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ANEXO CAPITULO III

ANEXO

CAPITULO III

NOTÍCIA EXPLICATIVA DA CARTA


GEOLOGICA À ESCALA 1:1000000
(Versão Digital)

a 0
ANEXO CAPITULO III

3.5.Estratigrafia

A constituição geológica do território de Angola engloba diversas rochas

metamórficas, ultrametamórficas, sedimentares e vulcânicas do arcaico, proterozóico e

fanerozóico.

3.5.1 Arcaico

As rochas arcaicas dividem-se em dois grupos de idades: O arcaico inferior e o arcaico

superior, separados pelo limite de idade de 3000 ±100 m. a.

3.5.1.1Arcaico Inferior

São consideradas como as rochas mais antigas no território de Angola os complexos

de rochas metamórficas, ultrametamórficas e intrusivas desenvolvidas na área dos

escudos, designadas anteriormente por complexo de base (90).

As rochas metamórficas do arcaico inferior estão representadas por gnaisses variadas

(bipiroxénicos, pirixénicos, biotíticos e outros), xistos, anfibolítos e, mais raramente,

por eclogitos, quartzitos, leptitos e quartzitos ferruginosos. Todas estas rochas são

atribuídas as fácies granulítica (B1) e anfibolítica (B2) do metamorfismo regional (43).

As rochas das zonas de granitização ultrametamórfica correspondem a série enderbito-

tonalítica (tonalitos, plagiomigmaticos, plagiogranitos, enderbitos, charnoquitos).

O arcaico inferior subdividido em dois grupos: Inferior e Superior.

Foram atribuídos ao grupo Inferior as rochas constituídas por plagiognaisses

piroxénicos, anfibolitos, eclogitos, gnaisses cordieríticos e silimaníticos, quartzitos,

a 1
ANEXO CAPITULO III

quartzitos ferruginosos bem como plagiomigmatitos, enderbitos e charnoquitos

associados.

O grupo Superior é constituído por gnaisses biotitico-hornebléndicos, biotitico-

hipersténicos, bimicáceos (com granada), disténicos e grafitosos; anfibolitos, xistos

biotíticos e bimicáceos, leptitos, quartzitos e tonalitos, plagiogranitos e

plagiomigmatitos associados.

O grupo inferior foi identificado na área dos escudos do Maiombe, de Angola e do

Cassai. No escudo do Maiombe, as rochas metamórficas e ultrametamórficas

associadas do grupo inferior ocorrem na área entre as cidades de Ambriz e

Ndalatando. Na base situam-se plagiognaisses bipiroxénicos, hipersténicos ou

piroxénicos com biotite e granada: anfibolitos e gnaisses bipiroxénicos com anfíbola,

contendo intercalações quartziticas. Mais para cima ocorre uma sequência possante de

gnaisses e plagiognaisses anfibólico-biotíticos e biotítico-anfibólicos, anfibolitos e

quartzitos ferruginosos com ou sem anfibola; na parte superior do corte aparecem

gnaisses com silimanite e granada. A constituição acima descrita do grupo inferior é

característica para outros escudos Pré-câmbrico de Angola. A espessura do grupo

parece ser de alguns milhares de metros. Nas áreas contíguas do Zaire, as suas

datações isotópicas são da ordem de 3400 m.a. (29), sugerindo esta idade a época do

seu metamorfismo inicial.

No escudo de Angola, o grupo Inferior localiza-se no seu sector norte, entre os rios

Kuanza e Longa. Nas proximidades imediatas do horts do Kuanza, verifica-se a

seguinte sucessão de rochas: na base, plagiognaisses bipiroxénicos, hipersténicos e

hipersténicos com biotite e granada; gnaisses piroxénicos com plagioclase e anfibola

que vêm a suceder-se mais para cima por gnaisses anfibolítico-biotíticos e

a 2
ANEXO CAPITULO III

plagiognaisses leucocráticos. A espessura do corte não ultrapassa 2 – 3 km. A sul do

paralelo 10º, o grupo Inferior está representado, essencialmente, por granulitos e

gnaisses de composição básica, gabros alterados, anfibolitos, quartzitos, charnoquitos

e enderbitos (116). É vulgar a existência dos gnaisses com piroxena (hiperstena,

diópsido), cordierite, granada (piropo) e, mais raramente, silimanite ou biotite. Apesar

de não terem sido obtidas as datações isotópicas das rochas metamórficas em

referência, os geólogos que aqui realizaram trabalhos de cartografia geológica (116) e

outros autores (27, 29) consideraram estas rochas como sendo as mais antigas,

paralelizando-as com as rochas análogas do escudo do cassai.

No escudo do Cassai, o grupo inferior é desenvolvido, principalmente, na área da

província da Lunda Norte; os seus afloramentos abundantes são observados nos vales

dos rios Chicapa, Luachimo, Chiumbe, Luembe e cassai e, mais raramente, nos vales

dos rios Uamba, Cuango e dos seus afluentes da margem direita, Lulo e Lué. O grupo

inferior está aqui representado por granulitos com hiperstena e xistos cristalinos,

gnaisses de composição básica, eclogitos, anfibolitos e quartzitos. Entre as rochas

ultrametamórficas a eles assiciados assinalam-se enderbitos, charnoquitos,

plagiogranitos e plagiomigmáticos, migmatitos de composição dioritica e

granodioritica e tonalitos com piroxena.

As rochas em consideração apresentam-se metamorfizadas na fácies granulitica e

anfibolitica. Não existem determinações sistemáticas de idades destas rochas. As

idades mais antigas, foram obtidas nas rochas que se correlacionam com o grupo

inferior do arcaico inferior (gnaisses do alto luani), na área adjacente do Zaire, nas

proximidades imediatas da fronteira com Angola, sendo de 3400 m. a. (17). Em vários

outros casos determinações isotópicas de idade das rochas arcaicas dentro do escudo

a 3
ANEXO CAPITULO III

do cassai mostram valores rejuvenescidos. Por exemplo, uma biotite colhida nos

migmatitos (complexo dibaya) foi datada de 2525 ± 75 m.a., enquanto a microlina nos

pegmatitos que cortam os charnoquitos do mesmo complexo forneceu 2860 (2710) ±

60 m.a. (ambas as datações obtidas pelo método Rb-Pb). O zircão e a monazite

colhidos nos charnoquitos apresentam uma idade de 2865 (U-Pb), fornecendo os

charnoquitos a idade de 3010 (2850)m.a. (Rb-Sr). No entanto, a posição estrutural e a

composição petrográfica das rochas em referências estão a favor da hipótese de serem

estas rochas do arcaico precoce.

O grupo superior desenvolve-se na área dos escudos do Maiombe, Angola, Cassai e

Bangweulo. Regra geral, aparece relacionado com as rochas do grupo inferior.

No escudo do maiombe, as rochas do grupo superior são cartografadas sob a forma

duma faixa submeridional com uma largura variando de 2 – 3 a 7 km. Na parte sul do

escudo, assentam directamente sobre o grupo inferior, estando encobertas por rochas

do proterozóico inferior (grupos lulumba e uonde) na parte leste, e por rochas do

arcaico superior, na parte norte. Apresentam-se metamorfizadas na fácies anfiboliticas,

epidoto-anfibolitica e, em parte, na fácies de xistos verdes. Estão essencialmente

representadas por gnaisses e plagiognaisses biotiticos, biotitico-hornoblendicos e

biotiticos com granada, aparecendo em subordinação xistos bioticos, bimicáceos e

anfibólicos, anfibolitos, leptitos e quartzitos. Conforme revelam os cortes mais

pormenorizadamente estudados do grupo superior, respeitantes ao vale do rio Lucunga

e as áreas adjacentes ao horst do kuanza, na base ocorrem gnaisses e plagiognaisses

bióticos com granada e biotitico-hornobléndicos contendo intercalações de quartzitos

micáceos, leptitos e anfibolitos. Para cima, sucedem-se os plagiognaisses biotico-

anfibólicos e bióticos com granada em alternância com xistos anfibólicos e micáceos e

a 4
ANEXO CAPITULO III

quartzitos moscoviticos. As rochas ultrametamórficas associadas as sequências em

consideração, estão representadas, na sua maioria, por migmatitos de composição

diorítica e granodiorítica e, mais raramente, por granitos biotiticos. Na maioria dos

casos, são observadas sob a forma de corpos lenticulares, com uma espessura que raras

vezes ultrapassa os 100 m. As rochas que constituem o grupo superior, foram

posteriormente afectadas por fenómenos de metamorfismo retrógrado, metassomatose

regional potássica e, parcialmente, sódica, pelo que as determinaçõs isotópicas

existentes mostram valores rejuvenescidos (2040m.a). No entanto, H. de Carvalho (29)

admite que as rochas metamórficas do vale do rio Lucunga pertençam ao unidade

estratigráfica mais antiga de Angola que pode ser datada como do arcaico II (Superior

a 3000 m.a.) ou mesmo do arcaico I (superior a 3500 m.a.).

No escudo de Angola, o grupo superior é observado praticamente em todo o seu

território, situando-se as áreas do seu maior desenvolvimento nas partes nordeste e

oeste.

Na parte nordeste do escudo, as rochas em referência assentam-se sobre as do grupo

inferior, estando encobertas na parte sudoeste, por rochas do arcaico superior.

Mostram-se alteradas pelo metamorfismo de fácies anfibolitica e estão representadas

por plagiognaisses bióticos, epidoto-biotiticos e anfibolicos, bem como por gnaisses

biotiticos e anfibolicos, bem como por gnaisses bióticos, biotitico-anfibólicos, epidoto-

moscoviticos e bimicaceos com corpos anfiboliticos atingindo 100m de espessura e,

mais raramente, quartzitos. Existem também gnaisses com granada, silimanite,

estaurolite ou cordierite. Predominam os gnaisses biotiticos. Aparecem muitas vezes

corpos de migmatitos de dimensões variadas, concordantes com a estratificação. A

transição dos gnaisses para os migmatitos é gradual, estando estes representados

a 5
ANEXO CAPITULO III

porplagiomigmatitos e migmatitos de composição tonalitica, dioritica, granodioritica e

granitica. As determinações isotópicas existentes situam-se no intervalo de 761 ± 300

a 2367 ± 134 m.a. e reflectem a época de manifestação de processos tectono-

metamórficos sobrepostos. As idades mais antigas são típicas dos gnaisses da

bordadura oeste do Plutão do Cunene (29,120).

No escudo do Cassai, as rochas do grupo superior do arcaico inferior apresentam-se

bastante desenvolvidas. Os maiores afloramentos podem ser observados nos vales dos

rios Luxico, lóvua, Luachimo, Chicapa, Chiumbe e Luembe. Ao contrário dos escudos

do Maiombe e de Angola, predominam no corte rochas ultrametamorficas, aparecendo

as rochas metamórficas, regra geral, sob a forma de xenóitos e esquiolítos

relativamente pequenos (101 - 105). As rochas metamórficas estão, em geral,

representadas por variedades leucocráticas e, em menor grau, leucomesocráticas de

plagiognaisses bióticos ou anfibolicos. As vezes, os gnaisses apresentam-se

ligeiramente microclinizados. As rochas ultrametamórficas estão representadas por

migmatitos, tonalitos, granodioritos e granitos. Entre as variedades referidas não

existem contactos bem marcados, sendo observadas passagens dos migmatitos

(granito-gnaisses) para granitos maciços. Os tonalitos e granodioritos são de aspecto

gnaissoide, intercalando-se, regra geral, entre granito-gnaisses e granitos maciços. As

rochas metamórficas e, sobretudo, ultrametamórficas acima referidas são idênticas as

rochas da parte oeste de Angola (29).

Quanto ao escudo de Bangweulo, as rochas do grupo superior do arcaico inferior

afloram no vale do rio Zambeze e nos seus afluentes Lumbage, Lutechiquinha, Lóvua,

Lunache e Luvua. Tal como no escudo do Cassai, na sequência em consideração

predominam rochas ultrametamórficas. As rochas metamórficas estão representadas

a 6
ANEXO CAPITULO III

por gnaisses, quartzitos e, provavelmente, rochas carbonatadas alteradas. Os gnaisses

são regrageral, hornebléndicos com biotíte. As vezes perdem a sua textura xistosa bem

evidenciada, passando gradualmente para dioritos e dioritos quartzosos. As rochas

ultrametamórficas estão representadas por migmatitos de composição dioritica a

granitica. A intensidade dos fenómenos que actuaram sobre as rochas nem sempre foi

igual, sendo observados, na maioria dos afloramentos, migmatitos com esquilitos e

xenólitos de rochas metamórficas. A correlação das rochas atribuidas por nós ao grupo

superior do arcaico inferior nos escudos do bangweulo e cassai, é confirmada também

pelos trabalhos antecedentes (29,33)

O arcaico inferior indiferenciado encontra-se desenvolvido na parte sul do escudo do

cassai, a montante dos rios chicapa, mombo, luateche, luembe, cassai. Está

essencialmente, representado por migmatitos de composição variada de tonalitos e

plagiogranitos a enderbitos e charnoquitos, nos quais aparecem corpos pequenos de

gnaisses de composição variável, de xistos anfibólicos e quartzitos.

3.5.1.2 Arcaico Superior.

Foram atribuídos ao arcaico superior as rochas metassedimentares com metamorfismo

de fácies anfibolítica, epidoto-anfibolítica e de xistos verdes. Anteriormente, estas

rochas foram identificadas, no escudo do maiombe, como a fácies ocidental do grupo

sansikwa (66,67); no escudo de Angola, como o complexo xisto-quartzitico de rochas

metamórficas do sudoeste de Angola (22), ou foram atribuidas ao complexo de base

(149, 150), ou ao supergrupo Oendolongo (94); no escudo do cassai, elas foram

atribuidas a parte superior do complexo de base e a parte inferior das séries

metamórficas do nordeste de Angola (101, 102).

a 7
ANEXO CAPITULO III

Tanto a constituição como a possança e a estrutura interna das rochas do arcaico

superior não são ainda perfeitamente conhecidas, existindo por isso várias opiniões a

esse respeito.

As rochas metassedimentares mostram-se afectadas por fenómenos de granitização

ultrametamórfica de diversa intensidade, sendo a idade isotópica dos granitoides

compreendidas entre 2600 e 2800 m.a..

No escudo do maiombe, as rochas do arcaico superior encontram-se desenvolvidas na

parte noroeste e central. Na parte noroeste, podem ser subdivididas em três sequências

ou formações (66): a inferior, matadi (quartzitica), a média, Gangila (de rochas verdes)

e a superior, Tchela (xistosa). A formação matadi assenta sobre rochas do arcaico

inferior em discordância estrutural. Os quartzitos são, na sua maioria, moscoviticos,

com estratificação bem pronunciada, contendo muitas vezes magnetite e,

eventualmente, porfiroblastos de microlina. Assinalam-se intercalações de xistos

quartzo-moscoviticos, biotitico-moscoviticos e biotiticos na base da sequência. Na

parte média e no topo da sequência, no sector sul da área em consideração, foram

identificadas camadas de conglomerados intraformacionais atingindo várias dezenas

de metros de espessura. A espessura da sequência quartzitica varia de 120-130m.a a

750 m ou mais.

A formação gangila é constituída, quase exclusivamente, por rochas verdes, isto é,

anfibolitos e epidolitos. Localmente aparecem também corpos de rochas pir5oxénicos

(do grupo diópsido-hedenbergite) e intercalações de xistos biotiticos, biotitico-

moscoviticos ou cloriticos. A espessura da formação varia de 500 a 700m.

a 8
ANEXO CAPITULO III

A formação tchela está representada essencialmente por xistos carbonosos contendo

intercalações de quartzitos e anfibolitos subordinados. A sua espessura é cerca de

550m.

Na região de Cabinda, foi atribuída ao arcaico superior grupo Bicoci-Loeme (76),

constituído essencialmente por quartzitos e xistos micaceos, apresentando na base

intercalações de xistos biotiticos e anfibolitos. A norte desta área foram também

individualizadas rochas verdes.

Na parte central, o arcaico superior estão representados, quase exclusivamente, por

quartzitos ligeiramente microclinizados e xistos quartzo-moscoviticos.

No escudo de Angola, as rochas do arcaico superior estão leigamente desenvolvidas

nas áreas oeste e sudoeste. O corte na parte oeste do escudo (o interflúvios de Cimo-

Mamue e Mamue-Carunjamba) revela a existência de duas sequências: a inferior,

constituída por quartzitos e mármores e a superior, por xistos.

A sequência de quartzitos e mármores forma serras e cristas rochosas de grandes

extensões e de altitudes consideráveis (até 500-700m). O seu corte mais completo foi

estudado no maciço montanhoso da serra da lua, tendo sido aqui individualizados três

conjuntos de rochas: o inferior, isto é, rochas terrígenas, as médias, terrígeno-

carbonatadas e o superior, novamente terrigéno.

O conjunto inferior é constituído por quartzitos com intercalações subordinadas de

xistos bioticos, gnaisses biotico-anfibólicos e anfibolitos. A sua espessura é de 165m.

O conjunto médio está representado por uma alternância de camadas de quartzitos,

mármores, xistos anfibólicos e biotíticos e, eventualmente, anfibolitos. Estes últimos

associam-se, regra geral, aos mármores, cuja espessura varia de 5 a 40m, sendo a

a 9
ANEXO CAPITULO III

espessura total do conjunto de 300m. O conjunto superior é, essencialmente,

constituído por quartzitos. Na base do corte aparece intercalações e lentículas de

rochas carbonatadas, xistos biotíticos e anfibólicos. A sua espessura é de 705m. A

espessura total da sequência de quartzitos e mármores na serra da luaé de 1170m,

chegando a atingir 2000-2500 na parte oeste do escudo de Angola. A presença do

material carbonatado diminui na direcção nordeste. A base da sequência apresenta-se

granitizada por granitos do arcaico tardio.

A sequência de xistos localiza-se na parte extrema oeste do escudo de Angola, onde

ocorre sob a forma de uma larga faixa estendendo-se ao longo do litoral. A oeste, está

encobertada por depósitos Cretácico, enquanto que a leste apresenta-se limitada por

afloramentos da sequência de quartzitos e mármores ou de rochas do arcaico inferior.

É essencialmente, constituída por xistos micáceos de composição variada. Em

subordinação (intercalações até 5m), aparecem xistos biotítico-anfibólicos, quartzitos,

grés, anfibolitos, pórfiros diabásicos xistóides e xistos derivados de rochas efusivas

ácidas. A espessura inferida da sequência é de 3000m. A sequência de xistos é

intrudida por granitóides do arcaico tardio e do proterozóico precoce.

Na parte sudoeste do escudo, relíquias do arcaico superior foram identificadas numa

extensa área a sul do paralelo 15º. A sucessão de rochas metamórficas desta parte do

escudo apresenta (22) três sequências (de baixo para cima): xisto-quartzitica, calcários

cristalinos e gnaisso-migmáticos. As rochas da sequência xisto-quartzitica constituem

formas positivas do relevo; estão representadas, essencialmente, por uma alternância

de xistos e quartzitos, aparecendo também camadas de metagrauvaques, mármores,

para e ortoanfibolitos e, eventualmente, rochas do tipo conglomerado. São intrudidas

por granitóides de composição diorítica, granitos porfirobláticos e leucocráticos, bem

a 10
ANEXO CAPITULO III

como pelo complexo gabro-anortosítico. A sequência de calcários cristalinos aparece

sempre relacionada com a sequência xisto-quartzítica. Está, essencialmente,

representada por mármores calcíticos e dolomíticos. As rochas metamórficas da

sequência gnaisso-migmática estão representadas por gnaisses bióticos, biotito-

silimaníticos, as vezes com cordierite; xistos biotito- hornebléndicos e anfibolitos. Na

opinião de H. de Carvalho (22), na sequência observam-se dois tipos de migmáticos:

um, no contacto dos depósitos metassedimetares com granitóidse eruptivos e outro,

nas zonas de ultrametamorfismo.

Na parte extrema sudoeste do escudo, são atribuidas ao arcaico superior as seguintes 5

sequências de rochas metamórficas que antigamente eram identificadas como “rochas

Pré-câmbricas menos metamorfizadas” (32): “siltstone” de caiombo, xistos de ovipaca

com anfibolitos, xistos e quartzitos de muva-ancole, quartzitos sericíticos e “siltstone”

vermelho. Os xistos de ovipaca são de maior desenvolvimento na área, estando

representados por xistos de composição variada com intercalações de quartzitos,

calcários, brechas, conglomerados e anfibolitos. Nas áreas de metamorfismo elevado

aparecem nos xistos granada, anthofilite e estaurolite.

No escudo do cassai, as rochas do arcaico superior foram localizadas em áreas

relativamente reduzidas, nos vales dos rios Chicapa, Luachimo, Luembe e a jusante do

Cassai. Ocorrem entre as rochas do arcaico inferior, não sendo esclarecida a natureza

da sua interrelação. São constituídas por quartzitos, xistos de composição variada e

anfibolitos. Na base ocorrem, regra geral, quartzitos contendo muitas vezes distensa

em quantidades consideráveis. Mais para cima localizam-se camadas relativamente

possantes de xistos quartzo-moscovíticos, quartzo-clorítico-moscovíticos e outros,

aparecendo também corpos anfiboliticos (101,102).

a 11
ANEXO CAPITULO III

Rochas análogas no Zaire parecem ser as do grupo luzien. A idade dos seus granitos

intrusivos, determinada pelo método Rb-Sr, é de 2650 ± 75 m.a. (13), enquanto a

idade das rochas metassedimentares é de 2720 m.a. (29).

3.5.2.Proterozóico

As rochas proterozóicas que ocorrem no território de Angola Figura (3.5.2) foram

divididas em dois grupos de idade: o proterozóico inferior e o superior, separados pelo

limite de idade de 1650 ± 50m.a.

Figura 4.1.Esboço da localização das rochas do proterozóicas.

Proterozóico inferior: 1 – Grupo lulumba e Uonde; 2 – Grupo Jamba e Cuandja; 3 – Grupo Bale, 4-

Grupo Oendolongo, 5 – Grupo Lunda e Luana, 6 – Grupo Malombe; Proterozóico superior: 7 – Grupo

Terreiro, 8 – Grupo Alto Chiloango, 9 – Grupo Xisto – Calcário, 10 – Grupo Xisto – Gresoso, 11 –

Grupo Chela, 12- Grupo Macondo.

a 12
ANEXO CAPITULO III

3.5.2.1.Proterozóico Inferior.

No território de Angola, as rochas metamórficas do proterozóico inferior,

diferentemente das do arcaico, revelam maior número de variações de fácies. De

acordo com as características litológicas e faciais, distinguem-se dois tipos de cortes

do proterozóico inferior, típicos de: a) “troughs” de rochas verdes e depressões e b) de

arqueamentos regionais.

As rochas metamórficas formadas dentro dos limites de “troughs” de rochas verdes e

de depressões, são caracterizadas por grandes espessuras e composição variada de

rochas vulcano-sedimentares. As zonas de fácies estruturais tipo “troughs” de rochas

verdes e de depressões foram localizadas na parte sudeste do escudo de Angola (zona

de cassinga) e no escudo do maiombe (zona do lufico-cabinda).

Os arqueamentos regionais são caracterizados por uma extensão descontínua,

espessuras relativamente pequenas e uma composição predominantemente terrígena.

As zonas de fácies estruturais dos arqueamentos regionais do proterozóico precoce

foram localizadas nos escudos de Angola (zona do Oendolongo), Cassai (zona da

Lunda) e Bangweulo (zona do alto Zambeze).

O esboço indicando a localização da fácies estruturais do proterozóico inferior

encontra-se na margem direita inferior da carta.

3.5.2.1.1.“Troughs” de Rochas Verdes e Depressões Zona do Cassinga

Nesta zona, foi atribuído ao proterozóico inferior o supergrupo Cassinga, constituído

por três grupos (de baixo para cima): Jamba, Cuandja (ambos vulcano-sedimentares) e

o grupo Bale (sedimentar).

a 13
ANEXO CAPITULO III

Os grupos Jamba e Cuandja que se apresentam agrupados nesta carta, afloram nas

proximidades das vilas da Jamba, Cassinga, Cuchi e Menongue. São constituídos por

rochas verdes, vulcanitos ácidos, metagrauvaques, itabiritos, quartzitos, cherts e cherts

ferruginosos, metagrés e metaconglomerados.

O contacto do grupo Jamba com as rochas arcaicas não foi determinado. O seu corte é

o seguinte: (5, 68): na base, localizam-se metagrauvaques (1000m), alternando com as

camadas (até 10m) de xistos filitosos; para cima, ocorrem espilitos, basaltos

amigdalóides, andesitos e tufos; mais para cima, as rochas efusivas e tufos de

composição felsito-dacítica em associação aos cherts, cherts ferruginosos e itabiritos

(até 3000m); quartzitos e xistos moscoviticos (40-1200). Os itabiritos de composição

quartzo-hematítico-magnetítica e quartzo-magnetítico-hematítica formam nesta parte

da suceção bandas (por vezes 10 bandas), com espessuras variando de poucas dezenas

de metros a 150m. A sequência contendo bandas de rochas ferruginoso-siliciosas é

observada numa direcção submeridional por uns 170 km, sendo a sua largura cerca de

100 km. Na zona de hipergénese, nas bandas itabiríticas formam-se por vezes jazigos

secundários de ferro. A espessura observada do grupo Jamba é de 2200 a 4190 m.

O grupo Cuandja (68) é constituindo, na base, por metagrés (de grão fino a grosseiro)

e conglomerados (215 – 300 m), aos quais se sucedem para cima do corte espilitos,

basaltos, andesitos e tufos (1300 m). A espessura total dos grupos Jamba e Cuandja é

de 3700 a 5800 m.

O grupo bale aflora a montante dos rios Cunene e Cubango, onde assenta em

discordância estratigráfica sobre diferentes níveis do grupo Jamba e Cuandja. É

constituído, essencialmente, por depósitos terrígenos: quartzitos, metagrés,

a 14
ANEXO CAPITULO III

metaconglomerados e xistos filitosos. A sequência do grupo na área de Cassinga norte

(68) é a seguinte (de cima para baixo).

1. Quartzitos (700m) – em camadas espessas na base, contendo lentículas de

metaconglomerados, enquanto no topo se apresentam finamente laminados, de

grão fino;

2. Xistos filíticos variegados (até 100 m).

3. Metasiltitos, predominando na base do nível, e metagrés no topo (2000m).

A espessura do grupo Bale é de 2800 m. O seu análogo na área de Cassinga Sul é

considerado a “Série Gava” (153), representada por metagrés, metaconglomerados e

metagrauvaques alternados com xistos filiticos (900m).

Os granitos intrusivos no supergrupo têm as seguintes datações (método Rb-Sr): junto

da barragem do Colui, 1845 ± 45 m.a.; a sul e a sudoeste de colui, 1851 ± 64 m.a. e

1940 ± 22 m.a. (5, 68), H. de Carvalho (29) considerada a idade do grupo inferior da

Jamba mais antiga que 2330 m.a. , correlacionando esta unidade com os cinturões de

rochas verdes do Zimbabué (2595 – 2800 m.a.). Os depósitos do grupo Bale são

correlacionáveis com os níveis superiores do grupo Oendolongo, aflorando a norte e

noroeste da zona de Cassinga. A idade do grupo Bale é mais antiga que 1850 m.a. (5,

68).

3.5.2.1.2.Zona de Lufíco - Cabinda

Abrange a parte noroeste do território do país. Pelas características que apresentam os

cortes das rochas do proterozóico inferior, e subdividida em três áreas: central (ou

contígua com o Zaire), sul e norte (Cabinda). Em todas as três áreas desta zona, estão

a 15
ANEXO CAPITULO III

representadas nesta carta duas unidades agrupadas: a inferior, vulcano-sedimentar

(grupo Lulumba) e a superior, xistosa (grupo Uonde). A extensão dos grupos Lulumba

e Uonde nas áreas sul e central corresponde aos critérios tradicionais (66, 111). Na

área norte (Cabinda), ao grupo Lulumba foi atribuída a formação vulcano-sedimentar

Lucula, enquanto ao grupo Uonde foi atribuída a formação Mvuti (76). As dimensões

relativamente pequenas e os conhecimentos insuficientes que se têm sobre as

sequências do proterozóico inferior na zona do lufico-Cabinda não possibilitam

representar à escala da carta os grupos acima referidos em separado.

Os grupos Lulumba e uonde estendem-se soba forma duma faixa descontínua ao longo

do limite leste do escudo do Maiombe. Fazem parte destes grupos arcoses, quartzitos,

tufos e rochas efusivas de composição ácida e básica, xistos micaceos, carbonosos e

calcários. Na parte central da zona, o corte do grupo Lulumba é o seguinte, de baixo

para cima (66).

1. “Arcose inferior”, composta por grés arcosícos com camadas lenticulares de

tufos, xistos moscoviticos e conglomerados-cerca de 200m.

2. Formação Lucango, representada por metaxistos derivados de lavas ou tufos de

composição riolítica, com intercalações de grés arcósicos e tufos. Na parte

oeste da área ocorrem possantes camadas de metavulcanitos básicos, muitas

vezes amigdalóides e porfiróides – cerca de 800m.

3. “Arcose superior”, constitui da na parte leste da zona por arcoses com leitos

conglomeráticos e, na parte oeste, por quartzitos feldspátos e xisto quartzo-

moscoviticos, moscovitico-biotiticos, clorito-moscoviticos e carbonosos. No

topo, assinala-se xistos calcários e sericito-cloriticos-cerca de 350 m.

a 16
ANEXO CAPITULO III

A espessura do corte é de 1350 m.

Na ausência das arcoses na base da sucessão, as rochas vulcânicas assentam

directamente sobre o complexo arcaico, observando-se nos níveis inferiores da

formação brechas vulcânicas contendo blocos (com dimensões até 1m) de rochas do

embasamento, nomeadamente leptitos, quartzitos egnaisses biotiticos.

O grupo Uonde, na área central, assenta através de uma lacuna sobre o grupo

Lulumba. É constituído por filitos e xistos micáceos, predominantemente carbonosos,

por vezes com magnetite e com leitos calcários.

A espessura do grupo Uonde é de 100 – 500 m.

Na parte sul da zona de Lufico-Cabinda, verifica-se a seguinte sucessão de rochas do

proterozóico inferior, de baixo para cima (111).

a) Grupo Lulumba:

1. “Arcose da lunda” – arcoses grosseiras com conglomerados basais (contendo

calhaus de gnaisses), camadas de xistos quartziticos e

quartzitos………………………………………………………………. (400m).

2. - Quartzitos, xistos quartziticos, clorito-moscoviticos e, ocasionalmente, xistos

calcários. São observados, na base, quartzitos ferruginosos e, no topo, uma camada

lenticular (150 m) de conglomerados……………………………… (400-500m).

A espessura do grupo Lulumba é de 800 à 900 m.

a 17
ANEXO CAPITULO III

b) Grupo Uonde:

1. Xistos quartzo-cloritico-moscovitico, muitas vezes carbonosos, com intercalações

de quartzitos e xistos quartzíticos………………………………..……. (1000 m).

A espessura total do corte citado atinge 2000 m.

Na área norte, no grupo lulumba (formação lucula) foram identificados três níveis

(76).

 o inferior: aos quartzítos sucedem-se, para cima no corte, grauvaques, riolitos e

xistos tufáceos …………………………………….…………………. (até 500 m)

 O médio: rochas verdes em alternância com metaxistos argilosos .(até 600m).

 O superior: filitos sericíto-cloríticos e carbonosos, quartzítos, arcoses e rochas

verdes …………………………………………………………..……..(até 800 m).

O grupo lulumba assenta em discordância estrutural sobre as rochas arcaicas. O grupo

uonde (formação mvuti), na área norte, está representado por filitos carbonosos,

cinzentos a negros, quartzítos e grés quartzosos.

As rochas do proterozóico inferior de Lufico-Cabinda são intrudidas por granitóides

que revelaram, na área de Vista Alegre, a idade isotópica da ordem de 2000 m.a. (16,

17, 29).

a 18
ANEXO CAPITULO III

3.6.Arqueamentos Regionais

3.6.1.Zona do Oendolongo

Engloba várias bacias de sedimentação dentro dos limites do escudo de Angola. É,

essencialmente, constituída por formações terrígenas do grupo do mesmo nome. Nas

partes central e meridional da zona aparecem, a par das rochas terrígenas, rochas de

origem vulcânica.

O grupo oendolongo desenvolve-se nas partes oeste e sudoeste do escudo de Angola,

onde aflora nas bacias dos rios Cuvo, Catumbela e ao longo de numerosos afluentes da

margem esquerda dos rios Cuanza e Cunene. É constituído por conglomerados, grés,

quartzitos e itabiritos; aparecem siltitos e metaxistos. Na parte sul da área são

assinaladas, juntamente com os metassedimentos, rochas vulcânicas de composição

ácida e média, enquanto a sudeste ocorrem rochas vulcânicas básicas.

O grupo Oendolongo foi individualizado por F. Mouta e O´Donnel (89) nos montes de

oendolongo, situados a sudoeste da cidade do Huambo, no interflúvios dos rios

Catumbela e Cunhangâmua (parte central da zona)). Na base do corte (89, 117, 118),

ocorrem conglomerados basais (de 2 a 30m), por vezes encobertos por leitos de

argilitos. Mais para cima, verifica-se grés quartzitóides ou arcoses (100 – 150m),

grauvaques (ultrapassando 200m), itabiritos, quartzítos, siltitos e grés. Nos quartzítos e

grés assinalam-se conglomerados intraformacionais com calhaus de rochas efusivas. A

espessura do grupo varia de 350 a 1000m (5), atingindo o seu máximo nas

proximidades da povoação do Chipindo (parte sudeste da zona).

No sector sul da zona, nas proximidades do ” trough” de rochas verdes (zona de

Cassinga), o grupo oendolongo esta representado por um complexo vulcânico

a 19
ANEXO CAPITULO III

sedimentar. Fazem parte da sua constituição quartzitos e conglomerados (de dezenas

até várias centenas de metros), encobertos por rochas vulcânicas nomeadamente

dacitos, riolitos, albitófiros, espilitos; no topo, ocorrem xistos negros manganíferos e

grauvaques. A sudoeste da zona, a 65 km para nordeste da cidade do Namibe, são

observados vulcanitos ácidos em alternância com conglomerados e quartzítos (21, 29).

Para os cortes da parte norte são características diversas rochas sedimentares (87, 88,

95, 114, 120). O grupo em referência é aqui constituído por metaconglomerados,

metagrés, quartzítos conglomeráticos e quartzítos, itabiritos, metagrauvaques e,

eventualmente, xistos quartzo-biotítico-moscovíticos. Para sul da povoação de Utende,

os conglomerados ocorrentes da base do grupo contêm grandes blocos de granito-

gnaisses (120).

A idade proterozóica precoce das rochas vulcano-sedimentares do grupo Oendolongo

é confirmada pelas datações isotópicas existentes (método Rb-Sr) os xistos da área de

Chipindo forneceram idades de 2149 ± 83 m.a. (146); os riolíto-dacitos da área de

Caluquembe-Chicala, de 2244m.a e de cerca de 1970; os granitóides da mesma área,

idades de ordem de 1830 m.a (120, 146); os pórfiros da área de Caquete, de 1980 ± 70

m.a. e riolítos da serra da Ganda, 1882 ± 53 m.a. (5).

3.6.2.Zona da Lunda

Abrange depressões em grabens dentro dos limites do escudo do Cassai. As rochas do

proterozóico inferior, fracamente metamorfizadas, na sua maioria terrigenas, afloram

nos vales dos rios Cassai, Luembe, Chiumbe, Luachimo e outros. O proterozóico

inferior foi aqui dividido em dois grupos metassedimentares: o inferior, Lunda, e o

superior, Luana, agrupados numa só unidade nesta carta (29, 86, 101-105).

a 20
ANEXO CAPITULO III

Os grupos Lunda e Luana assentam em discordância sobre as rochas arcaicas. Na parte

norte da região (101, 103, 104), nos conglomerados da base da sucessão aparecem

xenolítos de gnaisses, xistos anfibólicos, leptítos e de outras rochas subjacentes. Mais

para cima do corte, aos conglomerados sucedem-se xistos filitóides contendo

conglomerados intraformacionais, quartzítos e, ocasionalmente, calcários silicificados.

A parte superior da sucessão, considerada pelos autores acima referidos como o grupo

Luana, é constituída por conglomerados, xistos filíticos, grauvaques e grés. Na área

contígua do Zaire (nas bacias dos rios Moge e Camaungo, afluentes da margem direita

do rio Luembe), os referidos metassedimentos ocorrem numa sequência de rochas

atribuidas no Zaíre ao grupo vulcano-sedimentar Lulua.

Na parte sul da zona, a montante do rio Cassai, os grupos Lunda e Luana são

constituídos por xistos argilosos, quartzítos, arcoses, cherts e grés, intrudidos por

diques e “stocks” de gabros e doleritos (110).

Rodrigues (103-105), H. de carvalho (27, 28), bem como outros autores correlacionam

as rochas dos grupos em referência com as do grupo Lulua no Zaíre. A idade de Lulua

não é ainda perfeitamente conhecida, sendo colocada no intervalo entre 1300 e 2423

m.a. (76). H. de Carvalho (29) atribui a estruturação da parte inferior da sucessão

(grupo Lunda) à fase eburneana (1800-2200 m.a.), admitindo a idade Kibariana (1000-

1650 m.a.) para a parte superior (grupo Luana).

3.6.3.Zona do Alto Zambeze

Está situada na área do escudo do bangweulo. Foi atribuído ao proterozóico inferior do

grupo Malombe que corresponde à sub-unidade local designada anteriormente como

“Malombe inferior” (33). É essencialmente, constituído por rochas terrígenas,

a 21
ANEXO CAPITULO III

contendo quantidades diminutas de material vulcânico. Estende-se em direcção

nordeste, para fora de Angola, na Zâmbia, onde se correlaciona com o grupo Muva

(152). Dentro dos limites da zona, as rochas apresentam-se dobradas e metamorfizadas

nas fácies de xistos verdes.

O grupo Malombe aflora a montante do rio Luizavo (entre as cidades de Calunda e

Lóvua). Fazem parte da sua constituição quartzítos, conglomerados, metasilitos e

xistos diversos. O corte do grupo nas proximidades da estrada Cazombo-Calunda é o

seguinte (33);

 -A parte inferior (100m), representada por conglomerados basais (com xenólitos

de gnaisses), quartzítos com leitos de grés arcósicos e lentículas isoladas

conglomeráticas.

 -A parte superior (com mais de 50m), representada por metasilitos com inclusões

de cherts, leitos quartzíticos e lentículas de xistos argilosos em alternância com

conglomerados.

Na área da povoação de Capanga, no topo da sucessão, ocorrem tufitos sericiticos

assentando sobre os quartzítos (152). A espessura do grupo é superior a 150m. Os

metassedimentos do grupo Malombe é correlacionavam segundo F. Mouta (90) e H.

de Carvalho (27, 29) com os grupos Oendolongo, Lunda e Luana.

3.7.Proterozóico Superior

Os cortes mais representativos do proterozóico superior foram estudados no

aulacógeno do Congo Ocidental, no supergrupo com o mesmo nome, de composição

terrígeno-carbonatadas. Estes cortes podem ser considerados como estratos típicos

a 22
ANEXO CAPITULO III

para o território de Angola. Para as placas Pré-câmbricas do Congo e do Okavango são

característicos os cortes incompletos do proterozóico superior, apresentando fácies e

espessuras bastantes contínuas em áreas apreciáveis figura 4.2

Fig. 4.2-Esboço da correlação de rochas do proterozóico superior.


1-Tiloídes; 2-conglomerados; 3-Grauvaques (a), metagrauvaques (b), grauvaques calcários (c); 4-
quartzitos ; 5-arcoses (a), arcoses com calhaus (b); 6-grés (a), grés cálcario (b), 7-silititos; 8-argilitos;9-
xistos siltosos; 10-xistos argilosos (a), xistos argilosos carbonáceos (b), 11-xistos cálcarios ;12-
ardósias: não carbonáceas (a), carbonaceas (b); 13-ardósias: calcarias (a), siltosas,(b), 14-cherts;15-
xistos micáceos; 16-xistos moscovíticos; 17-xistos com tremolite; 18-xistos com diópsido; 19-xistos
com talco; 20- calcários; 21 calcários dolimiticos; 22-calcarenitos; 23-Calcários oóliticos; 24-calcário
estromatolíticos; 25-dolimites; 26- dolimites estromatolíticas; 27-horizontes identificados durante a
cartografia geológica a escala regional.

No entando, os depósitos de placas de diversas regiões (sobretudo isoladas)

apresentam características litológicas e faciais específicas, condicionando a

a 23
ANEXO CAPITULO III

necessidade de definição de zonas das fácies estruturais e de sub-unidades

estratigráficas locais respectivas. Os dados geológicos disponíveis não permitem

confirmar com segurança a atribuição das sub-unidades estratigráficas locais às

subdivisões da escala estratigráfica geral do proterozóico superior (Rifeano, e

Vendiano). Por isso, na descrição do proterozóico superior foi dada particular atenção

ás sub-unidades estratigráficas locais de diversa grandeza, ás grandes unidades

tectónicas e ás zonas das fácies estruturais.

