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Brasil: estrutura geológica e formas de relevo

A superfície terrestre apresenta várias “fisionomias” ou irregularidades a que chamamos relevo. Essas formações se originaram de
forças e movimentos no interior da Terra e são constantemente modeladas pelo trabalho conjunto de agentes externos, como as
águas do mar, dos rios e das chuvas, o gelo, o vento e os seres vivos. Na foto, Cânion Itaimbezinho, na divisa dos estados do Rio
Grande do Sul e de Santa Catarina, em 2014.
Estrutura geológica
Dos tipos de estrutura geológica que distinguimos na crosta terrestre, o Brasil
apresenta escudos cristalinos, ou núcleos cratônicos, bacias sedimentares e
dobramentos antigos. Não possui dobramentos modernos.

As áreas de escudos cristalinos, formadas em épocas muito antigas (pré-


cambrianas), ocupam cerca de 36% do território brasileiro e deram origem a terrenos
arqueozoicos (32%) e proterozoicos (4%).Nos terrenos da Era Proterozoica,
encontram-se as riquezas minerais do Brasil: ferro, manganês, bauxita, ouro, etc.

As bacias sedimentares, formadas nas Eras Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica,


ocupam mais da metade da área total do território brasileiro e são divididas em
grandes e pequenas bacias.
Veja no mapa a seguir como se distribuem os escudos cristalinos e as
bacias sedimentares no território brasileiro.
A dinâmica interna
Situado no centro da placa Sul-Americana, o território brasileiro apresenta relativa estabilidade geológica, pois,
como estudamos, as atividades vulcânicas e sísmicas ocorrem principalmente nas bordas
das placas tectônicas.
Quanto às atividades vulcânicas, as últimas erupções ocorridas no território brasileiro se deram principalmente
entre o final do Período Terciário e o início do Quaternário, e foram elas que deram origem às nossas ilhas
oceânicas.
Atividades vulcânicas mais intensas, com derramamento de lava, também ocorreram no final da Era Mesozoica,
nas atuais regiões de Poços de Caldas e Araxá, em Minas Gerais, e em grande parte do planalto arenito-basáltico,
nos atuais estados de São Paulo e Paraná.
Os movimentos orogênicos, que dão origem a montanhas, ocorreram em épocas mais remotas, principalmente na
Era Pré-Cambriana. Esses movimentos são conhecidos como ciclo brasiliano, e suas formações mais importantes
são a serra do Mar, a serra da Mantiqueira e a do Espinhaço, todas localizadas na região Sudeste.
O fato de o território brasileiro estar localizado em uma região de relativa estabilidade sísmica não exclui a
possibilidade de que ocorram tremores no país, devido às falhas geológicas e também por causa de deslocamento
interno de blocos na parte superior da crosta.
Embora a maioria dos tremores seja, em geral, de baixa intensidade, alguns abalos mais fortes já foram registrados
no país.
A dinâmica externa
• Das principais formas de relevo, o Brasil possui
planícies, planaltos e depressões. Sempre que nos
referimos ao relevo brasileiro, duas características
são mencionadas: sua antiguidade e baixas altitudes.
A antiguidade está relacionada a agentes inter-
nos que atuaram em remotas eras geológicas, e as
baixas altitudes são o resultado da longa exposição
de suas rochas aos agentes externos, que atuam
como modeladores do relevo: a água, o vento (em
seu trabalho de erosão, sedimentação e transporte),
o intemperismo e os seres vivos.
No Brasil, encontramos vários exemplos da ação
das águas dos rios, por exemplo, meandros no rio
Paraíba do Sul, planícies fluviais em vários pontos
do país, cataratas no rio Iguaçu; das águas do mar:
falésias no Sul e no Nordeste, tômbolos e restingas
ao longo do litoral; das águas das chuvas: voçorocas e deslizamentos; do vento: dunas
litorâneas; e dos
seres vivos: raízes das plantas, animais que escavam
o solo e as ações antrópicas.
Intemperismo: conjunto
de processos mecânicos,
químicos e biológicos
que ocasionam a
desintegração e a
decomposição das
rochas.
Meandro: curva formada
por erosão ou
acumulação no curso de
um rio.
Tômbolo: cordão
arenoso, formado por
acumulação marinha e
que geralmente liga ilhas
ao continente.
• Hipsometria:
representação das
altitudes no mapa. A hipsometria é uma técnica que possibilita a
representação da elevação de um terreno em um mapa topográfico através
de uma variação de cores.
• Na mesma, normalmente se utiliza uma graduação que vai de uma cor mais
quente para uma cor mais fria, de certa maneira que os locais de maior
altitude possuem cores mais quentes e os locais de menores altitudes
possuem cores mais frias.
• A graduação de cores mais utilizada na hipsometria é a que utiliza a cor verde
que é utilizada para os locais de menor altitude passando pela cor amarela,
até chegar na cor vermelha que é atribuída a lugares de maior altitude.
Classificações do relevo
brasileiro
• Três dos mais importantes geógrafos brasileiros
realizaram estudos e pesquisas para classificar o
relevo. Cada um utilizou os recursos que tinha à dis-
posição na época.
O desenvolvimento e a utilização de modernas
técnicas de sensoriamento remoto e de imagens de
satélites possibilitaram uma visão mais detalhada do
território brasileiro, de sua geologia e hipsometria.
A primeira classificação foi proposta pelo
geógrafo e professor Aroldo de Azevedo, em 1940.
Em 1960, foi proposta a segunda classificação, reelaborada pelo
também geógrafo e professor Aziz
Ab’Saber. Em 1989 foi a vez de Jurandyr Ross, outro geógrafo e
professor, propor uma nova classificação do relevo brasileiro.
Classificação de Aroldo de Azevedo
A primeira classificação que vamos estudar foi
elaborada, na década de 1940, pelo professor do
Departamento de Geografia da Universidade de São
Paulo (USP) Aroldo de Azevedo (1910-1974).
Nessa classificação, Aroldo de Azevedo empre-
gou termos geomorfológicos para denominar as
divisões gerais (planaltos e planícies), e critérios
geológicos para classificar as subdivisões, que foram
definidas em uma segunda etapa do trabalho.
Além disso, ele usou o critério da altimetria, es-
tabelecendo o limite de 200 metros para diferenciar
planaltos de planícies.
Na classificação de Aroldo de Azevedo, o terri-
tório brasileiro foi dividido em oito unidades de
relevo.
Para realizar essa classificação, o autor levou em conta principalmente
as diferenças de altitude. Dessa forma, classificou-se como planícies as
formas de relevo relativamente planas, com altitudes inferiores a 200
metros. Em contrapartida, os planaltos foram classificados como as
partes de relevo cuja altitude superam 200 metros.
Com essa classificação, 59% do território brasileiro foi considerado
planaltos e 41% planícies.
Classificação de Aziz Ab’Saber
Em 1960, o também professor do Departamento
de Geografia da Universidade de São Paulo (USP)
Aziz Ab’Saber (1924-2012), usando o critério mor-
foclimático, que explica as formas de relevo pela
ação do clima, ampliou a classificação de Aroldo de
Azevedo, acrescentando novas unidades ao relevo
brasileiro. Em sua classificação, o Brasil apresenta
dez unidades de relevo.
Ab’Saber baseou-se nos processos de sedimen-
tação e erosão para diferenciar planalto de planície,
sem mencionar o nível altimétrico de Aroldo de
Azevedo. Segundo Aziz Ab’Saber, todas as superfí-
cies onde predominam os agentes de erosão são
consideradas planaltos, e as superfícies onde a de-
posição de sedimentos é maior que a erosão são
classificadas como planícies
Classificação de Jurandyr Ross

