da ZCIT acontecem no final do verão e início do outono.
Esse regime se manifesta no Semiárido Pernambucano, nas microrregiões do
Pajeú, do Salgueiro, Araripina e do Sertão do Moxotó.

Imagem de satélite de 31 de março de 2010. A ZCIT , neste dia avançava sobre o


Nordeste brasileiro, atingindo, alguns dias depois , o semiárido nordestino.
(Fonte: INPE)
3) O regime de chuvas de outono-inverno (s’) é provocado pela ação de um sistema
atmosférico extratropical – a Frente Polar Atlântica (FPA) e pelas Ondas de
Leste. A FPA atua mais intensamente na parte oriental de Pernambuco durante o
inverno, mas as suas descargas também podem ser observadas durante o
outono. As Ondas de Leste, representadas por grandes massas de nuvens,
formam-se sobre o oceano Atlântico e avançam de leste para oeste, nos meses
do outono e do inverno (março a julho, aproximadamente), sobre a Zona da Mata
Pernambucana, provocando pesados aguaceiros. Excepcionalmente, as Ondas
de Leste podem chegar até o Agreste do Estado.
Onda de leste originando-se sobre o Atlântico e avançando em direção a
Pernambuco. Essa onda originou pesados aguaceiros na parte oriental de
Pernambuco e e Paraíba.
No tocante à distribuição espacial das chuvas, nota-se em Pernambuco, que
os maiores valores médios anuais de chuvas são verificados na parte oriental, ou
seja, na Zona da Mata. O sul da Zona da Mata apresenta médias anuais de chuvas
superiores a 1.800 mm.
No município de Barreiros, por exemplo, o índice pluviométrico supera 2.000
mm/ano. De uma maneira geral, a Zona da Mata possui precipitações médias
anuais compreendidas entre 2.200 mm e 1.000 mm (Mapa 18).
A área semiárida de Pernambuco apresenta precipitações anuais iguais ou
inferiores a 800 mm. As áreas mais secas do Sertão têm uma média de chuvas de
400 mm/ano. Tais áreas situam-se no vale do São Francisco e no Sertão do Pajeú.
No domínio do semiárido Pernambucano, são encontradas “ilhas de
umidade”, ou brejos, em que se observam índices anuais de chuvas mais
elevados, da faixa de 900 a 1.000 mm. São exemplos dessas áreas Triunfo,
Garanhuns e Taquaritinga do Norte. O relevo mais elevado é o fator determinante
da existência desses brejos, uma vez que impõem a ascensão do ar e o
consequente resfriamento adiabático dele.

Os Tipos Climáticos
O Mapa 19 apresenta os tipos climáticos, segundo a classificação de W.
Köppen. Essa classificação utiliza letras e símbolos para definir zonas e tipos
climáticos.
Os climas dominantes, segundo a classificação aqui considerada, no Estado
de Pernambuco são: As’, BShs’, Cs’a e Cw’a e Aw’.
O clima As’ (clima quente e úmido com chuvas de outono-inverno) ocorre na
Zona da Mata. Na parte sul dessa área, a faixa onde domina esse clima é mais larga
que na parte norte (Zona da “Mata Seca”).
O clima BSh (clima seco de estepe de baixas latitudes) também chamado
semiárido, apresenta altas temperaturas durante o ano e uma taxa anual de
evaporação que excede a das precipitações. Em decorrência dos diversos regimes
de chuvas anteriormente referidos, o BSh se subdivide em: BShs’ (com chuvas de
outono-inverno), BShw (com chuvas de verão), e BShw’ (com chuvas de outono-
inverno). Considera-se a isoieta de 800 mm de chuvas anuais, a linha que separa,
em Pernambuco, os climas BSh e As’.
Os climas Cs’a e Cw’a fazem parte dos climas mesotérmicos, segundo
Köppen. O clima Cs’a (mesotérmico com verões quentes e chuvas de outono-
inverno) foi chamado pelo geógrafo Gilberto Osório de Andrade de clima “Quase-
Mediterrâneo”. Esse clima apresenta temperaturas anuais mais baixas do que os
climas As’ e BSh, devido às interferências do relevo. É o clima de Garanhuns.
O clima Cw’a (mesotérmico com verões quentes e chuvas de verão retardadas
para outono) verifica-se no maciço de Triunfo. Também possui médias térmicas
anuais inferiores às dos climas As’ e BSh.
O clima Aw’ surge em Fernando de Noronha, e será descrito mais adiante.