3.7.1 Aulacógeno do Congo Ocidental

De acordo com as características da constituição do corte do supergrupo Congo

ocidental, foram individualizadas nesta estrutura duas zonas das fácies estruturais,

designadamente a zona norte e a zona sul que correspondem ás profundas depressões

locais do aulacógeno, separadas pelo maciço soerguido do Mbridge, situado na bacia

do rio com o mesmo nome. As referidas zonas revelam os cortes mais completos do

supergrupo, bem como a inexistência de nítidas discordâncias angulares e

estratigráficas. Por outro lado, na área do maciço observam-se discordâncias angulares

e, localmente, o desaparecimento no corte de grandes unidades estratigráficas

(formações ou grupos). É de notar que o esboço de divisão do aulacógeno do Congo

ocidental e das estruturas adjacentes em zonas de fácies estruturais sugerido, reflecte a

fase de sedimentação do proterozóico superior apenas em linhas gerais, podendo ser,

no futuro, consideravelmente completado.

Os cortes do supergrupo Congo ocidental apresenta-se semelhantes quer na zona norte,

quer na zona sul, sendo unificadas todas as unidades estratigráficas definidas. O

supergrupo é dividido, de acordo com as características litológicas e faciais, em quatro

a 24
ANEXO CAPITULO III

grupos, de baixo para cima: Terreiro, Alto Chiloanga (ambos terrígeno-carbonatados),

Xisto-calcário (essencialmente carbonatado) e o xisto Gresoso (terrígeno).

3.7.2.Grupo Terreiro

O referido grupo estende-se sob a forma duma faixa relativamente estreita (10 a 30

km) ao longo do contacto do aulacógeno do Congo ocidental com as rochas do soco da

plataforma. O seu maior desenvolvimento assinala-se na área do contacto da zona sul

com o escudo de Angola e o horst do Cuanza (bacias dos rios Zenza e Luinha). É

essencialmente constituído por xistos calcários argilosos e argilitos com grés

quartzosos siltitos, grauvaques e calcários subordinados. O contacto do grupo com as

rochas subjacentes d proterozóico inferior é, geralmente, tectónico. As suas

interrelações com estas rochas são desconhecidas. Os depósitos agora atribuídos por

nós ao grupo Terreiro, foram anteriormente englobados na sub-série superior com o

mesmo nome da série do Sansikwa (66, 111, 129). O grupo em consideração foi

dividido em diversas regiões em 4-5 sub-unidades denominadas por níveis ou

formações e designadas como S3a, S3b, …, S3e.

Um corte vulgar da zona norte, nas proximidades da fronteira com o Zaire apresenta a

seguinte sucessão de rochas (66), de baixo para cima.

1. – Formação S3a: quartzitos, metagrauvaques feldspáticos, xistos moscoviticos,

xistos com diópsido, tremolíte e talco…………………………………..……1300m.

2. – Formação S3b: ardósias laminadas com estratificação gravada, as vezes xistos

moscovíticos………………………………………………………………140-200m.

a 25
ANEXO CAPITULO III

3. – Formação S3c: grés quartziticos, feldspático-quartzosoz com estratificação

entrecruzada e “ripplemarks”, ardósias, raros conglomerados (às vezes as rochas

apresentam-se metamorfizadas e transformadas em quartzitos e xistos moscovíticos)

…………………………….…………………………….….300-400m.

4. – Formação S3d; Calcários, por vezes silisificados, cherts, grés calcários e

quartzosos com intercalações de xistos argilosos………………………...200-300m.

A espessura total do corte é de 1940-2100m. No sector norte na zona sul (margem

esquerda do rio calambinga e curso superior do rio loge), nas proximidades duma

estrutura de carreamento, localiza-se três níveis superiores do referido corte, tendo

sido individualizado mais un nível, S3e, culminando o grupo terreiro (112). A base do

grupo, devidas as estruturas de carreamento, é desconhecida. Um corte observado do

grupo terreiro apresenta a seguinte litologia (de baixo para cima):

 Formação S3b: ardósias, xistos argilosos, carbonáceos, em

lajes…………………………………………………..…………………….200m.

 Formação S3c: alternância de finas camadas de grauvaques, xistos siltosos, argilo-

carbonáceos, micaceos, muitas vezes com estratificação gradada, grés quartzososs

…………………………………………………………………………250-300m.

 Formação S3d: calcários, as vezes silicificados, leitos de grés calcários, xistos

argilo-carbonáceos…………………………………………………………250m.

 Formação S3e: Xistos argilosos, muitas vezes carbonáceos, quartzitos, calcários e

cherts em subordinação…………………………………………………….250m.

A espessura total do corte é de 950-1050m.

a 26
ANEXO CAPITULO III

Comparando os cortes da zona norte e da parte setentrional da zona sul, verifica-se

serem em geral correlacionáveis, sobretudo as formações S3b e S3d. Como

características específicas importantes do corte da zona sul, são o aumento substancial

dos xistos carbonáceos, bem como uma alternância rítmica de finos leitos de

grauvaques e xistos argilo-carbonáceos na formaçãoS3c, e na formação terrígeno-

carbonatadas S3e no topo do grupo terreiro.

Na extremidade sul do aulacógeno do Congo Ocidental, o grupo terreiro é também

dividido em cinco formações, perfeitamente correlacionáveis pelas características

litológicas e faciais com as formações das regiões setentrionais. Os cortes do grupo

nesta área não foram suficientemente estudados. A montante dos rios Zenza e

Lombige, na formação S3a, aparecem dois possantes níveis lenticulares (cerca de

50m) de grés feldspático-quartzosos (grés do Bango inferior e superior) que ocorrem

na base e parte média do grupo. As formações S3d e S3e não foram diferenciadas.

Nas zonas norte e Sul, sobre as rochas do grupo terreiro assenta em fraca discordância

estratigráfica o grupo alto-chiloango, estando ausente por vezes no corte do terreiro o

nível superior S3e.

No contacto do maciço soerguido do M´bridge com o escudo de Angola, nas estruturas

de carreamento, afloram diversas partes do corte do grupo terreiro. Na parte central do

maciço (curso médio do rio M´bridge) estão representados, predominantemente, as

suas formações superiores, designadamente S3c-S3e. A espessura do grupo na área do

maciço parece ser um tanto incompleta. aqui, o grupo Alto-chiloanga assenta sobre a

formação S3b do terreiro. Provavelmente, a discordância estratigráfica passa a

discordância angular. A questão sobre o contacto inferior do grupo terreiro que é de

grande importância para a definição da totalidade da parte inferior do proterozóico

a 27
ANEXO CAPITULO III

superior, não chegou a ser esclarecida. Os dados dos levantamentos geológicos

regionais revelaram a sua ocorrência discordante sobre as rochas do arcaico (curso

superior do rio Luinha), sobre os depósitos dos grupos Lulumba e Uonde (cursos

superiores dos rios Lufua e Lombige) e os granitos do proterozóico precoce (curso

inferior do rio M´Bridge). existem várias opiniões sobre as interrelações do grupo

terreiro com os depósitos subjacentes e a sua correlação com os cortes do Pré-

câmbrico de outra regiões. Isto explica-se pelo fraco conhecimento da região.

Um largo desenvolvimento de estruturas de carreamento, bem como interpretações

arbitrárias dos dados de cartografia geológica, originaram erros na correlação de

diversos níveis estratigráficos. alguns autores (76) englobaram na série do sansikwa as

sub-unidades superiores (formações S3c e S3d) do grupo terreiro e as partes superiores

do grupo Uonde. Cahen (14), ao elaborar a carta geológica das regiões limítrofes de

Angola e Zaire, atribuiu, em várias áreas, a série do sansikwa as rochas dos grupos

terreiro, Lulumba e Uonde. Em nossa opinião, a correlação das formações superiores

S3c e S3d do grupo terreiro com a parte superior S2* da série do sansikwa no Zaíre

pode ser considerada justificada. As formações S3a e S3b do grupo terreiro, não

aflorantes na fronteira com o Zaíre, podem corresponder, provavelmente, à parte

inferior, S1, da série do sansikwa no Zaíre. As interrelações do grupo terreiro com os

depósitos subjacentes Pré-câmbrico foram definidas com base nos dados (77) sobre a

ocorrência discordante do seu análogo, isto é, da série do sansikwa sobre a série do

maiombe e os granitos que lhe são intrusivos no território do Zaíre (bacias do rio

Sungesi e Malemba). O grupo terreiro, sendo considerado como a sequência mais

antiga do proterozóico superior sobre a qual assentam em discordâncias os depósitos

a 28
ANEXO CAPITULO III

mais recentes do supergrupo Congo ocidental, é convencionalmente atribuído ao

Rifeano Inferior.

3.7.3.Grupo Alto-Chiloango

As rochas do grupo ocupam vastas áreas nos flancos sul e oeste e na parte central do

aulacógeno do Congo ocidental.

O grupo em referência é, predominantemente, constituído por “tilóides”, calcários,

xistos argilosos e grés. No decurso dos levantamentos geológicos regionais, o grupo

foi dividido em duas sub-séries: Mouyonzi – Essencialmente terrígena, e Sekelolo –

terrígeno-carbonatadas, as quais, por sua parte, foram subdivididas em várias

formações de acordo com as suas características litológicas e faciais.

Na zona norte (bacia do rio Luvo) estão representadas todas as sub-unidades do grupo

alto-chiloanga. O seu corte vulgar apresenta a seguinte sucessão, de baixo para cima

(129):

3.7.3.1.Sub-série Mouyonzi.

1. Formação do tilóide inferior (MO): “tilóides” com matriz argilo-carbonácea ou

argilo-carbonatada, em alternância comargilitos e grauvaques; quartzitos,

conglomerados, raros calcários……………………………………………300-350m.

2. Formação de ardósias (M1): ardósias carbonáceas, finamente laminadas, com

estritificação gradada; na parte superior, a formação apresenta-se siltosa e calcária,

com estratificação entrecruzada……………………………………………150-400m.

a 29
ANEXO CAPITULO III

3. Formação M2: grauvaques com estratificação entrecruzada, ardósias,

calcários…………………………………………………….……………..175-1150m

A espessura da sub-série é de 625-1150m.

7.3.2.Sub-Série Sekelolo

1. Formação Se1: na base, um leito de quartzitos feldspáticos (SeO) com cerca de 50

m de espessura; mais para cima, argilitos cinzento-esverdeados passando a ardósia;

por vezes, grauvaques feldspáticos .90-200m.

2. Formação Se2: na base, uma alternância fina de xistos calcários cinzento-

esverdeados e calcários cinzento-azulados; superiormente, calcários cinzentos e

negros 25140m.

A espessura da sub-série é de 115-340 m.

A espessura total do grupo é de 740-1490 m.

O corte do grupo apresenta-se contínuo em toda a área, sendo insignificantes as

variações das espessuras das formações referidas.

Na zona sul, o corte do grupo alto-chiloango apresenta-se, em geral, semelhante ao da

zona norte. Nas áreas mais bem estudadas da zona foram definidas algumas

características específicas litológicas e faciais de certas sub-unidades estratigráficas.

Na formação do tilóide inferior (interflúvios dos rios Lue e Loge), aparece a fácies

MO de conglomerados calcários e “tilóides” com leitos calcários na parte inferior

(111). Os calhaus de conglomerados são essencialmente calcários, sendo raros os

fragmentos de outras rochas. Na opinião de Schermerhorn e Stanton, esta fácies

a 30
ANEXO CAPITULO III

aparece na parte superior do MO. Contudo, as suas correlações com as rochas sub e

suprajacentes, bem como com a formação M1, indicadas na carta dos referidos

autores, evidenciam a sua correspondência a totalidade da formação do tilóide inferior

(M1), (Fig.4.3). A fácies referida apresenta contactos estratigráficos normais com o

grupo sansikwa e a formação tilóide inferior. A 10 km para sul da confluência dos rios

Loge e Calambinga, a formação do tilóide inferior, apresentando contactos

estratigráficos normais com as rochas sub e suprajacentes e estando representada na

sua totalidade, substitui-se totalmente, pela fácies MO´. A fácies MO´desenvolve-se,

portanto, para Oeste do local referido, enquanto o tilóide inferior (M1) fica para leste.

De acordo com os dados não publicados de stanton e Schermerhorn (131), as

formações M1 e M2 Mouyonzi não podem ser individualizadas no sector sudoeste da

zona sul (bacia do rio Zenza), assentando a sub-série Sekelolo directamente sobre o

tilóide inferior com quartzitos feldspáticos na base. No contacto entre o Sekelolo e

Mouyonzi (bacia do rio Vemba), na sub-série superior aparecem, juntamente com os

quartzitos feldspáticos, camadas de “tilóides”.

Inserir 4.3

Os afloramentos do grupo Alto-Chiloangoquase não se verificam na parte sudoeste do

maciço soerguido do M´Bridge, desenvolvendo-se aqui o grupo Xisto-gresoso que

assenta principalmente, sobre os grupos terreiro e xisto-calcário. Num extenso

afloramento do alto-chiloango, situado na extremidade nordeste do maciço, foram

cartografadas todas as unidades estratigráficas, individualizadas nas zonas norte e sul

do aulacógeno do Congo ocidental. Não existem dados suficientes para fazer uma

análise comparativa da fácies e espessuras das rochas desta região. Pode-se contudo

admitir que as espessuras do grupo são aqui um tanto reduzidas.

a 31
ANEXO CAPITULO III

Os contactos inferiores e superiores do grupo alto-chiloango são definidos com

bastante rigor. Assenta através de uma lacuna e em ligeira discordância angular sobre

o grupo terreiro, sendo o seu contacto superior com os depósitos do xisto-calcário

realizado também através de uma lacuna. A profundidade da lacuna raras vezes

ultrapassa a espessura da formação superior M2 do grupo. O facto o alto-chiloango se

situar entre as superfícies de duas discordâncias, permite considerar a sua idade, sob

reserva, como do Rifeano Médio, até serem obtidos dados mais concretos.

3.7.4.Grupo Xisto-Calcário

O grupo Xisto-Calcário tem a maior representação no aulacógeno do Congo ocidental.

As áreas ocupadas pelos seus afloramentos constituem cerca de 50% da área do

referido aulacógeno. Na zona norte, vastas áreas de desenvolvimento dos depósitos de

Xisto-Calcário localizam-se nos flancos oeste e este do aulacógeno, enquanto na zona

sul eles se observam na parte central e no flanco sudeste. O grupo é constituído,

predominantemente, por calcários e dolomitas, muitas vezes estromatolíticos ou

oolíticos, contendo frequentemente nódulos de sílex. Entre outras rochas, aparecem

xistos de composição variável, “tilóides” e grés. Em geral, o grupo apresenta uma

certa continuidade quando as características litológicas e faciais quer na zona norte,

quer na zona sul do aulacógeno, sendo dividido, em toda área, em 5 formações. Um

corte vulgar representativo na zona sul (bacias dos rios Lufua, Loge, Vamba) mostra a

seguinte sucessão, de baixo para cima (111):

1. – Formação do Tilóide Superior (CO): “tilóides” com matriz calcário-argilosa

ou calcário-grauvacóide, contendo intercalações de conglomerados, brechas,

quartzitos, grauvaques, argilitos e raros calcários……………………………10-80m.

a 32
ANEXO CAPITULO III

2. – Nível Cl: Calcários dolomiticos……………………….……………5-15 m.

3. – Formação C2: camadas alternadas de calcários e calcoxistos; na base, os

xistos atingem às vezes uma espessura de cerca de 50 m …..………...…300-500 m.

4. - Formação C3: calcários, por vezes dolomíticos, cinzentos a pretos, maciços e

finamente laminados, calcarenitos, muitas vezes oolíticos, com estratificação

entrecruzada, com dolomites na base…100-250m

5. - Formação C4 : calcários e calcários dolomíticos comoólitos e estromatólitos,

de cores variadas, apresentando por vezes “ripplemarks”; cherts e espessas camadas de

xistos argilosos ……………………………………………………………400-500m.

6. - Formação C5: engloba dois níveis; o C5a (inferior) e o C5b (Superior)

6.1. – C5a: xistos argilosos e calcoxistos verde-acizentados a pretos, finamente

laminados, muitas vezes, talcosos; leitos de xistos estromatolíticos e óliticos com

cherts ……………………………………………………………………..…0-120m.

6.2. – C5b: calcários e calcários dolomíticos subordinados, calcarenitos com

“ripple-marks” ……………………………………………..………….…400-500m.

Para cima, ocorrem rochas terrígena do grupo Xisto-calcário. A espessura da formação

C5 é de 400-620 m. A espessura total do corte e de todo o grupo Xisto-calcário nestas

regiões é de 1215-1885 m.

As mesmas características litológicas e faciais do Xisto-calcário persistem noutra áreas

da zona sul e da zona norte (66, 129). Na parte oeste da zona norte, a formação C5 não

está representada devido à erosão pré-xisto-gresosa. A espessura do tilóide superior

a 33
ANEXO CAPITULO III

atinge por vezes 120 m, sendo a espessura do nível C1, sempre contínuo de 50 m, e a

da formaçãoC4, cerca de 600 m.

O maciço soerguido do M´Bridge, o grupo xisto-calcário apresenta-se erodido em toda

a sua extensão, à excepção do sector nordeste, onde o seu corte não chegou a ser

estudado com pormenor pelo que a sua divisão foi estabelecida geralmente, a partir

das sub-unidades agrupadas em formações.

Como característica importante do xisto-calcário é um largo desenvolvimento dos

leitos dolomíticos e calcários com oólitos, cherts e estromatolítos. Infelizmente, estas

rochas não foram devidamente estudadas. Os estromatolítos podem ser classificados

como pertencentes aos grupos de Collenia e Conophyton (90). É também característica

a presença de xistos talcosos

O contacto inferior do grupo é bem definido, individualizando-se, em toda a base, a

formação do tilóide superior. Em relação ao seu contacto superior, no decurso dos

trabalhos de cartografia à escala regional verificou-se uma transição gradual do Xisto-

calcário à parte inferior do Xisto-gresoso ou através de uma ligeira discordância. A

existência de vastas áreas com depósitos erodidos do xisto-calcário, alto-chiloango e,

em parte, do terreiro foi explicado pelo facto de a parte superior do xisto-gresoso

assentar em discordância angular sobre as rochas subjacentes. Esta questão afigura-se

bastante complicada e será referida mais adiante. O grupo xisto-calcário foi

convencionalmente atribuído ao Rifeano Mádio-Rifeano Tardio. As características

específicas da sua constituição, nomeadamente, a presença de estromatolítos e oólitos

abundantes (mais provavelmente, microfitólitos e microfósseis) permitirão, no futuro,

definir a sua idade com maior grau de segurança. As determinações de idade dos

estromatólitos (Collenia e Conophyton) não contradizem a idade por nós aceite.

a 34
ANEXO CAPITULO III

3.7.5.Grupo Xisto-gresoso

Os principais afloramentos do xisto-gresoso encontram concentrados no maciço

soerguido do M´bridge e nas áreas adjacentes das zonas norte e sul, entre os paralelos

6º e 8º. O referido grupo, de composição essencialmente terrígena, apresenta

características litológicas e faciais muito diferentes em diversas zonas das fácies

estruturais, decorrendo dai a necessidade de individualizar, dentro da mesma divisão

estratigráfica, várias sub-unidades com designações diferentes. Nas zonas norte e sul,

o grupo é dividido em duas formações: M´pioka (inferior) e Inkisi (superior).

Anteriormente estas sub-unidades do xisto-gresoso foram designadas como sub-séries

(66,111,129). Na zona sul, o corte mais representativo do xisto-gresoso foi observado

na margem esquerda do rio Coje, no contacto do maciço soerguido do M´Bridge com

aplaca do Congo, onde foram individualizadas (129) as seguintes sub-unidades (de

baixo para cima).

3.7.5.1.Formação M´Pioka.

1. – Pc: grés feldspático-quartzosos em alternância com grauvaques e xistos

argilosos ………………………………………………………………………..250 m.

2. -Pe: Xistos argilosos, laminados e maciços, muitas vezes micáceos, grauvaques

feldspáticos, conglomerados lenticulares com calhau de calcários

……………………………………………………..…………………………1000 m.

3. – Pi: na base, um horizonte lenticular de grés feldspático-quartzosos (Pg) com

uma espessura de cerca de 40 m, às vezes com calhaus de quartzo e quartzitos; siltitos

e xistos argilosos, conglomerados; mais para cima, argilitos e siltitos laminados ou

maciços………………………………………………………………….…500-600 m.

a 35
ANEXO CAPITULO III

4. – Pm: na base, um horizonte (Pk) de arcoses com calhaus, camadas de

conglomerados com 5 à 20 m de espessura; mais para cima, arcoses de grão fino, de

laminados a maciços, siltitos, xistos argilosos.

…………………………………………………………………….…………….250 m.

A espessura total da M´Pioka é de 2000-2100 m.

3.7.5.2.Formação Inkisi

1. – Nível inferior (I1): arcoses de grão grosseiro com estratificação entrecruzada,

muitas vezes variegadas, com calhaus dispersos e “ripplemarks”; leitos de grauvaques

e xistos argilosos……………………………………………………………200-300 m

2. – Nível superior (I2): grauvaques líticos e feldspáticos, com estratificação

entrecruzada, muitas vezes avermelhados, com leitos de xistos argilosos e siltitos

micáceos, raras vezes arcoses com calhaus

dispersos…………………………………………………………..………..até 800 m.

A espessura observada da Inkisi é de 1000-1100 m.

A espessura total do Grupo Xisto-gresoso na região em referência é de 3000-3200 m.

Noutras áreas da Zona Sul afloram apenas depósitos da M´Pioka. A montante do rio

Loge, o nível Pe é subdividido em dois conjuntos espessos: O Inferior, Pe1 (400-

700m), constituído por xistos argilosos, siltitos e grauvaques, e o superior, Pes (550m),

formado por grauvaques feldspáticos, com siltitos e xistos argilosos alternando com o

nível Pe A (100-130m) de arcoses e de grés feldspático-quartzosos. Em direcção ao

maciço soerguido do M´Bridge (margem direita do rio Lueca), a formação M´Pioka é

quase totalmente substituída, à excepção do nível superior Pm, pela fácies Po,

a 36
ANEXO CAPITULO III

representada por conglomerados de calhaus de calcários, calcarenitos com

estratificação entrecruzada, argilitos e siltitos.

A espessura da formação aumenta substancialmente de norte para sul da zona, o que se

verifica nitidamente em dois níveis inferiores, Pc e Pe (111). A espessura total destes

níveis no sector norte da zona (serra do Sangui) é de 350-450 m, chegando a atingir

2000 m a 40-50 km para sudeste (serra do pingano). Os referidos níveis aumentam de

espessura também na direcção leste, sendo de 3500 m na serra mucaba, situada a leste

da serra pingano.

Na zona norte do aulacógeno do Congo Ocidental, próximo da extremidade leste do

maciço soerguido do M´bridge (cursos superiores dos rios M´Bridge e Fulege), a

espessura do grupo Xisto gresoso apresenta-se reduzida. A formação M´Pioka está

aqui representada palas fácies conglomeráticas Po e pelo nível superior Pm. A

formação desenvolve-se localmente, desaparecendo sobre a formação inkisi que

assenta, numa área considerável, direita mente sobre as rochas carbonatadas do xisto-

calcário. As características litológicas e faciais da formação inkisi não sofrem

alterações notáveis, continuando com dois níveis no corte. No contacto da zona norte

com o escudo do Maiombe (margem direita do rio Zenza) existem apenas

afloramentos de formação M´Pioka, sendo impossível diferenciá-la com maior

pormenor.

No maciço soerguido do M´bridge, o grupo xisto-gresoso é dividido em duas

formações: a inferior, M´Bridge, e a superior, considerada como análogo do nível

superior da formação Inkisi nas áreas vizinhas e individualizadas com mesmo nome

(66, 112).

a 37
ANEXO CAPITULO III

A formação M´bridge apresenta a seguinte sucessão de rochas (de baixo para cima):

1. – Conglomerados lenticulares (fácies MBO), ocorrendo na base da formação

ou próximo dela, constituídos por calhaus e blocos de calcários provenientes de xisto-

calcário subjacente, englobados numa matriz de calcarenitos ou de argilitos calcários

(siltitos)……………………………………………………………………….20-80 m.

2. – Grauvaques líticos com estratificação entrecruzada, siltitos e xistos argilosos,

por vezes quartzosos, grés feldspático-quartzosos, conglomerados com calhaus e grés

quartzosos, quartzo e de outras rochas (fácies MBC)

……………………………………………………………………..220-1000 m.

A espessura da formação é de 240-1080 m.

As rochas são de cores variegadas. As lentículas de fácies conglomeráticas MBO estão

desenvolvidas na parte oeste do maciço soerguido do M´Bridge, sendo sua extensão

no sentido de direcção, regra geral, de poucos quilómetros. A espessura das lentículas

aumenta de norte para sul do maciço.

O nível superior da formação Inkisi é constituído exclusivamente por grauvaques

líticos que se distinguem das rochas idênticas da formação M´Bridge pela sua

granulometria mais calibrada, pelo teor mais elevado de feldspatos (principalmente

microclina), pela percentagem mais reduzida de matriz e pela sua grande dureza.

Muitos grauvaques são calcários e a estratificação entrecruzada é frequente. A

espessura do nível é cerca de 800m. A espessura observada do grupo xisto-calcário é,

portanto, de 1100 m na parte norte do maciço soerguido do M´Bridge e cerca de 1600-

1800 m, na parte sul.

a 38
ANEXO CAPITULO III

A formação M´bridge assenta sobre as rochas subjacentes através duma lacuna

profunda e em nítida discordância angular. A amplitude máxima da lacuna, deduzida a

partir das espessuras das unidades erodidas (até ao nível S3c do terreiro), é de 4000-

4500 m.

Nós correlacionamos a formação M´Bridge com a formação M´Pioka (na sua

totalidade) e com nível da formação Inkisi. Esta correlação é substancialmente

diferente dos conceitos anteriormente aceites sobre a localização da formação (fácies)

M´Bridge entre as formações do M´Pioka e Inkisi e a correspondência dessa fácies a

parte superior do M´Pioka e ao nível inferior do Inkisi. As interrelações das unidades

em referência, indicadas nas cartas geológicas regionais, contradizem esta opinião.

Para confirmar a correlação sugerida por nós, vejamos em síntese alguns importantes

dados geológicos.

1. – A sul da povoação de Lucunga, na bacia do rio Coji, no fecho

centriclinal sudeste de uma das dobras (Figura 4.3) afloram todas as sub-unidades

estratigráficas das formações M´Pioka (níveis Pi-Pm) e Inkisi (dois níveis). A nordeste

do fecho referido, num troço de cerca de 5 a 8 km, observa-se a “substituição”, em

ambos os flancos da dobre, de toda a formação M´Pioka e do nível inferior do Inkisi

pela formação M´Bridge. De facto, esta “substituição” não pode ser interpretada de

outra maneira senão como uma passagem facial.

2. – No curso superior do rio Zenza (Figura 4.3), também no fecho

centriclinal duma das dobras sinclinais. O nível inferior Pc da formação M´Pioka vem

a ser substituído pela formação M´Bridge. Os contactos inferiores de ambas as

unidades ocupam uma posição estrutural idêntica.

a 39
ANEXO CAPITULO III

3. – Para a formação M´Pioka são características: variações significativas de

fácies e das espessuras quer no sentido de direcção, quer transversalmente à direcção

do aulacógeno do Congo ocidental: a existência, em vários níveis estratigráficos, de

horizontes contendo fragmentos de rochas e mirais instáveis bem como de rochas

(calcários, siltítos, cherts), cuja filiação aos níveis subjacentes do supergrupo Congo

ocidental não origina dúvidas; a substituição completa da formação M´Pioka por uma

sequência de conglomerados, grés e xistos (fácies PO) e o seu desaparecimento

gradual sob os depósitos da formação Inkisi.

Em relação ao acima exposto, pode-se concluir que a deposição do grupo Xisto-

gresoso ocorreu sobre uma superfície de relevo bastante diferenciado que condicionou

mudanças faciais e espessuras variáveis, bem como o adelgaçamento de algumas sub-

unidades estratigráficas nas estruturas consedimentares, cujos contornos ainda não

foram esclarecidos com rigor em virtude da escassez de dados. Uma diferenciação

substancial da superfície de relevo é característica das áreas de contacto do aulacógeno

do Congo ocidental com escudo de Angola e horst do Kuanza e do maciço soerguido

do M´bridge. Uma ligeira diferenciação observa-se localmente nas partes centrais das

zonas sul e norte.

Partindo destes factos e da correlação proposta das sub-unidades do grupo xisto-

gresoso, admitimos que a discordância estratigráfica entre os depósitos deste grupo

que é cronologicamente equivalente à duração da lacuna que existiu antes da

deposição da formação M´bridge, deve manifestar-se em todas as zonas do aulacógeno

do Congo ocidental e das estruturas contíguas. A procura da superfície desta

discordância estratigráfica nas áreas onde as camadas do xisto-gresoso e as rochas

subjacentes ocorrem em paralelo, é um problema geológico de grande importância,

a 40
ANEXO CAPITULO III

cuja solução vai contribuir a uma interpretação devidamente adequada da informação

geológica apresentada nas cartas de escala regional.

A idade do grupo xisto-gresoso foi determinada sob reserva, dada a insuficiência dos

dados disponíveis, como do Rifeano Tardio-Vendiano.

3.8. Placa do Congo e a depressão do Lutete

Os depósitos de plataforma do proterozóico tardio da placa do Congo, situada

principalmente fora do território de ANGOLA, estão desenvolvidos a noroestes ( Zona

de Lucala) e a leste (Zona do alto Zambeze) do país. As características litológicas e

faciais do corte do proterozóico superior na depressão do Lutete são semelhantes às do

corte da zona do Lucala.

3.8.1.Zona de Lucala e a Depressão do Lutete

A zona de Lucala fica enquadrada entre o paralelo 12º sul (curso superior do rio

cuanza) e o meridiano 19º leste (curso superior do rio cuango), onde contacta com o

aulacógeno do Congo ocidental e o escudo de Angola. O horst do cuanza foi também

recoberto por sedimentos do proterozóico superior. Os depósitos do proterozóico

superior da parte leste da placa do Congo encontram-se encobertos, em vastas áreas,

por depósitos mais recentes, com idades variando do proterozóico tardio ao cenozóico.

Na zona de Lucala encontra-se desenvolvido o supergrupo Congo ocidental. Algumas

das sub-unidades integrantes constituem prolongamentos das estruturas que se

estendem do aulacógeno do Congo ocidental. Nas áreas onde existem afloramentos

isolados do supergrupo. Este é definido com bastante segurança pelas características

a 41
ANEXO CAPITULO III

litológicas e faciais. As rochas do proterozóico superior estão representadas

principalmente pelo grupo xisto-gresoso, aparecendo apenas localmente, em áreas de

extensão reduzida, o grupo xisto-alcário.

3.8.1.1.GRUPO XISTO-CALCÁRIO

Foi cartografado em duas áreas: na parte noroeste da zona (rio Ginda e o curso do rio

Zadi Luquiche), e na depressão latitudinal do Lutete, nomeadamente no contacto com

o horst do Cuanza.

Na primeira das áreas citadas, aflora apenas o topo do corte do grupo, constituído por

uma formação de calcários e dolomites calcárias (C5). A espessura observada é cerca

de 200m.

Na depressão do Lutete, o grupo xisto-calcário, com conglomerados na base, assenta

sobre brochas arcaicas. E constituído por calcários, siltitos, dolomites e grés

pardacentos a cinzentos contendo muitas vezes astromatolitos, com oólitos calcários e

silicificados (microfitolitos, microfósseis).

3.8.1.2.GRUPO XISTO-GRESOSO

Esta representado por duas formações (M´pioka e Inkisi) só na parte noroeste da zona

de Lucala, ficando indiferenciado noutras áreas.

Formação M´Pioka- estende-se em larga faixa( de 25 a 40 km) de direcção noroeste ao

longo do contacto da zona de Lucala com o aulacogéno do Congo ocidental, desde o

rio Lueca até ao rio Lucala no seu curso médio. O corte da formação apresenta todas

a 42
ANEXO CAPITULO III

as unidades estratigráficas citadas na descrição desta formação no aulacogéno do

Congo ocidental. No sector norte da referida faixa, a espessura do M´pioka apresenta-

se superior em comparação com a sua espessura no aulacogéno, sendo de 500m.

Formação Inkisi- aflora a leste dos afloramentos da formação M´pioka. Nas áreas

encobertas, aparece nos vales dos rios encaixados nos depósitos mais recentes. É

dividida em dois níveis: o inferior, constituído por arcoses com estratificação

entrecruzada e leitos conglomeraticos (com 50 a 200m de espessura) e o superior,

representado principalmente, por arcoses de grão fino com estratificação entrecruzada

e leitos de argilitos e siltitos (com espessuras possivelmente superiores a 200m).

A espessura total da formação do grupo xisto-gresoso nas áreas consideradas atinge

6000-7000m.

Grupo xisto-gresoso indiferenciado assenta em muitas áreas sobre as rochas arcaicas

do soco cristalino. Esta parcialmente representada na depressão latitudinal do Lutete,

onde assenta quer nos depósitos terrígeno-calcários do xisto-gresoso. Quer nas rochas

arcaicas circunvizinhas. Na bacia do rio cuanza, nas proximidades das povoações de

Capanga e Pungo Andongo, pode ser observados o seguinte corte do Xisto-gresoso, no

qual se distinguem dos níveis (de baixo para cima):

1 – Grés arcósicos avermelhados, muitas vezes com estratificação entrecruzada, com

leitos de argilitos variegados e siltitos com fendas de contracção………….…..250m.

2 - Conglomerados polimicticos cinzentos com calhaus diversos (de quartzitos, rochas

básicas, granitos, quartzo e de outras rochas)……………………………..…….100m

A espessura total observada do corte e do grupo é de 350m.

a 43
ANEXO CAPITULO III

3.8.2.Zona do Alto Zambeze

Nesta zona, foi atribuído ao proterozóico superior o grupo Macondo. O nível de

conhecimento da área é muito imperfeito, existindo apenas noções gerais sobre o corte

do grupo (33). O corte observado na bacia dos rios Macondo e Lucunhe e Maninga, é

o seguinte ( de baixo para cima):

1. Grupo de Xisto Argiloso: Xisto argilosos cinzentos a negros, xistos argilosos

detríticos (“Tiloides”)……………………………………………….Superior a 150m.

2. Calcários cinzentos-azulados, esbranquiçados, granulares, com galena

fluorite…………………………………………………………………………….60m

3. Argilitos micáceos muitas vezes com cristaloblastos de biotite…….espessura

desconhecida. A espessura total do grupo Macondo é de 300-500m.

É difícil estabelecer uma correlação corte por corte do grupo em referência com o

supergrupo do Congo ocidental. Contudo, as características litologicas e faciais,

permitem correlacionar estas duas unidades globalmente. Para muitos autores (29,63),

este grupo é correlacionáveis com o grupo Kundelungo na bacia do Lunga, na Zâmbia,

atribuído ao proterozóico superior.

3.9 Placa de Okavango

No território de Angola encontra-se apenas a parte norte da placa de Okavango, de

extensão reduzida, designada pelos autores pelo nome da zona da Humpata (de acordo

com a designação da área de desenvolvimento de rochas do proterozóico superior). Ao

proterozóico superior foi aqui atribuído o grupo Chela, bastante bem estudado por

diversos autores (22,24,34,149). Os maiores afloramentos da chela situam-se no

a 44
ANEXO CAPITULO III

planalto da Humpata (cursos superiores os rios Bumbo, N´hana, Tampa), na bacia do

rio Curoca. Os depósitos da Chela existem também no interflúvios dos

Rios cunene e Espinheira, próximo da fronteira com a Namíbia, assim como na

margem esquerda do rio cunene, a leste do meridiano 8

O grupo é dividido em duas formações: a inferior, terrígena, da Humpata e a superior,

carbonatada, da Leba.

3.9.1.Formação da Humpata

É pela primeira vez que esta formação aparece na carta geológica numa tal extensão.

Assenta em nítida discordância estrutural sobre a superfície erodidas das antigas

rochas metamórficas do Arcaico e sobre as rochas magmáticas do proterozóico

precoce. O corte da formação (34,149,150) na região estratotipica (planalto da

Humpata), nas proximidades da cidade do Lubango, apresenta a seguinte sucessão (de

baixo para cima):

1- Conglomerados polimicticos lenticulares…………………………….……0 a 15m

2- Quartzitos, grés quartzosos cinzentos ou cinzento-claro em lajes……….…….50m

3- Argilitos, rochas silico-argilosas de grão fino (vulcânoclasticas) de cores, leitos de

grés feldspatico-quartzosos…………………………………..……………100 a 150m

4- Grés quartzosos cinzentos e avermelhados, muitas vezes com estratificação

entrecruzada……………………………………………………………………….50m

5- Siltitos e argilitos avermelhados (possivelmente rochas vulcanoclásticas) com leitos

de grés……………………………………………..……………………………….70m

a 45
ANEXO CAPITULO III

A espessura do corte é de 270-375m.

Para cima, ocorrem dolomites rosadas e cinzentas da formação Leba. A espessura da

formação varia, em diversas áreas de 200 a 500m.

Na baia do rio cunene, à formação Humpata atribuem-se os horizontes terrigenos dos

grupos de Muva Ancole e Ovipaca, do Pré-câmbrico, e da formação Marinha “A”, do

paleozóico, anteriormente individualizados(32).

3.9.2.Formação Leba

A designação leba para as rochas carbonatadas nesta formação é de autoria de H.

Correia (34), tendo sido esta anteriormente individualizada sob as designações de

“calcários dolomíticos da Humpata” ou “Série Média das Séries da chela”. A sua

posição estratigráfica superior (em relação á formação Humpata) foi definida como

segurança, não se tendo, contudo, observado o contacto entre estas unidades. Alguns

autores (34) admitem que a formação leba assenta em discordância sobre as rochas

subjacentes. A formação esta representada por calcários cinzento-azulados e dolomites

maciças e em lajes, com intercalações de material silicioso, estromatólitos e oólitos

(microfitólitos). Os estromatólitos podem ser classificados como pertencentes ao

Grupo de Collenia. A espessura observada da formação é de 60 m.

As rochas das formações Humpata e Leba são cortadas por numerosas soleiras e

diques doleríticos do Rifeano Médio a Tardio. Quanto a posição do Grupo Chela no

corte Pré-câmbrico e a sua diferenciação estratigráfica, constituição e correlação com

os depósitos da mesma idade de outras regiões, é duvidosa. É muito importante o

problema sobre o papel das rochas vulcanoclásticas no seu corte. Tendo reconhecido o

papel principal destas na parte terrígena inferior do Grupo Chela (em nossa opinião),

a 46
ANEXO CAPITULO III

H Correia considerou a Chela apenas constituída por estas rochas. Deste modo, o

Grupo Chela, de acordo com este geólogo, corresponde à totalidade da formação

Humpata definida por nós. Segundo H. Correia, a formação Chela assenta

discordância sobre o Grupo Chela e faz parte dum outro Grupo superior. Na Chela, ele

definiu quatro formações (Tundavala, Humpata, Bruco e Cangalongue) que

correspondem às unidades do corte acima citado da formação Humpata

(correspondendo duas unidades inferiores à formação Tundavala).

Nós tivemos oportunidade de realizar alguns estudos na área do planalto da Humpata e

chagamos à conclusão de que uma parte considerável do corte da formação Humpata

está representada por grés quartzosos monominerais, quase totalmente isentos de

minerais instáveis, muitas vezes com estratificação entrecruz “grés quartzoso-conjunto

rítmicos-dolomite”. As espessuras dos microritmos variam de alguns a poucas dezenas

de centímetros. As observações realizadas confirmaram a nossa decisão de agrupar as

formações Leba e Humpata num só Grupo.

A idade proterozóica tardia do grupo Chela é confirmada com segurança tanto pelos

dados geológicos (o facto de esta assentar sobre a superfície erodida de rochas do

arcaico e do proterozóico precoce), como pelas datações geocronologicas. Existem

determinações de idade (23,29,30,69,143,144), obtidas pelo método Rb-Sr sobre as

rochas intrusivas subjacentes à Chela que forneceram valores de 1023-1040±60,

1302±20, 1350±65, 1407±26 e 1411±24m.a, e sobre os doleritos que cortam o grupo,

com 1119±27m.a.( Datações de K-Ar que deram a idade de 777±40m.a). Os dados

referidos não contradizem o intervalo cronológico (Rifeano médio a tardio, de 1400-

680 m.a), aceite por nós para o grupo Chela. Para correlação da Chela com outras

regiões, reveste-se de grande importância o limite de idade superior dos doleritos que

a 47
ANEXO CAPITULO III

lhe são intrusivos. Na fase actual de conhecimento da Geologia de Angola, é duvidoso

que as datações isotópicas existentes dos doleitos possam ser considerados como

pontos de referência. Consideramos os doleritos da Chela como correlacionáveis

cronologicamente com os doleritos intrusivos do grupo do grupo Xisto-Calcário do

noroeste de Angola.