Em 1989, outro professor do Departamento de


Geografia da USP, Jurandyr Ross, com base nos es-
tudos de Aziz Ab’Saber, propôs uma nova divisão do relevo brasileiro,
mais detalhada graças às mo-
dernas técnicas cartográficas, como sensoriamento
remoto e imagens de satélites, obtidas entre 1970 e
1985 pelo Projeto Radambrasil, que garantiu um
levantamento preciso das características geológicas,
geomorfológicas, hidrográficas, de solo e de vege-
tação, além de possibilitar um mapeamento com-
pleto e minucioso do país. Por meio dele, foi possível
chegar a uma classificação das formas de relevo
mais próxima da realidade.
Na nova classificação são consideradas três principais formas de
relevo: planaltos, planícies e depressões. Planaltos estão presentes na
maior parte do Brasil e são consideradas formas residuais, isto é,
constituídas por rochas que resistiram à erosão.
Planícies são áreas planas onde predomina a deposição de
sedimentos recentes, com origem no Período Quaternário.
Depressões são áreas rebaixadas, formadas principalmente na Era
cenozoica, por processos erosivos nas bordas das bacias
sedimentares.
→ Planalto
→ Planícies
→Depressões
Outros tipos de relevo
• Planalto, planície e depressão são as principais
formas do relevo brasileiro. Segundo o aspecto que
essas formas apresentam em nosso território, encon-
tramos alguns tipos bem característicos:
Escarpa: rampa ou vertente inclinada, que forma
um paredão abrupto, encontrada nas bordas dos planaltos. Pode
ser formada por movimentos tectônicos ou por agentes externos.
Serra: terreno acidentado e com grandes desníveis e vertentes
muito inclinadas. São consideradas serras: dobramentos antigos e
recentes,escarpas de planalto e cuestas, por exemplo.
Cuesta: forma de relevo assimétrica
que apresenta uma vertente levemen-
te inclinada e outra abrupta, podendo
formar escarpas, também chamada
de frente de cuesta. São comuns em
bacias sedimentares, onde as rochas
têm resistências muito diferentes à
erosão.
Morro: feição do relevo pouco eleva-
da (aproximadamente de 100 a 200
metros) e com pequena inclinação.

Mar de morro na serra da Mantiqueira, em


Nazaré Paulista (SP), em 2014. Os mares de
morro são formações geológicas muito antigas.
Essa classificação, do Aziz Ab’Saber, faz
referência à enorme quantidade de morros
presentes na paisagem e à semelhança com o
mar, com suas ondulações.
Chapada: área de planalto sedimentar com topos
aplainados e altitudes médias superiores a 600 metros
• Falésia: é uma escarpa formada pela
erosão marinha. Ocorre no limite en-
tre o continente e a praia, em trechos
de altitude continental elevada.
Falésias também podem ser chama-
das de tabuleiros costeiros.

Falésia na barra de Tabatinga, no município


de Nísia Floresta (RN), em 2014.

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