As Secas em Pernambuco

O Mapa 20 apresenta o percentual de incidência de seca no Estado de


Pernambuco. Foi realizado, tomando-se por base o mapa de evolução do período
chuvoso do Nordeste, elaborado pela Sudene.
A seca é um fenômeno climático anormal que implica numa redução
considerável dos valores médios de chuvas de um espaço geográfico A seca, que
bem caracteriza as áreas de climas semiáridos, acarreta a falência de safras
agrícolas e sérios prejuízos à pecuária. É, portanto, um fato natural com sérias
repercussões socioeconômicas.
Os percentuais de incidência de secas em Pernambuco foram agrupados nos
seguintes intervalos: 0 a 20%; 21 a 40%; 41 a 60%; 61 a 80% e 81 a 100%.
A Zona da Mata apresenta percentuais que vão de 0 a 20%. O Agreste tem
percentuais que variam de 21 a 80%. O Sertão possui os percentuais mais elevados:
81 a 100%.

Leitura Complementar
AS SECAS EM PERNAMBUCO

Quando se aborda o tema seca em Pernambuco, dois aspectos têm que ser
considerados: o fenômeno natural e a questão socioeconômica. Enquanto problema
natural, a seca representa um fenômeno de natureza climática, correspondente a
um déficit considerável de chuvas. Essa diminuição das precipitações, na estação
chuvosa, associa-se sobretudo a alterações que ocorrem nas temperaturas da
superfície oceânica , ou seja, nos oceanos Pacífico e Atlântico.
Nos anos em que o oceano Pacífico Equatorial apresenta águas
superficiais com temperaturas mais elevadas do que o normal, instala-se,
normalmente, um período de estiagem, sobretudo no Sertão de Pernambuco. O
mesmo acontece quando o Atlântico Tropical Sul se resfria. Neste caso, o
Anticiclone semifixo do Atlântico Sul, de onde partem os alísios de sudeste que
alimentam a ZCIT, fica mais enérgicos e assim os alísios referidos adquirem mais
energia e empurram a Zona de Convergência Intertropical para o norte. Em
decorrência as chuvas no Sertão e Agreste de Pernambuco, bem como na
Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, diminuem consideravelmente de
intensidade na época em que era para elas acontecerem. Instala-se, então, a
seca.
Portanto, as secas são um fenômeno natural previsível e passível de ter
seus efeitos minimizados, a partir de uma infraestrutura que permita ao homem
conviver bem no espaço, por mais adverso que seja.
A imprensa passa, às vezes, a ideia, para a sociedade brasileira como um
todo, que a seca é o problema maior do Nordeste, que ela é a responsável pelos
baixos indicadores socioeconômicos da região, o que não é verdade. A seca vem
apenas agravar uma ausência de estrutura econômica geradora de emprego e de
renda. Essa ausência é fruto de um processo histórico, que reservou à região, na
economia nacional, o papel de viveiro de mão de obra barata para as áreas
dinâmicas do país.
O fenômeno seca existe como fato natural, impossível de ser impedido de
ocorrer, mas seus efeitos sociais e econômicos se agravam sobremaneira ante à
falta de políticas públicas mais eficientes.
Para que o homem possa conviver com esse fenômeno geográfico, é
preciso que, em primeiro lugar, seja solucionada a questão fundiária. A partir daí, o
investimento em obras que, embora pequenas e baratas, dão grandes resultados,
como as cisternas, os poços tubulares e as barragens-trincheiras e/ou subterrâneas,
cujas técnicas de produção o próprio sertanejo conhece, pode ser algo de suma
importância.
Diversas áreas do Semiárido Pernambucano apresentam características de
um ecossistema frágil, cujo equilíbrio pode ser facilmente rompido. Nessas
condições ambientais, o uso do espaço semiárido tem que ser repensado. Tal
espaço não suporta sempre a produção em larga escala para o mercado
consumidor. Ações humanas sobre esses ambientes, sem um planejamento
eficiente, podem propiciar graves consequências em áreas submetidas às secas
periódicas. A maior prova disso é o acelerado processo de desertificação que vem
ocorrendo em diversos quadrantes do Nordeste brasileiro, como uma decorrência de
formas de uso do solo inadequadas às condições ambientais desse espaço
geográfico.
HIDROGRAFIA