O grupo Chela é correlacionado com o subgrupo Congo ocidental. A formação

carbonatada Leba é correlacionável, pelas características litologicas e faciais

(composição carbonatada, presença de calcário oolíticos e estromatolitos) com a parte

inferior carbonatada do grupo Xisto-calcário, sendo a formação Humpata

correlacionada com a parte inferior terrigena do Xisto-calcário e com o grupo Alto-

chiloango. Na correlação Chela com os depósitos do Proterozóico superior do

aulacogeno do Congo ocidental, partimos da analise paleotectónica que testemunha

um ambiente tranquilo de acumulação dos depósitos da formação da Humpata em

condições duma planície litoral aluvionar, no talude sul do escudo de Angola. Para a

zona em consideração é característico um corte incompleto do Proterozóico superior,

diferentemente das áreas em subsidência intensa do aulacogeno do Congo ocidental.

Por isso, a correlação dos horizontes terrigenos da formação Humpata com algumas

unidades estratigráficas terrigenas dos grupos dos Alto-chiloango e Xisto-calcário

apresenta-se dificultada. É de prever uma diminuição substancial de muitos horizontes.

Tais adelgaçamentos são observados no contacto do aulacogéno do Congo ocidental

com a placa do Congo. Não excluímos outras hipóteses de correlação. Pode ser que o

grupo Chela corresponda apenas à parte inferior do Xisto-calcário, que assenta

directamente sobre as rochas do embasamento na área do horst do Cuanza.

a 48
ANEXO CAPITULO III

3.10.Fanerozóico

Os depósitos Fanerozóicos ocupam vastas áreas do território de Angola, estando

representados por sequências de rochas Paleozóicas, Mesozóicas e Cenozoicas. Os

seus cortes estratigráficos dentro dos limites de diversas estruturas são bastante

diferentes. No corte dos depósitos da cobertura Fanerozoica das depressões

continentais foram individualizados o Supergrupo Karroo de idade Paleozóica-

mesozóica, a formação continental intercalar do Jurássico tardio-cretácico precoce, as

formações Cretácicas Kwango e Calonda, o grupo Kalahari do Paleogénico-neogenico

e depósitos quaternários. Os cortes da depressão perioceânica estão representados por

depósitos marinhos do Mesozóico e Cenozóico.

3.11.Paleozóico e Mesozóico (Carbónico – Jurássico) Supergrupo Karro,

Os depósitos deste supergrupo localizam-se no Norte, Leste e Sudeste do país,

ocorrendo nas depressões em graben e antigos vales glaciares dentro das placas do

Congo (zonas de Cassanje e do alto Zambeze) e de Okavango (zonas do baixo cunene

e Dirico). Além disso, os depósitos do Karroo foram identificados nas depressões

locais no escudo do Cassai (zona da Lunda). A localização das referidas zonas de

fácies estruturais do Paleozóico tardio, triássico e Jurássico precoce esta indicada nos

esboços situados nesta carta.

Na zona do baixo Cunene, foi atribuído ao supergrupo Karroo o grupo Ecca do

carbónico-pérmico; na zona da Lunda- o grupo Lutôe da mesma idade; na zona de

cassanje, os grupos Lutôe e cassanje de idade pérmico-triassica; nas zonas do alto

Zambeze e Dirico—o grupo Stromberg, do Jurássico-triassico. Nos países limítrofes

a 49
ANEXO CAPITULO III

(Namíbia, Botswana, Zâmbia), o supergrupo Karroo é dividido em quatro grupos: os

grupos Dwyka, Ecca, Beaufort e Stromberg. Os grupos Dwyka e Ecca correlacionam-

se, com base nos fósseis, com o grupo Lutôe, enquanto o grupo Beaufort é

correlacionado com o grupo Cassanje.

Os depósitos do grupo Ecca afloram localmente, formando uma estreita faixa ao longo

da margem direita do rio Cunene, onde assentam, sub-horizontalmente, sobre as

rochas do grupo Chela, do Proterozóico superior. Em Angola, o grupo Ecca representa

testemunho residual duma sequência contemporânea que se estende no território da

Namíbia. No seu corte predominam grés de grão grosseiro de origem fluvial e

conglomerados de coloração verde e castanha, bem como xistos argilosos e grés

esbranquiçados em quantidades subordinadas. A espessura do grupo nesta área é de

90m (32).

O grupo Lutôe encontra-se desenvolvido no norte de Angola, nomeadamente no vale

do rio Lui e ao longo dos seus afluentes da margem direita--- Lutôa, Bal e outros (zona

de cassanje), bem como na margem esquerda do rio cachimbo(afluente do rio

Luembe) e nas bacias do rio Chicapa, Luachimo e outros ( zona da Lunda). As rochas

Lutôe têm ocorrência sub-horizontal, preenchendo o fundo do graben de cassanje. Os

seus afloramentos estendem-se de norte a sul por uns 130km com cerca de 10km de

largura. Na base, ocorrem tilitos avermelhados conglomeráticos (de 10 a 50m),

contendo intercalações de xistos argilosos e grés. Nos tilitos observam-se blocos (de

até 2,2m) de rochas arcaicas e do grupo xisto-gresoso do Proterozóico superior

(granitos, gnaisses, grés, xistos). A parte superior do corte é constituída por grés

ferruginosos avermelhados, de grão grosseiro (10-12m). A espessura da sucessão é

superior a 60m.

a 50
ANEXO CAPITULO III

Na zona da Lunda, a sul da povoação de calonda, a sucessão das rochas é a seguinte

(de baixo para cima): tilitos, grés com calhaus dispersos, xistos argilosos e argilitos

(com fosseis vegetais), grés arcosicos e conglomerados (101). As rochas são de cores

variegadas, predominando cores vermelhas, amarelas e violetas. A espessura da

sucessão é superior a 50m.

Os fosseis vegetais nos argilitos e xistos argilosos, identificados como Neuropteridium

validum Feist, Neoggerathiopsis sp., Glossopteris sp., Sphenopteris sp., e outros,

possibilitam atribuir a parte superior do Lutôe ao Carbónico tardio----Pérmico

precoce, correlacionando-a com os depósitos do grupo Ecca na África Austral e com o

grupo Lucunga, no Zaire (140).

O grupo Cassanje encontra-se no norte de Angola, na baixa de Cassanje aflorando na

bacia do curso superior do rio cuango e ao longo dos seus tributários da margem

esquerda. Ocorre concordantemente sobre os depósitos sub-horizontais do grupo Lutôe

ou assenta em discordância sobre as rochas precambricas nos locais onde as rochas do

Lutôe não existem. Os seus afloramentos observam-se de norte para sudeste por

400Km, sendo a sua largura de 100-130Km. O grupo é constituído por grés, argilitos e

rochas calcárias contendo fósseis abundantes. No seu corte, ao longo do rio Lui e da

estrada Malanje-Saurimo, são observados, de baixo para cima:

 Grés (10-12m) de cores variegadas de granulometria muito fina com os

seguintes fósseis de peixes (“camadas com peixes”): Elonichtiys moutae, Teix;

Perleidus lutôensis Teix, Angolaichthys lerichei; Ceratodus angolensis Teix.,

Hybodys sp., além de uma espécie de filopode Estheria anchietai Teix (141).

a 51
ANEXO CAPITULO III

 Grés quartzosos, calcários (50m) de cor verde – clara, com fósseis vegetais,

não característicos (“ grés com vegetais”).

 Alternância de grés, argilitos e calcários (450 m). Nas rochas observam-se

fósseis abundantes de filopodes, peixes e estromatolitos (“camadas com

filopodes”). Entre esses fosseis fora assinaladas as seguintes espécies: Estheria

malanjensis Marl., Estheria marimbensis, Marl., Estheria mautoi, ler, e outras.

A espessura dos depósitos do grupo Cassanje é de 510m. Os fósseis encontrados

confirmam a sua idade do Pérmico Tardio-Triássico, permitindo paralelizá-lo com o

grupo Beaufort na África Austral (90)

O stromberg indiferenciado foi definido (não comprovado) no vale do rio Cubango

(zona Dirico) a partir dos afloramentos isolados de grés e rochas basaltoides. Tal

definição foi feita com base no facto de os depósitos análogos (Xistos argilosos e grés

quartzosos encobertos por basaltoides do “Lava Group”), reconhecidos através de

sondagens nas áreas contíguas do nordeste da Namíbia e do noroeste do Botswana,

terem sido atribuídos ao grupo Stromberg (128).

3.12. Mesozóico

Os depósitos mesozóicos encontram-se desenvolvidos nas depressões continentais e na

depressão perioceanica, estando representados por formações Jurássicas, jurássico-

cretacicas e Cretácicas. Na depressão perioceanica distinguem-se, conforme as

características litologicas e faciais que apresentam, três zonas de fácies estruturais,

nomeadamente Cabinda-congo, Cuanza e Moçâmedes. Tanto o nível de conhecimento

Geológico como a divisão estratigráfica estabelecida nas referidas zonas, não são. São

sobretudo bem estudados e individualizados (até ao nível de formações) os depósitos

a 52
ANEXO CAPITULO III

das zonas de Cabinda-congo e do Cuanza, enquanto a informação que se tem sobre os

depósitos da zona de Moçâmedes é menos pormenorizada (Figura 4.4 - 4.7). As

interrelações entre as unidades estratigráficas, a sua estrutura interna e a constituição,

bem como a zonagem facial foram estudadas, essencialmente, com base nos dados de

sondagem de pesquisa de petróleo.

A idade da maior parte das unidades estratigráficas foi definida a partir dos fósseis

encontrados.

3.13. Jurássico

Os depósitos jurássicos localizam-se na depressão periocenica (jurássico superior).

O jurássico superior foi individualizado nas zonas de Cabinda-Congo, cuanza e na

parte submersa de Moçamedes. Os seus depósitos preenchem as depressões em graben

ou chamados rifts no embasamento. Estão representados por conglomerados cinzentos,

grés e dolomites. A sua espessura é de várias centenas de metros, chegando às vezes a

atingir 1300m. Admite-se que os depósitos jurássicos da parte norte da zona de

Cabinda-Congo foram anteriormente atribuídos a formação Lucula na qual se assinala

a presença de rochas carbonatadas e de conglomerados acinzentados, não

característicos para as partes inferiores do Cretácico, sendo, contudo, semelhantes aos

depósitos do jurássico superior reconhecido pelas sondagens.

3.13.1. Jurássico-Cretácico

No território de Angola, as formações indiferenciadas do jurássico superior-cretacico

inferior foram identificadas só na depressão continental de Okavango, enquanto na

depressão do Congo foram cartografadas apenas no Zaire (76).

a 53
ANEXO CAPITULO III

A formação continental intercalar foi identificada por R. FURON no Sahara e na

África ocidental (86), tendo sido a sua idade definida como do jurássico tardio-

cretacico precoce a partir de fósseis vegetais, vertebrados e moluscos de águas doce

(74). Em Angola, são conhecidos sob esta designação os depósitos das depressões

continentais desprovidos de fosseis. Na depressão de Okavango, eles ficaram postos a

descoberto pelos cursos superiores do dos rios Cuanza, Cubango, Cuango, Lungué-

bungo e outros. Os depósitos são constituídos por grés cinzento, cinzentos-amarelados,

siltitos, argilitos vermelhos e, de vez em quando, conglomerados. A sua idade é

problemática. De acordo com H. de Carvalho (26), foram considerados como

pertencentes à formação continental intercalar.

3.14. Cretácico

Os depósitos Cretácicos ocorrem na depressão periocenica (Cretácico inferior e

superior) e nas depressões continentais (Cretácico superior e Cretácico inferior e

superior indiferenciado).

3.14.1. Cretácico Inferior

Na zona do Cuanza, os depósitos do Cretácico inferior representados pelas formações

pré-apcianas Cuvo e Maculungo, formações apcianas infra Binga, formações apcianas-

albianas infra Binga, Binga, Tuenza, Catumbela e Quissonde, formação albiana

Tuenza e depósitos indiferenciados do Cretácico inferior; na zona de Cabinda-congo,

estão representados pelas formações pré-apcianas Bucomazi e Lucula, formações

apcianas Muvume e Lueme; na zona de Moçamedes, pela formação pré-apciana Cuvo

e depósitos apcianos e albianos.

a 54
ANEXO CAPITULO III

Os sedimentos de base do Cretácico inferior assentam em discordância angular sobre o

embasamento Pré-câmbrico. Não existem nas elevações cretacicas consedimentares,

assentando os depósitos salíferos suprajacentes do apciano através duma lacuna sobre

a base pré-cambrica (9, 10). O Cretácico inferior está representado, na base, por

sedimentos continentais e deltaicos, contendo às vezes fosseis vegetais terrestres,

sucedendo-se para cima por depósitos marinhos. A idade dos depósitos em referência

é confirmada pelos dados Palenteológicos (Figura4.4 - 4.6 ). Aos seus cortes mais

representativos são de conhecidos na zona do Cuanza.

a 55
ANEXO CAPITULO III

Fig 4.4.coluna estratigráfica dos depósitos Meso-cenozóico da zona de Cabinda-Congo.

1-conglomerado e rochas magmáticas; 2-conglomerados, grés, arcoses, 3-grés, arcoses, siltitos; 4-Grés,
areias; 5- Grés e areias carbonatadas; 6-argilas, argilitos, grés ; 7-Argilas, argilitos; 8-turbiditos;
9-Argila e argilitos carbonatados; 10-argila e silitos; 11-calcário; 12-calcário margoso ou argiloso; 13-
calcário arenosos ou grés carbonatados, 14-calcário oóliticos, Pisolíticos com algas, 15-calc´rio
organogénicos; 16-calcário e dolimites; 17-Dolimites, 18-margas, 19-margas com gesso, 20- gesso; 21-
sais; 22- grés, dolimites, cherts; 23-jazigos de petroléo; 24-rochas fosfatadas e fosforitos; 25-anidrite,
26-soco, 27-limites das fácies: nítidos (a) e poucos nítidos (b), 28-discordâncias: nítidas (a) e pouco
nítidas.

a 56
ANEXO CAPITULO III

Fig 4.5.Coluna estratigráfica dos depósitos meso-cenozóicos da zona do cuanza


(ver legenda do anexo fig 4.4).

Fig 4.6.coluna estratigráfica meso-cenozóico da zona de Moçamedes (ver anexo fig. 4.4).

a 57
ANEXO CAPITULO III

Fig 4.7.Esboço de correlação dos depósitos meso-cenozóico das zonas da Depressão Perioceânica (ver
a legenda em anexo da fig 4.4).

3.14.1.1.Zona do Cuanza

A formação Maculungo não aflora à superfície. Os seus depósitos preenchem as

depressões em Graben no embasamento, sendo reconhecidos só através de sondagens.

O corte desta formação foi estudado no sector sul da zona do Cuanza mediante a

sondagem Maculungo 1, aberta a 25 km para NE da cidade do porto Amboim. A

sucessão de rochas é a seguinte (de baixo para cima):

 - Conglomerados polimícticos vermelhos…………………………………. 438 m

 - Argilas vermelhas……………………………………………..…………..533 m

a 58
ANEXO CAPITULO III

 - Argilitos e grés…………………………………………..………………..301 m

 - Grés, sais, anidrites……………………………………………..………...510 m

 - Grés, argilitos, calcários……………………………………….…………379 m

Além disso, no corte aparecem camadas de doleritos, basaltos, brechas lávicas. A

espessura total dos depósitos é superior a 2200 m. Admite-se que a parte inferior dos

depósitos de coloração vermelha, foi formada em condições continentais, enquanto

que a superior, em condições lagunares e marinhas. A formação assenta sobre as

rochas do embasamento em nítida discordância estrutura.

A formação Cuvo desenvolve-se na parte leste da zona do Cuanza, no vale do rio

Cuvo, estando representado por conglomerados com espessura de 50 m(8). A

formação Cuvo é dividida em três subunidades (85). A parte inferior é constituída por

grés polimicticos vermelhos, conglomerados e argilas com 200-400 m de espessura. A

parte média é caracterizada por intercalações dolomíticas, sendo a sua possança cerca

de 400 m. A parte superior é constituída por uma sequência acinzentada de grés,

conglomerados e argilas com intercalações de dolomites e calcários lumachelicos com

espessuras de 300 a 400 m. A parte inferior da formação, de coloração vermelha, é de

origem continental, sendo as partes médias e superior que contêm glauconite,

ostracodes e intercalações de rochas carbonatadas, atribuídas, na sua maioria, aos

depósitos marinhos. Admite-se a existência duma lacuna insignificante no seu

contacto com a formação Maculungo. Os depósitos salíferos apcianos assentam sobre

a formação Cuvo em discordância estratigráfica. Na área de antigas elevações (Cabo

Ledo, Cabo de São Braz) os depósitos do Cuvo vão-se adelgaçando. Na parte norte da

zona os depósitos de sequência acinzentada da formação possuem propriedades

a 59
ANEXO CAPITULO III

colectoras e são petrolíferas. Quanto à parte superioras são conhecidas numerosas

ocorrências de Cobre, possivelmente do tipo grés cupríferos.

As formações Infra-Binga e Binga agrupadas nesta carta, são observadas numa faixa a

partir da cidade de Ambriz para sul da zona. Assentam em discordância sobre as

rochas subjacentes. <O seu corte é dividido em três partes.

A parte inferior é constituída por anidrites, sais (predominantemente halite), dolomites

e calcários dolomitizados. As rochas, de tonalidade cinzenta, são de origem lagunar. A

espessura é de varias dezenas de metros. Dentro dos limites dos domos salinos, a

espessura dos sais varia de centenas de metros a 2000-2500 m. A profundidade

mínima de ocorrência dos sais é de 40 a 80 m (sondagens Tuenza, Cacimbas). Na área

do morro do Tuenza são observados aflorando à superfície.

A parte média foi reconhecida principalmente por sondagens abertas nas proximidades

de Luanda, Caxito e em Cabo Ledo, estando representada por calcários, muitas vezes

argilosos e gresosos. A sua espessura é de 100-120 m.

A parte superior é constituída por dolomites, calcários sublitográficos, às vezes

oolíticos, conyendo níveis anidriticos. Às vezes, nos leitos calcários aparecem asfaltos

e betumes com espessuras de 0,2-0,3m a 7-8 m. A espessura é de 100m.

Os depósitos das formações em referência são petrolíferos. Na parte leste, encontram-

se associados às rochas carbonatadas ocorrências e jazigos de asfaltítes (ou libolites,

conforme a designação local)

As formações Infra-Binga, Binga, Tuenza, Catumbela e Quissonde, agrupadas nesta

carta localizam-se na parte oeste da zona, na região de Cabo Ledo e na zona litoral

a 60
ANEXO CAPITULO III

mais para norte de Luanda, tendo sido reconhecidas mediante sondagens. As suas

partes inferiores constituídas por depósitos terrígeno-carbonatadas e evaporiticos,

semelhantes aos depósitos acima descritos das formações Infra-Binga e Binga. A parte

média esta representada por dolomites e calcários. A parte superior é constituída por

calcários oolíticos e argilosos com espessuras atingindo 400 m. A espessura total das

formações, sem contar as jazidas de sais é de 900 a 2000 m.

A formação Tuenza está largamente desenvolvida na zona do Cuanza. Na parte sul,

aflora à superfície, tendo sido reconhecida na parte norte através de sondagens. O seu

corte revela que é constituída por depósitos terrígeno-carbonatadas e evapritos com

zonagem lateral bem nítida. Na parte leste da zona, os depósitos estão representados,

essencialmente, por grés com níveis conglomeraticos na base e intercalações de

margas ou, por vezes, de gesso na parte superior em questão é laguno-continental.

No centro da zona, a formação apresenta-se constituída por depósitos lagunares, nos

quais podem ser distinguidos três níveis. O inferior é salífero, constituído por sal-gema

com leitos dolomíticos e anidriticos em subordinação. O médio, anidritico, está

representado por anidrites, dolomites e raras intercalações de sal-gema. O superior,

dolomítico, é constituído por dolomites com leitos anidriticos. Na área oeste da zona,

ocorrem calcários marinhos de águas rasas e dolomites. A espessura da formação é de

400 a 1000 m, atingindo localmente 1200-2000 m. Assenta em concordância sobre as

formações Infra-Binga e Binga. Na área de desenvolvimento da formação Tuenza

existem jazigos de petróleo.

O Cretácico inferior indiferenciado foi individualizado a partir de sondagens abertas

na plataforma continental. Na zona sublitoral os seus depósitos estão representados por

calcários, margas, argilitos, dolomites, anidrites, sais e grés. A espessura é de 200 a

a 61
ANEXO CAPITULO III

800 m. No extremo oeste, a sucessão está representada principalmente, por calcários,

dolomites e argilitos com uma espessura não inferior a 350 m. As interrelações com as

rochas do embasamento não estão ainda esclarecidas.

3.14.1.2.Zona de Cabinda-Congo

A formação Lucula aflora à superfície na parte leste da zona. A parte inferior do corte

é constituída por uma sequência acinzentada de conglomerados e grés de

granulometria variável. A parte superior está representada por grés avermelhados e

argilitos. As rochas de tonalidade cinzenta contêm fôsseis de fauna terrestre, pelo que

são consideradas de origem continental. A espessura da formação atinge 1200 m.

Assenta em nítida discordância estrutural sobre as rochas do embasamento. A sua

parte inferior, de tonalidade cinzenta, conte ocorrências de petróleo.

A formação Bucomazi vem substituir facialmente os depósitos da formação Lucula na

parte oeste da zona. O seu corte mostra argilitos e grés cinzentos e verdes, de origem

marinha. Na parte superior aparecem lentes e intercalações de calcários e dolomites. A

espessura da formação vai até 500 m. Os seus depósitos assentam sobre as rochas do

embasamento em nítida discordância estrutural. A admite-se que no interior da zona,

nas áreas em Graben, a formação Lucula passa gradualmente à formação Bucomazi.

Nas elevações antigas e nas suas encostas, o contacto entre as referidas formações é

estratigráficamente discordante. A formação Bucomazi possui propriedades

colectoras, sendo petrolífera.

a 62
ANEXO CAPITULO III

A formação Lueme é reconhecida apenas por sondagens. Na parte inferior assinalam-

se sais (halite, carnalite, silvinite), enquanto que na parte superior ocorre anidrite. A

espessura da formação é de 0 a 700 m. Ocorre em discordância sobre as rochas

subjacentes.

A formação Mavume não aflora à superfície, sendo também reconhecida por

sondagens. É constituída com lentes de anidrite. A sua espessura é de 40 a 80 m.

Assenta em concordância sobre a formação Lueme.

3.14.1.3.Zona de Moçâmedes

A formação Cuvo estende-se sob a forma de faixas estreitas e descontínuas na parte

leste da zona, sendo constituída por grés e conglomerados. Na sua parte superior são

assinaladas raras intercalações de calcários. A espessura da formação oscila entre

poucas dezenas e centenas de metros. Assenta em discordância sobre as rochas

subjacentes.

Os depósitos apcianos ocorrem na parte norte da zona. Estão representados por grés

calcário e argiloso de tonalidade cinzenta, argilitos muitas vezes gipsíferos, e gesso. A

sua espessura é de 50 a 150 m. Os fósseis encontrados e as características faciais dos

depósitos em referência testemunham a sua origem laguno-continental. O contacto

com as rochas subjacentes é discordante.

Os depósitos albianos no sector norte da zona de Moçâmedes estão representados por

margas e calcários, às vezes com algas. Na base ocorrem grés, muitas vezes gipsíferos,

e conglomerados. Nas proximidades de Lobito, na parte média do corte, assinalam-se

calcários oolíticos e pisolíticos. A espessura é de 500 a 1500 m. Os fosseis

encontrados e as características litologicas dos depósitos (Figura 4.6) indicam a

a 63
ANEXO CAPITULO III

sedimentação sublitoral- marinha com predominância das fácies de mar aberto.

Assenta em discordância sobre os depósitos subjacentes. Com os depósitos albianos

estão relacionados ocorrências e jazigos de gesso.

3.14.2. Cretácico Superior

Na zona do cuanza, os depósitos do Cretácico superior estão representados pela

formação cenomaniana Cabo Ledo, pela formação turoniana-coniciana Itombe,

formação santonoana Ngolome, formação campaniano-maestrichtiana Teba e os

depósitos indiferenciados do Cretácico superior, enquanto que na zona de Moçamedes

estão representados por depósitos cenomanianos e cenomaniano-turonianos.

Os depósitos do Cretácico superior da parte continental destas zonas são

caracterizados pela predominância de material terrígeno-carbonatadas, por uma

zonagem lateral de fácies menos complicada em comparação com Cretácico inferior e

pela semelhança dos seus fósseis (Figura 4.4.-4.7). Os cortes dos depósitos desta

idade foram estudados com maior pormenor na zona do Cuanza.

3.14.2.1.Zona do Cuanza

A formação cabo Ledo aflora principalmente, na parte leste da zona. É constituída por

calcários gresosos, grés calcários e argilas. A sua espessura é de 400 m. Quanto ao seu

contacto com os depósitos subjacentes, este é concordante na parte oeste da zona e

discordante na parte leste. A formação Itombe foi reconhecida por sondagens na parte

leste da zona. Os seus afloramentos em manchas pequenas são observados no litoral

a 64
ANEXO CAPITULO III

recente. É constituída por grés, margas e calcários. A sua espessura é de 400 a 1400 m.

Assenta em concordância sobre os depósitos da formação Cabo Ledo.

A formação Ngolome localiza-se nas áreas de desenvolvimento da formação acima

descrita. É constituída por margas, argilitos e grés. A sua espessura é de 150 m.

Assenta em concordância sobre os depósitos da formação Itombe.

A formação Teba tem o seu maior desenvolvimento na zona do cuanza. Os seus

depósitos são observados sob a forma duma larga faixa de norte para sul no sector

leste da zona, constituindo também pequenas manchas na parte central. É constituída

por grés, margas e calcários. Na parte norte, assinalam-se camadas de grés calcários

fosfatados e de calcários gresosos com coprólitos. A espessura é de 900 m. Assenta em

concordância sobre a formação Ngolome. Com os depósitos da formação Teba estão

relacionados ocorrências e jazigos de rochas fosfatadas. As passagens entre as

formações acima descritas são graduais, tendo sido os seus limites definidos com base

nos fósseis, entre os quais predominam formas platónicas (Figura 4.5).

Em geral, para zona em referência é característico o aumento de material terrigeno

para leste e o aumento de rochas carbonatadas, para oeste. Embora para o Cretácico

inferior seja característica a presença de dolomites, nesta área praticamente não

existem, dando lugar aos calcários e margas de tonalidade clara.

O Cretácico superior indiferenciado desenvolve-se na plataforma continental moderna,

estando encoberto em toda a sua extensão por uma possante (até 2-3 km) sequência de

depósitos desagregados do Cenozóico. Na zona sublitoral estes são constituídos por

margas, calcários e grés, e na área da plataforma continental por argilitos e grés,

a 65
ANEXO CAPITULO III

muitas vezes calcários no topo do corte. A sua espessura é de 200 a 400 m. Assenta

concordantemente sobre os depósitos do Cretácico inferior.

3.14.2.2.Zona de Moçâmedes

Os depósitos Cenomanianos ocorrem na parte norte da zona. Na base do corte, estão

representados por grés e conglomerados de coloração vermelha e no topo por margas e

calcários. A sua espessura é de 200-300 m. Assenta em discordância estratigráfica

sobre os depósitos Albianos.

Os depósitos Cenomanianos-turonianos formam manchas isoladas de várias dimensões

ao longo do litoral. São constituídos por margas, calcários argilosos, oolíticos,

organogénicos e siltitos. Na base, aparecem lentes e intercalações de conglomerados e

grés conglomeraticos. A sua espessura é de 200 a 400 m. Assentam em discordância

estratigráfica sobre os depósitos cenomanianos. Os fosseis dos depósitos

cenomanianos e cenomanianos-turonianos estão representados, ao contrario da zona

do Cuanza, por termos bentónicos (Figura 4.6).

3.15.Cretácico Inferior e Superior Indiferenciado

3.15.1.Depressão Perioceânica

Os depósitos do Cretácico inferior e superior indiferenciado são localizados na zona de

Cabinda-congo. Estão representados pela formação Pinda, do Albiano-cenomaniano, e

pela formação vermelha, do apciano-turoniano.

a 66
ANEXO CAPITULO III

A formação Pinda encontra-se desenvolvida dentro dos limites da plataforma

continental, sendo constituída por margas e calcários. A sua espessura é de 50 a 1200

m. Assenta em concordância sobre a formação Mavume. Os depósitos da formação

Pinda possuem propriedades colectoras e são petrolíferas.

A formação vermelha aflora na parte leste continental da zona. É constituída

principalmente, por grés de coloração vermelha contendo leitos e intercalações de

calcários e siltitos. A sua espessura oscila entre 200 a 1200 m. O seu contacto com os

depósitos subjacentes da formação Lucula não está bem claro. Admite-se que é

discordante, sendo, contudo, difícil definir o limite inferior em virtude da composição

homogénea dos depósitos avermelhados das referidas formações.

3.15.2.Depressões Continentais

Os depósitos Cretácico da cobertura da plataforma formaram-se apenas na depressão

do Congo. São importantes do ponto de vista prático devido à localização nesta área

de jazigos aluvionares de diamantes. Estes depósitos, localizados no norte de Angola,

são o prolongamento dos depósitos do Zaire onde foram estudados em pormenor. São

subdivididos em duas formações, Kwango e Calonda.

A formação Calonda foi individualizada pelos Geólogos da “ Companhia de

Diamantes de Angola ”. A sua idade situa-se no intervalo entre o Apciano e o

Turoniano. Com esta formação estão relacionados os mais ricos jazigos de diamantes

aluvionares que se devem ter formado em consequência da desagregação dos

quimberlitos diamantíferos. A formação Kwango foi identificada no Zaire, sendo

considerada de idade Cenomaniano-turoniano (74). Assenta sobre os depósitos

apcianos do grupo Bokungo (75). A mineralização diamantífera do Kwango é um

a 67
ANEXO CAPITULO III

tanto inferior. A formação é identificada. A formação é identificada pelos Geólogos da

“ Companhia de Diamantes de Angola “ como a parte superior da formação Calonda.

Esta questão discutível poderia ser esclarecida mediante o estudo dos seus cortes.

A formação Kwango encontra-se no norte de Angola, onde se estende por mais de 600

km ao longo da margem esquerda do rio Cuango, sendo a sua largura de 150 a 250

km. Os depósitos desta formação são, também, localmente assinalados na área da

província da Lunda-Norte. Em Angola, foi classificada pela primeira vez por F. Mouta

(90), na baixa de Cassanje (bacia do rio Cuango) como fazendo parte do grupo Lunda,

tendo sido posteriormente cartografada (129, 132, 133) como formação Kwango. É

constituída por depósitos aluvionares, aluvionar-lacustres e lacustres, sem fósseis. Na

sua composição predominam grés arcósicos de granulometria fina a grosseira,

aparecendo em subordinação conglomerados polimícticos, siltitos e argilitos. As

rochas são brandas e friáveis, de coloração predominante avermelhada ( de rósea a

pardacenta ), com intercalações de tonalidade preta e cinzenta.

No fundo dos vales, na base do corte ocorrem sedimentos terrigenos grosseiros, isto é,

conglomerados com matações bem rolados de rochas subjacentes e de quartzo, bem

como grés grosseiros com estratificação entrecruzada, contendo calhaus dispersos. Na

parte superior do corte (até 100 m), são observados grés com estratificação

entrecruzada e em lentículas, de tonalidade clara assim como siltitos contendo leitos

(até 5 m) de argilitos escuros. De oeste para leste e nordeste, partes periféricas para o

centro da depressão do Congo, a granulometria dos sedimentos modifica-se. As

dimensões de calhaus nos conglomerados vão diminuindo, aos grés sucedem termos

mais finos e melhor calibrados, com estratificação mais fina e regular. A quantidade

a 68
ANEXO CAPITULO III

de leitos conglomeraticos e a sua espessura também diminuem. Aparecem

intercalações com cimento calcário-argiloso e dolomítico.

A espessura da formação Kwango é variável. A leste da povoação de Buengas é de

410 m e, possivelmente, chega a atingir 500 m. Em direcção às partes periféricas da

depressão do Congo, para sudeste, a espessura diminui gradualmente até poucas

dezenas de metros. A formação assenta sobre os depósitos pré-mesozoicos (e

possivelmente, sobre os mais antigos, mesozóicos) sub-horizontalmente ou com

pequena inclinação para nordeste. Mais ao norte, no território do Zaire, aparecem

fácies marinhas com abundantes fósseis que datam, com segurança, a sua idade como

cenomaniano-turoniana (76).

A formação Calonda encontra-se no norte e no nordeste de Angola, onde aflora nos

vales dos rios Cuango, Cuilo, Chicapa, Luachimo e outros. A formação foi estudada

com maior detalhe na minas em exploração a céu aberto da província da Lunda-Norte

onde a sua espessura varia de poucos metros a 60 m. Na base do corte ocorrem

conglomerados polimicticos (1-5 m), sobre os quais assentam grés arcosicos

entrecruzados, predominantemente por cor violeta, com leitos lenticulares de argilitos

vermelhos e conglomerados intraformacionais contendo diamantes, e, no topo,

argilitos vermelhos. Nos sectores sul e sudeste da província da Lunda-Norte, verifica-

se o aumento da espessura dos conglomerados até 40-50 m. Nestas áreas aumenta o

tamanho de material detrítico, constituído predominantemente por fragmentos

fracamente rolados por rochas do complexo de base. Na parte norte da província, no

material terrigeno aparecem argilitos de coloração vermelha e grés do supergrupo

Karroo. O material detrítico dos depósitos é de origem continental, apresentando

indícios de transportação insignificante e de erosão eólica. A matriz das rochas

a 69
ANEXO CAPITULO III

detríticas é gresosa (arcósica), às vezes carbonatada. Como acessórios, assinalam-se os

seguintes minerais característicos de quimberlitos: piropo, pricoilmenite, cromo-

diópsido. Na formação Calonda verificam-se numerosas discordâncias

inraformacionais.

Em Angola, a formação Calonda não é fossilífera, sendo, contudo, correlacionada com

segurança de acordo com a sua litologia (da parte inferior do corte), com o grupo

Bokungo do Zaire, cuja idade apciano-albiana foi definida com base nos ostracodes e

filópodes. O limite superior de idade de formação Calonda define-se, embora com

reservas, partindo da correlação dos seus cortes com os depósitos cenomaniano-

turonianos do Kwango. Além disso, o intervalo em que se situa a idade da formação é

confirmado pelas datações obtidas nos doleriticos pigeoniticos nela intrusivos, sendo

de 120-95 m.a (método K-Ar), (28).

3.16. Mesozóico e Cenozóico Indiferenciados

3.16.1.Cretácico-Paleogénico

Os depósitos do Cretácico superior-paleogénico indiferenciados localizam-se na

depressão perioceânica (zona de Cabinda-Congo). Estão representados pela formação

Ambrizete do Paleogenico-Cretácico superior e o seu análogo facial, a formação Iabe.

A formação Ambrizete é observada sob a forma duma faixa ao longo do litoral no

sector sul da zona e, em forma de manchas isoladas, nas suas áreas leste e nordeste. É

constituída, essencialmente, por grés com leitos de calcários organogénicos e gresosos.

A sua espessura é de 50 a 1200 m. Assenta concordantemente sobre a formação

vermelha.

a 70
ANEXO CAPITULO III

A formação Iabe localiza-se na parte litoral da zona, sendo reconhecida só através de

sondagens. É constituída por margas, argilitos e siltitos com camadas e lentes de

calcários, às vezes organogénicos e gresosos. A sua espessura é de 300 a 1200 m.

Assenta em concordância sobre os depósitos da formação Pinda. O contacto entre os

depósitos do Cretácico superior e do Paleogenico é pouco nítido por serem uniformes

a estrutura e a litologia dos cortes dos estratos adjacentes.

3.16.2. Cenozóico

Os depósitos Cenozoicos localizam-se tanto nas depressões continentais de Angola

como na depressão perioceânica. O corte mais representativo foi reconhecido na

depressão perioceânica. Na sucessão dos depósitos Cenozoicos que ocorrem nas

depressões continentais, foram apenas individualizadas laterites Paleogénico-

eóceanicas, sequências arenosas eócenico-piocénicas do Kalahari e os depósitos

quaternários.

3.16.3 Paleogénico

Os depósitos Paleogénico encontram-se desenvolvidos na depressão perioceânica. Na

zona do Cuanza, estão representados pela formação paleoceânica Rio Dande,

formações eocénicas Gratidão e Cunga e formações paleocenico-eócenicas Rio Dande,

Gratidão e Cunga. Nas zonas de Moçamedes e Cabinda-Congo, estão representados

por depósitos paleocénicos-eócenicos. Os depósitos patogénicos têm maior

desenvolvimento na zona de Cuanza, onde foram reconhecidos por grande número de

a 71
ANEXO CAPITULO III

sondagens, sendo também observados os seus numerosos afloramentos nas

proximidades dos rios Dande, Cuvo, Cuanza e Cunga. Na zona de Moçamedes, são

conhecidos apenas afloramentos isolados, enquanto que na zona de Cabinda-Congo

estes depósitos foram estudados principalmente mediante sondagens. No Paleogénico,

nas depressões continentais formaram-se couraças lateriticas.

3.16.3.1.Zona do Cuanza

A formação Rio Dande apresenta afloramentos mais importantes na parte leste da

zona. O seu corte está aqui representado principalmente por margas e argilas com grés

fosfatados, na parte superior. No sector oeste da zona ocorrem depósitos calcário-

argilosos. A espessura é cerca de 600 m. Assenta em concordância estratigráfica sobre

os depósitos da formação Teba.

A formação Gratidão localiza-se nas partes leste da zona, aflorando também, em

manchas, ao longo do litoral no sector sul. É constituída por margas, calcários, grés e

argilas. A sua espessura vai até 500 m. Assenta em concordância sobre a formação Rio

Dande, verificando-se a discordância no seu contacto apenas na parte leste da zona.

A formação Cunga é sobretudo bem desenvolvida na parte sul da zona. É constituída

principalmente por argilas e margas. A sua espessura é de 500 m. Assenta

concordantemente sobre a formação Gratidão.

As formações Rio Dande, Gratidão e Cunga foram individualizadas no litoral do

sector norte da zona, tendo sido reconhecidas apenas por sondagens. A sua

diferenciação não foi possível devido à sua litologia homogénea. São constituídas por

margas e calcários englobando coprólitos e conglomerados. A sua espessura é de 200 a

300 m. A idade dos depósitos patogénicos foi definida com segurança com base nos

a 72
ANEXO CAPITULO III

fósseis (Figura 4.5). As rochas das referidas formações possuem propriedades

colectoras, existindo na área jazigos de petróleo.

3.16.3.2.Zona de Cabinda - Congo

Os depósitos Paleogenico-eócenico ocorrem, localmente, no sector oeste da zona.

Estão representados por margas com leitos de grés e calcários. A sua espessura é de

várias centenas de metros. Assenta em concordância sobre os depósitos subjacentes.

3.16.3.3.Zona de Moçamedes

Os depósitos Paleogenico-eócenicos desenvolvem-se, localmente, nos sectores sul e

norte da zona, estando representados por margas e calcários. A sua espessura é de

poucas centenas de metros. Assentam em concordância sobre os depósitos do

Cretácico superior.

3.16.3.4.Depressões Continentais.

Paleocénico-Eocénico, laterites ou couraças lateriticas formaram-se, essencialmente,

na superfície pós-Cretácica de planeplanação. Em geral, têm um desenvolvimento

mais extenso no território de Angola. São assinaladas no norte do país sob forma de

manchas isoladas, situadas a cotas de 1100 m (129) e a várias altitudes na parte oeste

de Angola (53, 82). A sua maior extensão na área observa-se ao longo da extremidade

noroeste da depressão de Okavango (curso superior do rio Cuanza). A sua espessura é

variável, oscilando, em geral, entre um metro 8-10 m (68,82). As duras couraças

ferruginosas ou aluminosas de coloração pardacenta escura ou pardacento-

avermelhada, são resistentes e impermeáveis. A sua formação deve-se à erosão eólica

dos depósitos com litologia diferente. Muitas vezes, estas couraças englobam material

a 73
ANEXO CAPITULO III

rolado de cascalheiras lateritizadas. Regra geral, desempenham papel de horizonte de

bloqueio. Quando desagregados originam solos fortemente ferráliticos, geralmente

arenosos, com películas e fragmentos de material laterítico. A idade das laterites foi

definida partindo da lacuna de sedimentação que ocorreu depois da formação e

planeplanação dos depósitos Mesozóicos mas, antes da fase de acumulação das areias

do Kalahari. Na opinião de vários autores (27, 76), este período corresponde ao

Paleocénico-Eocénico, embora seja de conhecimento geral que os fenómenos de

laterização se estendem até ao Plistocénico superior.