Thaïs de Lourdes Correia de Andrade

Observando-se com atenção o Mapa 21, verifica-se a existência de dois


grandes receptores de águas no espaço pernambucano, um representado pelo
oceano Atlântico para onde correm os rios das regiões da Mata e do Agreste, com
exceção do Ipanema, e outro representado pelo rio São Francisco para onde correm
os rios sertanejos.
No mapa hidrográfico apresentado, seguindo-se a direção norte/sul, percebe-
se nas proximidades da divisa de Pernambuco com a Paraíba, a foz do rio Goiana,
formada pela junção de dois rios que drenam a microrregião da Mata Setentrional
Pernambucana: o Capibaribe-Mirim e o Tracunhaém. Entre os afluentes do
Capibaribe-Mirim, salienta-se o Siriji.
Mais ao sul, no local onde se encontra a cidade do Recife, surge a
desembocadura do rio Capibaribe que, nascendo no município de Jataúba, drena o
Agreste e a Mata até chegar à capital pernambucana. Em seu percurso, recebe dois
importantes afluentes, o Tapacurá e o Goitá e, próximo à foz, conflui com o Beberibe,
oriundo de Olinda. No delta deste rio foi construída a cidade do Recife.
Continuando o caminho para o sul, já em Barra de Jangada, observa-se a foz
dos rios Jaboatão e Pirapama que banham, respectivamente, as cidades de Jaboatão
dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho.
Na enseada de Suape, onde se localiza o Complexo Industrial e Portuário que
tem o seu nome, desemboca um dos maiores rios do Estado, o Ipojuca, oriundo do
Agreste e que corta também grande extensão da Mata Pernambucana. O rio Ipojuca,
ao descer o maciço da Borborema para a região da Mata, forma a conhecida
cachoeira do Urubu, atração turística existente no município de Primavera.
Nas proximidades da ilha de Santo Aleixo, encontra-se a foz do rio Sirinhaém
e, mais ao sul, a do rio Una. Este rio, o mais importante de toda a região da Mata,
nasce e atravessa o Agreste e a Mata, desembocando no Atlântico.
O regime desses rios, face às condições climáticas existentes em Pernambuco,
é bastante irregular. Assim, na região da Mata eles são perenes, apresentando uma
grande diferença do volume de água entre a estação das chuvas e o estio. O
Capibaribe, por exemplo, rio que corta a cidade do Recife, em determinado período,
ameaçava a capital pernambucana, pois quando chovia com grande intensidade nas
suas cabeceiras ou na sua bacia, aumentava de volume, transbordando de seu leito,
inundando praticamente toda a cidade, causando sérios problemas à população. A
construção de barragens, como Tapacurá, Carpina e Goitá transformou aquela
realidade, quando a regularização do Capibaribe veio a evitar aqueles transtornos.
No Agreste, os rios são temporários, de vez que cortam no estio, sendo
constatados apenas pela forma do leito e pela existência de alguns poços. Na
areia do leito, costumam os habitantes do interior cavar cacimbas, a fim de
obterem a água do lençol subterrâneo utilizada tanto para o consumo da
população humana como para fins higiênicos e industriais, bem como, para o
consumo animal.
O rio São Francisco que nasce na serra da Canastra, em Minas Gerais,
corre inicialmente em direção norte, cortando os Estados de Minas Gerais e
Bahia, servindo, em grande parte do seu curso, de linha divisória entre os
Estados de Pernambuco e da Bahia. Em seguida, ele separa a Bahia e Sergipe
de Alagoas, até desembocar no oceano Atlântico.
O São Francisco é um dos mais importantes rios do Brasil, pela sua
extensão (3.100 km), sua vasta bacia (670.000 km 2), pela sua utilização pelos
criadores de gado desde o período colonial e ainda pela ligação que faz entre o
Nordeste e o Sudeste, uma vez que é navegável em várias porções do seu curso.
Conhecido como rio da “Integração Nacional” e rio dos “Currais”, o São Francisco
serviu de eixo de penetração para os criadores de gado pernambucanos e
baianos que nos séculos XVI e XVII, partindo de Olinda e Salvador, atingiram a
sua foz e, subindo o seu curso e de seus afluentes, ocuparam os sertões baiano,
pernambucano e cearense com a atividade pecuária.
O “Velho Chico” como também é conhecido, é um rio de planalto
apresentando, ao longo do seu caminho rumo à foz, grandes desníveis que
formam cachoeiras e corredeiras utilizadas para a produção de energia
hidrelétrica. Assim, além de possuir a usina de Três Marias em Minas Gerais,
possui também a de Sobradinho na Bahia, de Paulo Afonso entre a Bahia e
Alagoas, Itaparica entre Pernambuco e Bahia e a de Xingó, em Alagoas (setor
administrativo, em Piranhas) e Sergipe (setor de produção de energia, em
Canindé do São Francisco).
O rio é muito utilizado, também, para irrigação, havendo a presença, na
mesorregião que tem o seu nome, de projetos de grande envergadura
desenvolvidos por empresas onde são cultivados produtos hortifrutícolas
destinados à exportação. Esta área vem apresentando, também, grande
crescimento da atividade agroindustrial, sendo um dos pólos econômicos de
maior dinamicidade no Estado.
Vários dos afluentes do São Francisco nascem e têm todo o seu curso em
território pernambucano, como o do Pontal, das Garças, Brígida, Terra Nova, Pajeú
e Moxotó. Os rios sertanejos são todos temporários, correndo apenas no curto
período em que caem as chuvas de verão. Têm leitos largos e arenosos onde se
formam lençóis de água subterrâneos utilizados pela população sob a forma de
cacimbas.
Muitos desses rios são interrompidos por barragens, construídas pelo
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS ou pelo Governo
do Estado, visando não só ao abastecimento de água, dos centros urbanos,
como também, ao desenvolvimento de uma agricultura irrigada a jusante dos
açudes.

A exemplo do que ocorreu com o São Francisco que serviu de eixo de


penetração para o interior, todos os demais rios pernambucanos também
desempenharam esta função. Prova disso é a localização de grande parte dos
centros urbanos, ao longo dos seus cursos.
Sérios problemas ambientais enfrentam os cursos d’água pernambucanos,
a exemplo do desmatamento de suas nascentes e margens, do assoreamento de
seus leitos, além da poluição de suas águas.

VEGETAÇÃO
Lucivânio Jatobá

A distribuição das formações vegetais sobre a superfície terrestre é


influenciada por diversos fatores, dentre os quais se destacam os climas, os solos e
o relevo.
O Mapa 22 contempla a extensão ocupada pelas formações vegetais
primitivas em Pernambuco. As atividades humanas exercidas no espaço geográfico
pernambucano reduziram consideravelmente as áreas correspondentes à cobertura
vegetal existente quando aqui chegaram os colonizadores portugueses.
As formações vegetais de Pernambuco foram assim classificadas: Floresta
Subperenifólia, Floresta Subcaducifólia, Floresta Caducifólia, Formações Litorâneas,
Caatinga Hipoxerófila, Caatinga Hiperxerófila, Cerrado e Vegetação de Transição
Floresta/Caatinga.
A Floresta Subperenifólia é uma formação vegetal florestal, densa, composta
de árvores de grande porte (20 a 30 metros de altura), latifoliadas, com a presença
de um grande número de epífitas. Reflete o clima As’ e surge nas áreas de maiores
índices pluviométricos anuais de Pernambuco, na Mata Meridional. Dentre as
espécies mais características da Floresta Subperenifólia, salientam-se o visgueiro, a
sucupira, o pau-d’alho etc.
A Floresta Subcaducifólia ou Mata Seca, apresenta árvores de grande porte,
latifoliadas, muitas das quais, durante o período seco, deixam cair parte das suas
folhas. Dominava nos municípios de Itambé, Timbaúba, Goiana, Vicência, Bom
Jardim, São Vicente Ferrer, Orobó, Surubim e Nazaré da Mata. Essa formação está
relacionada ao clima As’, em áreas onde as precipitações são inferiores às da Zona
da Mata Meridional, à estação seca um pouco mais prolongada e aos solos
derivados da alteração das rochas do embasamento cristalino. As espécies arbóreas
típicas da “Mata Seca” são: pau-d’arco-amarelo, pau-brasil, pau-d’arco-roxo,
maçaranduba e sucupira.
A Floresta Caducifólia, a que perde totalmente as folhas no período seco,
sofreu uma exploração intensa e, por essa razão, só é encontrada em algumas
pequenas áreas de Pernambuco, como por exemplo Timbaúba, Buíque e Itaíba.