3.17. Paleogénico-Neugénico.

Os depósitos Paleogénico-Neogénico indiferenciados localizam-se na depressão

perioceanica e nas depressões continentais. Na depressão perioceanica, estão

representados pela formação Oligocénico-Miocenica de Quifangondo, na zona do

Cuanza; pela formação de Malembo e por depósitos Eoceno-Plistocénico e Oligoceno-

Miocénicos na zona de Cabinda-Congo; por depósitos Eoceno-Miocénicos e Eoceno-

Pliocénico na zona de Moçamedes. As depressões continentais são constituídas por

depósitos do Grupo Kalahari.

3.17.1.Zona do Cuanza.

A formação Quifangondo está aqui largamente desenvolvida, formando grandes áreas

nos seus sectores norte, sul e no centro. É constituída por rochas essencialmente areno-

argilosas. Às vezes, na sua parte média aparecem sedimentos calcários e gipsiferos,

bem como leitos de intercalações de margas e calcários. A sua espessura é variável.

Nas depressões, chega a atingir 3013 m

a 74
ANEXO CAPITULO III

(Sondagem Calomboloca 1, sector norte da zona), oscilando nas elevações antigas e

nas suas vertentes entre zero e varias centenas de metros. Assenta em discordância

estratigráfica sobre os depósitos da formação Cunga (35).

3.17.2.Zona de Cabinda-Congo.

A formação Malembo está aqui largamente desenvolvida, estendendo-se numa faixa a

partir do rio Zaire para sul, até às proximidades da cidade de N`zeto, constituído

também a parte sublitoral da plataforma continental. A formação está representada por

uma sequência monótona de grés, argilitos e siltitos. A parte superior da sequência, de

idade Miocénica, é constituída por grés de grão mais grosseiro, considerados de

origem deltaicas. A espessura da formação na parte continental da zona é de 200 a

1000 m, chegando a atingir 2000-3000 m, na plataforma continental, nas janelas de

erosão. Assenta através duma nítida lacuna sobre as formações Ambrizete e Iabe. Nos

depósitos da formação Malembo localizam-se jazigos petrolíferos.

Os depósitos Eoceno-Pliocénico constituem a parte litoral da zona, sendo observados

numa larga faixa a partir do rio Lucula e do rio Zaire. Estão representados por grés

calcário, margas, argilas, calcários e, localmente por conglomerados. A sua espessura

oscila entre dezenas e poucas centenas de metros. Assentam em discordância sobre as

rochas subjacentes.

Os depósitos Oligoceno-Miocénicos são individualizados numa estreita faixa no sector

noroeste da zona, a sul da vila de Cacongo. São constituídos por calcários, margas,

argilas e areias, assentando em concordância sobre os depósitos Paleogenico-

Eocenico. A sua espessura é de varias dezenas de metros.

a 75
ANEXO CAPITULO III

3.17.3.Zona de Moçâmedes.

Os depósitos Eoceno-Miocenicos localizam-se em duas pequenas áreas a norte da

cidade do Namibe. São constituídos por grés, margas e calcários. A espessura é de

poucas centenas de metros. As intercalações com as rochas subjacentes são

desconhecidas.

Os depósitos Eoceno-Pliocenicos ocorrem no sector norte da zona Norte da zona. Nas

proximidades de cidade de Benguela o seu corte apresenta grés, margas argilosas com

leitos isolados de calcários com algas, passando gradualmente mais para cima ao grés.

Ao longo do rio Pima, na parte superior do corte são observados conglomerados com

depósitos diatómicos. Nos depósitos abundam restos de dentes de peixes,

foraminíferos e lamelibrânquios. A sua espessura é de 200 a 1000 m. As intercalações

com rochas subjacentes são desconhecidas sugerindo-se, contudo, o contacto

concordante.

3.17.4.Depressões Continentais.

Os depósitos Eoceno-Pliocenicos de origem continental estão representados pelo

grupo Kalahari. Assentam sub-horizontalmente através duma lacuna sobre as

sequências subjacentes fracamente afectadas por perturbações tectónicas. Na parte

leste de Angola, os depósitos do Kalahari preenchem as depressões do Congo e de

Okavango. A configuração das depressões, reconstituída esquematicamente conforme

foi no Paleogenico-Neogenico, está ilustrada num esboço separado desta carta. No

norte do país, na depressão do Congo e nas partes periféricas do escudo do Cassai, os

depósitos do referido grupo localizam-se nas áreas limítrofes, aflorando nas bacias dos

rios Cuango, Cuilo, Luachimo, Cassai e outros. A sul e a leste, na depressão de

a 76
ANEXO CAPITULO III

Okavango, constituem interflúvios dos rios Cunene, Cubango, Cuando, Zambeze e

outros. A sua composição é uniforme quer no território de Angola, quer nos países

vizinhos: Grés, depósitos argilo-arenosos, cascalhos (por vezes diamantíferos) e areias

ocres. O grupo é dividido em duas formações: a inferior, de “grés polimorfo” e a

superior, de areias de “areias ocres”. A formação inferior aflora em Angola

localmente, só nos fundos dos vales dos rios, enquanto que a formação superior está

exposta à superfície em extensas áreas dos interfluvios. Nas áreas pouco afectadas por

erosão, onde afloramentos da formação inferior não se observam, sendo sugerida,

contudo, a sua existência pelos dados Geológicos disponíveis, foram individualizadas

áreas de desenvolvimento do grupo Kalahari indiferenciado. Na maior parte do

território do país, a espessura dos depósitos do Kalahari é de 50 a 150 m. No entanto,

os dados dos trabalhos de sondagem realizados no sul de Angola e no norte da

Namíbia, evidenciam que a sua espessura em vários locais da depressão de Okavango

chega atingir 300-450 m (151).

O grupo Kalahari, na formação “ Grés Polimorfo”, é constituído por grés e areias

litificadas de coloração branca, amarela e violeta e, mais raramente, vermelha. Na base

da formação são observadas brechas com calcedónia e fragmentos lateriticos, por

vezes conglomerados basais e cascalhos com espessuras até 2 m. A sua composição é

sempre semelhante à das rochas subjacentes mesozóicas ou mais antigas. Mais para

cima, ocorrem grés feldspatico-quartzosos, sucedendo-se por grés essencialmente

quartzosos de granulometria variável (de fina a grosseira), com estratificação gradada

ou cruzada. Na parte superior situam-se grés argiloso, fracamente litificados, friáveis.

A formação apresenta, sobretudo na parte inferior, camadas silicificadas com

envolvidos num cimento de calceonia ou opala e intercalações calcedonicas e

a 77
ANEXO CAPITULO III

calcedonitos (86, 90, 99). Na parte setentrional da província da Lunda-Norte, nas

camadas de base verifica-se uma fraca mineração diamantífera. Os conglomerados

diamantíferos, de cor clara com tons amarelos e violáceos, são constituídos por

fragmentos de rolados e sub-rolados de quartzo e de sílica, englobados num cimento

de sílica amorfa ou calcedónio (78). Em toda a parte, verificam-se no grés vestígios de

remoção eólica do seu material constituinte e de origem aquática de rochas em

condições de água doces. A espessura dos “grés polimorfo” é de varias dezenas de

metros, atingindo a montante do rio Mucane (margem direita do rio Cunene), 56 m. A

idade da formação é discutível. Vários autores admitem a idade eócenica ou

Oligocénico-miocenica (28, 76)

O grupo Kalahari, formação “Areias ocres” ou de “argilas ocres arenosas” (109) tem

larga extensão na área. Todos autores referem a sua homogeneidade extraordinária.

São constituídas finas areias quartzosas (0,1-0,5 mm) com teores apreciáveis de argilas

e hidróxidos de ferro que condicionam a sua coloração amarela, alaranjada ou

vermelha. Para alem do quartzo assinalam-se grãos de zircão, rútilo, turmalina,

estaurolite, cianite. A sequência em questão é caracterizada pela ausência de

estratificação. A passagem dos “grés polimorfo” subjacentes às “areias ocres” é bem

nítida, sucedendo-se às rochas litificadas, friáveis. A superfície que separa estas duas

formações na depressão do Congo, mostra indícios de laterização. Na base das “areias

ocres”, observam-se películas ferruginosas e grãos de quartzo com óxido de ferro. No

sector setentrional da província da Lunda-Norte, na base da formação ocorrem

conglomerados (com vários metros de espessura)

Contendo pequenos calhaus de quartzo, nódulos de limolite e blocos de couraças

limolitica com fragmentos de grés e calcedónias provindo da formação interior do

a 78
ANEXO CAPITULO III

Kalahari. Às vezes, as “areias ocres” assentam directamente sobre as rochas do

embasamento ou depósitos mesozóicos das depressões do Congo e Okavango.

Na depressão de Okavango, na área do curso superior do rio Lungué-Bungo, na parte

superior das “areias ocres” observam-se leitos de argila e lenhites com espessuras

entre varias dezenas de centímetros e 2 m (108). Os fósseis encontrados estão muito

mal preservados. Com raras excepções, os depósitos da formação não são fossilíferos.

Às “areias ocres” sobrepõem-se depósitos quaternários de origem eólica, lacustre ou

deluvio-eluvionar.

A génese das “areias ocres” não está esclarecida. Vários autores assinalam evidências

de remoção eólica do seu material constituinte, embora admitam a participação fluvial

na distribuição. A sua espessura varia entre dezenas e 120 m, chegando possivelmente

a atingir 200-300 m em alguns locais da depressão de Okavango.

A idade da formação é Neogenica, ante Pliocénica tardia (28, 76). Conforme vários

autores, o limite inferior da sua idade corresponde à superfície Miocenica de

planeplanação, enquanto que o limite superior foi adoptado com base no facto de os

depósitos da formação terem sido erodidos pelos vales dos rios com terraços fluviais

do Plistocénico precoce.

O Kalahari indiferenciado encontra-se localmente desenvolvido nas depressões do

Congo e de Okavango, bem como nas áreas de bordadura dos escudos do Cassai e de

Angola, onde a formação inferior não aflora à superfície devido a cobertura dos

depósitos mais recentes. Os dados disponíveis não possibilitam representa-los na carta

com bastante segurança, admitindo-se, no entanto, a sua existência nas áreas referidas.

Estas áreas, constituídas por areias, cascalhos, conglomerados, grés e outros depósitos

a 79
ANEXO CAPITULO III

que formam o grupo do Kalahari, estão representados na carta como campos de

desenvolvimento do Kalahari indiferenciado.

3.18 Neogénico.

Os depósitos Neogénicos foram identificados somente na zona do Cuanza da

depressão perioceânica, estando representados pelas formações Miocenicas de Bom

Jesus, Cacuaco e Luanda.

A formação Bom Jesus é de desenvolvimento local, preenchendo as depressões

Mesozóicas na área dos rios Cuvo e Cuanza. É constituída por margas, argilas e, mais

raramente, por calcários e grés. Na base, ocorrem grés calcário conglomeraticos. A sua

espessura é cerca de 120 m. Assenta sobre a formação Quifangondo em discordância

estratigráfica.

As formações Cacuaco e Luanda, agrupadas nesta carta, são observadas apenas ao

longo da linha da costa actual, no sector noroeste da zona do Cuanza, não se tendo a

sedimentação processado, segundo parece, em outros locais. São constituídas por

argilas, margas, às vezes gipsiferas, calcários e grés. A sua espessura atinge 2000 m.

Assenta em discordância estratigráfica sobre a formação Quifangondo.

3.19. Neogénico-Quaternário.

Os depósitos Pliocénico-quaternarios estão representados pela formação Quelo, na

zona do Cuanza, e por depósitos Pliocénico-quaternários indiferenciados nas zonas de

Cabinda-Congo e Moçamedes, da depressão perioceanica.

A formação Quelo localiza-se no sector norte da zona do Cuanza, aflorando

localmente a sul de Luanda. Os seus depósitos constituem superfícies em declive

a 80
ANEXO CAPITULO III

suave dos interfluvios da planície litoral, estando representados por argilas e areias

avermelhadas. Às vezes na base do corte aparecem níveis lateriticos (0,5-1,0 m). Nos

depósitos verificam-se fósseis de aguas doces, de idade Cenozóica. A sua espessura

oscila entre varias dezenas de metros e 150-200 m. Assenta em concordância sobre os

depósitos marinhos Miocenicos das formações Cacuaco e Luanda, apresentando-se

muitas vezes encoberta por sedimentos de terraços marinhos e outros depósitos

quaternários.

Os depósitos Pliocenico-Quaternários indiferenciados encontram-se largamente

desenvolvidos na parte litoral das zonas de Moçamedes e Cabinda-Congo,

constituindo interfluvios em declive suave e vertentes dos vales dos rios. Estão

representados por grés e argilas variegadas. Na base, aparecem às vezes níveis

lateriticos enriquecidos em ferro ferroso e Al½03, com espessuras até

5 m. Localmente, são assinaladas intercalações conglomeráticas de composição

predominantemente quartzosa. A espessura dos depósitos é de 35 a 120, as vezes até

500 m. A sua idade é definida partindo do facto de assentarem sobre os depósitos

Miocénicos da formação Malembo (zona de Cabinda-Congo), nem como do seu

desenvolvimento nas superfícies de abrasão de terraços marinhos altos.

3.20. Quaternário.

Os depósitos do quaternário ocupam vastas áreas no território de Angola, estando

representados por diversos termos genéticos. Entre eles, foram definidos depósitos

Plistocénicos de terraços marinhos, depósitos quaternários delúvio-eluvionares,

prolúvio-aluvionares e eólicos, aluviões holocenicos e depósitos de praias e de terraços

marinhos.

a 81
ANEXO CAPITULO III

3.20.1.Depósitos do Quaternário Inferior, Médio e Superior

Os depósitos de terraços marinhos desenvolvem-se na zona de Cabinda-Congo, a sul

da cidade de Cabinda, e na zona de Moçamedes, nas proximidades da cidade de

Benguela, onde ocorrem nos terraços marinhos de abrasão com cotas de 8-13 m, 18-29

m, 45-50 m, 93-95 m e 165-175 m (49, 55).

Os depósitos dos terraços altos (superiores a 40 m) estão representados por areias finas

de tonalidade clara, muitas vezes com calhaus bem rolados no topo. São observadas

intercalações e leitos

Constituídos por grés grosseiros com cimento calcário (até 1 m), calcário conquíferos,

(até 1,5-2 m) e cascalheiras. Nos calcários conquíferos foram encontrados (49) valvas

com exemplares de Arca, Conus, Ostreia. Na área da Baia Farta, foi identificado um

nível rico em utensílios paleolíticos, suprajacente ao nível de cascalheiras

(conglomerados) que ocorrem na base do corte (91). A espessura total dos depósitos é

de 12 a 20 m.

Os depósitos dos terraços baixos (inferiores a 40 m) são constituídos por areias

argilosas de tonalidade clara ou avermelhada e, mais raramente, por argilas com valvas

Arca sinilis, Lin. (71). A sua espessura vai até 10 m.

Os depósitos acima descritos assentam sobre o soco Meso-Cenozoico dos terraços. A

sua idade é definida partindo dos fósseis, utensílios paleolíticos encontrados e da sua

posição geomorfológica.

a 82
ANEXO CAPITULO III

3.20.2.Halogénio.

Os depósitos modernos compreendem os depósitos de praias e de terraços marinhos de

3 a 6 m de altitude e os aluviões das linhas de água. A sua idade é baseada nos dados

geomorfológicos.

Os depósitos de praias e de terraços marinhos encontram-se extensamente

representados numa estreita (poucas centenas de metros) faixa ao longo do litoral.

Estes depósitos constituem numerosas restingas (sobretudo nas proximidades de

Luanda). Estão representados por areias finas de tons claros muitas vezes ricas em

magnetite e epidoto localmente por cascalheiras e, com menor frequência, por argilas e

lodos. A sua espessura deve ser de poucas dezenas de metros.

Os depósitos aluvionares constituem terraços baixos com encostas até 3 m, leitos dos

rios e lezírias de todas as linhas de água mais ou menos importantes. São constituídos

por areias finas e grosseiras, na sua maioria com pouca argila, às vezes com calhaus,

blocos e camadas de argilas com 1,5-3,5 m de espessura. Na sua parte superior

assinalam-se cascalheiras (62). A espessura dos depósitos oscila entre 8-9 e 15-20 m.

Os aluviões das linhas de água que cortam o maciço do Cunene estão representados

por argilas e, em menor grau, por areias com pequenos seixos de rochas. Apresentam-

se enriquecidos em magnetite e ilmenite. Para os aluviões do nordeste de Angola (rio

Luembe, Chiumbe, Cassai), são característicos sedimentos areno-argilosos com

granulometria aumentando de baixo para cima do corte. Na base do corte, muitas

vezes aparecem cascalheiras constituídas na sua maioria por cascalhos de quartzo e,

raramente, por ágatas com matriz arenosa ou areno-argilosa. Estas cascalheiras são

diamantíferas (101-105).

a 83
ANEXO CAPITULO III

3.20.3.Depósitos do Quaternários Indiferenciado

São depósitos eólicos, prolúvio-aluvionares e delúvio-eluvionares.

Os depósitos eólicos encontram-se desenvolvidos no extremo sudoeste de Angola, a

sul da cidade do Namibe, bem como no sudeste do país, no interflúvios dos rios

Cubango e Cuando. Admite-se que no sudoeste as areias de natureza eólica são

provenientes do material aluvionar transportado pelo rio Cunene e espalhado ao longo

do litoral pelos ventos de direcção sudoeste, enquanto que as sudeste são formadas

devido à erosão eólica e à remoção dos depósitos da formação de “areias ocres” do

grupo Kalahari.

Os depósitos prolúvio-aluvionares apresentam o seu maior desenvolvimento na parte

leste de Angola, nomeadamente nas bacias dos cursos superiores dos rios Cunene e

Cuanza e no interflúvios do Zambeze e Cassai, constituindo as vertentes dos vales e

superfícies aplanadas interfluviais. Na parte oeste de Angola, estes depósitos foram

individualizados nos vales do rio Zaire e no curso superior do Cuvo. Constituem

formas características do relevo da planície a leste do rio Cunene, designadas como

“mufitos”, “ecangos”, “mulolas” e “chanas” e representados por elevações, baixas ou

meandros abandonados. Os depósitos prolúvio-aluvionares são constituídos por areias

e argilas. As areias são bem lavadas ou argilosas. Nos níveis sub-superficiais das

areias da região Cunene, foram encontrados utensílios paleolíticos (20). A espessura

dos depósitos deverá ser de poucas dezenas de metros. No nordeste de Angola, nos

vales dos rios Luembe e Chiumbe aparecem, localmente com 4, 10 e 20 m de altitude,

constituídos por depósitos arenosos e areno-argilosos com calhaus de quartzo,

quartzitos, grés polimorfos e, mais raramente, calcedónia e ágatas. O tamanho de

a 84
ANEXO CAPITULO III

calhaus varia de 2 a 50 cm, sendo, regra geral, de 10 cm; o grau de rolamento é

variável. A sua espessura é de 0,2 a 1,5 m.

Os depósitos delúvio-eluvionares encontram-se nas superfícies dos interfluvios e

encostas das elevações com declive suave. A sua constituição depende da posição

geomorfologica e da natureza das rochas subjacentes. São, principalmente, depósitos

com quantidades diferentes de fragmentos de rochas do “bed rock”. Nas áreas

aplanadas apresentam-se muitas vezes cimentados por hidróxidos de ferro, sendo

conhecidos como “coraças lateriticas” e “couraças conglomeráticas” (79). A sua

espessura dos depósitos é de vários metros, chegando a atingir 10-15 m. O processo da

sua formação não está concluído.

Os depósitos Cenozoicos indiferenciados localizam-se na zona da plataforma

continental, tendo sido individualizados mediante sondagens na zona de Moçamedes.

Estão representados por areias, argilas e turbiditos. Nas proximidades do litoral, a

espessura oscila entre 250 e 1800 m. As intercalações com os depósitos Cretácicos não

estão completamente esclarecidas. Admite-se que na parte externa oeste da zona os

depósitos Cenozoicos assentam em concordância sobre os depósitos Cretácicos.

3.21. Rochas Magmáticas

3.21.1.Ultrametamórficas e Metassomáticas.

Em relação às rochas metamórficas do embasamento Pré-câmbrico e às rochas

sedimentares da cobertura da plataforma, as rochas intrusivas são divididas em

complexos do Arcaico Precoce e Tardio, do Proterozóico Precoce e Tardio,

Cretácicos, Cretácico-Paleogenicos indiferenciados e de idade não definida.

a 85
ANEXO CAPITULO III

3.21.1.1. Intrusões do Arcaico Precoce.

Gabro-noritos- são rochas intrusivas mais antigas, desenvolvidas em associação às

sequências metamórficas do Arcaico e do Proterozóico inferior, estando na sua

maioria representados por maciços de dimensões reduzidas ou retalhos preservados

pela Tectónica de rochas básicas alteradas. Durante a cartografia Geológica à escala 1:

100 000 -1: 250 000, as pequenas intrusões de. rochas básicas foram geralmente

atribuídas ao complexo gabro-anortositico do Cunene, do Proterozóico Precoce.

Apenas alguns autores individualizaram, a par dos complexos do Proterozóico,

Precoce, os complexos mais antigos, nomeadamente, rochas básicas do Arcaico (21,

116). As intrusões do Arcaico Precoce foram identificadas apenas nos escudos do

Maiombe, Angola e Cassai.

No escudo do Maiombe, as intrusões gabro-noriticas localizam-se nas sequências

metamórficas do grupo inferior do Arcaico inferior, estando representados por 3

maciços de forma isométrica com cerca de 8 a 10 km de diâmetro. Com maior

pormenor foi estudado o maciço que fica nas proximidades da povoação de Úcua. É

constituído por anfibolitos, ortognaisses derivados dos gabros e por enderbitos que são

considerados como rochas intrusivas do complexo gabro-noritico alteradas por

metamorfismo.

No escudo de Angola, as intrusões do complexo gabro-noritico foram detectadas na

sua parte nordeste, nas rochas do grupo inferior do Arcaico inferior (116), formando

maciços relativamente isométricos de Onibalagenge, Mandoola-Canganga, Lubuco,

Chicango, Soambanda, Namba (Figura 5.1). O seu diâmetro varia de 2-3 a 12-14 km.

Estão representados por gabro-noriticos, gabros hiperstenicos, anfibolitos e suas

a 86
ANEXO CAPITULO III

variedades gnaissificadas, charnoquitizadas e migmatizadas. Os gabro-noritos e gabros

hiperstenicos mais bem preservados foram localizados na área de Onibalagenge.

No escudo do Cassai, os corpos relativamente pequenos (até 2-3 km) do complexo

gabro-noritico ocorrem essencialmente entre as rochas metamórficas e

ultrametamórficas do grupo inferior e, muito poucas vezes, no grupo superior do

Arcaico inferior. Estão representados por ortoanfibolitos, provenientes do

metamorfismo retrógrado que actuou sobre os gabros piroxenicos (102, 103).

Fig 5.1.Localização dos maciços intrusivos do Arcaico Precoce tardio:


1-Gabro-noritos do Arcaico Precoce; 2-granodioritos e dioritos do Arcaico Tardio; 3-granitos do
Arcaico Tardio.

a 87
ANEXO CAPITULO III

3.21.1.2. Intrusões do Arcaico Tardio.

As rochas intrusivas do Arcaico Tardio têm o seu maior desenvolvimento na área do

escudo de Angola, estando representadas por um complexo de rochas granitóides ( de

granitos a dioritos).

Os granodioritos e dioritos encontram-se na parte sudoeste do escudo de Angola, onde

se localizam, regra geral, sob a forma de maciços relativamente pequenos na área de

contacto das intrusões do Arcaico Tardio com as sequências metamórficas do grupo

superior do Arcaico inferior. Os maciços isolados destas rochas foram também

individualizados no escudo do Maiombe, no interflúvios dos rios Úcua, Zenza e

Cassai. Os dioritos e granodioritos ocorrem em conjunto, com passagens mútuas

graduais, sendo praticamente impossível individualizar os seus corpos mesmo à uma

grande escala. Dentro deles aparecem, por vezes, relíquias de composição básica,

apresentando diversos graus de alteração. Os dioritos típicos são bastante raros, sendo

na maioria dos casos dioritos quartzitos com dois minerais máficos, nomeadamente

horneblenda e biotite em subordinação. Pela composição química que apresentam, os

dioritos quartzitos correspondem às rochas da série sódicas (quadro 5.1, col.2)

Os granodioritos predominam em relação às rochas da família dioritica, sendo também

estreitamente ligados a eles os tonalitos. A passagem dos granodioritos aos tonalitos

realiza-se por diminuição do teor em feldspato potássico e, consequentemente, por

aumento da percentagem de plagioclase (andesina). Quanto a composição

petroquímica (quadro 5.1. col.3), os tonalitos, quando comparados aos granodioritos

típicos, são caracterizados por teores mais baixos de Al 2 O 3 e do total de alcalis

(inferior a 7%) e predominância de Na 2O sobre K2O.

a 88
ANEXO CAPITULO III

Os granitos estão largamente desenvolvidos na área do complexo em referência,

distinguindo-se variedades autóctones e paraautóctones. Muitas vezes são observados

nos granitos e xenolitos de gnaisses e xistos biotiticos, micáceos e anfibolitos. O seu

maior desenvolvimento assinala-se na área do escudo de Angola. Enquanto que nos

escudos do Maiombe e do Cassai aparecem apenas sob a forma de maciços

relativamente pequenos, em associação às rochas metamórficas e ultrametamorficas do

Arcaico. Pelas análises Químicas existentes, julga-se possível no futuro, poder

individualizar nas rochas granitoides: granitos pouco alcalinos e granitos propriamente

ditos.

Os granitos pouco alcalinos são rochas comteor em SiO2 superior a 68% e o total de

alcalis, inferior a 7% (quadro 5.1, col 4). Pela composição mineralógica e petrográfica

que apresentam, são classificados como plagiogranitos da série sódio-potassica e

mostram-se bastante ricos em alumina (al`= 3,5-4,8).

Ao contrário dos plagiogranitos típicos, os granitos são caracterizados pelos teores

elevados em SiO2 (72,21-74%) e pelo aumento do total de alcalis (7,09-7,75%) à custa

do aumento de K2O.

(quadro 5.1.,col.. Este último factor é condicionado pela presença nos granitos de grão

médio de porfiblastos de feldspatos potássico.

Os resultados de numerosas determinações de idade isotópica dos granitoides do

complexo em consideração, feitas pelos métodos K-Ar e Rb-Sr, situam-se no intervalo

entre 1847± 62 e

2243± 94 m.a. (29), correspondendo, deste modo, ao Proterozóico Precoce. Segundo

parece, isto deve-se ao facto dos granitoides em referencia terem sido sujeitos, na

a 89
ANEXO CAPITULO III

época do Proterozóico Precoce, a fenómenos de metassomatose potássica. Além disso,

sugerimos que, em estudos futuros, na área do seu desenvolvimento sejam também

detectadas intrusões graníticas do Proterozóico Precoce. Segundo F. da Silva (117), E.

Pereira (94), F. S. do vale (149, 150) e outros autores, os granitoides em referência

apresentam contactos activos com as rochas metamórficas do Arcaico inferior e

superior, sendo por sua vez intrudidos por granitos porfiroides e leucocraticos do

Proterozóico Precoce.

3.21.1.3. Intrusões do Proterozóico Precoce.

Entre as rochas intrusivas do Proterozóico Precoce distinguem-se os granitos da

Quibala, o complexo do Cunene, granitos vermelhos da Matala, porfiros graníticos e

rochas vulcânicas e subvulcânicas associados, bem como doleritos, quimberlitos e em

conjunto de diques.

Quadro 5.1.Características das rochas ácidas plutônicas do Arcaico Tardio do escudo de Angola.

Observação: O quadro foi elaborado com base nos dados analíticos que se refere aos trabalhos
publicacdos (2, 5, 73).Nas características petroquimicas foram utilizados os seguintes valores, relações
e coeficientes (65):

a 90
ANEXO CAPITULO III

3.21.1.3.1. Granitos da Quibala

O complexo referido engloba rochas granitoides resultantes de granitização de rochas

metamórficas do Proterozóico Inferior e da profunda remobilização de rochas

metamórficas do Arcaico. Fazem parte do complexo granitos biotitos porfiroblasticos

e granitos leucocráticos.

Os granitos biotiticos porfiroblsticos apresentam-se em larga escala na parte noroeste

do escudo de Angola, tendo sido também identificados alguns pequenos maciços

isolados nos escudos do Maiombe e do Cassai (Figura 5.2). O batólito destes granitos

situa-se a norte do paralelo 13º latitude sul. Estas rochas, designadas por M.

Montenegro de Andrade (2) por granitos de “Quibala”, exibem uma textura porfiroide

peculiar devido à presença de fenocristais de feldspato patássico com dimensões de 2-

3 cm a 4-7 cm e são caracterizadas por uma composição variável. Mesmo na área dum

só afloramento podem ser observadas passagens de granitos a granodioritos,

predominando, contudo, geralmente granitos. Segundo F. da Silva (114), junto às

variedades porfiroblasticas aparecem também granitos de granulometria uniforme e de

composição idênticos. Os autores que se dedicaram ao estudo dos granitos

porfiroblasticos (88, 114) admitem que estes foram formados devido à transformação

metassomatica de rochas intrusivas e metamórficas.

Pela sua composição Química, os granitos porfiroblsticos (quadro 5,2 col. 2)

aproximam-se das variedades microclinizadas dos granitos do Arcaico Tardio (quadro

5,1, col. 5), mostrando apenas teores um pouco mais elevados de alcalis e, sobretudo,

a 91
ANEXO CAPITULO III

de K2O. Às vezes, assinalam-se variedades porfiroblasticas das séries sub-alcalina

(Na2O + K2O = 7,5 – 8,1%) e alcalina Na2O + K2O=

8,3 – 10,5%). A este respeito, merecem particular atenção os granitos porfiroblasticos

do vale do rio Beio. Segundo H. de Carvalho (29), estes granitos mostram tendência

alcalina (quadro 5.2,

Col. 3), Contendo como acessórios zircão, esfena, apatite e fluorite. Nos trabalhos de

síntese (29), estas rochas foram classificadas como “granitos de Caraculo-Bibala” do

cinturão móvel que sofreu activação no Pré-câmbrico. Nas proximidades da área de

desenvolvimento dos granitos do vale do rio Beio, encontram-se o maciço de rochas

ácidas alcalinas de Giraul e o campo de pegmatitos com o mesmo nome.

Quadro 5.2.Características petroquímicas das rochas ácidas plutónicas do Proterozóico Precoce do


escudo de Angola.
Observação: elaborado com base nos dados analíticos que se referem nos trabalhos publicados (2,5).

a 92
ANEXO CAPITULO III

Quanto à idade dos granitos porfiroblasticos, não existem datações uniformes, visto

serem os seus contactos com rochas encaixantes, regra geral, graduais. Na opinião de

H. de Carvalho (29), as rochas em consideração são intrusivas nos granitoides do

Arcaico Tardio. As datações isotópicas dos granitos porfiroblasticos variam de

1708±117 m.a (Rb- Sr, rocha total) a 1710 ± 12 m.a. (K- Ar, biotite) (117, 119),

datando, segundo parece, a época da metassomatose potássica.

Figura 5.2.Localização dos maciços intrusivos do Proterozóico Precoce e Tardio:


Intrusão do Proterozóico precoce e Tardio: 1-granito biotiticos porfiroblásticos; 2-granitos leucráticos ;
3-anortesitos, gabro-nortesitos, troctelitos; 4-gabro-noritos, noritos; 5granitos tipo rapaquivi e rochas
associadas.Intrusões do Proterozóico Tardio: 6-gabros, doleritos; 7-granitos alcalinos e hiperalcalinos,
sienitos.

a 93
ANEXO CAPITULO III

Os granitos leucocraticos encontram-se desenvolvidos somente na área dos escudos de

Angola e do Maiombe.

No escudo de Angola, o maior maciço destes granitos foi localizado perto das

povoações da Jamba, Indungo, Cassinga e Cuvelai. Varias intrusões de dimensões

relativamente reduzidas foram cartografadas a oeste e sudoeste do complexo do

Cunene. Os granitos leucocraticos aparecem, geralmente, em associação aos granitos

porfiroblasticos, mostrando passagens muito graduais

(68, 118). As caracteristicas especificam destas rochas são a predominância de

feldspato potássico sobre a plagioclase e quantidades relativamente pequenas de

minerais maficos acessórios

(magnetite, apatite, esfena e, por vezes, zircão). A sua composição petroquímica é

vulgar (quadro 5.2, col. 4). Normalmente, os granitos leucocraticos apresentam

granulometria uniforme, sendo, contudo, observadas variedades porfiroblasticas e

bandadas. Estas ultimam foram identificadas por H. R. Korpershoek (68) ao longo do

contacto com as rochas metamórficas do Supergrupo de Cassinga e designadas como

“fácies gnaissoide”. H. de Carvalho (26, 27) individualizou os granitos leucocraticos

apenas na área central (“granitos leucocraticos de grão fino à médio”) e na área

sudoeste (“leucogranitos do sudoeste”) do escudo de Angola.

No escudo do Maiombe, os granitos leucocraticos constituem dois maciços

relativamente grandes, designados anteriormente como ortognaisses de Lucifo (66)

a 94
ANEXO CAPITULO III

Vários maciços pequenos de granitos leucocraticos, intrudindo rochas dos grupos

Lulumba e Uonde, foram também identificados na parte sul do escudo. Assim como

no escudo de Angola, os granitos leucocraticos do Maiombe mostram uma

predominância de feldspato potássico sobre a plagioclase, o que origina,

provavelmente, a formação de inúmeros megafenocritais de microlina atingindo 10

cm. Às vezes, podem ser observadas variedades equigranulares.

Os granitos leucocraticos não diferem dos granitos porfiroblasticos quanto à

percentagem de quartzo, plagioclase e feldspato potássico. Mas, em comparação com

aqueles, são menos ricos em biotite, praticamente não se encontra a horneblenda,

sendo assinalados moscovite e epidoto. Como acessórios, aparecem apatite, zircão,

ilmenite leucoxenizada, magnetite, esfena e, ocasionalmente, ortite. Pela sua

composição petroquímica (quadro 5.3, col. 3), estes granitos correspondem aos

granitos subalcalinos da série sódio-potassica.

a 95
ANEXO CAPITULO III

Quadro 5.3.Características petroquímicas das rochas ácidas plutónicas do Precâmbrico do escudo do

Maiombe.

3.21.1.3.2. Complexo do Cunene.

A designação do complexo de rochas intrusivas do Cunene engloba, para alem das

rochas básicas e ultrabásicas que fazem parte do grande maciço do Cunene, varias

intrusões relativamente pequenas (satélites) que se situam a norte e a oeste do referido

maciço.

O maciço localiza-se no sul do escudo de Angola. A sua parte aflorante estende-se de

norte para sul por uns 350 km (a partir da povoação da Matala até ao rio Cunene), com

largura atingindo 100 km. Fazem parte do maciço dois grandes grupos de rochas

intrusivas. O primeiro, mais antigo, está representado por anortositos, gabro-

anortositos, troctólitos, gabro-noritos, peridotitos, dunitos e piroxenos, sendo

a 96
ANEXO CAPITULO III

considerados como o complexo do Cunene. O segundo, mais recente, engloba rochas

granitoides e é identificado como o complexo dos granitos vermelhos da Matala.

As rochas do complexo do Cunene predominam no maciço e, na opinião de vários

autores (22-24, 117, 118, 124, 147-150), foram formadas em duas etapas: Precoce,

com formação do chamado

“ Complexo central” e tardia, a qual deu origem ao “complexo da bordadura”.

Os anortositos, gabro-anortositos e troctólitos são os representantes mais típicos do

“complexo central” que apresenta uma “estratificação” horizontal e vertical bem

pronunciado.

A “estratificação” vertical manifesta-se através da alternância dos ritmos de

“estratificação”. Normalmente, os ritmos têm a seguinte estrutura: as “camadas” de

troctólitos melanocratas e de troctólitos na base; troctólitos claros, no meio, e de

anortositos, na parte superior do ritmo. Os contactos entre os ritmos contíguos são

bastante nítidos, sendo graduais no seio dum só ritmo. A espessura das “camadas”

correspondem a um só ritmo, varia entre 20 cm e 6 cm. A “estratificação” de tal tipo é

acompanhada duma zonagem oculta condicionada pela variação da composição de

plagioclase e de olivina (124).

Os resultados das análises Químicas das rochas intrusivas da área do Chiange e de

outras áreas do maciço do Cunene (quadro 5.4) também confirmam o facto destas

rochas, nomeadamente troctólitos, anorositos, gabros, monzonitos e dioritos serem

“estratificadas”. A referida zonagem nas intrusões “estratificadas” é um indício directo

da potencial mineralização titano-fosfatada.

a 97
ANEXO CAPITULO III

Os gabro-noritos e noritos ocupam extensões consideravelmente menores em

comparação com rochas da fase precoce, tendo-se dado a sua formação um tanto

posteriormente àquelas. Os gabro-noritos e noritos são caracterizados por uma

granularidade fina e por um aspecto mais melanocratico em comparação com os

anortositos e troctólitos encaixantes. N maioria dos casos, aparecem sob a forma

corpos relativamente pequenos ou fiadas de corpos na bordadura do maciço ou fora

dos seus limites. Dois corpos de dimensões consideráveis destas rochas foram

individualizados na parte sul do maciço do Cunene, na área das povoações de Oncócua

e Cahama. As idades isotópicas das rochas básicas do maciço do Cunene, fornecidas

pelo método K-Ar, variam no intervalo de 1964± 61 e 2157 ± 43 m.a. (118, 119).

Quadro 5.4.Características das rochas petroquímicas das intrusivas ”estratificadas” do maciço do


Cunene (área do Chiange).

a 98
ANEXO CAPITULO III

Pirodotitos, dunitos, piroxenitos. Pequenas intrusões destas rochas aparecem

geralmente perto do “complexo de bordadura”, sendo, contudo, impossível representa-

las à escala desta cata. Alguns corpos bastante grandes de ultramafitos foram

identificados na parte sudoeste do escudo de Angola, entre rochas metamórficas do

Arcaico Superior. Nas zonas de metamorfismo retrógrado, os ultramafitos apresentam-

se varias vezes sob a forma de rochas semelhantes a horneblenditos, contendo, no

entanto, relíquias bem preservados de composição original.

3.21.1.3.3. Granitos Vermelhos da Matala.

Este complexo intrusivo engloba, como já foi atrás referido, as rochas granitoides

desenvolvidas dentro dos limites do maciço do Cunene. Estão representados por

granitos tipo rapaquivi e de rochas associadas: porfiros, sienitos e dioritos.

Os maiores corpos dos granitos rapaquivi foram cartografados nas partes norte ( área

da povoação da Matala), oeste ( Chiange ) e sudoeste do maciço, de grão médio a

grosseiro, de coloração vermelha típica, regra geral, facilmente alteráveis ( 23, 24, 118

). Pela composição Petroquímica que apresentam, correspondem a granitos

subalcalinos da série sódio-potassica (quadro 5.2,

Col. 5). As caracteristicas mineralógicas e petrográficas, bem como a posição

estrutural das rochas granitoides em referencia, possibilitam paraleliza-las com os

granitos rapaquivi da plataforma da Europa Oriental (escudos Ucraniano e Báltico),

bem como com os granitos vermelhos no sul da plataforma Africana (Bushweld).

Nas áreas periféricas dos maciços, os granitos passam muitas vezes à fácies sieniticas

com teores fortemente reduzidos de quartzo e quantidades elevadas de feldspato

potássico e de minerais alcalinos máficos, sendo também observadas passagens a

a 99
ANEXO CAPITULO III

rochas de aspecto porfiroide (segundo F. da Silva, são porfiros granofiricos e, segundo

H. de Carvalho, porfiros graníticos). Estes últimos passam muitas vezes a porfiros

sieneticos de aspecto rapaquivico. Na zona de contacto dos granitos do tipo rapaquivi

com rochas básicas, encontram-se rochas híbridas da série alcalina

(melanossienetos, melanogranitos, dioritos sieniticos). Dadas as reduzidas dimensões

dos seus corpos, todas as rochas acima com a mesma cor, sendo a variedade

petrográfica dominante indicada com índices gráficos correspondentes.

3.21.1.3.4. Pórfiros, Graníticos, Riolítos, Dacitos, Andesitos e seus Tufos

As rochas subvulcânicas e vulcânicas referidas localizam-se, essencialmente, na área

do escudo de Angola, tendo sido, contudo, identificados alguns corpos isolados no

escudo do Maiombe.