Restos da Floresta Latifoliada Subperenifólia. Essa formação vegetal foi


quase que inteiramente destruída pelo processo de ocupação do espaço geográfico
em Pernambuco. Nesta foto, apenas uma pequena área, ao longo do vale, foi
preservada na Zona da Mata Sul. ( Foto: Natalício Rodrigues, 2012)
As Formações Litorâneas, que são fortemente influenciadas pelas
características do solo, compreendem os manguesais, matas de restingas e
formações das praias.
Os manguesais dispõem-se nas áreas de contato da água salgada oceânica
com a água doce dos rios, ou seja, num ambiente sujeito aos avanços e recuos
diários das marés. As espécies vegetais dessa formação possuem algumas
características necessárias à adaptação ao ambiente, como por exemplo, raízes
suportes, que atuam como escoras no terreno frouxo e lamacento, e respiratórias.
As espécies vegetais mais frequentes nos manguesais são o mangue-vermelho, o
mangue-branco e o mangue-canoé.
As matas de restingas estão instaladas em solos arenosos de um tipo de
relevo chamado restingas. Essa formação vegetal é composta por arbustos e
vegetação rasteira.
As formações vegetais das praias correspondem a uma vegetação rasteira
disposta sobre solos arenosos das áreas de praia.
As Caatingas estão representadas no Estado de Pernambuco por duas
formações: Caatinga Hipoxerófila e Caatinga Hiperxerófila. Essas modalidades
são fortemente influenciadas pelas condições climáticas e de solos.
A Caatinga Hipoxerófila é formada predominantemente por árvores e
arbustos que perdem as folhas durante a época seca. Predomina no Agreste do
Estado, em áreas semiáridas ou subúmidas onde as chuvas se distribuem de
forma menos irregular. As espécies vegetais mais comuns na Caatinga
Hipoxerófila são: canafístula, mulungu, jurema-preta, macambira, marmeleiro e
mandacaru.
A Caatinga Hiperxerófila é típica das áreas mais secas do Semiárido
Pernambucano, sendo frequente na Depressão Sertaneja. Dispõe-se
principalmente a partir de Arcoverde e Águas Belas, dominando praticamente
em quase toda a porção Ocidental de Pernambuco. As espécies vegetais mais
encontradas na Caatinga Hiperxerófila são: macambira, pereiro, xiquexique,
caroá, angico etc.
Os Cerrados caracterizam-se por uma vegetação formada por árvores
tortuosas, esparsas, intercaladas por um manto inferior de gramíneas. Em
Pernambuco, os Cerrados surgiram sobre as áreas arenosas dos Tabuleiros
Costeiros no município de Goiana (hoje praticamente substituídos pela cana-
de-açúcar) e na Chapada do Araripe. As espécies mais encontradas nos
Cerrados são: cajueiro, cajueiro bravo, murici-de-tabuleiro, mangabeira,
pequizeiro etc.
A vegetação de Transição Floresta/Caatinga localiza-se na Chapada do
Araripe. A predominância de um tipo de vegetação sobre o outro nessa área de
Pernambuco decorre das influências do relevo e dos solos. É formação vegetal
composta de árvores, arbustos e espécies vegetais da Caatinga Hipoxerófila, e
até do Cerrado, tais como: mangabeira, catingueira, jurema, pequizeiro e
visgueiro do Araripe.
Face à intensa atuação que o homem vem realizando sobre essa cobertura
vegetal, surge a necessidade de se tentar preservar o que ainda existe de vegetação
primitiva. Para isso são criadas, através de decretos federal e estadual, as chamadas
Unidades de Conservação. Tais unidades passam a ser gerenciadas por órgãos que
trabalham o meio ambiente.
Em Pernambuco, esses órgãos são representados pelo Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pela Agência Estadual
de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH) e por unidades ambientais a nível de
municípios.
O Quadro 2 identifica as Unidades de Conservação (UCs) existentes no espaço
pernambucano. Segundo a CPRH, as UCs (estabelecidas pelo Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza (Snuc) - Lei Federal 9.985/00), podem ser: de
proteção integral - aquelas que mantêm livres os ecossistemas das alterações
causadas pela interferência humana, admitindo apenas o uso indireto não permitem a
coleta e o uso, comercial ou não, dos atributos naturais, e de uso sustentável; aquelas
que permitem a exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos
recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a
biodiversidade de forma socialmente justa e economicamente viável. Em Pernambuco
existem 72 UCs, sendo que 47 são de uso integral.
QUADRO 2
Unidades de Conservação (proteção integral e de uso sustentável)
2008

UCs Proteção Integral Município Ecossistema Protegido Área total da UC (ha)


1 EE de Caetés Paulista M. Atlântica 157,00
2 RE da Mata de Camaçari Cabo de S. Agostinho M. Atlântica 223,30
3 RE Mata Serra do Cumaru Cabo de S.Agostinho M. Atlântica 367,00
4 RE Mata do Eng.Uchoa Recife M. Atlântica 20,00
5 PE de Dois Irmãos Recife M. Atlântica 88,67
6 RE Mata de São Bento Abreu e Lima M. Atlântica 109,60
7 RE Mata de Tapacurá São Lourenço da Mata M. Atlântica 100,92
8 RE Mata do Toró São Lourenço da Mata M. Atlântica 80,70
9 RE Mata do Urucu Cabo de S. Agostinho / Vitória /Escada M. Atlântica 513,30
10 RE Mata do Jardim Botânico Recife M. Atlântica 10,72
11 RE Mata do Sistema. Gurjaú Cabo de S. Agostinho/ Moreno/ Jaboatão M. Atlântica 1.077,10
12 RE Mata de Caraúna Moreno M. Atlântica 169,32
13 RE Mata do Bom Jardim Cabo de S. Agostinho M. Atlântica 245,28
14 RE Mata do Curado Recife M. Atlântica 102,96
15 RE Mata de Dois Unidos Recife M. Atlântica 37,72
16 RE Mata do Quizanga São Lourenço da Mata M. Atlântica 228,56
17 RE Mata do Eng Amparo Itamaracá M. Atlântica 172,9
18 RE Mata do Eng. Moreninho Moreno M. Atlântica 66,48
19 RE Mata do Eng. Salgadinho Jaboatão dos Guararapes M. Atlântica 257,00
20 RE Mata do Camucim São Lourenço da Mata M. Atlântica 72,00
21 RE Mata de Contra Açude Cabo de Santo Agostinho M. Atlântica 114,56
22 RE Mata de Jaguarana Paulista M. Atlântica 332,28
23 RE Mata de Jangadinha Jaboatão dos Guararapes M. Atlântica 84,68
24 RE Mata de Manassu Jaboatão dos Guararapes M. Atlântica 264,24
25 RE Mata do Outeiro do Pedro São Lourenço da Mata M. Atlântica 51,24
26 RE Mata de Passarinho Olinda M. Atlântica 13,36
27 RE Mata de Mussaíba Jaboatão dos Guararapes M. Atlântica 272,20
28 RE Mata de Jaguaribe Itamaracá M. Atlântica 107,36
29 RE Mata do Eng. Macaxeira Itamaracá M. Atlântica 60,84
30 RE Mata Lanço dos Cações Itamaracá M. Atlântica 50,12
31 RE Mata do Eng. São João Itamaracá M. Atlântica 34,00
32 RE Mata do Zumbi Cabo de Santo Agostinho M. Atlântica 292,40
33 RE Mata do Janga Paulista M. Atlântica 132,24
34 RE Mata de Santa Cruz Itamaracá M. Atlântica 54,68
35 RE Mata da Usina São José Igarassu M. Atlântica 323,30
36 RE Mata de Miritiba Abreu e Lima M. Atlântica 273,40
37 RE Mata do Eng.Tapacurá São Lourenço da Mata M. Atlântica 316,32
38 RE Mata de Serra do Cotovelo Moreno Mata Atlântica 432,10
39 RE Mata de Duas Lagoas Cabo de Santo Agostinho M. Atlântica 140,30
40 RE de São João da Várzea Recife M. Atlântica 64,52
41 EE de Tapacurá São Lourenço da Mata M. Atlântica 589,42
Caatinga (área
42 RB de Serra Negra Floresta,Inajá e Tacaratu 1.100,00
de exceção)
43 RB de Saltinho Tamandaré e Rio Formoso M. Atlântica 548,00
Quebrangulo (AL) e Lagoa do
44 RB de Pedra Talhada M. Atlântica 4.500,00
Ouro (PE)