Os porfiros graníticos estão largamente desenvolvidos na parte noroeste do escudo de

Angola, localizando-se na área de desenvolvimento de granitos porfiroblasticos da

Quibala. A sua localização costuma corresponder às cotas mais elevadas do terreno. À

semelhança dos granitos porfiroblasticos de Quibala, os porfiros graníticos revelam

passagens graduais aos seus granitoides encaixantes do Arcaico Superior. Os porfiros

graníticos apresentam-se, na sua maioria, recristalizdos, possuindo cerca de 35% das

amostras estudadas uma cristalização característica, própria de rocha de uma natureza

profunda (quer dizer, granitos), e só a existência de fenocristais plagioclassicos com

dimensões de 1 a 2 cm indica a sua origem porfirica. Às vezes os porfiros graníticos

passam a porfiros granodioriticos (87).

Os riolitos, dacitos, andesitos e seus tufos localizam-se nas mesmas áreas do escudo de

Angola em que ocorrem os porfiros graníticos. Alem disso, uma área de dimensões

a 100
ANEXO CAPITULO III

consideráveis ocupada por estas rochas foi delimitada nos vales dos rios Cuélei e

Cuebe (Menongue). Entre as povoações de Chongoroi e Caluquembe, as rochas

vulcânicas são, normalmente, observadas sob forma de mantos com alternância de

riolitos, dacitos e andesitos de aspecto afirico ou porfirico (117). As datações

existentes de três amostras de riolito vítreos, colhidas nesta região, variam de 1708 a

2244 m.a. (rocha total, Rb-Sr).

No escudo do Maiombe, as rochas em consideração foram cartografadas na sua parte

nordeste e em Cabinda. Na parte nordeste, elas ocorrem em associação aos granitos

leucocraticos de aspecto porfiroblastico e rochas vulcano-sedimrntares dos grupos

Lulumba e Uonde, enquanto em Cabinda aparecem, apenas, entre as formações

vulcano-sedimentares dos referidos grupos.

3.21.1.3.5. Dorelitos

Localizam-se essencialmente na parte oeste do escudo de Angola, ocorrendo sob

forma de diques e pequenos stocks. Os diques, na maioria dos casos, aparecem em

enxames, enquanto os stocks formam fiadas. Os diques estendem-se, principalmente,

na direcção NW, sendo, porém, assinaladas outras orientações. A sua espessura varia

de poucas dezenas de metros a 30-45 m, chegando em alguns casos a atingir 100 m.

Cortam as rochas do complexo de base, os granitoides do Arcaico Tardio e do

Proterozóico Precoce, bem como as rochas básicas do complexo do Cunene. As

datações isotópicas dos doleritos colhidos nas proximidades das povoações de

Chongoroi e Quilengues, variam de 1175± 69 (método K-Ar, numa plagioclase) a

1281± 22 m.a. (rocha total), sugerindo, segundo parece, a época da sua recristalização

(117, 119).

a 101
ANEXO CAPITULO III

3.21.1.3.6. Quimberlitos

Por analogia com outras regiões do continente Africano (nomeadamente, Republica

Sul Africana), os corpos qimberliticos situados na área de desenvolvimento do maciço

do Cunene (5 chaminés) foram atribuídos ao ciclo Proterozóico Precoce de activação.

A favor desta hipótese estão as descobertas de diamantes nos aluviões dos rios no sul

de Angola, nas rochas da cobertura sedimentar na extremidade leste do escudo de

Angola, na depressão de Okavango, nas areias do litoral e da plataforma continental.

Estes diamantes diferem do noroeste do país pela morfologia, dimensões, coloração e

parageneses minerais. As referidas chaminés foram pouco estudadas.

3.21.1.3.7. Diques

Os diques e filões do Proterozóico Precoce têm grande representação na parte oeste do

escudo de Angola. Distinguem-se os diques e filões de rochas de composição ácida,

media, básica e ultrabásica.

Os diques e filões de rochas de composição ácida estão representados por

microgranitos, graníticos apliticos, apliticos e pegmatitos. As suas espessuras

costumam ser muito variáveis de poucos metros até dezenas de metros, sendo a

extensão de poucas dezenas de metros até vários quilómetros. Aparecem tanto

isoladamente como em grupos. As concentrações de filões são, sobretudo,

Típicas dos pegmatitos (“campos pegmatitos”). Os maiores campos de pegmatitos

foram detectados no escudo de Angola, nas proximidades das povoações Hamutenha

(a 25-30 km para sul da vila da Chibia), Mica (a 35 km para sudeste da cidade do

Sumbe) e no vale do rio Giraul, no escudo do Maiombe, na área do Dande (a 40 km

NNE da povoação do Caxito) e Elege (a 50 km para leste da cidade de N`Dalatando).

a 102
ANEXO CAPITULO III

Nos pegmatitos aparecem variedades gráficas e metassomaticamente alteradas. Numa

primeira avaliação os pegmatitos podem ser subdivididos nos seguintes tipos;

 - Pegmatitos oligoclase-microclinico-moscoviticos com berilo e tântalo-niobatos

em subordinação (Dande, Hamutenha, Mica, Damba-Mulolo);

 - Pegmatitos microclinicos com disseminação acessória de samarskite e euxenite

(Elege);

 - Pegmatitos albitico-espoduménicos com metais raros (Giraul).

A formação dos pegmatitos, segundo parece, deve ser relacionada com a instalação

dos granitos leucocráticos e do tipo ter-se rapaquivi. As determinações existentes dos

minerais dos pegmatitos (método K-Ar) da parte oeste do escudo de Angola situam-se

essencialmente, no intervalo entre 1753± 42 m.a e 1996± 11 m.a. (117).

Os diques e filões de rochas de composição media estão representados por dioritos,

dioritos quartziticos e microdioritos. A sua espessura varia normalmente de 1-2 e 10

m, raras vezes atingindo

30-40 m; a extensão é reduzida. Localizam-se, essencialmente, na parte oeste do

escudo e Angola.

As rochas de composição básica desenvolvem-se, principalmente, também na parte

oeste do escudo de Angola, estando representadas por diques de gabros subofilicos. Os

diques são, na sua maioria, de espessura e extensão considerável (dezenas de

quilómetros), de direcção WNW. Foram também cartografadas diques menos

extensos, orientados transversalmente em relação à direcção acima referida.

a 103
ANEXO CAPITULO III

Os diques de composição ultrabásica aparecem muito raramente entre as rochas Pré-

câmbricas. Corpos isolados de composição ultrabásica foram cartografados no escudo

do Maiombe, no intervalo de Onzo e Lue, onde ocorrem entre as rochas vulcano-

sedimentares do Proterozóico Precoce e na parte oeste do escudo de Angola, nos

granitoides do Arcaico Tardio e do Proterozóico Precoce. Estão representados por

tremolites e rochas tremolito-actinoliticas, observando-se às vezes em profundidade

passagens a piroxenitos anfibolizados ou horneblenditos. Além disso, na área de

contacto dos escudos de Angola e do Maionbe (mais para oeste da cidade de

N`Dalatando), no decurso da cartografia fotogeológica (1982), foram detectados

corpos em stocks de forma isométrica ou assimétrica de piroxenos anfibolizados e

peridotitos serpentinizados. Algumas vezes nos piroxenos é observada mineralização

hematito-magnetica, disseninada ou em filonetes (jazigo de M`Bassa). Regra geral, as

dimensões dos corpos não ultrapassam 0,3-1 km.

3.21.1.4. Intrusões do Proterozóico Tardio

As intrusões do Proterozóico Tardio encontram-se, essencialmente, na parte oeste do

país, nos escudos do Maiombe e de Angola. A sua formação deve ter-se dado na fase

de activação das estruturas da plataforma. No inicio deste período, a actividade

intrusiva manifestou-se pelo magmatismo de composição gabro-dioritica e granitoide

enquanto que nas fases posteriores, pela formação de doleritos.

3.21.1.4.1. Granitos, Alcalinos e Hiperalcalinos, Sienitos, Doleritos e Gabros

Este grupo de rochas localiza-se na parte noroeste do escudo do Maiombe (maciços de

granitos alcalinos e hiperalcalinos e sienitos), e nas partes norte (maciços de gabros,

a 104
ANEXO CAPITULO III

granitos alcalinos, sienitos e outras rochas alcalinas), oeste e sudoeste (mantos e

diques doleriticos) do escudo de Angola.

Os gabros são rochas intrusivas mais antigas deste grupo. A 25 km para sudeste da

cidade de N`Dalatando, existem vários afloramentos pouco distanciados (com

dimensões de 0,3 × 0,6 a

2 × 11 Km), fazendo parte, possivelmente, em profundidade do maciço intrusivo de

Dombo-Andala. Aqui assinalam-se gabros, gabro-dioritos e dioritos relacionados uns

com os outros através

de passagens graduais, sendo os gabros a variedade dominante segundo B.

Solodóvnikov (1982), os gabroides cortam as rochas metamórficas e

ultrametamórficas do Arcaico inferior e os depósitos terrígeno-carbonatadas do

Supergrupo Congo Ocidental ( Rifeano) como característica especifica destas rochas

básicas é a sua relação genética com a mineralização hematito-magnetítica

( ocorrência de Quileco).

Os granitos alcalinos e hiperalcalinos foram individualizados a partir das suas

características petroquímicas e da presença de minerais alcalinos máficos

(arfvedsonite, riebequite, aegirina). Os dois tipos de rochas acima referidas são da

série sódio-potassica, estabelecendo-se as suas diferenças principalmente em função

de composição petroquímica, quer dizer, partindo dos teores em alumina e do

coeficiente agpaítico que possuem (quadro 5.3, col 4,5). Os granitos alcalinos

constituem os maciços de Tomboco, Songo.N`Sasso, Undundi, enquanto os

hiperalcalinos formam os maciços de Noqui e Luefi (Figura 5.2).

a 105
ANEXO CAPITULO III

Os sienitos são a variedade dominante dos maciços de Lucenga e Uene (Figura 5.2),

onde se assinalam também plauenitos, nordmarquitos, sienitos horneblendicos

quartzicos e granitos. De acordo com as análises químicas, os sienitos de Lucenga são

semelhantes aos sienitos subalcalinos da série sódio-potássica (quadro 5.3, col. 6).

Acessoriamente, existem magnetites, ilmenite, esfena, apatite, rútilo e zircão.

As rochas ácidas da série alcalina constituem também os maciços de Quibanda, Tumbi

e Saia que se situam nas proximidades do maciço de gabros de Dombo Andala. Fazem

parte da sua constituição granitos alcalina e dioritos, sienitos e granossienitos

riebequíticos alcalinos, bem como pórfiros granossieniticos ligeiramente

recristalizados, pórfiros sieniticos e pórfiros graníticos de composição alcalina. Para

além dos maciços referidos, foram localizados nesta região grandes diques e soleiras

de rochas ácidas alcalinas (Cacuso). As rochas que constituem o maciço de Saia

Intrudem as rochas metamórficas e ultrametamórficas do Arcaico Inferior, sequências

terrígeno-carbonatadas do Rifeano e gabros do maciço de Dombo Andala.

Os doleritos localizam-se a oeste do maciço do Cunene onde ocorrem sob a forma de

mantos, e, mais raramente, diques de direcção NNW. Os doleritos deste tipo são

praticamente isentos de olivina; nos mantos, apresentam diversos graus de

recristalização o que condiciona a existência de termos de passagem de doleritos a

basaltos. As rochas em consideração são intrusivas nos depósitos terrígeno-

carbonatadas do grupo Chela (25).

3.21.1.4.2. Diques de rochas alcalinas e básicas.

a 106
ANEXO CAPITULO III

Nesta unidade foram agrupados os diques relacionados com a instalação das intrusões

do Proterozóico Tardio de rochas de composição básica e acida da série alcalina. São

diques de composição básica (pórfiros dioritícos, pórfiros gabróicos, gabros

diabasicos) e acida alcalina (pórfiros sieníticos, pórfiros granossieniticos, pórfiros

graníticos) que ocorrem em relação directa com os maciços de Dombo Andala e Saia.

Ocorrem, essencialmente, na direcção NW, variando a sua extensão entre poucas

centenas de metros e 5 km. Os diques intrudem as rochas do Arcaico, Rifeano Inferior

e Médio e s rochas intrusivas dos maciços acima referidos.

Além disso, foram atribuídos às rochas idade os diques de rochas básicas (noritos,

gabro-noritos e, mais raramente, gabro-doleritos), extensamente distribuídos a oeste e

a noroeste do maciço do Cunene. Ocorrem, preferencialmente, numa direcção

submeridional ou NNW, sendo o seu modo de ocorrência quase sempre vertical, com

uma extensão da ordem dos 3-7 km ou mais e espessuras até 50-80 m. Apresentam

contactos intrusivos com as rochas do Arcaico e do Proterozóico Inferior. O limite

inferior de idade foi estabelecido partindo do facto de os noritos serem intrusivos nos

doleritos, enquanto o limite superior pode ser definido através de numerosas

determinações isotópicas dos noritos e gabros noriticos (método K-Ar) que se situam

no intervalo entre 664± 27 e 880± 34 m.a. (117, 119).

3.21.1.5. Intrusões Cretácicas

A par das intrusões do Proterozóico Tardio que se formaram na fase de plataforma, no

território de Angola encontram-se largamente desenvolvidos complexos magmáticos

de idade Mesozóica. Partindo das datações isotópicas existentes (80-120 m.a.), a

maioria dos autores atribui estes complexos ao Cretácico. Regra geral, localizam-se

dentro dos limites da estrutura transcontinental de Lucapa. Na área desta estrutura são

a 107
ANEXO CAPITULO III

conhecidos mais de 675 corpos quimberlíticos (78) e mais de 30 corpos de rochas

alcalinas, ultrabásicas alcalinas e carbonatitos (73). Os corpos quimberliticos

localizam-se, essencialmente, nas partes noroeste e central da estrutura de Lucapa

(escudo do Cassai, partes central e noroeste do escudo de Angola), enquanto os

maciços de rochas alcalinas, ultrabásicas alcalinas e carbonatitos se encontram,

essencialmente na sua parte sudoeste (escudo de Angola).

As rochas magmáticas de idade cretácicas que constituem as estruturas do tipo central

foram subdivididas, de acordo com as associações naturais que apresentam, nos

seguintes grupos:

 - Rochas híbridas que preenchem chaminés quimbrelíticas;

 - Sienitos nefelínicos, sienitos alcalinos, melteijitos, shonquinitos e outras

rochas alcalinas de composição básica;

 - Carbonatitos, sienitos nefelínicos, ijolitos, piroxenitos e outras rochas de

composição ultrabásico-alcalina.

3.21.1.5.1. Quimberlítos, Brechas Eruptivas e Tufos Quimberlíticos

As intrusões quimberlíticas localizam-se, regra geral, perto do cruzamento de dois

sistemas de falhas regionais. O primeiro é formado por falhas de direcção NE,

coincidentes com a orientação da estrutura transcontinental de Lucapa; o segundo, são

falhas de direcção NW, coincidentes com as falhas da bordadura da depressão do

Congo. A maior parte das ocorrências quimberlíticas localiza-se nas seguintes áreas

(Figura 5.3): I- Lunda, II- bacia dos rios Cacumbi, Cacuilo e Cuango, III- curso médio

do Cuanza, IV- curso superior dos rios Cunene, Cuvo ou Queve e Catumbela.

a 108
ANEXO CAPITULO III

A área I, mais bem estudada, situa-se no escudo do Cassai, nas bacias dos rios Chicapa

e Luachimo. Aqui foram detectadas cerca de 60 chaminés. As chaminés apresentam-se

com varias forma arredondada, elíptica ou muito alongadas, variando também as suas

dimensões de poucas dezenas até centenas de metros. As maiores atingem 900 × 900

(chaminé de catoca) e 3200 × 600 metros (Camafuca-Camazambo); o diâmetro das

chaminés vai diminuindo com a profundidade. Foram delimitadas na região os

seguintes campos de desenvolvimento (78): Camafuca-Camazambo (19 chaminés),

Camutué (12 chaminés), Camatchia (8 chaminés) e Catoca (14 chaminés).

O campo quimberlitico de Camafuca-Camazambo fica no vale do rio Chicapa, sendo o

seu cumprimento de 25 km e a largura de 4,5 km. As chaminés são constituídas por

rochas da fácies de Chaminé (quimberliticos, brechas eruptivas, tufobrechas) e de

cratera (tufos, tufitos, tufogrés). As chaminés de Camafuca-Camazambo e Nachitando

são diamantíferas.

O campo quimberlitico de Camatchia encontra-se também no vale do rio Chicapa, nas

proximidades da foz do seu afluente Luó. A maior chaminé, a da Camatchia (650 ×

450), é constituída por quimberliticos maciços e fracturados, tufos, tufitos e tufogrés.

As chaminés diamantíferas são as Camatchia, Camagico, Lunhinga-II.

O campo quimberlitico de Catoca situa-se também no vale do rio Chicapa, no extremo

sul da província da Lunda Norte. As suas 8 chaminés localizam-se numa área de 10 ×

0,4-2,2 km, de direcção submeridional. A chaminé de Catoca é a maior de todas e a

melhor estudada; a sua parte superior esteve em exploração durante muito tempo. É

constituída por rochas de fácies de cratera (tufos detríticos com clastos de dimensões

variadas e tufos argilosos) até uma profundidade apreciável (superior a 100 m).

a 109
ANEXO CAPITULO III

O campo quimberlitico de Camutué (17 × 6-0,4 km) situa-se no vale do rio Luachimo.

A maior chaminé é a de Camutué leste (680 × 340 m). As chaminés diamantíferas,

nomeadamente, a de Camutué oeste (500 × 220 m) e a Caixepa (320 × 100 m) são

constituídas, essencialmente, por rochas de fácies de chaminé (tufos).

Na área II (parte sudoeste do escudo do Cassai) são conhecidas 12 chaminés e um

dique quimberlitico. As chaminés foram mal estudadas. Têm uma forma arredondada,

sendo constituídas por quimberliticos e brechas eruptivas.

A área III encontra-se na parte nordeste do escudo de Angola. Aqui localizam-se 14

chaminés, constituídas por variedades maciças e vulvano-sedimentares quimberliticas.

As chaminés não foram estudadas.

Na área IV, situada também no escudo de Angola, mais para sul da área III,

conhecem-se mais de 20 pontos de magmatismo quimberlitico. A área é muito mal

conhecida.

3.21.1.5.2. Sienitos, Sienitos Nefelínicos, Shonquinitos, Melteijitos, Monzonitos,

Fonolítos

As rochas alcalinas deste grupo estão representadas por grandes intrusões multifásicas

do tipo central. Como já foi atrás referido, na área do escudo de Angola estas

localizam-se, essencialmente, na estrutura transcontinental de Lucapa (Figura 5.3),

tendo sido, contudo, alguns corpos cartografados fora dos seus limites (Calucala,

Quilungo, Zenza do Itombe). As intrusões apresentam-se, normalmente, sob a forma

anelar, variando os seus diâmetros de poucos até 10 ou mais quilómetros (Canata,

Lutala). Os maciços foram mal estudados. De acordo com os dados disponíveis

a 110
ANEXO CAPITULO III

(72, 73,94), fazem parte da sua constituição rochas alcalinas de composição ácida e

média. A relação dos maciços de rochas deste tipo e as suas variedades petrográficas

apresentam-se no quadro 5.5.

Figura 5.3.Localização dos maciços de rochas magmáticas de idade cretácica.


1-Rochas alcalina de composição média e básica (quadro 5.5); 2-Rochas ultrabásica carbonatíticas
(quadro 5.6); 3-Areas de magmatismo quimberlítico, acompanhada dos respectivos números:I-Lunda;
II-bacia dos rios Cacumbi, Cuilo e Cuango;III-curso médio do rio Cuanza; IV-nascentes do rio Cunene,
Queve e Catumbela.

a 111
ANEXO CAPITULO III

O maior maciço, o de Lutala, situa-se no extremo oeste do escudo (interflúvios dos

rios Mamue e Cimo), perto do cruzamento das falhas de direcção NNE e WNW. Tem

uma forma arredondada, com cerca de 16 km de diâmetro, sendo constituído,

principalmente, por sienitos nefelínicos, sienitos e pórfiros sieniticos; dentro dos seus

limites distinguem-se sienitos da zona interior e exterior. Juntamente com as

estruturas-satélites (Chitucubero, Nejojo, Chiuerinde, Chai, Chacoa, Lunde), ocupa

uma área de cerca de 450 Km² (94).

Quadro 5.5..Maciço de rochas alcalinas de composição básica e média de idade cretácica

O maciço de Canata localiza-se na parte nordeste do escudo de Angola, a 15 km para

sudeste da povoação de Andulo, também relacionado com a intersecção das falhas de

direcção NE, NW e W-E. É de forma arredondada, com diâmetro entre 10 e 12 km. A

parte central (da chaminé) é constituída por depósitos recentes; as rochas encaixantes

mostram-se fenitizadas. A parte exposta é constituída, principalmente, por sienitos

a 112
ANEXO CAPITULO III

nefelínicos, sienitos alcalinos e tufos. Nas rochas constituintes da estrutura, assim

como nos fenitos, é observada disseminação de apatite e magnetite, bem como

manifestações de mineralização em tório e terras raras.

3.21.1.5.3.Carbonatitos, Sienitos Nefelínicos, Ijolítos, Piroxenitos

As rochas intrusivas desta unidade constituem intrusões multifásicas do tipo central.

Até à data, no território de Angola foram detectados 14 maciços deste tipo. De igual

modo aos maciços de rochas alcalinas anteriormente descritas, localizam-se no escudo

de Angola, dentro dos limites da zona transcontinental de Lucapa (Figura 5.3). Os

maciços foram insuficientemente estudados (73). A relação dos maciços de rochas

ultrabásicas alcalinas e carbonatitos, assim como das suas rochas constituintes

apresentam-se no quadro 5.6.

As dimensões das estruturas em referência variam de 2-4 a 100 Km² (Tchivira,

Bailundo, Catanda). Conforme o modo de ocorrência dos carbonatitos, são

subdivididos nos seguintes tipos:

 -Anelares ou constituídas por arcos dispersos carbonatitos, enriquecidos em rochas

feldspatoides, intensamente silicíficadas (Tchivira, Coola);

 -Rolhões (sob a forma de “plugs”) carbonatitos tronco-cónicos com muitas brechas

fejdspaticas tanto nas zonas periféricas da estrutura como no seu centro (Bonga,

Virulundo);

 -Anelares, com grandes zonas de rochas fenitizadas, no interior das quais se

localizam carbonatitos (Bailundo);

a 113
ANEXO CAPITULO III

 -Pequenos afloramentos de rochas alcalinas e carbonatitos de distribuição

desordenada (Monte Verde);

 -Brechas carbonatíticas com silicificação intensa (Longonjo);

 -Lavas carbonatíticas e piroclastos dispondo-se em camadas (Catanda);

 -Filões carbonatíticos alinhados ou em arco (Capuia, Lupongola).

Tchivira a maior estrutura anelar, de cerca de 100 Km², fica situada a 80 km para NNE

da cidade do Lubango, sobressaindo do relevo a mais de 1200 m. É constituída por

sienitos nefelínicos (em predominância), ijolitos, urtitos, melteijitos, carbonatitos,

gabros, e sienitos quartzitos. Os granitóides encaixantes mostram-se fenitizados. - Nas

áreas periféricas da estrutura e nos fenitos observa-se, localmente, disseminação de

fluorite, barite e apatite; as rochas intrusivas contêm, acessoriamente, pirocloro,

zircão, monazite e magnetite, aparecendo esta às vezes em quantidades elevadas.

Quadro 5.6.Maciço das rochas ultra-básicas alcalina e/ou carbonatitos.


Segundo F.E Lapido-Loureiro,”Carbonatitos de Angola” (1973).

a 114
ANEXO CAPITULO III

Bailundo uma estrutura anelar de cerca de 64 Km², encontra-se a NE da povoação com

o mesmo nome, estando associada à zona de falhas de direcção NE e W-E. Uma

grande parte apresenta-se encoberta por depósitos de vertente e aluviões com

espessuras oscilando entre 8 e 30 m. O centro da estrutura é constituído por

carbonatitos de composição variável, sendo as partes periféricas formadas por fenitos e

rochas feldspatoides. Os granitoides encaixantes mostram-se também fenitizados. Nos

carbonatitos aparecem localmente magnetite, apatite, barite e pirocloro disseminados.

Catanda, uma das maiores estruturas anelares (com cerca de 77 Km²), fica a 4 km a

NW da povoação com o mesmo nome, estando associada às falhas de direcção NW e

W-E. É composta de 11 crateras pouco distanciadas, sendo constituída por rochas

extrusivas de composição carbonatitica (lavas, tufos, brechas). A maior parte da

estrutura apresenta-se encoberta por aluviões com mais de 10 m de espessura.

3.21.1.5.4.Diques e Rochas Alcalinas

Foram englobados nesta unidade os diques de rochas relacionadas tanto no espaço

como geneticamente com as rochas alcalinas magmáticas de idade Cretácica. Os

diques de rochas alcalinas foram detectados, em quantidades consideráveis, nas áreas

adjacentes às estruturas de Lutala, Tchivira, Bonga e Zenza do Itombe. Os diques e

filões apresentam orientações diversas: N-S, NNW, NNE, e W-E. A sua espessura

varia de poucos metros a alguma dezenas de metros, com extensão de vários

quilómetros. São constituídos por traquitos, fonólitos, tinguaitos, furchitos, e

Pórfiros sieníticos. A idade isotópica dos fonolitos colhidos na área de Quilengues,

determinada pelo método K-Ar, oscila entre 82 ± 3 e 87 ± 11 m.a. (118).

3.21.2.Rochas Magmáticas Indiferenciadas do Cretácico-Paleogénico

a 115
ANEXO CAPITULO III

As referidas rochas magmáticas ocorrem na zona periférica oeste do escudo de Angola

e na depressão Perioceânica. Anteriormente, foram individualizadas como complexo

vulcânico da Jamba Calungo. A sua idade situa-se no intervalo entre o Jurássico

Tardio e o Miocénico e, possivelmente, Pliocénico (9, 10).

Pela sua composição, são subdivididas em dois grupos;

 -Rochas efusivas e intrusivas básicas (fase precoce);

 -Rochas efusivas ácidas e alcalinas (fase tardia).

As rochas em consideração estão também acompanhadas por diques e filões de rochas

de composição ácida, média e básica.

3.21.2.1. Basaltos, Doleritos, Espilitos, Traquiandesito-Basaltos, Latitos,

Traquitos, Tefritos

As rochas efusivas e intrusivas de composição básica foram identificadas nos

depósitos sedimentares da Depressão Perioceânica, nas zonas de Moçâmedes (a 50 km

para norte da cidade do Namibe) e Cuanza (nas proximidades da cidade do Sumbe).

Assentam sobre as rochas do Pré-câmbrico, sendo encobertas por depósitos do

Cretácico Inferior (formações Cuvo e Binga) ou aparecem alterando com

conglomerados e grés do Cretácico Inferior. Estão representadas por basaltos

tranquiandesitos, latitos, traquitos, tefritos, basanitos e basanitoides.

3.21.2.2. Pórfiros Graníticos, Riolítos

Ocorrem nas mesmas áreas onde se localizam as rochas acima descritas. Fazem

também parte deste grupo pórfiros sieníticos e rochas silicificadas.

a 116
ANEXO CAPITULO III

3.21.2.3. Diques

Os diques e filões de rochas de composição ácida aparecem, essencialmente, nas áreas

de desenvolvimento de rochas magmáticas de Cretácico-Paleogénico, sendo

constituídos por riolitos d composição calco-alcalina e pórfiros graníticos.

Os filões de rochas de composição média localizam-se a sudeste da cidade do Sumbe,

onde ocorrem entre as rochas vulcânicas do complexo da Jamba Calungo e rochas

metamórficas e ultrametamórficas do grupo superior do Arcaico Inferior, sendo

constituídos por andesitos quartzicos.

Os diques de rochas de composição básica encontram-se tanto na área do complexo

vulcânico da Jamba Calungo, como bastante distanciados deste. São constituídos por

basaltos e doleritos. As determinações isotópicas pelo método K-Ar (área da povoação

de Quilengues) fornecem idades de 111 ± 11 m.a. para os basaltos, e 132 ± 13 m.a.,

para os doleritos (118, 143).

3.21.3 Diques e Filões de Rochas de Composição Alcalina, Ácida, Média e Básica;

Filões de Quartzo de Idade não Definida

Foram englobadas neste grupo de diques e rochas filonianas as rochas cuja idade não

chegou a ser determinada. O seu desenvolvimento assinala-se, essencialmente, nas

áreas de bordadura dos escudos do Maiombe e de Angola.

Os diques e filões de rochas de composição alcalina têm grande representação na área

de contacto dos escudos acima referidos e na parte oeste do escudo de Angola. A

maior quantidade foi localizada no vale do rio Luinha, a oeste da povoação de

Golungo Alto. Estão orientados, na sua maioria, em direcção submeridional ou

a 117
ANEXO CAPITULO III

sublatitudinal, sendo constituídos, principalmente, por pórfiros leucossieníticos e

pórfiros sieníticos quartzosos. Na parte oeste do escudo de Angola, foram

identificados na área que fica entre as estruturas do tipo central de Lutala e da

Tchivira. Os diques e filões apresentam-se orientados, regra geral, em direcção NNE e

WNW, estando representados por traquitos e fonólitos. Conforme o modo de jazida e

das características petrográficas, as rochas em consideração são correlacionáveis com

as rochas magmáticas de idade Cretácica.

Os diques e filões de rochas ácidas desenvolvem-se, principalmente, na parte oeste do

escudo de Angola, entre as rochas metamórficas e ultrametamórficas do Arcaico. São

de extensão relativamente pequena, apresentando-se orientados em direcções variadas;

submeridion, sublatitudinal, NW, NNE e NNW. São constituídos, essencialmente, por

granitos aplíticos, aplitos, pegmatitos, microgranitos, pórfiros graníticos e, segundo

parece, fazem parte dos complexos filonianos de rochas ácidas magmáticas do Arcaico

Tardio e do Proterozóico Precoce.

Os diques e filões de rochas de composição média localizam-se nas mesmas áreas em

que ocorrem rochas de composição ácida acima referidas, com a mesma orientação, só

que aparecem com menor frequência. São constituídos por dioritos quartzicos,

dioritos, microdioritos e pórfiros dioriticos. A sua formação deve ser segundo parece,

relacionada com processos de instalação dos granitoides de Arcaico Tardio e das

rochas do complexo do Cunene.

Os diques de rochas básicas foram individualizados no extremo oeste do escudo de

Angola e na área do maciço do Cunene. Os diques, na sua maioria, apresentam-se

bastante extensos, sendo orientados em direcção aproximada N-S, W-E, NNW e

WNW. São constituídos, principalmente, por noritos e gabro-dioritos. Pelo modo de

a 118
ANEXO CAPITULO III

jazida e composição petrografica, é de supor que este grupo de diques esteja

geneticamente relacionado com as intrusões do Proterozóico Precoce e Tardio.

Os filões de quartzo, aparecem nas rochas cristalinas do embasamento, sendo,

contudo, mais característicos para a bordadura do escudo de Angola, onde se

localizam, normalmente, na área de contacto das rochas metamórficas do Arcaico

Superior com os granitos do Arcaico Tardio. Os maiores corpos foram detectados a 40

km para leste da cidade do Sumbe (jazigo de Pocariça), no interflúvios dos rios

Mamue e Chiango e no vale do rio Chanhanga, a 40 km para nordeste da povoação de

Quipungo. A espessura dos filões varia entre poucos metros e 35-40 m, sendo a sua

extensão de algumas centenas de metros até 2 km. Os filões têm varias direcções

submeridional, sublatitudinal, NW e NE. A inclinação é, na maioria dos casos,

abrupta, aparecendo, contudo, também alguns filões bastante espessos com inclinação

suave.

O quartzo nos filões é translúcido, fumado, avermelhado ou leitoso. Em alguns filões

de maior possança podem às vezes aparecer macias de cristal de rochas.

Os filões de quartzo podem ser subdivididos nos seguintes tipos paragenéticos:

 - Filões monominerais de quartzo (área da cidade do Sumbe, interflúvios de

Mamue e Chiango);

 - Filões de quartzo com hematite;

 - Filões de quartzo com disseminação de pirite, arsenopirite e ouro (áreas de

Cassinga, Chipindo, Canhanga);

 - Filões de quartzo com disseminação de wolframine, cassiterite e molibdenite;

a 119
ANEXO CAPITULO III

 - Filões de quartzo com bertrandite.

As associações mineralógicas referidas mostram que os filões de quartzo são de

diferente natureza genética e devem ter-se formado em diversas épocas da história

Geológica do território do país.

3.22. Tectónica

A divisão tectónica do território de Angola da plataforma Africana foi sucintamente

considerada no Cap. 3 da presente notícia explicativa. Os principais elementos

estruturais dos ciclos tectónicos de diversa idade estão indicados no esboço tectónico-

estrutural à escala 1: 5 000 000 situado na parte inferior direita desta carta Geológica.

No pequeno esquema à escala 1: 30 000 000, dentro deste esboço, estão representados

os afloramentos do soco cristalino (do embasamento ou seja do andar estrutural

inferior) da plataforma e da cobertura sedimentar (do andar estrutural superior) que

podem ser considerados como dois invólucros da crusta terrestre: granito-gnáissico e

sedimentar, respectivamente. As estruturas de índole regional que reflectem a estrutura

interna e os ciclos de formação do embasamento e da cobertura da plataforma, foram

definidas através dos elementos geométricos e com base nos dados da análise

Geológica preliminar. Os métodos utilizados na elaboração do esboço tectónico-

estrutural permitem representar, com bastante rigor, as grandes estruturas negativas

aflorantes à superfície terrestre, ou as suas relíquias (depressões, grabens, aulacógenos,

placas, etc.). A representação das estruturas positivas da mesma ordem foi muito

dificultada devido à sua constituição heterogenia; no entanto, os seus parâmetros e a

sua localização no espaço encontram-se apresentados nos esboços da fácies estruturais

nesta carta Geológica. Os complexos intrusivos e ultrametamórficas originados de

a 120
ANEXO CAPITULO III

rochas metamórficas, foram definidos com base nas suas características litológicas e

estão relacionados com os processos de ascensão da matéria das zonas profundas da

crusta terrestre. Estes complexos têm grande importância para a definição dos regimes

de instalação das estruturas dos diferentes ciclos. No esboço tectónico-estrutural estão

representados as falhas mais importantes, os limites convencionais das zonas de

activação, estruturas anelares e outros elementos. A caracterização das falhas

profundas e regionais apresenta-se num dos pontos do presente capitulo.

3.22.1.Estruturas Principais da Plataforma Africana (Território Angolano)

Na fase actual de conhecimentos sobre a Geologia de Angola, a estrutura da

plataforma em profundidade só pode ser definida a partir da localização da superfície

do embasamento. Dados precisos sobre a profundidade de ocorrência desta superfície

foram obtidos mediante métodos geofísicos e com base nos trabalhos de sondagem

realizadas na Depressão Perioceânica. Quanto à parte restante do território do país,

encoberto por depósitos de cobertura, a localização da superfície do embasamento só

pode ser definida a partir de deduções Geológicas. Não existem também dados sobre a

localização das superfícies de Conrad e de Mohorovicic. Por isso, apresentamos neste

capítulo apenas considerações sobre estruturas regionais.

3.22.2. Estruturas do Embasamento

As estruturas do embasamento formaram-se, principalmente, durante os ciclos

tectónicos Arcaico Precoce, Arcaico Tardio e Proterozóico Tardio de formação da

crusta continental. Como característica mais importante da constituição do

embasamento, é um largo desenvolvimento de rochas metamórficas (fácies granulitica

e anfibolitica), formadas em condições de alta temperatura, bem como rochas

a 121
ANEXO CAPITULO III

ultrametamórficas, intrusivas, vulcano-sedimentares e vulcânicas. Todos complexos

litologico-estruturais são considerados como estruturas como estruturas dobradas. Nos

ciclos Arcaico Precoce Arcaico Tardio formou-se uma possante camada

protometamorfica (crusta continental pré-existente), gerada em condições de

metamorfismo profundo e de granitização da camada de composição básica e do

invólucro sedimentar pré-existentes. A parte inferior (do Arcaico Precoce) da camada

protometamorfica é de composição homogénea e de desenvolvimento generalizado,

enquanto a parte superior (do Arcaico Tardio) é caracterizada por uma composição

heterogénea e desenvolvimento local. No ciclo Arcaico Tardio formaram-se também

cinturões de rochas verdes. O ciclo Proterozóico Precoce foi culminado com a

instalação da crusta continental de composição gnaisso-granitica.

3.22.2.1. Estruturas do Ciclo Arcaico Precoce de Formação da Parte Inferior da

Camada Protometamórfica

Esta parte da camada protometamorfica, com limite inferior não definido, tem,

provavelmente, um desenvolvimento contínuo em todo o território de Angola,

apresentando-se muitas vezes encoberta pela cobertura sedimentar.

As rochas metamórficas do Arcaico Inferior estão representadas por séries de rochas

de fácies granulitica (grupo inferior) e anfibolitica (grupo superior). Não se exclui a

hipótese que algumas rochas de fácies anfibolitica resultarem da acção de fenómenos

de metamorfismo retrógrado sobre os granulitos. As rochas ultrametamórficas estão

representadas pela série charnoquitico-enderbítica, plagiogranitíco-magmatica e

granítica, estando as rochas intrusivas representadas pela série gabródica

(metamorfizada).

a 122
ANEXO CAPITULO III

Para as rochas da parte inferior da camada protometamorfica são característicos

dobramentos profundos. Distinguem-se zonas com desenho estrutural não linear (em

forma de cúpula) e linear.

Predominam zonas com estruturas não lineares, condicionadas pelo desenvolvimento

de ovalóides gnaissicos e granito-gnaissicos de primeira fase. As maiores estruturas,

nomeadamente Dande, Andulo, Cuito (11) apresentam-se complicadas por numerosas

dobras anti e sinformes, com dimensões e orientações diversas.

Zonas de estruturas lineares com 20 a 60 km de largura e com 150 a 400 km de

comprimento foram definidas na parte norte do escudo do Maiombe e nas partes

nordeste, oeste e sudeste do escudo de Angola. No escudo do Maiombe, a orientação

dos dobramentos lineares é principalmente, NE. Na parte nordeste do escudo de

Angola (margem esquerda do rio Cuanza), os dobramentos apresentam-se orientados

segundo NW; na parte oeste (interflúvios dos rios Mamue e Cuvo) a orientação é NE,

e na parte sudeste (margem direita do rio Cunene), esta é NW. Nas áreas referidas

desenvolvem-se dobras assimétricas de forte inclinação e dobras isoclinais de diversas

amplitudes. A informação que se tem sobre a estrutura da parte inferior da camada

protometamorfica dos escudos do Cassai e do Bangwelo é extremamente escassa.

3.22.2.2. Estruturas do Ciclo Arcaico Tardio de Formação da Parte Superior da

Camada Protometamórfica e dos Cinturões de Rochas Verdes

É considerada como parte superior da camada protometamorfica a sequencia das

rochas metamórficas terrígeno-carbonatadas granitizadas do Arcaico Superior (fácies

anfibolitica) das partes oeste e sudeste do escudo de Angola, com metamorfismo de

baixas pressões (andaluzitico-silimanítico). O complexo litológico-estrutural do

a 123
ANEXO CAPITULO III

cinturão de rochas verdes, mais completo no escudo do Maiombe, é constituído pelas

seguintes sequencias (Matadi), xistos micáceos, anfibolitos e epidotitos, xistos

aluminosos, rochas efusivas básicas (gangila) e quartzitos e xistos negros (Tchela).

Na província de Cabinda, observa-se nitidamente no corte do complexo a sequencia de

rochas verdes. As rochas apresentam metamorfismo zonado. O metamorfismo é de

médias pressões (estaurolítico-silimanítico). Na parte sul do escudo de Angola, podem

ser correlacionadas com este complexo as rochas terrígenas fracamente

metamorfizadas, contendo corpos possantes de ortoanfibolitos (indicadas nesta carta

Geológica como zonas de metamorfismo retrógrada), derivados de soleiras de

gabroides e diabases. Contudo, não possuindo dados seguros para estabelecer tal

correlação, as estruturas da camada protometamorfica e dos cinturões de rochas verdes

das partes oeste e sudeste do escudo de Angola representam-se indiferenciados no

esboço tectónico-estrutural. Dada a escassez da informação existente, estas estruturas

não foram também diferenciadas nos escudos de Cassai e Bangwelo.

Rochas ultrametamórficas da série diorito-granodiorito-granitica ocupam um lugar

especial nas sequências do Arcaico Tardio. Granitizam a sequencia terrígeno-

carbonatadas do Arcaico Tardio nas partes oeste e sudeste do escudo de Angola e têm

larga representação na parte inferior da camada protometamorfica, substituindo-a em

áreas consideráveis em grandes estruturas positivas (cartões pré-existentes).