45 PN Marinho de Noronha Arquipélago de Fernando de Noronha 11.270,00

46 PN do Catimbau Buique, Ibimirim e Tupanatinga Caatinga 62.300,00


PNM João Vasconcelos
47 Caruaru e Altinho Brejo de Altitude 359,00
Sobrinho
48 RPPN- Fazenda Tabatinga Goiana M. Atlântica, Restinga, Manguezal 19,32
49 RPPN-Fazenda Bituri Brejo da Madre de Deus Brejo de Altitude 110,21
50 RPPN- Pedra do Cachorro São Caetano Caatinga 18,00
51 RPPN - Mauricio Dantas Betânia e Floresta Caatinga 1.485,00
52 RPPN -Santa Beatriz do Carnijó Jaboatão/ Moreno M. Atlântica 25,00
RPPN-N.S.do Oitero de
53 Ipojuca M. Atlântica, Restinga/ 109,60
Maracaípe
54 RPPN- Cabanos Altinho Caatinga 6,00
55 RPPN- Frei Caneca Jaqueira M. Atlântica 630,43
RPPN-Cantidiano Valgueiro
56 Floresta Caatinga 285,00
Carvalho Barros
57 APA - Costa dos Corais S.José da C. Grande, Barreiros, Tamandaré, Rio Formoso e M. Atlântica 1.077,10

58 APA da Chapada do Araripe Caatinga 1.053.000,00

APA - Arquipélago de Fernando


59 Arquipélago de Fernando de Noronha Marinho 112.700,0 0
de Noronha
60 APA de Guadalupe Sirinhaém, Rio Formoso, Tamandaré e Barreiros Diversos 44.255,00
Sirinhaém, Rio Formoso e
61 APA de Sirinhaém Diversos 6.902
Ipojuca
62 APA de Engenho Uchoa Recife M. Atlântica e associados 192,00
Á PA do Estuário dos Rios
63 Goiana Manguezal 4.776,00
Goiana e Megaó
APA do Estuário do Rio
64 Goiana Manguezal 3.998,00
itapessoca
APA do Estuário do Rio
65 Itamaracá Manguezal 212,00
Jaguaribe
APA do Estuário do Canal de
66 Itamaracá, Itapissuma, Igarassu Manguezal 5.292,00
Santa Cruz
APA do Estuário dos Rios
67 Cabo de Santo Agostinho , Jaboatão dos Guararapes Manguezal 1.284,00
Jaboatão e Pirapama
APA do Estuário dos Rios
68 Ipojuca e Sirinhaém Manguezal 3.335,00
Sirinhaém e Maracaípe
APA do Estuário do Carro
69 Barreiros Manguezal 402,00
Quebrado
70 APA do Estuário do Rio Una Barreiros Manguezal 553,00
71 APA do Estuário do RioTimbó Paulista, Abreu e Lima e Igarassu Manguezal 1.397,00
72 APA Nova Cruz Igarassu Diversos 4.500,00

SOLOS

Lucivânio Jatobá

Maria Jaci Câmara de Albuquerque

O solo é um dos mais importantes elementos naturais das paisagens. E´ o


meio onde se desenvolvem as diversas espécies vegetais que são utilizadas pelo
homem. O limite superior do solo é a atmosfera e o inferior é a rocha inalterada.
O solo é composto basicamente de partículas minerais, matéria orgânica,
água e ar. Desses elementos, os minerais são os que aparecem em maior
quantidade.
Os diversos tipos de solos encontrados na superfície terrestre recebem a
influência dos seguintes fatores: clima, rocha, organismos vivos, relevo e tempo.
Esses fatores agem de forma combinada, contribuindo para a definição dos vários
aspectos dos solos.
O clima é, dos fatores mencionados, o mais importante, pois é através da
temperatura e da umidade que serão definidas as várias alterações físicas e
químicas, conjuntamente denominadas de intemperismo, que se processarão no
material rochoso. Nas áreas de climas quentes e úmidos, os solos são bem mais
desenvolvidos e contêm uma maior quantidade de matéria orgânica do que aqueles
presentes nas regiões secas.
A rocha é o material do qual tem origem o solo. A maior ou menor velocidade
com que o solo se forma depende bastante do tipo de material rochoso da área.
Esse material, quando surge na superfície, sofre diversas alterações, ocasionadas
pelos elementos do clima, que formarão o solo. Várias características do solo
dependem consideravelmente do tipo de rocha, como por exemplo a cor e a
estrutura.
Os organismos vivos englobam os vegetais, os microrganismos, os animais e,
inclusive, o homem. Os vegetais atuam na formação do solo através de suas raízes,
que se instalam nas fendas das rochas. Nessas áreas, as secreções orgânicas
contribuirão ao intemperismo. Os microrganismos (fungos, bactérias e algas)
decompõem os restos de vegetais e animais que formarão o que se chama húmus,
acumulado nos horizontes superficiais do solo. Os animais que vivem no solo cavam
galerias e misturam materiais orgânicos e inorgânicos nas diversas partes ou
horizontes dos solos. Esses horizontes constituem o perfil do solo, e se diferenciam
pelos seguintes elementos: cor, textura e composição das diversas camadas (Figura
7).
O homem também participa da formação e da evolução dos solos, sobretudo
quando realiza atividades agrícolas. Os processos de erosão acelerada são um
exemplo dos efeitos indiretos da ação humana sobre o solo. Na zona rural , os
processos erosivos decorrentes da ação humana acarretam a perda de camadas
férteis do solo, implicando, assim, numa diminuição da produção agrícola e na
desvalorização das propriedades rurais.
O relevo influi consideravelmente nas características do solo, principalmente
no que se refere à profundidade deste. As áreas que apresentam uma maior
declividade têm solos mais rasos do que aqueles desenvolvidos em áreas planas e
baixas.
O último fator que responde pela formação do solo é o tempo. Este fator
influencia sobretudo na espessura do solo. Os solos jovens, por exemplo, são, em
geral, bem mais rasos do que os solos velhos. Mas a transformação de um solo
jovem em solo maduro dependerá, também, da rocha, das condições climáticas e da
erosão (Figura 8).
No Estado de Pernambuco, em face das diferenças de rochas, de relevo e de
clima, há uma grande variedade de tipos de solos. As informações contidas no Mapa
23 são bastante generalizadas em virtude da escala do mapeamento. O
levantamento de solos foi elaborado a partir do trabalho realizado pela Sudene
(1984). Nesse mapa são identificados os seguintes solos: Latossolos, Podzólicos,
Litólicos, Regossolos, Brunos Não Cálcicos, Areias Quartzosas e Planossolos.

Os Latossolos são bem desenvolvidos, de coloração vermelha, amarela ou


alaranjada, bastante porosos e de textura variável. Aparecem principalmente na
Zona da Mata, associados às florestas Subperenifólia e Subcaducifólia. Amplas
manchas desses solos são, também, verificadas nas Mesorregiões do São
Francisco Pernambucano e do Sertão Pernambucano.
Os Podzólicos são profundos, bem desenvolvidos, com marcante
diferenciação entre os seus vários horizontes. Surgem, quase sempre, associados
aos Latossolos. No Estado de Pernambuco, esses solos são encontrados na Zona
da Mata, partes do Agreste e, em manchas localizadas, no Sertão.
Os solos Litólicos são pouco desenvolvidos, daí serem considerados como
“solos jovens”. Nestes solos, o horizonte “A” fica disposto diretamente sobre a
rocha. Aparecem em áreas secas ou em regiões de forte declividade, onde os
processos erosivos são intensos. Os solos Litólicos são encontrados no Agreste e
na Mesorregião do Sertão Pernambucano, associados às Caatingas.
Regossolos são solos que apresentam uma textura arenosa, medianamente
profundos, com um perfil pouco desenvolvido. São bem drenados, mas apresentam-
se ácidos. Surgem mais frequentemente no Sertão, mas podem aparecer no
Agreste.
Os solos Brunos Não Cálcicos são moderadamente rasos. Apresentam um
horizonte superficial de coloração marrom, sobre o qual surgem cascalhos, mas têm
em geral uma coloração avermelhada. Surgem principalmente nas áreas de climas
semiáridos, particularmente no Sertão, associando-se à Caatinga Hiperxerófila.
As Areias Quartzosas são solos pouco desenvolvidos e profundos. Instalam-
se em sedimentos muito arenosos, compostos de grão de quartzo, em relevo plano
ou suave ondulado. Esses solos são ácidos e de baixa disponibilidade de nutrientes
e de água. São encontrados na bacia sedimentar do Jatobá, no município de
Petrolina e em São José do Belmonte.
Os Planossolos são solos moderadamente ácidos, com grande contraste
textural e um horizonte “B” que exibe uma acentuada concentração de argila.
Ocorrem em relevo plano ou suavemente ondulado, onde se acha presente uma
Caatinga Hipoxerófila. Amplas manchas de Planossolos são vistas no Agreste do
Estado, como por exemplo nas bacias dos rios Una, Ipojuca e Capibaribe.

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