Deste modo, distinguem-se três tipos de grandes estruturas do ciclo Arcaico Tardio:

1. Blocos sólidos soerguidos, constituídos por rochas da parte inferior da camada

protometamorfica, regra geral, intensamente retalhadas pelos efeitos tectono-térmicos;

2. Cinturões de rochas verdes;

a 124
ANEXO CAPITULO III

3. Depressões constituídas por rochas terrígeno-carbonatadas granitizadas fortemente

metamorfizada e, possivelmente, por sequencias de rochas, na parte superior.

Para blocos soerguidos são características cúpulas gnaisso-graníticas e graníticas de

segunda fase com 10 a 50 km no diâmetro. A sua estrutura interna é desconhecida.

Os cinturões de rochas verdes apresentam-se sob a forma de estruturas lineares e

branquiformes de diversa orientação, frequentemente complicados por carreamentos e

falhas submeridionais de forte inclinação (75º-90º), acompanhadas às vezes de brechas

e milonitos silicificados (66). Os dobramentos apresentam-se às vezes dispostos

transversalmente uns em relação aos outros, complicados por dobras de segunda

ordem.

As sequências metamorfizadas do Arcaico Superior que constituem depressões

terrígeno-carbonatadas, formam um conjunto de estruturas verticais ou fortemente

inclinadas, geralmente lineares, muitas vezes em arco. Os dobramentos da parte

sudeste do escudo de Angola têm direcção NW (bacia do rio Cunene), apresentando-se

na parte oeste orientados segundo W-E e NW (bacia do rio Cubal) e NE (interflúvios

dos rios Mamue e Carunjamba).

3.22.2.3. Estruturas do Ciclo Proterozóico Precoce de Formação da Crusta

Continental

As estruturas deste ciclo estão representadas por “troughs” estreitos de rochas verdes

(protorift), depressões e arqueamentos extensos. São consideradas como “troughs” de

rochas verdes as estruturas que foram geradas em resultado da destruição da crusta

pré-existente (da camada protometamorfica) – a zona de Cassinga e, possivelmente, a

parte norte da zona de Lucifo-Cabinda. Estão representadas por grabens profundos

a 125
ANEXO CAPITULO III

preenchidos por uma sequência possante de rochas vulcânicas e sedimentares. A parte

sul da zona de Lucifo-Cabinda é considerada como a encosta oeste relativamente

suave.

Na zona de Cassinga, assinala-se a seguinte série vertical de associações de rochas das

fases precoce e media da evolução do “trough” (grupos Jamba e Cuandja): xisto-

grauvacóide, espilítico-diabasica, dacito-felsito-xisto-itabirítica, xisto-quartzítica e

greso-conglomerática. O complexo protorogenico da fase tardia (grupo Bale) esta

representado pelas séries quartzito-conglomeratica, xistos variegados e greso-siltítica.

Os complexos magmáticos da zona de Cassinga estão representados por rochas

intrusivas e vulcano-plutónicas da fase final (tardi-orogenica) de formação da crusta

continental. Na parte oeste está situado o grande maciço do Cunene (uma estrutura

anelar) constituído por rochas das séries peridotito-piroxenítico-norítica, gabro-

anortosítica e rapaquivi-granitica. Na parte central da zona desenvolvem-se,

essencialmente, as intrusões de granitos alaskíticos e corpos porfiros graníticos do

complexo vulcano-plutonico, bem como mantos de riolitos, dacitos e tufos, largamente

representados na parte Este (área de Menongue). As sequências vulcano-sedimentares

da zona de Cassinga formam um conjunto de dobramentos situados entre cúpulas de

granitoides leucocraticos. Na parte inferior (grupos Jamba e Cuandja), desenvolvem-se

grandes dobras invertidas, enquanto na parte superior (grupo Bale) as dobras se

apresentam suaves e assimétricas. Os horizontes itabiriticos do grupo Jamba mostram-

se enrugados em dobras “caóticas” e desharmonicas de diversa orientação, verticais ou

fortemente inclinadas, cuja formação se deve, provavelmente, a deslizamento

gravitacional (68).

a 126
ANEXO CAPITULO III

A zona do Lucifo-Cabinda é constituída por rochas sedimentares e vulcano-

sedimentares. Os complexos intrusivos estão representados por granitos alaskíticos.

Na parte norte da zona desenvolvem-se dobras assimétricas lineares com forte

inclinação, monoclinais inclinados e cúpulas graníticas. As sequências sedimentardes

da parte sul apresenta-se enrugadas em sinclinais e anticlinais articuladas numa

estrutura sinclinória.

Os arqueamentos regionais localizam-se nas áreas com regime tectónico próximo do

orogénico. As elevações são caracterizadas por uma cobertura descontínua pouco

espessa de depósitos sedimentares, uma constituição heterogenia (estão presentes

rochas arcaicas) e um intenso retrabalhamento tectónico-termico dos complexos

litológico-estruturais antigos. O arqueamento dos escudos do Maiombe e de Angola é

considerado como tectonotipo das estruturas em consideração. As rochas sedimentares

estão representadas pelas séries conglomeratica, xistosa, greso-quartzitica,

conglomerado-quartzitico-grauvacoide e itabiritica do grupo Oendolongo. Os

complexos intrusivos estão representados pelas séries granítica, alaskítica, gabroidica,

basalto-andesitico-riolitica, quimberlitica, granitos leucocraticos e diques. A fase

magmática de formação da crusta continental culminou com a instalação do complexo

vulcano-plutonico de porfiros graníticos, riolitos, dacitos, andesitos e seus tufos.

Fazem parte dos arqueamentos regionais cúpulas de génese magmática e metamórfica

de terceira fase, estruturas vulcano-Plutónicas do tipo central, estruturas lineares e de

forma complexa, preenchidas por rochas magmáticas, dobras intercupulares,

depressões e grabens lineares nos blocos sólidos. Para os “troughs” de rochas verdes e

depressões são característicos fenómenos repetitivos de dobramentos e falhas.

a 127
ANEXO CAPITULO III

3.22.3. Estruturas dos Ciclos de Formação de Cobertura Sedimentar e das Zonas

de Activação da Plataforma

As estruturas de cobertura sedimentar da plataforma e das zonas de activação

formaram-se nos ciclos Proterozóico Tardio, Proterozóico Tardio e Meso-Cenozoico.

3.22.3.1. Estrutura do Ciclo Proterozóico Tardio

Normalmente, na formação das estruturas do Proterozóico Tardio da Africa Austral

são distinguidos dois ciclos: Kibariano e Katanguiano. De acordo com a informação

existente, as rochas que se formaram durante estes ciclos não podem ser

individualizadas separadamente. As grandes estruturas do Proterozóico Tardio estão

representadas pelo horst do Cuanza, escudos, placas, o aulacogeno do Congo

Ocidental e a depressão riftogénica do Lutete. Na área dos escudos, as rochas do

Proterozóico Superior não se observam. Os complexos da plataforma de diversas

estruturas e de diversas zonas de fácies estruturais diferem entre si pelas séries

litologicas constituintes. A série vertical mais completa está representada no

aulacógeno do Congo Ocidental. Aqui distinguem-se depósitos terrígenos e terrígeno-

carbonatados acinzentados de plataforma, de origem marinha (grupos terceiro e Alto-

Chiloango), essencialmente carbonatados (grupo Xisto-calcário), das fases precoces e

media, e depósitos molassoides avermelhados (grupo xisto-gresoso), da fase orogénica

do desenvolvimento do referido aulacógeno. A depressão riftogenica do Lutete é

constituída por depósitos carbonatados (grupo Xisto-calcário). A placa do Congo é,

predominantemente, constituída por depósitos molassoides (zona do Lucala) e séries

de rochas (tiloides, calcários e argilitos) que correspondem às séries litologicas do

aulacogeno do Congo Ocidental no seu conjunto, mas com espessuras incompletas

(zona do alto Zambeze). Na placa de Okavango, desenvolvem-se duas séries rochas:

a 128
ANEXO CAPITULO III

tufito-siltito-quartzitica (humpata) com o horizonte de quartzitos na base, e rochas

dolomíticas (Leba). As referidas séries caracterizam as fases precoces e media de

formação da cobertura sedimentar Pré-câmbricas da plataforma.

As rochas do Proterozóico Tardio sofreram duas fases de dobramentos: a primeira,

provocada pela activação tectono-magmatica da plataforma do Rifeano Tardio,

acompanhada de magmatismo

Básico (trappeano) e alcalino-granitoide; e a segunda, condicionada pela activação

tectónica, ocorrida no limite entre o Proterozóico Tardio e o paleozóico.

Apresenta-se mais abaixo a caracterização das estruturas do ciclo Proterozóico Tardio.

3.22.3.1.1.Escudos. Horst do Cuanza

As grandes saliências do embasamento, chamados escudos (de Angola, do Maiombe,

do cassai e do Bangweulo) e o horst do Cuanza, formados durante o ciclo Proterozóico

Tardio, apresentam-se encobertos em grande parte por depósitos mais recentes do

Fanerozóico. A superfície dos escudos do Proterozóico Tardio que constituíam áreas

de formação da crusta e de denudação do material detrítico, foi calculada com base na

restituição aproximada do ambiente Paleogeográfico, de 440 000 Km²; o escudo do

Maiombe, de 120 000 Km²; o escudo do Cassai, de 150 000 Km² e de Bangweulo, de

90 000 Km². O horst do cuanza, com cerca de 300 km de comprimento e com 25 a 50

km de largura, é uma elevação linear latitudinal do embasamento, limitada a norte e a

sul por falhas profundas. Esta estrutura consedimentar foi encoberta, em vários

a 129
ANEXO CAPITULO III

períodos do ciclo Proterozóico Tardio, por uma cobertura pouco espessa de depósitos

sedimentares. O levantamento do bloco do embasamento atingiu a sua amplitude

máxima na fase final, isto é, orogenia, do ciclo Proterozóico Tardio.

3.22.3.1.2.Aulacógeno do Congo Ocidental

O aulacogeno do Congo Ocidental é observado, no território de Angola, por uns 400

km (com 50 a 100 km de largura). Pelas características morfológicas e estruturas que

apresentam, destacam-se nesta estrutura duas zonas de dobramentos: dobras lineares

de orientação paralela (partes norte e sul do aulacogeno) e dobras de orientação

diversa (parte central). Na zona de dobramentos paralelos observam-se vários

anticlinais e sinclinais lineares, complicados nos flancos por dobras de maior

envergadura. A intensidade de dobramentos aumenta de leste para oeste. A leste, são

dobras assimétricas inclinadas e inversas, abertas e isoclinais. Os seus flancos orientais

são mais abruptos, muitas vezes encurvados. Os parâmetros das dobras são indicados

no quadro 6. Para a parte oeste do aulacogeno são característicos os cavalgamentos

nos flancos muito inclinados e inversos dos anticlinais. A zona de dobras lineares é

caracterizada por uma clivagem paralela às superfícies axiais das dobras. A clivagem

inclina 40º- 80º para oeste e sudeste. A sua intensidade aumenta para sudeste e para

baixo no corte (111, 129, 132). A zona de dobramentos de orientação diversa está

representada por dobras lineares de direcção NE e NW e estruturas branquiformes

orientadas segundo NE. As dobras são assimétricas, normais, abertas (quadro 6).

Admite-se que as dobras de direcção NE são posteriores, estando relacionadas com o

avanço da elevação consedimentar do M`Bridge por um lado e, por outro, com o

processamento de deformações no nordeste. A configuração das dobras na parte sul do

aulacogeno relaciona-se com uma activação posterior das falhas profundas latitudinais.

a 130
ANEXO CAPITULO III

Os acidentes tectónicos estão representados por cavalgamentos, cisalhamentos, falhas

inversas e diáclases de direcção NE, NW e N-S (Figura 6).

3.22.3.1.3.Depressão Riftogénica de Lutete

A depressão riftogenica de Lutete é uma estreita estrutura linear em graben. O seu

talude sul está encoberto por sequências sub-horizontais mais recentes do grupo Xisto-

Gresoso. A estrutura da depressão é caracterizada por dobras abruptas, complicadas

por numerosas falhas longitudinais, transversais e diagonais, acompanhadas muitas

vezes de zonas de dobramentos de segunda ordem.

3.22.3.1.4.Placa de Okavango

A placa Pré-câmbrica de Okavango está representada por uma sinéclise de direcção

meridional, constituída por estruturas suaves em cúpula ou em “mulde”. Os seus

parâmetros apresentam-se no quadro 6.

3.22.3.1.5.Placa do Congo

Os depósitos da placa do Congo apresentam-se, essencialmente, horizontais e sub-

horizontais. A nordeste, no contacto com o aulacogeno do Congo Ocidental (zona de

Lucala), assinala-se uma área com dobras abertas lineares, associadas às falhas de

orientação NW, com superfícies axiais subverticais (quadro 6). A intensidade de

dobramento diminui para leste e sul do contacto com o referido aulacogeno,

assumindo as camadas ocorrência horizontais. A informação que existe sobre a

estrutura da zona do Alto Zambeze é extremamente escassa. Localmente, podem ser

definidas dobras de orientação NE.

a 131
ANEXO CAPITULO III

Quadro 6.Característica das estruturas do Proterozóico Tardio da cobertura da plataforma.

a 132
ANEXO CAPITULO III

Figura 6.Esboço da tectónica de falhas de Angola.


1-Zonas de falhas profundas delimitando a Depressão Periocêanica (Pericêanica 1); 2-Zonas de falhas
profundas delimitando elementos tectónicos de pataforma (Maiombe-2, Cassanje Sul-3, Cassanje leste-
4, Cuanza Norte-5, Cuanza Sul-6, separando blocos hipotéticos da crusta continental e oceânica-7); 3-
Zona de hipotéticas falhas transformes (norte-8, Central-9, Sul-10); 4-Falhas regionais possivelmente
transcrustrais; 5-Pequenas falhas intracrustrais; 6-limites inferidos da estrutura transcontinental de
Lucapa; 7-Tipos cinemáticos de falhas:carreamentos (a) falhas normais (b) e falhas inversas (c); 8-
orientação dos movimentos pelos rejeitos (a) e de tensões tectónicas horizontais (b); 9-diagrama em
estrela de falhas nos escudos : Maiombe (I), Angola (II), Cassai (III), Bangwelo (IV); no aulácógeno do
Congo Ocidental (V); na placa de plataforma (VI).

a 133
ANEXO CAPITULO III

3.22.3.1.6.Zonas de Activação Tectono-Magmática da Plataforma do Rifeano

Tardio

Zonas de activação tectono-magmática foram definidas na parte norte do escudo do

Maiombe, no horst do Cuanza, na depressão de Lutete e na placa Pré-câmbrica de

Okavango.

No escudo do Maiombe, localiza-se uma zona de direcção submeridional com 35 a 50

km de largura e 170 km de comprimento, com manifestações de magmatismo alcalino

do Rifeano Tardio (granitos alcalinos e hiperalcalinos e sienitos). A zona de activação

tectono-magmatica, localizada no contacto de horst do Cuanza com a depressão de

Lutete, é de direcção latitudinal, sendo a sua largura cerca de 25 km e o comprimento

cerca de 100 km. É constituída por rochas intrusivas de composição alcalina e básica

(gabros). Na placa de Okavango, uma zona submeridional com cerca de 200 km de

comprimento e cerca de 50 km de largura, controla a localização das soleiras e dos

diques de composição básica (doleritos) do Rifeano Tardio.

3.22.4. Estruturas do Cíclo Paleozóico Tardio

O graben de Cassanje é a maior estrutura negativa deste ciclo. É uma estrutura em arco

que se estende por uns 600 km com largura de 100 a 200 km. É constituída por um

complexo pouco possante de rochas essencialmente terrigenas não dobradas,

representada pelas séries calcário-argilitico-gresosa de cores variegadas (grupo

Cassange) e argilito-gresoso-conglomeratica avermelhada (grupo Luôe), encobertas

nas partes periféricas por depósitos mais recentes do ciclo Meso-Cenozoico. A

estrutura interna do graben é desconhecida. As pequenas depressões no escudo do

Cassai (zona da Lunda) e na placa de Okavango (zona do baixo Cunene),

a 134
ANEXO CAPITULO III

Provenientes de fenómenos de erosão e acumulação, são constituídas por rochas

terrigenas de origem continental, não dobradas. Vastos territórios que rodeiam as

estruturas negativas constituíam, no Paleozóico Tardio, elevações (filocratões) que

eram áreas de formação da crusta.

3.22.5. Estruturas do Cíclo Meso-Cenozóico

A formação das estruturas do referido ciclo está relacionada com fenómenos que

actuaram em profundidade, tendo condicionado o afastamento das placas litofesricas

dos continentes Africano e da América do Sul e a formação do Oceano Atlântico. Nas

fases precoce do ciclo, as depressões lineares locais da parte leste de Angola foram

preenchidas pelo complexo vulcano-sedimentar epicontinental (continental), do qual

fazem parte as séries siltito-calcario-gresoso-conglomeratica e espilito-basaltico-

andesitica (grupo Strombreg, zonas do Alto Zambeze e Dirico). Durante as fases

posteriores, formaram-se varias depressões continentais do Congo e de Okavango,

constituídas por depósitos terrigenos avermelhados ou variegados, essencialmente

detríticos, de origem continental (formações continental intercalar, Kwango, Calonda,

grupo de Kalahari). Na bordadura passiva do continente formou-se a Depressão

Perioceânica. As depressões intracontinentais e a Depressão Perioceânica estavam

separadas por elevações continentais (filocratões).

As estruturas de activação tectono-magmatica estão representadas por zonas de

complexos vulcano-plutónicos de idade Mesozóico e Meso-Cenozoica.

3.22.5.1. Estruturas da Placa da Plataforma

As estruturas da placa da plataforma compreendem as depressões intracontinentais do

Congo e de Okavango.

a 135
ANEXO CAPITULO III

3.22.5.1.1.Depressão de Okavango

A depressão continental de Okavango ocupa uma vasta área entre os escudos de

Angola e do Bangweulo. É constituída por depósitos do Jurássico Superior-Cretácico,

encobertos na sua maior parte por depósitos Neogénicos. A espessura máxima da

cobertura sedimentar atinge 3 km nas partes sul e leste da Depressão. Na sua parte

central encontra-se uma elevação Pré-eocénica.

3.22.5.1.2.Depressão do Congo

A depressão continental do Congo está situada na parte norte do território do país,

entre o escudo do Maiombe e do Cassai. É constituída por depósitos do Cretácico

Superior e do Cenozóico que ocorrem horizontalmente ou com uma ligeira inclinação

em direcção a nordeste e leste. A profundidade máxima é cerca de 400-500 m na sua

parte norte, perto da zona axial do graben de Cassanje.

3.22.5.2. Depressão Perioceânica

A Depressão Perioceânica estende-se ao longo do litoral do país por mais de 1000 km.

A leste, contacta com os escudos de Angola e do Maiombe através duma falha

profunda. Na depressão distinguem-se estruturas geradas na crusta do tipo continental

e oceânico. A fossa abissal “Ancestral Rift”, situada na parte sudoeste da Depressão, é

constituída por uma estrutura gerada na crusta oceânica.

De acordo com os dados geológico-Geofisico, o embasamento precâmbrico das

estruturas que se formaram na crusta continental é constituído por blocos de varias

dimensões, separados por um sistema de falhas longitudinais e transversais. Os

movimentos de diversas amplitudes que actuaram nestas falhas, oscilando entre 1-2 e

a 136
ANEXO CAPITULO III

4-5 km, deram origem a um conjunto de estruturas em horst e graben. O maior

afundamento do embasamento é assinalado nas zonas do Cuanza e de Namibe,

enquanto as menores profundidades se verificam na zona de Cabinda-Congo. Tal

relevo do embasamento condicionou uma alternância de elevações com cobertura

Meso-Cenozoica (depósitos terrígenos e carbonatados) e de depressões preenchidas

essencialmente por depósitos Cenozoicos. O seu plano estrutural corresponde,

globalmente, à direcção das formações Geológicas do litoral moderno. A sua estrutura

interna pode ser observada nos cortes Geológicos. Os depósitos sedimentares formam

dobras simétricas lineares, branquiformes e cupilformes, frequentemente complicadas

por falhas, acompanhadas por vezes de zonas de dobramentos. A direcção geral destas

estruturas é concordante com a orientação dominante dos blocos do embasamento,

sendo NW na parte norte da depressão e NNE, a sul do rio Cuanza.

Na parte oeste da Depressão Perioceânca localizam-se numerosas estruturas diapíricas,

representados por domos salinos acompanhados de dobras e falhas. De acordo com os

Geólogos da JEBCO, são conhecidas nesta área (7º 40´- 13º lat. Sul) mais de 500

domos salinos. Em menor extensão, as estruturas da tectónica de sal estão também

desenvolvidas em outras áreas da Depressão. Em planta, os domos salinos representam

formas ovais ou arredondadas, com superfícies variando de alguns a 400 Km². A

espessura de sal nos núcleos oscila entre algumas centenas de metros (zona de

Cabinda-congo) e 2-2,5 km (zona do Cuanza). Entre as estruturas de sal distinguem-

se, pelas suas características morfológicas, os abaulamentos (almofadas) e estruturas

diapíricas salinas de formas variadas. Estas aparecem às vezes em zonas ou campos.

São, regra geral, fechadas, com núcleo de sal ocorrendo a 800-2800 m de

profundidade. No litoral da parte central da zona do Cuanza localizam-se diapiros

a 137
ANEXO CAPITULO III

aflorantes isolados (Tuenza, Cacimbas) com os núcleos de sal ocorrendo perto da

superfície com volumes de sais da ordem de 559 m³ (106).

A fossa abissal “Ancestral Rift”, constituída pela série turbiditica, está separada das

estruturas acima descritas por uma falha profunda. O seu estudo não foi completo,

decorrendo daí diversas interpretações dos dados Geológico-Geofisicos disponíveis.

Na opinião dos Geólogos da JEBCO, é uma depressão em graben, formada numa

crusta do tipo oceânico. Outros autores (45) admitem que esta área está representada

por uma elevação Cretácica e uma depressão Cenozóica, sendo esta última constituída

por depósitos Cretácico-Cenozoicos ou, possivelmente, Jurássico-Triássicos, de

inclinação suave.

3.22.5.3. Elevações Continentais (Filocratões)

As superfícies das elevações continentais (filocratões) que eram áreas de formação da

crusta separando as bacias de sedimentação em condições marinhas e continentais,

mudaram durante o ciclo Meso-Cenozoico. No Mesozóico, as elevações abrangiam

vastas regiões no oeste, sul e leste do território do país (ver esboços das fácies

estruturais nesta carta). No Cenozóico, devido ao alargamento das áreas de

sedimentação continental, a zona alinhada das elevações ficou preservada só na

extremidade oeste do continente. A sua largura é de 200 a 300 km.

3.22.5.4. Zonas de Activação Tectono-Magmática da Plataforma

As estruturas da fase tectono-magmatica de activação da plataforma correspondem às

zonas de manifestações de magmatismo Mesozóico e Meso-Cenozoico. Os complexos

intrusivos de activação mesozóica estão representados por rochas magmáticas das

séries gabroide-alcalina, ultrabásico-alcalina com carbonatitos, quimberlitica (estrutura

a 138
ANEXO CAPITULO III

transcontinental de Lucapa) e basaltóide (zona do Alto Zambeze), enquanto os

complexos intrusivos de activação meso-cenozóica são constituídos por rochas das

séries dolerítico-basaltóide e riolito-pórfirico-granítica.

A estrutura transcontinental de Lucapa atravessa todo o território do país na direcção

NE, a partir da cidade de Benguela até à fronteira com a República do Zaire no

extremo nordeste de Angola. A sua extensão, no território de Angola, é superior a

1100 km, variando a largura de 60 a 200 km. Está representado por uma zona de

fracturação intensa (11), dentro da qual se encontra a maior parte das chaminés

quimberlíticas conhecidas e dos maciços de rochas ultrabásicas alcalinas e

carbonatitos. Na opinião de alguns geólogos, a estrutura de Lucapa é um vestígio dum

“ponto quente” no Cratão Africano (11). No prolongamento desta estrutura no Oceano

Atlântico, fica situada a crista vulcânica Walvis Ridge constituindo uma anomalia da

crusta oceânica.

A zona de activação tectono-magmática mesozóica no Alto Zambeze tem direcção

NE, estendendo-se por mais de 200 km com largura variando de 50 a 100 km. Aqui

ocorreu magmatismo basaltóide (trappeano).

As estruturas da fase meso-cenozóica de activação da plataforma situam-se na parte

norte da depressão de Okavango e na área do contacto da Depressão Perioceânica com

o escudo de Angola. Nas áreas de direcção nordeste, noroeste e submeridional, com

25-50 km de largura e 75-350 km de extensão, localizam-se corpos subvulcânicos e

mantos de basaltos, doleritos e, com menor frequência, de pórfiros graníticos e riolitos

(proximidades da cidade do Namibe).

a 139
ANEXO CAPITULO III

Durante a fase neotectónicas do ciclo Meso-Cenozóico, no graben de Cassanje e em

áreas consideráveis do escudo de Angola e da depressão continental de Okavango

formaram-se elevações cujas superfícies de aplanação apresentam muitas vezes

couraças lateríticas (curso superior do rio Cuanza). As estruturas negativas a Leste e

Sudoeste da depressão de Okavango estão representadas pelas depressões holocénicas

de acumulação Cameia-Lumbate e Cunene, preenchidas por depósitos prolúvio-

aluvionares de pequena espessura. A parte leste da Depressão Perioceânica elevou-se

acima do nível do mar, dando origem à planície costeira pouco acidentada.

3.22.6. Falhas Profunda e Regionais

No território de Angola distinguem-se as seguintes falhas: falhas profundas

delimitando importantes unidades estruturais; grandes falham regionais, possivelmente

transcrustais; e pequenas falham intracrustais (Figura 6).

São consideradas como profundas as seguintes falhas: Perioceânica, do Maiombe, de

Cassanje Sul, de Cassanje Leste, do Cuanza Sul e do Cuanza Norte, assim como a

falha localizada no sopé do talude continental.

A falha profunda Perioceânica separa a depressão com o mesmo nome e as unidades

estruturais do continente (escudos de Angola e do Maiombe). A sua extensão no

território do país é superior a 1300 km. A superfície, esta representada por uma zona

de falhas paralelas, fortemente inclinadas, com largura cerca de 20 km. São

principalmente falhas normais verticais com rejeito até 2,5 km. No relevo actual, a

falha em referencia esta sublinha por uma escarpa com altitude de 700 a 1300 m,

separando a planície costeira é um planalto continental na área de ocorrência da falha

desenvolvem-se rochas magmáticas de composição basálticas, andesito-basáltica e

a 140
ANEXO CAPITULO III

granito-riolítica, do Cretácico-Paleogénico. A sua actividade tectónica continua,

provavelmente, até a data, estando a testemunhar este facto de nascentes termas

situadas na área, bem como a sismicidade elevada (de acordo com a informação do

Instituto Nacional de Hidrometerologia).

A falha profunda Maiombiana separa o escudo do Maiombe e o aulacógeno do Congo

Ocidental. A sua extensão do território de Angola é cerca de 450 km, sendo a largura

de 10 a 20 km. Na cobertura da plataforma está representada por um conjunto de

estruturas de cavalgamento, através das quais as rochas do embasamento do

Proterozóico inferior foram cavalgadas sobre as sequências rifeanas do aulacógeno. A

instalação da falha deve ter ocorrido no Proterozóico precoce, tendo controlado a

localização das intrusões granitóides de Proterozóico tardio. Na fase final do ciclo

Proterozóico tardio formaram-se rejeitos transversais conjugais.

As falhas profundas de Cassanje Sul e Cassanje Leste estão situadas na área da placa

do Congo, tendo sido definidas com base na interpretação das fotografias satélites

(11). A sua extensão no território de Angola é de 1150 km e 600 km respectivamente,

sendo a amplitude dos rejeitos verticais de 2-3 km. A instalação das falhas data,

provavelmente, do Proterozóico tardio. No Paleozóico tardio este sistema de falhas

deu origem ao graben de Cassanje. Ases falhas muitas vezes associam-se os traços

rectilíneos dos vales dos rios Inkise-Longe e Lungue-Bungo (Cassanje Sul) e vales

curvados dos cursos superiores dos afluentes do rio Cassai (Cassanje Leste).

As falhas profundas do Cuanza sul e do Cuanza norte delimitam o horst com o mesmo

nome são transversais em relação à maioria das unidades estruturais de Angola. A sua

extensão é de 200 a 250 km. A oeste são limitadas pela zona da falha perioceânica.

Contudo, no seu prolongamento na zona do Cuanza, assinalam-se falhas latitudinais

a 141
ANEXO CAPITULO III

que limitam um soerguimento do embasamento Pré-câmbrico com amplitude de

rejeitos de varias centenas de metros. Não se exclui a hipótese de ser este bloco um

prolongamento do horst do Cuanza. A instalação das falhas data do Proterozóico

precoce, tendo prosseguido a sua actividade tectónica também no Rifeano. A falha do

Cuanza norte é o limite sul do aulacógeno do Congo Ocidental. Com a falha do

Cuanza sul estão relacionadas a formação da depressão de Lutete e invasão das

instruções de composição básicas e alcalina. Os movimentos mesozóicos que actuaram

nestas falhas devem ter condicionado rejeitos horizontais até 100 m dos depósitos

Graben de Cassanje.

A falha profunda no sopé do talude continental foi definida com métodos Geólogo-

Geofisicos. Admite-se que ela separa os blocos da crusta continental e oceânica. Foi

instalada no Mesozóico, tendo os movimentos tectónicos continuado até ao

Cenozóico.

Grandes falhas crustais e, possivelmente, transcrustais de índole regional estão

largamente desenvolvidas no território de Angola. Foram atribuídas a este tipo de

falhas as perturbações tectónicas disjuntivas com mais de 100 km de extensão. São

falhas normais de direcção NW na parte norte do escudo de Angola, e de orientação

submeridional, nas partes sul e central (Figura 6). No centro do referido escudo

assinala-se um cinturão de diques de rochas básicas do Proterozóico Tardio,

relacionados, provavelmente, com a zona de falhas encobertas de direcção

submeridional. No escudo de Cassai, as falhas deste tipo estão representadas por um

sistema de falhas meridionais com 100 a 350 km de extensão, definidas muitas vezes

através dos vales rectilíneos dos afluentes do rio Cassai.

a 142
ANEXO CAPITULO III

No aulacógeno do Congo Ocidental, é observado um conjunto de falhas inversas

paralelas e de carreamentos orientados segundo NW (111). Na parte norte do

aulacógeno foram definidas falhas de direcção NE. Na fase inicial dos movimentos

que aqui actuaram (inicio do Rifeano), predominavam rejeitos verticais e horizontais

com amplitudes até 2 km, enquanto nas fases finais predominavam rejeitos horizontais

de vários quilómetros de amplitude (129, 132).

As falhas regionais da Depressão Perioceanica foram definidas com base nos dados

Geólogo-Geofisicos. Distinguem-se entre elas falhas meridionais e submeridionais e,

hipoteticamente, falhas transformes. O conjunto das falhas normais e inversas

meridionais e submeridionais determina a localização no embasamento das estruturas

em horst e graben. A amplitude dos seus rejeitos oscila entre varias centenas de metros

e 2 km. A época da sua formação corresponde aos finais do Jurássico-inicio do

Cretácico; contudo, não é de excluir a hipótese de as referidas estruturas derivarem das

falhas mais antigas. As falhas supostas transformes de direcção NE têm inicio na crista

Meso-Oceanica, prolongando-se para o continente. Distinguem-se as falhas a norte,

central e sul (Figura 6). São, provavelmente, falhas consedimentares. A sua instalação

data do Proterozóico Tardio, com activação posterior no início e no fim do Cenozóico.

Estas falhas revestem-se de grande importância na detecção de estruturas com

ocorrências de petróleo e gás.

São consideradas como pequenas falhas intracrustais as falhas com extensão inferior a

100 km. Estão representadas por falhas normais, inversas e por diáclases de direcção,

principalmente, NE, NW e submeridional (Figura 6). Interpretam-se muitas vezes nas

fotografias aéreas, sendo frequentemente acompanhadas de fenómenos de

metamorfismo dinâmico e térmico, bem como alterações hidrotermais e

a 143
ANEXO CAPITULO III

metassomáticas. As falhas relacionadas com a tectónica de sal do Cretácico Tardio

estão representadas por um conjunto de falhas normais e inversas desenvolvidas nos

flancos e abobadas das estruturas diapíricas. As amplitudes de rejeitos oscilam entre

algumas dezenas de metros e 1,5 km.

3.23. Geomorfologia

O relevo do território de Angola, consoante o tipo de desenvolvimento, características

específicas da constituição Geológica, estrutural e neotectónica e a natureza de

processos exogenicos, subdivide-se em duas zonas: o maciço continental e a depressão

oceânico litoral.

3.23.1. Relevo do Maciço Continental

Em função das suas características morfológicas e estruturais, o território do país é

dividido em duas partes: ocidental e oriental. Para a parte leste é característico o relevo

de acumulação, enquanto na parte oeste predomina o relevo de denudação com

intensos fenómenos de erosão actual (154)

3.23.1.1. Angola Ocidental

A parte ocidental de Angola abrange o planalto central com a zona do relevo em

escadaria, as planícies de denudação do Maiombe, as planícies do Cuanza-Longe,

o”plateau”Zenza-longe, a planície do Cuango com a depressão de Cassanje, a planície

costeira e a planície de acumulação de Namibe (Figura 7).

a 144
ANEXO CAPITULO III

Figura 7.Esboço geomorfológico de Angola.


Relevo do maciço continental. Relevo com estruturas de denudação com intensos fenómenos de erosão
actual:
1-o planalto central e zona do relevo em escadaria; sa planícies de denudação do Maiombe e a elevação
do Alto Zambeze; 2-as planícies do curso superior dos rios cuanza-longe e do Zambeze; 3-o plateau do
Zenza-loge e o plateau dos cursos superiores dos rios Macondo e Maninga; 4-as planícies da depressão
de cassanje; 5-a planície do Congo fortemente acidentada;6-a planície costeira pouco acidentada.
Relevo de acumulação:
7- a planície proluvionar da depressão de Okavango (a) e o plateau da Lunda (b); 8- a planície proluvio-
aluvionar da depressão de Cameia-Lumbate; 9-a planície proluvionar do Cunene; 10-a planície de
Moçâmedes.
Relevo de depressão oceânico-litoral:
11-a plataforma continental: 12- o talude continental; 13- o fundo oceânico.
Outras convensões: 14- as escarpas proveniente de denudução e de efeitos tectónicos; 15- escarpas
proveniente de denudação;16-o limite exterior inferido da plataforma continental antiga; 17-Níveis
hipsométricos.

a 145
ANEXO CAPITULO III

As morfoestruturas positivas encontram-se associadas aos escudos de Angola e do

Maiombe, enquanto que as negativas se associam a Depressão Perioceanica e à parte

noroeste da depressão do Congo.

O planalto central, englobando a zona do relevo em escadaria, foi formado sobre as

rochas do Arcaico e do Proterozóico Precoce do escudo de Angola absolutas chegam a

atingir 3000 m. A oeste, o planalto é limitado pela “Grande Escarpa” e pela zona de

planícies de denudação sob a forma de degraus descendo em direcção à planície

costeira. Mais para cima de “Grande Escarpa”o planalto declina para leste e sudeste,

passando insensivelmente às planícies de acumulação. A parte oeste do planalto

apresenta-se complicada por montanhas com estruturas “em mesa” desenvolvem-se

couraças lateriticas. Os vales dos rios apresentam-se de formas variáveis. Na zona da

“Grande Escarpa”, estão profundamente encaixados, atingindo profundidades de

600-700 m. No sul de Angola, o maciço em “plateau” da Humpata com cotas

atingindo 2300 m, constitui o prolongamento do planalto central. A oeste, o referido

maciço é limitado pela “Grande Escarpa”, enquanto a leste passa suavemente às

planícies de acumulação. No sul, encontra-se entalhado no “plateau” o vale do Curoca

com a profundidade de 200-240 m.

A formação das planícies de denudação do Maiombe deu-se sobre as rochas

metamórficas e magmáticas do escudo do Maiombe. Elevam-se suavemente da faixa

litoral para leste e sudeste, oscilando as suas cotas absolutas entre 0 e 1000 m no curso

médio dos rios Dange e Zenza, sendo a profundidade de dissecação das planícies de 20

a 100 m. As planícies do Maiombe estão separadas do planalto central por um degrau

do horst do Cuanza, de direcção latitudinal.

a 146
ANEXO CAPITULO III

As planícies dos cursos superiores do Cuanza-Longe estão ligados aos extremos leste

dos escudos de Angola e do Maiombe, apresentando-se dissecados por largos vales

fluviais que passam insensivelmente aos interflúvios. Na parte norte do escudo do

Maiombe, as planícies estão limitados por um degrau com 500 m de altitude.

O “pateau” do Zenza-Loge é constituído por depósitos do Supergrupo Congo

Ocidental. Como característica especifica do “plateau", assinala-se a orientação

alinhada submeridional de todos elementos do relevo. Os interflúvios têm encostas em

forma de degraus com altitudes de 300 a 400 m. A sul e a sudeste do “plateau”, as

cotas absolutas atingem 1500 m. A orientação das cordilheiras e das baixas que as

separam coincide com a direcção dos dobramentos. Localmente, os fundos dos vales

apresentam-se complicados por testemunhos residuais de denudação, com altitudes de

250-300 m.

A morfoestrutura negativa da parte noroeste da depressão do Congo abrange a planície

fortemente dissecada do Cuango com a depressão de Cassanje. A planície do Cuango

formou-se sobre os depósitos continentais sub-horizontais do Mesozóico Tardio e do

Cenozóico. Na sua parte central encontra-se a depressão de Cassanje, resultante de

movimentos tectónicos e de fenómenos de erosão. As maiores cotas absolutas (de

1200-1300 m) verificam-se nas partes sudeste e leste da planície. Localmente, o seu

relevo apresentam-se complicado por blocos de cordilheira pouco desenvolvidos. Os

vales dos rios têm um perfil transversal em forma de “V”, sendo a profundidade do

encaixamento de 100 a 150 m.

O desenho hidrográfico é reticular. A depressão de Cassanje formou-se sobre os

depósitos sub-horizontais com mantos lávicos do Proterozoico-Mesozoico Tardio.

Prolonga-se de sudeste para noroeste por uns 300 km, com cerca de 100 km de

a 147
ANEXO CAPITULO III

largura. O fundo da depressão tem dois níveis de algumas dezenas a 100 m. O

encaixamento dos vales dos rios não é profundo, as encostas são suaves.

A planície costeira, pouco acidentada, formou-se sobre os depósitos marinhos Meso-

Cenozoicos da Depressão Perioceânica. A sua largura não ultrapassa, regra geral, 15-

30 km. Nas proximidades da foz dos rios Zaire e Cuanza, a referida planície sofre um

alargamento de 100 a 130 km, formando as bacias costeiras do mesmo nome. Na bacia

do Cuanza a linha costeira apresenta-se recortada por lagoas que preenchem falhas

tectónicas de diversa orientação. Os morros e cordilheiras que aparecem na planície,

formaram-se nos locais de afloramento de rochas resistentes aos processos de

denudação. As depressões em arco, observadas no relevo, correspondem,

provavelmente, as estruturas em domos salinos. Ao longo do litoral é observado um

degrau de abrasão com 20 a 50 m de altitude. Nas proximidades da foz do rio de

muitos rios observam-se praias, terraços de acumulação, ilhas e restingas com vários

metros de altitude. No sul do país, encontram-se terraços de abrasão com altitudes de

145 1 175 m. As vertentes dos vales são, regra geral, pouco escarpadas, enquanto na

zona de degraus formados por abrasão aparecem gargantas com quedas de água. Às

vezes observam-se vales suspensos. O relevo da planície costeira foi formado devido à

denudação sub aérea.

A planície do Namibe fica situada no extremo sudeste de Angola, mais para norte da

foz do rio Cunene. É constituída por areias aluvionares eólicas modernas. A sua

altitude aumenta gradualmente na direcção leste, chegando a atingir 200 m. A

formação desta planície resulta da redeposição dos aluviões do rio Cunene.

3.23.1.2. Angola Oriental

a 148
ANEXO CAPITULO III

O relevo da parte de Angola está representado por planícies de acumulação dos cursos

superiores dos rios Zambeze, Macondo, Cunene, e Maninga, a depressão Cameia-

Lumbate, “plateau” da Lunda e, no extremo leste, pela elevação da planície Alto

Zambeze.

A elevação do Alto Zambeze formou-se sobre os depósitos Pré-câmbricos. O seu

relevo resulta de fenómenos de erosão e acumulação. As cotas absolutas da elevação,

aumentando para nordeste, de 1100 a 1200 m, sendo a profundidade de dissecação de

varias dezenas de metros. A orientação dos principais elementos de relevo coincide

com a direcção NE dos dobramentos.

A planície de acumulação do curso superior dos rios Macondo e Maninga, situada a

sudeste da elevação do Alto Zambeze, é constituída por depósitos da formação

Macondo. O relevo está representado por um “plateau” com cotas absolutas de 1200 m

a sudeste é de 1500 m, a nordeste. A profundidade de dissecação é de varias dezenas

de metros.

A planície prolúvio-aluvionar do “plateau” da Lunda formou-se sobre o escudo do

Cassai. É constituída pela formação de “areias ocres” do grupo Kalahari. As cotas

absolutas são de

1400-1600 m na parte sul do “plateau”, diminuindo suavemente para norte. Os vales

dos rios são na sua maioria, de orientação meridional, apresentando-se estreitos, com

terraços de lezíria com

10, 20 e 40 m de altitude, assinalando-se muitas vezes meandros e rápidos. A parte

sudeste da planície faz parte da morfoestrutura de Okavango. Aqui assinalam-se as

cotas máximas de 1000 m, estando os vales encaixados a uma profundidade de 100 a

a 149
ANEXO CAPITULO III

150 m. Nos vales observam-se degraus neotectónicos. Em secção, os vales

apresentam-se em forma de “u”. No extremo sul da planície, encontram-se

desenvolvidas de pressões originadas por denudação e deflexão, de orientação

latitudinal, fechadas e abertas, formando labirintos. Em muitas baixas localizam-se

lagos de recepção.

A morfoestrutura da depressão de Okavango engloba planícies constituídas por areias

e argilas de idade Plistoceno-Halocenica. Estão situadas na depressão de Cameia-

Lumbate (o interflúvios dos rios Zambeze e Casssai), originada por acções tectónicas e

erosão, bem como na margem direita do rio Cubango e na bacia do rio Cunene. A

depressão Cameia-Lumbate estende-se para sudeste por 200 km, sendo a sua largura

de 1800 km. As cotas absolutas são de 1100 a 1400 m. Em toda a zona periférica, a

depressão é limitada por degraus com 50-60 m de altitude. É recortada por uma densa

rede hidrográfica. A planície situada na margem direita do rio Cubango é

morfologicamente idêntica à acima descrita. No extremo sudeste da morfoestrutura de

Okavango encontra-se a planície da bacia do rio Cunene. Em planta, lembra um funil

que se abre para sul. A extensão da planície de norte para sul é de 200 km, sendo a sua

largura ao longo da fronteira de Angola de 160 km. Na parte noroeste da planície, a

drenagem é orientada para o rio para o rio Cunene, enquanto na parte sudeste, as aguas

drenam em direcção ao lago de recepção Etosha (situa-se na Namíbia).

Nos tempos modernos, uma parte do curso superior do Cunene foi captado por um rio

que desemboca no Oceano Atlântico. Durante as cheias toda planície fica coberta por

água. Segundo

C. A Neves Ferrão, na superfície da planície distingue as seguintes mesoformas do

relevo: “mufitos”, “ecangos”, “mulolas” e “chanas” (as designações são locais).

a 150
ANEXO CAPITULO III

“Mufitos” são elevações encobertas por depósitos arenosos, com vegetação arbórea e

arbustiva; “ecangos”- depressões de forma assimétrica ou oval, com camadas argilosas

superficiais encobertas por película salina; “chanas” são baixas alongadas com a

largura até 500 m, `as vezes com camadas superficiais de argila; “mulolas” são

estreitos leitos de cursos de agua temporários, geralmente arenosos.

3.23.2. Relevo da depressão Oceânico-Litoral

No relevo da referida depressão distinguem-se a plataforma continental, o talude

continental e o fundo oceânico. A plataforma continental é uma planície em declive,

originada por processos de abrasão e acumulação, com largura oscilando entre 8-10 e

70 km (proximidades da foz do rio Zaire). É o prolongamento da planície costeira

continental, constituída por depósitos marinhos do Meso-Cenozoico. Distinguem-se a

plataforma continental moderna (Figura 7). A profundidade média da plataforma

continental é de 100 a 150 m.

O talude continental separa a plataforma continental do fundo oceânico através de um

degrau com cerca de 550 m de altitude, atingindo 850 m nas proximidades do Cabo de

Santa Maria. A maior altitude da escarpa observa-se nas proximidades da foz dos rios

Coporolo, Catara, São Nicolau e Mutabo. O fundo Oceânico apresenta-se sob a forma

duma planície em declive suave no sopé do talude continental. As áreas adjacentes ao

talude continental apresentam uma estrutura em escada. A profundidade máxima do

fundo é de 4500 m.

3.23.3. Fases da Evolução do Relevo

A Historia da evolução do relevo de Angola pode ser restituída, com base nos dados

disponíveis, a partir dos fins do Paleozóico Tardio.

a 151
ANEXO CAPITULO III

Admite-se que a não existência no território do país dos sedimentos do Paleozóico

Inferior e Médio se deve a uma época prolongada de aplanação possivelmente, as

relíquias da superfície de aplanação daquela época se tenham preservado nos níveis

hipsometricos elevados do relevo dos escudos de Angola e do Maiombe que

mostraram, ao longo das fases posteriores da evolução do relevo, uma tendência

estável ao levantamento. No Paleozóico Tardio – Cretácico Precoce (ciclo Karroo),

formaram-se na maior parte do território do país as planícies de denudação e,

localmente (nas depressões de Cassanje e de Okavango e no escudo do Cassai),

planícies de acumulação aluviais e aluvio-lacustres. No Jurássico Médio,

provavelmente, nas condições dum ambiente estável de denudação, formou-se a

superfície Gondwânica de aplanação (64). Durante o Jurássico Tardio-Cretácico

Precoce formou-se o relevo de acumulação da plataforma continental da Depressão

Perioceânica e, simultaneamente, formaram-se as planícies de acumulação da

depressão de Okavango. Na parte restante do território continuaram a desenvolver-se

as planícies de denudação.

No Cretácico, começaram a formar-se planícies de acumulação na depressão do

Congo. A partir dos finais do Cretácico até ao Paleocênico, no maciço continental de

Angola deverão ter ocorrido fracos soerguimentos diferenciados acompanhados de

formação das planícies de denudação da época pós-Gondwânica de aplanação.

No Eocénico-Miocénico, em condições de fracos movimentos diferenciados, na parte

oeste de Angola desenvolveram-se vastas planícies de denudação, enquanto na parte

leste continuaram a formar-se as planícies de acumulação nas depressões do Congo e

de Okavango. No Miocénico Precoce, culminou a importante época de aplanação,

“Africana” (64).

a 152
ANEXO CAPITULO III

No decorrer do Pliocénico-Quaternário, concluiu-se a formação da superfície de

aplanação pós Africana, a qual se observa actualmente nas proximidades dos vales. Na

época do quaternário, ficou completado o actual desenho da rede hidrográfica, bem

como se formaram as planícies de Cameia-Lumbate, Cunene e Namibe. Durante o

Plistocenico Médio e Superior, formaram-se vários níveis dos terraços altos de lezíria.

A formação do relevo de acumulação e denudação continua até à data. A zona da

“Grande Escarpa” é uma área sismicamente activa, com intensidade de terramotos de

V-VI gruas na escala Wood-Newmann.

3.24. Breves Considerações Sobre a História Geológica

Os principais conceitos dos autores desta carta Geológica sobre os ciclos mais

importantes da evolução da crusta terrestre do território de Angola dentro da

plataforma Africana, bem como sobre as características especificas da formação e da

constituição das principais unidades estruturais, estão representados nos capítulos 3 e 6

da presente Nota Explicativa. Neste capítulo apresentamos, de forma sucinta, as

considerações sobre a sucessão dos eventos geológicos que se desenvolveram durante

os grandes ciclos tectónicos, já varias vezes referidos: Arcaico Precoce, Arcaico

Tardio, Proterozóico Precoce, Proterozóico Tardio, Paleozóico Tardio e Meso-

Cenozoico.

No ciclo Arcaico Precoce (3500-3000 m.a) formaram-se as sequências metamórficas e

ultrametamórficas, representadas essencialmente por diversos ortognaisses,

anfibolitos, leptitos, quartzitos, xistos e charnoquitos, enderbitos, tonalitos,

plagiogranitos e plagiomigmatitos associados. Admite-se que, no início do ciclo em

referência, teve lugar a instalação de rochas da série ofiolitica em condições da crusta

a 153
ANEXO CAPITULO III

primitiva (protocrusta). As rochas da série ofiolitica, transformadas posteriormente em

sequências de gnaisses bipiroxenicos e hiperstenicos com corpos de anfibolitos,

metagabros e granulitos, ficaram preservadas apenas na parte sudoeste do escudo do

Maiombe e na parte norte do escudo de Angola. São, provavelmente, de associação

ofiolitica também as intrusões gabro-noriticas do Arcaico Precoce dos escudos do

Maiombe, Cassai e de Angola. Logo após a instalação de rochas da série ofiolitica,

iniciou-se a formação do invólucro primitivo vulcano-sedimentar, o qual serviu de

substrato, emcondições de metamorfismo, aos gnaisses de diversa composição bem

como aos anfibolitos e quartzitos. No fim do ciclo, em resultado acumulo tectónico,

metamorfismo regional (fácies granulitica e anfibolitica) e granitização, deu-se a

estruturação da parte inferior da camada protometamorfica. Esta camada está

representada pelos cortes constituídos por gnaisses diversos (horneblendicos,

hiperstenicos, com alto teor em Al½O3 e outros), leptitos, quartzitos, anfibolitos, bem

como granitoides de composição essencialmente diorito-granodioritica.

O ciclo Arcaico Tardio (3000-2600) foi marcado pela continuação da diferenciação da

crusta terrestre, formando-se zonas estruturais isoladas, nas quais se foram

acumulando os depósitos terrigenos e terrígeno-carbonatados. O desencadeamento dos

processos de metamorfismo regional e de granitização levou à fusão selectiva, dando

origem às rochas granitoides da série tonalitico-plagiogranitica. A geração dos

granitoides deu-se essencialmente, a partir das rochas do Arcaico Inferior, aumentando

a sua alcalinidade devido à penetração de potássio dos níveis mais profundos. Os

fenómenos de granitização promoveram também a formação de cúpulas graníticas em

grandes estruturas positivas. Para o Arcaico Tardio são característicos cinturões de

rochas verdes. Os retalhos estruturais deste género preservaram-se nas zonas

a 154
ANEXO CAPITULO III

intercupulares no escudo do Maiombe. A formação de estruturas semelhantes deve

também ter tido lugar em outros escudos do território de Angola, de que são

testemunhos os anfibolitos, porfiritos diabásicos folhados e xistos derivados de rochas

ácidas efusivas, observadas nos cortes do Arcaico Superior.

No início do ciclo Proterozóico Precoce (2600-1600 m.a), nos “troughs” de rochas

verdes (zonas de Lucifo-cabinda e Cassinga), manifestou-se intensamente vulcanismo

do tipo andesitico-basaltico, substituído, passado algum tempo, pelo vulcanismo do

tipo riolitico-dacitico. A presença de espilitos no corte dos vulcanitos testemunha

vulcanismo do tipo submarino, enquanto a presença de tufos evidencia o carácter

explosivo das erupções. Nas rochas verdes vulcano-sedimentars dos “troughs” de

rochas verdes localizam-se jazigos minerais de ferro e ocorrências de cobre (zona de

Cassinga, grupo Jamba). Nas depressões intercupulares e lineares dos arqueamentos

regionais (zonas de Oendolongo, Lunda, Alto Zambeze), formaram-se sequências

terrígenas sedimentares de pequena espessura. Nas áreas de contacto dos

arqueamentos regionais com os “troughs” de rochas verdes (sector sul e sudeste da

zona de Oendolongo), desenvolveu-se actividade vulcânica que deu origem a espilitos,

dacitos, riolitos, albitófiros.

Na fase final do Proterozóico Precoce, os fenómenos de tectogénese e de formação de

granitos desenvolveram-se tanto nas depressões e “troughs” de rochas verdes como

nos arqueamentos regionais. A activação orogénica deu origem a um conjunto de

intrusões graníticas, transformando-se a crusta pré-existente em crusta continental. A

instalação das intrusões gabro-anortositicas e dos granitos tipo rapaquivi associados

denuncia a maturidade da crusta. O ciclo Proterozóico Precoce culminou com a

formação de estruturas vulcano-plutonicas em condições continentais.

a 155
ANEXO CAPITULO III

No ciclo Proterozóico Tardio (1650-520 m.a), teve início a formação da cobertura da

plataforma Pré-câmbrica. No aulacogeno do Congo Ocidental, em condições de um

mar epicontinental, depositaram-se sequencias possantes terrigenas e terrígeno-

carbonatadas do Supergrupo Congo Ocidental. As principais áreas de denudação

encontravam-se nos sectores leste, oeste e sul da bacia de sedimentação. No Rifeano

Precoce, em condições de águas pouco profundas, depositaram-se, principalmente, as

sequencias terrigeno-argilosas do Grupo Terreiro. Durante o Rifeano Médio a Tardio,

começou uma subsidência lenta que deu origem à acumulação dos depósitos terrígeno-

carbonatados com calcário estromatolitos dos Grupos Alto-Chiloango e Xisto-calcário.

No Rifeano Tardio-Vendiano começou a ser formada, na parte central na bacia de

sedimentação, uma elevação consedimentar, na qual se depositaram os sedimentos

grosseiros da formação M`bridge. No resto da bacia, iam-se acumulando, em

condições orogénicas, os depósitos avermelhados e grosseiros terrigeno-argilosos das

formações M`pioka e Inkisi.

Dentro dos limites da placa do Congo, na época do Rifeano Precoce-Vendiano,

começaram a formar-se os depósitos argilo-detriticos avermelhados continentais (zona

de Lucala, Grupo Xisto-Gresoso). O Rifeano Médio deu origem às formações

terrígeno-carbonatadas (zona do Alto Zambeze, Grupo Macondo). Na placa de

Okavango, na época do Rifeano Médio, acumularam-se os depósitos avermelhados

continentais contendo, provavelmente, rochas vulcanoclasticas (formação Humpata).

Durante o Rifeano Médio a Tardio, começaram a formar-se aqui, em condições de um

mar epicontinental, os depósitos carbonatados (Grupo Chela, formação Leba). A fase

final do Proterozóico Tardio foi marcada pelo desenvolvimento de dobramentos e

falhas no aulacogeno do Congo Ocidental e em algumas áreas da placa do Congo,

a 156
ANEXO CAPITULO III

acompanhados de metamorfismo de fácies de xistos verdes. A estruturação das falhas

de direcção NE foi acompanhada de fenómenos hidrotermais com mineralização em

cobre polimetálico. O período de activação foi responsável pelas intrusões que

penetram nas estruturas dobradas consolidadas, dando origem aos maciços gabro-

dioriticos, sieniticos, de granitos alcalinos e hiperalcalino, mantos e diques doleriticos.

No ciclo Paleozóico Tardio (350-230 m.a), continuou a formar-se a cobertura da

plataforma. Nas depressões continentais das zonas do baixo Cunene, Lunda e no

graben de Cassanje, depositaram-se sedimentos continentais terrigenos avermelhados

(Grupo Lutoe, Ecca e a parte inferior do Grupo Cassanje).

No ciclo Meso-Cenozoico (230 m.a), continuou a formar-se a cobertura da plataforma,

tanto no interior do continente como na sua bordadura passiva. No Triàssico-Jurássico

Precoce, nas placas do Congo e de Okavango, iam-se acumulando, em condições de

bacias epicontinentais ou continentais de aguas pouco profundas (zona do Alto

Zambeze, Cassanje e Dirico), os depósitos argilo-arenosos e, mais raramente,

carbonatados, culminando com os derrames de lavas de composição media e básica

condicionados pela activação da plataforma (Grupo Stromberg Superior). No Jurássico

Tardio-Cretácico, vastas depressões foram preenchidas por possantes sequências

continentais que assentam sobre o Supergrupo Karroo (formações continental

intercalar, Cuango e Calonda).

O início de formação da Depressão Perioceânica deverá ser datada do Jurássico.

Inicialmente, aqui, nas zonas de falhas profundas, originaram-se as depressões em

Graben em que se depositaram sedimentos polimicticos continentais grosseiros do

Jurássico Superior e do Cretácico Inferior (formações Maculungo, Cuvo, Lucula). Na

zona do Cuanza, a sedimentação foi acompanhada de actividade vulcâneca (complexo

a 157
ANEXO CAPITULO III

da Jamba-Calunga). No fim deste período, provavelmente na época Barremiana, as

condições continentais mudaram para condições marinhas, iniciando-se a deposição

das sequências terrígeno-carbonatadas (formação Bucomazi e a parte superior da

formação Cuvo).

No Apciano e Albiano, em vastas lacunas da superfície terrestre actual e da plataforma

continental, depositaram-se sequências evaporiticas e carbonatadas salíferas

(formações Muvuma, Infra Binga, Binga e Tuenza). No Cretácico Tardio, começou a

deposição de rochas terrígeno-carbonatadas em condições dum mar aberto e tépido

(formações Pinda, Cabo Ledo, Vermelha, Itombe, N`Golome, Teba). Nos tempos do

Cretácico Tardio-Paleogenico Precoce teve início a formação de domos salinos e de

depressões profundas.

No Maestrichtiano-Paleogenico Precoce, as condições transgressivas de sedimentação

mudaram para as regressivas, tendo estas últimas, sobretudo, manifestado a parteir dos

fins do Eocénico, na bacia de Cabinda (formação Malembo) e no Oligocénico, na zona

da bacia do Cuanza (formação Quifangondo). A sedimentação terrigeno-carbonatada

passou a ser essencialmente terrígena. Continuou uma intensa subsidência das

depressões em que se depositaram espessas (até 3000 m) sequências terrigenas

(argilas, areias, margas). Em algumas depressões formaram-se turbiditos Cenozoicos.

No Mesozóico-Cenozoico, na parte continental do território do país predominavam,

geralmente, as condições continentais. No jurássico Tardio-Cretácico Precoce, a

depressão de Okavango foi preenchida por depósitos terrigenos avermelhados da

formação continental intercalar. No Cretácico Tardio, em condições aluvionares,

alúvio-lacustres e lacustres, depositaram-se, na depressão do Congo, as sequencias

terrigenas das formações Cuango e Calonda. A presença material carbonatada dos

a 158
ANEXO CAPITULO III

materiais nos depósitos da formação Calonda testemunha, possivelmente, uma

ingressão pouco prolongada da bacia epicontinental do Zaire. A transição do Cretácico

Precoce para o Tardio foi caracterizada pela activação tectono-magmatica da

plataforma Africana que condicionou uma instalação generalizada dos corpos

quimberliticos, de rochas alcalinas, ultrabásicas e de carbonatitos. Estas rochas

localizam-se, principalmente, dentro da área da estrutura transcontinental de Lucapa. É

de assinalar que, no centro e no sector nordeste de Lucapa, localizam-se

predominantemente, os corpos quimberliticos, e no sector sudoeste e no centro, estão

situados maciços de rochas alcalinas, ultrabásicas alcalinas e carbonatitos. Na zona da

falha profunda perioceânica originaram-se, no Cretácico-Paleogenico, as rochas

intrusivas e efusivas de composição básica e ácida.

A partir do Paleogenico até à presente data, continuaram levantamentos irregulares de

diversas partes do território do país que modelaram a feição do relevo actual. No

Paleocenico-Eocénico, em condições de clima quente, formaram-se, a vários níveis

das superfícies pleneplanizadas do Cretácico Tardio, couraças lateriticas de alteração.

No Eocénico-Neogenico, em vastas planícies de erosão do relevo pleneplanizado da

parte leste de Angola, em condições de clima árido, começaram a depositar-se os

depósitos continentais avermelhados do Grupo Kalahari. Nesta mesma época teve

inicio a estruturação da actual rede hidrográfica, completando-se a sua formação no

Pliocénico. A partir dos fins do Neogenico até à data, em condições de clima húmido,

continua a desenvolver-se o relevo de erosão e acumulação.

3.25. Recursos Minerais

São conhecidos no território de Angola cerca de 250 jazigos e ocorrências minerais

com interesse económico. Os principais estão apresentados na Figura 9. Até 1975,

a 159
ANEXO CAPITULO III

foram exploradas mais de 20 variedades de matérias-primas minerais, para utilização

interna e externa do país. Os jazigos mais importantes são os de petróleo, gás,

diamantes, ferro, manganés, ouro, cobre, chumbo, quartzo cristalino, moscovite,

anortositos, mármores, materiais de construção, betumes, fluorite, titânio, sal-gema e

sais de potássio.

a 160
ANEXO CAPITULO III

O nível de conhecimento geológico do país é muito baixo, tendo sido estudadas com

maior pormenor as áreas onde se localizam jazigos de petróleo, gás, diamantes e ferro.

No entanto, os estudos que aqui se realizaram incidiram, principalmente, sobre

determinados tipos de recursos minerais, não visando uma avaliação global de todas as

ocorrências minerais existentes. Muitos jazigos de recursos minerais sólidos foram

reconhecidos só à superfície sem terem sido estudados em profundidade. Na maioria

dos casos, não há informação sobre as reservas prognosticas e características

tecnológicas dos minérios, bem como sobre a morfologia, parâmetros minerais e

outros dados.

3.25.1. Petróleo e Gás

A descoberta de ocorrência de petróleo e gás, em Angola, data de 1952, tendo sido

iniciada a sua exploração industrial a partir do ano 1955. Actualmente, são conhecidos

mais de 70 jazigos que se localizam na depressão perioceânica (essencialmente, na

parte norte da plataforma continental). Em 1989, o volume do petróleo extraído foi de

20 milhões de toneladas. São produtivas as formações Cretácicas, Paleogenicas e

Neogenicas em que se acumulam jazidas de petróleo (com diâmetro inferior a 10 km).

O petróleo possui teores mínimos de enxofre, pode ser leve ou pesado. A distribuição

dos jazigos é, na sua maioria, determinada pela existência dos domos salinos e

estrutura em blocos e degraus das sequências terrigeno-carbonatada e essencialmente

carbonatadas, de idade Cretácica. Os jazigos estão relacionados com estruturas

anticlinais que se localizam frequentemente ao longo de acidentes tectónicos de

orientação sub-meridional. Em resultado dos trabalhos de sondagem e estudos

Geofísicos, foram definidas três bacias petrolíferas: Cabinda, Congo e Cuanza (Figura

9). As reservas industriais de petróleo foram detectadas a profundidade até 3000 m.

a 161
ANEXO CAPITULO III

A bacia de Cabinda é considerada como mais a importante quanto às reservas de

petróleo. A acumulação de petróleo verifica-se nos depósitos dolomíticos e gresosos,

Meso e Cenozóico, das formações Pinda, Iabe, Lucula e Bucomazi. São conhecidas

nesta região cerca de 30 jazigos de petróleo e varias ocorrências de gás (Malongo,

Tacula, Essungo, N`Zombo, Kunguela e outras). As jazidas de petróleo com espessura

de 10 a 80 m e vários quilómetros de extensão, estão relacionados com estruturas

anticlinais constituídas principalmente por rochas carbonatadas da formação Pinda.

A bacia do Congo situa-se em 2º lugar, depois da bacia de Cabinda, quanto às reservas

de petróleo, ocupando o 1º lugar quanto às reservas de gás. Aqui, existem mais de 10

jazigos de petróleo e cerca de 10 ocorrências de gás (Etele, Tubarão, Impala, Pacassa,

Veado e outros). Muitos jazigos possuem tanto petróleo como gás. A “rocha

armazém” de petróleo são calcários organogenicos e oolíticos do Cretácico Inferior

ocorrendo nas elevações locais, e depósitos gresosos do Mesozóico e Cenozóico com

espessuras de 20 a 130 m. As ocorrências de gás estão associadas aos depósitos

Miocénicos das estruturas Supra-salíferas. A extensão de jazigos atinge 10 km, sendo

a sua largura cerca de 5 km.

Na bacia do Cuanza existem 10 jazigos de petróleo e de gás (Benfica, Mulenvos,

Bento, Quenguela, Galinda, Tobias entre outros). As camadas mais produtivas

localizam-se nos calcários organogenicos das formações Binga, Tuenza e Catumbela

e, com menor importância, nas margas Eocénicas, Oligocenicas e do Miocenico

Inferior. A exploração da maioria destes jazigos já está no fim. Contudo, no caso de

serem utilizados métodos mais sofisticados de extracção, esta pode prosseguir de

forma rentável.

a 162
ANEXO CAPITULO III

Segundo os Geólogos que se dedicam à prospecção petrolífera (45,85), podem ser

detectados novos jazigos de petróleo e gás na zona da plataforma continental,

nomeadamente nas partes periféricas das elevações constituídas por depósitos

carbonatados do Cretácico e nas vertentes das depressões terrigenas Cenozoicas

adjacentes.

3.25.2. Diamantes

As primeiras referências sobre a descoberta de diamantes no território de Angola

datam de 1590. Em 1907, os Geólogos Belgas encontraram jazigos aluvionares de

diamantes com interesse económico na província da Lunda-Norte. Estes jazigos foram

explorados desde 1917 até 1987 pela Empresa concessionaria “DIAMANG”. A partir

de 1986, a exploração diamantífera está a ser realizada pela Empresa Nacional

“ENDIAMA” com participação de duas empresas estrangeiras em áreas delimitadas.

Foram detectados jazigos de diamantes com interesse económico nos aluviões dos

vales actuais dos rios, nas chaminés quimberliticas e nos depósitos aluvionares

Cretácicos.

3.25.2.1. Jazigos Aluvionares dos Vales Actuais dos Rios

Os referidos jazigos são actualmente objecto principal de exploração diamantífera. São

produtivos os depósitos dos aluviões actuais da maioria dos rios da província da

Lunda-Norte, nomeadamente, Luembe, Chiumbe, Luachimo, Chicapa, Cuango. Mais

de 20 jazigos foram ou estão a ser explorados (zonas mineiras de Andrada, Lucapa,

Cuango), sendo o volume total de reservas industriais superiores a 30 milhões de

quilates (este valor das reservas dos depósitos aluvionares dos vales actuais dos rios

foi-nos fornecido por Geólogos da “ENDIAMA” com base nos dados em arquivo dos

a 163
ANEXO CAPITULO III

anos 1961-1974). Os teores médios de diamantes nos jazigos em exploração são de

0,3-0,6 q/m³. São particularmente ricas em diamantes as “marmitas” localizadas no

leito do rio Cuango, atingindo teores da ordem dos 35-40 q/m³. Para alem disso, são

diamantíferos os depósitos de quatro terraços situados a 40 m acima do nível do leito

actual. É de notar que as mineralizações diamantíferas economicamente interessantes

se concentram, principalmente, no cascalho da parte inferior dos aluviões. Os teores e

as reservas dos diamantes que ali ocorrem não são uniformes, dependendo da distância

da fonte primária. As reservas dos jazigos aluvionares asseguram um desenvolvimento

estável da indústria diamantífera Angolana.

3.25.2.2. Chaminés Quimberliticas

São conhecidas em Angola mais de 675 chaminés quimberliticas, localizando-se 440

chaminés no vale do rio Cuango, mais de 60 no vale do rio Chicapa e 17, no vale do

rio Luachimo. As restantes 158 chaminés encontram-se, principalmente, na área do

curso médio do rio cuanza e a montante do rio Cunene. As suas reservas não foram

completamente avaliadas. Existem 11 chaminés mineralizadas em diamantes com

teores de 0,3 a 1,3 q/m³, localizando-se todas elas na província da Lunda-Norte (78).

Em 170 chaminés foram encontradas teores de 0,1 a 0,3 q/m³. Quanto às restantes

chaminés, não se pode tirar conclusões validas devido à escassez da informação

existente. Trabalhos de pesquisa e reconhecimento que permitam o calculo preliminar

das reservas a profundidades de 70 a 130 m, foram realizadas apenas em três

chaminés: Catoca, Camafuca-Camazambo e Camatchia.

A chaminé de Catoca encontra-se a 30 km para nordeste da cidade de Saurimo. O seu

diâmetro é cerca de 850 m. Na sua parte superior, até a profundidade de 15-20 m, a

chaminé apresenta-se mascarada por uma cobertura de rochas desagregadas, enquanto

a 164
ANEXO CAPITULO III

que mais baixo no corte, até à profundidade de 130 m foram detectados, através de

sondagens, quimberlitos diamantíferos com teores médios de 1,17 q/m³. As reservas

reconhecidas até a profundidade de 70 a 130 m, são inferiores a 41 milhões de

quilates, sendo as reservas prognosticas, calculadas até à profundidade de 300 a 400

m, de 100-130 milhões de quilates.

Quanto às outras 9 chaminés com teores de diamantes de interesse económico, não

existem informações sobre as suas reservas. Sabe-se apenas que as suas dimensões são

um tanto menores em comparação com a chaminé de Catoca, sendo os teores médios

de 0,5-0,7 q/m³. O total das reservas prognosticas é valida, aproximadamente, em

varias centenas de milhões de quilates.

3.25.2.3.Jazigos Aluvionares Fósseis nos Depósitos Cretácicos

A mineralização diamantífera dos depósitos cretácicos (formações Calonda e Kwango)

foi estudada apenas em pequenas áreas aflorantes nas bacias dos rios Chicapa,

Luachimo, e Cuango (província da Lunda-Norte, jazigos de Maludi e Chissanguidi).

Aqui, nas camadas de conglomerados basais com espessuras de 0,7 a 2 m, foram

detectadas diamantes puros com cristais de dimensão média, sendo o teor médio de

0,45 a 1,6 q/m³. As reservas prognósticas avaliadas, só nestas áreas, são cerca de 150

milhões de quilates. É bem provável que nestes depósitos diamantíferos venham a ser

detectados metais raros, ouro e outros recursos minerais com interesse económico.

a 165
ANEXO CAPITULO III

3.25.3.Ferro

Actualmente são conhecidos em Angola cerca de 20 jazigos anteriormente explorados

e varias centenas de ocorrências de mineiros de ferro. As reservas principais

encontram-se concentradas em 5 zonas mineiras localizadas no sul do país (Cassinga e

Cunene), no centro (Lucala e Huambo) e no leste (Alto Zambeze). Nestes jazigos

destacam-se mineiros de dois tipos: primários, nas rochas de base, e secundários, nos

depósitos eluvionares provenientes da sua alteração. Entre os mineiros primários

distinguem-se jazigos de génese metamórfica, magmática, do tipo “scarn”, de origem

hidrotermal e eluvionares.

3.25.3.1. Jazigos de Génese Metamórfica

Localizam-se nas áreas de Cassinga, Lucala e Huambo.

A zona mineira de Cassinga, com uma área de 160×160 km, fica a 400 km para leste

da cidade do Namibe. O conhecimento da existência de mineiros de ferro nesta região

data do século passado, tendo a exploração industrial de jazigos eluvionares sido

iniciada só em 1960. Os mineiros primários são constituídos por leitos finos de

composição quartzo-hematito-magnetica, com teores em ferro de 25 a 40%. Aqui

assinalam-se também jazidas metassomáticas, com mineiros de ferro de alto teor,

atingindo 70% (5-7% do volume total de mineiros). As zonas mineiras da região estão

convencionalmente subdivididas em 3 grupos: Dongo (a parte oeste da área), Cassinga

Norte e Cassinga Sul. O grupo Dongo engloba o jazigo Osse e 14 ocorrência de

mineiros de ferro; grupo Cassinga Norte compreende 9 jazigos (Jamba, Mavulo,

Indungo, entre outros) e 14 ocorrências; o grupo Cassinga Sul abrange 6 jazigos

(Tchamutete, Matote, Campulo, entre outros) e 11 ocorrências. Entre os jazigos

a 166
ANEXO CAPITULO III

primários, o mais bem estudado é o Tchamutete, representado por uma jazida

itabiritica de direcção N-S e forte inclinação, com vários quilómetros de extensão e

centenas de metros de espessura. A composição química do mineiro é a seguinte: 25-

43% Fe, 0,02% P, 0,3% Al½O3 e 32-64% SiO½. Destacam-se massas lenticulares de

mineiros henatiticos com teores em ferro ultrapassando 60%, formados à custa de

lixiviação metassomática dos itabiritos. Estes mineiros constituem cerca de 7-10% do

volume total de reservas. As reservas prognosticam dos mineiros de ferro dos jazigos

primários desta região podem ser avaliadas, aproximadamente, em 5 bilhões de ton,

sendo as reservas prognósticas de mineiros secundários do tipo eluvionar de 120-150

milhões de ton. (51, 92).

A zona mineira de Lucala (Malange) fica a 150-300 km para leste da cidade de

Luanda, estendendo-se numa área de 150 × 100 km ao longo do caminho-de-ferro

Luanda-Malanje. Aqui são conhecidos os jazigo de Cassala-Quitungo e varias

ocorrências de mineiros do tipo itabiritico. A sua extensão é de vários quilómetros,

sendo a espessura de dezenas ou, às vezes, de centenas de metros. O teor médio em

ferro é de 33%, sendo as reservas avaliadas em 249 milhões de ton. O jazigo foi

estudado através de sondagens até à profundidade de 100 m e preparado para a

exploração a céu aberto com extracção prevista de 5-6 milhões de ton/ano (51, 92).

Na zona mineira do Huambo existem dois pequenos jazigos (Cuima, Chivir) de

mineiros do tipo itabiritico. Os jazigos estiveram em exploração até 1975, tendo sido a

extracção do tipo artesanal. O estudo dos mineiros primários não chegou a ser

realizado (92).

a 167
ANEXO CAPITULO III

3.25.3.2. Jazigos de Génese Magmática

Existem jazigos relacionados com maciços de rochas básicas e ultrabásicas do

complexo do Cunene do Proterozóico Inferior, e de rochas ultrabásicas alcalinas e

carbonatitos de idade Cretácica.

Os jazigos e ocorrências de mineiros de ferro relacionados com maciços de rochas

básicas e ultrabásicas, encontram-se na província de Malange (área de Lucala, jazigo

de M`Bassa) e nas províncias da Huila e Cunene (área do maciço do Cunene, jazigo da

área dos Gambos, Chitato e outros). O jazigo de M`Bassa localiza-se no endocontacto

duma intrusão de piroxenos, estando representado por massas lenticulares de mineiros

hematito-magneticos com ilmenite, disseminados e/ou em filões. O teor em ferro é de

52-62%, em bióxido de titânio, até 7% e em enxofre, de 0,4%. As reservas de mineiro,

avaliadas em 7 milhões de ton, podem aumentar caso seja efectuado um estudo

complementar. Os jazigos de Gambos e Chitato encontram-se associados aos gabro-

anortositos do maciço do Cunene que relevam muitas vezes teores elevados em ferro

(45-50%), óxido de titânio 13-15%, (atingindo às vezes 21-25%) e, ocasionalmente

vanádio (0,4%), crómio

(0,16%) e níquel (0,18%). Os mineiros secundários de ferro foram aqui explorados a

partir dos depósitos eluvionares até 1975. Os estudos feitos sobre os jazigos primários

são incompletos, sem chegar a avaliar as reservas prognosticas (107).

Os jazigos de Bailundo e Essale, relacionados com maciços Cretácicos de rochas

ultrabásicas alcalinas com carbonatitos, estão localizados nos maciços de Bailundo e

Canata (Andulo), nas províncias do Huambo e Bié, enquanto as ocorrências de

mineiros de ferro existem praticamente em todos os maciços conhecidos deste tipo. Os

a 168
ANEXO CAPITULO III

jazigos estão representados por mineiros complexos, maciços e bandados, de forma

lenticular. Os principais mineiros metálicos são magnetite titanifera, hematite, apatite,

barite, pirocloro, badeleite, hatheolite e óxidos de manganés. Os mineiros apresentam

60-66% de ferro e até 3% de titânio. Os jazigos estiveram em exploração até 1975. No

jazigo de Bailundo, o volume mineiro extraído dos depósitos eluvionares foi de 79 mil

toneladas. As reservas dos mineiros de ferro são avaliadas em 112 e 16 milhões de

toneladas, respectivamente. Os jazigos foram estudados só a partir da superfície (51,

92).

3.25.3.3. Jazigo do Tipo “Scarn”

Os jazigos de Tumbi e Saia, explorados anteriormente na província de Malange, estão

representados por jazidas complexas lenticulares, localizadas nas rochas terrígeno-

carbonatadas das zonas dos “scarn” do Proterozóico Superior (Grupo Alto Chiloango),

perto das intrusões de rochas básicas. A mineralização é disseminada e/ou em filões ou

representada, embora com menor frequência, por mineiros hematito-magneticos

maciços, com teor em ferro de 65%. O volume do mineiro extraído dos depósitos

eluvionares foi de 3 milhões de toneladas, sendo as reservas calculadas cerca de 20

milhões de toneladas. Os mineiros primários não foram estudados (51, 92).

3.25.3.4. Jazigos de Origem Hidrotermal

Estão representados pelo jazigo de ferro e manganés de Lengué (região de Malange) e

ocorrências de mineiros de ferro de Manhinga, Negiu e Lutaco, localizadas no leste do

país, na região do Alto Zambeze. O jazigo de Lengué é constituído por corpos

filonianos de mineiros de ferro e manganés com teores médios de 28% Fe e 23% Mn,

concordantes com a estratificação e associados a grés avermelhados e quartzitos do

a 169
ANEXO CAPITULO III

Proterozóico Superior. No jazigo foram explorados depósitos eluvionares e filões. Na

região do Alto-Zambeze, foram detectadas ocorrências de ferro em dolomites, siltitos

e filitos do Proterozóico Superior, substituídos em parte ou totalmente por hematite,

magnetite e martite. Este tipo de mineralização não foi objecto de estudos

pormenorizados, não sendo portanto possível prognosticar as suas perspectivas (92).

3.25.3.5. Jazigos Eluvionares

Os mineiros deste tipo formam uma carapaça cobrindo os mineiros primários que

sobressaem no relevo sob a forma de “morros de ferro”. Apresentam-se por vezes

erodidos e redepositados nas depressões. As espessuras dos depósitos são, regra geral,

de poucos metros, raramente atingindo dezenas de metros. Os principais mineiros

metálicos são hematite, hidrohematite e magnetite, variando o teor em ferro de 35% a

70%. Os mineiros em referência foram, até há pouco tempo, objecto principal de

extracção de ferro em Angola. A totalidade das suas reservas foi avaliada, de acordo

com diversos autores, em 50-200 milhões de toneladas (68, 92)

3.25.4 Titânio

No sudoeste de Angola, existem varias áreas com mineralização titanifera (24, 95,

107). De acordo com os teores relevados e uma avaliação preliminar de reservas de

TiO½, quatro (4) áreas podem ser classificadas como jazigos, sendo as outras

consideradas como ocorrências e índices de mineralização. Os mineiros ferro-

titaniferos estão representados por dois tipos Geológico-industriais; titano-magnetites

de origem magmática em jazigos primários, e ilmenites e titano-magnetites em jazigos

aluvionares.

a 170
ANEXO CAPITULO III

3.25.4.1. Mineiros de Origem Magmática

Localizam-se nos gabro-noritos do complexo do Cunene, tendo sido detectadas mais

de 40 ocorrência. Parecem ser de maior interesse as ocorrências que se situam nas

proximidades das povoações do Chiange e Chitado. A mineralização está representada

por massas de titano-magnetite e hematite com teores de 13 a 25% de TiO½ e de 45 a

62% Fe. As reservas prognosticas dos mineiros de titânio e ferro do maciço do Cunene

nunca foram avaliadas, podendo, contudo, fazer-se a sua previsão por analogia com os

jazigos conhecidos deste tipo:

 Os mineiros titano-magneticos do complexo de noritos e anortositos de Buchweld

(Republica Sul Africana) apresentam 8-25% TiO½ e 50-60% Fe, sendo as suas

reservas prognósticas avaliadas em 3 bilhões de toneladas de Fe e 220 milhões de

toneladas de TiO½;

 Os mineiros ilmeniticos e titano-magneticos do jazigo de Liganga (Tanzânia) nos

anortositos e gabros contem 12-14% TiO½ e 50% Fe, sendo as suas reservas

prognósticas estimadas em 600 milhões de toneladas de Fe e 160 milhões de

toneladas de TiO½.

Pelo que se pode ver, os teores de componentes úteis nos gabro-anortositos de Angola

são semelhantes aos dos mineiros citados. As reservas prognosticam destes mineiros

no maciço do Cunene são estimadas em varias centenas de milhões de toneladas de

TiO½ e vários bilhões de toneladas de ferro.

Ocorrências de titânio existem também noutra regiões do país, estando relacionadas

praticamente com todos os maciços de rochas alcalinas, bem como no jazigo de M

a 171
ANEXO CAPITULO III

´bassa, não oferecendo, contudo, interesse económico na fase actual do seu

conhecimento (92).

3.25.4.2. Jazigos Aluvionais

No maciço do Cunene, os mineiros secundários de ilmenite e de titano-magnetite

aparecem em todas as áreas em que foram localizadas as suas fontes primárias. Os

teores de titano-magnetite e de ilmenite nos depósitos aluvionares, eluvionares e de

vertente variam de 30 a 60 kg/m³. Os depósitos que oferecem o maior interesse são os

de Muquequete, Chiange, Nihiquilo e Área dos Gambos. No total, nos vales dos rios

foram identificados 10 depósitos aluvionares de mineiros titaniferos, alguns dos quais

podem ser classificados como jazigos. Apresentam-se mais abaixo os parâmetros

principais dos depósitos aluvionares de maior importância.

Muquequete: com 7 km de comprimento e 0,25 km de largura, espessura do nível

mineralizado de 1 a 5 m, teor de ilmenite, de 30 kg/m³, sendo as reservas prognosticas

de concentrado ilmenitico avaliadas em 0,35-0,6 milhões de toneladas.

Área dos Gambos: com 20 km de comprimento e 0,3 km de largura, possança de 1 a 5

m, teor de ilmenite, de 30 kg/m³ e reservas prognosticas avaliadas em 0,6-0,8 milhões

de toneladas de concentrado ilmenitico.

Chiange: com 10 km de comprimento e 0,3 km de largura, possança de 1-3 m, teor de

ilmenite de 30 kg/m³ e reservas prognosticas avaliadas em 0,2 milhões de toneladas de

concentrado ilmenitico.

a 172
ANEXO CAPITULO III

Nihiquilo: com 20 km de comprimento e 0,3 km de largura, espessura de 1-3 m, teor

de ilmenite de 30-60 kg/m³ e reservas prognosticas avaliadas em 1,5 milhões de

toneladas de concentrado ilmenitico.

O valor total de reservas de concentrado ilmenitico em 10 depósitos e de 3 milhões de

toneladas.

Os depósitos aluvionares apresentam-se sob a forma de uma carapaça com 1,5 a 20 km

de comprimento e espessura de 1-5 m. Pode-se portanto tirar a conclusão que os

depósitos de ilmenite de Angola poderão ser interessantes economicamente, após

realização de alguns trabalhos Geológico-mineiros complementares.

3.25.5. Manganés

Os mineiros de manganés foram descobertos em Angola no início do século XX.

Presentemente são conhecidos 150 pontos de mineralização, entre eles 20 jazigos na

área de Lucala (províncias de Malange e Cuanza Norte), onde os mineiros foram

antigamente extraídos para exploração. Varias ocorrências de mineiros de manganés

de boa qualidade existem também noutras regiões do país, não sendo possível,

contudo, prognosticar as suas perspectivas devido ao seu fraco conhecimento. Estas

ocorrências localizam-se nas seguintes áreas: Mazinga (província de Cabinda), onde a

mineralização em óxidos de manganés foi detectada nos depósitos do Proterozóico

Superior; Caimbambo (província do Huambo), onde a mineralização manganflera esta

relacionada com as laterites dos maciços carbonatiticos; Cangulo (província do

Namibe), onde a mineralização em óxidos de manganés se observa numa extensão de

7 km nos calcários sicilicificados do Cretácico Superior, no alto Zambeze, onde os

a 173
ANEXO CAPITULO III

óxidos de manganés foram verificados na rochas metamorfizadas do Pré-câmbrico e

nas laterites.

Na área de Lucala, são conhecidos mais de 80 pequenos jazigos e ocorrências de

manganés (93). No período de 1943 a 1974, foram extraídos 600 mil toneladas de

mineiros de manganés e vários milhares de toneladas de mineiros de ferro-manganés a

profundidades de 30 a 70 m. O reconhecimento dos jazigos foi realizado

paralelamente com os trabalhos de extracção. Algumas sondagens isoladas atravessam

corpos mineralizados a profundidades cerca de 100 m. Os jazigos estão representados

por óxidos de mineiro de alto teores em jazigos primários e em depósitos eluvionares e

de vertente. Os mineiros revelam 45-60% Mn, 2-3% Fe, 4-10% SiO½, 0,1-0,5% CÃO.

Nos jazigos de Quitota e Lengué aparecem localmente mineiros de ferro-manganés

com 25% a 45% Mn e 2% a 44% Fe. Os principais mineiros metálicos são

psilomelana, pirolusite, sendo mais rara manganite e braunite com impregnações de

ferro, bário e cálcio. Os mineiros aluvionares constituem, à superfície, jazidas em

forma de carapaça com comprimento e largura de varias dezenas ou centenas de

metros e espessuras de cerca de 3 m.

Os mineiros primários estão representados por dois tipos morfológicos: jazidas

estratiformes nas rochas terrígenas do Proterozóico Superior e corpos filonianos (de

simples a complexos) localizados em diversas rochas Arcaicas ou sienitos e pórfiros

andesiticos do Proterozóico Superior. As jazidas estratiformes, com varias centenas de

metros de extensão e espessuras até 3 m, apresentam-se com inclinação de 0º a 90º,

enquanto os corpos filonianos, cuja extensão é de dezenas de metros e espessuras até 3

m, são, regra geral, de ocorrência sub-vertical. Em alguns jazigos são observados, ao

longo de importantes acidentes tectónicos, conjuntos de corpos filonianos de

a 174
ANEXO CAPITULO III

disposição escalonada, formando zonas mineralizadas de vários quilómetros de

extensão e espessuras atingindo 18 m. As jazidas estratiformes são assinaladas nos

jazigos de Gungundo, Quicuinhe, Quiaponte, Capuca e outros, observando-se corpos

filonianos nos jazigos de Quiculo e Casuco. A existência de ambos os tipos foi

verificada nos jazigos de Quitota, Serra Bê e Lengué, entre outros. Autores estimam as

reservas de mineiros de alto teor em 4-5 milhões de toneladas. É de supor um

acréscimo considerável das reservas no caso de ser executado um estudo

complementar em profundidade e nos flancos dos jazigos. Alem disso, é bem provável

a descoberta de novos jazigos de mineiro do referido tipo, visto existirem na região

numerosas ocorrências do manganés ainda não estudadas.

3.25.6. Cobre

A partir do século passado, foram detectadas no território do país mais de 170 áreas

com mineralização cuprífera. Entre elas, 4 jazidas e 40 ocorrências de mineiros de

cobre e de polimetálico do tipo estratiforme, do tipo pórfiro e em filões de quartzo

com sulfuretos (51, 58, 92).

3.25.6.1. Tipo Estratiforme

Os mineiros do referido tipo formam jazidas em camadas concordantes com a

estratificação, em bandas ou em lentículas. Os jazigos e ocorrências são subdivididos

em dois grupos:

 Mineiros de cobre polimetálicos nos depósitos terrígeno-carbonatados do

Proterozóico Superior;

 Grés e xistos cupríferos nos depósitos Mesozóicos.

a 175
ANEXO CAPITULO III

3.25.6.1.1. Mineiros de Cobre Polimetálicos

Os jazigos e ocorrências destes mineiros localizam-se no nordeste do país (Tetelo,

Mavoio, Bembe, Báua, M`Bilo, Sanza, Quinzo, Quimbumba, Lueca, entre outros) e no

Alto Zambeze (Manhinga). No nordeste, os corpos mineralizados ocorrem sob a forma

duma cadeia estendendo-se por mais de 100 km ao longo da falha das Hematites, a uns

5 km para oeste da mesma, nos calcários dolomitizados do Grupo Xisto-calcário (132).

Nos flancos desta cadeia desenvolvem-se mineiros de cobre (jazigos de Tetelo,

Mavoio e Bembe), ocorrendo na sua parte central mineiros de cobre e polimetálicos

com vanádio.

Os mineiros de cobre, disseminados e/ou em filões, formam corpos concordantes com

a estratificação, alinhados ao longo da falha das Hematites por uns 450-500 m com 50

a 150 m de largura e espessuras variando de 2-12 m (Mavoio) a 10-25 m (Tetelo). São

constituídos por calcopirite, pirite, calcosina e bornite, assinalando-se também galena,

esfalerite, arsenopirite, e minerais hipergenicos de cobre.Nos mineiros secundários

predominam A hematite, geothite, calcosina, malaquite, sendo também assinalado

cobre nativo, azurite e óxidos de manganés. O teor de cobre nos mineiros vária de

valores ínfimos a 30-35% (concentrado), o teor de cobalto é cerca de 1%, tendo sido

verificados nos concentrados teores até 15g/ton de ouro e cerca de 90g/ton de prata.

Em 1934-63, foram extraídas dos mineiros de alto teor 22000 toneladas de cobre, 1500

toneladas de chumbo, 1100 toneladas de zinco e 900 toneladas de pentóxido de

vanádio. Deste volume, no jazigo de Mavoio foram extraídas 20800 toneladas de

cobre, sendo o teor de cobre de 12%. A cerca de 1 km para nordeste do jazigo de

Mavoio foi reconhecido, em 1972, o jazigo de Tetelo com reservas de mineiros

a 176
ANEXO CAPITULO III

avaliadas em 8,2 milhões de toneladas, com teor de cobre de 2,6% (ou 212 800

toneladas de cobre).

A exploração de mineiros polimetálicos e de cobre polimetálicos foi realizada ao céu

aberto. No jazigo de Báua foram extraídas 120 toneladas concentradas de mineiro de

cobre e varias toneladas de chumbo. A exploração duma jazida de smithsonite no

jazigo de M`Bilo forneceu 2117 toneladas de concentrado de mineiros de zinco com

teor de zinco atingindo 45%. Os mineiros dos jazigos de Quinzo, Quimbumba e

Lueca, com chapéu de ferro à superfície, são constituídos por hematite, goethite e

limonite com distribuição irregular dos mineirais de vanádio, nomeadamente

moltranite, descloizite, vanadinite, assim como pirite, galena e esfalerite, entre outros.

Os mineiros contêm 17-50% de chumbo, 0,5-6% de zinco, 0,5-7% de cobre e de 0,8 a

14,97% de pentóxido de vanádio. O total dos mineiros aqui extraídos é cerca de 12000

toneladas.

A ocorrência de Mahinga, no alto Zambeze, está relacionada com horizontes de

argilitos e grés ferruginosos que ocorrem nos xistos carbonatados da formação

Macondo. A mineralização metálica encontra-se concentrada no núcleo dum sinclinal

suave, localizando-se em horizontes terrigenos. Nos flancos do sinclinal, a

mineralização foi reconhecida mediante sanjas e poços de pesquisa, e atravessada

mediante sondagens na parte central. A mineralização ocorre à profundidade de 70 a

120 m, tendo sido observada em 1 km de extensão e 300-500 m de largura. A sua

espessura varia de 1,5 a 25 m, sendo em media de 8 m. O mineiro é constituído por

malaquite com calcopirite e calcosina, com teores de cobre de 0,5 a 4,7% (1,03% em

media). As reservas prognósticas do mineiro foram avaliadas em 9,25 milhões de

toneladas, equivalente a cerca de 95000 toneladas de cobre.

a 177
ANEXO CAPITULO III

3.25.6.1.2. Grés e Xistos Cupríferos

Ocorrem principalmente na zona litoral de Angola, sendo observados de norte para sul

600 km. Formam o jazigo das cachoeiras e 10 ocorrências, nomeadamente Zenza do

Itombe, Loeto, Biópio, Mina do Inglês, Cuio e Chapéu Armado, entre outras. A

mineralização localiza-se nos depósitos do Cretácico Inferior, no contacto com

formações avermelhadas basais ou próximo delas, no grés cinzentos lenticulares (com

espessura cerca de 50 m) e, mais raramente, nos calcários e xistos argilosos. Os corpos

sub-horizontais em bandas ou lenticulares, concordantes com a estratificação,

apresentam-se por vezes formando níveis. A sua extensão é de varias dezenas ou

centenas de metros, sendo as espessuras de 0,2 a 2,0 m, raras vezes chegando a 7 m.

No jazigo das cachoeiras alguns corpos atingem, em planta,

0,9×1,5 Km com espessura até 7 m. Os mineiros são impregnados de calcosina,

bornite ou, em menor frequência, pirite, galena, esfalerite, malaquite e, ainda mais

raramente, crisocola e azurite nas rochas gresosas. O teor de cobre é de 0,5 a 8%

(sendo em media de 1-2%). No jazigo das cachoeiras, além de cobre, assinala-se a

presença de ouro (de 0.2-0,3 g/ton) e de prata (2,2-14,7 g/ton), nos mineiros do Zenza

do Itombe foram verificados chumbo (0,3%) e zinco (0,05%). Na área da ocorrência

de mineiro polimetálicos de Loeto, o horizonte mineralizado (de 4 a 5 m) está

representado por uma alternância fina de camadas de xistos argilosos com

intercalações enriquecidas de esfalerite e pirite disseminadas. O teor de zinco é cerca

de 2-2,5%, o de chumbo, de 0,1-0,3%.

As reservas calculadas do jazigo do Zenza do Itombe são de 325000 toneladas, com

teor de 1% Cu (3250 toneladas de cobre metálico), sendo as reservas das cachoeiras

a 178
ANEXO CAPITULO III

7285 mil toneladas de mineiro com teor de 2,08% Cu (ou seja, 151400 toneladas de

cobre metálico). As reservas de outras áreas não chegaram a ser avaliadas.

3.25.6.2. Mineralização do Tipo Pórfiro

É constituída por filonetes e disseminações da mineralização em sulfuretos,

localizadas em pequenas intrusões e formações subvulcânicas de composição ácida e

media do Proterozóico Inferior e do Cretácico-Paleogénico (uma só ocorrência). São

áreas mineralizadas as de Munenga e Menongue, bem como a de Lagoa da Mina, nas

proximidades da cidade do Namibe. A mineralização cuprífera apresenta-se em

impregnações nos pórfiros granitoides ou localiza-se nas zonas próximas do contacto

com as rochas encaixantes, ou desenvolvem-se nas rochas efusivas de composição

ácida media. A mineralização é acompanhada de zonas de silicificação ou de filões

isolados de quartzo. Às vezes está relacionada com zonas de brechificação,

esmagmatismo e foliação das rochas encaixantes. A extensão das áreas mineralizadas

atinge 800 m, variando a sua largura de 25 a 50 m. A profundidade reconhecida é

insignificante, sendo de 15 m na área de Munenga é de 50 m, no Menongue. A

mineralização está representada por uma disseminação irregular de calcosina, covelite,

em combinação com impregnações de malaquite ou, mais raramente, de crisocola e

azurite. Na área de Menongue assinalam-se tenantite, tetraedite, galena e esfalerite. O

teor de cobre varia de 0,4 a 1,2%, atingindo em media, em algumas áreas, 1,93% Cu.

Amostras isoladas revelam 0,3-8 g/ton, de ouro e 2-69 g/ton de prata. A exploração

dos mineiros foi efectuada em volumes insignificantes, não tendo sido feita a

avaliação das reservas prognosticas. Após um estudo complementar, estas áreas

podem vir ter interesse económico.

a 179
ANEXO CAPITULO III

3.25.6.3. Mineralização do Tipo Sulfureto de Cobre em Filões de Quartzo

Mineralizações cupriferas deste tipo são vulgares no território de Angola, abrangendo

cerca de 1/3 da totalidade das ocorrências cupriferas conhecidas. Formam filões e

zonas mineralizadas relacionadas com acidentes tectónicos nas rochas do Arcaico e do

Proterozóico Inferior. No período de 1920-60 foram exploradas, por métodos

artesanais, as áreas de Vipongos, Pedra Grande, Caquete, Caviande, Calumbumbolo.

Foram reconhecidas e parcialmente explorados filões de quartzo de forte inclinação,

massas lenticulares e zonas de silicificação com mineralização cuprifera disseminada

e/ou em filões. A espessura dos filões é de 0,3 a 10 m, variando a sua extensão de 5 a

750 m. A exploração foi efectuada até poucas dezenas de metros de profundidade,

tendo atingido 85 m somente em Vipongos. As espessuras das zonas de silicificação

oscilam entre 2,5 e 20 m, sendo as suas dimensões cerca de 800 m no sentido de

direcção e 170 m, no sentido de inclinação. Em profundidade, predominam calcopirite

e calcosina, aparecendo de vez em quando bornite, pirite, magnetite, ouro, hematite,

psilomelana, torbernite. O teor de cobre varia de valores ínfimos a 3-4%, raras vezes

ultrapassando 6-7%. Ocasionalmente são assinalados ouro e prata. As áreas referidas,

com mineralizações de reduzida extensão, foram exploradas, regra geral, a partir da

superfície, tendo sido a exploração raras vezes realizada em subterrâneo.

3.25.7. Jazigos e Ocorrências com Mineralização Múltipla nos Maciços Alcalino-

Carbonáticos

A maior parte dos maciços conhecidos de rochas ultrabásicas e de carbonatitos

(quadro 5.6) foi estudada no decurso dos levantamentos Geológicos por itinerários,

com excepção dos maciços Tchivira, Coola e Bailundo. Os mineiros ricos em fluorite

dos dois primeiros maciços referidos foram detectados por sanjas isoladas, tendo os

a 180
ANEXO CAPITULO III

mineiros magnetíticos eluvionares do Bailundo sido reconhecidos mediante

sondagens. O maciço da Bonga, com seu afloramento enorme, foi estudado através de

varias dezenas de amostras de mão, colhidas nas áreas mineralizadas em terras raras

(58, 73, 92, 97).

Mineralização em terras raras. Foi detectada nos carbonatitos e fenitos dos maciços de

Bonga, Tchivira, Monte Verde, Coola, Bailundo, Longonjo, Virulundo, Lupongola,

Capuia, Sulima e Chianga. As reservas prognósticas foram avaliadas apenas no

maciço da Bonga. Os carbonatitos deste maciço possuem de 0,3 a 0,8% de pirocloro.

As reservas prognósticas de pirocloro são avaliadas em cerca de 20 milhões de

toneladas. O total das reservas prognosticas nas referidas áreas é de 14 milhões de

toneladas Nb½O5; 78 000 toneladas U3O8; 184 000 toneladas ThO½; 23 000

toneladas CeO½; 6500 toneladas Y½O3; 369 000 toneladas ZrO½; 543000 toneladas

TiO½ e 239000 toneladas SrO½ (73). No caso destes cálculos prognósticos serem

confirmados por trabalhos de pesquisa, poderia dizer-se que a mineralização do

maciço da Bonga é única no seu género.

Jazigos e ocorrências de mineiros de ferro. Foi detectada nos carbonatitos e fenitos

dos maciços do Bonga, Tchivira, Monte verde, Coola, Bailundo, Longonjo, Virulundo,

Lupongola, Capuia, Sulima e Chianga. As reservas prognósticas foram avaliadas

apenas no maciço do Bonga. Os carbonatitos deste maciço possuem de 0,3 a 0,8% de

pirocloro. As reservas prognósticas do pirocloro são avaliadas em cerca de 20 milhões

de toneladas. O total de reservas prognosticas nas referidas é de 14 milhões de

toneladas Nb½O5; 78000 toneladas U3O8; 184000 toneladas ThO½; 23000 toneladas

CeO½; 6500 toneladas Y½O3; 369000 toneladas ZrO½; 543000 toneladas TiO½ e

239000 toneladas SrO½ (73). No caso destes cálculos prognósticos serem confirmados

a 181
ANEXO CAPITULO III

por trabalhos de pesquisa, poderia dizer-se que a mineralização do maciço do Bonga é

única no seu género.

Jazigo e ocorrências de mineiros de ferro. São conhecidos nos maciços de bailundo,

Canata, Bonga, Virulundo, Capuia, Longonjo e Tchivira (ver o ponto 9.3). Os

carbonatitos da Bonga, além de mineralização em terras raras, revelam cerca de 6% de

magnetite. No maciço do Virulundo, com mineralização múltipla (terras raras com

apatite e magnetite), as reservas prognósticas de magnetite titanifera são avaliadas em

175 milhões de toneladas (3,06% TiO½).

Ocorrências de barite. Foram detectadas nos carbonatitos dos maciços de Tchivira,

Bonga, Coola, Bailundo, Longonjo, Virulundo e Monte verde. Na maioria dos casos,

aparece em filões quartzo-baríticos ou quartzo-barite-fluoriticos de pequena possança

ou, mais raramente, em massas lenticulares de dimensões reduzidas (Coola, Bailundo,

Longonjo).

Ocorrência de alumínio. Os sienitos nefelinicos do maciço de Tchivira são matéria-

prima para a produção de alumínio. A nefelina, cujo teor oscila entre 23,9 e 72,2%,

pode ser obtida sob a forma de concentrado.

Ocorrências de fosfatos. São ricos em apatite os carbonatitos com pirocloro dos

maciços do Bonga (3-9% P½O5). Este mineral foi também detectado, embora em

menores quantidades, nos carbonatitos e fenitos de Bailundo, Virulundo, Capunda,

Lupongola e Capuia. O nível de conhecimento sobre a mineralização é insuficiente.

Jazigos de fluorite. No maciço da Coola, foram reconhecidos os mineiros de fluorite

com espessura até 80 m, observados por uns 200 m. O teor médio de fluorite é de

71%. As reservas prognosticam são avaliadas em 3-5 milhões de ton. No maciço de

a 182
ANEXO CAPITULO III

Tchivira, a existência de fluorite foi verificada em brechas carbonatadas. A

mineralização foi observada mediante sanjas por uns 3 km. A espessura das zonas de

mineralização é de 20 a 40 m, sendo o teor médio em fluorite de 42,7% (de 27,9 a

61%). As reservas prognósticas foram avaliadas em 6-7 milhões de ton. As

ocorrências de fluorite são também conhecidas nos carbonatitos do maciço do Bonga.

Jazigo de peridoto. Na cobertura eluvionar do maciço de Catanda foi reconhecido,

mediante poços de pesquisa, um jazigo de olivina nobre

(peridoto) numa área de 36 mil m². As reservas avaliadas são de 1558 mil quilates de

pedras com dimensões de 2 a 5 quilate e 15,9 mil quilates de pedra com dimensões de

5 a 8 quilates. Alem disso, nos aluviões dos rios que cortam as rochas dos maciços de

Sulima, Monte verde e Virulundo são conhecidas (96) concentrações de grandes

cristais de Zircão (mais de 2 cm).

3.25.8 Ouro

As primeiras referências sobre a exploração de ouro no território de Angola (província

de Cabinda) datam dos séculos XVIII-XIX. O registo oficial da produção deste metal

foi iniciado em 1938. No período entre 1938-1973, a produção anual registada foi de

0,5-119 kg. A partir dos anos 60, a prospecção de ouro começou a ser mais

sistemática. Os jazigos e ocorrências cuja descrição se apresenta mais abaixo, foram

descobertos entre 1964 e 1974. Desde 1975 a 1986, os estudos sistemáticos da

mineralização aurífera foram executados apenas em algumas áreas do país. Em

Angola, são conhecidos jazigos e ocorrências de ouro aluvionar e nativo (51, 58, 92).

a 183
ANEXO CAPITULO III

3.25.8.1. Jazigos e Ocorrência de Ouro Aluvionar

No território de Angola foram definidas 4 áreas favoráveis à ocorrência de ouro

aluvionar: Cabinda, Cassinga, Dondo e Namibe. Na província de Cabinda, a

mineralização urifera localiza-se na bacia do rio Luali. No curso médio deste rio,

numa área de 3.000 Km², são conhecidos mais de 100 ocorrências de ouro e um jazigo

pequeno, de Macende. A existência de ouro foi verificada nos aluviões dos vales

actuais e nas cascalheiras dos terraços antigos do Plistocénico Inferior. Os teores

médios do metal são de 0,4 a 1,12 g/m³. A exploração de ouro aluvionar foi efectuada

utilizando técnica rudimentar. A produção obtida foi cerca de 500 kg.

Área de Cassinga. Nas áreas mineralizadas de M`popó e Chipindo são conhecidas

mais de 90 ocorrencias de ouro aluvuionar. Não existem dados nem sobre os volumes

dos trabalhos de pesquisa, nem sobre os parâmetros das ocorrências. O teor de ouro

nos aluviões dos rios varia de poucos g/m³ a 50-200 g/m³.

As informações que se têm sobre as áreas de Dondo e Namibe são muito incompletas.

Nos aluviões de muitos rios assinalam-se teores industriais de ouro, às vezes com

teores elevados em minerais de nióbio, tântalo, zircónio, titânio e outros elementos.

3.25.8.2. Jazigos e Ocorrências de Ouro Nativo

São conhecidas duas áreas, M`popó e Chipindo, em que se localizam jazigos de ouro

nativo e aluvionar com interesse económico. Ocorrências dispersas não avaliadas

existem em varias regiões do país.

A área de M`popó encontra-se a 35 km para sul de Cassinga. A “Companhia Mineira

do Lobito”, tendo realizado aqui em 1956-1968 trabalhos de pesquisa com abertura de

a 184
ANEXO CAPITULO III

sanjas e trincheiras de confirmação (a 8-10 m de profundidade), para alem de

sondagens, poços e alguns trabalhos subterrâneos como galerias e poços, detectou em

10 áreas, nos granitos do Proterozóico Precoce, filões de quartzo com espessuras de

0,15 a 0,24 m e com 200 a 600 m de extensão. O teor de ouro nos filões é, em media,

cerca de 10 g/ton, atingindo às vezes

60-82 g/ton. Numa das áreas, as sondagens atingiram profundidade de 160 m, tendo

sido os dois filões mais possantes atravessados por um poço de mina numa

profundidade de 110 m. No bloco 21, delimitado por escavações mineiras, foram

detectadas teores industriais de

6 a 82 g/ton. (sendo o teor médio de 18,14 g/ton.) e com reservas totais de 2,64 ton.

Outras 9 áreas ficaram sem serem reconhecidas e avaliadas. Em muitos casos, as

trincheiras e sanjas não chegaram a ultrapassar os limites da mineralização aurífera.

As rochas encaixantes, regra geral, não foram amostradas. Nos depósitos aluvionares,

em todas as 10 áreas foram detectadas teores elevados de ouro, não tendo sido,

contudo, as suas reservas avaliadas.

A área de Chipindo (jazigos de Cuenqué e Canjanja) fica a 10 km para sul da

povoação com o mesmo nome, ligada à sede da província, a cidade do Huambo, por

uma estrada asfaltada. As ocorrências de ouro localizam-se na área de

desenvolvimento das intrusões graníticas e granodioriticas do Proterozóico Precoce. A

superfície mineralizada é de varias centenas de Quilómetros quadrados. A

mineralização aurífera foi detectada por Geólogos da “Companhia Mineira do Lobito”

em 1965, mediante amostragem Geoquímica. Assim como na área de M`popó, todas

as anomalias mostraram disseminações de ouro em filões de quartzo. Em alguns troços

do curso do rio Colui, os teores de ouro nos depósitos aluvionares do leito e nos

a 185
ANEXO CAPITULO III

depósitos da lezíria oscilam entre alguns gramas e 200 g/m³. Em 1973, duas áreas com

a superfície de 30 Km² foram reconhecidas pela Companhia Americana “Chromalloy

Angola SARL”. Em 1973-1976, foram delmitados 7 “placers” com interesse

económico (com teores superiores a 1 g/m³), tendo sido atravessados por sanjas 9

filões fortemente inclinados de quartzo aurífero com 100 a 700 m de extensão. A

companhia tencionava começar em 1977 uma exploração-piloto com vista à obtenção

de, pelo menos, 250 kg anuais de ouro. Não existem nenhuns dados sobre os

parâmetros e volumes de metal extraído.

Outras ocorrências auríferas. A existência de ouro em filões de quartzo foi verificada

nas proximidades das cidades de Malange, Uíge, Namibe, bem como a montante do

rio Zambeze e na província da Lunda-Norte. Informações sobre os parâmetros da

maior parte das mineralizações são inexistentes. Há apenas referências sobre as áreas

do alto Zambeze e Malange, indicando o teor de ouro em filões de quartzo de alguns

g/ton, a 349 g/ton. Mineralizações auríferas foram também detectadas nos jazigos de

mineiros de cobre e polimetálicos de Tetelo, Cachoeiras e Menongue, onde o ouro

aparece como acessório.

3.25.9. Mineiros não Metálicos

3.25.9.1. Fosforites

A existência de fosforites no território de Angola foi detectada em 1929 pelo Geólogo

J. Bequaert, na província de Cabinda. Posteriormente, as rochas fosfatadas foram

objecto de prospecção e pesquisa realizadas pelo Serviço Geológico Nacional e varias

companhias estrangeiras. Destacam-se duas áreas mais importantes de

a 186
ANEXO CAPITULO III

desenvolvimento de fosforites, situadas a nordeste do país, nas províncias do Zaire e

de Cabinda.

Na província do Zaire, nas formações sedimentares Eocénicas e nos depósitos

quaternários, foram detectados 3 jazigos de rochas fosfatadas (Quindonacaxa, Coluge-

Tando e Coco-Grande). As fosforites formam jazigos em camadas de forma

assimétrica à profundidade de 0,1 a 2,1 m. As camadas com espessuras mediam de 0,5

a 0,9 m são constituídas por coprolitos de carbonato-apatite envolvidos em material

areno-argiloso. Os teores médios em P½O5 são de 25,3-27,6%. Os mineiros são de

natureza sedimentar, Bioquímica, muitas vezes redepositados. O valor total das

reservas reconhecidas é de 23,0 milhões de ton. Há possibilidade de serem encontradas

novas reservas industriais tanto na área dos jazigos já conhecidos como através da

descoberta de novas ocorrências. O jazigo com maior interesse é o de Quindonacaxa,

com reservas avaliadas em 15,7 milhões de ton.

Na província de Cabinda, são conhecidos os jazigos de chibuete, Moampoate, Ueca,

Mongo-Tando e Cácata. Todos eles, à excepção do Mongo-Tando, estão relacionados

com depósitos do Cretácico Superior, localizando-se nos grabens de direcção NW,

complicados por falhas de diversa orientação. O nível de fosfatado é constituído por 1

a 3 camadas de fosforites com espessura total de 13,1 a 28,1 m, inclinando 5 a 15º a

profundidades de 0 a 135 m. As camadas são constituídas por concreções fosfatadas e

grãos de fluorapatite, fósseis de peixes e grãos finos de areias quartzosas. O teor médio

em P½O5 varia de 8,7% a 20%. Os jazigos são de origem sedimentar, bioquímica. O

valor total das reservas é cerca de 200 milhões de ton com 30-36% P½O5. Com mais

pormenor foi estudado o jazigo de Mongo-Tando, com determinação das reservas de

a 187
ANEXO CAPITULO III

fosforites nas categorias A +B + C1, avaliadas em 20,9 milhões de ton. A região é

favorável à detecção de novas ocorrências de rochas fosfatadas.

3.25.9.2. Sais

Até a data, no território de Angola não se conhecem reservas provadas de sal-gema e

sais de potássio. Contudo, existem jazidas possantes de sal-gema com níveis

enriquecidos em potássio nas zonas de Cuanza e Cabinda-congo Depressão

Perioceânica, constituindo grandes estruturas em domos salinos. Numa avaliação

preliminar, algumas podem ser consideradas como jazigos importantes.

Na zona do Cuanza, as jazidas de sal-gema estão relacionadas com depósitos marinhos

de idade Cretácica. São conhecidas aqui mais de 10 ocorrências importantes situadas

próximo da superfície e a profundidade até 80 m. O sal-gema constitui estruturas

verticais em cúpula sob a forma de pilares ou placas. O cumprimento destas estruturas

varia de 20 a 60 km, a largura é de 1 a 5 km, sendo a sua extensão em profundidade

até 3 km. O teor médio de NaCl em amostras isoladas é de 97% (segundo os dados da

SONANGOL). As reservas prognósticas de cada uma das ocorrências são avaliadas

em vários bilhões de ton. As maiores perspectivas são oferecidas pelas estruturas em

cúpula de Cacimbas, Tobias e Tuenza (9,10,92), indicadas na Figura 9 como jazigos

de sal-gema.

Os sais potássicos existem na zona de Cabinda-Congo (de acordo com o Geólogo dos

EUA., Edliupds). As jazidas relacionadas com depósitos do Cretácico Inferior são

constituídas por camadas salíferas carnaliticas e silviniticas em alternância com

anidrite que foram reconhecidas mediante sondagens até profundidades de 250 a 1000

m. São de interesse económico principalmente as áreas com silvinite que aparecem,

a 188
ANEXO CAPITULO III

regra geral, no topo das sequências salíferas. A espessura das camadas e lentículas

silviniticas é irregular. Segundo os dados fornecidos por sondagens Geofísicas,

distinguem-se dois horizontes silviniticos. A espessura das jazidas é de poucos metros,

sendo o teor em K½O cerca de 30%. A jazida silvinitica a 65 km para nordeste da

cidade de Cabinda, situada nas proximidades da povoação de Dinge, ocorrendo a uma

profundidade de 300-350 m, com espessura de 4-5 m, observada numa extensão de 5

km, oferece grande interesse. O teor em K½O no mineiro é de 27,4-28,0%. As

camadas com sais de potássio foram reconhecidas por muitas sondagens de pesquisa

de petróleo na zona do Cuanza. Na área do Cabo Ledo, ocorrem a uma profundidade

de cerca de 100 m na parte superior de estrutura diapírica em cúpula de Cacimbas.

3.25.9.3. Quartzo

Os afloramentos de quartzo são observados nas rochas do Arcaico e do Proterozóico

Inferior de composição gnaisso-granito-granodioritica, em muitas áreas da parte oeste

de Angola. Presentemente, é de grande interesse económico o jazigo de Poçaria,

situado a 33 km para nordeste da cidade do Sumbe, província do K.Sul. O jazigo é

formado por 4 filões sub paralelos, com inclinação de 60-70º. O filão principal, com

cerca de40 m de espessura, é observado por uns 200 m, atingindo, provavelmente,

cerca de 80 m de profundidade. O quartzo de Poçaria é dividido em 3 tipos: A- cristal

de rocha sem fissuras ou inclusões visíveis; B- semi-transparente, em parte cinzento-

fumado; C- quartzo leitoso. O teor em SiO½ é de 96,0 a 99,99%. É possível a

descoberta de quartzo com propriedade óptica e de piezoquartzo. Segundo uma

estimativa preliminar, as reservas de quartzo são de 882.700 ton, entre elas, 5% do tipo

A, 55% do tipo B, 30% do tipo C e 10%, inferior a C.

a 189
ANEXO CAPITULO III

O jazigo esteve em exploração, tendo sido extraídas, no período de 1975 a 1978,

5617,5 ton. O acréscimo das reservas é possível através de detecção de outros filões de

quartzo, largamente desenvolvidos na área em consideração (98).

3.25.9.4. Micas (Moscovite)

Todas as ocorrências conhecidas de moscovite estão relacionadas com filões

pegmatiticos micáceos nas rochas metamórficas do Arcaico. É de grande interesse a

área de desenvolvimento de pegmatitos situada a NE de Luanda, na província do

Bengo, abrangendo os jazigos de Muxexe, Cassalengues, Quizambilo, Cambaça e

Mussaca-Saca (92). Os filões pegmatiticos com espessuras de 1 a 20 m estendem-se

por varias dezenas ou poucas centenas de metros, com inclinação de 70-90º. A

variedade mais representativa na área, a moscovite, forma cristais lamelares com cerca

de 80 cm de espessura, de alta qualidade. Além de moscovite, aparecem em

quantidades diminutas berilo, turmalina e granada. Os minerais filonianos,

nomeadamente quartzo e feldspato, também constituem matéria-prima valiosa. Muitos

jazigos já foram explorados no período de 1939 a 1962, tendo sido volume total

extraído de 3056 ton. A maior parte de produção foi exportada para os EUA, França,

Alemanha e Espanha.

3.25.9.5.Asfaltites

As ocorrências de asfaltites (rochas betuminosas) têm larga representação no Oeste de

Angola, ao longo do litoral. Quase todas elas estão relacionadas com depósitos

sedimentares do Cretácico Inferior, representados por calcários, dolomites e grés. Até

a data foram detectadas cerca de 20 ocorrencias de asfaltites (92). De maior interesse é

considerada uma área a 55 km para NE de Luanda, situada nas proximidades da

a 190
ANEXO CAPITULO III

povoação de Dande, onde se localizam jazigos de Libongos, Husso, Undui, Lembe e

outras numerosas ocorrências de rochas betuminosas. Ocorre asfaltite em leitos dos

calcários betuminosos, com espessuras de 1 a 13 m, inclinando 5-15º. Os teores

médios de asfalto oscilam entre 15% e 22%. O valor total das reservas dos principais

jazigos desta região é cerca de 12 milhões de ton, sendo as reservas prognósticas

avaliadas em mais de 200 milhões de ton.

Alguns jazigos de asfaltites foram intensidade explorados no período de 1940 a 1973.

A produção obtida só nos jazigos de Libongos e Husso foi aproximadamente de

700.000 ton, tendo sido quase a metade exportada para Portugal, Bélgica e República

Sul-Africana.

3.25.9.6 Materiais para Indústria

3.25.9.6.1.Anortozitos

As reservas de anortositos que constituem o maciço do Cunene são praticamente

ilimitadas. A área mais estudada, de 500 Km², abrangendo o jazigo de Ofui e vários

outros, fica na parte norte do maciço, a 70 km para sudeste da cidade de Lubango

(24,92). Aqui foram detectadas mais 140 áreas nas quais pode ser empreendida a

extracção de pedras de alta qualidade. As reservas aproximadas de pedras em bloco

em 20 áreas mais importantes foram avaliadas em 1,18 biliões m³.

3.25 9.6.2. Mármores

Encontram-se largamente desenvolvidos no sul de Angola mármores e calcários

marmorizados relacionados com depósitos metamórficos do Arcaico Superior. A

maioria das ocorrências encontra-se concentrada a Sudoeste da cidade de Lubango,

a 191
ANEXO CAPITULO III

numa faixa com cerca de 10 km de largura, estendendo-se na direcção NW por mais

de 100 km. Os mármores ocorrem em camadas com espessuras variando de alguns a

500 m. A sua qualidade e, sobretudo, a sua cor muito variáveis. O reconhecimento e o

cálculo das reservas não foram efectuados. Alguns dos jazigos (Macota, Serra da Lua)

já foram explorados e placas cortadas de mármore de boa qualidade foram exploradas.

Várias ocorrências isoladas são também conhecidas nas províncias de Malange e

Cuanza Norte.

3.25.9.6.3.Feldspatos

Os jazigos de feldspato estão relacionados com filões pegmatiticos, largamente

desenvolvidos no Oeste do país, nas rochas metamórficas do Arcaico e do

Proterozóico Inferior. A espessura dos filões é normalmente de poucos metros. São

constituídos, principalmente, por feldspato e microclina; como acessórios, aparecem

quartzo e moscovite. Os mais conhecidos são os jazigos de Mussaca-Saca e Giraul. As

reservas prognosticas de feldspato na área do jazigo de Giraul (cerca de 100 Km²) são

avaliados em 300-500 mil ton.

3.25.9.6.4.Rochas Carbonatadas

Estão representadas por calcários e dolomites, relacionados, regra geral, com depósitos

marinhos do Cretácico, Paleogénico e Neogenico, largamente desenvolvidos ao longo

do litoral. A região com maior interesse é a do Sumbe-Cachoeiras, situada a nordeste

da cidade do Sumbe, onde rochas carbonatadas de boa qualidade ocorrem

praticamente à superfície, numa área de enorme extensão (71). Nas proximidades de

Luanda existem os jazigos de calcários de Cacuaco e Cecil.

a 192
ANEXO CAPITULO III

3.25.9.6.5. Caulino

Os jazigos de caulino Miquelo, Calouvi e Mavaiela (Quihita) foram formados em

resultado de alteração de rochas magmáticas e metamórficas, ricas em silicatos de

alumínio. No jazigo de Mavaiela, situado a 200 km para este da cidade do Namibe, foi

observada uma camada de caulino de com espessura de 16 a 20 m ocupado uma

grande área. O teor médio em Al½O3 é de 37,5%. As reservas de caulino parecem ser

consideráveis. O jazigo esteve em exploração (92)

3.25.9.6.6.Gesso

São frequentes nos depósitos sedimentares do Cretácico Inferior possantes jazidas

estratiformes de gesso que ocupam áreas de grande extensão. Alem de 4 jazigos

conhecidos (Sumbe, Hanha, Quericila, Santa clara), existem abundantes ocorrências e

índices (55, 71). O mais importante é o jazigo de Santa Clara, situado a 35 km para

sudoeste da cidade de Benguela. A sequência gipsifera, inclinando 10º-30º, forma uma

jazida estratiforme com mais de 50 m de espessura, observável por mais de 16 km. O

gesso é de granulometria fina com grãos de arranjo irregular, sem impurezas visíveis.

As reservas prognosticam são de 1 bilhão de ton.

3.25.10.Outros Recursos Minerais com Perspectiva Favoráveis

Para alem dos jazigos e ocorrências minerais acima considerados, são conhecidas em

Angola ocorrências de metais raros e dos outros recursos minerais. Afigura-se serem

de grande interesse as ocorrências de metais raros em filões pegmatiticos, bem como

as de volfrâmio, estanho e de vários mineiros não metálicos.

a 193

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